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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIENCIAS EXATAS E TECNOLOGICA


DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
DISCIPLINA: FISICO-QUIMICA III
Prof. ROBERTO BATISTA DE LIMA

Giovanna de Jesus Azevedo


Ítalo Rodrigo Ferreira Carvalho

A INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO E DA TEMPERATURA NA


VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO QUÍMICA

São Luís – MA
2023
1. INTRODUÇÃO

A cinética química é o campo da química que estuda a velocidade das


reações químicas, mais precisamente, o tempo exato em que ocorre as reações.
As velocidades das reações dependem de maneira característica das
concentrações dos reagentes. Através da concentração, por exemplo, é possível
estabelecer, mediante a uma equação diferencial, a lei da velocidade.
Outras variáveis podem influenciar a velocidade de uma reação como
pressão, temperatura e a presença de catalizadores. Sendo que, a cinética está
atrelada a processos unicamente experimentais, obtendo-se assim, a função que
representa a variação da concentração dos reagentes com o passar do tempo.
d[A]
v=
dt
Dentre os fatores que afetam uma reação química tem-se: a concentração
dos reagentes e a temperatura do sistema. A concentração influencia a
velocidade, na maioria das vezes, quando a concentração dos reagentes
aumenta. Com relação a temperatura, o mesmo ocorre: ao aumentar a
temperatura de um sistema, espera-se aumentar a velocidade da reação.
No presente experimento, observa-se a influência da concentração e da
temperatura na reação de oxidação do ácido oxálico por permanganato de
potássio, em meio ácido, em água, e reação pode ser representada na seguinte
equação:

2MnO4- + 16H+ + 5C2O42- → 10CO2 + 2Mn2+ + 8H2O

O fim da reação de consumo do ácido oxálico é observado pela mudança


de cor violeta para incolor, momento em que o permanganato se reduz a
manganês, oxidando o ácido oxálico. A observação do tempo de reação
associado a cada concentração e também a graus de temperatura permite
visualizar a influência destes dois fatores na velocidade das reações.
2. OBJETIVOS

Observar a influência da concentração e da temperatura na velocidade da


reação de oxidação do ácido oxálico por permanganato de potássio, em meio
ácido, em água.
3. MATERIAIS E REAGENTES

• 1 Proveta graduada de 100mL


• 2 Proveta graduada de 10mL
• 3 Béqueres (250mlL)
• Termômetro
• Cronômetro
• Agitador magnético
• Água destilada
• Chapa de aquecimento
• Bastão de vidro
• Solução I: H2SO4 5mol/L
• Solução II: H2C2O4 0,5mol/L
• Solução III: KMnO4 0,04mol/L
4. METODOLOGIA

O presente experimento divide-se em duas partes a saber a) influência da


concentração na velocidade da reação e b) influência da temperatura na
velocidade de reação.

a) A influência da concentração na velocidade de reação


Enumerou-se três beckeres, devidamente limpos, de 1 a 3. Com auxílio
de uma proveta graduada, transferiu-se para o primeiro becker 10 ml da solução
de H2SO4 e, com auxílio de uma pipeta graduada, 5 ml da solução de H 2C2O4.
Após adicionou-se 4 ml de KMnO4 e, agitando-o, anotou-se em quanto tempo a
reação era processada, fato indicado pela mudança repentina de cor.
Analogamente, adicionou-se ao segundo becker 10 ml da solução de H2SO4, 5
ml de H2C2O4 e 50 ml de água, homogeneizando-se bem. Após, com auxílio de
uma proveta, adicionou-se 4 ml de permanganato de potássio e observou-se o
tempo em que a reação era processada, anotando-se os resultados. No terceiro
becker adicionou-se com o auxílio de uma proveta graduada 10 ml da solução
de H2SO4, 5 ml da solução de H2C2O4 e 100 ml de água e, tendo sido o sistema
homogeneizado, transferiu-se 4 ml da solução de KMnO4 e, sob agitação,
observou-se enquanto tempo a reação era processada, anotando-se os
resultados.

b) A influência da temperatura na velocidade de reação


Em os beckeres enumerados de 1 a 3, adicionou-se, com o auxílio de
provetas, 10 ml da solução de H2SO4, 5 ml da solução de H2SO4 e 100 ml de
água. O becker 1 foi condicionado a uma manta aquecedora com agitador
magnético e, sob a temperatura de 34,5 ºC, adicionou-se 4 ml da solução de
KMnO4, cronometrando-se o tempo para o descoramento do sistema. O becker
2, de igual modo, foi condicionado sobre a manta aquecedora e, sob a
temperatura de 52,1 ºC, adicionou-se 4 ml da solução de KMnO4,
cronometrando-se o tempo em que a solução ficaria incolor. Após, o becker 3 foi
transferido para a manta aquecedora e, sob a temperatura de 70,5 ºC, adicionou-
se 4 ml da solução de KMnO4, cronometrando-se o tempo para o descoramento
do sistema. Anotou-se todos os resultados de tempo.
5. RESULTADOS E DISCURSSÕES

A reação observada em ambas as partes do experimento foi a oxidação


do ácido oxálico por permanganato, em solução ácida, em água. O íon
permanganato é um forte agente oxidante usado no tratamento de água para
remover metais, como o ferro, e compostos químicos que têm mau odor, como
o H2S (Atkins, 2018). No presente experimento, todos os reagentes utilizados (e
os produtos da reação) eram incolores, exceto o permanganato de potássio.
Logo, como o permanganato de potássio foi totalmente consumido, o tempo da
reação foi medido do momento em que permanganato é adicionado ao sistema
até o descoramento. O permanganato se reduz a Mn2+, oxidando o ácido oxálico,
e o consumo total de MnO-4 é indicado pelo fato de a solução ficar incolor.

Para a primeira parte do experimento, o tempo de descoramento,


associado a cada becker contendo os reagentes, pode ser observado na tabela
abaixo:

Tabela 1 - Quantidades de reagentes em cada becker e tempo de reação

Becker H2SO4 H2C2O4 KMnO4(mL) H2O Tempo (s)


(mL) (mL) (mL)
1 10 5 4 - 83,4

2 10 5 4 50 258,2

3 10 5 4 100 420,00
Fonte: dos autores.

A concentração da solução de ácido oxálico, adicionado a todos os


beckeres, foi de 0,5 mol. L-1. Como nos beckeres 2 e 3 se adicionou água, a
solução foi diluída e o valor da concentração mudou. Os valores das
concentrações após a diluição estão na tabela 2.
Tabela 2 - Concentrações de ácido oxálico e tempo de reação

Becker H2C2O4 0,5 H2O (mL) Concentração Tempo (s)


mol. L- após diluição
1(mL)

1 5 - 0,5 mol. L-1 83,4

2 5 50 0,05 mol. L-1 258,2

3 5 100 0,025 mol. L-1 420,00


Fonte: dos autores.

Observa-se que à proporção que a concentração de H2C2O4 diminui, o


tempo em que a reação é processada aumenta, o que implica que o valor da
velocidade da reação diminui. Este fato é validado na literatura onde se encontra
que a velocidade de uma reação é afetada pela concentração do reagente e, na
maioria das vezes, a velocidade aumenta quando a concentração dos reagentes
aumenta (BATISTA, 2023). O gráfico da concentração de ácido oxálico pelo
tempo da reação pode ser observado abaixo:

Figura 1 - gráfico concentração X tempo

0,5
0,5000
Concentração [H2C2O5] mol.L-1

0,4000

0,3000

0,2000

0,1000
0,05
0,025

0,0000
80,0 180,0 280,0 380,0 480,0
Tempo (s)
No gráfico é possível observar que o tempo de descoramento mais longo,
que corresponde a velocidade de reação menor, está associado ao menor valor
de concentração (0,025 mol. L-1), e, o tempo em que a reação ocorreu com
menor tempo (e maior velocidade) está associado ao maior valor de
concentração neste experimento (0,5 mol. L-1). Acerca do que proporciona ou
promove uma reação química, muitas hipóteses tem sido levantadas e a mais
aceita é a “de que as moléculas devem colidir e que só há reação se tiverem
uma certa energia mínima” (ATKINS, 1999, p.76). A hipótese de que as
moléculas dos reagentes devem colidir para reagir é denominada teoria da
colisão. Assim, quanto maior a quantidade de reagente, maior a chance de
colisão entre moléculas, e maior é a velocidade da reação. Segundo Feltre
(1986, p. 160): “[...] aumentando a concentração dos reagentes (número de
moléculas por unidade de volume), aumentamos a frequência dos choques entre
as moléculas reagentes e, como consequência da teoria das colisões, aumenta
a velocidade da reação”, o que pode ser observado no presente experimento.

Na segunda parte do experimento observou-se o efeito da temperatura


sobre a velocidade da reação de oxidação do ácido oxálico. Em todos os
beckeres as concentrações de ácido oxálico foi a mesma: 0,025 mol. L-1 H2C2O4,
variando apenas a temperatura. A relação entre o tempo de descoramento do
sistema em cada becker e a temperatura pode ser observada na tabela 3.

Tabela 3 - Temperatura e tempo de descoramento

Becker H2SO4 H2C2O4 KMnO4(mL) H2O Temp. Tempo


(mL) (mL) (mL) (°C) (s)
1 10 5 4 100 34,5 144,6

2 10 5 4 100 52,1 41

3 10 5 4 100 70,5 5
Fonte: dos autores.
Um gráfico da temperatura por tempo de reação pode ser observado
abaixo:

Figura 2 - gráfico temperatura X tempo

150 144,6
Tempo de descoramento (s)

120

90

60
41

30

0
30 40 50 60 70 80
Temperatura (°C)

Tabela 4 - Variação de temperatura e tempo de reação

Becker H2C2O4 0,5 mol. Temperatura (°C) Tempo (s)


L-1(mL)

1 0,025 34,5 144,6

2 0,025 52,1 41

3 0,025 70 7
Fonte: dos autores.

Observa-se que, para uma mesma concentração, o aumento da


temperatura diminui o tempo da reação, o que significa o aumento da velocidade
da reação de oxidação. Para um aumento de aproximadamente 20 graus
centigrados, o tempo aumentou em média aproxidamente 4 vezes, o que permite
visualizar a influência da temperatura na velocidade das reações. Em geral, a
velocidade de reação tende a aumentar com o aumento da temperatura
(BATISTA, 2023), o que pode ser observado no presente experimento, onde, o
aumento da temperatura causou a diminuição do tempo de reação, o que
significa uma maior velocidade. Experimentalmente observa-se “que em muitas
reações o gráfico de ln k contra 1/T leva uma reta” (ATKINS, 1999, p.42) e a
expressão matemática de tal comportamento é a chamada equação de
Arrhenius que pode ser observada abaixo:

𝐸𝑎
ln 𝑘 = 𝑙𝑛𝐴 −
𝑅𝑇
onde k é a constante de velocidade, A é o fator pré-exponencial e Ea é a energia
de ativação. Da equação já se observa a dependência entre a constante e a
temperatura. No entanto, pode-se também concluir da equação que quanto
maior é o valor de Ea (energia de ativação) maior é a dependência do valor de k
com a temperatura. Como já citado, as moléculas devem colidir e a reação que
deve resultar das colisões só acontece se as moléculas tiverem uma energia
mínima e, está energia mínima é a energia de ativação que é “a energia mínima
que as moléculas devem possuir para reagir, ao se chocarem (isto é, para termos
uma colisão efetiva)” (FELTRE, 1986, p. 154). Logo, conclui-se que o aumento
da temperatura aumenta a frequência de choques as moléculas dos reagentes
(aumentando a velocidade da reação) como aumenta a energia que as
moléculas se chocam.
6. CONCLUSÃO

A concentração dos reagentes e a temperatura em que a reação ocorre são


fatores que influenciam a velocidade das reações químicas. Na maioria das
vezes, a velocidade das reações aumenta quando a concentração do reagente
e/ou a temperatura em que a reação se processa é aumentada.
7. REFERÊNCIAS

ATKINS, P. W. Físico-Química. Vol. 3. 6a Ed. Rio de Janeiro: L. T. C. Editora


S.A., 1999.
ATKINS, P.; JONES, L.; LAVERMAN, L. Princípios de química: questionando a
vida moderna e o meio ambiente. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018.
FELTRE, Ricardo, Química, Vol 2, São Paulo: Moderna, 2004
RUSSELL, John B. Química geral. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do
Brasil, 1994.

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