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OPERAÇÃO DE REFINO
DE AÇO
Pode-se ainda instalar lanças auxiliares para injeção de pós e gás inerte
durante o tratamento.
O tratamento do aço requer a adequação da escória, onde os eletrodos ficam
submersos durante o tratamento, sendo injetado um gás inerte, via “plug” ou
lança, para promover a agitação do aço e conseqüente homogeneização de
temperatura e composição química.
Na sua concepção inicial, o layout básico de uma Aciaria LD pode ser visto na
figura 5.12. Consiste de áreas de pesagem de gusa e sucata, área de
convertedores com sistemas de adição de fundentes, lanças de oxigênio,
captação de fumos e adição de ligas na panela e a área de lingotamento.
Figura 5.12: Layout básico da aciaria LD
5.3.1) CARREGAMENTO
Comumente é feita a forragem do convertedor com material escorificante,
sobre a escória remanescente, com o objetivo de proteger a região de
impacto da sucata no forno, principalmente se for utilizada sucata pesada e
pontiaguda.
5.3.2) SOPRO
Esta etapa ocorre em seguida ao carregamento do forno, com este na posição
vertical. Através de uma lança é soprado oxigênio de alta pureza com
velocidade supersônica sobre a superfície da carga metálica. Cria-se aí uma
região de impacto do jato, de altíssimas temperaturas, dando início às
reações de refino e à formação da escória. O perfeito entendimento das
reações de refino permite padronizar o momento e a quantidade de adição
dos escorificantes necessários ao processo e estabelecer a altura da lança de
oxigênio para que se tenha estabilidade nesta etapa e reprodutibilidade dos
resultados.
O tempo médio para o vazamento da escória deve ser de dois minutos. Com
o banho de escória, este tempo é maior.
Com relação à composição química do gusa, deve ser dada maior atenção
aos teores de silício e enxofre. O teor de silício deve estar dentro de faixa
estreita de variação, uma vez que ele influi diretamente na capacidade térmica
do processo e na formação de escória, variável importante para a perfeita
condução do refino. O teor de silício depende da quantidade de sílica na
carga dos altos-fornos, o que implica no consumo de coque e produtividade
dos mesmos. Uma faixa entre 0,20 e 0,60% se mostra mais freqüente,
principalmente nas usinas brasileiras.
Tabela 5.1: Características do Gusa Líquido
% Carbono 4,2 a 4,6
O teor de enxofre deve ser o menor possível, visto que o convertedor LD não
é um reator apropriado para a dessulfuração. O gusa deve ser previamente
dessulfurado, em casos de corridas com exigência de baixos teores deste
elemento.
O teor de fósforo até o limite de 0,1% não constitui maiores problemas para o
processo. Valores superiores, no entanto, exigem mudanças na prática
operacional da aciaria para o atendimento das exigências de qualidade, em
termos do teor de fósforo especificado para o produto. Pode também ser feita
a desfosforação prévia do gusa líquido.
5.4.2) SUCATA
A carga sólida dos convertedores exerce um papel importante no processo de
fabricação do aço a oxigênio, uma vez que é envolvida uma intensa geração
de calor. Neste caso, a sucata exerce o papel de controladora térmica do
processo.
Do ponto de vista do rendimento metálico e para maior produção de aço, o
uso de um maior percentual de sucata na carga é vantajoso, já que seu teor
em ferro é maior do que o do gusa líquido e de outros refrigerantes utilizados.
Para isto, no entanto, a sucata deve ser de alta qualidade e o processo deve
gerar calor suficiente para a sua total fusão. Podem ser utilizadas fontes
externas de calor como coque, ferro-silício, carbureto de silício e outros.
Outras alternativas são o pré-aquecimento da sucata, ou a utilização de bicos
de lança especiais para aumentar a pós-combustão do CO durante o refino.
Alguns tipos de sucata exigem o controle de suas dimensões e peso para que
possam estar adequadas para o carregamento nos convertedores. Para isto,
os pátios de estocagem de sucatas das empresas devem ter equipamentos
apropriados para o corte e outros serviços.
Outro aspecto importante que deve ser levado em conta é o uso da sucata
ligada com elementos como o cobre, cromo, níquel, estanho, molibdênio,
cobalto e tungstênio. Neste caso deve-se restringir o seu uso, uma vez que
estes elementos não são totalmente oxidáveis e, alguns deles, são apenas
ligeiramente oxidáveis.
A sucata de ferro deve também ser utilizada dentro de certos limites, pois
grandes quantidades podem acarretar em sucata sem fundir ao final do sopro.
A fluorita ou nefelina são utilizadas como fluxantes para se ter uma escória
líquida e reativa ao longo de todo o refino, e obter boas taxas de
desfosforação e dessulfuração.
5.4.4) OXIGÊNIO
O processo LD utiliza oxigênio de alta pureza, a fim de manter os teores de
nitrogênio do aço dento dos limites exigidos para a boa qualidade do produto.
Valores aconselháveis são superiores a 99,8%O2. O consumo médio de
oxigênio é da ordem de 55 Nm3/t aço.
5.4.5) REFRATÁRIOS
Os tijolos refratários do convertedor LD são básicos (MgO.C) em razão do
processo utilizar escória básica para as reações de refino. As panelas são
revestidas com material sílico-aluminoso. Porém podem também utilizar
material básico. O consumo de refratários varia em função de sua qualidade e
prática operacional adotada, sendo de 2 a 5 kg/t aço.
5.5) REAÇÕES DE REFINO / FORMAÇÃO DE
ESCÓRIA
Para o estabelecimento de padrões de sopro que conduzam a sopragem a
resultados reprodutivos é necessário o pleno conhecimento das reações de
refino, do mecanismo de formação de escória e do comportamento dos
principais escorificantes utilizados.
5.5.1) DESCARBURAÇÃO
A descarburação no convertedor LD se processa através de reações
ocorridas diretamente pela oxidação do carbono na região de impacto do jato
de oxigênio e indiretamente, de forma predominante, pela participação do
FeO da escória:
C + 1/2O2 = CO (direta)
C + FeO = Fe + CO (indireta)
5.5.2) DESSILICIAÇÃO
As reações de oxidação do silício e formação dos silicatos de cálcio podem
ser representadas por:
5.5.3) DESFOSFORAÇÃO
A desfosforação no LD ocorre na interface metal-escória e pode ser
representada através das reações:
Até 50% do sopro são obtidas altas taxas de desfosforação. A partir daí o
P2O5, não fixado pelo CaO, participa da reação de descarburação, com o
fósforo revertendo para o banho. Na etapa final, com a diminuição da
velocidade de descarburação, o fósforo volta a ser oxidado, juntamente com o
manganês e o ferro. A evolução do teor de fósforo durante o sopro é
esquematizada na figura 5.21.
5.5.4) DESSULFURAÇÃO
O enxofre é eliminado no processo LD através da escória e através da fase
gasosa, em menor quantidade (até 10%). As reações representativas da
dessulfuração podem ser da forma:
S + ½ O2 = SO Fase gasosa
MnO + C = Mn + CO
Por esta razão, para se obter teores mais elevados de Mn no final de sopro,
pode-se adicionar minério de manganês neste período. Deste modo, o
aumento do seu teor no banho é maior e mesmo voltando a ser oxidado na
terceira etapa, ele atinge valores mais altos no final de sopro. Esta prática
conduz a uma economia das ligas de manganês, adicionadas na panela
durante o vazamento do aço, o equivalente em até 0.03% de Mn.
A evolução do teor de Mn durante o sopro é esquematizada na figura 5.24.
Fe + ½ O2 = FeO
FeO + C = Fe + CO
A oxidação do ferro no estágio final de sopro deve ser minimizada, para se ter
melhor rendimento metálico e melhor rendimento de adições de ligas na
panela, principalmente o alumínio. Deve-se promover sopro duro (lança
baixa), em especial para aços acalmados ao alumínio e com baixo teor de
carbono.
Pode-se notar, que as adições dos fundentes são previstas para serem feitas
até no máximo 50% do sopro, de forma contínua. Podem ser feitas também
por bateladas, para as aciarias que não dispõem de alimentadores, com
velocidade de vibração controlada, na saída dos silos aéreos. A adição do
minério de manganês, se for prática normal, deve ser feita no final da segunda
etapa, para que se tenha um melhor rendimento da adição, conforme
comentado anteriormente. Também, o minério de ferro ou outro refrigerante
do banho pode ser adicionado no período do controle dinâmico. O importante
é que as adições no sopro sejam feitas até no máximo três minutos antes da
medição com a sub lança, o que garantirá a boa performance dos modelos de
controle.
A vazão de oxigênio estabelecida ao longo do sopro é a vazão de trabalho.
Em determinadas situações, como por exemplo, durante a adição de grandes
quantidades de minério, deve-se reduzi-la para que o sistema de exaustão
comporte o volume extra de gás gerado.
Em aciarias dotadas de sopro pelo fundo, a vazão de gás inerte deve ser
aumentada na etapa final do sopro para a produção de aços com baixo teores
especificados para o carbono. Desta forma, são mantidas boas condições de
agitação do banho.
Tem sido buscado hoje se trabalhar com vazões de oxigênio mais elevadas,
com redução expressiva no tempo de sopro e sem prejuízo da fusão total da
sucata, em tempo hábil. Por isto, têm sido feitas mudanças no projeto dos
bicos de lança. Especialistas têm projetado bocais especiais, com número
maior de furos, com dois ângulos diferentes dos furos para diminuir a
formação de cascão na boca e com ângulos radiais adicionais, para o
aumento da movimentação do banho, sem falar no jato coerente.
Com relação à altura do banho estático, L0, a geometria do forno tem grande
influência. Fornos sem o cone inferior ou com menor inclinação deste,
apresentam alturas mais baixas do banho, para uma mesma carga metálica.
Nestas situações, a lança de oxigênio tem que trabalhar mais alta em relação
ao banho estático para que se mantenha a mesma relação de penetração do
jato. Isto pode ser um complicador, principalmente quando o revestimento
está mais desgastado. A figura 5.29 apresenta o esquema tradicional de
penetração do jato de oxigênio no banho.
Já o sopro duro (L/L0 superior 0,9), é importante na etapa final para reduzir o
nível de oxidação do banho. Se adotado desde o início de sopro, propicia uma
formação de escória com baixo nível de oxidação, a chamada escória seca,
com baixo nível de FeO, o que acarreta numa dissolução incompleta da cal,
em prejuízo das reações de refino. Além disso, o sopro duro tem um peso
importante na formação de cascão na lança e sistema de captação de gases,
devido a maior ejeção de partículas metálicas para fora da emulsão metal-
gás-escória.
Algumas usinas utilizam a escória LD granulada, via silo aéreo, o que permite
uma redução significativa no consumo de fluorita ou similares, além de reduzir
a formação de cascão, porque corrige também o volume de escória.
deq = ( dc . n )/k
Onde:
Lh0 = penetração do jato para altura da lança igual a zero (mm);
F = vazão de oxigênio (Nm3/h);
deq = diâmetro equivalente que é igual ao nº de furos x diâmetro crítico (mm);
k = fator de correção dado em função do ângulo de inclinação (grau);
n = nº furos
h = distância banho-lança (mm)
No primeiro caso, predomina a projeção de aço uma vez que a emulsão não
tem volume suficiente para reter as partículas metálicas ejetadas devido à
energia cinética do jato de oxigênio. Normalmente acontece no final da
primeira etapa do sopro, na mudança do patamar de altura de lança.
FeO + CO = Fe + CO2 ,
Nos casos de projeção de aço, ações comumente usadas para seu bloqueio
são a elevação da altura da lança e/ou abaixamento da vazão de oxigênio no
momento da incidência. Ações contrárias deverão ser tomadas no caso de
projeção de escória, em função do excesso de oxidação.
5.6.3) RENDIMENTO
O rendimento metálico é afetado por todos os fatores citados para o controle
do sopro. A diminuição do índice de projeção, da formação de cascão, do
volume de escória e do seu percentual de FeO, contribui para o aumento do
rendimento. Ele também é afetado por fatores extra sopro, como erro de
avaliação ao final do vazamento de aço sobre a passagem de escória ou
mesmo por retenção de aço no convertedor, devido a irregularidades no leito
de vazamento, entre outros.
Com relação à adição dos fundentes, os pesos de cal, cal dolomítica, dolomita
crua e fluorita são calculados com base na basicidade prevista para a escória,
teor de silício do gusa e teor de MgO de saturação na escória de fim de sopro.
São feitos, então, os cálculos para a adição das ligas e desoxidantes para a
correção da composição química na panela e dar prosseguimento ás rotas de
tratamento secundário e lingotamento. Para os cálculos pode ser utilizado o
método de programação linear, com informações sobre disponibilidade,
composição química e preço dos diversos ferro-ligas e desoxidantes.
5.9) BIBLIOGRAFIA
1) Bannenberg, N.; Lachmund, H. – Metallurgical procedures to achieve very
low phosphorus contents. ATS Steelmaking Conference 1993 – Paris, 15-16
December, 1993 – session 10.
3) Jian, C.; Wenyuan, Y. – Slag splashing for Bao Steel´s 300 metric ton BOF
and crystallographic structure of its slag – July 2000 I&SM – page 39-41.