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Processos Metalúrgicos

SIDERURGIA

Refino Primário – Convertedores a


oxigênio
Prof. MSc. Rodrigo Machado
Bibliografia

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Histórico

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Ferro gusa
Composição química (% em peso)
Material C Cr Mn Si S P Ni Outros
Gusa 4,82 0,01 0,69 0,38 0,260 0,310 0,03 -
AISI 4340 0,40 0,80 0,70 0,25 0,040 0,030 1,82 Mo:0,25
AISI 5160 0,60 0,80 0,87 0,25 0,040 0,030 - -
AISI 1020 0,20 - 0,45 - 0,050 0,030 - -
AISI 304 0,08 18,0 2,00 1,00 0,030 0,045 8,00 N: 0,10
AISI 316L 0,03 16,0 2,00 0,75 0,030 0,045 10,0 Mo: 3,0
SAE H13 0,40 5,20 0,35 1,00 0,030 0,025 - V: 1,0
SAE D2 1,50 12,0 0,40 0,35 0,025 0,045 - V: 1,0
S300 0,08 - 1,2 - 0,280 0,09 - -

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Aciaria – usina intergrada
Refino primário: Refino secundário: Lingotamento:
- descarburação - adição de elementos - solidificação do aço
- desfosforação - dessulfuração - contínuo ou convencional
- etapa oxidante - desoxidação - corte de tarugos
- desgaseificação
- etapa redutora

Gusa Vídeo:
Sucata Aço
líquido https://www.youtube.com/watch?v=CrqfRuACeqE

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Aciaria – usina semi-integrada
Refino primário: Refino secundário: Lingotamento:
- fusão da carga - adição de elementos - solidificação do aço
- descarburação - dessulfuração - contínuo ou convencional
- desfosforação - desoxidação - corte de tarugos
- etapa oxidante - desgaseificação
- etapa redutora

Gusa
Sucata Aço
sólido

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Objetivos do refino primário

Remover o carbono do gusa, tipicamente entre 4 a 5%,
para teores adequados ao tipo de aço que se quer
produzir

Remover fósforo, considerado um contaminante para a
maioria dos aços

Regular a temperatura do banho

Impedir a oxidação excessiva do aço (300 a 600 ppm de O)

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Histórico

1856: Henry Bessemer inventa o conceito de conversão
do gusa em aço usando oxigênio do ar

Pela insuflação do ar através do gusa líquido conseguiu-
se oxidar o carbono, o silício e o manganês.

Processo Bessemer possibilitava produzir 2 ton de aço
em apenas 15 minutos

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Histórico

1952: criação do convertedor a oxigênio, criado em duas
companhias austríacas, sediadas nas cidades de Linz e
Donawitz

Uso de oxigênio de alta pureza trouxe maior
produtividade às aciarias, com baixo investimento de
capital

1957: primeiro convertedor LD do Brasil foi o da Belgo-
Mineira (hoje pertencente ao grupo Arcelor-Mittal)

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Histórico

Hoje o convertedor LD é o principal equipamento usado
em usinas siderúrgicas integradas para realizar a etapa
de refino primário.

Tempo de corrida: 28 a 35 min – 150 a 300 ton de aço

No Brasil, o convertedor LD é responsável por
aproximadamente 70% da produção de aço nacional,
ficando os outros 30% responsáveis pelas aciarias
elétricas.

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Histórico

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Convertedor a Oxigênio

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Convertedor a Oxigênio
Vantagens do equipamento:

Alta produtividade para aços ao carbono

Baixo consumo de refratário

Versatilidade: várias qualidades de aço

Boas condições para automação

Nenhum consumo de combustível ou
consumo de energia externa

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Convertedor a Oxigênio

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Convertedor a Oxigênio

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Etapas do processo

Carregamento da carga sólida (3 min)

Carregamento do ferro gusa líquido (2 min)

Sopro de oxigênio (17 min)

Amostragem com a sublança (7 min)

Vazamento do aço líquido (6 min)

Slag splashing (3 min)

Vazamento da escória (3 min)

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Carregamento da carga sólida
A sucata é adicionada por meio de canaletas com o
convertedor basculado para a posição de carregamento (60°
de inclinação).
A forragem com fundentes (CaO e CaF2) pode ser feita antes
do carregamento para evitar a danificação dos refratários
por sucata pesada e pontiaguda.
O próprio calor dos refratários faz a secagem da sucata,
evitando incorporação de hidrogênio ao aço e minimizando
o risco de explosões durante o carregamento com gusa

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Carregamento de sucata e fundentes

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Carregamento do gusa líquido
O ferro gusa líquido é encaminhado da casa de corrida (alto-
forno) para a aciaria através dos carros-torpedo.
Do carro-torpedo, o gusa é vazado para as panelas pelicano,
onde o material líquido é pesado.
Para a limpeza do carro-torpedo, realiza-se o basculamento
do mesmo e, caso necessário, são usados sistemas de
aspersão de água: a hidratação da cal provoca sua expansão,
e consequentemente a queda do cascão do refratário.

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Carregamento do gusa líquido

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Carregamento do gusa líquido
Antes do ferro-gusa ser adicionado no convertedor, deve ser
realizada a remoção da escória excessiva utilizando um
equipamento denominado skimmer ou escumador
O skimmer é um raspador mecânico, que remove a escória
com a panela pelicano levemente inclinada.
Um dos objetivos desta limpeza é a remoção da escória com
alto teor de enxofre para evitar sua reversão no
convertedor.

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Carregamento do gusa líquido

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Carregamento do gusa líquido
O ferro-gusa é carregado no convertedor utilizando-se as
panelas pelicano, que em função do seu bico, evitam o
derramamento do material para for a do convertedor.
O gusa é vazado no convertedor em uma faixa de
temperatura que varia de 1300 a 1400°C. A quantidade de
sucata adicionada é inversamente proporcional à
temperatura do gusa:
- T abaixo de 1270°C, taxa de sucata não deve ser maior que 15%
- T acima de 1400°C, taxa de sucata deve ser de pelo menos 15%

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Carregamento do gusa líquido

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Sopro de oxigênio
O objetivo da etapa de sopro de oxigênio é a transformação
do ferro-gusa em aço, ou seja, o refino primário.
Esta é a fase mais complexa do processo, devido ao número
elevado de variáveis que interferem no processo.
O principal parâmetro desta etapa é o tempo de sopro, que
quanto maio for, mais carbono retira do aço. Aços de menor
teor de carbono precisam de mais tempo de sopro do que
aços de maior teor de carbono.

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Sopro de oxigênio
A duração do sopro depende de uma série de fatores entre
os quais podem ser destacados:

Vazão de oxigênio da lança;

Relação entre sucata e ferro gusa;

Composição química da carga (sucata + gusa);

Composição e temperatura almejada para vazamento;

Capacidade do convertedor;

Tipo de jato, concentrado ou difuso;

Existência de equipamentos de sopro combinado;

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Sopro de oxigênio

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Sopro de oxigênio

Bico/Cabeça das lanças de oxigênio

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Sopro de oxigênio

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Sopro de oxigênio

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Sopro de oxigênio
Na zona de impacto do jato de oxigênio, a reação com o
metal líquido é imediata e vigorosa, com temperaturas locais
de 2500 a 3000°C.
O próprio jato já é capaz de promover a agitação do banho,
além de gerar respingos de aço e escória acima da linha de
trabalho.
Porém há a possibilidade de formação de zonas estagnadas
dentro do convertedor, o que pode ser evitado com a
injeção de gases inertes (Ar e/ou N2) pela parte inferior.

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Sopro de oxigênio

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Sopro de oxigênio

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Sopro de oxigênio
Além da remoção do carbono, a atmosfera oxidante do
convertedor também promove a oxidação de elementos
contidos no ferro gusa, como fósforo, silício, magnésio,
alumínio, cromo, etc.
A formação de SiO2 e de P2O5, torna a escória mais ácida o
que dificulta algumas reações de refino e também gera
ataque excessivo aos refratários. Adições de CaO e MgO
corrigem a basicidade da escória.

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Sopro de oxigênio
A atmosfera oxidante do convertedor não é muito eficiente
para a remoção de enxofre, que, embora seja possível, é
realizada de forma mais fácil no refino secundário.
Alguns elementos como cobre, níquel, estanho, molibdênio,
cobalto, arsênio e antimônio ficam retidos no aço porque
apresentam, nas condições termodinâmicas do convertedor,
baixo potencial de oxidação.
Elementos como zinco, cádmio e chumbo vaporizam-se
durante o processo, tornando necessária a limpeza dos gases
de aciaria.
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Sopro de oxigênio
O oxigênio necessário às reações de refino é fornecido ao
banho em maior parte na forma gasosa pela lança.
Entretanto é possível fazer adições de minérios e de carepa
de laminação (óxidos) que irão reagir com o carbono
dissolvido e formar CO e CO2.
Adições de carepa e de demais óxidos ao convertedor tem
como principal objetivo aumentar o aproveitamento
metálico do processo e controlar a temperatura final do
banho.

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Padrão de sopro

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Reações de refino
Reações de formação da escória:
2 Fe + O2 = 2FeO
2 FeO + Si = SiO2 + 2Fe
FeO + Mn = MnO + Fe
FeO + SiO2 = FeO.SiO2
MnO + SiO2 = MnO.SiO2
FeO.SiO2 + CaO = CaO.SiO2 + FeO
MnO.SiO2 + CaO = CaO.SiO2 + MnO

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Reações de refino
Reações de formação da escória:
Diagrama de
Ellingham
2 Fe + O2 = 2FeO
2 FeO + Si = SiO2 + 2Fe
FeO + Mn = MnO + Fe
FeO + SiO2 = FeO.SiO2
MnO + SiO2 = MnO.SiO2
FeO.SiO2 + CaO = CaO.SiO2 + FeO
MnO.SiO2 + CaO = CaO.SiO2 + MnO

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Reações de refino
Reações de descarburação:
FeO + C = Fe + CO
2C + O2 = 2CO

Reações de reversão de ferro e de manganês:


FeO + C = Fe + CO
MnO + C = Mn + CO

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Reações de refino
Reações de desfosforação:
5FeO + 2P = P2O5 + 5Fe
FeO + P2O5 = FeO.P2O5
FeO.P2O5 + CaO = CaO.P2O5 + FeO

Reações de dessulfuração:
FeS + CaO = CaS + FeO
FeS + O2 = SO2 + Fe

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Amostragem com sublança

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Amostragem com sublança
Controle dos níveis de oxidação
O grau de oxidação do aço líquido e da escória são itens de
controle muito importantes, e uma oxidação excessiva pode
gerar os seguintes problemas:

Redução do rendimento metálico

Alto consumo de ligas desoxidantes (refino secundário)

Aumento da quantidade de inclusões no aço

Aumento do desgaste de refratário

Tendência a gerar projeções durante o vazamento ou transporte

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Amostragem com sublança
Controle dos níveis de oxidação

% Carbono (aço) X ppm de O2 (aço)

% Fe (escória) X ppm de O2 (aço)

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Amostragem com sublança
Parâmetros de controle para liberação:

Teor de carbono no aço (% em peso)

Teor de fósforo no aço (% em peso)

Teor de oxigênio no aço (ppm)

Temperatura do banho

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Amostragem com sublança
Parâmetros de controle para liberação:
Teor de carbono no aço:

Se estiver acima da especificação da qualidade do aço, é
realizada a operação de ressopro com a lança de oxigênio.

Se estiver abaixo da especificação, o teor de carbono é
corrigido através da adição de ferroligas na etapa de refino
secundário.

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Amostragem com sublança
Parâmetros de controle para liberação:
Teor de fósforo no aço:
Se estiver acima da especificação da qualidade do aço, é
realizada a operação de ressopro com a lança de oxigênio
juntamente com a adição de cal para aumentar a basicidade
da escória.
Se estiver abaixo da especificação, o teor de carbono é
corrigido através da adição de ferroligas na etapa de refino
secundário.

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Amostragem com sublança
Parâmetros de controle para liberação:
Teor de oxigênio no aço:
Deseja-se sempre a menor oxidação possível no banho. Caso
o teor de oxigênio esteja muito alto, isso irá
necessariamente implicar no aumento do consumo de
ferroligas para desoxidação (Al, Si e Mn) na etapa de refino
secundário.

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Amostragem com sublança
Parâmetros de controle para liberação:
Temperatura do banho:
Caso a temperatura final esteja abaixo do desejado, pode-se
usar um jato combinado de oxigênio e gás natural, de forma
a aquecer o banho.
Se a temperatura estiver elevada, adicionam-se materiais
refrigerantes como sucata canivete, finos de minério de ferro
e carepa de laminação.

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Vazamento do aço líquido

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Vazamento do aço líquido

Processos Metalúrgicos – Siderurgia – Refino Primário: Convertedores


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Vazamento do aço líquido
O vazamento do aço líquido pode ser iniciado assim que o
resultado da análise em laboratório da amostragem ficar
pronto.
A operação consiste no basculamento progressivo do
equipamento, de forma a evitar o derramamento pela boca
e também evitar a passagem de escória pelo furo de corrida.
Embora possa ser feito de forma automatizada, o
basculamento normalmente é feito manualmente, contando
com a habilidade do operador em fazer um vazamento
limpo.
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Vazamento do aço líquido
Durante o vazamento do aço líquido são iniciadas as
operações conhecidas como metalurgia de panela.
Para tanto, são adicionados, antes e durante o vazamento,
materiais recarburantes, ferroligas, metais puros,
desoxidantes e escorificantes.
As quantidades de cada adição dependem da composição do
aço vazado do convertedor e da composição que se quer
obter.

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Vazamento do aço líquido

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Vazamento do aço líquido
Em alguns casos torna-se necessário após a adição de ligas e
a conclusão do vazamento a injeção de gás inerte,
normalmente argônio, pelo fundo da panela.
Esta operação é importante para promover a
homogeneização dos elementos de liga e da temperatura,
além de acelerar o processo de flotação de inclusões para a
escória.
A vazão de gás inerte deve ser controlada de forma a evitar
o rompimento da camada de escória e consequente
exposição do aço ao ar atmosférico.
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Slag splashing

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Vazamento de escória

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Vazamento de escória

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Produtividade de uma Aciaria LD
A capacidade produtiva de uma Aciaria LD depende
basicamente da capacidade de seus convertedores, de
seu índice operacional e da duração média do ciclo de
operação (tempo tap to tap).
A capacidade média de um convertedor varia de 160 a
400 toneladas, e o tempo médio de corrida entre 35 a
50 minutos.
Produtividade diária média varia de 7000 a 11500
ton/dia.
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Produtividade de uma Aciaria LD
Normalmente, a vazão de oxigênio é da ordem de 180 a
220 Nm³/h.tgusa com um tempo de sopro variando de 16
a 20 minutos por corrida.
O tempo de amostragem e análise varia entre 5 a 10
minutos, dependendo da agilidade com que é realizado.
O tempo de vazamento para convertedores de 160 a
180t varia entre 7 a 9 minutos, e está diretamente
relacionado com o diâmetro do bico de vazamento e
com a habilidade do operador.
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Produtividade de uma Aciaria LD
O índice operacional de uma Aciaria LD, que é a razão
entre capacidade instalada e produção efetiva, situa-se
na faixa de 75 a 80%.
Maior parte das aciarias LD trabalham no sistema 1/1,
onde há um convertedor em operação e um em reparo.
Usinas maiores, com capacidade produtiva acima de
10000 ton/dia podem trabalhar com o sistema 2/1,
com 2 convertedores em operação e um em reparo.

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Produtividade de uma Aciaria LD
Empresa Localização N° Convertedores e
Capacidade (ton)
Arcelor - Belgo Mineira João Monlevade - MG 2 x 112
Usiminas Ipatinga - MG 1 x 184 / 2 x 180
Cosipa Piaçaguera - SP 3 x 170
ACESITA Timóteo - MG 2 x 80
CSN Volta Redonda - RJ 3 x 225
Gerdau Barão Barão de Cocais - MG 1 x 32
Valourec & Mannesmann Belo Horizonte - MG 1 x 80
Arcelor - CST Serra - ES 2 x 315
Gerdau Açominas Ouro Branco - MG 2 x 220

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