os serviços públicos especializados pertinentes para o atendimento da pessoa LGBTQIA+, como centros de acolhimento para vítimas de violência PROTOCOLO no ambiente familiar. g) A ocorrência deve conter dados a respeito da POLICIAL PARA aparência da pessoa agressora, suas vestimen- tas, aspecto físico, presença ou não de piercings, tatuagens ou qualquer outra característica mar- ENFRENTAMENTO cante.
1.2. Tratamento de pessoas LGBTQIA+ DA VIOLÊNCIA
na delegacia enquanto suspeitas de autoria do crime: em caso de flagrante, cumprimento de mandado de prisão LGBTFÓBICA de suspeito ou autor, a pessoa LGBTQIA+ conduzida a uma delegacia pelo policial deve ser imediatamente apresenta- da ao delegado da polícia. Neste sentido:
I. Em caso de ocorrências relacionadas à pessoa
transgênero, a revista íntima deve sempre ser re- alizada por policial do mesmo gênero, observado o gênero autodeclarado em detrimento do bio- lógico.
II. Em caso de ocorrências relacionadas à pessoa
transgênero, esta só será recolhida à cela de con- tenção provisória na delegacia na existência de cela individual. Do contrário, o recolhimento deve ser providenciado imediatamente à Divisão de Controle e Custódia de Presos-DCCP/DEPATE.
III. Em relação ao recolhimento da pessoa trans-
gênero em celas no subsolo dos fóruns em mo- As opiniões mento anterior à audiência de custódia, reitera-se que devem ser acomodadas em celas separadas. expressas neste trabalho são de IV. O cuidado no atendimento deve ser manti- do em todas as etapas, devendo o oficial manter responsabilidade a discrição e evitar expor a pessoa falando em única e exclusiva Parceiros: voz alta seu nome de registro, caso diferente do de seus autores nome social, de modo a não fazer referência à identidade de gênero da pessoa. e coordenadores. A Violência LGBT no Brasil | Protocolo Policial 1 A Violência LGBT no Brasil | Protocolo Policial 3 A Violência LGBT no Brasil | Protocolo Policial 4 Dezembro de 2020 Dezembro de 2020 Dezembro de 2020
1_Procedimento e Registro 2_Procedimento de • a partir da análise de cada caso, o policial po-
derá encaminhar a vítima para também ser de ocorrências Expediente em casos acolhida por outros serviços da rede de aco- lhimento, tais como: centro de referência, IML, Recomenda-se a utilização de práticas de Comunicação de LGBTFOBIA assistência social e saúde. Não Violenta (CNV) ao longo da abordagem. Para isso, é relevante relembrar três elementos: i) escutar, (ii) pergun- O comportamento LGBTfóbico é aquele que hostiliza e re- tar e (iii) se fazer presente. jeita todos aqueles que não se conformam com o papel de 3ª fase: procedimentos criminais gênero predeterminado socioculturamente para o seu dito e inquérito policial 1.1. Tratamento dispensado à população sexo biológico. Dessa forma, casos de LGBTfobia são aque- essa fase compreende desde o registro da ocorrência até LGBTQIA+ nas delegacias enquanto vítimas les em que há rejeição, medo, preconceito, discriminação, a conclusão do inquérito policial. São procedimentos fun- aversão, ódio e/ou violência, de conteúdo individual ou co- damentais: I. Forma de conduta quanto ao nome: para o letivo, contra a população LGBTQIA+. O procedimento, nes- atendimento nas delegacias, devem seguir os ses casos, é composto por quatro fases: (i) atendimento e • o registro amplo dos fatos no boletim de ocor- mesmos princípios e regras de conduta indicados acolhimento; (ii) orientação à vítima; (iii) procedimentos rência; para a abordagem policial, respeitando à dignidade criminais e conclusão do inquérito; e (iv) monitoramento • assegurar a privacidade do depoimento e de e intimidade da pessoa atendida. das ocorrências. seu conteúdo; II. Registro das ocorrências 1ª fase: atendimento e acolhimento: • estabelecer diálogo e intercâmbio de informa- será verificada a possibilidade de iniciar um processo de ções com as delegacias distritais, de modo a a) O policial deve mostrar interesse na ocorrência, queixa-crime. É fundamental: obter informações necessárias para comple- e incentivar a vítima a proceder com o registro do • promover um atendimento humanizado, con- mentar o registro policial; fato, visando a melhor forma de garantia dos di- reitos da pessoa. siderando a palavra da vítima, em um ambien- • em casos de crimes motivados por intolerân- te que assegure adequadamente a sua priva- cia, verificar se existem políticas estaduais es- b) Na identificação documental, o oficial de se- cidade; pecíficas que podem incrementar a atuação gurança deve evitar repetir o nome de registro da • ter profissionais qualificados profissionalmen- no caso; pessoa em voz alta caso seja diferente de seu nome social. Nos registros oficiais deverá constar o nome te e que tenham formações na proteção dos • identificar e ouvir todas as pessoas que pos- social informado e o nome de registro. direitos humanos de pessoas LGBTQIA+; sam trazer esclarecimentos sobre o crime e • que seja realizado, preferencialmente, por po- suas circunstâncias; e c) É recomendado que a delegacia utilize um modelo padrão com campo específico de regis- liciais mulheres quando a vítima for mulher • concluir e encaminhar o inquérito policial ao tro referente à identidade de gênero, orientação (cis ou trans), assim como por policiais homens Judiciário. sexual, nome social, motivação LGBTfóbica, faixa quando a vítima for homem (cis ou trans); e etária, raça/cor e outros. 4ª fase - monitoramento das ocorrências: • promover uma escuta qualificada, sigilosa e permite que os procedimentos do expediente sejam revis- d) Em caso de agressões físicas, sempre que pos- sem julgamentos. tos sempre que necessários. sível registrar as agressões em fotografias e enca- 2ª fase: orientação à vítima: • a Coordenação de Delegacias, através de um minhar a vítima para o exame de corpo de delito. é de extrema importância que todos os servidores da dele- banco de dados online, deve monitorar nos ór- e) Se o crime ocorrer em ambiente familiar e do- gacia tenham conhecimento sobre os direitos das pessoas gãos do Judiciário os casos de homotransfobia, méstico, esclarecer à vítima sobre a possibilida- LGBTQIA+ e a rede de acolhimento para pessoas que fo- apresentados a partir dos procedimentos ins- ram vítimas de violência de gênero. Neste sentido: de de requerer medidas protetivas de urgência, taurados. e perguntar sobre seu desejo de requerer ou não • é fundamental informar a vítima sobre os seus tais medidas. direitos e as fases de um processo criminal; e
A política criminal de segurança pública à luz da tutela da dignidade humana e do Direito Internacional Humanitário: análise do estado do Rio de Janeiro a partir de 2016