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      Saber os grandes nomes da música clássica como Beethoven, Bach, Mozart, Chopin entre
outros, atualmente, é mais um conhecimento trivial do que reflexo de gosto refinado. Não são
muitos os que sabem dizer quais foram as suas grandes obras, apesar de já as terem escutado,
e ainda mais raro o caso daqueles que se propõe a ouvir algo além desses hits famosos. No
entanto, há algo que as gerações mais novas têm extenso conhecimento e apreço: o universo
“geek”. De motivo para apanhar na escola, para a sensação do momento, essa nova espécie de
cultura popular tem efeito marcante na memória dos jovens. Séries de tv, histórias em
quadrinhos, livros, filmes e os famosos “games” criaram certa bagagem cultural e afetiva na
vida de muitos deles. A maioria não sabe nem mesmo o hino nacional completo, mas consegue
recitar de cor o código dos lanternas verdes. Nesse sentido, parece haver uma certa oposição
entre aquilo que chamamos de cultura erudita, e essa nova cultura “pop”. Como integrante da
geração Z, e “nerd” inveterado, posso me dizer um nativo da etnia geek, por mais que odeie o
termo, e me sinto apto para explicar como certa observação me fez enxergar uma contradição
nessa rivalidade. Apesar de ser ,por muitos anos, pertencente à referida parcela de
pessoas que não tinham ideia de que a Moonlight Sonata pertencia ao mais prolífico dos
surdos¹, minha opinião e apreço pela música erudita foi se consolidando ao longo do tempo
graças a ajuda de um aliado inesperado: as trilhas sonoras épicas das obras geeks, em especial
dos video games. Nunca me esquecerei da trilha sonora de “World Of Warcraft” e como ela
consegue retirar de mim os mais diversos sentimentos, graças a sua melodia lírica e imersiva,
com uma mistura do que há de melhor do sinfónico, com direito até mesmo a vozes a capella,
e orquestras inteiras por trás da produção. Tudo isso, me conquistou, e não poucos foram os
momentos em que passei apenas apreciando sua beleza. Quando menos esperava passei a
gostar mais da música do que da experiência de jogar em si; havia ali um gérmen daquilo que
hoje se tornou um apreço pela cultura erudita, principalmente pela música gregoriana, clássica
e folclórica. Como então pode algo dito popular ter me levado ao erudito?  Seriam os video-
games a capacidade de revitalizar o cenário da música erudita de forma a abranger mais
ouvintes ? Creio existir na verdade uma interconexão entre o culto e o popular de forma que
um se alimenta do outro, já que ambos se referem a mesma realidade humana, embora a
transmitam de maneira diferente. Se de fato conseguir atestar tal realidade É sobre este ponto
que decidi pautar a seguinte pesquisa.

Antes de me dar ao trabalho de realizar qualquer empenho investigativo, preciso atestar a


sua cientificidade. Ora, para isso, uma série de pontos devem ser considerados. Primeiro, devo
atestar que minha proposta é coerente

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