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1. Objetivos
2. Material e métodos
A fonte utilizada nesse trabalho é composta pelos primeiros 382 versos do poema
Os Trabalhos e os Dias, obra do poeta Hesíodo, que viveu na Beócia por volta do ano
700 a. C.
Essa parte do poema é constituída por um proêmio seguido pelo mito das duas
Lutas, o mito de Prometeu e Pandora, o mito das cinco raças e a fábula do gavião e do
rouxinol.
Hesíodo foi um bardo e agricultor que viveu na aldeia de Ascra, na região da
Beócia, provavelmente no final do século VIII ou inícios do século VII a.C. Seu nome,
entre os gregos antigos, atingiu fama comparável ao do de Homero. Porém, de Homero
apenas permanece um nome impreciso desprovido de detalhes autobiográficos, “[...] um
título mais que um nome pessoal.” (THOMAS; CONANT, 1999, p.149, tradução
nossa); enquanto sobre Hesíodo temos material suficiente de suas obras para espargir as
brumas do anonimato. “A história da Grécia antiga não é mais anônimas.” (THOMAS;
CONANT, 1999, p. 149, tradução nossa).
Embora possamos atribuir a ele uma inovação importante no rigor lógico sem
precedentes na poesia épica no uso do mito, sua qualidade de organizador da tradição,
uma ressalva deve ser feita. Sua obra é o exemplo que porventura sobreviveu aos
tempos.
Mas isso não quer dizer que ele é inteiramente fenômeno novo, que o uso
misto de mitos não remonta a um longo caminho no passado, ou que,
mesmo no que hipoteticamente alguém pode chamar de um verdadeiro
estágio mitopoético, nenhuma conexão estava implícita e percebida entre
o conteúdo dos mitos e o conteúdo da vida.” (KIRK, 1973, p. 247,
tradução nossa).
Se a datação aceita de Hesíodo é válida [...] então nós temos que olhar
mais para explicações locais e pessoais para sua cruel pintura da raça de
Ferro: a adversidade da escolha do seu pai de terras para assentar, sua
situação remota nas montanhas do sul da Beócia, ou as injustiças
privadas que evidentemente sofreu. (SNODGRASS, 2010, p. 4, tradução
nossa).
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Na realidade “pa²-si-re-u” é a forma gráfica encontrada nas tabuinhas e que hoje acredita corresponder à forma
grega basileu. (FINLEY, 1989, p. 238).
Para a coesão desse laço político comunitário fruto de reorganização social, foi
indispensável a elaboração de uma cidadania religiosa na coerência dos espaços
sacramentais. O culto heróico ou o culto de uma divindade patrona, um santuário central
na cidade (espaço sagrado), vai entrelaçando nos negócios públicos homens e deuses:
[...] a elaboração de uma cidadania religiosa foi uma condição sine qua
non para a formação da cidade, ou melhor, para o próprio processo de
redefinição da coesão social da qual a polis resultou [...]. (POLIGNAC,
1995, p. 74, tradução nossa).
Desta maneira, a difusão dos espaços sociais, dos cultos heróicos das divindades
patronas da cidade e a invenção do alfabeto grego elaborado através dos contatos com
os fenícios são alguns exemplos do amplo quadro de transformações em que a unidade
coletiva se aprofunda, seja por mecanismo administrativos, seja por mecanismos
religiosos:
Da mesma forma que a exaustão do estilo geométrico abre o terreno das pinturas
cerâmicas e artesanatos para novas inspirações orientais (COLDSTREAM, 2003, p.
360), a tradição épica cede lugar a uma maneira de pensamento mais adequado a esse
momento de alterações expressivas no mundo grego. O clamor de justiça de Hesíodo
lançado em sua obra contra os reis que fazem arbitragem nos centros urbanos é a
erupção mais antiga de que se tem registro de uma agitação política que trilhará o
caminho dos gregos em suas políticas nos séculos seguintes.
Beócia
Ao século VII a.C. também é atribuído uma tensão particular em torno de crises
que se ligam diretamente a terra que afetaram muitas regiões da Grécia. Diversas áreas
parecem ter sofrido sobrepovoamento e agravantes como a exploração insuficiente do
solo, repartição desigual das terras e a prática da divisão do patrimônio entre os
herdeiros do falecido que desfavorecia os pequenos donos de terra que não podiam
dividir indefinidamente sua posse sem serem reduzidos à miséria. Além disso, os ricos e
poderosos avançavam seus domínios e aumentavam sua mão-de-obra dependente à
custa dos pobres e pequenos agricultores. (AUSTIN; VIDAL-NAQUET, 1972, p. 68).
A colonização arcaica para o sul da Itália foi promovida como válvula de escape
dessas regiões diretamente afetadas pela carência do solo disponível para sustentar uma
população em crescimento. Cálcis, Corinto, Mégara e cidades da Acaia sofreram
diretamente essa escassez e partiram para soluções além-mar. Ao contrário, Atenas,
Argos, Tessália e Beócia parecem ter contornado essa crise e estendido sua população
nas áreas adentro de seu território. (COLDSTREAM, 2003, p. 221-222).
A Beócia se localiza na parte central da Grécia, entre os golfos de Eubeia e
Corinto. Nosso conhecimento a respeito dessa região nos séculos oito e sete antes de
nossa era é, principalmente, provindo de escassos vestígios arqueológicos.
3. Resultados
4. Conclusões
5. Referências bibliográficas
Fonte primária
Fontes secundárias