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Resumo: Este artigo trata sobre a motivação de estudantes para participarem das
suas aulas de Educação Física no Ensino Médio. Para tanto, foi realizada uma
pesquisa de cunho qualitativo envolvendo 20 estudantes do 3° ano do Ensino Médio
de uma Escola da cidade de Porto Alegre/RS. O estudo em questão teve como
objetivo geral identificar os fatores motivacionais dos estudantes nas aulas de
Educação Física no Ensino Médio na referida Escola. A coleta dos dados nos
revelou que a maioria dos estudantes são motivados intrinsecamente, porém há
também a motivação extrínseca, principalmente pela nota a ser atingida. Quanto à
desmotivação, esta foi percebida em alguns estudantes devido à falta de variedade
nas aulas aplicadas. Conclui-se então que o professor, suas aulas e os conteúdos
desenvolvidos nelas têm influência direta na motivação dos estudantes em participar
das aulas de Educação Física.
Abstract: This study deals with students' motivation to participate in their Physical
Education classes in High School. To this end, a qualitative quality survey was
carried out involving 20 students from the 3rd year of high school at a school in the
city of Porto Alegre / RS. The study in question had as general objective to identify
the motivational factors of students in Physical Education classes in High School at
School. Data collection revealed to us that most students are intrinsically motivated,
but there is also extrinsic motivation, mainly due to the grade to be achieved. As for
demotivation, it was detected in some students due to the lack of variety in applied
classes. It was concluded that the teacher, his classes and the contents learned
directly influence the students' motivation to participate in Physical Education
classes.
Introdução
Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v.5, n. 1, jan./jun. 2020, p. 56-80.
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assim como também levá-los a exercer sua cidadania, fazendo com que questionem
sobre seus direitos nos espaços públicos e privados em que possam executar as
suas atividades aprendidas no âmbito escolar.
Com isso, surge o Novo Ensino Médio (BRASIL, 2018) que busca considerar
o estudante como foco principal, onde os currículos passam a ser compostos pela
BNCC e pelos itinerários formativos, buscando uma maior noção de corporeidade e
motricidade, para com isso, angariar uma maior noção de pertencimento do
estudante para com suas origens socioculturais.
a) Modelo A: Guiado pelo BNCC, o estudante faz uma escolha inicial para
seu itinerário;
A motivação
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Podemos tentar entender o tema da motivação com perguntas como: por que
alguém pratica atividades físicas frequentemente? No caso do presente estudo
surgem questões como: por que um estudante participa das aulas de Educação
Física escolar com afinco? Ou o que motiva os estudantes a se envolverem nas
aulas de Educação Física? Questões como essas, nos levam a uma questão
predecessora, O que é então a motivação?
De acordo com Gill (2000) apud Weinberg e Gould (2001), a motivação por
fatores da personalidade pode ser subdividida em dois motivos, progredir ao
sucesso (orgulho e satisfação, realização pessoal) e evitar o fracasso (vergonha e
humilhação). No entanto, por vezes a motivação intrínseca é mais rara de se incitar
nos indivíduos, mesmo porque muitas das vezes é com estímulos externos que
começamos a “tomar gosto” por certas atividades.
Samulski (1992) defende então que o ensino deve ser objetivado para o
desenvolvimento da automotivação (motivação intrínseca), e com isso ele apresenta
algumas técnicas de automotivação, à saber:
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A motivação extrínseca, por sua vez, condiz a tudo que é gerado fora do
indivíduo, é a motivação gerada de fora para dentro, com base em recompensas
monetárias, fama, status social, entre outras. Pizani et al. (2014, p. 261) ainda
afirmam que “pode ser definida como um comportamento que leva o indivíduo a
fazer uma atividade vislumbrando recompensas”.
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Um estudo realizado por Oliveira (2018), o qual tinha como objetivo investigar
a motivação nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental, em uma Escola
do Munícipio de Ribeirão Preto/SP, revelou que a desmotivação dos estudantes nas
aulas se intensifica após o 6° ano do Ensino Fundamental, algo que pode nos
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Já, uma investigação também sobre a motivação dos estudantes nas aulas de
Educação Física no Ensino Médio desta vez em São Leopoldo/RS, realizada por Da
Silva (2017) no seu TCC do curso de Educação Física da UNISINOS, revelou que a
motivação intrínseca nos estudantes é maior que a motivação extrínseca.
Metodologia
Já, para a análise dos dados obtidos, foi utilizado o método de Análise de
Conteúdo, que de acordo com Bardin (1977), é um método muito empírico,
dependente do tipo de “fala” e do modo de interpretação que se tem como objetivo,
sendo, portanto, um conjunto de técnicas de análise das comunicações que faz uso
de procedimentos sistemáticos e objetivos para a descrição do conteúdo das
mensagens. Ao se utilizar este método de Análise de Conteúdo, os dados coletados
foram organizados em categorias de análise, onde se realizou o cruzamento das
informações advindas das entrevistas com os autores do referencial teórico
construído no estudo.
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entrevistas, uma vez que tiveram seus dados pessoais preservados. As entrevistas
aconteceram de forma consentida pelo participante ou pelo seu responsável legal
(nos casos de menores de idade), mediante assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido – TCLE.
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Com esse fato, tal meio de motivação é criticado por diversos autores (DECI e
RYAN, 1985; WEINBERG e GOULD, 2001; PIZANI et al., 2006), pois além de estar
muito distante da preferida SDT, não é uma motivação autêntica do indivíduo, como
Deci e Flaste (1995) também esclarecem que, além de não haver necessariamente
esta identificação da pessoa para com a prática, o que pode levar a práticas
antiéticas para se obter os resultados, a busca e os resultados inerentes a
motivação extrínseca são muito menores do que em indivíduos motivados
intrinsecamente.
Hããn, quando a professora faz exercícios com cone, com arcos, essas
coisas, é bom pra gente, para a gente se mexer mais né, porque tem gente
que fica parado mesmo no resto da aula, então eu acho que [...] é bem
legal. (ESTUDANTE 11).
Procurar fazer esportes diferentes, tipo basquete a gente não joga muito,
vôlei é só às vezes, é mais futebol mesmo, e tipo, a gente poderia até jogar
tênis no caso... eu jogo tênis fora daqui e eu acho que seria no mínimo
interessante a gente praticar um pouco. (ESTUDANTE 11).
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Considerações finais
Referências
DA SILVA, Ana Beatriz. A motivação dos alunos nas aulas de Educação Física
no Ensino Médio. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade do
Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, 2017.
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Temas em Educação Física Escolar, Rio de Janeiro, v.5, n. 1, jan./jun. 2020, p. 56-80.
Recebido em: 25/03/2020
Publicado em: 21/09/2020
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