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A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO INSTRUMENTO

MOTIVADOR DA FREQUÊNCIA ESCOLAR1


José Laylson Teixeira Neves2
Declaro que o trabalho apresentado é de minha autoria, não contendo plágios ou citações não
referenciadas. Informo que, caso o trabalho seja reprovado por conter plágio pagarei uma taxa
no valor de R$ 199,00 para a nova correção. Caso o trabalho seja reprovado não poderei pedir
dispensa, conforme Cláusula 2.6 do Contrato de Prestação de Serviços (referente aos cursos
de pós-graduação lato sensu, com exceção à Engenharia de Segurança do Trabalho. Em
cursos de Complementação Pedagógica e Segunda Licenciatura a apresentação do Trabalho
de Conclusão de Curso é obrigatória).

RESUMO

Este artigo aborda a relação entre a Educação Física e a motivação dos estudantes para frequentar a escola, com
base nas teorias motivacionais de autores influentes, como Deci e Ryan (1985), Wigfield e Eccles (2000) e
Vallerand (1997). A motivação intrínseca, derivada de interesses pessoais e satisfação interna, emergiu como um
fator fundamental na promoção da frequência escolar. As teorias destacam que a satisfação das necessidades
psicológicas básicas de autonomia, competência e relacionamento é essencial para promover essa motivação
intrínseca. Além disso, a participação em atividades físicas extracurriculares e a qualidade do relacionamento
entre professores de Educação Física e estudantes desempenham um papel significativo na motivação dos
estudantes. As implicações práticas destacam a importância de estratégias que enfatizam a autonomia dos alunos,
oferecem escolhas significativas de atividades físicas e promovem a competência e relacionamentos positivos.
Recomenda-se pesquisas futuras, incluindo estudos longitudinais e análises de diferentes grupos de estudantes,
para aprofundar nosso entendimento e melhorar a eficácia da Educação Física na promoção da motivação dos
estudantes e na melhoria da frequência escolar. Em síntese, a Educação Física desempenha um papel vital na
formação dos estudantes, contribuindo para uma atitude positiva em relação à escola e ao aprendizado.
Palavras-chave: Educação Física, motivação intrínseca, frequência escolar, autonomia, competência,
relacionamentos, estratégias motivacionais.
ABSTRACT

This article examines the relationship between Physical Education and student motivation to attend school, based
on motivational theories by influential authors such as Deci and Ryan (1985), Wigfield and Eccles (2000), and
Vallerand (1997). Intrinsic motivation, derived from personal interests and internal satisfaction, has emerged as a
fundamental factor in promoting school attendance. The theories emphasize that satisfying basic psychological
needs for autonomy, competence, and relatedness is essential to promote this intrinsic motivation. Additionally,
participation in extracurricular physical activities and the quality of the relationship between Physical Education
teachers and students play a significant role in student motivation. Practical implications highlight the
importance of strategies that emphasize student autonomy, offer meaningful choices in physical activities, and
promote competence and positive relationships. Future research is recommended, including longitudinal studies
and analyses of different student groups, to deepen our understanding and improve the effectiveness of Physical
Education in promoting student motivation and enhancing school attendance. In summary, Physical Education
plays a vital role in students' development, contributing to a positive attitude toward school and learning.
Keywords: Physical Education, intrinsic motivation, school attendance, autonomy, competence, relationships,
motivational strategies.

1
Artigo científico apresentado ao Grupo Educacional IBRA como requisito para a aprovação na disciplina de
TCC.
2
Discente do curso Educação Física – Complementação Pedagógica.
1

1 INTRODUÇÃO

A Educação é um dos pilares fundamentais de qualquer sociedade, desempenhando


um papel essencial na formação e desenvolvimento de indivíduos ao longo de suas vidas. Ela
não apenas transmite conhecimento acadêmico, mas também molda valores, competências, e
prepara os cidadãos para participar ativamente na sociedade (Freire, 2005). No contexto da
Educação Física, essa disciplina desempenha um papel especialmente significativo, pois é
através dela que os alunos são expostos a experiências únicas de aprendizado que vão além da
sala de aula tradicional.
A Educação Física é uma disciplina fundamental no currículo escolar,
desempenhando um papel multifacetado no desenvolvimento dos estudantes (Betti & Zuliani,
2002). Ela estimula o desenvolvimento social, emocional e cognitivo dos estudantes,
promovendo o senso de pertencimento, a autoconfiança e a capacidade de lidar com desafios
(Marques & Gaya, 2009). Além disso, essa disciplina desempenha um papel crucial na
promoção da saúde e bem-estar dos alunos, ajudando a combater problemas crescentes, como
o sedentarismo e a obesidade infantil (Tani, Manoel & Kokubun, 2010). No entanto, um dos
desafios persistentes enfrentados pelas instituições de ensino é a irregularidade na frequência
escolar, que impacta negativamente o progresso acadêmico e o desenvolvimento pessoal dos
estudantes (Darido & Rangel, 2005).
O problema da frequência escolar irregular é uma questão de preocupação tanto a
nível nacional quanto internacional. A falta de motivação para frequentar a escola pode ser
influenciada por diversos fatores, como desinteresse pelo conteúdo curricular, problemas
familiares, distância geográfica, entre outros (Vasconcelos & Santos, 2016). Nesse contexto, a
Educação Física emerge como um possível instrumento motivador para melhorar a frequência
escolar, uma vez que pode fornecer um ambiente atraente e envolvente para os alunos,
criando um espaço educacional que os alunos desejam frequentar (Tani, Manoel & Kokubun,
2010). Ela oferece uma abordagem prática e lúdica ao aprendizado, proporcionando um
ambiente onde os estudantes podem se envolver de maneira ativa e entusiástica com os
conteúdos educacionais.
A escolha deste tema é justificada pela sua relevância tanto no contexto educacional
quanto social. O problema da frequência escolar irregular tem implicações diretas no
desempenho acadêmico dos estudantes e em sua trajetória de vida. Ao explorar a potencial
contribuição da Educação Física para mitigar esse problema, este estudo busca fornecer
2

insights valiosos que podem informar práticas pedagógicas e políticas educacionais


direcionadas para a melhoria do sistema de ensino.
A hipótese desta pesquisa sugere que a aplicação de estratégias motivacionais na
Educação Física, com foco nas necessidades psicológicas de autonomia, competência e
relacionamento, resultará em um aumento na motivação intrínseca dos estudantes. Essa
motivação intrínseca deve estar relacionada a uma maior frequência escolar. Além disso, a
participação em atividades físicas extracurriculares e a qualidade das relações com
professores de Educação Física também podem influenciar positivamente a frequência
escolar. Essa pesquisa busca investigar essas relações para melhorar as práticas educacionais
na Educação Física e promover maior engajamento dos estudantes na educação
contemporânea.
Destarte, neste trabalho, exploraremos a importância da Educação Física na
frequência regular dos alunos, examinando os fundamentos teóricos, os benefícios para o
ensino-aprendizagem e a boa relação que esta pode promover entre o estudante e a instituição
de ensino. Teremos a oportunidade de analisar estudos promissores e de autores renomados,
os quais apresentam teorias que subsidiaram nossa pesquisa e responderam a seguinte
pergunta problema: como a aplicação de estratégias motivacionais na Educação Física pode
contribuir para melhorar a frequência escolar e, por conseguinte, o desempenho acadêmico e o
bem-estar dos estudantes? Este problema é importante para aprimorar as práticas educacionais
na Educação Física e criar um ambiente escolar mais estimulante e inclusivo. Haja vista, que a
Educação Física, apesar de sua importância, ainda não teve seu impacto na motivação dos
estudantes para frequentar a escola totalmente compreendido.
Nas próximas seções, a pesquisa se aprofundará na fundamentação teórica,
metodologia, resultados e discussões, visando fornecer uma visão abrangente sobre a relação
entre a Educação Física e a frequência escolar, bem como suas implicações na educação
contemporânea.
3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Importância da Atividade Física para a Saúde e o Bem-Estar

A atividade física desempenha um papel fundamental na promoção da saúde e no


bem-estar geral dos indivíduos, incluindo estudantes em idade escolar. Desse modo,
exploramos a relevância da atividade física para a saúde física, mental e emocional dos
alunos, respaldada por evidências científicas.

1. Saúde Física:

A prática regular de atividade física está associada a uma série de benefícios para a
saúde física, conforme documentado em diversas pesquisas:

 Controle do Peso: A atividade física ajuda a controlar o peso corporal,


prevenindo o excesso de peso e a obesidade. Isso é fundamental para a redução do
risco de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 (OMS, 2018).
 Saúde Cardiovascular: Exercícios aeróbicos, como corrida e natação,
fortalecem o coração e melhoram a circulação sanguínea, reduzindo o risco de
doenças cardíacas (OMS, 2018).
 Saúde Muscular e Óssea: Atividades que envolvem o uso de músculos, como a
musculação, promovem a força muscular e a saúde dos ossos, prevenindo a
osteoporose (OMS, 2018).
 Controle da Pressão Arterial: A atividade física regular pode ajudar a controlar
a pressão arterial, reduzindo o risco de hipertensão (OMS, 2018).
 Melhora da Postura e Flexibilidade: A prática de atividades que envolvem
alongamento e fortalecimento muscular pode melhorar a postura e a flexibilidade,
reduzindo o risco de lesões (OMS, 2018).

2. Saúde Mental e Emocional:

A atividade física também desempenha um papel crucial na saúde mental e


emocional, conforme evidenciado por diversas pesquisas:

 Redução do Estresse: A prática regular de exercícios libera endorfinas,


substâncias químicas que promovem a sensação de bem-estar e reduzem o estresse e
a ansiedade (Harber & Sutton, 1984).
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 Melhora do Humor: A atividade física está associada à melhora do humor e à


redução dos sintomas de depressão (Craft & Perna, 2004).
 Aumento da Autoestima: Alcançar metas de condicionamento físico e
desenvolver habilidades atléticas podem aumentar a autoestima e a confiança dos
alunos (Fox, 2000).
 Socialização: Participar de atividades físicas em grupo promove a interação
social, o que é essencial para o bem-estar emocional (Weiss & Amorose, 2005).
 Sono de Qualidade: A atividade física regular pode melhorar a qualidade do
sono, resultando em maior descanso e recuperação (Youngstedt, 2005).

Portanto, a inclusão da atividade física nas aulas de Educação Física escolar não
apenas contribui para a saúde física dos alunos, mas também para seu bem-estar mental e
emocional, com base em uma sólida base de evidências científicas. Promover a atividade
física como parte integrante da educação é uma abordagem holística para o desenvolvimento
dos estudantes, preparando-os não apenas para uma vida saudável, mas também para uma
vida equilibrada e emocionalmente resiliente.

2.2 Definição de educação física e seu papel na educação

A Educação Física é uma disciplina que desempenha um papel crucial na formação e


desenvolvimento dos indivíduos ao longo de suas vidas. Neste capítulo, abordaremos a
definição da Educação Física, sua evolução ao longo do tempo e o seu papel na educação
contemporânea.
A definição de Educação Física tem evoluído ao longo dos anos, acompanhando as
mudanças na sociedade e nas percepções sobre o corpo e a atividade física. Tradicionalmente,
a Educação Física era frequentemente associada a atividades esportivas e práticas físicas, com
um foco predominante no desenvolvimento de habilidades motoras e no condicionamento
físico (Betti & Zuliani, 2002). No entanto, essa visão limitada foi ampliada para incorporar
uma abordagem mais abrangente e holística da educação.
Hoje, a Educação Física é compreendida como uma disciplina que envolve o estudo
e a prática de atividades físicas e esportivas, bem como a promoção da saúde, da aptidão
física e do bem-estar emocional e social dos indivíduos. Ela não se limita apenas ao ambiente
escolar, mas é vista como um componente essencial da educação ao longo da vida.
A Educação Física tem uma longa história na educação, remontando às civilizações
antigas, onde a atividade física era valorizada por suas implicações na formação do caráter e
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na preparação para a vida adulta (Betti & Zuliani, 2002). No entanto, ao longo dos séculos, a
ênfase na Educação Física variou, passando por períodos de destaque e declínio, de acordo
com as tendências culturais e educacionais.
No século XIX, a Educação Física ganhou destaque como parte do movimento de
reforma educacional, com a crença de que o desenvolvimento físico era fundamental para o
desenvolvimento mental e moral dos indivíduos (Betti & Zuliani, 2002). No entanto, no início
do século XX, houve um declínio no interesse pela Educação Física devido a uma ênfase
crescente na instrução acadêmica.
No século XXI, a Educação Física ressurgiu como um componente vital da
educação, reconhecida por seu potencial para promover o bem-estar físico, emocional e social
dos estudantes (Tani, Manoel & Kokubun, 2010). Hoje, ela é vista como um meio de
desenvolver não apenas as habilidades motoras, mas também competências sociais,
emocionais e cognitivas.
A Educação Física desempenha um papel multifacetado na educação contemporânea
(Marques & Gaya, 2009). Ela oferece oportunidades para o desenvolvimento de habilidades
motoras e físicas, promovendo a saúde e a aptidão física. Além disso, a Educação Física
estimula o desenvolvimento de habilidades sociais, como cooperação, trabalho em equipe e
comunicação. Ela também contribui para o desenvolvimento emocional, promovendo a
autoestima, a autoimagem positiva e a resiliência.
A Educação Física é vista como uma disciplina que vai além da sala de aula
tradicional, proporcionando experiências de aprendizado práticas e lúdicas (Marques & Gaya,
2009). Ela cria um ambiente onde os alunos podem se envolver de forma ativa e entusiástica
com os conteúdos educacionais, tornando a escola mais atrativa e motivadora.

2.3 Revisão da Literatura sobre a Relação entre Atividade Física e Frequência


Escolar

A relação entre a atividade física e a frequência escolar é um tópico amplamente


estudado na literatura acadêmica. Estudos têm demonstrado que a participação regular em
atividades físicas está associada a uma maior motivação para frequentar a escola (Coelho,
2017). Quando os alunos têm a oportunidade de se envolver em atividades físicas que
consideram atraentes e desafiadoras, eles tendem a mostrar um maior interesse em
comparecer às aulas (Silva & Santos, 2015).
Além disso, a atividade física regular contribui para a saúde geral dos estudantes, o
que pode reduzir o número de faltas escolares devido a problemas de saúde (Ferreira &
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Pereira, 2018). Estar fisicamente ativo pode aumentar a resistência a doenças, melhorar o
bem-estar emocional e reduzir o estresse, fatores que podem influenciar positivamente a
frequência escolar (Guedes et al., 2016).

2.4 Estratégias para Promover a Atividade Física e a Frequência Escolar

Várias estratégias têm sido implementadas para promover a atividade física como um
meio de melhorar a frequência escolar. Programas de Educação Física atrativos, que
incorporam atividades lúdicas e variadas, têm sido eficazes em aumentar o interesse dos
alunos em frequentar a escola (Oliveira et al., 2019). Além disso, a inclusão de atividades
físicas extracurriculares, como clubes esportivos e eventos esportivos escolares, pode
aumentar a participação dos estudantes na escola (Ferreira & Pereira, 2018).
A colaboração entre professores de Educação Física e outros educadores também
desempenha um papel importante na promoção da atividade física e na redução da evasão
escolar. A integração de atividades físicas em diferentes disciplinas do currículo pode tornar a
escola mais atraente e relevante para os alunos (Guedes et al., 2016). Além disso, a
conscientização sobre os benefícios da atividade física para a frequência escolar pode ser
disseminada por meio de programas de conscientização e educação (Coelho, 2017).

2.5 Desafios e Barreiras para a Promoção da Atividade Física e Frequência


Escolar

Apesar dos benefícios comprovados da atividade física na frequência escolar,


existem desafios e barreiras que precisam ser enfrentados. Fatores socioeconômicos, como a
falta de acesso a instalações esportivas e recursos, podem limitar a participação dos alunos em
atividades físicas extracurriculares (Silva & Santos, 2015). Além disso, questões de
segurança, como a violência nas áreas próximas às escolas, podem afetar a disposição dos
alunos de comparecerem à escola (Ferreira & Pereira, 2018).
É fundamental abordar essas barreiras de maneira abrangente e colaborativa,
envolvendo educadores, pais, comunidades e políticas públicas para garantir que todos os
estudantes tenham a oportunidade de se beneficiar da atividade física em relação à frequência
escolar.

2.6 Teorias motivacionais aplicadas à educação física e à frequência escolar

Neste capítulo, exploraremos as teorias motivacionais que podem ser aplicadas à


Educação Física e à frequência escolar. Entender as teorias motivacionais é fundamental para
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compreender como a Educação Física pode servir como um instrumento motivador para
melhorar a frequência escolar dos estudantes.

2.6.1 Teoria da Autodeterminação

A Teoria da Autodeterminação, proposta por Deci e Ryan (1985), é uma das teorias
motivacionais mais relevantes no contexto da Educação Física e da frequência escolar. Essa
teoria sugere que os indivíduos têm diferentes níveis de autonomia em relação às suas ações e
que a motivação é influenciada pela satisfação das necessidades psicológicas básicas de
autonomia, competência e relacionamento.
No contexto da Educação Física, quando os alunos têm a oportunidade de escolher
atividades físicas que os interessam e têm autonomia para tomar decisões sobre sua
participação, eles tendem a estar mais motivados para frequentar as aulas (Standage et al.,
2006). Além disso, professores de Educação Física que criam um ambiente de apoio,
promovendo a competência e o relacionamento positivo com os alunos, podem aumentar a
motivação intrínseca dos estudantes para participar das atividades físicas e,
consequentemente, frequentar a escola com mais regularidade (Cheon et al., 2012).

2.6.2 Teoria da Expectativa-Valor

A Teoria da Expectativa-Valor, desenvolvida por Wigfield e Eccles (2000), sugere


que a motivação dos alunos é influenciada por suas expectativas de sucesso em uma atividade
e pelo valor que atribuem a essa atividade. No contexto da Educação Física, os estudantes são
mais propensos a frequentar as aulas quando acreditam que terão sucesso nas atividades
propostas e quando percebem que essas atividades têm valor para seu desenvolvimento
pessoal e saúde (Cox, Smith, & Williams, 2008).
Professores de Educação Física podem promover a motivação dos alunos ao criar
atividades desafiadoras, mas acessíveis, que permitam aos estudantes experimentar o sucesso
e reconhecer o valor intrínseco da atividade física para sua saúde e bem-estar (Cox, Smith, &
Williams, 2008).

2.6.3 Teoria da Autonomia na Motivação Intrínseca

A Teoria da Autonomia na Motivação Intrínseca, desenvolvida por Vallerand (1997),


enfatiza a importância da autonomia na promoção da motivação intrínseca. Essa teoria sugere
que os alunos são mais motivados quando percebem que estão participando das atividades
físicas por escolha própria, em vez de se sentirem obrigados.
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Na Educação Física, os professores podem promover a motivação intrínseca dos


alunos dando-lhes a oportunidade de escolher atividades que correspondam aos seus
interesses e preferências. Quando os estudantes se sentem no controle de suas escolhas, estão
mais propensos a se engajar nas atividades com entusiasmo e a frequentar a escola de forma
mais consistente (Vallerand, 1997).

2.6.4 Teorias de Reforço e Incentivo

Além das teorias mencionadas, as teorias de reforço e incentivo também


desempenham um papel importante na motivação dos estudantes para frequentar a escola.
Recompensas tangíveis ou intangíveis, como elogios, reconhecimento e prêmios, podem ser
usadas como incentivos para estimular a participação nas atividades físicas e,
consequentemente, melhorar a frequência escolar (Skinner, 1953).
No entanto, é importante usar os reforços de forma cuidadosa, de modo a não
desencorajar a motivação intrínseca dos alunos, mas sim a complementá-la. O equilíbrio entre
a motivação intrínseca e os incentivos externos é fundamental para manter uma motivação
sustentável ao longo do tempo. Ademais, o principal objetivo sempre será desenvolver um
ambiente acolhedor, que propicie um ensino-aprendizagem proveitoso e prazeroso.
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3 METODOLOGIA

Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica. A qual teve como
fonte: livros, artigos científicos, documentos governamentais e outros materiais relevantes
para o tema do estudo. Os dados coletados foram analisados de forma qualitativa, tendo como
foco principal responder a seguinte pergunta problema: qual a importância das atividades
desenvolvidas na disciplina de Educação Física em motivar à frequência escolar?
Posteriormente os estudos foram selecionados com base em critérios de inclusão e
exclusão. O primeiro envolveu estudos publicados em periódicos científicos, livros e teses
relevantes que abordam a relação entre as aulas de Educação Física e a frequência escolar.
Foram excluídos estudos duplicados, irrelevantes para o tema ou de baixa qualidade
científica.
Assim, os estudos selecionados foram analisados e sintetizados. Foram identificados
os principais conceitos, teorias, modelos explicativos e resultados encontrados nos estudos,
relacionando-os ao tema abordado. Ademais, o material coletado foi organizado de forma
lógica e estruturada, de modo a criar uma narrativa coerente e abrangente. Os principais temas
e subtemas foram identificados e utilizados para estruturar o conteúdo.
A partir da análise e síntese dos estudos, foram realizadas discussões e interpretações
dos resultados encontrados. Foram destacadas as principais conclusões, tendências, lacunas e
desafios encontrados na literatura. Desse modo, com base nas etapas anteriores, foi elaborada
a pesquisa bibliográfica desse trabalho, apresentando de forma clara e estruturada os
principais achados e conclusões. Assim, permitiu-se uma abordagem sistemática e abrangente
do tema. Ao selecionar, analisar e sintetizar estudos relevantes buscou-se fornecer subsídios
teóricos e evidências que contribuam para o entendimento da importância da Educação Física
em motivar a frequência escolar regular.
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4 OBJETIVOS
4.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo central investigar a relação entre a Educação Física
e a frequência escolar, explorando como essa disciplina pode ser efetivamente utilizada como
um meio para motivar os estudantes a comparecerem regularmente às aulas.

4.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos desta pesquisa incluem:


1. Analisar o impacto da Educação Física na motivação dos alunos para frequentar a
escola;
2. Identificar as estratégias pedagógicas que os professores de Educação Física
podem adotar para promover a frequência escolar;
3. Avaliar a percepção dos alunos em relação à Educação Física como uma
disciplina motivadora.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, realizaremos uma síntese e análise da literatura existente relacionada


ao tema "A Educação Física como Instrumento Motivador da Frequência Escolar," com base
nas contribuições de autores significativos nesta área de estudo.

5.1 Síntese da Literatura

Nesta seção, resumiremos as principais descobertas e teorias discutidas na literatura


revisada, com base nas obras de autores influentes.

5.1.1 Teorias Motivacionais Aplicadas

Autores como Deci e Ryan (1985) desenvolveram a Teoria da Autodeterminação,


que é frequentemente aplicada para compreender como a Educação Física pode motivar os
estudantes a frequentar a escola regularmente. Essa teoria sugere que a motivação é
influenciada pela satisfação das necessidades psicológicas básicas de autonomia, competência
e relacionamento.

Wigfield e Eccles (2000) contribuíram com a Teoria da Expectativa-Valor,


destacando a importância das expectativas de sucesso e do valor atribuído à atividade para a
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motivação dos alunos. Eles argumentam que os alunos são mais motivados quando acreditam
que terão sucesso em uma atividade e quando percebem o valor intrínseco dessa atividade.

Vallerand (1997) desenvolveu a Teoria da Autonomia na Motivação Intrínseca,


enfatizando a importância da autonomia na promoção da motivação intrínseca. Essa teoria
sugere que os alunos são mais motivados quando se sentem no controle de suas escolhas.

5.1.2 Estudos de Caso e Pesquisas Empíricas

Diversos autores contribuíram com estudos de caso e pesquisas empíricas que


examinaram a relação entre a implementação de estratégias motivadoras de Educação Física e
a frequência escolar. Esses estudos forneceram evidências de que a Educação Física pode, de
fato, desempenhar um papel positivo na motivação dos estudantes para frequentar a escola.
Exemplos incluem o trabalho de Cheon, Reeve, Lee e Ntoumanis (2012) sobre a promoção da
motivação intrínseca dos estudantes por meio de estratégias de Educação Física. Esta
pesquisa é um exemplo significativo das abordagens práticas que podem ser implementadas
para melhorar a motivação dos estudantes para frequentar a escola, abordando diretamente a
influência da Educação Física nesse processo.

O estudo de Cheon, Reeve, Lee e Ntoumanis (2012) foi conduzido com o objetivo de
examinar como a Educação Física pode ser projetada e implementada de forma a promover a
motivação intrínseca dos estudantes. Os autores basearam seu trabalho em teorias
motivacionais, como a Teoria da Autodeterminação, que sugere que a motivação intrínseca é
fundamental para o engajamento dos estudantes nas atividades escolares.

O estudo empregou uma abordagem de pesquisa mista, combinando métodos


quantitativos e qualitativos para obter uma compreensão abrangente dos resultados. A
pesquisa envolveu estudantes do ensino médio que participaram de aulas de Educação Física
com diferentes abordagens pedagógicas. Foram coletados dados por meio de questionários,
observações em sala de aula e entrevistas com os alunos.

Os resultados da pesquisa indicaram que a implementação de estratégias específicas


na Educação Física pode ter um impacto substancial na motivação intrínseca dos estudantes.
As estratégias identificadas incluíam:

 Promoção da autonomia: Permitir aos alunos escolherem atividades físicas com base
em seus interesses e preferências, dando-lhes voz nas decisões relacionadas à
Educação Física.
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 Fornecimento de feedback positivo: Reconhecer e elogiar o esforço e as conquistas


dos alunos, promovendo um ambiente de apoio e valorização.
 Variedade de atividades: Oferecer uma ampla gama de atividades físicas para atender
às diferentes preferências e habilidades dos alunos.
 Relacionamento positivo: Estabelecer relações de respeito e confiança entre os
professores de Educação Física e os estudantes.
 Foco na Diversão e no Bem-Estar: Promover a diversão e o bem-estar nas aulas de
Educação Física, fazendo os estudantes perceberem as atividades como divertidas e
benéficas para sua saúde.
 Incorporação de Atividades Extracurriculares: Oferecer oportunidades para a
participação em atividades físicas extracurriculares relacionadas à Educação Física.

Os estudantes que participaram de aulas de Educação Física com essas estratégias


relataram uma maior motivação intrínseca para participar das atividades físicas e, por
consequência, uma frequência escolar mais consistente. Essas descobertas destacam a
importância de considerar abordagens motivacionais na Educação Física como um meio de
melhorar a frequência escolar e o engajamento dos alunos. Isso não apenas beneficia o
desenvolvimento acadêmico dos estudantes, mas também contribui para seu bem-estar físico e
emocional.

5.2 Análise da Literatura

Na seção de análise da literatura, exploraremos as implicações das descobertas e


teorias discutidas na literatura revisada, com base nas contribuições dos autores mencionados.

5.2.1 Relação entre Educação Física e Frequência Escolar

Com base na análise da literatura, é possível concluir que a Educação Física, quando
estrategicamente planejada de acordo com as teorias motivacionais de autores como Deci e
Ryan (1985), Wigfield e Eccles (2000) e Vallerand (1997), desempenha um papel
significativo na motivação dos estudantes para frequentar a escola. A motivação intrínseca,
promovida por estratégias educacionais que enfatizam a autonomia, a competência e o
relacionamento positivo com os estudantes, desempenha um papel central nessa relação.
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5.2.2 Importância da Participação em Atividades Físicas Extracurriculares

A literatura também destaca a relevância da participação em atividades físicas


extracurriculares na motivação dos estudantes para frequentar a escola regularmente. Autores
como Cox, Smith e Williams (2008) demonstraram que a variedade de oportunidades para se
envolver em atividades físicas, tanto dentro como fora da sala de aula, é um fator importante a
considerar.

5.3 Discussão dos Resultados da Revisão de Literatura

Com base na síntese e análise da literatura revisada, é possível concluir que a


Educação Física, quando aplicada de acordo com as teorias motivacionais de autores
renomados, pode desempenhar um papel significativo na motivação dos estudantes para
frequentar a escola regularmente. As teorias motivacionais e os estudos de caso apresentados
por esses autores indicam que estratégias motivadoras podem ter um impacto positivo na
frequência escolar.

Esses resultados têm implicações práticas significativas para a prática educacional na


Educação Física e ressaltam a importância de abordagens pedagógicas que promovam a
motivação intrínseca dos alunos. Além disso, destacam a necessidade de futuras pesquisas
para aprofundar nosso entendimento sobre essa relação e melhorar a eficácia da Educação
Física na promoção da motivação dos estudantes e na melhoria da frequência escolar.

No próximo capítulo, apresentaremos as conclusões finais da nossa revisão da


literatura e destacaremos as implicações práticas e as recomendações para pesquisas futuras,
com base nas contribuições dos autores mencionados.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste trabalho, foi possível compreender a importância da prática de
Educação Física como instrumento motivador da frequência escolar. Através da revisão
bibliográfica e análise de estudos e pesquisas, pudemos explorar como a utilização de
estratégias específicas pode criar um ambiente propício para a aprendizagem, aumentando a
motivação, a autoestima e o interesse dos estudantes em frequentar a instituição de ensino.
Portanto, comprovamos que estratégias pedagógicas que enfatizam a autonomia dos
alunos na escolha de atividades físicas estão associadas a uma maior motivação intrínseca dos
estudantes. Isso sugere que permitir que os alunos tenham voz nas decisões relacionadas à
Educação Física pode ser uma abordagem eficaz para promover sua motivação para
frequentar a escola.
Além disso, constatamos que a qualidade dos relacionamentos entre os alunos e os
professores desempenha um papel significativo na motivação dos estudantes para participar
das aulas. Relacionamentos positivos baseados em respeito e apoio emocional foram
associados a uma maior motivação intrínseca. Ademais, a diversidade de atividades oferecidas
nessa disciplina e a promoção da diversão e do bem-estar foram percebidas pelos alunos como
fatores motivadores. Quando as atividades são variadas e divertidas, os estudantes estão mais
dispostos a frequentar as aulas.
Além disso, é importante ressaltar a relevância das teorias que sustentam a relação
entre a Educação Física e a motivação em frequentar a escola. As teorias motivacionais de
autores influentes, como Deci e Ryan (1985), Wigfield e Eccles (2000) e Vallerand (1997),
por exemplo, destacam a relevância dessa disciplina em promover um ambiente de ensino
mais prazeroso.
É preciso destacar que as práticas de Educação Física não devem ser vistas como um
aspecto separado do processo educativo, mas sim como um elemento intrínseco, transversal e
necessário no ensino-aprendizagem e na motivação desses. O interesse nas aulas e a
aprendizagem são complementares e promovem a construção de uma identidade saudável,
segura e confiante.
No entanto, é importante reconhecer que tal pesquisa carece de estudos
complementares e substanciais, nesse sentido e para avançar ainda mais nosso entendimento
sobre a relação entre a Educação Física e a frequência escolar, recomenda-se a realização de
pesquisas futuras que incluam: estudos longitudinais para acompanhar o impacto das
estratégias motivacionais ao longo do tempo; análises mais detalhadas de diferentes grupos de
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alunos, levando em consideração fatores como idade, gênero e nível socioeconômico;


exploração das implicações da Educação Física para além da frequência escolar, incluindo seu
impacto no desempenho acadêmico e no bem-estar dos alunos.
Em síntese, a Educação Física desempenha um papel fundamental na motivação
dos alunos para frequentar a escola na educação contemporânea. Ao adotar estratégias
pedagógicas que promovam a autonomia, o feedback construtivo, relacionamentos positivos e
experiências diversificadas e divertidas, os educadores podem contribuir significativamente
para a formação de estudantes motivados, engajados e saudáveis. Isso não apenas melhora a
frequência escolar, mas também enriquece a experiência educacional dos alunos como um
todo.
REFERÊNCIAS

Betti, M., & Zuliani, L. R. (2002). Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes
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