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PROCESSO HISTÓRICO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA

EDUCAÇÃO FÍSICA

A Educação Física conceituada como conteúdo disciplinar foi marcada em 1996 pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96, que determinou uma
nova visão sobre o modo de agir e pensar da educação física como colaboradora do
desenvolvimento bio-psico-social do aluno. Então, a partir de 1980, a Educação Física
começou a assumir diferentes formas, como a ginástica, as lutas, os jogos e os esportes,
pois, muito antes disso, era vista apenas como uma atividade física, na qual o processo
de aprendizagem tinha como objetivo submeter os alunos para melhorar a aptidão física,
mas sem conteúdo.
Dessa forma, a lei permitiu que a Educação Física adquirisse um caráter conceitual, no
que diz respeito ao modo operante das disciplinas escolares, que eram caracterizadas
normalmente por obter um conjunto de conhecimentos registrados e sistematizados em
livros didáticos, assim como registros sistemáticos dos alunos em seus cadernos e
avaliações escritas. No caso da Educação Física, era compreendida apenas como uma
atividade física prática, e esses elementos não faziam sentido, já que era registrada
como uma atividade física que se preocupava apenas com os corpos e aptidão física dos
alunos. Lembrando que o entendimento de conteúdo da Educação Física estava baseado
em modelo de corpo totalmente biológico, ou seja, o corpo e a atividade física
representavam como dimensões da natureza.

Embora a referência básica para a Educação Física estabelecida nessa norma


legal fosse a aptidão física, a forma de atividade física que, nas décadas de
1970 a 1990, se tornou hegemônica como conteúdo das aulas de Educação
Física foi o esporte.

(BRACHT, p. 1, 2010)
A partir do posicionamento da LDB, a Educação Física escolar começou a ser
concebida e integrada ao sistema esportivo brasileiro. Nesse caso, começa a adquirir
importantes funções, como promover a iniciação esportiva, no sentido de identificar
talentos que pudessem participar das equipes que representassem o país no cenário
esportivo internacional. Ou seja, a Educação Física como referência à aptidão física não
é abandonada totalmente, no entanto é utilizada em função da importância política e
econômica que o esporte começou a assumir na sociedade. Esse processo de
crescimento do esporte ficou conhecido como a “esportivização” da Educação Física,
conhecida até os nossos dias atuais.
Interessantemente o esporte ganhou importância dentro da Educação Física escolar, ou
seja, o caráter conceitual da disciplina na escola passou a depender em grande parte da
importância social que era atribuída ao fenômeno esportivo. O ensino e a aprendizagem
eram compostos por modalidades esportivas que ainda persistem até hoje, como o
futebol, o futsal, o voleibol, o basquetebol e o handebol.
Outras modalidades, como o atletismo e a natação, também começaram a fazer parte, no
caso da ginástica passa a ser auxiliar do esporte, nesse caso, ficou conhecida como
“aquecimento” ou era ensinada nas suas formas esportivas, como a ginástica olímpica
(artística) e a rítmica esportiva. Quanto aos jogos, eram conceituadas basicamente como
pré-esportivos, uma forma de iniciar a familiarização do aluno no esporte.
COMPREENDENDO O ENSINO-APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO
FÍSICA

Para ensinar a disciplina Educação Física é importante compreender a realização de três


grandes tarefas: a preparação, a realização e a avaliação do processo de ensino.
Tal processo determina que o professor deve assumir as tarefas de preparação,
realização e análise/avaliação em ciclos contínuos, que são: preparar o ensino, lecionar
as aulas, analisar e avaliar as aprendizagens dos alunos.
Na fase de preparação do ensino, o professor realiza um conjunto de documentos dos
quais destacamos os planos anual, de período, de unidade e de aula, os textos de apoio,
as fichas de exercícios e os instrumentos de avaliação. Na confecção destes documentos,
é exigida por parte do professor grande tomada de decisão sobre múltiplos aspectos,
nomeadamente sobre os objetivos de aprendizagem, os exercícios, os métodos, os
estilos, os modelos de ensino e a organização da sua prática.

Os objetivos de aprendizagem são os resultados de aprendizagem visados -


isto é, aquilo que se espera que os alunos ganhem em consequência do
processo de ensino/aprendizagem no final de um determinado período de
tempo (ano, período, unidade de ensino, aula) em termos de aquisição de
conhecimentos, de aquisição e aperfeiçoamento de habilidades desportivas e
de desenvolvimento de capacidades, valores, atitudes e motivações.

(QUINA, p. 20, 2009)


Durante a preparação dos objetivos da aprendizagem, é fundamental que o professor
compreenda o que o aluno deverá saber ou estar apto a fazer no final de um período de
ensino. Dessa forma, o professor deve sempre focar nesta pergunta: o que devo esperar
que os alunos aprendam ou sejam capazes de fazer no final de uma aula, de uma
unidade de ensino ou de um ano letivo?
Apesar de os objetivos do ensino e aprendizagem da Educação Física aparecerem
estruturados em categorias, é fundamental compreender que o desenvolvimento das
capacidades coordenativas, habilidades desportivas, as formações de qualidades não são
isoladas do processo unitário do ensino em Educação Física. São aspectos que se
condicionam reciprocamente e determinam o efeito global que vai contribuir no
desenvolvimento dos alunos.
Os exercícios (tarefas) assumem, no contexto do processo de ensino e aprendizagem em
Educação Física, uma grande importância, pois constituem o elemento mediador entre o
ensino (professor) e a aprendizagem (aluno).

O aluno aprende ou desenvolve-se na realização dos exercícios propostos pelo


professor. Os níveis de aprendizagem e de desenvolvimento alcançados pelo
aluno dependem, em grande parte, da qualidade e quantidade da atividade
interna (processamento da informação – análise, decisão, programação e
avaliação) e externa (movimento/ação) realizada pelo aluno para responder às
exigências dos exercícios.
(QUINA, p. 36, 2009)
As aulas de Educação Física precisam ser compreendidas como um espaço de total
construção, onde o professor vai dispor de condições favoráveis para que os alunos
construam conhecimentos. No entanto, a interação só vai acontecer quando o professor
se coloca como um facilitador da aprendizagem. Dessa forma, a interação entre
professor e alunos representa um dos principais elementos no processo de ensino e
aprendizagem da educação física, pois por meio dessa relação o ensino, a aprendizagem
e as vivências de movimentos serão possíveis. Neste sentido, otimizá-la favorecerá
maiores oportunidades de aprendizado e vivência.

AS POSSIBILIDADES PRÁTICAS PARA O ENSINO-


APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA

O objetivo principal da Educação Física, como parte do componente curricular, é


ampliar o conhecimento acerca das práticas corporais. Nesse ponto, é fundamental
ampliar as possibilidades dos alunos tanto nas práticas corporais já instituídas, como,
por exemplo, a ginástica, as lutas, os jogos e os esportes, quanto na possibilidade de
vivenciar novos movimentos.
Além disso, é fundamental nas aulas de Educação Física proporcionar conexões entre
todos os alunos, a sociedade e o meio ambiente. A prática de aplicar todos esses
elementos tem por objetivo aproximar o conhecimento existente nos conteúdos
curriculares da Educação Física com as relações sociais, históricas, políticas,
ambientais, presentes no cotidiano dos alunos. Dessa forma, permite valorizar as
experiências humanas, sejam elas dentro ou fora do ambiente escolar.
Um exemplo prático nesse sentido é aplicar como recursos algumas situações que
abordem a forma como vivemos e sentimos as experiências da vida diária para que o
aluno entenda. No entanto, estas vivências vão além da utilização de diferente conteúdo
da Educação Física escolar, mas também com uma possibilidade de vivenciar os
movimentos. Essa diversidade de vivências, ou seja, essas experiências adquiridas tanto
pelo movimento como pelas experiências humanas sociais, culturais, possibilita aos
alunos, além de aprender o gesto técnico de uma modalidade, vivenciar diferentes
formas de sua aplicação. Dessa forma, a aplicação deste princípio propõe uma
ampliação dos conteúdos no currículo e uma flexibilização nos métodos das aulas para
que favoreçam uma maior vivência de movimentos possível.

O princípio da problematização está relacionado ao levantamento de


problemas que possam ser discutidos em grupo ou individualmente. São
construídas questões com a finalidade de solucionar problemas práticos,
estimulando os estudantes a analisar e refletir criticamente o mundo que os
cerca. Os problemas podem ser construídos tanto nas questões mais
específicas relacionadas ao ensino dos conteúdos da Educação Física, quanto
às questões mais amplas que envolvam temas relacionados com aspectos
sociais, culturais ou interdisciplinares.

(BATISTA et al., p. 7, 2019)


O processo de aplicação da problematização durante as aulas busca estimular no aluno
sua capacidade de analisar, julgar e agir a partir de situações e desafios gerados na
atividade. Partindo disso, poderá ocorrer construção de novos conhecimentos, surgidos
pela tomada de decisão a partir da realidade em que o tema é vivido pelos alunos.
Esse tipo de atividade potencializa a estruturação dos conteúdos da Educação Física,
permitindo, assim, que sejam ensinados e aprendidos de forma transversal, reforçando a
sua aplicabilidade, principalmente em diferentes momentos dos jogos, pois, ao atuar
com o princípio da problematização, o professor deve buscar estratégias que se
distanciam das aulas expositivas e tradicionais. Ou seja, o foco da aula não deve ser
somente na técnica propriamente dita do movimento, mas sim, criar situações em que
cada aluno possa refletir e pensar individualmente ou coletivamente possíveis soluções
para aplicar e chegar a novos questionamentos e resoluções. No entanto, quando o
professor aplicar essa atividade em situações em que a problematização esteja
relacionada com temas sociais e culturais, será necessário que estas situações estejam
próximas à realidade dos alunos e da sociedade em que a escola está localizada, criando,
assim, um ambiente de problematização mais próximo e provocador para o aluno.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, convido você agora a aprofundar um pouco mais seu conhecimento
acerca do ensino-aprendizagem da Educação Física na escola, assistindo à videoaula.
Nela apontarei os principais contextos histórico do processo de ensino-aprendizagem da
educação física, a compreensão e a aplicação da relação professor-aluno nesse processo
de ensino e aprendizagem na educação física.
Desde já, desejo bons estudos!

Saiba mais

Olá, estudante, convido-o a aprofundar um pouco seu conhecimento acerca do ensino e


aprendizagem da educação física, fazendo a leitura de dois artigos científicos! Dessa
forma, basta dar dois clicks para ter acesso aos materiais:

 Princípios metodológicos para o ensino da educação física escolar: O ínicio de


um consenso;
 O ensino de lutas na educação Escolar Física Escolar: uma revisão sistemática
da literatura.

Desejo uma boa leitura!


Aula 2
PILARES QUE FUNDAMENTAM O PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
É grande a preocupação dos profissionais com a redução do
conhecimento existente nos currículos escolares que conduz a uma
visão fragmentada do ensino, distanciando da realidade na qual o
aluno vive. Por isso, educadores têm buscado analisar diferentes
perspectivas para contribuir com a interdisciplinaridade na escola.
19 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante!
De uma forma geral, é grande a preocupação dos profissionais com a redução do
conhecimento existente nos currículos escolares que conduz a uma visão fragmentada
do ensino, distanciando da realidade na qual o aluno vive. Sob essa questão, educadores
têm buscado analisar sob diferentes perspectivas para fomentar importantes
contribuições no que diz respeito à interdisciplinaridade na escola, visualizando, assim,
uma possibilidade de superar essa fragmentação do conhecimento, principalmente em
nível curricular. E, como possibilidade prática, as ações educativas educacionais são
importantes, pois têm como objetivo formar cidadãos que participem ativa e
criticamente do processo cultural de sua época histórica. Agora pergunto a você, como
possibilitar ao aluno, condições de participação ativa e crítica vinculadas com a vida
concreta e com os problemas de sua realidade? Reflita.
Desde já, desejo bons estudos!

LEGITIMIDADE E LEGALIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO


PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A disciplina Educação Física vem cumprindo funções que colaboram com as demais
disciplinas escolares, no entanto, historicamente, a Educação Física, em meados do
século XIX, mais precisamente na Europa, era representada pelos exercícios físicos
vindos da ginástica, que tinha como objetivo formar pessoas disciplinadas e prontas
para atuarem na emergente sociedade, que naquele período necessitava de homens e
mulheres produtivos e saudáveis.
Em meados do século XIX e metade do século XX, a Educação Física foi legitimada
como uma área escolar que passou a ser compreendida como complemento da educação
moral e cívica da época. Nesse sentido, a Educação Física estava sofrendo influencias
externas, com isso, não era considerada como uma disciplina capaz de ensinar e
potencializar por meio de ações educativas, contribuir para o desenvolvimento das
capacidades humanas e na formação plena dos indivíduos.
Disciplina é um conjunto de conhecimentos sobre uma área ou objeto de estudo que tem
como ação uma orientação educacional. A disciplina Educação Física Escolar tem como
base de conhecimentos os seguintes aspectos:

 Biológicos: que estudam as capacidades físicas envolvidas no movimento


humano.
 Neurocomportamentais ou Psicológicos: que estudam a forma e a
complexidade da aprendizagem das habilidades motrizes.
 Socioculturais: que estudam as diferentes manifestações de cultura corporal dos
Jogos, brincadeiras, danças, esportes, entre outros.
 Valores destas manifestações: que contribuem na construção da cidadania
soberana dos alunos.

Nesse processo histórico da Educação Física, a experiência corporal na escola sofre um


pouco, devido à instituição não considerar importante para a formação básica de
crianças, jovens e adultos os conhecimentos produzidos pela expressão da linguagem
corporal.
Nesse sentido, por exemplo, em muitos casos o esporte foi e é caracterizado apenas
como um conjunto de técnicas e movimentos corporais produzidos pelos aspectos
biológicos do corpo. Com esse pensamento e planejamento, o esporte, enquanto um
fenômeno sociocultural com implicações políticas, econômicas e suas diversas formas
de apropriação em diferentes contextos culturais, no decorrer da história é
desconsiderado como conteúdo a ser ensinado na escola.
O que a história vem nos mostrando, especialmente em meados de 1980 para cá, é que a
Educação Física passou por dificuldade de se organizar, planejar e sistematizar o ensino
com base na perspectiva da reflexão sobre a cultura corporal. Nesse sentido, é
fundamental desenvolver na educação um sentido orientado para construção da crítica e
criação de valores humanos que contemplem a superação das diferenças, que confira as
capacidades de análise, de síntese, de interpretação e a busca pelo acesso ao
conhecimento, de saber liderar, ser liderado, coordenar, mediar. Além disso, há o
desafio de considerar a Educação Física como uma área do conhecimento que tem como
intervenção a cultura corporal de movimento, elemento fundamental no processo de
escolarização de crianças, jovens e adultos frequentadores da escola e que precisa ser
feito uma abordagem para refletir acerca do que significa e qual a função das práticas
corporais na formação escolar da humanidade.
Nesse sentido, é fundamental estabelecer pilares sobre as questões didáticas acerca da
Educação Física como disciplina do currículo escolar que efetivamente contribui para a
formação integral do aluno.

COMPREENDENDO O SER DOCENTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA


ESCOLAR

A legitimidade da Educação Física representa sua inserção no currículo da escola. Uma


disciplina pode ser considerada legal, no entanto, pode não conseguir construir critérios
e práticas que a considere legítima e reconhecida dentro da escola. No caso da disciplina
Educação Física, no cotidiano da cultura escolar ainda dominam as iniciativas de
abandono do trabalho docente, que no fundo contribuem para a falta de sentido da
Educação Física escolar.

Legalidade e legitimidade são temas presentes nas discussões epistemológicas


e pedagógicas da Educação Física na contemporaneidade. Somado a estes
debates, tem-se na área certa esperança de que a disciplina pode ser capaz de
contribuir no processo de escolarização de crianças, jovens e adultos que estão
na escola. O que é importante mencionar, é que o status de ser uma disciplina
legal (do ponto de vista da legislação educacional), por si só não torna a
Educação Física uma disciplina legítima na escola.

(FURTADO et al., p. 25, 2020)


O fazer docente de qualquer disciplina deve ser compreendido não somente a partir da
identificação imediata daquilo que os professores realizam ou não dentro da sala de
aula, no entanto, é fundamental levar em consideração também aspectos que podem ser
questionados pelos esforços que o próprio campo realiza para superar as suas principais
problemáticas. Nesse sentido, podemos fazer a seguinte pergunta: quais as vantagens
que a disciplina Educação Física pode adquirir quando os docentes começam a fazer
parte do processo de ensino e aprendizagem integral que ocorre na Educação Básica?
Para responder essa questão, em primeiro lugar é necessário que os professores
cheguem a um consenso a respeito das regras que regem as discussões e as participações
dos elementos que são fundamentados e justificados pela legislação da educação
brasileira, onde essas questões referem-se, primeiramente, a concepções de educação e
conhecimento. Nesse sentido, a escola representa um espaço para realização de ações
educativas, que podem ser desenvolvidas sistematicamente com objetivos de se ter uma
educação que visa à formação de indivíduos críticos e participativos.

Toda e qualquer disciplina do currículo escolar deve estar orientada


primeiramente à formação humana, independentemente de seu conteúdo, dado
que qualquer conteúdo ou conhecimento é independente de sua utilização. A
utilização dos conteúdos ou manifestações culturais obedece a valores ou
princípios humanos de convivência e não apenas ao domínio instrumental
dele. Exemplo, eu posso ensinar (capacitar) a um aluno a utilizar uma pistola,
agora, o porquê e para que, depende de valores.

(GALLARDO et al., p. 15, 2003)


De modo geral, cada disciplina do currículo escolar precisa ter um conteúdo que seja
capaz de capacitar o aluno dentro da esfera do conhecimento, acerca do ensino e
aprendizagem, mas sobretudo, consiga despertar um espaço de acolhimento e de
compromisso social desejável, para que, assim, o aluno possa adquirir paulatinamente
uma responsabilidade com os compromissos do cotidiano e com sua futura formação
profissional. Ou seja, cada conteúdo deve estimular o aluno a aumentar as
possibilidades de interação com seus colegas, além de fazer dele uma pessoa importante
e necessária para seu grupo social.

APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO COMPONENTE


CURRICULAR NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Os professores de Educação Física escolar que trabalham com a cultura corporal de


movimento, devem estar conscientes de que, ao trabalhar com a cultura humana,
precisam refletir sobre o seu papel no progresso de uma sociedade desejável.
Atualmente, olhamos para um lado e para o outro, vemos uma sociedade com classes e
interesses diferentes, sobretudo em relação à pobreza no sentido material, intelectual,
social e político. Com esse cenário, a Educação Física se torna uma ponte indispensável
compromissada com valorização humana.
Pensando em uma aplicabilidade prática, primeiramente precisamos levar em
consideração os componentes da formação humana: responsabilidade, cooperação,
respeito a si próprio e aos outros, solidariedade, organização, criatividade,
individualidade, identidade, confiança em si mesmo e carinho. Nesse sentido, quando a
Educação Física está voltada à formação humana, está preocupada com o
desenvolvimento da criança como pessoa, capaz de criar coletivamente um espaço
humano de convivência social desejável.
Outro ponto importante que o professor precisa levar em conta quando for trabalhar
com a cultura corporal é considerar as diferenças entre os alunos não como
desigualdade, mas com um sentido de respeito, visto que o que torna os alunos iguais é
justamente a sua capacidade de se expressarem diferentemente.

Assim, a reflexão sobre os valores humanos deve fazer parte da prática do


professor de Educação Física no seu cotidiano escolar, com a intenção de dar
sentido ao conteúdo que é ensinado. Não existe neutralidade em uma prática
pedagógica. Nem os conteúdos são construídos de forma neutra. Neles, estão
implícitos ou explícitos valores, ideais e interesses que se configuram de
acordo com uma determinada visão de mundo e como o projeto de homem e
sociedade que se deseja.

(GALLARDO et al., p. 76, 2003)


Durante os planejamentos pedagógicos, não necessariamente o professor precisa
prender-se a regras fixas, simplesmente porque cada realidade, escola e sujeito são
diferentes no tempo, no espaço e nas características socioculturais em que se
desenvolvem. Nesse sentido, é responsabilidade do professor determinar o que, como,
quando e onde planejar, de acordo com as condições e vivências de sua realidade
escolar.
O que deve ficar claro para o professor de Educação Física escolar são os pilares para se
ter uma boa proposta pedagógica de ensino, com um planejamento capaz de ser aplicado
desde as séries inicias até a última série do ensino médio. Desta maneira, sua
legitimidade e legalidade contemplam sua atividade de organização, sistematização e
transformação como disciplina que faz parte do componente curricular, ou seja, uma
disciplina com organização dos conteúdos de acordo com as características,
necessidades e expectativas dos alunos.
No que se refere às habilidades previstas para o componente curricular, a BNCC da
Educação Física orienta a redação das aprendizagens essenciais e a estruturação da
progressão do ensino e aprendizagem. Assim, os conteúdos da cultura corporal
sugeridos são: os jogos e brincadeiras, esportes, danças, e expressões corporais e
rítmicas, que servem como orientação para procurar dentro das manifestações da cultura
corporal o conteúdo para ser oferecido em cada uma das séries ou ciclos.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, convido você agora a aprofundar um pouco mais seu conhecimento
acerca dos pilares que fundamentam o processo do ensino-aprendizagem da Educação
Física, assistindo à videoaula. Apontarei os pilares que podem atuar dentro da dimensão
curricular da Educação Física nas instituições de formação básica.

Saiba mais

Olá, estudante!
Convido você agora a aprofundar um pouco seu conhecimento acerca dos pilares para o
ensino e aprendizagem da educação física, fazendo a leitura de um artigo científico.
Desejo uma boa leitura!
Aula 3
A TEORIAS PEDAGÓGICAS E ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
As abordagens do ensino da Educação Física são propostas
consideradas fundamentos básicos da educação. Nesse sentindo, é
fundamental entender como são agrupadas as teorias da Educação
Física no âmbito pedagógico.
19 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante!
Todo individuo é considerado historiador, social e transformador de sua própria história,
sustentado pelos processos de socialização dos saberes e dos reconhecimentos de quem
ensina e aprende como sujeitos ativos e históricos. As abordagens do ensino da
Educação Física são propostas consideradas fundamentos básicos da educação. Nesse
sentindo, é fundamental entender como são agrupadas as teorias da Educação Física no
âmbito pedagógico que buscam romper com modelo mecanicista, esportivista e
tradicional, nos dias atuais. Nesse sentido, compreende a constituição do processo de
conhecimento da Educação Física na formação humana, pois essa disciplina pode ser
transformadora a partir da promoção da criatividade do aluno.
Desde já, desejo bons estudos!

CONCEITUANDO AS PROPOSTAS DE ENSINO DA EDUCAÇÃO


FÍSICA

As teorias de Ensino da Educação Física Escolar foram criadas em oposição às teorias


higienista, militarista, tecnicista, esportivista e biologista da Educação Física. As teorias
possuem estratégias diversificadas com o objetivo de propor uma Educação Física
Escolar permeada na formação integral do aluno, conduzindo conhecimentos
historicamente construídos e não discriminatórios. Portanto, as Abordagens
Pedagógicas da Educação Física são definidas como movimentos que tentam uma
renovação teórico-prática, com fundamento de estruturar os campos de conhecimentos
específicos da Educação Física Escolar. Na figura abaixo, vemos os tipos de
abordagens, com suas respectivas teorias pedagógicas:

Figura 1 | As abordagens da Educação Física

Fonte: adaptado de Rodrigues (2023, p. 472).


As teorias do ensino da Educação Física são classificadas como propostas críticas, não-
críticas e pós-criticas. As críticas são nomeadas como crítico-emancipatória e crítico-
superadora, enquanto que as não-críticas são nomeadas como pedagogia tradicional e as
pós-críticas abordam as preocupações com a diferença, as relações do saber, poder, o
multiculturalismo, as diferentes culturas raciais e étnicas no âmbito escolar. Veremos
alguns conceitos dados a essas teorias e suas abordagens:
 Pedagogia tradicional: Nesta proposta, a Educação Física tem como objetivo a
competição e a seleção dos conteúdos centrada primordialmente nos esportes,
dentro de uma visão biológica com fundamento a performance e rendimento
motor. O ensino e aprendizagem dos conteúdos são avaliados por desempenho
físico-motor satisfatório ou insatisfatório.
 Teorias críticas: A abordagem Crítico-Emancipatória é considerada
significativa para o processo de ensino e aprendizagem, para a manifestação e
expressões do movimento humano, pois o movimento está presente em todas as
vivências e relações expressivas que constituem os seres humanos. Nesse
sentido, parte do entendimento de que a expressividade corporal é uma forma de
linguagem pela qual todo ser humano se relaciona com o meio onde vive, o que
permite tornar sujeito a partir do reconhecimento de si no outro. Além disso, tem
como centro da discussão o processo comunicativo descrito como dialógico. A
abordagem Crítico-Superadora tem como objeto de estudo a Cultura Corporal
por meio dos conteúdos da Educação Física, os jogos, esporte, ginástica, lutas e
danças. Com relação à escolha dos conteúdos para as aulas, é fundamental levar
em consideração a relevância social dos conteúdos, sua contemporaneidade e
sua adequação às características sóciocognitivas dos alunos. Além disso, propõe-
se que, na seleção dos conteúdos para aulas de Educação Física, propicie-se a
leitura da realidade do ponto de vista da classe trabalhadora.

A Abordagem Crítico-Superadora assume um posicionamento em favor de


uma classe social, a classe trabalhadora. No coletivo de autores estão
colocadas as relações entre projeto histórico, à teoria do conhecimento e o
projeto de escolarização. Além de defender que é necessário os professores
terem definido qual o projeto de sociedade e de homem que almejam.

(HERMIDA et al., p. 8, 2010)

 Teoria pós-crítica: Definida como uma continuidade das teorias críticas, no


entanto, que vão com avanços que permite ao aluno manter constante diálogo
com o professor e com o grupo, para desenvolver autonomia no seu processo
formativo.

COMPREENDENDO AS ABORDAGENS DE ENSINO DA


EDUCAÇÃO FÍSICA

As Abordagens de Ensino da Educação Física Escolar apresentam conteúdos


significativos, enfatizando a necessidade de um corpo docente sério e comprometido
com o processo de ensino aprendizagem dos seus alunos.

A importância das teorias pedagógicas reside na precisa consideração de seus


limites. Limites esses que não são apenas tomados como epistemológicos, ou
intelectuais, de quem elabora essas teorias. São limites incontornáveis pelo
fato da educação ser o resultado da ação de muitos agentes, de muitos valores
e posições políticas diferenciadas, que se relacionam em instituições
possuidoras de tradições construídas em sua história. Saber o momento de
questionar e propor ‘novas tradições’ sem negligenciar os limites nesse
embate entre o real e o necessário é o grande desafio das abordagens
pedagógicas.

(FLORES et al., p. 105, 2019)


As Abordagem Crítico-Emancipatória e Crítico-Superadora são abordagens
caracterizadas como político-pedagógicas, consideradas críticas da Educação Física.
Dentro do ambiente escolar, a Abordagem Crítico-Superadora realiza o esforço de
aproximar a teórica dos processos metodológicos, isto é, percebe o conhecimento como
elemento de mediação entre o aluno e o seu aprender, ou seja, o aluno é capaz de ler os
dados da realidade, interpretá-los e emitir um juízo de valor da realidade social
complexa em que vive. Na compreensão metodológica dessa abordagem, o professor
precisa orientar a leitura das práticas da cultura corporal, como práticas sociais, e dessa
forma conduzir o aluno na sua crítica para constatar, interpretar, compreender e explicar
esta prática. Já a compreensão da abordagem crítica emancipatória é dada a partir de
uma didática comunicativa, obtendo uma formação esclarecedora de todo o agir
educacional. Dessa forma, conduz a uma a reflexão crítica, onde o aluno precisa ser
capacitado para conhecer, reconhecer e problematizar as variadas formas de situações
da vida, participando socialmente, culturalmente e esportivamente.

Para que o esporte prático se trate de alto rendimento exige padrões onde o
número de pessoas que podem alcançar é pequeno, mas mesmo assim todos
querem seguir. Portanto, o estado inicial é a falsa consciência de que esse
padrão imposto é o adequado para todos, limitando as possibilidades de
criatividade. Nesse sentido os profissionais de educação física também não
percebem essa falsa consciência reforçando tal coerção. Contudo, não é fácil
libertarmos dessa consciência com todo status e valor que o esporte de
rendimento possui, sendo que esta tarefa não seja só da educação física e sim
de todo processo educacional que deve iniciar com programas de ensino dos
esportes nas escolas.

(MOTTA, p. 62, 2019)


A teoria pós-crítica é compreendida como questão que centraliza a aprendizagem e
destaca o desenvolvimento pelo aprendiz em sua capacidade de aprender a aprender, ou
seja, compreender como se aprende e como é possível desenvolver estratégias capazes
de aperfeiçoar a condição de aprendizagem do aluno.
Contudo, não é simples libertar essa consciência do status e valor que o esporte de
rendimento possui. No entanto, todo processo educacional deve iniciar com programas
de ensino dos esportes nas escolas. Nesse sentido, a emancipação acontece a partir do
momento em que a sociedade é levada a uma autorreflexão pela pedagogia crítica
emancipatória para reconhecer e perceber o que lhes é imposto, obtendo conhecimento
de seus verdadeiros interesses.
APLICANDO AS TEORIAS PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

Muitos dos problemas que ocorrem durante as aulas de Educação Física Escolar
proporcionam diversas reações nos professores e, por mais que conheçam diversas
teorias de ensino, não conseguem pôr em prática o que de fato aprenderam. Esta
realidade acontece, muitas das vezes, na formação profissional dos professores de
Educação Física, pois evitam os conhecimentos científicos e se tornam tecnicistas,
aplicadores de práticas pedagógicas herdadas do seu passado ou da última moda.
Dessa forma, o ponto de partida para uma aplicação prática está na relação professor-
aluno que, por meio do conhecimento, gera possibilidades de ações críticas pedagógicas
com intencionalidades dentro da proposta curricular.
Na tabela abaixo, você pode observar as diferentes aplicações das teorias no currículo:

Tabela 1 | Diferentes teorias curriculares


Teorias Tradicionais Teorias Críticas
Ensino Ideologia
Aprendizagem Reprodução cultural e social
Avaliação Poder
Metodologia Classe social
Didática Capitalismo
Organização Relações sociais de produção
Planejamento Conscientização, emancipação e libertação
Eficiência Currículo oculto
Objetivos Resistência
Fonte: adaptado de Grzyb (2012, p. 17).

Por isso, em oposição ao modelo tradicional e tecnicista de Educação, a


perspectiva crítica-superadora se propõe não a adaptar o sujeito a uma
realidade existente. Partindo do diagnóstico conflitante do presente, e da
constatação de injustiças estruturais em nosso modo de vida, objetiva
construir no plano das consciências as possibilidades de transformação da
realidade vivida, a construção de uma sociedade onde não haja a exploração
do homem pelo homem.

(RODRIGUES, p. 25, 2017)


Além disso, como aplicação prática caberia ao professor desenvolver durante suas aulas
uma reflexão pedagógica em três momentos, que são elas: Diagnóstica, Judicativa e
Teleológica.

 Diagnóstica: no sentido de remeter a leitura de mundo, com uma visão de


totalidade da realidade.
 Judicativa: nesse sentido, busca julgar a partir de uma ética que representa os
interesses de determinada classe social.
 Teleológica: pois determina onde se quer chegar, ou seja, a capacidade de
projetar.
Nesse cenário educacional, uma boa prática é baseada dentro da possibilidade de
ensinar o esporte na escola não apenas para o desenvolvimento das habilidades e
técnicas, mas em uma concepção crítica emancipatória incluindo conteúdos teóricos e
práticos considerando a interação, valorizando a coletividade e a cooperação no
processo didático-pedagógico. Assim, por meio da interação e relação aluno-professor,
é possível aplicar o conhecimento técnico, cultural e social do esporte sem considerar o
conteúdo informativo do treinamento de habilidades.
Além disso, três categorias são apresentadas como importantes na aplicação do processo
de ensino na Educação Física: trabalho, interação e linguagem. Essas categorias estão
relacionadas com os conteúdos, métodos e objetivos da disciplina. No entanto, ainda na
construção do processo de ensino pelas categorias, deve-se desenvolver a competência
objetiva, social e comunicativa.

 Competência objetiva: o aluno recebe o conhecimento, qualifica-se e atua


dentro de suas possiblidades, no trabalho, profissão e esporte.
 Competência social: o aluno compreende onde vive de acordo com as relações
socioculturais. No esporte, acaba com as diferenças e discriminações entre
gênero, que na concepção crítica precisa trabalhar de forma educativa para
superar essas diferenças. Assim, permite conduzir o aluno ao entendimento dos
diferentes papéis existentes no esporte.
 Competência comunicativa: a comunicação verbal é apenas uma das formas de
se comunicar, no entanto, existe a comunicação corporal por meio de
movimentos. Na aplicação prática, é importante desenvolver no aluno a
capacidade de se comunicar e entender a comunicação dos demais, pois só
assim, poderá desenvolver um pensamento crítico por meio da reflexão e
autocrítica.

As teorias críticas e pós-críticas curriculares são significativas e precisam ser


trabalhadas de forma efetiva, pois contribuem na formação crítica e reflexiva do
conhecimento prévio dos alunos dentro da diversidade cultural.

VÍDEO RESUMO

Caro estudante, convido você agora a aprofundar um pouco mais seu conhecimento
acerca das teorias pedagógicas e abordagens da Educação Física, assistindo à videoaula.
Nela apontarei os fundamentos e importância das abordagens da Educação Física dentro
do âmbito escolar, pois o cenário na escola hoje permite fazer uma reflexão acerca do
ensino e aprendizagem.
Desde já, desejo bons estudos!

Saiba mais

Caro estudante!
Convido você agora a aprofundar um pouco seu conhecimento acerca das teorias
pedagógicas e abordagens da Educação Física, fazendo a leitura de um artigo científico.
Desejo uma boa leitura!
Aula 4
ENSINAR E APRENDER E A BNCC: PERSPECTIVAS METODOLÓGICAS
A BNCC, organiza a Educação Física como forma de promoção
política por meio do reconhecimento da cultura corporal de
movimento dentro dos grupos educacionais espalhados no
território nacional.
20 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante!
A Base Nacional Comum Curricular enxerga uma sociedade em que a Educação Física
seja reconhecida e supra suas necessidades vitais e sociais dentro do ambiente escolar,
cultural e de saude. Comprometida com essa perspectiva, a BNCC, organiza a Educação
Física como forma de promoção política por meio do reconhecimento da cultura
corporal de movimento dentro dos grupos educacionais espalhados no território
nacional. Dessa forma, os objetivos do componente curricular da Educação Física, deve
promover uma proposta engajada para obter mudanças sociais, reconhecer os sujeitos
participantes, valorizar experiências de reflexão crítica sobre as práticas corporais, além
de aprofundar e ampliar os conhecimentos da Educação Física.
Desde já, desejo bons estudos!

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA PERSPECTIVA DA BNCC

Em maio de 2015, surgiu a primeira e a segunda versões da Base Nacional Comum


Curricular (BNCC). Esse evento foi composto por professores da Educação Básica
representando todos os estados da Federação, além de pesquisadores vinculados a 35
universidades. A equipe da Educação Física foi constituída por seis professores da
Educação Básica e seis professores universitários, sob a coordenação de um assessor,
também professor do Ensino Superior. O objetivo era construir um currículo comum
com áreas e etapas da Educação Básica seguindo a mesma organização. Então, em
junho daquele mesmo ano foi aceita a tarefa de construir um documento que pudesse ser
tomado como texto orientador para a elaboração de propostas curriculares municipais
ou estaduais bem como os projetos pedagógicos das escolas.
Na seção destinada a apresentar os fundamentos dos componentes curriculares, a BNCC
anuncia as práticas corporais, como referência central para a configuração dos
conhecimentos em Educação Física, que são: brincadeiras e jogos, danças, esportes,
ginásticas (demonstração, condicionamento físico e conscientização corporal), lutas e
práticas corporais de aventura (BRASIL, 2016).

A Educação Física é o componente curricular que tematiza as práticas


corporais em suas diversas formas de codificação e significação social,
entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos,
produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. Nessa
concepção, o movimento humano está sempre inserido no âmbito da cultura e
não se limita a um deslocamento espaço-temporal de um segmento corporal
ou de um corpo todo.

(BRASIL, p. 213, 2016)


Nessa perspectiva, configuraram as práticas corporais como elemento da gestualidade,
expressão e comunicação contornados de significados, fruto da cultura produzidos por
meio da linguagem corporal. Assim, quando o aluno brinca, dança, luta, faz ginástica ou
pratica esportes, manifesta sentimentos, emoções, saberes e formas de ver e entender o
mundo.

Na sua relação com o mundo, as pessoas interpretam o que está à sua volta,
produzem sentidos e se manifestam em diferentes linguagens, articulando
significados construídos coletivamente em sistemas de representação.

(NEIRA et al., p. 196, 2016)


As linguagens são práticas sociais de interação que culturalmente influenciam o
conhecimento das línguas oral e escrita, das artes e das práticas corporais permitindo
que as pessoas se insiram na sociedade e interajam, seja por um simples diálogo, poema,
pintura ou de uma dança. Na perspectiva determinada pela BNCC, cultura é toda e
qualquer ação social que expressa, comunica ou gera um significado, tanto para quem
participa e constrói, quanto para quem observa, aprecia e usufrui.

(...) a linguagem não é um fenômeno acabado com técnicas e nem uma


justaposição de signos, mas se dá pelo ato, no gesto, sendo indireta e se
expressando pelo o que diz e o que não se diz das palavras, um processo
contínuo que vai para além de um código, acontecendo à comunicação quando
há continuação do outrem.

(OLIVEIRA et al., p. 2, 2021)


Dessa forma, as práticas corporais estão interligadas com a cultura, possibilitando
argumentações que sustentam a concepção da Educação Física como campo de saberes
vinculados à área das linguagens.

COMPREENDENDO AS DIMENSÕES DA BNCC NA EDUCAÇÃO


FÍSICA

Compreender a Educação Física como área de Linguagens significa promover


atividades didáticas que desenvolvam nos alunos a capacidade de ler e produzir as
manifestações culturais corporais, representadas nos textos e contextos, constituídos
pela linguagem corporal. Nessa perspectiva, faz parte da cultura corporal de movimento
os saberes e discursos que envolvem todas as práticas corporais, desde as regras da
amarelinha até o perfil tático do futebol, do balé, história do judô e os efeitos dos
exercícios de musculação.
Quanto à cultura corporal de movimento, é compreendida como conteúdo próprio das
aulas da Educação Física. Dessa forma, busca desenvolver nas crianças, jovens e
adultos, por meio do conhecimento específico, seja ele dança, lutas ou ginástica, uma
leitura sobre as práticas corporais no seu cotidiano, bem como desenvolver uma
reconstrução crítica dentro da escola.
Para a BNCC, nas aulas de Educação Física, o objetivo não é só melhorar a
coordenação motora, desenvolver comportamentos cognitivos ou promover hábitos
saudáveis de um estilo de vida fisicamente ativo, mas contribuir para a formação de
cidadãos que compreendam e produzam uma parcela da cultura, ou seja, a cultura
corporal de movimento, e isso possibilita reconhecimento e valorização de todos, sem
nenhum tipo de discriminação.
Nesse sentido, a BNCC apresenta algumas Dimensões do Conhecimento que estão
relacionados à Experimentação, Uso e Apropriação, Fruição, Reflexão Sobre a Ação,
Construção de Valores, Análise, Compreensão e Protagonismo Comunitário. Essas
dimensões representam uma relação direta com as habilidades e os saberes que
Educação Física pode assumir no contexto Escolar.

Dessa maneira, podemos olhar para o futebol, por exemplo, e identificar


conteúdos (regras, sistemas de jogos, relação com a comunidade e mídia,
apelo estético etc.) que permitem o desenvolvimento de habilidades (analisar,
diferenciar, planejar, propor etc.), e estas se relacionam a uma dimensão do
interpretar e/ou atuar na cultura corporal de movimento.

(VIDOTTI et al., p. 6, 2023)


Vamos compreender cada uma dessas dimensões no contexto da Educação Física,
segundo a BNCC:

 Experimentação: aborda saberes a partir da prática corporal.

São conhecimentos que não podem ser acessados sem passar pela vivência
corporal, sem que sejam efetivamente experimentados. Trata-se de uma
possibilidade única de apreender as manifestações culturais tematizadas pela
Educação Física e do estudante se perceber como sujeito “de carne e osso”.

(BRASIL, p. 220, 2016)

 Uso e apropriação: caracteriza-se por um fazer corporal construído pelos


conhecimentos gerados a partir da vivência nas diferentes manifestações.
 Fruição: possui um posicionamento de que educar é um espaço de relações que
despertam para o reconhecimento da individualidade, da cultura, assim como da
coletividade, favorecendo a valorização da diversidade.
 Reflexão sobre a ação: engloba os saberes a que dificilmente a criança tem
acesso, principalmente em outros espaços de vivência das práticas corporais.
 Construção de valores: questiona importantes conhecimentos no contexto
escolar, valorizando os aspectos relacionados ao convívio, cidadania e ética.
 Análise e a compreensão: são dimensões que se complementam e juntas se
familiarizam com os saberes conceituais.
 Protagonismo comunitário: assim como a Reflexão sobre a Ação, essa
dimensão representa o potencial de criatividade e construção dos alunos,
buscando sempre relacionar as práticas corporais com os contextos
comunitários.

Essas dimensões são divisões didáticas que favorecem interpretação e atuação a respeito
dos conhecimentos que os professores estão tematizando junto aos alunos com objetivo
de ampliar e praticar a cultura corporal de movimento.

EDUCAÇÃO FÍSICA NA PRÁTICA SEGUNDO A BNCC

A BNCC em termos pedagógicos propõe que os objetivos para o ensino-aprendizagem


possibilitem a compreensão sócio-histórica e política das manifestações da cultura
corporal de movimento. Dessa forma, visa a uma participação crítica, intensa e digna
em todos os grupos que compõem a sociedade.

Nas aulas, as práticas corporais devem ser abordadas como fenômeno cultural
dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e contraditório. Desse
modo, é possível assegurar aos alunos a (re) construção de um conjunto de
conhecimentos que permitam ampliar sua consciência a respeito de seus
movimentos e dos recursos para o cuidado de si e dos outros e desenvolver
autonomia para apropriação e utilização da cultura corporal de movimento em
diversas finalidades humanas, favorecendo sua participação de forma
confiante e autoral na sociedade.

(BRASIL, p. 213, 2016)


A BNCC inspira professores a selecionarem, dentre os objetivos, aqueles que integram
as intenções educativas da escola e com a participação da comunidade.

É fundamental frisar que a Educação Física oferece uma série de


possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, jovens e adultos na
Educação Básica, permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Esse
universo compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas,
lúdicas e agonistas, que se inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade
típica dos saberes científicos que, comumente, orienta as práticas pedagógicas
na escola.

(BRASIL, p. 213, 2016)


Segundo a BNCC, existem três elementos fundamentais comuns às práticas corporais,
que são: movimento corporal, organização interna e produto cultural relacionado com o
lazer e o cuidado do corpo e saúde (BRASIL, 2016). Nesse sentido, cada prática
corporal deve propiciar ao aluno o acesso a uma dimensão de conhecimentos
(Experimentação, Uso e Apropriação, Fruição, Reflexão Sobre a Ação, Construção de
Valores, Análise, Compreensão e Protagonismo Comunitário) e experiências aos quais
não teria de outro modo.

A vivência da prática é uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito


particular e insubstituível e, para que ela seja significativa, é preciso
problematizar, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade de sentidos e
significados que os grupos sociais conferem às diferentes manifestações da
cultura corporal de movimento.

(BRASIL, p. 214, 2016)


A experiência efetiva das práticas corporais oportuniza aos alunos, para além da
vivência, participar de forma autônoma, em todos os contextos, principalmente no lazer
e saúde.
Os quadros 1 e 2 apresentam um exemplo de estruturação dos objetivos de
conhecimentos da Educação Física Escolar, segundo a BNCC (BRASIL, 2016):

Quadro 1 | Objetos de conhecimento e unidades temáticas da Educação Física anos inicias


UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO
1º E 2º ANOS
Brincadeiras e jogos Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e
regional.

Esportes  Esportes de marca.


 Esportes de precisão.

Ginásticas Ginástica geral.


Danças Danças do contexto comunitário e regional

Lutas

Práticas corporais de
aventura
Fonte: adaptado de Brasil (2016, p. 225).
Quadro 2 | Objetos de conhecimento e unidades temáticas da Educação Física nos anos finais
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO
6º E 7º ANOS 8º E
Brincadeiras e jogos Jogos eletrônicos
Esportes  Esportes de marca. 
 Esportes de precisão. 
UNIDADES TEMÁTICAS OBJETOS DE CONHECIMENTO
 Esportes de invasão. 
 Esportes técnico-combinatórios. 

Ginásticas Ginástica de condicionamento físico. 


Danças Danças urbanas. Danç


Lutas Lutas do Brasil. Lutas
Práticas corporais de aventura Práticas corporais de aventura urbanas. Práti
Fonte: adaptado de Brasil (2016, p. 231).
O que implicou de importante para a Educação Física de acordo com a organização da
BNCC (BRASIL, 2016), em relação aos conteúdos, é que eles precisam serem
ensinados obrigatoriamente em todas as escolas, no entanto, fica aberto quanto aos
objetivos de conhecimento da aprendizagem. Dessa forma, é importante considerar que
discriminar um conteúdo pode implicar a responsabilização dos professores naquilo que
será efetivamente ensinado, tendo em vista as singularidades de cada escola.

VÍDEO RESUMO

Caro estudante, convido você agora a aprofundar um pouco mais seu conhecimento
acerca do ensinar e aprender e a BNCC: perspectivas metodológicas, assistindo à
videoaula. Apontarei as principais dimensões e objetivos do conhecimento da Educação
Física Escolar mediante suas representações e manifestações para a Base Nacional
Comum Curricular.
Desde já, desejo bons estudos!

Saiba mais

Caro estudante!
Vamos aprofundar um pouco mais o nosso conhecimento, fazendo a leitura do artigo
científico: As dimensões do conhecimento na BNCC e nos planos de ensino de
professores de educação física, de Pedro Henrique Carbone Vidotti e colaboradores.
Desejo uma boa leitura!
Aula 5
REVISÃO DA UNIDADE
23 minutos

ENSINANDO EDUCAÇÃO FÍSICA

Olá, estudante!
Considerando a importância da Educação Física Escolar em
proporcionar aos alunos condições de vivências nas práticas
corporais de movimento, nesta Unidade 1 você teve a
oportunidade de aprofundar seu conhecimento sobre como
ensinar e aprender Educação Física na escola, contribuindo para
seu ensino e aprendizagem durante sua jornada acadêmica.
Durante essa unidade você viu algumas práticas de ensino da
Educação Física Escolar que são importantes, como por exemplo,
conhecer o espaço onde o aluno vive, estuda ou está inserido de
forma global. Além disso, compreender as abordagens de ensino,
como por exemplo, as abordagens críticas, não-críticas e pós-
críticas, empregadas como recurso de ensino para a Educação
Física no âmbito escolar. Mais ainda, conheceu a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC), documento este (BRASIL, 2016) que vai
lhe orientar e possibilitar a promoção de mudança, organização e
sistematização das práticas corporais pedagógicas, estabelecendo
e reforçando alguns conceitos e dimensões do conhecimento
durante sua prática profissional, pois ao apresentar as dimensões
do conhecimento, a BNCC sugere uma nova forma de classificar os
saberes, nesse sentido, sugere uma organização do ensino que
enfoque as principais habilidades, relacionadas a Experimentação,
Uso e Apropriação, Fruição, Reflexão Sobre a Ação, Construção de
Valores, Análise, Compreensão e Protagonismo Comunitário.
Nesse sentido, quero que você perceba durante essa jornada, que
a disciplina Educação Física não significa apenas formas de
exercitar as funções biológicas do corpo à margem das práticas
corporais. No entanto, é responsável por formar cidadãos para
além do esporte, como por exemplo, futebol, natação, atletismo.
Com isso, busca dotar uma ação conjunta entre competência e
capacidade nas modalidades esportivas e a vida cotidiano do
aluno. Esse desenvolvimento sistemático representado pelo
conjunto de habilidades, capacidades motoras, conhecimentos,
atitudes, valores, são indispensáveis para que o aluno consiga
apropriar-se das manifestações da cultura corporal de movimento
dentro da escola. Com objetivo de dar um novo rumo à Educação
Física Escolar, alguns parâmetros foram estabelecidos com intuito
de flexibilizar o currículo e os componentes curriculares. Nessa
perspectiva, a Base Nacional Comum Curricular aborda também
essa questão da formação do aluno de forma integral de modo
semelhante, esclarecendo que a formação básica supõe o
desenvolvimento de competências que deve permitir possibilidade
aos alunos para inserir de forma ativa, crítica, criativa e
responsável dentro e fora da escola, visando que esses alunos
possam ser capazes de se adaptar a novas habilidades, vindo do
esporte, como também desenvolver competências e habilidades
social, cultural e afetiva.
Dessa forma, a construção dos currículos escolares e as práticas
pedagógicas dos professores de Educação Física, são demandas
apresentadas como objetivo de ensino e aprendizagem prescritos
na BNCC e nos planos de ensino. Nesse sentido, pode auxiliar o
professor a compreender a relevância e a amplitude do que tem
sido desenvolvido nas aulas dentro do componente curricular;
além disso, permite identificar saberes em que se faz necessário
um maior aprofundamento.

REVISÃO DA UNIDADE

Olá, estudante!
Neste vídeo resumo da Unidade 1, convido você a aprofundar seu
conhecimento sobre Ensinar e aprender Educação Física na escola.
Neste vídeo apontarei os principais saberes curriculares do ensino,
sua importância e aplicação durante as aulas de Educação Física
dentro do ambiente escolar.
Desde já, desejo bons estudos!

ESTUDO DE CASO

Olá, estudante!
Para contextualizar sua aprendizagem, hipoteticamente você saiu
de casa, e foi a uma escola próxima de sua residência acompanhar
a aula de dois professores de Educação Física. Chegando lá, a
primeira aula que você começou a acompanhar foi da professora
Claudia, professora de Educação física. O tema da aula era
handebol. O roteiro da aula era conduzido por um aquecimento,
parte principal e volta à calma. Os alunos terminaram a aula e
foram para casa. Após a aula da professora Claudia, começou a
aula da professora Roberta. E você percebeu que o tema da aula
era igual ao da professora Claudia, handebol. O roteiro da aula da
professora Roberta foi conduzido por uma conversa inicial, onde a
professora Roberta perguntou para cada aluno qual era a
importância do aquecimento no início da prática do handebol.
Após o início da conversa, todos foram executar o aquecimento, e,
dessa forma, aconteceu a mesma coisa com a parte principal e a
volta à calma.
Ao terminar de observar essas duas situações hipotéticas, olhando
para o planejamento das duas professoras de Educação Física e
pensando nas propostas da Base Nacional Comum Curricular, em
relação aos saberes abordados por elas e a relevância pedagógica
de cada dimensão do conhecimento, você percebeu que dentro da
aplicação do mesmo tema, no caso handebol, são desenvolvidas
duas aulas de formas diferentes. Nesse sentido, a professora
Claudia priorizou o desenvolvimento das habilidades e capacidades
técnicas do aluno, ou seja, ensino fazer por fazer, enquanto a
professora Roberta priorizou ensinar os fundamentos do handebol
de uma maneira mais contextualizada. Partindo do princípio do
ensino e aprendizagem da Educação Física Escolar, nas dimensões
do conhecimento voltadas a Experimentação, Uso e Apropriação,
Fruição, Reflexão Sobre a Ação, Construção de Valores, Análise,
Compreensão e Protagonismo Comunitário da Base Nacional
Comum curricular, que representam uma possibilidade do
professor organizar e classificar os saberes já tematizados, em
maior ou menor grau, nas aulas de Educação Física, ainda que esta
organização seja uma novidade para os docentes, nesse ponto, na
sua opinião, qual das duas professoras, Claudia e Roberta,
demonstrou sentidos e significados para promover o
desenvolvimento educacional integral dos alunos por meio do
ensino das práticas do handebol?

Reflita

Olá, estudante!
O objetivo do ensino na Educação Física Escolar acontece a partir
do ponto em que é definido o que o aluno deverá saber ou estar
apto a fazer. Nesse sentido, é fundamental seguir modelos de
abordagens e documentos que se constituem como referências
que permitem orientar e controlar o processo de ensino e
aprendizagem, pois é essencial que todos os professores de
Educação física Escolar saibam que existe uma estrutura curricular
que deve ser seguida para, assim, alcançar um alvo, indicar o
caminho a seguir, indicar o que fazer e como fazer. Além disso,
poderá controlar e avaliar as aprendizagens dos alunos durante o
processo de ensino, pois os resultados esperados constituem o
melhor referencial para se comparar com os resultados
efetivamente alcançados. Dessa forma, quanto menor for a
diferença entre uns e outros, melhor será o resultado dos alunos e
a eficácia do próprio processo de ensino. Com isso, os níveis de
aprendizagem alcançados pelos alunos e a estruturação do próprio
processo de ensino precisam ser sempre avaliados em função do
nível de exigência proposto pelos objetivos previamente definidos.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Com foco nos conceitos que envolvem uma aprendizagem


significativa, no qual vislumbramos potencial para ajudar a
compreender as Dimensões do Conhecimento na Base Nacional
Comum Curricular, o conjunto dos conteúdos da Educação Física
precisam estar alinhados dentro do processo de ensino e de
aprendizagem e explicitados por intermédio de ações em três eixos
norteadores, que são: produzir, apreciar e contextualizar. Nesse
sentido, estes eixos norteadores têm como objetivo levar
expressão, construção e representação do ensino das práticas
corporais para o aluno, o verdadeiro protagonista dessa
intervenção. Com isso, a busca constante está na realização do ser
humano, destacando ao longo do processo educativo um aluno
capaz de desenvolver competências relativas por meio desses
eixos norteadores. Assim, é fundamental que o professor elabore
uma aula pensando nas expectativas de aprendizagem orgânicas e
articuladas, que poderá desencadear uma maior efetividade na
aplicação fora dos contextos escolares.
Na área da Educação Física, você precisa entender que as
Dimensões do Conhecimento representam uma nova forma de
aplicar os saberes. Por isso, são constituídos grupos de
expectativas de aprendizagem em oito campos, justamente para
organizar, favorecer, interpretar e atuar no contexto da cultura
corporal de movimento. Nesse sentido, você poderá olhar para
handebol, por exemplo, e identificar conteúdos, como as regras,
sistemas de jogos, relação com a comunidade, mídia, estético,
saúde, que permitem também o desenvolvimento de habilidades,
como analisar, diferenciar, planejar, propor, e mesmo assim,
continuam relacionadas com ensino e dimensão de interpretar ou
atuar na cultura corporal de movimento.
Assim, no processo de ensino da Educação Física os objetivos são
alcançados por meio dos resultados contemplados na
aprendizagem, ou seja, aquilo que se espera que os alunos
ganhem em consequência do processo de ensino e aprendizagem
no final de um ano, período, unidade de ensino, aula, em termos
de aquisição de conhecimentos, aperfeiçoamento, habilidades
desportivas, além do desenvolvimento de capacidades, valores,
atitudes e motivações. Dessa forma, é fundamental pensar durante
o planejamento a melhor maneira de conduzir a aula, promovendo
reflexão de ensino. Isso permite ao aluno perceber mudanças
comportamentais, intelectuais, além das mudanças significativas
no processo do ensino e aprendizagem.

PLANEJAR É PRECISO

Onde estou? Para onde vou? Nenhum bom navegador se lança ao mar sem seus mapas,
guias e equipamentos tecnológicos disponíveis, nem, claro, sem os saberes acumulados
que vão passando de geração para geração. A arte de ensinar é sim uma aventura. E
como a arte de navegar, não nos lançamos às cegas nesse oceano que é o mundo
educacional. O planejamento pode ser considerado no contexto educacional o caminho a
ser trilhado, o instrumento que prevê o caminho a ser percorrido entre o início desse
caminhar e o fim desejado. Também cabe ressaltar que o planejamento é algo presente
em diversos aspectos da vida pessoal. Pensa comigo: sua entrada no ensino superior, sua
escolha de carreira e suas projeções futuras passam por um processo de planejamento,
pela ação de planejar. É algo que já iniciou, mas também aquilo que deseja alcançar.
Esse caminho todo é, dentro do possível, planejado, idealizado, projetado, alterado,
ajustado. Esse princípio se aplica à vida profissional docente. Enquanto profissional de
Educação Física que atua na docência, o planejamento não é apenas fundamental, é
parte significativa de nossa vida educacional. No contexto educacional, existem
diversos tipos de planejamentos que são essenciais para a materialização do processo de
ensino e aprendizado, que são essenciais para a escola, para o aluno e para o professor.
Para Libâneo (1994, p. 221) “o planejamento é um meio para se programar as ações
docentes, mas também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à
avaliação” (LIBÂNEO, 1994, p. 221). Como se pode perceber, o planejamento está
relacionado a todo contexto escolar, e não somente à aula em si, à ação docente
específica de um conteúdo em determinada turma. Ele perpassa a sala de aula, porém,
sua complexidade e abrangência vai muito além dessa ação docente. No planejamento,
podemos materializar nossos saberes, nossas reflexões, nossas competências
pedagógicas e conteúdos específicos, nossa compreensão no processo educacional de
ensino e até mesmo nossas concepções de mundo, de escola e de sociedade. Devemos
nele deixar claras as ações que iremos realizar, seu princípio sempre flexível, pois o
cotidiano escolar é um mundo de imprevisibilidade e de necessidades que precisam ser
ajustadas. Outro aspecto central é o contexto educacional. Assim, caro estudante, busco
deixar claro que não existe uma escola ideal, um modelo sobre o qual aprenderá e o
encontrará reproduzido além dos livros educacionais. A compreensão deve sempre ser
no plural (escolas), pois cada contexto lhe apresentará uma escola diferente, um
universo educacional com suas especificidades, com sua história e identidade. Os
documentos norteadores da educação brasileira, como a Base Nacional Curricular
Comum e a própria Lei de Diretrizes e Bases, além dos documentos estaduais e
municipais, são essenciais para a construção das bases do planejamento educacional. No
entanto, não podemos deixar de destacar o contexto da escola e a nossa capacidade de
compreensão desse contexto, o que nos orientará diante de todo cenário necessário para
o planejamento escolar. É nessa relação com o contexto educacional que podemos
pensar para quem se planeja, e não somente o aspecto idade, etapa, ano educacional e
modalidades de ensino. Na dimensão mais ampla, abrangendo todas as etapas e
complexidade escolar, podemos encontrar os planejamentos categorizados em
Planejamento Educacional, Plano curricular, Plano de ensino e Plano de aula. Como
pode perceber, prezado estudante, há toda uma dimensão relacional que vai desde o
pensar o planejamento escolar, até chegar diretamente ao aluno, na materialidade da
aula, da ação granular que vai possibilitar a construção dos saberes e valores que estão
inerentes a todas as formas e etapas do planejamento.

EDUCAÇÃO FÍSICA E PLANEJAMENTO

Você se imagina em uma turminha de sexto ano (primeiro ano do Fundamental II) sem
ter planejado sua aula, seu bimestre/trimestre/ seu ano escolar? Justo com esses amados
que acham que viraram “gente grande” porque agora têm vários professores e
disciplinas, não têm mais a figura da “tia” e têm até um caderno de 10 matérias? Um
dos princípios fundamentais do planejamento é justamente a capacidade de prever, de
organizar e ordenar toda nossa ação docente. Com isso, você entra em sala em seu
primeiro dia de aula com uma perspectiva futura de organização e sistematização de
todo o seu ano escolar com aquela turma. Esse planejamento se faz necessário
independentemente da etapa escolar, sendo elas a Educação Infantil, o Ensino
Fundamental (I e II) e o Ensino Médio, como das modalidades de ensino, sendo a
Educação de Jovens e Adultos, a Educação Especial, a Educação Profissional e
Tecnológica, a Educação do Campo, a Educação Escolar Indígena, a Educação Escolar
Quilombola e a Educação a Distância. Menegola e Sant’Anna (2001, p. 25), ao
conceituar o planejamento educacional, nos apontam que

Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque educação não é


o processo, cujos resultados podem ser totalmente pré-definidos, determinados
ou pré-escolhidos, como se fossem produtos de correntes de uma ação
puramente mecânica e impensável. Devemos, pois, planejar a ação educativa
para o homem não impondo-lhe diretrizes que o alheiem. Permitindo, com
isso, que a educação, ajude o homem a ser criador de sua história.

(MENEGOLA; SANT’ANNA, 2001, p. 25)


Nesse sentido, trazendo o pensamento de Vasconcellos (2000), a ação de planejar é sim
uma antecipação mental de uma ação ou um conjunto de ações, mas se limita à etapa de
idealização; é também agir em função daquilo que se pensa. O planejamento voltado
para a área da educação apresenta variações.
Uma vez descrito sobre o plano educacional, falamos agora do planejamento curricular,
de ensino e de aula. O planejamento curricular busca ter uma dimensão funcional,
promovendo tanto a aprendizagem dos conteúdos disciplinares como também criar as
condições básicas necessárias para que seu aprendizado e o ensino do professor se
materializem, ou seja, busca construir e garantir as condições favoráveis à aplicação e
integração dos conhecimentos. Sacristán (1998) afirma que o currículo deve ser
compreendido em uma perspectiva processual, interpretado e construído no cruzamento
de diversos campos e influências que estão inter-relacionados, sendo eles: o contexto
exterior (as influências sociais, econômicas e culturais, as regulações políticas e
administrativas); o contexto do sistema educativo (a própria estrutura de todo o sistema
educacional); o contexto organizativo (organização escolar); o contexto psicossocial
(ambiente escolar e da sala de aula) e o contexto didático (sendo as atividades de
ensino-aprendizagem).
Passando para o plano de ensino, podemos ter como base o pensamento de Spudeit
(2014, p. 1), ao descrever que o “plano de ensino ou programa da disciplina deve conter
os dados de identificação da disciplina, ementa, objetivos, conteúdo programático,
metodologia, avaliação e bibliografia básica e complementar da disciplina”. Ele é a
introdução, a preparação dos conteúdos, sempre idealizando promover atividades que
sejam favoráveis ao aprendizado do aluno. É por meio do plano de ensino que se
sistematiza o estudo de determinado conteúdo curricular, onde o professor irá descrever
como poderá realizar tal processo.
Por último, temos a aula, o plano de aula. Devemos ter como premissa que sua
elaboração precisa considerar que o tempo de aula é algo variável, assim como as
características das turmas, dos alunos, seus campos de interesses, suas relações de
poder, suas possibilidades e necessidade. Uma avaliação diagnóstica e um olhar muito
observador é fundamental para construir uma perspectiva da turma e, assim, pensar o
planejamento da aula. Outro aspecto é que é bem pouco provável que consigamos em
uma única aula construir os saberes necessários e alcançar o desenvolvimento
educacional de uma unidade didática ou um tópico. Portanto, faz-se necessário que o
professor pense sobre o tempo de aula, os objetivos gerais da educação física, os
objetivos da aula e a sequência didático-pedagógica dos conteúdos do plano de ensino.
O plano de aula é o planejamento mais próximo da prática docente, da sala de aula, é a
concretização do projeto de ensino-aprendizagem.

PLANEJAMENTO E AÇÃO

A carreira profissional da docência é constantemente dinâmica, desafiadora, desde o seu


primeiro dia, desde o início. Os conhecimentos de natureza teórica, pedagógica e
procedimental relacionados aos aspectos educacionais e os saberes específicos sobre os
conteúdos a serem ensinados compõem uma base para a atuação profissional. Pode
acontecer que, pela insegurança presente no início da vida profissional, o docente
reproduza as práticas vividas por ele enquanto aluno da educação básica e também
práticas vividas fora do contexto escolar, como clubes e escolinhas esportivas. O
fenômeno pode até ser o mesmo, como o conteúdo de uma prática esportiva, mas agora
esta prática precisa ser inserida dentro de um contexto pedagógico, sendo planejada
desde a dimensão educacional, presente no plano curricular, inserida no plano de ensino
e concretizada em uma sequência didática nos planos de aula. Vamos refletir: quanto
durava sua aula de Educação Física? Talvez 50 minutos ou 1h40. Nós, da Educação
Física, devemos levar em consideração muitos aspectos na elaboração de um plano de
aula, por exemplo. Será que seria possível atingir um objetivo educacional em uma só
aula? Qual o contexto educacional que estou inserido? Para quem eu vou ensinar?
Como pretendo ensinar? Quais recursos terei à minha disposição? Em quanto
tempo/quantas aulas pretendo alcançar a materialização daquela dimensão curricular,
daquele conteúdo? O tempo muitas vezes é um aspecto importante para a Educação
Física. Uma aula de 1h40 com uma turma do sexto ano possui, muito provavelmente,
um tempo diferente para uma turma de nono ano. Mas, como assim, professor?
Primeiro, quando bate o sinal, os alunos estão em sala, e você precisa entrar na sala,
acolher a turma, fazer os procedimentos cotidianos, como a chamada, e deslocar-se até a
quadra/ginásio/pátio onde ocorrerá a aula planejada. Talvez ainda precise pegar os
materiais, organizá-los de maneira que cumpra aquilo que está no seu plano de aula, no
desenvolvimento das atividades que pensou para alcançar seu objetivo. Fará a
explicação aos alunos, irá dialogar sobre o fenômeno e conteúdo a ser estudado,
explicar a dinâmica da aula. Bem, assim começará o desenvolvimento das atividades, e
ainda poderá ter momentos de pausa, de descanso, de mais explicações e feedbacks, de
ajustes no plano de aula durante o próprio decorrer da aula, necessário para atender o
plano de ensino. Veja, o que pretendo mostrar é que, principalmente para a Educação
Física, uma aula de 50 minutos ou uma aula geminada de 1h40 não consiste em um
tempo real de aula. E ainda quando bater o sinal da próxima aula os alunos precisam já
estar em sala, depois de beberem água, irem ao banheiro. Portanto, de acordo com o
pequeno cenário acima descrito, ao pensar a realidade da vida docente na Educação
Física, o tempo deve sim ser um aspecto importante no processo do planejamento. E por
que esse tempo de aula seria diferente de uma turma do sexto para uma turma de nono
ano? Os sextos anos são mais agitados, cheios de energia, e demandam mais tempo para
o domínio e gestão da sala de aula. Assim, tempo, condições de materiais, estrutura
física e muitos outros aspectos que são específicos e distintos de uma escola para outra
são aspectos importantes para toda a dimensão do planejamento.

VÍDEO RESUMO

Olá, tudo bem? Você é uma pessoa organizada? Costuma planejar ações que sejam um
pouco mais complexas, como uma viagem? Ou você é do tipo “deixa a vida me levar”?
Quando falamos da função e atuação docente, a dimensão do planejamento é algo
fundamental. É uma função docente que permeia sua identidade enquanto professor, que
ajuda a pensar a escola e os objetivos escolares educacionais e, claro, o ensino da
Educação Física em cada etapa e modalidade de ensino, sempre levando em
consideração o contexto específico. O planejamento é o guia traçado e idealizado que
precisa ser colocado em prática, precisa ganhar vida para construir a escola que
queremos, a Educação Física que queremos.

Saiba mais
Há muitos olhares e compreensões sobre os aspectos conceituais e procedimentais sobre
o planejamento na vida docente. Mas um aspecto é sempre presente é o reconhecimento
da necessidade e importância do planejamento para a atuação docente. Essa é uma
premissa inquestionável. Uma verdade imprescindível para a construção de um processo
educativo de qualidade. No artigo abaixo você poderá conhecer um pouco mais sobre a
temática. Boa leitura!
THOMAZI, A. R. G.; ASINELLI, T. M. T. Prática docente: considerações sobre o
planejamento das atividades pedagógicas. Educar, Curitiba, n. 35, p. 181-195, 2009.
A relação teoria-prática é um dos grandes desafios na formação docente. Algo que se
deve sempre trazer para o debate na formação da docência. Na Educação Física, esse
debate é ainda mais presente e precisamos construir uma bagagem teórica para
compreendê-lo. Leia e analise criticamente o artigo abaixo:
SCARINCI, A. L.; PACCA, J. L. A. O planejamento do ensino em um programa de
desenvolvimento profissional docente. Educação em Revista. Belo Horizonte, v.31,
n.02, p. 253-279. Abril-Junho 2015.
Aula 2
EIXO NORTEADOR: O PLANEJAMENTO
O professor talvez seja aquele profissional que mais orienta sua
vida com a ação do planejar. O Projeto Político Pedagógico (PPP)
de uma escola é o documento norteador da vida escolar e, a partir
dele, do fazer cotidiano da escola.
23 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante!
Vamos seguir nossa caminhada? Você se planejou para esse nosso momento de estudo?
Em muitas ações e momentos da vida, as pessoas planejam. Mas talvez o professor seja
aquele profissional que mais orienta sua vida com a ação do planejar. O Projeto Político
Pedagógico (PPP) de uma escola é o documento norteador da vida escolar e, a partir
dele, do fazer cotidiano da escola. É a partir dele que as ações, projetos e disciplinas
irão sistematizar suas ações. As tecnologias estão cada vez mais presentes na escola. E
você já pensou em como a Educação Física é influenciada por esse movimento e como
o docente precisar dominar tais recursos e inseri-los em seus planejamentos? As
mudanças e desafios são constantes.
Vamos começar?

O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Olá, tudo bem? Você sabia que todas as escolas em que você já estudou possuem um
PPP? Isso mesmo, um Projeto Político Pedagógico. Nesse documento, estão expressas
as diretrizes que organizam e operacionalizam as práticas administrativas e pedagógicas
de uma escola, tendo como referência as normas e diretrizes do sistema educacional. O
PPP é como o documento norteador de todo o trabalho escolar. Mas, o que seria
PROJETO? Por que essa categoria é fundamental para nosso entendimento? Para
Gadotti (1994), um projeto materializa rupturas com o presente e promessas que se
orientam para um futuro. É uma ação, de projetar, que deve significar se lançar, se
arriscar, superando o que é confortável, o estabelecido. Para esse autor, no campo do
ensino, um “projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas
rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possível, comprometendo
seus atores e autores” (GADOTTI, 1994, p. 579).
A dimensão POLÍTICA está assegurada no compromisso com a formação cidadã para
atuação na sociedade e com o compromisso com a escola pública de qualidade. Então,
temos a dimensão PEDAGÓGICA, que vai sistematizar e organizar um projeto
educativo visando ao processo de ensino e aprendizado, assegurando a qualidade e a
formação da cidadania.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) n.º 9.394/96 destaca a
importância e a necessidade de a escola elaborar, de modo coletivo e democrático, seu
PPP. No entanto, a ação da escola não se encerra no processo de elaboração. Essa é a
complexidade de um PPP, pois, enquanto projeto, a escola deve buscar as condições
necessárias para executar e avaliar, constantemente, seu PPP.
Enquanto componente curricular legalmente presente na escola e garantida pela Lei de
Diretrizes e Bases Nacionais, a Educação Física também é responsável pela elaboração
do PPP escolar, devendo estar presente em todas as etapas, de elaboração, execução e
avaliação. Como um dos componentes curriculares pertencentes ao mundo da escola
como docente da Educação Física escolar, devemos ter responsabilidade e
comprometimento em fazer cumprir o PPP e o seu papel dentro desse grande projeto
escolar.
O planejamento na Educação Física é fundamental para que ela não se torne um
componente curricular isolado. Esse isolamento pode ocorrer em relação aos outros
componentes curriculares e, de modo especial, aos preceitos contidos e materializados
no PPP. Vamos pensar? Como uma ação de ensino fragmentada, tecnicista e seletiva do
conteúdo esporte pode contribuir para a formação da cidadania, sendo essa uma das
diretrizes contidas no PPP da escola? Percebe, caro estudante, que o PPP legitima a
participação e presença da Educação Física na escola e seu docente precisa participar
ativamente de modo político e pedagógico para nortear e elaborar as ações no contexto
escolar.
Nessa ação de PROJETAR pensar o futuro é sempre essencial. E hoje, quando falamos
de uma ação pedagógica que rompe com o estabelecido, as Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) afetam e transformam a vida escolar. É o futuro de outrora que hoje
se presentifica fortemente na escola. As TIC possuem forte valor educativo e também se
colocam como um novo desafio na área educacional. Elas colaboram com a intervenção
docente, buscam a melhoria da qualidade da educação, estimulam novos desafios, novos
conhecimentos e novas práticas docentes. Assim, nesse contexto, os professores de
Educação Física também precisam apropriar-se dessas novas abordagens educacionais,
dos novos recursos das TIC que já estão cada vez mais presentes na realidade escolar
para elaborarem seus planejamentos escolares.

PLANEJAR É PRECISO

Um dos grandes desafios na elaboração de um PPP é a sua vinculação com as políticas


nacionais, as diretrizes estaduais e as políticas municipais de educação e, claro,
considerando o contexto e a realidade escolar. Temos também que considerar a sua
construção como um espaço democrático e participativo. São esses princípios que
possibilitam a criação de uma PPP em um espaço coletivo, que nele seja retratado o que
a escola é hoje e o que aquela deseja ser, seus caminhos e suas funções sociais no
contexto mais amplo e no contexto imediato em que ela está inserida.
Por mais que modelos e perspectivas de produção de um PPP sejam válidos (e
necessários), cada PPP será único, pois irá refletir a realidade e os desejos daquela
comunidade escolar. Para a construção de um PPP, podemos nos basear nos
apontamentos de Veiga (1998), quando afirma que não há uma fórmula exata, e muitos
caminhos são possíveis de serem trilhados. De acordo com a autora, existem três
movimentos que são fundamentais e que se articulam no processo de criação do Projeto
Político Pedagógico, sendo eles: o ato situacional; o ato conceitual e o ato operacional.
No ato situacional, deve-se identificar: que escola é essa? Devemos nos debruçar a
analisar os problemas escolares e da nossa disciplina Educação Física, identificar quais
necessidades imediatas, os avanços desejados e a realidade contextual, como os
aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos que interferem nas práticas
educativas escolares.
No ato conceitual, deve-se materializar as decisões e orientações de concepções teórico-
metodológicas da escola – qual sua concepção de ensino? Qual abordagem será
norteadora dos trabalhos pedagógicos docentes? Ou seja, é uma opção teórico-
metodológica da escola.
Por fim, no ato operacional materializam-se as diversas propostas e linhas de ação, de
enfrentamentos da realidade e a organização pedagógica da escola. É o lugar da ação! E,
como professores de Educação Física, podemos contribuir tanto de modo coletivo no
planejamento de ações inter e transdisciplinares como também criar ações de natureza
de conteúdos da área, como jogos interclasse, olimpíadas escolares, atividades e
projetos culturais/esportivos que envolvam a integração escola-comunidade. São
diversas as possibilidades de materialização no PPP de ações que buscam valorizar as
práticas corporais como saberes específicos da Educação Física escolar.
Nesse sentido, tanto cumprimos nosso papel enquanto docente como um todo, na
participação coletiva no PPP, como também podemos (e devemos) contribuir com ações
voltadas para as especificidades dos conteúdos da Educação Física escolar. Para que
isso ocorra, o professor de Educação Física precisa lançar mão de seus princípios
pedagógicos, seja da formação docente de um modo geral, seja como de docente da
Educação Física, nossa identidade única e principal.
É uma ação de saberes e princípios pedagógicos que orientam a Proposta Pedagógica
Curricular da Educação Física escolar, que organiza o conteúdo e sistematiza o ensino e
a aprendizagem em sala de aula.
As TIC, tão presentes nas teorias e debates educacionais, estão cada vez mais presentes
na escola. Na disciplina de Educação Física, as TIC podem ser um importante recurso
pedagógico e mediador do processo educacional, como a preparação e o
desenvolvimento das ações pedagógicas. De acordo com cada realidade, o professor de
Educação Física pode avaliar e viabilizar diferentes recursos das TIC. Para Feres Neto
(2003), a utilização de diferentes mídias nas aulas de Educação Física pode contribuir
para a construção da inteligência coletiva e produção de novas subjetividades – essa é
uma realidade que deve sim ser enfrentada. Não é uma “diminuição” do trabalho
docente, mas um avanço diante de uma nova realidade escolar e constantemente
desafiadora e dinâmica. Para Hoefling e Oliveira (2015), é função dos educadores, da
escola e da Educação Física dar base para que os alunos façam boas escolhas em suas
mídias, sempre com a orientação do professor, que procura atuar como um mediador.
Assim, nós, docentes, temos sim que entender as TIC como conteúdo e metodologia de
extrema relevância no currículo escolar.

AS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA


Toda a base conceitual e pedagógica que sua formação inicial no mundo da
universidade pode lhe oferecer constitui a base da sua intervenção e prática docente. A
ação de planejar, dentro desse contexto da Educação Física escolar é ainda mais
fundamental. Já parou para pensar no “simples” conceito de sala de aula? Qual é nossa
sala de aula? Quando pensamos em sala de aula, pensamos naquele espaço de cerca de 8
m a 10 m de comprimento e largura. Já parou para pensar que uma sala de aula
tradicional pode ser menos do que um lado da quadra de vôlei? Isso mesmo! Aquela
sala de aula em que você entra para “salvar” os alunos pode caber em um lado da
quadra de vôlei. Principalmente quando falamos do planejamento da Educação Física
Escolar, já temos agora como base todo um plano docente constituído a partir do Projeto
Político Pedagógico da escola. Como destaca Darido (2012), os princípios de ensino da
Educação Física podem ser:

a. ponto de partida para conhecer os alunos: o que sabem, sentem e vivenciaram


sobre as práticas corporais. É uma maneira de considerar os saberes dos alunos e
colocá-los de modo ativo na aula, tornando-os participativos;
b. inclusão: todos devem vivenciar e participar, e devemos ter um cuidado com a
autoexclusão;
c. contextualização: as tarefas e ações dos alunos precisam ter significado, tanto
os conhecimentos como as explicações;
d. participação ativa dos alunos: estratégias como roda, alteração das regras e
atividades das aulas; integração da Educação Física: nossa disciplina deve estar
integrada ao projeto político pedagógico da escola; à família e à comunidade;
e. diversificação das aulas: utilizar diversos espaços, materiais formais e
alternativos, e atividades diferenciadas;
f. coeducação: a aula é um espaço de compartilhamento de experiências e valores,
como entre meninos e meninas;
g. as regras: criação de acordos pedagógicos no decorrer do processo ensino-
aprendizagem, visando, principalmente, a indisciplina dos alunos.

Batista e Moura (2019) também apontam a utilização de recursos tecnológicos como


um importante princípio metodológico para o planejamento e atuação na educação física
escolar. De acordo com os autores, o uso das tecnologias pode ocorrer de duas
diferentes maneiras. A primeira seria sua utilização como uma estratégia de auxílio no
debate/ensino sobre um determinado tema/conteúdo, como vídeos, imagens, pesquisas,
enfim, há diferentes recursos que podem apoiar a ação pedagógica docente e colocar o
aluno de modo mais participativo no processo guiado pelo professor.
A segunda possibilidade é o uso e debate sobre as próprias tecnologias, visando
desenvolver a consciência e criticidade dos alunos. Por exemplo, como a mídia
televisiva influencia na concepção de corpo e saúde dos jovens? Como isso pode
impactar nas questões psicológicas e biológicas dos adolescentes que buscam um
padrão “midiático” de corpo? São muitas as possibilidades das TIC, e o importante é o
domínio e o seu uso no planejamento educacional nas aulas de Educação Física.

VÍDEO RESUMO

Olá, tudo bem? Já ouviu falar de PPP? PPP significa Projeto Político Pedagógico.
Significa que tudo dentro de uma escola é planejado, e não apenas na Educação Física.
Significa que seu planejamento, suas ações curriculares no contexto formal do
componente curricular Educação Física e as demais ações, como olimpíadas esportivas
ou um torneio interclasse, precisam atender um propósito escolar que é pensado de
modo coletivo e democrático. Um Projeto Político Pedagógico é um retrato da realidade
e uma projeção de futuro. Onde estamos e para onde queremos ir.

Saiba mais

O artigo abaixo apresenta um “estado da arte” da temática planejamento na Educação


Física escolar. Você poderá compreender diferentes concepções e processos disponíveis
na literatura:
NUNES, L. O. et al. Planejamento de ensino e Educação Física: uma revisão de
literatura em periódicos nacionais. Motrivivência, Florianópolis/SC, v. 29, n. 52, p.
280-294, setembro/2017.
As tecnologias educacionais estão cada vez mais presentes na realidade escolar. No
texto abaixo você poderá aprender um pouco mais sobre a temática e visualizar sua
utilização em dois conteúdos escolares. Vamos nessa!
FARIAS, A. N.; IMPOLCETTO, F. M. SCARINCI, A. L.; PACCA, J. L. A. Utilização
das TIC nas aulas de Educação Física escolar em unidades didáticas de atletismo e
dança. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. 43: e 004220, 2021.
Aula 3
OBJETIVOS, MÉTODOS, RECURSOS
No mundo da escola e do processo pedagógico nos questionamos:
O que ensinar? Para que ensinar? E como ensinar refletem
conteúdos, objetivos e estratégias que orientam o processo de
ensino-aprendizado. Estudar tudo que envolve estas questões é
sempre mergulhar na essência do ensino escolar.
24 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, tudo bem? Você já deve ter percebido como gostamos de recorrer a algumas
perguntinhas para fazer com que compreendam alguns elementos do planejamento, não
é verdade? Mas essas perguntinhas não são simples estratégias, elas realmente ajudam a
demonstrar a simplicidade e, ao mesmo tempo, a complexidade da vida escolar. Penso
que as perguntas simples são as mais difíceis de serem respondidas: Você me ama?
Quer casar comigo? Elas só possibilitam dois caminhos. Parecem simples, não é
mesmo!? No mundo da escola e do processo pedagógico as perguntas: O que ensinar?
Para que ensinar? E como ensinar refletem conteúdos, objetivos e estratégias que
orientam o processo de ensino-aprendizado. Estudar tudo que as envolve é sempre
mergulhar na essência do ensino escolar.
Vamos nessa?

DIMENSÃO HISTÓRICA E SOCIAL DOS CONTEÚDOS


Quando olhamos para a história da Educação Física, identificamos, em cada período
histórico, contexto e papel social e educacional, conteúdos, objetivos e estratégias de
ensino distintas. Cada período histórico revela lutas históricas e manifestações sociais e
culturais que se materializam nas especificidades da Educação Física. Quando tratamos
especificamente dos conteúdos, desde o final do século XIX, com a inserção dessa
disciplina na escola, houve diversas mudanças e ampliações significativas.
No final do século XIX e início do século XX, temos como conteúdo hegemônico na
Educação Física a ginástica a partir dos modelos europeus, como a ginástica francesa,
alemã e sueca, juntamente com algumas práticas esportivas vinculadas à elite social,
como o remo, a canoagem, a natação, o pugilismo. Com o avanço do esporte como
dimensão social e sua inserção nas camadas populares, passaram também a fazer parte,
como exemplo, o futebol e outras práticas que emanavam nos clubes sociais, como o
voleibol, o basquete e o futsal.
Já na segunda metade do século XX, no período denominado Educação Física
Militarista, o esporte se tornou o conteúdo predominante na Educação Física escolar. A
partir da promulgação da LDEM de 1996, e as consequentes propostas de organização e
sistematização dos saberes escolares com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),
a Educação Física passa a considerar uma série de debates e pensamentos pedagógicos e
científicos que ampliam sua visada competitivista, esportivista e tradicional no modelo
de ensino. Ou seja, seus conteúdos, seus objetivos e estratégias de ensinos são
repensados. A partir dos PCNs, independentemente das orientações e propostas
pedagógicas, houve um consenso de que a Educação Física na escola vai muito além do
ensino do esporte. Sem deixar de considerar, claramente, o papel importante que o
esporte possui para a Educação Física escolar. Assim, os jogos e as brincadeiras, as
danças, a ginásticas, as lutas, a saúde e o esporte passaram a ser consideradas as
manifestações da cultura corporal hegemônicas nos currículos norteadores das políticas
públicas educacionais. Trazendo uma significativa reflexão para nossa formação,
Darido e Souza Jr. (2010, p. 14) afirmam que

educação física deve ser entendida como uma disciplina curricular que
introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o cidadão que vai
produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir
jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico da
cidadania e da melhora da qualidade de vida.

(DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2010, p. 14)


Para a BNCC (BRASIL, 2018, p. 213), documento que normatiza os conteúdos
escolares, a educação física é considerada um componente curricular que tematiza “as
práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social,
entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas
por diversos grupos sociais no decorrer da história”. A partir desse olhar, podemos
compreender que o movimento humano está inserido no âmbito da cultura, não devendo
ser compreendido apenas em sua dimensão biológica e motora, mas em sua totalidade,
em sua capacidade de produzir e ser produto de cultura.
Portanto, caro aluno, quando pensamos nos conteúdos e objetivos da Educação Física
escolar, enquanto um componente curricular, devemos sempre levar em consideração os
documentos norteadores presentes nas políticas educacionais. Assim, a pergunta O QUE
ensinar, deve remeter às fontes e documentos oficiais, assim como os objetivos
educacionais da Educação Física no contexto da educação básica. Já as estratégias de
ensino são mais específicas, dependendo da realidade escolar, dos recursos disponíveis
e, claro, dos objetivos a serem alcançados.

DOCUMENTOS NORTEADORES

Olá, estudante! Vamos para as dimensões básicas dos conteúdos escolares? Ou seja, o
que você, como docente do componente curricular Educação Física, deve ensinar?
Segundo a BNCC (2017), as práticas corporais devem ser tematizadas em seis unidades
temáticas, sendo elas: Brincadeiras e jogos; Esportes; Ginásticas; Danças; Lutas e
Práticas Corporais de Aventura.
As brincadeiras e jogos devem considerar os aspectos locais, culturais e globais. Há
distintas manifestações das práticas corporais, brincadeiras e jogos que compõem a
cultura motora da infância e da juventude. Um aspecto relevante a ser destacado em
relação ao jogo é sua capacidade dualista, ou seja, tanto é um conteúdo escolar como,
também, uma das principais estratégias de ensino da Educação Física.
Enquanto meio/estratégia, o jogo não possui uma finalidade em si mesma, mas uma
estratégia para alcançar algum outro objetivo relacionado a um conteúdo escolar, como
o ensino de um esporte e/ou fundamento técnico-tático específico, como forma de
aquecimento ou integração lúdica.
O componente Esportes é, sem dúvida, o mais conhecido e com presença forte na área.
Um destaque que podemos colocar é que já não se pensa, apenas, no ensino dos esportes
tradicionais, como o futebol/futsal, o basquete, o voleibol, o handebol e o atletismo (ou
ainda aquele de maior interesse ou afinidade docente). Cada vez mais esportes ainda não
muito presentes no tecido cultural, como o futebol americano, o beisebol, o rúgbi, o
tênis, estão se fazendo presentes nos conteúdos da Educação Física, cumprindo seu
papel de ampliação dos saberes escolares e formação cultural.
A Ginásticas, na BNCC, estão subdivididas em ginástica geral, ginásticas de
condicionamento físico e ginásticas de conscientização corporal. Como um dos mais
relevantes conteúdos da Educação Física escolar, seu ensino garante o acesso aos
modelos clássicos, como a ginástica alemã e francesa, assim como o pilates e práticas
ligadas a culturas específicas (ocidentais e orientais).
Na unidade temática Danças, devemos inserir o conjunto das práticas corporais
caracterizadas por movimentos rítmicos, organizados em passos e evoluções
específicas, assim como coreografias. Sabe dançar? Será que só ensinamos o que temos
afinidade? Veja a importância dos documentos norteadores, pois garante o acesso as
manifestações das práticas corporais culturalmente instituídas. E a dança é uma das
mais belas expressões do corpo, do movimento e da cultura. Então, prepare-se...
Assim como a Dança, a unidade temática Lutas é um conteúdo que possui muitas
barreiras para sua implementação, seja na formação docente, seja na dimensão dos
valores sociais. As lutas, assim como o atletismo, são as práticas esportivas mais antigas
registradas e de grande relevância para a Educação Física. Lutas brasileiras, lutas
indígenas, as artes marciais são grande oportunidade de vivência e apreensão de traços
culturais e de identidades de povos e culturas específicas.
Por fim, o mais novo tema presente na área: as práticas corporais de aventura. Nessa
prática, as dimensões do risco e da vertigem são fundamentais para sua definição e
vivência. Como conteúdo novo presente no campo escolar ainda encara muito desafios,
mas que precisam ser superados para a garantia dos saberes e práticas motoras que
envolvem o parkur, a mountain bike, a escalada, o skate, e demais práticas corporais,
seja no ambiente urbano ou na natureza.
Ao olharmos o conjunto de saberes/conteúdos instituídos, agora pensamos, PARA QUE
ensinar? Qual o objetivo da Educação Física? Cada um desses conteúdos deve ser
materializado a partir da dimensão pedagógica cotidiana do professor, a partir de sua
organização dos conteúdos a serem ensinados. Os objetivos estão diretamente
relacionados ao que o docente pretende atingir com seus alunos em cada aula e/ou
conjunto de aulas.
O ensino da Educação Física deve buscar, sempre, alcançar os objetivos e os resultados
previamente determinados e sua formulação é fundamental no processo de
planejamento. Estabelecer os objetivos de ensino é uma tarefa coletiva, e não algo
isolado na ação docente, pois suas decisões envolvem diversas determinações, como as
necessidades sociais, que nos apontam o que precisa ser assimilado pelo estudante
buscando sua formação cidadã e a herança cultural, os saberes que estão presentes na
sociedade e que são relevantes para nosso componente curricular e para a formação dos
alunos.

RELAÇÃO DIDÁTICA

A sua ação pedagógica e docente será orientada pela busca de alcançar determinados
objetivos. Essa ação é intencional, planejada e sistemática e, nela, se expressam os
objetivos educacionais, que orientam o estabelecimento dos conteúdos, do grau de
profundidade das atividades a serem desenvolvidas, das estratégias de ensino, dos
recursos didáticos e materiais, e até mesmo dos processos avaliativos, sempre de modo
coerente na perspectiva didática da educação. Estão diretamente relacionados à área
cognitiva (o conhecimento/saber), a dimensão motora/física (habilidade/saber fazer) e a
dimensão atitudinal (valores, aspectos emocionais, afetivos/ saber ser, estar).
Os objetivos podem ser divididos em gerais e específicos. Os objetivos gerais podem ser
compreendidos como a busca por condutas mais gerais e globais que se espera do
estudante em termos do saber, em termos mais amplos, globais ou gerais. Nesse sentido,
também podem ser denominados de mediatos, porque a visão é a longo prazo, a partir
de uma série de ações didáticas, pois visam o que se espera que seja apreendido pelo
aluno ao final de um processo de planejamento, seja de um conteúdo, de uma unidade
temática. De modo bem prático, caro estudante, um objetivo geral não é aquele que se
alcança em uma aula, ou em uma sessão de algumas aulas. Ele é mais amplo e norteador
para a definição dos objetivos específicos.
Os objetivos específicos possuem uma dimensão de alcance e materialidade mais
imediata. Eles são utilizados para uma aula ou um conjunto de aulas, sendo pontuais e
relacionados aos conteúdos e saberes a serem trabalhados por aula. O que eu espero que
os alunos sejam capazes de realizar, de saber após uma aula, ou ao final de uma unidade
de conteúdo? Por exemplo: estamos trabalhando com a unidade temática esporte,
especificamente com esportes de rede e, dentro dessa classificação, o voleibol. Você irá
ensinar o saque por baixo para seus alunos do sétimo ano do ensino fundamental. Qual
objetivo específico você pode determinar? Pode levar em consideração a
realização/execução do gesto motor do saque por baixo e/ou até mesmo a compreensão
e execução motora e biomecânica de uma parte desse movimento que será ensinada em
uma aula, como a posição inicial para o saque por baixo e a compreensão do movimento
de transferência de peso do corpo que está na perna de trás para a perna da frente, do
modo coordenado na realização do saque. Como formular um objetivo específico para
essa especificidade de ensino que você deseja que seu aluno alcance?
E, para realizar esse ensino, posso lançar mão de diferentes estratégias de ensino. O
ensinar e o aprender envolve estratégias, e nós, da Educação Física, possuímos e vamos
construindo ao longo de nossa vida docente um conjunto de estratégias pedagógicas,
que vão se configurando nos recursos disponíveis para alcançar os objetivos. Logo, a
estratégia significa a ação da aprendizagem tomando vida. Ensino com pesquisa, aulas
práticas, seminários, estudos de meio, oficinas, estudos de caso, dramatização, rotações
por estação, aulas expositivas, mapa conceitual, portifólio, estudo dirigido, utilização
das Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à educação, portanto há uma
infinidade de estratégias de ensino-aprendizado que podem ser utilizadas pelo professor.
Cabe ressaltar que as estratégias estão relacionadas também às nossos opções
metodológicas e de abordagens de ensino. Ao longo de sua vida profissional, poderá
escolher aquelas que estão à disposição do docente, avaliar quais estratégias são mais
funcionais e possibilitam um alcance maior dos objetivos. Assim, conteúdos, objetivos e
estratégias de ensino fazem parte de uma mesma dimensão didática que devem estar
relacionadas no contexto educacional de modo coerente, levando em consideração a
realidade e contexto escolar.

VÍDEO RESUMO

Olá, tudo bem? Os conteúdo da Educação Física possuem uma determinação a partir das
políticas educacionais. Portanto, o que você vai ensinar está relacionado a uma
dimensão de projeto educacional relacionado à educação básica brasileira. Para a
implementação desses saberes, você irá estabelecer objetivos educacionais, sendo eles
os gerais, de modo mais amplo e abrangente, e os específicos, relacionados às unidades
de conteúdos das aulas propriamente ditas. As estratégias são um conjunto de recursos e
possibilidade didáticas para viabilizar o trabalho docente, orientar a ação em busca dos
objetivos. Como pode perceber, tudo está diretamente relacionado.

Saiba mais

O artigo abaixo apresenta um panorama da realidade sobre os conteúdos utilizados na


Educação Física, possibilitando reflexões sobre a sua própria vida escolar e também
sobre o panorama que lhe aguarda na vida profissional.
BAGNARA, I. C. A seleção de conteúdos na Educação Física Escolar. FIEP
BULLETIN, v. 83, Special Edition,, 2013.
Durante a Pandemia do Covid-21, os objetivos e conhecimentos da Educação Física
permaneceram os mesmos. No entanto, vimos mudanças significativas nas estratégias
de ensino. Muitas mudanças foram necessárias. Uma nova realidade estava a nossa
frente. Nesse texto abaixo você irá poder compreender um pouco dos processos e
estratégias utilizadas.
MENOT, J. C. C.; SILVA, G. M. S.; FRANCIOSI, A. P. Estratégias para o ensino da
educação física durante a pandemia: experiências nas redes privada e pública. 10º
CONPEF - Congresso Norte Paranaense de Educação Física Escolar – CONPEF. 43: e
004220, 2021.
Aula 4
PLANEJAMENTO NO COTIDIANO ESCOLAR
A dimensão interdisciplinar deve estar inserida em nossos planos
de aula, o que realmente é um desafio. Dar conta de um objetivo,
de um conteúdo, da gestão do tempo de aula e muitos outros fatores
que interferem de modo específico nas aulas de Educação Física.
24 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, tudo bem? Como já deve ter percebido, ao longo de sua formação foram
apresentados conteúdos e saberes específicos da Educação Física e saberes que, mesmo
em nossa especificidade, apresentam relações com outras áreas, como a biologia, a
fisiologia, a física, por exemplo. Essas dimensões e relações com outras áreas de
conhecimento estão na própria essência constitutiva da Educação Física, o que nos
possibilita um potencial interdisciplinar especial. Essa dimensão interdisciplinar deve
estar inserida em nossos planos de aula, o que realmente é um desafio. Dar conta de um
objetivo, de um conteúdo, da gestão do tempo de aula e muitos outros fatores que
interferem de modo específico nas aulas de Educação Física e, claro, são distintos de
uma realidade escolar para outra.
Então, vamos debater esses temas e assuntos?

INTERDISCIPLINARIDADE E EDUCAÇÃO FÍSICA

A dimensão interdisciplinar não é mais uma dimensão utópica na educação e nem na


Educação Física. Atualmente, os próprios documentos legais norteadores das políticas
educacionais preveem a dimensão interdisciplinar como algo presente no cotidiano
escolar, como a Base Nacional Comum Curricular. A partir dos anos de 1980, com a
efetivação de outras leituras de teorias educacionais e a consequente abertura do
pensamento pedagógico para além da dimensão tradicional, fragmentada e isolada dos
saberes, a interdisciplinaridade se tornou presente nos debates teóricos e metodológicos
da educação.
A interdisciplinaridade está presente no contexto educacional escolar como uma forma
de integrar saberes e componentes curriculares distintos, pressupondo o diálogo entre
saberes e docentes, como forma de valorização do processo educacional do papel da
escola na sociedade. É um caminho para mostrar e construir, junto com os alunos, a
complexidade dos saberes, que não possuem uma única raiz e finalidade, não são
estanques, mas possuem fronteiras, diálogos com outras matrizes disciplinares de
conhecimento.
De acordo com Fazenda (1993, p. 41) a “interdisciplinaridade é proposta de apoio aos
movimentos da ciência e da pesquisa. É possibilidade de eliminação do hiato existente
entre a
atividade profissional e a formação escolar”. Nesse sentido, caro estudante, a
interdisciplinaridade busca construir um olhar mais amplo, superando as barreiras entre
os componentes curriculares, potencializando a construção de ações e projetos escolares
realizados pelos professores de modo conjunto, interligando e estabelecendo diálogos
entre os saberes para uma melhor compreensão, análise e crítica dos fenômenos sociais
que se materializam na escola.
Como podemos compreender, enquanto princípio fundante, a interdisciplinaridade
busca articular, integrar, fazer interagir os diferentes componentes curriculares presentes
nos projetos educacionais. Um dos principais meios de materialização da
interdisciplinaridade é justamente no instrumento norteador do nosso cotidiano escolar,
nosso plano de aula. Em termos estruturais, podemos encontrar diversos modelos e
orientações para a construção de nosso plano de aula, que se baseia, consequentemente,
no plano de ensino.
Vamos fazer uma reflexão? Ao iniciar uma disciplina em sua graduação, você recebe
um plano de ensino da referida disciplina que irá estudar, das disciplinas presentes no
semestre. Nesse documento está descrita a identificação da disciplina, a carga horária,
os objetivos (gerais e específicos), o conteúdo programático, os processos/instrumentos
avaliativos e a bibliografia recomendada para o cumprimento daquela etapa de sua
formação.
Esse plano de ensino é o documento do trabalho docente que irá nortear o cotidiano de
suas ações, sendo concretizado partir do plano de aula, onde o conteúdo ou conjunto de
conteúdos serão desenvolvidos em sessões de aula(s), com objetivos próprios, com
procedimentos metodológicos e avaliativos. Assim, o plano de aula não é uma sessão
isolada de trabalho docente, não é uma parte desconectada. Pelo contrário, o plano de
aula é uma dimensão processual da concretização do que está previsto no plano de
ensino, como forma de alcançar uma parte daqueles conteúdos e objetivos previamente
definidos.
Você consegue perceber, caro estudante, da importância da dimensão planejamento?
Um plano de aula é a última e, talvez, mais importante etapa de todo essa rede
interligada de ações docente no cotidiano de seu trabalho escolar. Nele estão presentes
elementos como a gestão do tempo de aula, os materiais previstos, o espaço/local onde
serão desenvolvidas as atividades. É a ação de planejar o elemento mais prático e
cotidiano da escola, a nossa esperada e desejada aula de Educação Física.

TEMPO, ESPAÇO E COTIDIANO ESCOLAR

Olá estudante, Ccomo você estrutura e organiza seu tempo? Seu tempo de estudo? Seu
tempo de lazer? De trabalho? De família? Para começarmos esse debate, tente buscar
em sua memória como eram constituídos os espaços escolares que vivenciou e
conheceu. Mesmo com muitas mudanças nas políticas e diretrizes educacionais, os
espaços escolares pouco sofreram alterações, pois muitas de nossas escolas ainda
apresentam e mantêm as suas estruturas físicas tradicionais. As salas de aulas, pátio,
refeitório, secretaria, biblioteca, corredores, banheiros, laboratório, sala dos professores,
a diretoria, são algumas das dimensões espaciais que estruturam e organizam o
cotidiano escolar. Importante destacar que o espaço escolar e o tempo são elementos
estruturantes do cotidiano escolar. Uma atividade prevista em um plano de aula para
acontecer em 10 minutos está inserida em um contexto de uma aula de 50 minutos, ou
uma aula geminada de 1h40 minutos. Por fim, essa aula está inserida em um plano de
ensino que determina a organização e sequência pedagógica dos conteúdos e do
processo de aprendizado previamente planejado. E em que local essa aula irá ocorrer,
quais materiais teremos à nossa disposição? Como pode perceber, as categorias espaço e
tempo não são mero elementos que inserimos no plano de aula de acordo com a
estrutura escolar. As categorias espaço e tempo são estruturantes do próprio cotidiano
escolar da Educação Física.
Um aspecto fundamental a ser apreendido sobre o tempo e o espaço escolar é que eles
também educam, são dimensões que orientam o cotidiano de modo formativo, na
própria compreensão da rotina escolar, do respeito aos espaços e tempos escolares.
Aprender a respeitar os espaços e tempos escolares é fundamental. E nós, da Educação
Física, não rompemos como esses tempos e espaços escolares por possuirmos espaços
distintos, como a quadra. A quadra esportiva, o ginásio, o pátio, são as nossas salas de
aulas. Nosso tempo de aula, na dimensão estrutural, é o mesmo das demais disciplinas
escolares. No entanto, como você deve lembrar de seu cotidiano escolar, a maneira de
vivermos nosso tempo e espaços escolares é distinto.
Muitos alunos pensam que a aula de Educação Física é um “mar de liberdade”. No
entanto, há contrato na forma de saírem da sala regular e irem para os espaços
esportivos. O respeito às demais turmas e aos docentes é justamente o respeito ao tempo
e ao espaço escolar. Se não houver a construção coletiva desse processo educativo
envolvendo tempo-espaço, haverá uma intromissão no tempo e espaço do outro,
interferindo no desenvolvimento e cotidiano escolar.
Essa dimensão tempo e espaço constitui a cultura escolar, e muitas vezes o trabalho
interdisciplinar, os projetos e ações podem configurar não somente uma ruptura com
esse tempo e espaço formal, mas a construção de uma cultura escolar onde o aluno, pais
e toda a comunidade escolar compreendam e reconheçam a forma de organização e
sistematização integrada, que busca a construção de pontes interdisciplinares na
dinâmica dos tempos e espaços escolares.

A AULA COMO SIGNIFICAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

A educação física, justamente pela potencialidade que emana de sua construção a partir
de outras áreas de saberes, como a física, a fisiologia, a biologia, a sociologia, a história,
a administração, a anatomia, por exemplo, possui uma real possibilidade interdisciplinar
a ser construída no cotidiano escolar. Só para demostrar o quanto isso é significativo e
presente no imaginário escolar, você será, com certeza, o médico escolar. Isso mesmo,
qualquer incidente (quase diário) que venha a acontecer na escolar, chama o prof. de
Educação Física. Trombadas, quedas, crises de ansiedade...isso reflete o modo como,
em parte, somos representados na escola. Já parou para pensar o porquê de não chamar
o docente de biologia? Também quando é necessária a organização de eventos
escolares, como festas juninas, eventos expositivos, eventos integradores escola-
comunidade também somos lembrados. E, sem falar, é claro, dos eventos específicos da
nossa área, como os jogos interclasses, as olimpíadas escolares, enfim... Veja quanto
momentos que causam certa ruptura com tempo e espaço escolar, e que dão significado
à cultura escolar. Sua escola tinha eventos dessa natureza, eventos esses que
apresentavam uma lógica e dinâmica distinta da rotina escolar formal, e que
principalmente apresentavam a vivência do tempo e do espaço escola de modo distinto?
Consegue perceber como as categorias tempo e espaço são importantes.
Agora vamos imaginar essa dimensão no planejamento de uma aula de Educação Física
em uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental II. É uma aula geminada (1h40), que
ocorre nas duas primeiras aulas do dia. Bem, primeiro, ao bater o sinal, os “anjos” não
estarão em sala, eles irão se locomover para a sala (corredores, escadas...), irão sentar,
ficar em silêncio, arrumar o material, você irá fazer a chamada, e irá explicar como a
aula será (depois de responder 3 vezes a mesma pergunta, é claro: vamos pra quadra
hoje?). Como a aula será na quadra, você se locomoverá com os alunos, passando pelos
demais espaços escolares, até chegar à quadra/ginásio/pátio. Como é a primeira aula do
dia, você irá buscar o material, organizar o material, e os “anjos” do sexto ano precisam
respeitar aquele tempo de organização e o espaço na qual será disposto o material.
Próxima etapa é organizar os alunos para receberem as explicações, resolver dúvidas e,
enfim, começar as atividades. Depois terá a parada para hidratação, banheiro, que pode
ocorrer mais de uma vez, seguido de mais organizações de espaço e material e
explicações de atividades.
Bem, está chegando o momento final da aula, você deve devolver os “anjos” na sala
antes de acabar sua aula, pois, ao bater o sinal, eles precisam estar sentados e calmos
para o início da terceira aula, que será matemática, por exemplo. Portanto, você
encerrou antes, fez o fechamento da aula, a sistematização dos conteúdos trabalhados e
apontou os caminhos que ainda virão. Vocês se deslocaram para a sala e, enfim, sinal
tocou e iniciou a terceira aula. E agora você irá lá para a turma de 3º ano do Ensino
Médio.
Tempo, espaço, materiais...categorias que são pensadas dentro de um plano de ensino
para a melhor gestão do processo educacional.
Quando ainda tratamos de ações de planejamento que envolvem a dimensão
interdisciplinar, o diálogo docente é fundamental. Não são apenas as barreiras dos
saberes que precisam ser rompidas. Mas as nossas barreiras que, muitas vezes, nos
prendem ao nosso cotidiano, de modo fechado e isolado. Não é a Educação Física que
se isola. É o docente que não consegue, de modo coletivo, estabelecer ponto com outros
docentes e disciplinas. É a escola que não possibilita as condições de tempo e espaço
para que essas ações interdisciplinares sejam planejadas e desenvolvidas.
Quando tratamos de escola, caro estudante, todos esses fatores estão diretamente
(inter)relacionados, construindo não apenas o cotidiano escolar, mas a cultura escolar,
que educa tanto quanto os saberes disciplinares.

VÍDEO RESUMO

Olá, tudo bem? A aula de Educação Física. É essa a dimensão granular do planejamento
escolar com a qual o aluno terá contato de modo concreto e cotidiano. O tempo de aula,
o espaço, os materiais, objetivos, conteúdos programáticos, processos metodológicos e
avaliativos. Essa dimensão estruturante da aula se materializará nas atividades a serem
ensinadas e pensados no processo de aprendizagem. E como um grande desafio ainda
temos os debates sobe a interdisciplinaridade, que potencializa nossos saberes e fazeres
docentes.

Saiba mais

O artigo abaixo apresenta conceitos fundantes na literatura educacional sobre a


interdisciplinaridade e sua aplicação em contexto real nas aulas de Educação Física. Boa
leitura.
Góes, F. T.; VIEIRA JÚNIOR, P. R. Reflexões iniciais sobre a educação física e a
Interdisciplinaridade no currículo escolar: um estudo de caso. Revista
Formação@Docente. Belo Horizonte, v. 3, n. 1, dezembro 2011.
Buscando leituras de realidades a partir dos conceitos abordados, sugerimos a leitura do
texto abaixo para maior e melhor compreensão da dimensão das categorias tempo e
espaço na aula de Educação Física.
ARAÚJO, S. M. O tempo e o espaço da aula de educação física da rede municipal de
Guarani da Missões/RS. Motrivivência. Ano XXIV, n. 39, p. 25-34, dez./2012.
Aula 5
REVISÃO DA UNIDADE
36 minutos
PLANEJAMENTO E A EDUCAÇÃO FÍSICA

Caro estudante, bem-vindo à disciplina de Metodologia do Ensino da Educação Física.


O que nos diferencia enquanto docentes? Já pensou sobre isso? Será que seria somente
pelo fato de sermos os professores que levamos os alunos para “fora da sala de aula”?
Mas a sala de aula é tão ruim assim? Porque a quadra é nossa sala de aula, o pátio, o
ginásio e até mesmo o entorno escolar. Em sua formação acadêmica para a docência na
Educação Física escolar, você verá muitos saberes de natureza didática, pedagógica,
educacional que se aplicam a todas as áreas da licenciatura, pois constituem saberes
docentes de um modo geral.
A importância do planejamento escolar perpassa a essência estruturante da formação
docente, e, como professores de Educação Física, não é esse o aspecto significativo que
nos distingue. Em nossa formação docente, é essencial compreendermos os saberes que
fundamentam o Projeto Político Pedagógico, o planejamento educacional, o plano
curricular, o plano de ensino e o plano de aula. O que nos distingue então?
É justamente nossa especificidade de objeto da Educação Física, as práticas corporais, o
movimento humano histórico e culturalmente constituído que se materializa nos mais
diversos conteúdos curriculares, ou seja, nos saberes específicos da Educação Física na
escola.
As especificidades do planejamento e de um plano de aula levam em consideração a
própria escola, seus materiais e espaços disponíveis, como esses espaços serão
compartilhados e utilizados, como a escola estrutura o uso do seu tempo e dos seus
espaços.
Os procedimentos metodológicos, as estratégias de ensino e o uso dos recursos
tecnológicos no cotidiano escolar dependem de cada realidade escolar. Ou seja, ao
planejar, em sua essência, vai muito além dos saberes necessários determinados pelas
diretrizes e documentos curriculares norteadores. É necessário conhecimento da
realidade e do cotidiano escolar.
O planejamento implica a concretização dos saberes docentes, pedagógicos e
educacionais, que se relacionam, necessariamente, com os saberes específicos da
Educação Física, com a etapa e modalidade de ensino, com a realidade escolar, além de
suas escolhas, enquanto docente, das dimensões teóricas e metodológicas, das
abordagens de ensino na Educação Física.
Veja, prezado aluno, tudo isso para pelo menos garantir um ensino comprometido e com
qualidade. Portanto, uma aula, uma atividade dentro de um plano de aula, nunca é uma
simples atividade.
Desejo a você bons estudos.

REVISÃO DA UNIDADE

Olá, estudante. Nesta videoaula você conhecerá sobre as os aspectos conceituais do


planejamento, passando pelo debate geral dessa função docente até as especificidades da
ação de planejar, como planejamento educacional, o projeto político pedagógico, o
planejamento curricular, o plano de ensino e o plano de aula. Isso mesmo! Para chegar
até aquilo que se configura o nosso cotidiano, ou seja, qual turma, qual conteúdo, muita
coisa deve ser levada em consideração, muitos saberes são necessários de serem
mobilizados, de natureza didático-pedagógico e, claro, das especificidades da Educação
Física escolar enquanto componente curricular da educação básica.
ESTUDO DE CASO

Olá. “Professor, hoje vai ser na sala ou vamos ter aula prática?”. Vai se acostumando,
pois essa pergunta será inúmeras vezes ouvida repetidamente ao longo de toda a sua
vida profissional, independentemente da turma, idade e ano da etapa escolar. Bem,
talvez lá na Educação Infantil você irá ouvir com menos frequência.
Vamos pensar juntamente uma aula. Aqui irei propor alguns elementos que são
essenciais para a concretização de um plano de aula. Lembrando que essa aula deve
fazer parte de um conjunto de intervenções que buscam alcançar objetivos educacionais,
ensinar conteúdos da educação física escolar a partir de estratégias de ensino.
O contexto será criado, no entanto, você poderá mudar e/ou ressignificar esse contexto a
partir das suas experiências escolares ou dos desafios com que acredita que irá se
deparar.
Você acabou de passar em um concurso público da rede estadual de educação. Após o
processo de escolha, você irá trabalhar em uma escola um pouco distante de sua
residência, uma escola central, de uma cidade de médio a grande porte. Como
característica, essa escola tanto atende alunos do seu entorno escolar como também
alunos de bairros distantes de diferentes regiões da cidade. Você completou sua carga
horária no período da tarde, ficando com 8 turmas, sendo 4 sextos anos e 4 sétimos
anos. Maravilha, não é?!
Então, vamos lá?

 Conteúdo Estruturante: Práticas Corporais de Aventura.


 Conteúdo Básico: Escalada.
 Turma: 7º ano A.
 Alunos: 28.
 Local: dependência da escola.
 Materiais: cordas, bancos, sulfites coloridos, fita crepe, cones, cadeiras, e demais
materiais que achar necessário.

Você já iniciou o trabalho com o conteúdo básico escalada na semana anterior, já


trabalhando com os alunos a história e o conceito de escalada. Você utilizou a sala de
informática da escola e, a partir de palavras-chave e termos específicos de busca, os
alunos foram pesquisando e fazendo resumo da história da escalada, passando pelo seu
surgimento até elementos práticos, como as medidas de segurança e as possibilidades da
escalada no contexto escolar. Como resultado, além dos conteúdos apreendidos para
alcançar seu objetivo na aula, os alunos ficaram bastante empolgados, pensando e
indagando como eles fariam a vivência da escalada na escola, pois não há parede de
escalada, cadeirinha, capacete de proteção e outros equipamentos de segurança que eles
observaram durante sua pesquisa.
A aula seguinte será prática, a vivência da escalada. E agora, como você elaboraria um
plano de aula a partir do contexto acima descrito?

Reflita

Podemos pegar o plano de aula como um exemplo de essência de nossa atuação


docente. Já pensou em quantas variáveis precisamos levar em consideração para a
elaboração de um plano de aula? Na maioria das disciplinas escolares, mesmo havendo
dinamicidade, com certeza as variáveis são menores em quantidade do que a nossa na
Educação Física. Espaço, tempo, clima, materiais... só aí temos quatro elementos
determinantes para a nossa aula, que é distinta das demais disciplinas. Como eu elaboro
um plano de aula para uma turma de sexto ano do Fundamental II, de conteúdo esporte,
conteúdo básico voleibol, tendo apenas 3 bolas? E a quadra, que das cinco aulas que
pensei em planejar a sequência didática de meu ensino, terei disponível em apenas três
aulas. Em uma aula não terei quadra disponível, e na outra aula, a quadra será
compartilhada com outro professor e, possivelmente, também os materiais que são de
uso coletivo. Espaço, tempo e materiais, aqui foram colocados apenas três dos aspectos
necessários para a elaboração de um plano de aula da Educação Física escolar. Cada
escola e realidade escolar apresentará desafios e motivações distintas.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

O contexto acima descrito é o ponto inicial e básico para seu plano de aula. Já não é a
apresentação do conteúdo, os alunos já se apropriaram de alguns conhecimentos
elementares. Objetivos já foram elaborados e já foram cumpridos. Agora, vamos passar
a uma ideia, uma proposta de um plano de aula. Importante ressaltar que os elementos
básicos estruturantes do plano de aula podem variar de acordo com bases teóricas e
literaturas diferentes. Vamos nessa? Os “anjinhos” do 7ºA estão aguardando com toda
ansiedade. E olha que eu fui bonzinho, deixei um dia lindo de sol, nem choveu no dia!

CABEÇALHO E IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Escola: Escola Estadual Anísio Teixeira.


Turma: 7ºA.
Disciplina: Educação Física.
Professor: _____________________
Data: dd/mm/aaa
Horário: 13h as 14h40.
Duração: 1h40
Tema: Vivência dos movimentos da escalada.
OBJETIVOS
Objetivo geral: Vivenciar a escalada na Educação Física escolar, conhecendo aspectos
básicos para a vivência da prática corporal de aventura.
Objetivos específicos:
- Conhecer os elementos da escalada, como os movimentos em 3 apoios e progressão
dos diferentes níveis dificuldade e trilhas a serem percorridas.
- Vivenciar elementos do risco e da vertigem de modo controlado e lúdico.
CONTEÚDOS
Os conteúdos a serem trabalhados nessa aula são: escalada em três apoios; trilhas,
diferentes níveis de dificuldades nas trilhas da escalada. Portanto:
- Conteúdo Conceitual: conhecer os elementos que constituem a escalda como
modalidade esportiva.
- Conteúdo Procedimental: saber realizar a escalada a partir das atividades propostas.
- Conteúdo Atitudinal: Vivenciar os desafios propostos e superar seus limites e
respeitando os limites dos colegas.
ESTRATÉGIA METODOLÓGICA
A aula consistirá na vivência de duas atividades propostas, pensando o elemento lúdico
e desafiador como ponto central das atividades.
Atividade 1: Escalada 3 apoios na horizontal.
PREPARANDO O ESPAÇO: O educador deve fazer um desenho no chão simulando
uma parede de escalada. No lugar das agarras ele pode colocar no chão pedaços de
papel sulfite colorido, em cores e formatos diferentes indicando trilhas e graus de
dificuldades diferentes. Ex.: quadrado azul (fácil), triangulo verde (médio), círculo
branco (difícil) etc. Estes serão os lugares onde as crianças podem colocar os pés e as
mãos. A distância entre as agarras desenhadas no chão deve levar em consideração a
característica física e etária dos participantes e a dificuldade que pretende colocar na
atividade. Também podem ser usado calçados dos alunos, marcas com durex colorido,
giz, etc.
REALIZANDO A ATIVIDADE: Após desenhado o percurso, os participantes deverão
sair uma pessoa por vez e/ou em duplas, dependendo do desenho no chão, e devem
chegar ao outro lado do percurso (parede) colocando as mãos e os pés somente nos
espaços das agarras desenhadas no chão. Caso o participante não consiga realizar,
deverá começar do início, estudando o melhor caminho para se percorrer.
Atividade 2: escalada na horizontal com corda.
Uma corda de espessura mais grossa é amarrada em um ponto na quadra ou no espaço
utilizado, como o gol, o mastro de voleibol, a base da tabela de basquete, por exemplo.
Um participante deverá se deitar sobre um colchonete e deslocar o corpo utilizando
somente a força dos braços, puxando a corda até chegar ao ponto demarcado. Os pés
deverão permanecer altos, sem tocar o solo durante a atividade, mesmo nos momentos
de descanso.
MATERIAIS
Colchonete, corda, papel sulfite colorido, fita crepe.
AVALIAÇÃO
A avaliação será processual e continuada, perspectivando a compreensão dos conceitos
abordados em aula e a participação dos alunos durante as atividades. Será realizada ao
final da aula uma roda de conversa para os alunos exporem suas percepções e saberes
desenvolvido

Aula 1
AS CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO E O PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
Nessa aula vamos abordar diversos aspectos, inclusive históricos,
da avaliação na Educação Física escolar e veremos como a
avaliação inicialmente estava voltada para o desempenho esportivo
e o aspecto técnico-motor dos alunos e como isso se modificou com
o tempo.
27 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante. Nessa aula vamos abordar diversos aspectos, inclusive históricos, da
avaliação na Educação Física escolar. Veremos como a avaliação inicialmente estava
voltada para o desempenho esportivo e o aspecto técnico-motor dos alunos e como isso
se modificou com o tempo, assim como as próprias práticas avaliativas, que atualmente
exploram diferentes abordagens e métodos.
Por fim, exploraremos as alterações nas concepções sobre avaliação na Educação Física
escolar. Veremos como houve uma transição de uma avaliação centrada apenas no
resultado final e no desempenho individual para uma abordagem mais integral, que
considera o desenvolvimento global dos alunos, suas relações com o corpo, com os
outros e com o ambiente.
Este é um tema de extrema relevância, que nos permite compreender como a avaliação
na Educação Física evoluiu ao longo dos anos, contribuindo para a formação integral
dos estudantes.
Vamos começar?

CONCEITOS DA AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

A avaliação na Educação Física escolar, no passado, estava predominantemente


centrada no desempenho físico e nas habilidades técnicas dos alunos. Essa abordagem,
conhecida como avaliação tradicional, buscava medir a performance atlética dos
estudantes e privilegiava aspectos quantitativos, como velocidade, força e resistência.
De acordo com Hein Mendes (2002), a avaliação tradicional na Educação Física era
baseada em critérios pré-estabelecidos, muitas vezes relacionados aos padrões de
excelência esportiva. Os alunos eram avaliados com base em testes e provas que
privilegiavam apenas uma visão parcial das suas capacidades físicas, deixando de lado
aspectos socioafetivos e cognitivos.
Ao longo do tempo, diversas críticas foram feitas à avaliação tradicional na Educação
Física escolar, apontando sua limitação em relação à formação integral dos alunos.
Essas críticas impulsionaram a transição para uma avaliação mais abrangente, que
considerasse não apenas o desempenho físico, mas também outros aspectos relevantes.
Segundo Betti (2002), essa mudança de paradigma na avaliação da Educação Física está
associada ao movimento de democratização do acesso ao conhecimento e ao
reconhecimento de que a Educação Física é uma disciplina importante para o
desenvolvimento humano. A avaliação passou a considerar habilidades motoras,
atitudes, conhecimentos teóricos e participação dos alunos nas atividades propostas.
Uma das abordagens que ganhou destaque na avaliação da Educação Física escolar é a
avaliação formativa. Essa concepção enfatiza o acompanhamento contínuo do processo
de aprendizagem dos alunos, fornecendo feedbacks e oportunidades de melhoria ao
longo do percurso educativo.
A avaliação formativa na Educação Física busca identificar as dificuldades e
potencialidades dos alunos, promovendo a reflexão e o desenvolvimento das habilidades
motoras, sociais e cognitivas. De acordo com Carvalho (1994), a avaliação formativa
contribui para uma maior compreensão dos alunos sobre suas próprias capacidades e
permite que os professores adequem suas estratégias pedagógicas de acordo com as
necessidades individuais.
A avaliação na educação pode ser compreendida como um processo de julgamento de
valor, baseado em dados relevantes para a tomada de decisões. A atribuição de
conceitos implica avaliar a qualidade do trabalho dos alunos, utilizando informações
sobre eles e uma percepção geral do seu desempenho. A metodologia de ensino adotada
pelo professor desempenha um papel determinante na seleção dos indícios relevantes
para a avaliação. De acordo com Gimeno (1988), a mediação realizada pelo professor,
que transforma as informações disponíveis em conceitos bimestrais, é um processo
cognitivo-profissional único para cada professor, cujos critérios são difíceis de
explicitar, pois envolvem crenças e valores.
No entanto, é importante considerar algumas questões relevantes. O professor precisa
levar em conta a amplitude da avaliação na Educação Física escolar: o que exatamente
deve ser avaliado no aluno? As concepções mais progressistas propõem uma avaliação
que englobe a totalidade do estudante, levando em consideração não apenas o
rendimento intelectual, mas também aspectos mais amplos da sua personalidade, como
os aspectos afetivos, sociais e corporais. Essa abordagem busca considerar o rendimento
ideal, definido pelos conteúdos legitimados institucionalmente no currículo e pelo
conceito de cultura a ser transmitido.
Essa perspectiva de avaliação abrangente tem sido cada vez mais adotada na educação
formal. No entanto, sua implementação prática apresenta desafios e requer um
aprofundamento do pensamento do professor, uma vez que as crenças e valores, que
muitas vezes não são explicitados, adquirem uma importância significativa como
mecanismos mediadores nesse processo. Gimeno (1988) ressalta que a Educação Física
enfrenta esse desafio há muito tempo, uma vez que historicamente busca desenvolver
aspectos afetivos e sociais na formação da personalidade do aluno. Portanto,
desempenha um papel crucial na ampliação do escopo da avaliação, considerando não
apenas o desempenho físico, mas também aspectos emocionais e sociais dos alunos.

ASPECTOS DA AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Apesar dos avanços nas concepções e práticas avaliativas na Educação Física escolar,
ainda existem desafios a serem superados. A falta de formação adequada dos
professores, a resistência a mudanças e a necessidade de articulação com outros
profissionais da educação são alguns dos obstáculos enfrentados.
Uma das principais transformações foi a superação do modelo esportivista, que
valorizava apenas o rendimento e a competição, para uma abordagem que busca o
desenvolvimento integral dos estudantes. Segundo Lüdke (1992), essa mudança de
paradigma levou a uma concepção de Educação Física que valoriza a diversidade de
práticas corporais, a promoção da saúde, a inclusão e o respeito às diferenças.
Essa nova visão da Educação Física trouxe implicações diretas para a avaliação. A
ênfase deixou de ser exclusivamente nos resultados finais e passou a considerar os
processos e as experiências vivenciadas pelos alunos. Conforme Veiga (2002), a
avaliação na Educação Física deve levar em conta não apenas as habilidades motoras,
mas também o envolvimento dos estudantes, o respeito às regras, a cooperação, a
criatividade e o prazer pela prática.
Uma abordagem que se destaca na avaliação da Educação Física escolar é a avaliação
para a aprendizagem. Essa concepção, inspirada nas teorias de Stiggins (2004), enfatiza
a importância de envolver os alunos ativamente no processo avaliativo, promovendo a
autorreflexão e a autorregulação do seu próprio aprendizado.
Segundo Stiggins (2004), a avaliação para a aprendizagem na Educação Física busca
envolver os alunos no estabelecimento de critérios de avaliação, na autoavaliação e na
avaliação entre pares. Essa abordagem tem como objetivo principal desenvolver
habilidades metacognitivas nos estudantes, permitindo que eles se tornem agentes ativos
na construção do seu conhecimento e no monitoramento do seu progresso.
Alterações significativas ocorreram nas concepções sobre avaliação na Educação Física
escolar ao longo dos anos. Anteriormente, a avaliação nessa disciplina era
frequentemente associada apenas ao desempenho esportivo e ao aspecto técnico-motor
dos alunos. No entanto, uma mudança de paradigma ocorreu, buscando uma visão mais
abrangente e integral da avaliação. Conforme Freire (1997), a avaliação na Educação
Física deve ir além da mensuração das habilidades motoras e considerar aspectos
cognitivos, afetivos e sociais, valorizando o desenvolvimento global dos alunos. Essa
transformação reflete a busca por uma Educação Física que promova a participação
ativa, a autonomia e a formação de cidadãos críticos e conscientes.
De acordo com Farina (2012), podemos destacar a importância da autoavaliação e
coavaliação como práticas avaliativas. A participação ativa dos alunos na avaliação de
seu próprio desempenho e no de seus colegas promove a reflexão, a autonomia e a
responsabilidade. Dessa forma, a avaliação deixa de ser um processo exclusivamente
realizado pelo professor e passa a envolver os estudantes de forma ativa, colaborativa e
participativa, contribuindo para uma educação mais inclusiva e democrática.
A transição da avaliação tradicional para abordagens mais abrangentes, como a
avaliação formativa e a avaliação para a aprendizagem, tem contribuído para uma visão
mais integral do processo de aprendizagem dos alunos. No entanto, é necessário que os
desafios ainda existentes sejam enfrentados para garantir uma prática avaliativa mais
efetiva e significativa na Educação Física escolar.

AVALIANDO ONTEM E HOJE

Em seus primórdios, as avaliações nas aulas de Educação Física exigiam dos alunos a
excelência motora, além de resultados e marcas que levavam a competitividade
exagerada. No entanto, a partir da década de 1980, houve uma mudança nas concepções
e práticas avaliativas na Educação Física. Surgiram abordagens que buscavam valorizar
o desenvolvimento integral dos alunos, considerando não apenas as habilidades
motoras, mas também os aspectos afetivos, sociais e cognitivos. De acordo com Bracht
(1992), a avaliação passou a incorporar elementos relacionados ao comportamento, à
participação, à cooperação e ao envolvimento dos estudantes nas atividades propostas.
A avaliação na Educação Física compartilha características e desafios comuns aos
demais componentes curriculares, mas também apresenta peculiaridades distintas. Em
primeiro lugar, é fundamental compreender que a avaliação não deve se limitar a
atribuir um conceito ao aluno, mas sim servir como um instrumento para problematizar
a ação pedagógica como um todo. Segundo Betti (2002), a avaliação pode ser concebida
em três categorias: totalidade, mediação e contradição. A totalidade está relacionada a
levar em conta os objetivos educacionais e os conteúdos trabalhados e a compreender o
aluno como um todo, considerando não apenas seu desempenho físico, mas também
seus aspectos emocionais, sociais e cognitivos. A categoria da mediação refere-se ao
processo intermediário entre a conduta observada do aluno e o conceito que lhe é
atribuído. E a categoria da contradição ressalta que os processos de avaliação
disponíveis ainda são limitados em relação às abordagens metodológicas mais atuais.
As concepções de avaliação dependem da metodologia utilizada na relação professor,
aluno e aprendizagem. Lüdke e Mediano (1992) caracterizam duas ideias básicas de
avaliação: tradicional e progressista (ou construtivista). No conceito tradicional, o
professor transmite conhecimentos ao aluno, que aprende de forma passiva; a avaliação
usa uma medida, através de uma prova, que atribui ao aluno uma nota fria, que não
serve para reformular o processo, e mede apenas habilidades cognitivas. Na concepção
progressista, o professor, orientador da aprendizagem, faz diagnósticos, considera a
capacidade de aprendizagem do aluno, e se autoavalia; o aluno, sujeito da
aprendizagem, é mais crítico e também se autoavalia; a avaliação é contínua, e serve
para a reorientação do processo.
As concepções sobre a avaliação na Educação Física escolar passaram por importantes
alterações ao longo do tempo, refletindo uma compreensão mais abrangente e integrada
do processo educativo. Anteriormente, a avaliação era frequentemente centrada no
resultado final das atividades esportivas e no desempenho técnico dos alunos. No
entanto, conforme Freire (1997), aconteceu uma mudança de paradigma, em que a
avaliação passou a valorizar não apenas o produto final, mas também o processo de
aprendizagem e o desenvolvimento global dos estudantes.
Nesse contexto, estes conceitos têm como objetivo a promoção de uma educação mais
inclusiva, democrática e formativa. Um exemplo de avaliação em Educação Física
escolar que pode ser aplicada atualmente é a elaboração de um portfólio de atividades.
Nesse formato de avaliação, os alunos são incentivados a registrar suas experiências,
reflexões e aprendizados ao longo do período letivo, por meio de textos, fotos, vídeos
ou outros recursos multimídia. O portfólio permite uma visão mais ampla do
desenvolvimento do aluno, considerando aspectos motores, cognitivos, afetivos e
sociais. Dessa maneira o professor consegue fazer uma avaliação contínua e ao mesmo
tempo estimular a autoavaliação dos alunos.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula sobre As concepções de avaliação e o


processo de ensino-aprendizagem no ensino da Educação Física poderemos
compreender um pouco mais sobre a evolução do processo de avaliação dentro da
disciplina, que passou de uma avaliação focada no resultado esportivo para algo mais
humanizado, bem como suas práticas e os avanços nas concepções que surgiram nas
últimas décadas. Vamos lá?

Saiba mais

Dica de filme: quebrando regras


Para observar perspectivas e possibilidades diferentes da Educação Física escolar, o
filme Billy Elliot (2000) pode ser uma boa pedida. A obra aborda a importância da
expressão corporal e da atividade física como formas de desenvolvimento pessoal. A
história segue o jovem Billy, que descobre sua paixão pela dança em meio a um
contexto social adverso. O filme destaca a superação de estereótipos de gênero e a luta
do protagonista para seguir seu sonho de se tornar bailarino, enfrentando desafios e
preconceitos ao longo do caminho.
Filmes como este oferecem perspectivas diferentes sobre a Educação Física escolar e
abordam temas relevantes relacionados ao desenvolvimento pessoal, superação e o
papel dos professores no contexto esportivo e educacional.

Dica de leitura: artigo – Educação Física e diretrizes pedagógicas


No artigo Educação Física escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas, os autores
Mauro Betti e Luiz Roberto Zuliani discorrem sobre a disciplina de Educação Física e o
entendimento da sua finalidade no contexto escolar, relacionada ao conceito de cultura
corporal de movimento. Entre os tópicos abordados estão as diferentes concepções de
avaliação, analisando suas implicações para a Educação Física e apresentando
sugestões. Os autores enfatizam também a necessidade de a Educação Física aproximar
a teoria e a prática e inovar pedagogicamente, de maneira que possa continuar
contribuindo para a formação integral das crianças e jovens e para a apropriação crítica
da cultura corporal de movimento.
BETTI, M.; ZULIANI, L. R. Educação física escolar: uma proposta de diretrizes
pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e esporte, v. 1, n. 1, 2002.

Aula 2
FUNÇÕES DE AVALIAÇÃO
Avaliar faz parte processo educacional, pois fornece informações
valiosas sobre o aprendizado dos alunos e orienta o trabalho do
professor. Diante desta informação, abordaremos algumas funções
essenciais da avaliação e discutiremos quatro tipos específicos: a
avaliação diagnóstica, a avaliação comparativa, a avaliação
formativa e a avaliação somativa.
25 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante. Nessa aula vamos explorar o fascinante mundo da avaliação na


Educação Física. Avaliar faz parte processo educacional, pois fornece informações
valiosas sobre o aprendizado dos alunos e orienta o trabalho do professor. Abordaremos
algumas funções essenciais da avaliação e discutiremos quatro tipos específicos: a
avaliação diagnóstica, a avaliação comparativa, a avaliação formativa e a avaliação
somativa.
A diagnóstica tem como objetivo identificar o nível de conhecimento, habilidades e
competências dos alunos no início de um semestre, a comparativa é utilizada para
comparar o desempenho dos alunos em relação a um critério preestabelecido ou a seus
próprios resultados em diferentes recortes temporais. Já a avaliação formativa é uma
abordagem contínua que busca melhorar o processo de aprendizagem, fornecendo
feedback e orientações aos alunos para que eles possam aprimorar seu desempenho ao
longo do tempo, e a somativa é realizada no final de um período de aprendizagem para
determinar o nível de proficiência alcançado pelos alunos.
Estão prontos? Vamos lá!

TIPOS DE AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

A avaliação desempenha um papel fundamental na Educação Física escolar, auxiliando


os professores a compreenderem o progresso e o desenvolvimento dos alunos. Dentre as
diferentes abordagens avaliativas, destacam-se a avaliação diagnóstica e a avaliação
comparativa. A diagnóstica é realizada no início do processo de ensino, com o objetivo
de identificar o nível de conhecimento, habilidades e competências dos estudantes. De
acordo com Ioneda (2021), a avaliação diagnóstica permite ao professor obter
informações importantes sobre o ponto de partida de cada aluno, possibilitando uma
melhor orientação do processo de ensino e adaptação das estratégias pedagógicas.
Por outro lado, a avaliação comparativa é utilizada para verificar a evolução dos alunos
ao longo do tempo e comparar seu desempenho em relação a critérios pré-estabelecidos.
Essa abordagem permite ao professor identificar as áreas de progresso e aquelas que
necessitam de maior atenção. Segundo Luckesi (2005), a avaliação comparativa auxilia
no acompanhamento do desenvolvimento dos alunos e contribui para a definição de
estratégias de ensino mais eficazes.
Ambas as abordagens, avaliação diagnóstica e avaliação comparativa, são importantes
ferramentas para o professor de Educação Física na busca pela melhoria do processo de
ensino-aprendizagem. Ao combinar essas duas formas de avaliação, é possível
identificar as necessidades individuais dos alunos, planejar atividades mais adequadas e
acompanhar seu progresso ao longo do tempo.
Por sua vez, a avaliação formativa desempenha um papel fundamental no ensino da
Educação Física ao fornecer informações contínuas e oportunas sobre o processo de
aprendizagem dos alunos. Diferente da avaliação somativa, que busca atribuir um
conceito final ao estudante, este método concentra-se no acompanhamento e orientação
do progresso individual, visando aprimorar o aprendizado. Conforme destacado por
Gonçalves (2018), a avaliação formativa permite ao professor identificar lacunas no
conhecimento dos alunos, fornecer feedback adequado e adaptar suas estratégias
pedagógicas de acordo com as necessidades de cada estudante.
Através deste método de avaliação, o professor pode desenvolver uma abordagem mais
personalizada e direcionada na Educação Física, levando em consideração as
habilidades, competências e necessidades individuais dos alunos. Segundo Bailey
(2006), a avaliação formativa na Educação Física envolve a observação sistemática do
desempenho motor dos alunos, a análise qualitativa das suas habilidades e o
fornecimento de feedback construtivo para o aprimoramento contínuo. Ao enfatizar a
autoavaliação e a reflexão dos alunos sobre o seu próprio desempenho, a avaliação
formativa na Educação Física promove a autonomia, a responsabilidade e o
desenvolvimento metacognitivo dos estudantes.
Além dos métodos avaliativos citados, também temos a avaliação somativa, que
desempenha um papel importante na Educação Física ao fornecer uma visão geral do
desenvolvimento dos alunos, permitindo uma avaliação final e a atribuição de conceitos
ou notas. Diferentemente da avaliação formativa, que é contínua e direcionada para
aprimorar o processo de aprendizagem, a avaliação somativa concentra-se nos
resultados alcançados pelos alunos. Esta metodologia é utilizada para determinar o nível
de proficiência dos estudantes em relação aos objetivos de aprendizagem estabelecidos.
No decorrer do desenvolvimento das aulas de Educação Física, a avaliação somativa
pode ser realizada por diferentes meios, como testes escritos, provas práticas, avaliação
de desempenho em atividades físicas específicas ou projetos individuais e em grupos.
Esses métodos permitem ao professor obter uma visão abrangente das habilidades
motoras, conhecimentos teóricos e compreensão conceitual dos alunos. No entanto, é
importante ressaltar que este tipo de avalição não deve ser encarado apenas como uma
medida de sucesso ou fracasso, mas como uma oportunidade de fornecer um feedback
claro e objetivo aos alunos, incentivando seu desenvolvimento contínuo.

ASPECTOS DA AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Ao utilizar em suas aulas a avaliação diagnóstica, o professor de Educação Física pode


utilizar diferentes estratégias para identificar o nível de conhecimento e habilidades dos
alunos. Por exemplo, pode ser aplicado um teste de habilidades motoras, como corrida,
saltos ou arremessos, para avaliar o domínio dos alunos em relação a essas habilidades
específicas. Além disso, questionários ou entrevistas também podem ser utilizados para
obter informações sobre o interesse dos alunos pela prática de atividades físicas e seu
conhecimento teórico sobre os princípios da Educação Física. Essa avaliação inicial
permite ao professor compreender as necessidades e pontos fortes de cada aluno,
fornecendo uma base sólida para o planejamento e adaptação das atividades futuras.
Em relação à avaliação comparativa, o professor poderá utilizar critérios predefinidos
para comparar o desempenho dos alunos em relação a um padrão ou em relação aos
seus pares. Por exemplo, em uma atividade de ginástica, pode-se utilizar uma lista de
verificação que inclui critérios como postura, fluidez de movimentos e execução correta
das técnicas. Ao observar o desempenho dos alunos, o professor pode atribuir
pontuações ou conceitos de acordo com esses critérios. Essa abordagem permite uma
avaliação objetiva e comparativa entre os alunos, auxiliando no direcionamento das
áreas que precisam ser aprimoradas e reconhecendo os pontos fortes de cada um.
Em contrapartida, a avaliação formativa desempenha um papel importante no decorrer
das aulas de Educação Física, permitindo ao professor obter informações contínuas e
detalhadas sobre o processo de aprendizagem dos alunos, bem como adaptar suas
práticas pedagógicas de acordo com as necessidades individuais de cada estudante.
Segundo Rodrigues (2003), a avaliação formativa na Educação Física envolve a
observação sistemática do desempenho motor, a análise qualitativa das habilidades e a
retroalimentação constante aos alunos. Essa abordagem permite que os estudantes
estejam ativamente envolvidos no processo de avaliação, recebendo feedback
construtivo que os ajuda a compreender suas conquistas e identificar áreas para
melhoria.
Para este tipo de abordagem, é importante que os alunos sejam encorajados a definir
metas pessoais, monitorar seu próprio progresso e participar ativamente na avaliação do
seu desempenho. Dessa forma, a avaliação formativa não se limita apenas ao professor,
mas também envolve os alunos como agentes ativos no processo de aprendizagem. Esse
método promove a autonomia, a responsabilidade e o desenvolvimento de habilidades
metacognitivas nos alunos, capacitando-os a se tornarem aprendizes autônomos e
reflexivos.
Já a avaliação somativa na Educação Física pode incluir testes padronizados,
apresentações orais, registros escritos ou observação sistemática do desempenho motor
dos alunos em diferentes contextos. Essa abordagem de avaliação permite uma visão
global e comparativa do progresso dos alunos durante o ano letivo.
No entanto, é importante destacar que a avaliação somativa na Educação Física deve ir
além da simples atribuição de uma nota ou conceito final. A avaliação somativa também
pode desempenhar um papel educativo ao fornecer feedback construtivo aos alunos,
destacando seus pontos fortes e áreas que precisam de desenvolvimento. Ao analisar o
desempenho dos alunos em diferentes domínios da Educação Física, como habilidades
motoras, conhecimentos teóricos e atitudes comportamentais, os professores podem
fornecer orientações claras e direcionadas para apoiar o crescimento contínuo dos
alunos.

AVALIANDO ONTEM E HOJE

A aplicação da avaliação diagnóstica nas primeiras aulas de Educação Física na escola é


fundamental para compreender as habilidades e conhecimentos iniciais dos alunos, bem
como sua bagagem de mundo (conceitual e motora). Por meio de testes e observações, é
possível identificar suas capacidades e aptidões físicas e reconhecer suas experiências
prévias. Essa abordagem inicial permite ao professor planejar suas aulas de forma mais
direcionada, considerando as necessidades individuais dos estudantes.
A avaliação comparativa, por sua vez, desempenha um papel importante na verificação
do progresso dos alunos ao longo do tempo. Ao estabelecer critérios de desempenho e
comparar os resultados obtidos pelos estudantes, é possível identificar as áreas em que
houve evolução e aquelas que demandam maior atenção. Essa avaliação contínua
permite ao professor avaliar a eficácia das estratégias de ensino e ajustar suas
abordagens conforme necessário. Conforme destacado por Luckesi (2011), a avaliação
comparativa contribui para uma intervenção pedagógica embasada em dados concretos,
promovendo o desenvolvimento contínuo dos alunos.
Uma abordagem eficaz no uso da avaliação formativa é o uso de portfólios, nos quais os
estudantes registram evidências de suas habilidades motoras, reflexões sobre seu
progresso e metas de aprendizagem. Essa ferramenta permite que os alunos sejam mais
responsáveis por seu próprio processo de avaliação, enquanto o professor fornece
orientação e feedback personalizado ao longo do caminho, isso reforça a necessidade do
protagonismo dos alunos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Além disso, a avaliação formativa na Educação Física pode se beneficiar da utilização
de rubricas, que são guias de avaliação claros e criteriosos para cada habilidade ou
tarefa. Um exemplo de avaliação por rubrica na Educação Física pode ser aplicado
durante uma atividade de dança em grupo. Nesse caso, o professor pode desenvolver
uma rubrica que contemple critérios como coordenação, expressão corporal, sincronia
de movimentos e criatividade. Cada critério pode ser dividido em diferentes níveis de
desempenho, como "excepcional", "adequado" e "precisa de melhoria".
Durante a apresentação da dança, o professor pode observar e avaliar cada grupo com
base nos critérios estabelecidos na rubrica. Ele pode utilizar uma escala numérica ou
descritiva para atribuir pontuações ou conceitos a cada critério, levando em
consideração o desempenho individual e coletivo dos alunos. Ao final, os alunos podem
receber feedback personalizado sobre seu desempenho em cada critério, fornecendo
direcionamentos específicos para o aprimoramento de suas habilidades na dança.
Já em relação à avaliação somativa, o professor de Educação Física tem como
instrumentos testes práticos que podem incluir corridas de velocidade, arremessos,
saltos ou outras atividades que demonstram o domínio do movimento e a capacidade de
executar técnicas específicas. Essa abordagem permite que os alunos demonstrem suas
habilidades adquiridas e recebam uma avaliação concreta de seu desempenho.
Outra forma de aplicação da avaliação somativa é por meio de projetos individuais ou
em grupo, nos quais os alunos têm a oportunidade de criar e apresentar um trabalho
relacionado à Educação Física. Isso pode incluir a elaboração de vídeos, relatórios
escritos, apresentações orais ou até mesmo a organização de eventos esportivos. Esses
projetos permitem que os alunos apliquem seus conhecimentos teóricos e práticos,
demonstrem criatividade e trabalhem em equipe. Além disso, a avaliação desses
projetos pode ser feita com base em critérios específicos, como a clareza da
comunicação, a originalidade das ideias ou a qualidade da execução.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula abordamos os diferentes tipos de


avaliação que podem ser utilizados no processo de ensino aprendizagem e direcionados
especificamente para a Educação Física. Vamos compreender as diferenças entre
avaliação somativa, formativa e diagnóstica, bem como suas funções e exemplos de
aplicações destas metodologias. Vamos lá?

Saiba mais
Dica de reportagem – avaliação na Educação Física
O site do Instituto Claro apresenta informações interessantes para melhorias no processo
de ensino-aprendizagem. No link podemos verificar uma breve reportagem na qual
foram entrevistados professores e reuniram seis dicas sobre os processos avaliativos na
disciplina de Educação Física, entre elas a ideia de observar o PPP (Projeto Político
Pedagógico), utilizar instrumentos vinculados ao objetivo, registrar as avaliações e
buscar um olhar individualizado para o aluno. Além disso, também é ressaltada a
questão da atenção em relação às três dimensões a serem avaliadas: atitudinal,
procedimental e conceitual.
O acesso ao site é gratuito e não é necessário login.

Dica de leitura: artigo – Educação Física e diretrizes pedagógicas


No artigo Observação como instrumento no processo de avaliação em Educação Física,
os autores Rui Mendes, Filipe Clemente, Rubén Rocha e António Sérgio Damásio, da
Universidade de Coimbra, discorrem sobre a utilização da observação como
instrumento de avaliação nas aulas de Educação Física escolar. De acordo com os
autores, a eficácia do sistema avaliativo depende da qualidade da observação, os
mesmos também analisam os conteúdos teóricos relativos ao entendimento da
observação e como esta metodologia poderá auxiliar na melhoria do sistema avaliativo
realizado pelo professor desta disciplina.
ARAÚJO, F.; DINIZ, J. A. Hoje, de que falamos quando falamos de avaliação
formativa?. Boletim Sociedade Portuguesa de Educação Física, n. 39, p. 41-52, 2015.
Aula 3
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Avaliar é um processo importante dentro do contexto de ensino-
aprendizagem, por isso, é importante conhecer e utilizar uma
variedade de recursos e instrumentos que permitam uma avaliação
abrangente e precisa.
22 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante. Nesta aula exploraremos três temas fundamentais no contexto da


avaliação educacional: recursos e instrumentos em avaliação, autoavaliação e
instrumentos avaliativos expressos pelos alunos e pelo professor.
Avaliar é um processo importante dentro do contexto de ensino-aprendizagem, por isso,
é importante conhecer e utilizar uma variedade de recursos e instrumentos que permitam
uma avaliação abrangente e precisa. Vamos conhecer algumas dessas ferramentas e de
que formas podem ser utilizadas para avaliar o desempenho dos estudantes em diversos
aspectos.
Além disso, vamos abordar também a autoavaliação, na qual os próprios alunos têm a
oportunidade de refletir sobre seu aprendizado, identificar suas habilidades e definir
metas de desenvolvimento. Por fim, examinaremos os instrumentos avaliativos
expressos pelos alunos e pelo professor. A voz dos estudantes é valiosa e eles podem
indicar as necessidades e dar sugestões no processo avaliativo. Ao mesmo tempo, os
professores devem fornecer feedbacks construtivos e acolher os alunos de forma
inclusiva.
Estão prontos? Vamos lá!

AVALIANDO AS DIFERENTES DIMENSÕES

Na Educação Física escolar, os instrumentos de avaliação desempenham um papel


essencial na obtenção de dados objetivos sobre o desempenho dos alunos. Para Santos
(2015), a utilização de testes motores padronizados, como o Teste de Habilidades
Motoras, permite medir de forma precisa e sistemática as habilidades físicas dos
estudantes, como a coordenação, a agilidade e a força. Esses testes permitem uma
comparação individual e coletiva dos resultados, auxiliando os professores a
identificarem necessidades específicas de intervenção pedagógica e a adaptarem seus
planos de ensino de acordo com as demandas dos alunos.
Além dos testes motores padronizados, a observação direta é um instrumento valioso na
avaliação em Educação Física escolar. De acordo com Mendes (2012), por meio da
observação, os professores podem analisar o comportamento dos alunos durante as
atividades, identificar sua participação, interação com os colegas, aplicação de
estratégias táticas e o respeito às regras e normas estabelecidas. A observação direta
permite uma compreensão mais aprofundada do desempenho e das atitudes dos
estudantes, fornecendo subsídios para intervenções pedagógicas individualizadas e o
estabelecimento de metas de desenvolvimento.
Por sua vez, a autoavaliação se demonstra como uma abordagem valiosa na Educação
Física escolar, permitindo que os alunos se envolvam ativamente no processo de
mensurar o seu próprio desempenho e progresso. De acordo com Dias et al. (2019), essa
ferramenta proporciona aos estudantes a oportunidade de refletir sobre suas habilidades
motoras, conhecimentos conceituais e atitudes em relação à prática de atividades físicas
e demais conteúdos desenvolvidos em aula. Ao se envolverem nesse processo, os alunos
podem desenvolver a consciência de suas próprias capacidades, identificar pontos fortes
e áreas que precisam de melhoria, além de estabelecer metas de aprendizagem para si
mesmos. A autoavaliação promove a responsabilidade e o senso de autonomia dos
alunos, contribuindo para uma Educação Física mais significativa e individualizada.
A autoavaliação vai além da simples atribuição de notas ou pontuações. Conforme
Furtado et al. (2021), a autoavaliação envolve a reflexão crítica e a autorregulação dos
alunos em relação a seus próprios processos de aprendizagem. Por meio de instrumentos
como diários de classe, autorrelatos e registros reflexivos, os estudantes podem
descrever suas experiências, avaliar seu desempenho em atividades físicas específicas,
identificar fatores que contribuem para seu progresso ou dificuldades e estabelecer
estratégias para superar obstáculos. Dessa forma, a autoavaliação permite que os alunos
se tornem protagonistas ativos de seu próprio processo educativo, promovendo o
desenvolvimento de habilidades metacognitivas e a construção de uma consciência
crítica sobre sua aprendizagem.
Em relação aos processos avaliativos, é importante também escutar quem está do outro
lado. De acordo com Azevedo (2011), a perspectiva dos alunos é crucial para
compreender seu engajamento, motivação e aprendizagem na disciplina. Os alunos
podem expressar sua opinião sobre as aulas, as atividades propostas, os métodos de
ensino e os critérios de avaliação. Essas informações permitem ao professor obter uma
visão mais completa do processo de ensino-aprendizagem, identificando pontos fortes e
áreas que necessitam de melhoria.
Por sua vez, a perspectiva do professor é essencial para avaliar o desempenho dos
alunos, pois o mesmo deverá utilizar diversos instrumentos de avaliação, como
observação direta, registros de desempenho, testes escritos e avaliações práticas. Esses
instrumentos permitem ao professor avaliar o conhecimento teórico e prático dos
alunos, bem como suas habilidades motoras e comportamentos durante as aulas. As
informações coletadas pelo professor são fundamentais para fornecer feedback
individualizado aos alunos e para orientar o planejamento de futuras aulas.

ENRIQUECENDO A EXPERIÊNCIA DE APRENDIZAGEM

A diversidade de recursos e instrumentos disponíveis na avaliação em Educação Física


escolar é fundamental para tornar o processo de avaliação mais completo e abrangente.
Recursos como vídeos, fotografias, diários de classe, portfólios e registros escritos
podem ser utilizados para documentar o progresso individual dos alunos ao longo do
tempo. Esses recursos permitem que os estudantes reflitam sobre seu próprio
desempenho, identifiquem suas dificuldades e estabeleçam metas de desenvolvimento.
Além disso, instrumentos como observação direta, questionários e entrevistas oferecem
aos professores a oportunidade de obter informações qualitativas sobre o envolvimento
dos alunos nas atividades, sua compreensão dos conceitos e suas atitudes em relação à
Educação Física. Dessa forma, a combinação adequada de recursos e instrumentos
proporciona uma avaliação mais abrangente e significativa no contexto educacional.
Uma das ferramentas diferenciadas que pode ser utilizada é a autoavaliação, que faz
com que os alunos sejam participantes ativos do processo avaliativo e desenvolvam uma
consciência crítica sobre suas habilidades e conhecimentos. De acordo Rodrigues
(2003), este instrumento oferece aos estudantes a oportunidade de refletir sobre suas
próprias conquistas e dificuldades, bem como estabelecer metas personalizadas para seu
desenvolvimento contínuo. Por meio de estratégias como autorrelatos, questionários e
rubricas de autoavaliação, os alunos podem identificar suas necessidades de
aprendizagem, ajustar suas abordagens de treinamento e autoaperfeiçoamento e assumir
a responsabilidade por sua própria progressão na Educação Física.
A autoavaliação em Educação Física escolar oferece benefícios além da simples
obtenção de notas ou resultados finais. Através dessa ferramenta os alunos podem
desenvolver habilidades metacognitivas, como a capacidade de refletir sobre seus
próprios processos de aprendizagem e monitorar seu progresso. Ao se engajarem nesse
processo, os estudantes se tornam mais conscientes de suas próprias capacidades,
identificam estratégias eficazes de aprendizagem e tomam decisões mais informadas
sobre seu próprio crescimento na Educação Física.
Em outro aspecto deste assunto, utilizar instrumentos de avaliação escolhidos pelos
alunos pode auxiliar na promoção de uma abordagem mais participativa e democrática
nas atividades escolares. Segundo Darido e Rangel (2011), quando os alunos têm a
oportunidade de expressar suas opiniões e sentimentos sobre as aulas e a avaliação, eles
se sentem mais envolvidos no processo educativo. Além disso, a perspectiva do
professor permite uma avaliação mais objetiva e embasada, contribuindo para a justiça e
transparência no processo de avaliação.
É importante destacar que a combinação dos instrumentos de avaliação dos alunos e do
professor proporciona uma visão mais abrangente e equilibrada da Educação Física
escolar. A diversidade de instrumentos utilizados enriquece a avaliação, pois cada um
oferece uma perspectiva única. Ao considerar as vozes dos alunos e do professor, é
possível promover uma avaliação mais completa, que valoriza tanto o processo de
ensino-aprendizagem quanto o desenvolvimento integral dos estudantes.

RECURSOS E INSTRUMENTOS NA AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO


FÍSICA ESCOLAR

A utilização de escalas de avaliação é uma abordagem relevante no contexto da


Educação Física escolar. De acordo com Rosa Neto (2010), as escalas permitem aos
professores avaliar o nível de competência dos alunos em diferentes habilidades
motoras, atitudes e comportamentos relacionados à prática de atividades físicas. Essas
escalas são construídas com critérios específicos de observação e pontuação, permitindo
uma análise mais qualitativa do desempenho dos estudantes, além de facilitar a
comunicação de resultados aos alunos e seus pais ou responsáveis.
Os portfólios também têm sido amplamente utilizados como instrumentos de avaliação
em Educação Física escolar. Conforme Ferreira (2014), os portfólios permitem aos
alunos registrar suas experiências, reflexões, projetos e evidências de aprendizagem ao
longo do tempo. Essa abordagem avaliativa promove a autorregulação e o
desenvolvimento da autonomia dos estudantes, além de fornecer informações ricas
sobre seu progresso individual e sua capacidade de autoavaliação.
A autoavaliação desempenha um papel fundamental na Educação Física escolar,
permitindo que os alunos se envolvam ativamente em sua própria aprendizagem e se
tornem conscientes de suas habilidades e progresso. Conforme destacado por Man-Chih
(2006), a autoavaliação pode ser implementada de diversas formas, incluindo a criação
de metas pessoais, a autorreflexão e a análise de desempenho. Por exemplo, os alunos
podem estabelecer metas específicas para melhorar seu desempenho em um
determinado esporte, como aumentar a precisão nos arremessos de basquete ou a
resistência na corrida. Eles também podem refletir sobre suas próprias práticas e
identificar áreas de melhoria, como aprimorar a técnica de natação ou a compreensão
das regras de um jogo. Esses exemplos práticos demonstram como a autoavaliação
capacita os alunos a se tornarem protagonistas de seu próprio desenvolvimento nas aulas
de Educação Física.
O uso dessa ferramenta nas aulas pode ser facilitado por meio de ferramentas e registros
práticos. De acordo com Panadero (2020), os alunos podem utilizar diários de
treinamento ou portfólios para documentar suas experiências e progresso ao longo do
tempo. Por exemplo, os alunos podem registrar os tipos de atividades físicas em que
participaram, as metas que estabeleceram e o feedback recebido dos professores ou
colegas. Eles também podem incluir reflexões pessoais sobre seu engajamento, esforço
e satisfação com o desempenho. Esses registros permitem que os alunos acompanhem
seu desenvolvimento, identifiquem padrões de comportamento e ajustem suas
abordagens conforme necessário. Dessa forma, a autoavaliação se torna um processo
contínuo e reflexivo, incentivando a autorregulação e o crescimento dos alunos na
Educação Física.
A utilização conjunta dos instrumentos de avaliação dos alunos e do professor promove
uma abordagem mais participativa e inclusiva na Educação Física escolar. Ao permitir
que sejam protagonistas do processo de avaliação, os alunos se sentem valorizados e
têm a oportunidade de refletir sobre seu próprio desempenho.
A diversidade de instrumentos de avaliação utilizados pelos alunos e pelo professor
contribui para uma avaliação mais abrangente e contextualizada na Educação Física
escolar. Segundo Santos (2015), a utilização de instrumentos como a observação direta,
o diário reflexivo, a autoavaliação e a avaliação prática possibilita a compreensão dos
aspectos cognitivos, afetivos, sociais e motores envolvidos no processo de
aprendizagem. Essa abordagem multidimensional permite ao professor conhecer melhor
seus alunos e oferecer um feedback mais significativo, auxiliando no desenvolvimento
integral dos estudantes.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula vamos falar sobre os principais recursos e
instrumentos avaliativos, bem como a autoavaliação e a integração de instrumentos
avaliativos expressos pelos alunos e pelos estudantes. Veremos como é importante
conhecer e utilizar uma variedade de recursos e instrumentos que permitam uma
avaliação abrangente e precisa. Também verificaremos como utilizar ferramentas como
provas, projetos, apresentações e portfólios, de maneira a verificar o desempenho dos
estudantes em diversos aspectos. Vamos lá?

Saiba mais

Dica de reportagem – aplicativo auxilia na avaliação motora


De acordo com o educador físico e pesquisador da Escola de Educação Física e Esporte
(EEFE) da USP, Fernando Garbeloto dos Santos, o sedentarismo se combate desde a
infância e as aulas de Educação Física são os espaços mais democráticos para promover
o desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais que tornam as pessoas mais
ativas no futuro. O professor desenvolveu um aplicativo capaz de avaliar a capacidade
motora dos alunos, durante o processo de desenvolvimento, da educação infantil ao
ensino médio, mostrando um rápido resultado e permitindo ao docente em sala de aula
adaptar as aulas.
O pesquisador também destaca que, para além das questões de saúde física e
envolvimento social, os estudos mais recentes na área mostram que pessoas ativas
apresentam menos transtornos psicológicos, como ansiedade e depressão.
Leia a reportagem na íntegra clicando aqui.

Dica de leitura: artigo – Avaliação na Educação Física escolar


No artigo Avaliação na Educação Física escolar: analisando as experiências das
crianças em três anos de escolarização, Wagner dos Santos e demais autores da
Universidade Federal do Espírito
Santo discorrem sobre práticas avaliativas na Educação Física Escolar com um grupo de
crianças do 6º ano do Ensino Fundamental. De acordo com os autores, a análise
realizada coloca em evidência a potencialidade no uso dos diários como prática
avaliativa longitudinal, pois as crianças sinalizam a maneira processual com que
atribuem complexidade aos seus aprendizados. Vale a pena conferir o artigo para
observar estes e outros apontamentos interessantes.
SANTOS, W. dos et al. Avaliação na educação física escolar: analisando as
experiências das crianças em três anos de escolarização. Movimento, v. 25, 2022.
Aula 4
AVALIAÇÃO E QUALIDADE DE ENSINO
A avaliação é um elemento que faz parte do processo de ensino-
aprendizagem e, dentro da prática pedagógica, a avaliação
integra-se ao saber, ao pensar e ao aprender, a partir das
metodologias e dos objetivos adotados pelos professores.
20 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante!
A avaliação é um elemento que faz parte do processo de ensino-aprendizagem. Nesse
sentido, dentro da prática pedagógica, a avaliação integra-se ao saber, ao pensar e ao
aprender, a partir das metodologias e dos objetivos adotados pelos professores. Nesse
ponto, é fundamental para o processo avaliativo que o professor tenha como base três
questões básicas: Como posso avaliar a aprendizagem? Como acontece o fluxo do
desenvolvimento da atividade educacional? Quais são as relações entre a avaliação e a
escola como um todo? Como funciona o processo avaliativo? Dessa forma, você, como
futuro profissional, mergulhando no seu cotidiano, vai compreender que, na vida
escolar, ao conhecer os elementos do processo avaliativo, vai criar seu próprio estilo de
ensinar e avaliar, construindo formas de saber e de fazer, de forma pessoal e coletiva de
agir, mas sempre com base nas três questões básicas do processo avaliativo.
Desejo a você bons estudos!

CONCEITUANDO O PROCESSO AVALIATIVO NA EDUCAÇÃO


FÍSICA ESCOLAR

A avaliação educacional tem sido elemento de estudos no Brasil desde a década de


1930. No entanto, nos últimos anos, intensificou-se a reflexão sobre essa temática,
assumindo formas diversas como objeto de estudo. Quanto à Educação Física,
especificamente, é possível afirmar que os estudos no campo da avaliação começaram a
expressar suas reflexões em meados da década de 1970.
A avaliação em Educação Física Escolar é caracterizada como um processo que permite
acompanhar o ensino-aprendizagem e gerar informações periódicas quantitativas e
qualitativas, para o professor e para o aluno. Avaliar, também em Educação Física,
caracteriza-se como um diagnóstico, mas com objetivo de perceber possíveis falhas no
processo ensino-aprendizagem e nunca uma forma de punir e rotular o processo de
ensino.
A avaliação é muitas vezes elaborada de acordo com o planejamento realizado pelo
professor bem antes do início de suas aulas, o que lhe permite o privilégio de
acompanhar o desempenho dos alunos, com o fim de verificar se os objetivos propostos
no planejamento estão sendo atingidos ou não. Nesse processo de acompanhamento, o
aluno é visto como elemento da avaliação. Nesse ponto, a principal característica da
avaliação passa a ser a representação quantitativa que fornece informações que vai
possibilitar ao professor realizar o seu julgamento por meio dos resultados obtidos pelo
aluno.
Classificar o processo avaliativo é fundamental para o processo de ensino e
aprendizagem. Dessa forma, podemos classificá-lo em três fases importantes, que são:
 A diagnóstica: observação das condutas de entrada ou de início do processo do
ensino.
 A formativa: observação de como o processo de ensino está acontecendo.
 A acumulativa: avaliação do resultado do processo do ensino.

A escola é o lugar da palavra, da linguagem, ou de outras formas de


simbolização do mundo, do texto, dos saberes sistematizados cujo modo de
existência é a linguagem, por isso sua valorização da dimensão falar de em
contraposição ao fazer com, sobretudo, nas práticas avaliativas.

(SANTOS et al., 2013, p. 889)


Com esse fundamento de classificação, a avaliação se caracteriza com uma ação
sistemática de registro e acompanhamento, por parte de alunos e professores
simultaneamente, por meio de seus processos formativos com possibilidade de construir
espaço e tempo para que participem ativamente.

Nessa configuração, avaliar é essencialmente uma prática de questionar,


questionar-se, sendo necessário observar e promover experiências educativas
que signifiquem provocações intelectuais relevantes na direção da formação.

(SANTOS et al., 2013, p. 892)


Nesse sentido, apesar da centralidade da prática avaliativa estar no aluno, ela não pode
se restringir aos seus processos de aprendizado, ou seja, apenas perguntar por que
alguns alunos aprendem e outros não não é suficiente. Contudo, é preciso adquirir uma
dinâmica que favoreça a aprendizagem de cada um e os mecanismos utilizados para
responder às questões.

COMPREENDENDO O PROCESSO DE AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA


NA EDUCAÇÃO FÍSICA

As avaliações estabelecem uma relação para além do diagnóstico e das propostas de


mensuração entre alunos e professores da Educação Física, fornecendo indicadores para
o desenvolvimento do processo do ensino assinalando trilhas não percebidas, que devem
ser consideradas e exploradas dentro da singularidade das práticas pedagógicas.

As avaliações se encontram a serviço da ação em processo, alimentando e


reorientando o percurso da aprendizagem do estudante, não havendo “a
avaliação”, mas um conjunto de avaliações que sinalizam o caminhar dos
alunos, dos professores, das instituições formativas, no seu processo de
aprender, ensinar e formar.

(SANTOS et al., 2013, p. 892)


Avaliar é compreendido como um processo, que remete a parâmetros determinados,
escolhidos e confrontados, com objetivo de qualificar ou quantificar. Estes referenciais
de qualidades e quantidades são utilizados para que possamos entender em qual nível
está aquela qualidade ou quantidade que se pretende qualificar ou quantificar. Dessa
forma, a partir desse confronto, podem ser compreendidos como bons, quando se
encontram próximos aos valores de referência, ou ruins, quando distantes desses
valores. No entanto, essa é uma das formas de se avaliar especificamente, ou uma forma
geral no processo avaliativo, porém, não é a única.
Um ponto importante para compreender o método de avaliar é por meio da construção
do conhecimento entre professor e aluno, relacionando com o ensino e aprendizagem, o
que torna esse processo de avaliação participativo, qualitativo e contínuo, dentro do
planejamento traçado pelo professor à luz dos conhecimentos prévios dos alunos, de
suas condições sociais, físicas e afetivas.

A ação de avaliar demanda, portanto, uma atitude política de analisar a


realidade, de interrogar e interrogar-se. Como prática de pesquisa, ela permite,
por meio das pistas e dos indícios produzidos pelos praticantes escolares,3
evidenciar os processos de ensino-aprendizado construídos, em construção e
ainda não construídos, oferecendo elementos para se projetar outros caminhos
e percursos.

(SANTOS et al., 2015, p.208)


Algumas escolas utilizam a prova como único instrumento no processo de avaliação no
decorrer do desempenho dos alunos durante o período de ensino. No entanto, a
avaliação ganha importância dentro do contexto educacional quando, de fato, os
objetivos forem definidos com as práticas metodologicamente desenvolvidas. E
particularmente na disciplina Educação Física podem ser desenvolvidos e utilizados
vários instrumentos de caráter avaliativo, a saber:

 Estratégias metodológicas no campo sócio comportamental: Autotestagem,


jogos de competição e cooperação, sequências pedagógicas, demonstração,
descobrimento guiado, resolução de problemas, jogos de mímica e expressão
corporal, grandes jogos, jogos simbólicos, jogos rítmicos, exercícios em duplas,
trios, grupos, com e sem material, circuito, aulas com música, aulas historiadas,
jogos pré-desportivos, gincanas, campeonatos, festivais.
 Estratégias metodológicas no campo cognitivo: discussões sobre temas da
atualidade ligados à cultura corporal de movimento, leitura de textos, dinâmicas
de discussão em grupo, matérias de jornais e revistas, uso de vídeo/TV
(produções específicas ou gravações de programas da TV), mural de notícias e
informações sobre esporte e outras práticas corporais, organização de
campeonatos pelos próprios alunos, trabalhos escritos, pesquisas de campo, entre
outros.

APLICANDO O PROCESSO AVALIATIVO NA EDUCAÇÃO FÍSICA


ESCOLAR
A aplicação do método de avaliação na Educação Física precisa ser realizada com um
acompanhamento psicopedagógico, para que, assim, sejam contemplados os aspectos
cognitivos e afetivos, além do uso de metodologias que possam auxiliar o professor no
processo avaliativo. Apesar de ser um processo complexo, uma avaliação de qualidade
precisa abranger esses fatores, pois, ao avaliar, o professor não pode jamais se esquecer
da história de vida do aluno, do seu lado afetivo, emocional, ou seja, precisa englobar o
aluno por inteiro. Mas, infelizmente, na maioria das vezes, a avaliação que predomina
na escola em Educação Física é voltada para a aptidão física. Nesse ponto, no âmbito da
Educação Física, a avaliação educacional deve ser analisada de forma ampla,
contextualizada e inserida dentro do projeto político-pedagógico da escola e não restrita
a métodos, procedimentos técnicos e aplicação de testes físicos.
Como estratégia para avaliar o aluno na Educação Física, o professor deve utilizar três
princípios:

 Primeiro: o aluno precisa enfrentar os desafios que são colocados em situações


de jogos e competições, respeitando as regras e adotando uma postura
cooperativa.
 Segundo: o professor precisa estabelecer algumas relações entre a prática de
atividades corporais e a melhora da saúde individual e coletiva do seu aluno.
 Terceiro: o professor precisa valorizar e apreciar diversas manifestações da
cultura corporal, identificando suas possibilidades de lazer e aprendizagem.

Particularmente, para a Educação Física avaliar implica ajudar o aluno a


perceber as suas facilidades, as suas dificuldades e, sobretudo, pretende ajudá-
lo a identificar os seus progressos de tal modo que tenha condições de
continuar avançando.

(DARIDO, 2012, p. 127)


As práticas corporais produzidas pelos docentes podem serem sinalizadas como um
instrumento avaliativo do tipo diagnóstico. Nesse sentido, o diagnóstico tem como
objetivo produzir elementos para que os professores se orientam e definem sua atuação
pedagógica.
Vejamos agora um exemplo: uma professora queria identificar, por meio de desenhos
feitos pelos os alunos, o que eles aprenderam durante o semestre.

Figura 1 | Desenho de uma aluna do 1º ano sobre o que aprendeu na Educação Física

Fonte: Santos et al. (2015, p. 209).


As imagens e a escrita projetam o que esse aluno vivenciou nas aulas de Educação
Física, como pular corda, jogar vôlei, brincar de peteca e ginástica. Nesse sentido, um
feedback é fundamental para que os professores tenham uma visão acerca do ensino e
aprendizagem para assim, buscar métodos de avaliação educacional.

(...) o aprender pode se constituir em uma apropriação de um saber que não se


possui e cuja forma de existência se inscreve em livros, monumentos ou obras
de arte, chamado de saber-objeto; (...) é um saber que se inscreve em um lugar
de apropriação do mundo, de um conjunto de significações passadas, o corpo,
e é denominado saber de domínio. O aprender também se constitui em uma
relação epistêmica de domínio, porém não de uma atividade, mas de uma
relação. O aprender é tornar-se capaz de regular a relação consigo mesmo,
com os outros e encontrar a distância conveniente entre si e os outros,
intitulado saber relacional.

(SANTOS et al., 2015, p. 210, )


Dessa forma, os instrumentos utilizados por essa professora demonstram uma
perspectiva fundamentada e suas práticas pedagógicas e avaliativas. As análises dos
registros evidenciam a avaliação como um elemento de registro e interpretação,
baseadas no exercício de leitura, valores e tomadas de decisão.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, convido você agora a aprofundar um pouco mais seu conhecimento
acerca da avaliação e qualidade de ensino, assistindo à videoaula. Apontarei as
estratégias de avaliação do ensino com base no que é visto e vivenciado no cotidiano
das escolas e algumas características bastante discutíveis na Educação Física, pois o
cenário dessa disciplina na escola hoje permite fazer uma reflexão acerca do processo
avaliativo educacional.
Desde já, desejo bons estudos!

Saiba mais

Caro estudante!
Convido você agora a aprofundar um pouco seu conhecimento acerca da avaliação e
qualidade de ensino da Educação Física, fazendo a leitura de um artigo científico!
Desejo uma boa leitura!
Aula 5
REVISÃO DA UNIDADE
24 minutos

PERCORRENDO OS CAMINHOS DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL

O objetivo de avaliar remete a parâmetros que são determinados para qualificar ou


quantificar determinado processo que se pretende definir, conhecer, acompanhar,
aprimorar uma aprendizagem. E, a partir disso, ou seja, a partir dessas qualidades e
quantidades referenciais, como o próprio nome nos sugere, fazer uso de ferramentas que
possam entender em que grau está essa aprendizagem.
Para uma prática educacional sustentada pela ótica que vê o ser humano como sujeito
transformador em ação e formação, necessitamos visualizar que a avaliação faz parte de
uma engrenagem de funcionamento didático que contribui para o processo de ensino e
aprendizagem. Especificamente quando os professores tomam conhecimento dos tipos
de avaliação que são disseminados no âmbito educativo e das possibilidades de se ter
uma formação educativa que torna a avaliação uma ação que pode determinar a
qualidade e quantidade da aprendizagem durante o processo de ensino.

Assim, o ato de avaliar se inscreve num contexto quantitativo e qualitativo, o


qual envolve aspectos técnicos e metodológicos, e, com isso, refere-se à
epistemologia e à metodologia de medidas, geralmente classificatória e
hierárquica. Com esse contexto, subentende-se que a ação avaliativa tem
funções definidas e processa-se com intuitos variados e, consequentemente,
com realidades operacionais também distintas.

(RODRIGUES, 2003, p. 12)


Avaliar, muitas das vezes, implica julgar, estimar, classificar e interpretar, fundamentos
que são fundamentais ao processo educacional. As interações pedagógicas que
acontecem nas aulas da Educação Física começam a ter grande relevância para que se
possa identificar e descrever o processo de ensino e aprendizagem, sob forma de
comportamentos de ensino e realização dos alunos. Nesse sentido, algumas variáveis de
contexto são importantes de serem abordadas nesse processo avaliativo, variáveis que
não são controladas diretamente pelo professor, mas que existem no ambiente de
estabelecimento com relações de ensino e aprendizagem, que são: ambiente físico
escolar, turma de alunos, experiência pessoal e individualidade de cada um dos
envolvidos, aptidões físicas, intelectuais, sociais entre outras.

É notável destacar que o termo avaliação sugere compreensões diversas, que


podem ser observadas nas próprias denominações correlacionadas.
Percebemos que existe uma intercambialidade na terminologia avaliação,
podendo encontrar os termos testagem, mensuração e diagnóstico. Porém o
que nos parece claro é que, mesmo considerando todos esses termos, o que
está em foco é uma tomada de decisão em que, segundo critérios definidos,
torna-se público o gatilho da fundamentação da decisão a ser precedida.

(RODRIGUES, 2003, p. 15)


Com esse conhecimento, é extremamente importante que o professor faça uma reflexão
acerca do processo de reconhecimento de uma bom método de avaliação, pois, muitas
vezes, o ato de avaliar incorpora a comparação com o produto final, ou seja, apenas o
resultado, tendo como base o modelo de referência inscrito no profissional que avalia.

REVISÃO DA UNIDADE

Olá, estudante!
Neste vídeo resumo da Unidade 3, convido você a aprofundar seu conhecimento acerca
da Avaliação na Educação Física Escolar. Neste vídeo apontarei os caminhos
contextuais para o processo avaliativo, sua importância e aplicação durante as aulas de
Educação Física dentro do ambiente escolar.
Desde já, desejo bons estudos!

ESTUDO DE CASO

A avaliação permite aos professores assumirem compromissos coletivos, medindo


decisões tomadas quanto às orientações curriculares, sempre atentos a adequar o nível
de objetivos ou procedendo a alterações e reajustes na composição curricular, caso
considerem necessário para o ensino e aprendizagem do aluno.
Para contextualizar sua aprendizagem, em uma situação hipotética, um determinado
professor de Educação Física enfatizava a avaliação de ensino e aprendizagem dos seus
alunos por meio da medição, desempenho das capacidades físicas, as habilidades
motoras e, em alguns casos, o uso das medidas antropométricas. No método do
professor, o aluno era avaliado por testes físicos ou pelo seu desempenho nos esportes.
A avaliação era voltada apenas para o resultado final e desempenho do aluno em relação
ao esporte, ou seja, se o aluno dominasse os fundamentos e as táticas do jogo já estava
gerando resultados, independentemente de como chegou a esse nível de aprendizagem.
A nota da avaliação não era informada aos alunos, o professor não explicava aos alunos
os objetivos dos testes e tampouco havia vinculação entre estes e o programa
desenvolvido ao longo do ano. Nesse sentido, todos os alunos eram submetidos aos
testes e, muitas vezes, expostos ao sentimento de incompetência e de vergonha. Alguns
alunos nem gostavam de participar das atividades durante as aulas, mas precisavam ter
uma nota. A nota era resultado exclusivo do desempenho do aluno nas aulas, ou seja, se
o aluno tinha um bom desempenho, sua nota era máxima, não importando o seu nível
inicial, nem o seu conhecimento sobre questões conceituais do esporte, ou
desenvolvimento de suas atitudes e valores nas aulas. Resumidamente, para esse
professor avaliar era: aplicar testes em prazos determinados, restrito ao domínio motor,
uma atividade que se realiza somente no final de um prazo, atribuir uma nota ou um
conceito, punir, mais importante do que ensinar, medir e quantificar e cumprir uma
exigência burocrática. Na sua opinião, quais seriam os critérios de avaliação que o
professor poderia utilizar para avaliar e atribuir notas aos seus alunos, pensando-se em
uma avaliação educacional voltada para formação integral de homens e mulheres? Falta
iniciativa do professor de tratar a avaliação como um processo que interessa a todos?
Sobre maneiras de realizar a avaliação, são poucos os instrumentos avaliativos?

Reflita

Olá, estudante!
A avaliação na Educação Física continua a ser um tema muito importante, uma vez que
ainda são levantadas muitas questões entre os profissionais da área quanto à sua
operacionalização. Sabendo que avaliar é lançar um julgamento preciso ou não, sobre
uma realidade quantificável ou não, depois de ter realizado ou não uma medição,
podemos considerar que o ato de avaliar tem um caráter subjetivo. Nesse sentido,
depende da interpretação e do conhecimento que o avaliador tem sobre as disciplinas de
ensino. Isso determina que existe uma diversidade de interpretação da realidade que
emerge da relação estabelecida na operacionalização mobilizada pelo professor em
relação ao seu aluno, pois do ponto de vista didático e teórico esse método de avaliação
educacional precisa estar claro. Nesse ponto, pergunto a você: Qual a pertinência da
avaliação na Educação Física? Qual seria o momento ideal para realizar a avaliação?
Quais instrumentos, meios e conteúdo podem ser utilizados durante a avaliação? Como
são utilizados e interpretados os dados da avaliação? Reflita.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

A avaliação assume um papel de extrema importância no processo educativo da


Educação Física, pois é considerada um importante instrumento que pode definir o
futuro dos alunos. Nesse sentido, a literatura apresenta alguns constrangimentos quanto
à sua função efetiva frente alguns profissionais que usam a avaliação educacional como
forma de controle, enquanto outros procuram mostrá-la como modo de reconhecimento.
Com esse conhecimento, os professores e também as escolas precisam ter um método
designado como uma avaliação inicial, que deve englobar um conjunto de instrumentos
de avaliação dos alunos com objetivo principal de realizar uma avaliação diagnóstica e
prognóstica. Esta permite identificar o nível inicial de cada turma e de cada aluno em
particular relativamente ao nível em que se encontra na disciplina Educação Física,
possibilitando obter informações que são relevantes para definir as bases da
diferenciação do ensino e decidir quais as prioridades formativas e os objetivos
prioritários.
A avaliação inicial corresponde a um processo decisivo na orientação e planeamento do
seu trabalho com a turma e objetiva caracterizar o potencial de desenvolvimento de cada
um dos alunos. Além disso, a avaliação inicial permite aos professores:

 Buscar dados para orientar a formação de grupos em diferentes níveis dentro da


turma.
 Ensinar a estabelecer rotinas de organização e normas de funcionamento.
 Identificar conteúdos importantes e aspetos críticos do seu desenvolvimento.
 Ter acesso a informações para definir prioridades de desenvolvimento para a
etapa seguinte.
 Identificar alunos cujas caraterísticas mostrem necessidades específicas.
 Perceber a reação dos alunos às instruções de feedback.

Nesse ponto, quando o professor busca avaliar por meio da observação e desempenho
do aluno em relação ao esporte, ou seja, se o aluno dominar os fundamentos e as táticas
do jogo está gerando resultados, independentemente de como chegou a esse nível de
aprendizagem, prejudica sua aprendizagem, não permitindo ao aluno saber, por
exemplo, acerca da perspectiva histórica das práticas corporais, suas transformações ao
longo da história, a diferença da prática do esporte entre os diferentes países, quais
capacidades físicas envolvidas nas práticas corporais entre outros. Portanto, precisamos
ir além de avaliar a participação e a motivação dos alunos, embora esse seja um aspecto
importante a ser incorporado na avaliação.

RESUMO VISUAL

Estrutura da avaliação educacional na educação física


Fonte: elaborado pelo autor.

REFERÊNCIAS
Vamos começar?

EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A Educação Infantil é uma etapa da educação básica que tem como objetivo principal
proporcionar às crianças experiências de aprendizagem que favoreçam seu
desenvolvimento integral. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), a Educação Infantil deve ser oferecida em creches para crianças de 0 a
3 anos e em pré-escolas para crianças de 4 e 5 anos.
Essa etapa da educação tem como princípio a valorização da criança como sujeito de
direitos, reconhecendo suas especificidades, potencialidades e limitações. A Educação
Infantil deve promover um ambiente acolhedor e seguro, em que as crianças possam se
expressar livremente e explorar o mundo à sua volta.
Devemos destacar também a importância da afetividade no ambiente educacional da
Educação Infantil. Segundo Silva (2021), a afetividade deve ser considerada como uma
dimensão essencial no processo educativo, pois proporciona segurança emocional e
afetiva às crianças. Além disso, é fundamental que a afetividade esteja presente nas
relações entre professores, crianças e famílias, possibilitando um ambiente acolhedor e
afetivamente seguro.
A Educação Física na Educação Infantil tem como objetivo principal contribuir para o
desenvolvimento motor e cognitivo das crianças, por meio de atividades que promovam
o movimento e a exploração do corpo em diferentes situações e contextos. Nessa etapa
formativa, as atividades de Educação Física devem ser lúdicas, prazerosas e
desafiadoras, permitindo que as crianças experimentem diferentes movimentos,
habilidades e desafios.
De acordo com Buss-Simão (2013), a Educação Física na Educação Infantil deve
priorizar o desenvolvimento da coordenação motora ampla e fina, do equilíbrio, da
lateralidade, da noção de espaço e tempo, da percepção corporal e da consciência
corporal. Além disso, é importante que as atividades de Educação Física sejam
integradas com as demais áreas do conhecimento, como a linguagem, a matemática, a
ciência e a arte.
A disciplina de Educação Física na Educação Infantil possui características próprias,
que a diferenciam das demais etapas da Educação Básica. Nessa etapa formativa, as
atividades de Educação Física devem ser desenvolvidas de forma integrada com as
demais áreas do conhecimento, favorecendo o desenvolvimento global das crianças.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Física na
Educação Infantil deve contemplar quatro eixos: corpo, gestos e movimentos; vivências
e práticas de jogo; esporte e atividades rítmicas e expressivas. Esses eixos devem ser
trabalhados de forma lúdica, respeitando as necessidades e interesses das crianças.
Em suma, a caracterização da Educação Infantil como uma etapa formativa que engloba
as dimensões cognitiva, afetiva, social e física das crianças é fundamental para que se
compreenda a complexidade e a importância desse período na formação dos indivíduos.
A contextualização e caracterização da Educação Física na Educação Infantil também se
mostra essencial, uma vez que essa disciplina deve ser abordada de forma lúdica e
prazerosa, valorizando a diversidade corporal e cultural dos alunos. Ainda, a afetividade
e as relações interpessoais são fundamentais para a construção de um ambiente
educacional acolhedor e afetivamente seguro.

O CORPO E A MOBILIDADE MOTORA AVANÇAM

A Educação Infantil é uma etapa formativa fundamental na vida das crianças, que tem
como objetivo desenvolver integralmente as potencialidades das mesmas. Nesse
contexto, a Educação Física desempenha um papel importante, uma vez que contribui
para a formação física, psicológica e social dos indivíduos.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (Lei nº
9.394/1996), a Educação Infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade. Essa etapa da educação é considerada fundamental,
uma vez que é na infância que se estabelecem as bases para o desenvolvimento humano.
A Educação Infantil, portanto, deve ser pensada como um processo de formação integral
da criança, que envolve aspectos cognitivos, afetivos, motores e sociais. Nesse sentido,
é importante destacar que a Educação Infantil não se limita a atividades lúdicas e
recreativas, mas deve ser estruturada de forma a contribuir para o desenvolvimento da
criança como um todo.
A Educação Física na Educação Infantil tem como objetivo contribuir para o
desenvolvimento físico, motor e social das crianças, por meio da prática de atividades
lúdicas e recreativas. Através das atividades propostas, as crianças têm a oportunidade
de explorar seus corpos, desenvolver habilidades motoras, aprender regras e normas de
convivência social, além de ampliar suas possibilidades de comunicação.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), a Educação
Física na Educação Infantil deve estar voltada para o movimento e a expressão corporal,
e não para a competição. Dessa forma, as atividades propostas devem ser desafiadoras e
significativas para as crianças, e não serem usadas para avaliar ou selecionar os alunos.
Segundo Rolim (2004), a Educação Física na Educação Infantil deve estar baseada em
atividades lúdicas, que permitam às crianças vivenciar experiências corporais prazerosas
e significativas, favorecendo o processo de aprendizagem e o desenvolvimento da
identidade corporal.
A disciplina de Educação Física nesta etapa formativa deve ser pensada de forma a
contribuir para o desenvolvimento integral das crianças, e não apenas para o
desenvolvimento físico e motor. Nesse sentido, é importante que as atividades propostas
estejam alinhadas com os objetivos da Educação Infantil, que incluem o
desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e social.
De acordo com Zaminiani (2019), a Educação Física na Educação Infantil pode
contribuir para o desenvolvimento das habilidades sociais e emocionais das crianças,
como a capacidade de trabalhar em grupo, a comunicação, a cooperação e a resolução
de conflitos.
A Educação Física na Educação Infantil deve ser estruturada de forma a contribuir para
o desenvolvimento das habilidades motoras das crianças, bem como para o
desenvolvimento de suas capacidades cognitivas e sociais. Para isso, é importante que
as atividades propostas sejam adequadas a sua maturidade física e intelectual.

EDUCAÇÃO FÍSICA PARA AS CRIANÇAS: TEORIA E PRÁTICA

As crianças de 0 a 5 anos estão inseridas dentro do perfil da Educação Infantil. Segundo


o Ministério da Educação (MEC), a Educação Infantil tem como objetivo desenvolver
as capacidades físicas, emocionais, sociais e cognitivas da criança, promovendo a
formação de valores éticos, culturais e estéticos. É nesta etapa que a criança começa a se
relacionar com o mundo e a construir suas primeiras noções de identidade, autonomia e
cidadania.
A Educação Física na Educação Infantil deve estar baseada em atividades lúdicas, que
permitam às crianças vivenciar experiências corporais prazerosas e significativas,
favorecendo o processo de aprendizagem e o desenvolvimento da identidade corporal.
Para Ribeiro (2021), o objetivo é desenvolver a coordenação motora ampla e fina, o
equilíbrio, a lateralidade, a noção de espaço e tempo, a percepção corporal e a
consciência corporal. Além disso, é importante que as atividades de Educação Física
sejam integradas com as demais áreas do conhecimento, como a linguagem, a
matemática, a ciência e a arte.
Na Educação Infantil, a disciplina de Educação Física deve estar presente desde o início
do ano letivo, proporcionando atividades que contribuam para o desenvolvimento motor
e cognitivo das crianças. É importante que o professor planeje as atividades de forma
criativa e contextualizada, levando em consideração o universo infantil e as
características individuais de cada criança.
Na disciplina de Educação Física, o professor deve respeitar as limitações e
possibilidades de cada criança, oferecendo atividades que promovam o desenvolvimento
das habilidades motoras, sem forçar o seu ritmo de aprendizagem. O objetivo é que a
criança vivencie experiências corporais agradáveis e desafiadoras, que contribuam para
o desenvolvimento de sua identidade corporal e da sua autoestima.
Para isso, é importante utilizar uma abordagem lúdica e prazerosa, que possibilite a
vivência de experiências significativas para as crianças. Segundo Garanhani (2011), as
atividades devem ser desafiadoras, mas ao mesmo tempo acessíveis para as crianças,
respeitando seus limites e possibilidades.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (2018), a Educação Física na
Educação Infantil deve contemplar conteúdos como, jogos e brincadeiras que levem os
alunos ao desenvolvimento de habilidades motoras básicas, tais como correr, saltar,
arremessar, entre outras. Também vivências lúdicas que favoreçam o desenvolvimento
motor e social das crianças. Além disso, podem ser inseridos esportes, desde que
adaptados à realidade das crianças, que promovam a aprendizagem de valores como
respeito, cooperação e fair play. Também temos a ginástica com a realização de
atividades que visem aprimorar a consciência corporal, o equilíbrio, a coordenação e a
flexibilidade. E as danças com suas experiências de diferentes formas de movimento e
ritmos musicais, que favoreçam a expressão corporal e a criatividade.
Além disso, é importante que as atividades de Educação Física na Educação Infantil
sejam adaptadas às necessidades e características de cada grupo de crianças, respeitando
seu desenvolvimento cognitivo, motor e socioafetivo.
Por fim, destaca-se a necessidade de o professor de Educação Física atuar de forma
reflexiva e crítica, buscando sempre aprimorar sua prática pedagógica e contribuir para
a formação integral dos seus alunos. Dessa forma, esperamos que este texto possa
contribuir para a reflexão sobre a importância da Educação Física na Educação Infantil
e para o desenvolvimento de práticas pedagógicas cada vez mais eficientes e
significativas.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula sobre Aspectos metodológicos no ensino
da Educação Física poderemos compreender um pouco mais sobre a caracterização da
Educação Infantil, como surgiu e quais suas características, a contextualização da
Educação Física na Educação Infantil e como podemos incorporar as práticas corporais
no universo infantil de maneira lúdica e atrativa e, por fim, as principais características
do ensino da disciplina de Educação Física nesta etapa formativa. Vamos lá?

Saiba mais

Dica de leitura: artigo - O/a professor/a de educação física na


educação infantil
Neste artigo, o objetivo foi analisar a participação do professor de Educação Física na
Educação Infantil da rede pública de ensino de Jundiaí, SP. Foi realizada uma pesquisa
qualitativa que consistiu em observar 50 aulas de Educação Física em 4 escolas e
conduzir entrevistas semi-estruturadas com os 4 professores observados e as 4
coordenadoras pedagógicas. Verificou-se que a prefeitura fornece materiais didáticos e
horários de capacitação para esses especialistas, porém eles ainda carecem de maior
integração e valorização no contexto escolar. Também foram identificadas condições
estruturais inadequadas e uma falta de ênfase na tematização da Cultura Corporal nas
escolas. Apesar de o estudo ter sido realizado em uma cidade do interior de São Paulo, a
amostra e os dados coletados podem servir de comparação e até de referência para
análises em outras cidades.
BONFIETTI, P. E. et al. O/a professor/a de educação física na educação
infantil. Revistaambienteeducação, v. 12, n. 1, p. 160-176, 2019.

Dica de leitura: livro - Organização e didática na Educação


Infantil
Mesmo não sendo especificamente de Educação Física, esta obra é importante para que
se tenha um conhecimento mais amplo e geral sobre a Educação Infantil. Este livro
aborda conhecimentos essenciais para profissionais que atuam ou desejam atuar na
Educação Infantil, oferecendo uma base sólida para a organização e didática necessárias
nessa área. A Educação Infantil é a primeira etapa da educação básica e atende crianças
de até cinco anos de idade. O trabalho com essa faixa etária requer atenção especial para
aspectos como alimentação, higiene, saúde, socialização, afetividade e formação
educacional adequada. Na prática, surgem muitas dúvidas sobre como desenvolver
atividades significativas para as crianças, como planejar e considerar o desenvolvimento
infantil. As reflexões e orientações presentes neste livro ajudam a compreender e
solucionar essas e outras questões fundamentais no trabalho com crianças pequenas.
JARDIM, T. M. S.; PROSCÊNCIO, P. A. Organização e didática na educação
infantil. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017.

Aula 2
ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL
Nessa aula vamos abordar o tema da Educação Física no Ensino
Fundamental, que é uma fase crucial na vida dos estudantes,
marcada por transformações físicas, cognitivas e sociais, período
que se estabelecem as bases para o desenvolvimento de
competências e habilidades essenciais ao longo da vida.
26 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante. Nessa aula vamos abordar o tema da Educação Física no Ensino
Fundamental, que é uma fase crucial na vida dos estudantes, marcada por
transformações físicas, cognitivas e sociais. É nesse período que se estabelecem as bases
para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais ao longo da vida.
Vamos caracterizar e contextualizar a Educação Física no Ensino Fundamental,
explorando como essa disciplina se encaixa no currículo escolar e como suas práticas
contribuem para o desenvolvimento dos estudantes. Além disso, discutiremos a
importância da Educação Física como componente curricular, considerando suas
contribuições para a promoção da saúde, a formação de valores e a construção de uma
cultura de movimento.
Ao longo da unidade, examinaremos as diretrizes e as referências normativas que
norteiam a Educação Física no Ensino Fundamental, como a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), que estabelece os conhecimentos, as habilidades e as competências
a serem desenvolvidos nessa disciplina.
Vamos começar?

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

O Ensino Fundamental é a etapa mais longa da educação básica: são 9 anos de estudo e
os alunos se encontram na faixa etária média de 6 a 14 anos. A Base Nacional
Curricular Comum (2018) divide essa fase em Anos Iniciais (do 1º ao 5º ano) e Anos
Finais (6º ao 9º ano). O Ensino Fundamental é uma etapa essencial da educação básica,
na qual os alunos adquirem conhecimentos fundamentais e desenvolvem habilidades
cognitivas, sociais e emocionais. Segundo Vygotsky (1998), é nesse período que ocorre
a consolidação dos processos mentais superiores, proporcionando a base para
aprendizagens futuras. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº
9.394/96 destaca a importância do Ensino Fundamental como um direito de todos e
ressalta sua função na formação básica do cidadão. Nesse sentido, o documento da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018) estabelece os objetivos e conteúdos a serem
desenvolvidos nessa etapa, visando garantir uma educação de qualidade.
Para os anos iniciais, a BNCC aponta para uma articulação com as experiências
vivenciadas na Educação Infantil – como por exemplo, reconhecer a importância de
ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a
manutenção de ambientes saudáveis e expressar ideias, desejos e sentimentos em
distintas situações de interação, por diferentes meios.
A Educação Física é uma disciplina que contribui significativamente para o
desenvolvimento global dos alunos. Segundo Siedentop (2011), ela promove o
desenvolvimento motor, a aquisição de habilidades psicomotoras, o conhecimento sobre
o corpo e seus movimentos, além de estimular a socialização, a cooperação e o respeito
mútuo. Através das manifestações da cultura corporal de movimento, os alunos podem
adquirir valores como disciplina, superação, trabalho em equipe e resiliência.
De maneira a contextualizar o ensino da Educação Física, é essencial tornar as aulas
mais relevantes e significativas para os alunos. Ao relacionar os conteúdos e atividades
com a vida cotidiana dos estudantes, é possível despertar maior interesse, engajamento e
compreensão. Segundo Taffarel (2012), a contextualização proporciona uma
aprendizagem mais significativa, pois permite aos alunos relacionar os conhecimentos
adquiridos na Educação Física com suas experiências pessoais, sociais e culturais.
Além disso, a Educação Física no contexto atual contribui para a formação de cidadãos
críticos e reflexivos, capazes de compreender e enfrentar os desafios do mundo atual.
Ao explorar temas relevantes, como saúde, meio ambiente, diversidade cultural e
inclusão social, a Educação Física contextualizada promove a reflexão sobre questões
sociais e estimula a tomada de consciência e a ação transformadora.
A tematização também é uma estratégia eficaz de contextualização. Por meio da escolha
de temas relevantes, como as Olimpíadas, os Jogos Paralímpicos ou grandes eventos
esportivos, é possível explorar conteúdos da Educação Física de forma integrada,
abordando aspectos históricos, culturais, geográficos e sociais relacionados aos eventos.
Essa abordagem amplia o repertório dos alunos e os incentiva a refletir sobre a
importância do esporte na sociedade.
A Educação Física no Ensino Fundamental é essencial para o desenvolvimento integral
dos alunos, pois abrange aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. Conforme
preconizado pela BNCC, a disciplina tem como objetivo proporcionar experiências que
estimulem o conhecimento e a valorização do corpo, a prática de atividades físicas e
esportivas, a compreensão de conceitos relacionados à saúde e à qualidade de vida, além
do desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como cooperação, respeito e
autonomia.

DESENVOLVIMENTO DE NOVAS HABILIDADES NO ENSINO


FUNDAMENTAL

No Brasil, as diretrizes curriculares para a Educação Física no Ensino Fundamental são


estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). De acordo com os
PCNs, a Educação Física deve ser tratada como uma disciplina obrigatória em todos os
anos dessa etapa de ensino, sendo parte integrante do currículo escolar.
Segundo o documento, a Educação Física no Ensino Fundamental deve abordar
conteúdos relacionados aos aspectos motores, afetivos, cognitivos e sociais dos alunos.
Além disso, ela deve ser planejada de forma a promover a participação ativa dos
estudantes, o respeito às diferenças individuais e o desenvolvimento de habilidades
essenciais, como o domínio corporal, a capacidade de expressão e a consciência crítica.
Essa disciplina desempenha um papel fundamental na formação integral dos alunos,
contribuindo para o desenvolvimento motor, cognitivo e social. No Ensino
Fundamental, a contextualização da Educação Física se faz necessária para estabelecer
uma conexão significativa entre os conteúdos abordados e a realidade dos estudantes.
Neste texto, discutiremos a importância da contextualização da Educação Física no
Ensino Fundamental, explorando as vantagens desse processo e fornecendo exemplos
de como aplicá-lo.
A Educação Física traz diversas vantagens para o processo de ensino-aprendizagem.
Primeiramente, ela promove o engajamento e o interesse dos alunos, pois torna as aulas
mais significativas e relevantes para suas vidas. Ao perceberem a aplicação prática dos
conteúdos estudados, os estudantes tendem a participar ativamente e a aprofundar seus
conhecimentos.
Além disso, ao contextualizar o que está sendo ensinado, estimula o pensamento crítico
dos alunos, por exemplo ao incentivá-los a refletir sobre as relações entre a Educação
Física e o mundo ao seu redor. Através da análise de questões sociais, culturais e
ambientais, os estudantes desenvolvem habilidades de pensamento crítico, aprendendo a
questionar, argumentar e tomar decisões fundamentadas.
A Educação Física desempenha um papel fundamental tanto nos anos iniciais quanto
nos anos finais do Ensino Fundamental, contribuindo para o desenvolvimento integral
dos alunos. Nos anos iniciais, a Educação Física é crucial para o desenvolvimento
motor, cognitivo e socioafetivo das crianças. Conforme destaca Tani et al. (2011), nessa
fase, a Educação Física contribui para o aprimoramento da coordenação motora,
equilíbrio, percepção espacial e habilidades fundamentais, essenciais para a formação
motora das crianças. Além disso, a Educação Física promove a socialização, o trabalho
em equipe e a construção de valores, como respeito e cooperação.
Nos anos finais do Ensino Fundamental, a Educação Física continua desempenhando
um papel relevante, proporcionando aos alunos experiências diversificadas que
promovem o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional. De acordo com
Darido e Rangel (2012), nessa etapa, a Educação Física tem como objetivo ampliar o
repertório motor dos estudantes, desenvolver a consciência corporal e estimular a
adoção de um estilo de vida ativo e saudável. Além disso, a Educação Física contribui
para a formação de habilidades socioemocionais, como a autoconfiança, a resiliência e o
respeito às diferenças, preparando os alunos para enfrentar os desafios do cotidiano.
O ensino da Educação Física também permite estabelecer conexões interdisciplinares.
Ao relacionar os conteúdos da Educação Física com outras disciplinas, como História,
Geografia, Biologia e Matemática, os alunos ampliam sua visão de mundo e
compreendem a inter-relação entre diferentes áreas do conhecimento. Essa integração
promove uma aprendizagem mais abrangente e significativa.

EDUCAÇÃO FÍSICA DO 1º AO 9º ANO, TEORIA E PRÁTICA

Com a Lei de Diretrizes e Bases de 1996, a Educação Física se torna uma disciplina
obrigatória em todos os anos da Educação Básica. Um dos documentos norteadores da
Educação, a Base Nacional Comum Curricular, coloca como sendo 6 as unidades
temáticas para Educação Física nessa faixa de ensino: Brincadeiras e jogos, Esportes,
Ginásticas, Danças, Lutas e Práticas Corporais de Aventura.
Nessa etapa, a Educação Física assume o compromisso com a qualificação para a
leitura, a produção de vivências das práticas corporais e ao mesmo tempo pode
colaborar com os processos de letramento e alfabetização ao criar oportunidades para
que os alunos leiam e produzam textos relacionados as suas vivências e experiências
com atividades físicas. Lembrando que das 6 unidades temáticas de Educação Física,
Brincadeiras e jogos, Esportes, Ginásticas, Danças, Lutas e Práticas Corporais de
Aventura, essa última não é contemplada nos primeiros 5 anos do Ensino Fundamental,
dando espaço e destaque para as brincadeiras e jogos, as danças e aos esportes (de
campo e taco, marca, precisão, rede/parede e de invasão).
As práticas pedagógicas de Educação Física desempenham um papel crucial na
efetividade do processo de ensino-aprendizagem. É fundamental que os professores
adotem situações de aprendizagem que valorizem a participação ativa dos alunos, o
desenvolvimento de habilidades motoras, a reflexão crítica e a promoção de um
ambiente inclusivo.
De acordo com Darido e Rangel (2012), a abordagem crítico-superadora coloca em
prática questões de poder, interesse, esforço e contestação. Qualquer consideração sobre
a pedagogia mais apropriada deve versar, não somente sobre questões de como ensinar,
mas também sobre como adquirimos conhecimentos, valorizando a questão da
contextualização dos fatos e do resgate histórico e pode ser aplicada também na
Educação Física no Ensino Fundamental. Essa forma de ensino busca ir além da mera
reprodução de técnicas e regras esportivas, priorizando a formação crítica dos alunos e
estimulando a reflexão sobre as questões sociais relacionadas à prática esportiva.
Além disso, a diversidade de práticas esportivas e atividades físicas deve ser
considerada, a fim de atender às diferentes preferências e habilidades dos alunos. É
importante que o professor proporcione atividades variadas, incluindo jogos,
brincadeiras, danças, ginástica, esportes coletivos e individuais. Dessa forma, é possível
garantir a participação e o engajamento de todos os alunos, promovendo a inclusão e
evitando a exclusão de determinados grupos.
Para que as práticas pedagógicas sejam efetivas, é fundamental que os professores
estejam capacitados e atualizados. A formação continuada dos educadores em relação à
Educação Física no Ensino Fundamental é essencial para que eles possam planejar e
executar aulas de qualidade, adequadas às necessidades e interesses dos alunos. A busca
por cursos, capacitações e trocas de experiências entre os profissionais é uma maneira
de enriquecer o repertório pedagógico e aprimorar as práticas em sala de aula.
Em relação à contextualização, os professores de Educação Física podem utilizar
situações reais, temas relevantes e interdisciplinaridade, permitem que os alunos
estabeleçam conexões entre a Educação Física e suas vidas, desenvolvendo habilidades
essenciais para a formação de cidadãos ativos, conscientes e críticos.
É fundamental que os professores estejam capacitados e atualizados, buscando
constantemente práticas pedagógicas inovadoras e alinhadas com as necessidades dos
alunos. Por exemplo, uma aula pode ser dedicada a jogos de handebol adaptados, nos
quais os alunos aprendem fundamentos básicos, como passe, arremesso e defesa, por
meio de atividades divertidas e desafiadoras. A valorização da formação continuada e a
troca de experiências entre os profissionais são importantes para enriquecer as práticas
em sala de aula.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula sobre Aspectos metodológicos no ensino
da Educação Física poderemos compreender um pouco mais sobre a caracterização da
Educação no Ensino fundamental, como surgiu e quais suas características, a
contextualização da Educação Física durante essa fase da educação e como podemos
incorporar as práticas corporais no universo infantil de maneira lúdica e atrativa e, por
fim, as principais características do ensino da disciplina de Educação Física nesta etapa
formativa. Vamos lá?

Saiba mais

Dica de leitura: artigo – A Educação Física no Ensino


Fundamental
Neste artigo, o Prof. Dr. Valter Bracht aborda diversos aspectos relacionados ao ensino
da Educação Física Escolar, das mudanças ao longo dos anos, da compreensão da
disciplina como parte da cultural corporal do movimento, entre outros pontos
importantes. Um dos assuntos relevantes no artigo diz respeito as práticas corporais
historicamente tematizadas pela Educação Física e que se inscrevem fundamentalmente
no amplo espectro do lazer. Dessa foram, a função social desta disciplina estaria
referida sempre mais intensamente ao mundo do lazer, campo fortemente vinculado e
influenciado pela indústria cultural. Desse modo, seria um dos deveres da Educação
Física fornecer aos alunos meios para situar-se, de forma autônoma e crítica, nessa
dimensão da vida social. O artigo pode ser acessado de forma gratuita.
BRACHT, V. A educação física no ensino fundamental. Seminário Nacional do
Currículo em movimento, v. 1, p. 1-14, 2010.

Dica de leitura: artigo - Diferentes concepções sobre o papel da


Educação Física na escola
Neste artigo, a professora Suraya Darido explica sobre a prática da Educação Física
abordando as diversas concepções da disciplina em relação a qual deve ser o papel dessa
disciplina dentro da escola. Essas concepções têm em comum a tentativa de romper com
o modelo mecanicista, esportivista e tradicional. São elas: Humanista; Fenomenológica;
Psicomotricidade, baseada nos Jogos Cooperativos; Cultural; Desenvolvimentista;
Interacionista-Construtivista; Crítico-Superadora; Sistêmica; Crítico-Emancipatória;
Saúde Renovada, baseada nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998);
entre outras. No artigo, a autora coloca dados históricos e cita estudos de diversas
vertentes para levar os leitores a conhecer um pouco mais sobre essas diferentes formas
de ensinar e pensar a Educação Física na atualidade.
DARIDO, S. C. Diferentes concepções sobre o papel da educação física na
escola. Cadernos de Formação: Conteúdos e Didática de Educação Física, São
Paulo, v. 1, p. 34-50, 2012.
Aula 3
ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E EJA
O Ensino Médio é uma fase crucial na formação educacional dos
estudantes, representando uma transição entre a educação básica e
o ingresso na vida adulta, etapa em que os alunos têm a
oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, desenvolver
habilidades e competências essenciais para sua vida pessoal e
profissional.
27 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante. Nessa aula vamos compreender o papel da Educação Física e sua
caracterização tanto no Ensino Médio quanto na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O Ensino Médio é uma fase crucial na formação educacional dos estudantes,
representando uma transição entre a educação básica e o ingresso na vida adulta. Nessa
etapa, os alunos têm a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, desenvolver
habilidades e competências essenciais para sua vida pessoal e profissional.
Por outro lado, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino
destinada a indivíduos que não concluíram seus estudos na idade regular, buscando
garantir o direito à educação e promovendo a inclusão social e a valorização dos
conhecimentos e experiências prévias dos alunos. Ao longo da aula vamos perceber as
características e aplicações da Educação física nessas duas etapas da Educação Básica.
Vamos lá?

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E EJA

O Ensino Médio é uma etapa crucial na formação educacional dos estudantes. De


acordo com Gallardo (2003), essa fase do ensino tem como objetivo aprofundar e
consolidar os conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, preparando os
estudantes para o ingresso no ensino superior ou para o mercado de trabalho. No Ensino
Médio, os alunos estão em uma fase de transição para a vida adulta, e a Educação Física
desempenha um papel importante no desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e
social dos jovens.
Segundo Frutuoso et al., (2022), a Educação Física no Ensino Médio deve ir além da
prática esportiva e contemplar também conteúdos relacionados à saúde, qualidade de
vida, cultura corporal, lazer e cidadania. O foco deve ser a formação integral dos
estudantes, incentivando a prática regular de atividades físicas, o trabalho em equipe, a
cooperação e o respeito mútuo. Nesse contexto, a Educação Física contribui para a
construção de uma consciência crítica e reflexiva sobre a importância da atividade física
na vida dos jovens.
O Ensino Médio é uma etapa crucial na formação educacional dos estudantes, com o
objetivo de aprofundar e consolidar os conhecimentos adquiridos no Ensino
Fundamental, preparando-os para a vida adulta e o prosseguimento dos estudos ou
inserção no mercado de trabalho. Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
(Brasil, 2018), o Ensino Médio deve promover a formação humana integral, o
desenvolvimento das competências gerais e o protagonismo dos estudantes.
A Educação Física nessa etapa formativa da educação básica desempenha um papel
relevante na promoção da saúde e da qualidade de vida dos estudantes. De acordo com
Guedes (2016), a disciplina deve abordar não apenas as práticas esportivas, mas também
temas como saúde, cultura corporal, lazer e cidadania. Contribuindo, assim, para o
desenvolvimento de competências socioemocionais, como o trabalho em equipe, a
cooperação, o respeito mútuo e a consciência crítica sobre a importância da atividade
física na vida dos jovens.
Por sua vez, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino voltada
para aqueles que não concluíram os estudos na idade regular. Segundo a BNCC (Brasil,
2018), a EJA tem como objetivo promover a equidade educacional, a inclusão social e a
redução das desigualdades, possibilitando que jovens e adultos retomem seus estudos e
tenham acesso a melhores oportunidades no mercado de trabalho.
No contexto da EJA, a Educação Física desempenha um papel significativo na
promoção da saúde e da qualidade de vida dos estudantes. Conforme apontado por
Coelho (2020), a disciplina contribui para a valorização do corpo e a superação de
estigmas relacionados à prática de atividade física por parte de adultos que tiveram
experiências negativas na educação física escolar durante sua trajetória educacional
anterior.
A Educação Física na EJA também contribui para o desenvolvimento da autonomia, da
autoestima e do senso de pertencimento dos alunos, que, muitas vezes, enfrentam
desafios emocionais e sociais decorrentes de experiências educacionais anteriores
problemáticas. Através da prática de atividades físicas adaptadas às necessidades e
habilidades dos estudantes, a disciplina proporciona um ambiente acolhedor e inclusivo,
incentivando a participação ativa e o desenvolvimento de competências.
CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO
E EJA

A Educação Física desempenha um papel fundamental na formação integral dos


estudantes, contribuindo para o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social.
No contexto do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), essa disciplina
desempenha um papel relevante, proporcionando oportunidades de aprendizado que vão
além do aspecto físico.
Conforme apontado por Silva (2019), a disciplina também contribui para a formação de
valores como o respeito, a ética, a solidariedade e a cooperação. Através das práticas
esportivas e atividades corporais, os estudantes aprendem a lidar com vitórias e derrotas,
a respeitar as regras e os adversários, desenvolvendo habilidades socioemocionais
fundamentais para a convivência em sociedade.
Tanto ao ser ensinada no Ensino Médio quanto na modalidade EJA, a Educação Física
desempenha um papel na promoção da consciência corporal e da saúde dos estudantes.
Segundo Oliveira (2021), a disciplina possibilita o desenvolvimento de hábitos
saudáveis, como a prática regular de atividade física e a adoção de uma alimentação
equilibrada. Além disso, estimula a reflexão sobre a importância da atividade física para
a prevenção de doenças e para a manutenção do bem-estar físico e mental.
No contexto da EJA, a Educação Física desempenha um papel significativo na
promoção da saúde e da qualidade de vida dos estudantes. Conforme apontado por
Santos (2017), a disciplina contribui para a valorização do corpo e a superação de
estigmas relacionados à prática de atividade física por parte de adultos que tiveram
experiências negativas na educação física escolar durante sua trajetória educacional
anterior.
Além disso, a Educação Física na EJA promove o desenvolvimento da autonomia, da
autoestima e do senso de pertencimento dos alunos. Segundo a BNCC (Brasil, 2018), a
disciplina deve respeitar as características e as necessidades específicas dos estudantes
da EJA, adaptando-se às suas condições físicas, cognitivas e emocionais. Através da
prática de atividades físicas adaptadas
É importante ressaltar que, para a construção de um ensino de Educação Física
eficiente, é necessário considerar as características e necessidades específicas dos
estudantes, sejam eles do Ensino Médio ou da EJA. De acordo com Franchi (2018), a
diversidade de perfis e experiências dos alunos deve ser levada em conta na elaboração
do planejamento de aulas, na seleção de conteúdos e na adoção de estratégias
pedagógicas adequadas.
A importância da Educação Física nestas etapas da educação é respaldada pela Base
Nacional Comum Curricular (BNCC, 2018). De acordo com o documento, a Educação
Física tem como objetivo desenvolver o conhecimento e a valorização do corpo em suas
dimensões individuais e coletivas, promovendo a prática de atividade física e o
entendimento da cultura corporal.
Nesse sentido, é essencial que os educadores estejam preparados e atualizados para
garantir uma abordagem efetiva do ensino de Educação Física, levando em consideração
as características e necessidades dos estudantes do Ensino Médio e da EJA. Além disso,
é fundamental que sejam oferecidos espaços inclusivos e acolhedores, promovendo a
participação ativa e o desenvolvimento integral de cada aluno.

EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO E EJA NA PRÁTICA


A disciplina de Educação Física desempenha um papel crucial no processo educacional,
proporcionando aos estudantes do Ensino Médio e da Educação de Jovens e Adultos
(EJA) experiências significativas relacionadas ao movimento, à cultura corporal e ao
desenvolvimento integral.
No Ensino Médio, a Educação Física tem o propósito de contribuir para a formação
integral dos estudantes, proporcionando o desenvolvimento de competências
socioemocionais, a promoção da saúde e o acesso à cultura corporal. De acordo com a
BNCC (2018) os esportes, as danças, a ginásticas, as lutas, as práticas corporais de
aventura e os jogos fazem parte do conteúdo a ser desenvolvido nessa etapa da
educação.
Um exemplo de aula a ser desenvolvido nessa etapa seria aplicar o conteúdo dança para
o 1º ano do Ensino Médio. O objetivo da aula seria o de desenvolver a expressão
corporal, a criatividade e o trabalho em grupo por meio da dança contemporânea. E a
atividade poderia contar com aquecimento, alongamento utilizando movimentos
articulares e exercícios de consciência corporal. Em seguida, exercícios de exploração
do movimento: Introdução a elementos básicos da dança contemporânea, como
deslocamentos, rotações, quedas e saltos. Os alunos também poderiam participar de
criação coreográfica com o professor, por exemplo, dividindo os alunos em grupos para
criar pequenas sequências de movimentos, explorando diferentes ritmos e intensidades.
Por fim, cada grupo apresenta sua coreografia para os demais, seguida de uma reflexão
coletiva sobre as sensações, desafios e aprendizados durante a atividade.
Na Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Educação Física desempenha um papel
ainda mais significativo, pois promove a inclusão, a socialização e a valorização do
corpo, superando possíveis estigmas e preconceitos relacionados à prática de atividades
físicas. Conforme Carvalho e Magalhães (2021), a modalidade de ensino EJA deve
considerar as experiências de vida dos alunos, proporcionando vivências corporais
contextualizadas e adequadas às suas necessidades.
Para a EJA, um exemplo de aula que poderia ser aplicada seria envolvendo esportes
paralímpicos e adaptados, com o objetivo de levar os alunos a vivenciarem e
participarem da prática de esportes adaptados. A atividade poderia ser iniciada com um
momento de sensibilização, uma roda de conversa sobre a importância da inclusão e da
prática esportiva para todos. Em seguida, o professor poderia propor a vivência através
de esportes adaptados, como goalball, basquete em cadeira de rodas e vôlei sentado. Os
alunos terão a oportunidade de experimentar diferentes modalidades esportivas
adaptadas e paralímpicas, vivenciando os desafios e as possibilidades de cada uma.
Importante deixar claro que será necessário criatividade e utilizar os materiais que tiver
a mão, como colchonetes (para o voleibol sentado), vendas (para o goalball e futebol de
cinco, ambos praticados por cegos), improvisar ou ter a disposição uma bola com
guizos, etc. Para finalizar a aula, o docente poderia propor uma reflexão e debate através
de uma roda de conversa, estimulando os alunos a compartilharem suas experiências,
desafios e aprendizados durante a prática dos esportes paralímpicos.
Esses exemplos de aulas baseiam-se nos princípios da Base Nacional Comum
Curricular, que valoriza a diversidade, o desenvolvimento integral e a promoção da
participação ativa dos estudantes. Através dessas atividades, os alunos têm a
oportunidade de vivenciar experiências significativas, ampliar suas habilidades motoras
e socioemocionais, além de promover a inclusão e a valorização do corpo.

VÍDEO RESUMO
Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula sobre Aspectos metodológicos no ensino
da Educação Física, poderemos compreender um pouco mais sobre a caracterização da
Educação Física tanto no Ensino Médio como na modalidade Educação de Jovens e
Adultos (EJA), as suas características, a contextualização da Educação Física durante
essas fases da educação e como podemos direcionar as práticas corporais aos
adolescentes e adultos de maneira atrativa e, por fim, as principais características do
ensino da disciplina de Educação Física nesta etapa formativa. Vamos lá?

Saiba mais

Dica de filme: Quebrando regras


O filme Quebrando regras (título original: Never back down, de 2008), aborda a
história de um adolescente, Jake Tyler, que se muda para uma nova cidade e se envolve
em competições de artes marciais mistas.
Embora o foco principal do filme seja nas artes marciais, ele retrata também a vida no
Ensino Médio e os desafios enfrentados pelos estudantes nessa fase da vida. Através do
personagem principal, Jake, o filme mostra a importância do esforço, superação e
trabalho em equipe para alcançar os objetivos.
Quebrando regras aborda temas como bullying, pressão social, amizade e o papel da
disciplina física na formação dos jovens. Além disso, ele destaca a importância do
autoconhecimento, da confiança em si mesmo e do desenvolvimento das habilidades
socioemocionais para lidar com as adversidades da vida.
Embora seja um filme de ação, Quebrando regras pode servir como ponto de partida
para discussões sobre os valores e as experiências vivenciadas pelos estudantes do
Ensino Médio, bem como o papel da Educação Física na formação integral dos jovens.

Dica de leitura: artigo – Educação Física e o Novo Ensino Médio


No artigo Menos Educação Física, menos formação humana, menos educação integral,
o autor Vicente Molina Neto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de
Educação Física, Fisioterapia e Dança, coloca em discussão questões de como o
professor de Educação Física conseguirá exercer sua profissão diante do Novo Ensino
Médio, que reduziu a carga horária dessa disciplina e da área de humanas nas escolas
brasileiras. O Novo Ensino Médio foi estabelecido por Lei federal nº 13.415/2017 e
impôs reformulação no currículo dessa etapa da formação básica. O autor fala
especificamente da extinção progressiva da Educação Física Escolar e das Ciências
Humanas em geral na Matriz Curricular Gaúcha (região onde o autor reside e atua).
Molina realizou uma análise dos documentos relativos ao que ele denominou
"contrarreforma curricular". É sugerida pelo autor uma revisão da normativa estadual
que reduz a carga horária da Educação Física na Educação Básica, tarefa que coincide
com posições afirmadas por entidades científicas nacionais.
MOLINA NETO, V. Menos Educação Física, menos formação humana, menos
educação integral. Movimento, [S. l.], v. 29, p. e29001, 2023. DOI: 10.22456/1982-
8918.125819.
Aula 4
AÇÃO PROFISSIONAL E A GESTÃO DA APRENDIZAGEM
Nessa aula abordaremos três temas fundamentais para a
compreensão e reflexão sobre a prática docente na área: a imagem
e o estereótipo do professor de Educação Física, a relação e a
interação entre família, escola e comunidade, e os principais
desafios enfrentados pelos professores em seu cotidiano.
25 minutos

INTRODUÇÃO

Olá, estudante. Nessa aula abordaremos três temas fundamentais para a compreensão e
reflexão sobre a prática docente na área: a imagem e o estereótipo do professor de
Educação Física, a relação e a interação entre família, escola e comunidade, e os
principais desafios enfrentados pelos professores em seu cotidiano.
Vamos falar sobre como essa imagem é construída e quais estereótipos acabam sendo
atribuídos aos professores de Educação Física, tanto positivos quanto negativos. Em
seguida, discutimos a relação e interação entre família, escola e comunidade. Sabemos
que a educação é uma responsabilidade compartilhada entre esses três pilares, e é
fundamental entendermos como fortalecer esses laços.
Por fim, mostramos os principais desafios enfrentados pelos professores de Educação
Física em seu trabalho diário. Compreenderemos como esses desafios podem impactar
nossa prática pedagógica e buscaremos estratégias para superá-los, promovendo um
ambiente inclusivo e propício ao desenvolvimento de todos os alunos. Vamos começar?

OS DESAFIOS NO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

A imagem e o estereótipo do Professor de Educação Física são um tema de grande


relevância para a compreensão do papel desse profissional na educação e no
desenvolvimento dos alunos. A imagem que os alunos têm dos professores pode
influenciar a sua participação e motivação nas aulas de Educação Física. Além disso, a
imagem do professor de Educação Física pode ser influenciada por estereótipos que
podem ser prejudiciais ao reconhecimento da sua importância na educação.
De acordo com Bracht (1997), a imagem do professor é construída a partir de
representações simbólicas que são criadas pelos alunos a partir das suas vivências e
interações sociais. Dessa forma, a imagem do professor pode ser influenciada por
diversos fatores, como a sua postura nas aulas, a sua capacidade de motivar os alunos e
a sua habilidade de transmitir conhecimento.
Essa imagem pode ser abalada ou estimulada através das relações da escola,
comunidade e família, esta última que desempenha um papel fundamental na promoção
da Educação Física escolar. Através de uma parceria com a escola, os pais podem apoiar
e incentivar a participação dos filhos nas atividades físicas, reconhecendo sua
importância para o desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional. Além disso, a
família pode estabelecer um ambiente favorável em casa, oferecendo espaços e recursos
para que os filhos pratiquem atividades físicas também fora da escola.
Para Thompson (2010), o envolvimento da família na educação física escolar está
associado a um maior engajamento dos alunos e melhores resultados acadêmicos.
Portanto, é importante que os professores estabeleçam uma comunicação aberta com as
famílias, compartilhando informações sobre o currículo da Educação Física, os
objetivos das atividades e as formas de participação dos pais.
Um dos principais desafios no ensino da Educação Física escolar, principalmente nas
escolas públicas brasileiras, é o tamanho das turmas, muitas vezes numerosas, o que
dificulta o trabalho do professor em atender às necessidades individuais de cada aluno.
Além disso, as turmas podem ser heterogêneas em relação às habilidades, interesses e
experiências prévias dos alunos, o que requer uma abordagem diferenciada de ensino.
Turmas numerosas e heterogêneas podem limitar a interação individualizada e dificultar
a criação de um ambiente de aprendizagem inclusivo. Para enfrentar esse desafio, é
importante que o professor adote estratégias pedagógicas que valorizem a participação
ativa de todos os alunos, promovendo a cooperação, o respeito mútuo e o trabalho em
equipe.
A escassez de materiais e equipamentos também é um desafio recorrente na Educação
Física escolar. Muitas escolas enfrentam dificuldades em adquirir e manter uma
variedade de materiais esportivos, o que limita a diversidade das atividades oferecidas.
Além disso, a falta de equipamentos de qualidade pode comprometer a segurança dos
alunos durante a prática das atividades físicas.
Conforme ressaltado por Darido (1999), a disponibilidade e a qualidade dos materiais e
equipamentos são fundamentais para a realização de atividades atrativas e motivadoras.
Para enfrentar esse desafio, é necessário buscar parcerias com órgãos governamentais,
empresas locais e instituições da comunidade para obter recursos adicionais. Além
disso, é importante incentivar a reutilização e reciclagem de materiais, buscando
alternativas econômicas e sustentáveis.

O PROFESSOR, A FAMÍLIA E OS DESAFIOS

Ao abordarmos a questão da imagem ligada ao profissional de Educação Física,


lembramos que alguns estereótipos podem limitar a sua atuação e o seu reconhecimento
como um profissional importante para a educação. Segundo Toledo (2003), a imagem
do professor de Educação Física pode ser afetada por estereótipos como o de que esse
profissional é apenas um "monitor" que apenas acompanha os alunos nas atividades
físicas, ou que é um "atleta fracassado" que não conseguiu seguir carreira como atleta
profissional. Esses estereótipos podem prejudicar a percepção da importância do
professor de Educação Física como um profissional que contribui para o
desenvolvimento físico, cognitivo e social dos alunos.
Por outro lado, a imagem do professor de Educação Física também pode ser
influenciada de forma positiva pela sua atuação e pelas suas iniciativas. Azinheira
(2017) mostrou que, no Brasil, os alunos valorizam professores de Educação Física que
sejam ativos, motivadores, dedicados e que tenham uma boa relação com os alunos.
Dessa forma, a imagem do professor de Educação Física pode ser construída a partir da
sua atuação e da sua postura nas aulas, o que pode influenciar positivamente a sua
percepção pelos alunos e pela sociedade.
Além disso, a comunidade também pode desempenhar um papel ativo no apoio às
iniciativas da escola em relação à Educação Física. Por exemplo, os pais e membros da
comunidade podem se voluntariar para auxiliar nas atividades esportivas, ou mesmo
ajudar na organização de eventos.
A escola desempenha um papel central na promoção da relação entre família, educação
física e comunidade. Os professores de Educação Física têm a responsabilidade de criar
um ambiente inclusivo, acolhedor e seguro para todos os alunos. Além disso, eles
podem estabelecer uma comunicação efetiva com as famílias, buscando envolvê-las no
processo educativo.
Uma estratégia importante é a realização de eventos e atividades que promovam a
integração entre família, escola e comunidade. Festivais esportivos, jogos recreativos,
palestras sobre saúde e bem-estar são algumas das iniciativas que podem envolver os
pais e a comunidade local. Essas oportunidades permitem o diálogo entre as partes
interessadas, a troca de conhecimentos e a construção de parcerias duradouras.
Mas nem tudo é fácil assim: frequentemente os professores de Educação Física devem
enfrentar desafios como falta de espaços adequados e infraestrutura para a prática da
disciplina. Muitas escolas enfrentam limitações físicas, como quadras esportivas
pequenas ou inadequadas, salas de aula improvisadas e áreas externas insuficientes.
Essas restrições dificultam a realização de atividades físicas diversificadas e
comprometem a qualidade do ensino.
Segundo o estudo de Barros (2021), a falta de espaços e infraestrutura adequados pode
impactar negativamente a motivação dos alunos e a eficácia do processo de ensino-
aprendizagem. Para superar esse desafio, é necessário buscar alternativas criativas,
como o uso de espaços externos próximos à escola, a adaptação de materiais esportivos
e a busca de parcerias com instituições esportivas locais.

INTEGRAÇÃO ESCOLA E COMUNIDADE E PRÁTICAS


ESPORTIVAS

A imagem do professor de Educação Física pode ser influenciada pela sua formação e
capacitação. Segundo Tani (2011), a formação do professor de Educação Física deve ser
baseada em conhecimentos teóricos e práticos sólidos, que permitam uma abordagem
ampla e aprofundada da disciplina. Um professor bem preparado e atualizado tem mais
chances de transmitir uma imagem positiva e profissional, além de oferecer uma
educação de qualidade aos alunos.
Para desconstruir os estereótipos e promover uma imagem mais valorizada do professor
de Educação Física, é fundamental investir em ações e estratégias específicas.
Primeiramente, é importante que os próprios profissionais sejam conscientes da
importância de sua atuação e busquem constantemente aperfeiçoamento, tanto em
relação aos aspectos pedagógicos quanto aos conhecimentos específicos da área.
Participar de cursos, workshops, congressos e eventos relacionados à Educação Física
contribui para a atualização constante e o aprimoramento das práticas.
A relação e interação entre família, escola e comunidade desempenham um papel
essencial na promoção da Educação Física escolar. Quando essas três esferas trabalham
em conjunto, é possível proporcionar uma experiência educacional mais significativa,
que valoriza a importância da atividade física e contribui para o desenvolvimento
integral dos alunos.
A família tem um papel crucial ao apoiar e incentivar a participação dos filhos nas
atividades físicas, tanto na escola como em casa. A escola, por sua vez, deve estabelecer
uma comunicação aberta com as famílias, promover eventos que envolvam a
comunidade e proporcionar um ambiente inclusivo e seguro para a prática de atividades
físicas. Já a comunidade pode contribuir com recursos, como espaços esportivos e
materiais, além de oferecer programas e atividades complementares.
Portanto, é fundamental que haja um esforço conjunto para fortalecer essa relação e
interação, reconhecendo o valor da Educação Física como parte essencial do processo
educativo. Somente dessa forma será possível proporcionar uma educação física de
qualidade, que promova não apenas o desenvolvimento físico, mas também o social,
emocional e cognitivo dos alunos.
Em relação as dificuldades enfrentadas pelos professores de Educação Física, algumas
atitudes podem ser tomadas diante destes desafios, como por exemplo, realizar
planejamento adequado: O professor deve realizar um planejamento cuidadoso das
aulas, levando em consideração as características da turma, os objetivos de
aprendizagem e os recursos disponíveis. Isso permitirá uma utilização eficiente do
tempo e dos materiais.
Outra maneira de superar desafios é a adaptação de atividades, de maneira a adequar as
aulas de acordo com as condições da turma e do espaço disponível. Diante da escassez
de materiais nas escolas – principalmente nas públicas –, existe a possibilidade de
utilizar recursos alternativos, como por exemplo, ao ensinar esgrima, pode-se utilizar
“espadas” feitas com jornal, fazendo assim com que os alunos tenham contato com um
esporte diferente, sem que a escola ou o professor necessite gastar muito e sem risco dos
alunos se machucarem.
A busca de parcerias e do envolvimento da comunidade também se mostra uma saída
interessante para enfrentar os desafios no ensino: instituições esportivas locais,
empresas ou órgãos governamentais podem proporcionar acesso a recursos adicionais,
como materiais esportivos e espaços adequados.
Para garantir uma Educação Física de qualidade, é necessário investir na infraestrutura e
disponibilização de recursos, proporcionar uma formação adequada aos professores,
estimular a participação e o interesse dos alunos, promover uma abordagem inclusiva e
respeitosa e valorizar o desenvolvimento integral dos estudantes.

VÍDEO RESUMO

Olá, estudante, no vídeo resumo da nossa aula sobre Aspectos metodológicos no ensino
da Educação Física poderemos compreender um pouco mais sobre a imagem e o
estereótipo relacionados à atividade do professor de Educação Física, bem como a
relação deste profissional com a interação família-escola-comunidade e como isso pode
impactar na educação. Também vamos abordar os principais desafios enfrentados pelos
professores, como turmas numerosas, heterogêneas, falta de estrutura e materiais entre
outros. Vamos lá?

Saiba mais

Dica de site – Toda Matéria – Educação Física


O site Toda Matéria está voltado para o auxílio à educação no Brasil, oferecendo uma
ampla variedade de recursos escolares. O seu conteúdo é bem-organizado e pode ser
utilizado tanto por estudantes quanto por professores. O material é gratuito e o conteúdo
visa aprimorar as atividades acadêmicas escolares.
Podem ser encontrados conteúdos de todas as disciplinas, e em relação à Educação
Física, podemos encontrar regras resumidas de diversos esportes, sugestões de aulas,
exercícios a serem aplicados em quadra, história das modalidades, aulas estruturadas de
jogos, brincadeiras, alongamento, danças, entre outras práticas da cultura corporal do
movimento.
Acesse clicando aqui.
Dica de leitura: artigo – Integrando a Educação Física ao Projeto
Político Pedagógico: perspectiva para uma educação inclusiva, de
Maria da Conceição Dias Souto et al.
Neste artigo, a autora e colaboradores analisaram a importância da Educação Física
integrada ao Projeto Político Pedagógico – um dos documentos norteadores das práticas
escolares - visando à inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na
prática da cultura corporal. Foram abordados os preceitos legais e a vivência escolar; o
projeto pedagógico como articulador de ações inclusivas na escola e a Educação Física
integrada ao projeto pedagógico na perspectiva da inclusão.
A leitura do artigo é interessante tanto para entender a importância do Projeto Político
Pedagógico, como para mostrar que uma Educação Física escolar crítica e libertadora
pode possibilitar aos alunos o seu total desenvolvimento como cidadãos.
SOUTO, M. da C. D. et al. Integrando a Educação Física ao Projeto Político
Pedagógico: perspectiva para uma educação inclusiva. Motriz: Revista de Educação
Física, v. 16, p. 762-775, 2010.
Aula 5
REVISÃO DA UNIDADE
31 minutos

O ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SUAS MÚLTIPLAS


FACES

Nessa unidade tivemos a oportunidade de analisar os aspectos metodológicos do ensino


da disciplina de Educação Física na Educação Infantil, Fundamental, Ensino Médio e na
Educação de Jovens e Adultos (EJA). Observamos também suas características e
exemplos de assuntos a serem abordados em aulas. Também foi possível compreender
sobre as principais dificuldades enfrentadas nas escolas, bem como a imagem do
professor de Educação Física e a integração escola-comunidade.
A princípio observamos a caracterização da Educação Infantil, essa etapa que é um
momento importante na vida das crianças, na qual são introduzidas a novas formas de
aprendizado e os alunos descobrem o mundo ao seu redor de maneira mais ampla e
consciente. A Educação Física na Educação Infantil é fundamental, pois esta disciplina
contribui para a formação integral das crianças, auxiliando-as a desenvolver habilidades
físicas e sociais. Através das atividades propostas, a Educação Física pode estimular a
criatividade, a imaginação e a expressão corporal dos alunos.
Em seguida, fizemos o mesmo com o Ensino Fundamental, etapa da educação marcada
por transformações físicas, cognitivas e sociais. É nesse período que se estabelecem as
bases para o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais ao longo da
vida. Também vimos como a Educação Física se encaixa no currículo escolar e como
suas práticas contribuem para o desenvolvimento dos estudantes, bem como sua como
componente curricular, considerando suas contribuições para a promoção da saúde, a
formação de valores e a construção de uma cultura de movimento.
Na sequência, foi a vez de contextualizarmos a Educação Física dentro do Ensino
Médio e EJA. No Ensino Médio, que é crucial na formação educacional dos estudantes,
representando uma transição entre a educação básica e o ingresso na vida adulta,
observamos que os alunos têm a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos,
desenvolver habilidades e competências essenciais para sua vida pessoal e profissional.
A EJA por sua vez é destinada a indivíduos que não concluíram seus estudos na idade
regular, buscando garantir o direito à educação e promovendo a inclusão social e a
valorização dos conhecimentos e experiências prévias dos alunos.
Por fim, falamos sobre como a imagem do professor de Educação Física é construída e
quais estereótipos acabam sendo atribuídos a esta profissão. Também abordamos a
relação e interação entre família, escola e comunidade e sobre como a responsabilidade
da educação deveria ser compartilhada entre esses três pilares. Para finalizar, apontamos
os principais desafios enfrentados pelos professores de Educação Física no seu dia a
dia.

REVISÃO DA UNIDADE

Olá, estudante. Neste vídeo vamos abordar os principais pontos desenvolvidos ao longo
da unidade, como o ensino da Educação Física escolar da Educação Infantil, passando
pelo Ensino Fundamental, Médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos). Também
verificaremos a importância da relação entre comunidade e escola e as dificuldades
enfrentadas pelos docentes no ambiente escolar. Vamos lá?

ESTUDO DE CASO

Para contextualizar a aprendizagem dos conteúdos desenvolvidos ao longo da unidade,


considere que você é um professor de Educação Física de uma escola pública de Ensino
Médio. Essa unidade de ensino está localizada em um bairro periférico e carente, não
existem muitos casos de violência, mas faltam melhorias de infraestrutura, como
transporte e postos de saúde e até mesmo locais para práticas esportivas. Até o ano
passado, a escola atendia a alunos do Ensino Fundamental também, mas este ano,
devido a alterações dos dirigentes de ensino, passou a atender somente o Ensino Médio.
Essa alteração fez com que a relação da escola com a comunidade fosse alterada. Como
docente, você pôde notar que há uma falta de interação e envolvimento entre a família, a
escola e a comunidade em relação às atividades gerais da escola e até mesmo dos alunos
em relação a projetos interdisciplinares, passeios e atividades extracurriculares. Poucos
pais comparecem às reuniões escolares, participam do conselho de escola e buscam
interação com a unidade escolar. Até mesmo em relação à elaboração do Projeto
Político-Pedagógico (PPP) houve dificuldade de integrar os pais e comunidade a este
documento que expressa a identidade, os objetivos, as diretrizes e as práticas
educacionais da instituição. É por meio do PPP que uma escola define sua proposta
pedagógica, considerando o contexto sociocultural, as necessidades dos alunos e as
diretrizes educacionais estabelecidas pelos órgãos responsáveis. Assim sendo, pode-se
observar que até mesmo a gestão democrática e participativa, aquela que envolve os
diferentes atores da comunidade escolar, como professores, gestores, alunos, pais e
funcionários, está ameaçada. Está claro que não há uma conexão significativa entre a
escola e a comunidade local. Além disso, com a mudança da etapa de ensino, também se
notou um menor engajamento e participação dos alunos nas atividades escolares,
inclusive nas suas aulas. Diante dessa situação, como promover uma melhor relação e
interação entre família-escola-comunidade e superar os principais desafios no ensino da
Educação Física escolar?
Reflita

Olá, estudante, ao analisar o estudo de caso, tenha em mente que devemos compreender
a importância dos seguintes pontos ao desenvolver uma resolução:

 O Ensino Médio é a última etapa da educação básica e nesse momento os


alunos, cuja faixa etária é de 14 aos 18 anos, começam a se preocupar com
mercado de trabalho (e alguns até já trabalham em meio período) ou em buscar
uma carreira acadêmica (prestar o Exame Nacional do Ensino Médio e conseguir
vaga em uma universidade). Nessa etapa, os alunos têm a oportunidade de
aprofundar seus conhecimentos, desenvolver habilidades e competências
essenciais para sua vida pessoal e profissional.
 Mesmo com estas preocupações e afazeres, não podemos esquecer que a
disciplina de Educação Física faz parte do currículo e, portanto, deverá ser
estimulada de alguma maneira a participação dos alunos em suas aulas.
 Você, como docente, pode participar da construção do PPP (Projeto Político
Pedagógico) da escola. De acordo com Veiga (2005), este documento pode
auxiliar a resgatar o lugar da escola como espaço público, lugar de debate e
diálogo utilizando essa maneira a reflexão coletiva.

RESOLUÇÃO DO ESTUDO DE CASO

Para abordar a falta de relação e interação entre a família-escola-comunidade e lidar


com os principais desafios no ensino da Educação Física, é importante adotar estratégias
que promovam o envolvimento de todos esses atores.
O professor de Educação Física pode participar da elaboração do PPP (Projeto Político
Pedagógico) da unidade escolar. É comum encontrar elementos como os valores e
princípios norteadores da escola, as metas educacionais, os objetivos de aprendizagem,
as estratégias pedagógicas, a forma de avaliação dos estudantes, a promoção da inclusão
e diversidade, a relação com as famílias e a comunidade, além da gestão democrática e
participativa. Nas discussões desse documento, o docente pode propor atividades e
aberturas da escola que envolvam a comunidade escolar.
Em relação à falta de interação entre a família, a escola e a comunidade, é fundamental
estabelecer canais efetivos de comunicação e promover eventos e atividades que
incentivem a participação dos pais. Segundo o pesquisador Epstein (2010), a
participação efetiva dos pais na Educação Física escolar pode ter um impacto positivo
no desempenho acadêmico e na saúde dos alunos. Portanto, é importante envolver os
pais por meio de reuniões regulares, envio de comunicados, convites para eventos
esportivos e oferecendo oportunidades para que eles possam se engajar ativamente nas
atividades de Educação Física.
Por se tratar de uma comunidade carente, a abordagem da saúde renovada nas aulas de
Educação Física e até mesmo em atividades direcionadas à comunidade podem abrir as
portas da escola e aproximar as famílias da unidade escolar.
De acordo com Silva (2015), mesmo que com o objetivo de diminuir os fatores de risco
associados ao surgimento de doenças relacionadas ao estilo de vida, os escolares, nas
aulas de Educação Física, deverão ser orientados a realizar práticas saudáveis,
entendendo a saúde como um direito para a vida e garantia de cidadania. Já foi
evidenciado na literatura que boas práticas na infância podem levar a boas práticas na
vida adulta. Com isso, cabe ao professor de Educação Física escolar não apenas
oportunizar tais práticas como também as discutir, na medida em que boa parte da
população não tem acesso a todas as formas de expressão e cuidado corporal.
Com o aval da gestão da escola, poderia se preparar um evento no qual toda a
comunidade fosse convidada a participar de aulas de ginástica, alongamento ou mesmo
de práticas esportivas, todas orientadas e organizadas pelo professor de Educação
Física.
Por fim, em relação aos desafios específicos no ensino da Educação Física escolar, é
importante considerar aspectos como a diversidade de habilidades e interesses dos
alunos, a falta de espaços adequados para as aulas e a falta de recursos materiais. Para
enfrentar esses desafios, o professor pode adotar uma abordagem inclusiva e adaptativa,
oferecendo atividades diversificadas que atendam às necessidades individuais dos
alunos. Além disso, buscar parcerias com instituições esportivas locais ou outras escolas
pode proporcionar acesso a espaços esportivos adequados e a possibilidade de
compartilhamento de recursos.

RESUMO VISUAL

Fonte: elaborado pelo autor.

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