Você está na página 1de 9

Teste de Português

7º ano - 3.º Ciclo do Ensino Básico - março


Conto de Autor 8 Páginas

Duração da Prova: 90 minutos.

2015/2016

Utiliza apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.

Não é permitida a consulta de dicionário.

Não é permitido o uso de corretor. Deves riscar aquilo que pretendes que não seja classificado.

Para cada resposta, identifica o grupo e o item.

Apresenta apenas uma resposta para cada item.

As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.


GRUPO I

Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulá rio apresentado.

Vésperas de partida

Foi uma das coisas que descobri recentemente sobre Fernã o de Magalhã es – que para muitos
historiadores ele é o maior navegador de todos os tempos. Descobri outras, quase sempre
surpreendentes. Quando, em 1989, a NASA1 enviou uma sonda a explorar o planeta Vénus,
penetrando efetivamente na sua atmosfera, batizou-a em honra desse maior navegador de
5
todos os tempos: a sonda Magellan. Também descobri que uma das crateras da Lua se chama
Magalhães. E que aquelas duas galá xias que atravessam a noite do hemisfério sul – das poucas,
aliá s, que o ser humano consegue avistar a olho nu – se chamam Nuvens de Magalhã es.
Outras coisas já eu tinha descoberto há mais tempo. Por exemplo, que o Pacífico se chama

10 assim porque, quando a Armada das Molucas – era este o nome da expediçã o de Magalhã es –
atravessou o maior oceano da Terra, teve a sorte de nã o apanhar nenhuma das suas
tempestades descomunais. E, assim, o capitán-general achou ló gico batizar o «mar do sul»,
avistado poucos anos antes por Nú ñ ez de Balboa, com um topó nimo2 tã o equívoco.
Sabia também que Magalhã es era responsá vel pelo nome desse mítico lugar nenhum, dessa
15 dissolvência da medida humana, que é o fim do continente americano. Quando desembarcou em
Puerto San Juliá n, avistou na areia pegadas de humanos que lhe pareciam excessivamente
grandes para a média europeia. E em vez da habitual e pouco fantasiosa soluçã o toponímica de
atribuir o nome do santo correspondente ao dia da «descoberta» – o Novo Mundo abunda em
baías de Santa Helena, aguadas de Sã o Brá s, cidades de Sã o Francisco, cabos de Santa Maria,
20
para nã o falar das províncias do Natal e das ilhas da Pá scoa –, neste caso, a terra dos patagõ es
passou a chamar-se Patagó nia. […]
Nos ú ltimos tempos tenho andado particularmente obcecado com esta personagem. Por
motivos profissionais, claro; mas como geralmente me acontece, a profissã o e a vida misturam-

25 se sem grandes distinçõ es. Durante os ú ltimos meses andei a ler, a pesquisar, a tentar
compreender melhor a época e o mundo de Magalhã es. A interiorizar. E nos pró ximos meses
irei pelo meu mundo, com as ferramentas da minha época, a viajar e a escrever sobre
Magalhães. A «exteriorizar».
Com o peso de tanta Geografia e tanta Histó ria a carregar pela minha viagem fora, como vou
30 conseguir fazer uma viagem e escrever um livro à altura de tudo isto? É com uma pontinha de
preocupaçã o que ponho uma vez mais a mochila à s costas, saio de casa, deixo a cidade.
Em que me meto desta vez? Sorrio: afinal, a mesma pergunta, as mesmas dú vidas, essa
mesma pontinha de preocupaçã o de todas as outras vezes, de todas as outras viagens. Por
enquanto preocupo-me apenas com a mesma coisa de sempre: em vencer a inércia 3 e dar o
primeiro passo.
Gonçalo Cadilhe, Nos Passos de Magalhães, 4.ª ed., Alfragide, Oficina do Livro, 2010 (texto adaptado)

NOTAS E VOCABULÁRIO
1 NASA – National Aeronautics and Space Administration, organismo do governo dos Estados Unidos da
América que tem a seu cargo a exploraçã o espacial civil.
2 topónimo – nome pró prio de um lugar.
3 inércia – falta de atividade, de açã o ou de iniciativa.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientaçõ es dadas.


1. As afirmaçõ es apresentadas de (A) a (G) referem-se a informaçõ es do texto. Escreve a sequência de
letras que corresponde à ordem pela qual essas informaçõ es aparecem no texto. Começa a sequência
pela letra (E).

(A) A Armada das Molucas atravessou o Oceano Pacífico sem ser surpreendida pelas suas violentas
tempestades.
(B) A época e a biografia de Magalhã es têm sido, nos ú ltimos tempos, uma obsessã o para o autor.
(C) Fernã o de Magalhã es foi o responsá vel pelo nome da regiã o situada nos confins do continente
americano.
(D) Uma das preocupaçõ es que acompanha o autor nas vésperas de uma viagem é tomar a iniciativa de
partir.
(E) Certas informaçõ es que o autor recolheu sobre Fernã o de Magalhães causaram-lhe surpresa.
(F) As Nuvens de Magalhães sã o duas galá xias que, do hemisfério sul, se observam à vista desarmada.
(G) Uma sonda espacial enviada a Vénus e uma das crateras da Lua receberam o nome de Magalhã es.

2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.4.), seleciona a opçã o que permite obter uma afirmaçã o
adequada ao sentido do texto. Escreve o nú mero do item e a letra que identifica a opçã o escolhida.

2.1. Nas linhas 6- 7, o travessã o é usado para


(A) introduzir discurso direto.
(B) delimitar informaçã o complementar.
(C) destacar vá rios exemplos.
(D) assinalar um corte no discurso direto.

2.2. Da leitura do segundo pará grafo (linhas 8 a 12), pode afirmar-se que
(A) a Armada das Molucas era capitaneada por Nú ñ ez de Balboa.
(B) Fernã o de Magalhã es foi o primeiro navegador a avistar o «maior oceano da Terra».
(C) Nú ñ ez de Balboa foi o responsá vel pela designaçã o «Pacífico».
(D) o Pacífico recebeu de Magalhães uma designaçã o inadequada à s suas características.

2.3. Com base nas informaçõ es do terceiro pará grafo (linhas 13 a 19), pode concluir-se que
(A) a atribuiçã o de nomes de santos era uma forma criativa e pouco frequente de batizar lugares no
Novo Mundo.
(B) Puerto San Juliá n é o nome de um lugar localizado na costa da Patagó nia.
(C) Patagó nia é um topó nimo anterior à chegada de Fernã o de Magalhã es.
(D) o nome da regiã o situada no fim do continente americano foi inspirado pelo santo do dia da sua
descoberta.

2.4. A «pontinha de preocupaçã o» (linha 29) que o autor confessa ter deve-se ao facto de
(A) sentir incerteza quanto à capacidade de concretizar o seu projeto.
(B) viajar pela primeira vez para muito longe de casa e da sua cidade.
(C) considerar que esteve muito tempo sem fazer qualquer viagem.
(D) ser sempre vencido pela inércia quando dá o primeiro passo.

3. Menciona a que se refere o pronome “lhe” na expressã o “ Quando desembarcou em Puerto San Juliá n,
avistou na areia pegadas de humanos que lhe pareciam excessivamente grandes para a média
europeia.” (ll.14-16).

GRUPO II

TEXTO A

Lê atentamente o texto que se segue.

Certa noite, terminada a ceia, o veneziano e o dinamarquês ficaram a conversar na


varanda. Do outro lado do canal via-se um belo palácio com finas colunas esculpidas.
— Quem mora ali? — perguntou o Cavaleiro —.
— Agora ali só mora Jacob Orso com seus criados, mas antes também ali morou Vanina,
5
que era a rapariga mais bela de Veneza. Era ó rfã de pai e mã e, e Orso era o seu tutor. Quando
ela era ainda criança o tutor prometeu-a em casamento a um seu parente chamado Arrigo.
Mas quando Vanina chegou aos dezoito anos nã o quis casar com Arrigo porque o achava
velho, feio e maçador. Entã o Orso fechou-a em casa e nunca mais a deixou sair senã o em sua

10 companhia ao domingo, para ir à missa. Durante os dias da semana Vanina prisioneira


suspirava e bordava no interior do palácio, sempre rodeada e espiada pelas suas aias. Mas à
noite Orso e as aias adormeciam. Entã o Vanina abria a janela do seu quarto, debruçava-se na
varanda e penteava os seus cabelos. Eram loiros e tã o compridos que passavam além da
balaustrada e flutuavam leves e brilhantes, enquanto as á guas os refletiam. E eram tã o
15 perfumados que de longe se sentia na brisa o seu aroma. E os jovens rapazes de Veneza
vinham de noite ver Vanina pentear-se. Mas nenhum ousava aproximar-se dela, pois o tutor
fizera saber à cidade inteira que mandaria apunhalar pelos seus esbirros aquele que ousasse
namorá -la.
E Vanina, jovem e bela e sem amor, suspirava naquele palácio.
20
Mas um dia chegou a Veneza um homem que nã o temia Jacob Orso. Chamava-se
Guidobaldo e era capitã o dum navio. O seu cabelo preto era azulado como a asa dum corvo, e
a sua pele estava queimada pelo sol e pelo sal. Nunca no Rialto passeara tã o belo navegador.
Ora certa noite Guidobaldo passou de gô ndola por este canal. Sentiu no ar um
25 maravilhoso perfume, levantou a cabeça e viu Vanina a pentear os cabelos. Aproximou o seu
barco da varanda e disse:
— Para cabelos tã o belos e tã o perfumados era preciso um pente de oiro —.
Vanina sorriu e atirou-lhe o seu pente de marfim.
Na noite seguinte à mesma hora, o jovem capitã o tornou a deslizar de gô ndola ao longo do
canal.
Vanina sacudiu os cabelos e disse-lhe:
— Hoje nã o me posso pentear porque nã o tenho pente.
— Tens este que eu te trago e que mesmo feito de oiro brilha menos do que o teu cabelo.
Entã o Vanina atirou-lhe um cesto atado por uma fita onde Guidobaldo depô s o seu
presente.
E daí em diante a rapariga mais bela de Veneza passou a ter um namorado.

In O Cavaleiro da Dinamarca, Sophia de Mello Breyner Andresen, Figueirinhas, 2010

1. Identifica o narrador da histó ria encaixada no Cavaleiro da Dinamarca, localizando-a no tempo.

2. A caracterizaçã o de Vanina é oposta à do homem a quem ela fora prometida. Confirma a afirmaçã o.

3. Refere a consequência da recusa de Vanina em casar com Arrigo, justificando com elementos
textuais.

4. “E daí em diante a rapariga mais bela de Veneza passou a ter um namorado.”


4.1 Refere o processo de caracterizaçã o evidente na descriçã o de Guidobaldo, justificando a tua
resposta com elementos textuais.
TEXTO B

“Em Jafa foram obrigados a esperar pelo bom tempo e só embarcaram em meados de Março.
Mas uma vez no mar foram assaltados pela tempestade. O navio ora subia na crista da vaga ora recaía
pesadamente estremecendo de ponta a ponta. Os mastros e os cabos estalavam e gemiam. As ondas
batiam com fú ria no casco e varriam a popa. O navio ora virava todo para a esquerda, ora virava todo
para a direita, e os marinheiros davam à bomba para que ele nã o se enchesse de á gua. O vento rasgava
as velas em pedaços e navegavam sem governo ao sabor do mar.
— Ah! — pensava o Cavaleiro. — Nã o voltarei a ver a minha terra.”
In O Cavaleiro da Dinamarca, Sophia de Mello Breyner Andresen, Figueirinhas, 2010

5. Identifica o modo de expressã o evidente, justificando a tua resposta.

6. “Os mastros e os cabos estalavam e gemiam.”


6.1 Destaca a figura de estilo evidente, comentando a sua expressividade.

GRUPO III

1. Classifica a forma verbal sublinhada na frase seguinte, indicando a pessoa, o nú mero, o tempo e o
modo.
Os marinheiros davam à bomba para que ele nã o se enchesse de á gua.

2. Completa cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no
tempo e no modo indicados. Escreve a letra que identifica cada espaço, seguida da forma verbal
correta.

Pretérito imperfeito do indicativo


Antes de partir, o Cavaleiro e os peregrinos ______a)____ (despedir-se) das suas famílias.

Pretérito perfeito composto do indicativo


Ultimamente, ______b)____ (vir) a pú blico vá rias histó rias relacionadas com a obra de Sophia.

Presente do conjuntivo
Interessam-me todos os livros de viagens que ______c)____ (conter) descriçõ es de países longínquos.

Pretérito imperfeito do conjuntivo


Oxalá ele ______d)____ (poder) viajar sem percalços.
3. Qual das frases seguintes contém a sequência de palavras cujas classes sã o «determinante – nome –
verbo – pronome – preposiçã o – nome – verbo – determinante – nome – adjetivo»? Escreve o nú mero
do item e a letra que identifica a opçã o escolhida.
(A) As histó rias retratam a viagem, apó s uma despedida dolorosa.
(B) O Cavaleiro ofereceu-a à família, considerando o presente extraordiná rio.
(C) A família esperou-o com ansiedade, contando as longas horas.
(D) A personagem indicou-lhe o caminho, apontando para a estrada sinuosa.

4. Associa cada um dos elementos da coluna A ao ú nico elemento da coluna B que lhe corresponde, de
modo a identificares a funçã o sintá tica desempenhada pela expressã o sublinhada em cada frase.
Escreve as letras e os nú meros correspondentes. Utiliza cada letra e cada nú mero apenas uma vez.
Coluna A Coluna B
(1) sujeito
(A) Durante a tempestade, as velas ficaram fragilizadas. (2) predicativo do sujeito
(B) Batiam as ondas no casco. (3) complemento direto
(C) O navio encheu-se de á gua. (4) complemento indireto
(D) Infelizmente, a viagem foi difícil. (5) complemento oblíquo
(E) A tempestade assustou-nos. (6) modificador de frase
(F) Entã o Vanina atirou-lhe um cesto. (7) modificador do grupo verbal

5. Identifica o tipo de sujeito da forma verbal assinalada.


“Do outro lado do canal via-se um belo palá cio com finas colunas esculpidas.”

GRUPO IV

Todos temos sonhos. O Cavaleiro sonhou com a viagem aos lugares santos e conseguiu realizar
esse sonho, apesar dos perigos e saudades da família.
Escreve um texto narrativo, correto e bem estruturado, com um mínimo de 180 e um má ximo
de 240 palavras, em que imagines uma histó ria cuja personagem principal tenha um sonho que
pretende realizar. Na tua narrativa, deves incluir, pelo menos, um momento de descrição de uma
personagem ou de um espaço.

Observações relativas ao Grupo IV:


1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (exemplo: /di-lo-ei/). Qualquer nú mero conta como uma
ú nica palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (exemplo: /2014/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensã o indicados – um mínimo de 180 e um má ximo de 240 palavras
–, há que atender ao seguinte: – um desvio dos limites de extensã o requeridos implica uma desvalorizaçã o parcial
(até dois pontos); – um texto com extensã o inferior a 60 palavras é classificado com 0 (zero) pontos.
Após a redação do texto verifica:

Conto Sim Não


Na introduçã o, situei a narrativa no tempo e no espaço.
Descrevi a personagem.
Criei um acontecimento que causou um problema ou complicaçã o.
Relatei as situaçõ es que as personagens enfrentaram.
Contei o acontecimento que pô s fim ao problema.
Escolhi um título curto e sugestivo.
Separei os vá rios momentos da histó ria em pará grafos.
Procurei substituir palavras e expressõ es repetidas.
Ao redigir o texto, prestei atençã o à pontuaçã o.
Entre outros cuidados:
Procurei evitar erros ortográ ficos, revendo o texto.

FIM

COTAÇÕES

GRUPO I
1............................................................................................................................................................................ 5 pontos
2.
2.1. ...................................................................................................................................................................... 3 pontos
2.2. ...................................................................................................................................................................... 3 pontos
2.3. ...................................................................................................................................................................... 3 pontos
2.4. ...................................................................................................................................................................... 3 pontos
3. ......................................................................................................................................................................... 3 pontos

20 pontos
GRUPO II

1. .................................................................................................................................................................... 5 pontos
2. .................................................................................................................................................................... 5 pontos
3. .................................................................................................................................................................... 5 pontos
4.
4.1 ............................................................................................................................................................ 5 pontos
5. .................................................................................................................................................................... 5 pontos
6. .................................................................................................................................................................... 5 pontos

30 pontos
GRUPO III
1. ............................................................................................................................................................... 3 pontos
2. ............................................................................................................................................................... 4 pontos
3. ............................................................................................................................................................... 4 pontos
4. ............................................................................................................................................................... 6 pontos
5. ............................................................................................................................................................... 3 pontos

20 pontos
GRUPO IV
.......................................................................................................................................................................................... 30 pontos

30 pontos

TOTAL ......................................... 100 pontos

Você também pode gostar