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DESENHO DE CONSTRUÇÕES MECÂNICAS (DCM)

COTAGEM FUNCIONAL
Licenciatura em Engenharia Mecânica
Ricardo Fontes Portal
rportal@dem.isel.pt
gabinete M 2.03

Os dados aqui mostrados foram adaptados a partir de origens muito diversas, nomeadamente pela consulta de livros e de pesquisas online, normas e catálogos
técnicos.
Cotagem Funcional
▪ DESENHO DE DEFINIÇÃO de um produto acabado,
deve:
▪ Definir, completamente e sem ambiguidades, as
exigências que esse produto deve satisfazer
quando no estado de acabamento prescrito

▪ A definição do produto deve incluir uma cotagem


funcional que concretize:
▪ Os estados-limite admissíveis do material
▪ As prescrições para a sua correcção geométrica e
para o estado das suas superfícies

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Cotagem Funcional
▪ A cotagem funcional baseia-se no estudo das
condições de aptidão do produto para a sua utilização
▪ O objetivo é dar as mais largas tolerâncias à execução
de um produto apto para o uso
▪ A cotagem funcional de um produto só tem sentido se
for conhecida a sua função
▪ Quando, numa montagem de peças, uma dimensão
tiver de satisfazer várias condições de aptidão, a
atribuição das tolerâncias deve levar sempre em linha
de conta a mais restritiva de todas elas

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Cotagem Funcional
▪ Para a cotagem correta duma peça, é necessário:
▪ Estudar o grupo funcional de que faz parte
▪ Conhecer o lugar da peça no conjunto
▪ O papel da peça no seu funcionamento
▪ Condições a cumprir para que a peça
desempenhe corretamente o seu papel

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Cotagem funcional
Grupo Funcional
▪ É o conjunto de peças que realiza uma determinada
função mecânica:
▪ Imobilização relativa
▪ Articulação
▪ Guiamento

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Cotagem Funcional
▪ Para uma correta cotagem funcional, definem-se:
▪ Os elementos funcionais da peça
▪ Formas
▪ Superfícies, das quais depende o bom
funcionamento do conjunto

▪ As superfícies funcionais da peça


▪ Superfícies de ligação que limitam os
elementos funcionais

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Cotagem Funcional
As superfícies funcionais podem ser tomadas como
▪ Superfícies de contacto
▪ Superfícies terminais (limitam Cota Condição)
▪ As superfícies funcionais são definidas pela
COTAGEM FUNCIONAL

A cotagem funcional dum produto não tem sentido se


não for conhecida função desse produto ou
maquinismo

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Cotagem Funcional
Ao estabelecer as cotas funcionais duma peça
consideram-se os seus valores nominais, mediante:
▪ Condições de resistência aos esforços que deve
suportar
▪ Possibilidades de fabricação
▪ Condições de montagem
▪ Condições de funcionamento
▪ …

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Cotagem Funcional
A cotagem funcional permite definir sem ambiguidade
as dimensões dos elementos funcionais
▪ COTAS FUNCIONAIS
(DIN 406-10.1992) Cota que serve para definir a
forma, dimensão ou orientação de elementos, ou
do espaço entre eles, que são essenciais para a
função de uma peça ou conjunto de peças.
A sua posição relativa
▪ COTA CONDIÇÃO
E não deve ser nem insuficiente nem superabundante
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
A COTA CONDIÇÃO (funcional) é a resultante da soma algébrica
dos vetores que representam as cota funcionais.

SCAB STA STD SCCD

SCB

Cadeia mínima de cotas


1. Traçar o vetor da cota condição 𝐉 entre as duas superfícies
terminais STA e STB
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
A COTA CONDIÇÃO (funcional) é a resultante da soma algébrica
dos vetores que representam as cota funcionais.

SCAB STA STD SCCD

SCB

Cadeia mínima de cotas


2. Partindo da STA , traçar o vetor A, correspondendo à cota
funcional da peça A, até à SCAB
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
A COTA CONDIÇÃO (funcional) é a resultante da soma algébrica
dos vetores que representam as cota funcionais.

SCAB STA STD SCCD

SCB

Cadeia mínima de cotas


3. Partindo da SCAB , traçar o vetor B, correspondendo à cota
funcional entre as peças A e B
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
A COTA CONDIÇÃO (funcional) é a resultante da soma algébrica
dos vetores que representam as cota funcionais.

SCAB STA STD SCCD

SCB

Cadeia mínima de cotas


4. Partindo da SCB , traçar o vetor C, correspondendo à cota
funcional entre as peças B e C
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
A COTA CONDIÇÃO (funcional) é a resultante da soma algébrica
dos vetores que representam as cota funcionais.

SCAB STA STD SCCD

SCB

Cadeia mínima de cotas


4. A extremidade do último vetor D, termina na STD , ou seja, na
extremidade da cota condição.
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
Cadeia mínima de cotas
No estabelecimento duma cadeia mínima de cotas devem ser
respeitadas as seguintes regras:
1. A cota da condição (funcional) é a resultante da soma
algébrica dos vetores que representam as cota funcionais.

J = −A + B + C − D

Sentidos positivos: +
Sentidos negativos: -
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Cotagem funcional
METODOLOGIA
Cadeia mínima de cotas
No estabelecimento duma cadeia mínima de cotas devem ser
respeitadas as seguintes regras:
2. O número de cotas funcionais deve ser mínimo, ou
seja, deve haver apenas uma cota por cada peça
3. Numa cadeia deve haver um contacto a menos de
que o número de peças em presença, ou seja, em
cada contacto ou jogo (distância entre superfícies
funcionais)

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Cotagem funcional
METODOLOGIA
Cadeia mínima de cotas
No estabelecimento duma cadeia mínima de cotas devem ser
respeitadas as seguintes regras:
4. Os elementos associados ou conjugados (eixos ou
contactos) constituem obrigatoriamente os pontos
de partida da cotagem funcional
5. Quando há várias condições funcionais num
conjunto, ou seja, várias cadeias de cotas, deverá
começar-se pela cadeia mais curta

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Cotagem funcional
METODOLOGIA
Cadeia mínima de cotas
A tolerância da cota da condição (funcional) é a soma
das tolerâncias dos componentes

j=a+b+c+d

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DESENHO DE CONSTRUÇÕES MECÂNICAS (DCM)

EXERCÍCIO 1
Exercício 1
Definição da cadeia mínima de cotas

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Exercício 1
Definição da cadeia mínima de cotas

JA

L3
L2 L4

L1

JA = L1 − L4 − L3 − L2
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DESENHO DE CONSTRUÇÕES MECÂNICAS (DCM)

EXERCÍCIO 2
HÁ SEMPRE FOLGA NA MONTAGEM SEGUINTE ?
Exercício 2
HÁ SEMPRE FOLGA NA MONTAGEM SEGUINTE ?

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Exercício 2
HÁ SEMPRE FOLGA NA MONTAGEM SEGUINTE ?

JA

L1
L2
L3

L4

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Exercício 2
HÁ SEMPRE FOLGA NA MONTAGEM SEGUINTE ?

COTA CONDIÇÃO:

JA = L4 − L3 − L2 − L1
JAmax = L4max − L3min − L2min − L1min
JAmin = L4min − L3max − L2max − L1max

JAmax = 153.25 − 59.25 − 40 − 49.5 = 4.5 mm

JAmin = 152.75 − 60.75 − 42 − 50.5 = −0.5 mm


Logo, existe interferência possível na montagem

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DESENHO DE CONSTRUÇÕES MECÂNICAS (DCM)

EXERCÍCIO 3 - GUIAMENTO
O conjunto de duas peças é representado por:

Peça 1 – Corrediça Móvel com uma saliência


para que se possa mover
longitudinalmente, a baixa velocidade,
guiada com boa precisão pela Peça 2.

Peça 2 – Base ou Barramento, fixo, com uma


ranhura concordante com a saliência
da peça 1.
Exercício 3
Análise Funcional do Conjunto
a) A saliência da peça 1 deve penetrar na ranhura da peça 2 com uma
pequena folga entre as superfícies laterais para que não possa ter
movimento angular apreciável. Esta folga é representada por JA. Nota:
cota nominal = 20 mm.

b) A fase inferior da
saliência da peça 1 não
deve contactar com a
peça 2 para que sejam
as superfícies
superiores da peça 2 a
servir de apoio à peça 1.
Esta folga é
representada por JB.

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Exercício 3
Análise Funcional do Conjunto
Os serviços de experimentação indicaram as seguintes condições:

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Exercício 3
Análise Funcional do Conjunto
Os serviços de experimentação indicaram as seguintes condições:

JA = 0,02 a 0,07 mm ; JB = 0,1 a 0,5 mm

Sendo então as tolerâncias das cotas condição:

ja = 0,05 mm ; jb = 0,4 mm

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Exercício 3
Repartição de Tolerâncias - JA
As superfícies de apoio ou de junção e as superfícies terminais são as
seguintes:

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Exercício 3
Repartição de Tolerâncias - JA
Relembre-se que a tolerância de ja = 0,05 mm. Por norma as ranhuras
apresentam mais dificuldade no fabrico.
Assim, pode ser atribuída maior tolerância à ranhura da peça 2,
relativamente à saliência da peça 1:

Tolerância de A2: ja2 = 0,03 mm


Tolerância de A1: ja1 = 0,02 mm
Verificação:
ja = ja1 + ja2

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Exercício 3
Repartição de Tolerâncias - JA

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Exercício 3
Cadeia Mínima de Cotas - JA

JA = A2 − A1
JAmax = A2max − A1min = 0,07
JAmin = A2min − A1max = 0,02
Habitualmente a cota mínima do furo
igual a cota nominal:
A2min = 20 A1max = 19,98

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Exercício 3
Cadeia Mínima de Cotas - JA

Por outro lado:

ja1 = A1max − A1min = 0,02

A1min = 19,96 mm

ja2 = A2max − A2min = 0,03

A2max = 20,03 mm
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Exercício 3
RESUMINDO PARA A
COTA CONDIÇÃO JA

−0,02 19,98
A1 = 20−0,04 = 19,96

+0,03 20,03
A2 = 20 0 = 20

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Exercício 3
Normalização das tolerâncias - JA

Sabendo que ja1 = 0,02 e ja2 = 0,03 e consultando a tabela de


tolerâncias ISO pode verificar-se que para ja1, IT7 = 0,021 mm e para
ja2, IT8 = 0,033 mm (valores mais próximos)

ja = IT7 + IT8 = 0,021 + 0,033 = 0,054 mm


Da tabela de desvios fundamentais ISO para veios (pág. 185) verifica-se
que o desvio superior mais p´roximo do calculado corresponde a
posição f.
Foi assumido que A2min = 20, logo, que o limite inferior da cota A2 é
nulo, correspondendo à posição H.
Assim:
−0,020 +0,033
A1 = 20f7 = A2 = 20H8 =
−0,041 0
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Exercício 3
Cadeia Mínima de Cotas - JB

A condição funcional JB pode ser escrita como: JB = 0,3 ± 0,2


Neste caso, a tolerância será repartida
igualmente pelas duas peças. Assim: jb1 = jb2 = ±0,1
Sabendo que a cota nominal é de 12 mm, os
valores de da cota B, B1 e B2, podem ser
escritos como:
B1 = 12 ± 0,1 B2 = 12,3 ± 0,1
Verificação:

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Exercício 3
Cadeia Mínima de Cotas - JB

Verificação:

JB = B2 − B1
JBmax = B2max − B1min = 12,4 − 11,9 = 0,5 mm
JBmin = B2min − B1max = 12,2 − 12,1 = 0,1 mm

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