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Cooperativa: Mandioca
Território Médio Jequitinhonha
CEADES
Centro de Estudos e Assessoria ao Desenvolvimento Territorial
Emanuel Maia
Márcio Gomes da Silva
Junho de 2008
“Se farinha fosse americana
Mandioca importada
Banquete de bacana
Era farinhada” -
(Juraildes da Luz)
Sumário
Apresentação .................................................................................................................. iv
Glossário............................................................................................................................v
Resumo executivo ............................................................................................................1
Procedimentos Metodológicos ..........................................................................................3
Definição da cadeia prioritária e dos municípios envolvidos........................................3
Delimitação da Área de Abrangência do Estudo...........................................................4
Levantamento de Dados Secundários............................................................................4
Levantamento de Dados Primários................................................................................4
Metodologia para definição das metas ..........................................................................7
Breve caracterização do território......................................................................................8
Caracterização da cadeia produtiva da mandioca............................................................12
Usos e produtos da mandioqueira................................................................................12
Histórico da cadeia na região.......................................................................................13
Aspectos gerais da cadeia no território........................................................................15
Análise dos Subsistemas..................................................................................................18
Subsistema: Unidades Familiares de Produção ...........................................................18
A propriedade ..........................................................................................................18
A área de plantio......................................................................................................21
Mão de obra .............................................................................................................21
Variedades ...............................................................................................................22
Preparo do Solo .......................................................................................................23
Plantio .....................................................................................................................24
Tratos culturais ........................................................................................................25
Colheita e pós-colheita ............................................................................................25
Assistência técnica e crédito....................................................................................26
Custo de Produção ...................................................................................................28
Subsistema: Beneficiamento da mandioca ..................................................................32
Organização das fábricas .........................................................................................32
Produtos derivados do processamento.....................................................................33
Infra-estrutura ..........................................................................................................34
Insumos ...................................................................................................................36
Água ........................................................................................................................37
Mão de obra utilizada no processamento ................................................................38
Resíduos ..................................................................................................................39
Associativismo e Cooperativismo ...........................................................................39
Subsistema: Comercialização ......................................................................................40
Canais de comercialização.......................................................................................40
Venda direta ao consumidor: Feiras e comunidades rurais .....................................41
Venda para intermediários.......................................................................................42
Transporte para a comercialização .........................................................................44
Mercados alternativos - PAA ..................................................................................45
Análise do Ambiente Institucional da Cadeia Produtiva ................................................47
O desenvolvimento do Diagrama de Venn – o “jogo das bolas” e as relações
institucionais................................................................................................................47
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Metas definidas para a cadeia produtiva da mandioca ....................................................55
Subsistema Produção...................................................................................................55
Subsistema beneficiamento ........................................................................................59
Subsistema de comercialização ...................................................................................63
Metas físicas e financeiras...........................................................................................67
A cadeia Produtiva da Mandioca no Desenvolvimento do Médio Jequitinhonha...........76
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Apresentação
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Glossário
AMEFA – Associação Mineira de Escolas Famílias Agrícola
AMEJE – Associação dos municípios do Médio Jequitinhonha
ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural
ATES – Assistência Técnica, Social e Ambiental
BNB – Banco do Nordeste do Brasil
CMDRS – Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável
CODETER – Colegiado de Desenvolvimento Territorial
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento
CPT – Comissão Pastoral da Terra
CUT – Central Única dos Trabalhadores
DRP – Diagnóstico Rápido Participativo
EFA – Escola Família Agrícola
EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais
FETAEMG – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais
FETRAF – Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar
FOFA – Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDENE – Instituto de Desenvolvimento do Nordeste
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
INCRA – Instituto de Colonização e Reforma Agrária
ITAVALE – Instituto dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Vale do Jequitinhonha
ITER-MG – Instituto de Terras do Estado de Minas Gerais
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social
MESOVALES – Agência de Desenvolvimento Integrado e Sustentável dos Vales do
Jequitinhonha e do Mucuri
PAA – Programa de Aquisição de Alimentos
PCPCR – Programa de Combate a Pobreza Rural
PDA – Plano de Desenvolvimento de Assentamentos
PDHC – Projeto Dom Helder Camâra
PJR – Pastoral da Juventude Rural
PNCF – Programa Nacional de Crédito Fundiário
PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
PRONAT – Programa Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais
PTCPC – Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa
PTDRS – Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável
SDT – Secretaria de Desenvolvimento Territorial
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais
TMJ – Território do Médio Jequitinhonha
UFP – Unidade Familiar de Produção
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Resumo executivo
O Território do Médio Jequitinhonha é composto pelos municípios de Águas
Vermelhas, Angelândia, Araçuaí, Berilo, Cachoeira de Pajeú, Chapada do Norte,
Comercinho, Coronel Murta, Francisco Badaró, Itaobim, Itinga, Jenipapo de Minas,
José Gonçalves de Minas, Medina, Novo Cruzeiro, Padre Paraíso, Pedra Azul, Ponto
dos Volante e Virgem da Lapa, num total de 19 municípios. Todavia internamente o
território opera sem o município de Águas Vermelhas, que está participando das
reuniões no Território Alto Rio Pardo.
O território apresenta condições climáticas adversas, tendendo para a semi-
aridez, com precipitações anuais abaixo de 1.000 mm, atingindo em alguns municípios
700 mm. Os solos apresentam fertilidade relativamente baixa para as principais culturas
agrícolas. A temperatura média anual situa-se na faixa de 21 a 24ºC. O rio
Jequitinhonha é o principal recurso hídrico da região, seguido pelo seu afluente o rio
Araçuaí. O relevo é formado, principalmente, por grandes chapadas planas recortadas
por grotas profundas, onde se encontram os recursos hídricos.
Segundo o Censo de 2000, a população do território Médio Jequitinhonha é de
277.694 habitantes e esta população está dividida entre o urbano e o rural, com 50,10%
vivendo em área urbana e 49,89% vivendo em área rural. O território do Médio
Jequitinhonha ocupa 3,05% da área total do estado e possui uma população de 1,55% à
população do estado. Deve-se salientar que, o número de pessoas pobres ultrapassa 60%
da população, e que em apenas 30% dos domicílios possuem uma média de anos de
estudo superior a quatro anos.
Economicamente o território é muito fragilizado, pois o território responde por
menos de 1% da renda total gerada no estado de Minas Gerais. A renda per capita
média do território é R$ 80,24/mês e o PIB per capita do Território equivale a pouco
mais de 25% do PIB per capita estadual. A principal atividade econômica no território é
a agropecuária e aproximadamente 40% da população são trabalhadores rurais. Calcula-
se que 52,2% do Valor da Produção no território provêm da produção animal, outros
40,4% decorrem dos cultivos vegetais, enquanto a extração vegetal e a silvicultura
correspondem a somente 7,24%. A agricultura familiar participa com 64,7% do VAP,
apesar de ocupar aproximadamente 45% da área e ocupar 86% dos trabalhadores rurais.
Analisando aspectos do Valor da Produção (VAP), dentre os produtos cultivados, a
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Procedimentos Metodológicos
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Como argumenta Trusen (2004), o DRP é uma metodologia que possibilita tanto
o diagnóstico quanto a construção coletiva de caminhos para estimular e apoiar a
participação e o desenvolvimento de grupos sociais. Este estímulo e o apoio se
fundamentam na delegação ao próprio grupo da capacidade de tomar decisões e fazer
escolhas entre alternativas possíveis ao seu futuro. É uma metodologia também bastante
apropriada à construção de relações horizontais entre os grupos e os profissionais que os
assessoram (Gomes et al., 2001).
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
citada com respeito à sua importância para o desenvolvimento da cadeia produtiva e sua
relação de proximidade aos próprios agricultores. Através dessa técnica foi possível
coletar elementos de caráter qualitativo acerca do arranjo institucional e organizacional
do território relacionados à atividade produtiva da mandioca.
A técnica conhecida como FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e
Ameaças) consiste em uma matriz que analisa a organização geral da cadeia produtiva
no território. Através do desenvolvimento dessa técnica buscou-se identificar, analisar e
visualizar a situação atual dos grupos para conseguir um fortalecimento organizativo,
começando por discutir as fortalezas, debilidades, oportunidades e ameaças que devem
ser levadas em conta para o planejamento do desenvolvimento da cadeia produtiva no
território. Através do desenvolvimento do FOFA foi possível obter elementos que
indicam as potencialidades e debilidades da cadeia produtiva da mandioca.
Na segunda fase, os questionários foram estruturados levando em consideração
os elos da cadeia, qual seja: produção, processamento e comercialização. Dessa forma
foram elaborados três questionários específicos, sendo um orientado ao agricultor
familiar que cultiva a mandioca, outro direcionado ao agricultor familiar que possui
fábrica individual ou processa a mandioca em fábricas comunitária, e um último
questionário orientado para o comércio, seja feirantes ou mercearias e supermercados.
Além do apoio da SDT/MDA, o desenvolvimento do trabalho também contou
com o apoio das prefeituras, por meio das secretarias de agricultura, que colaboram
dando apoio no transporte até as comunidades rurais; da EMATER, que contribui
fornecendo dados secundários sobre a cadeia produtiva da mandioca e no transporte, a
EFA Bontempo que forneceu a estrutura física para a realização da oficina e aos
estudantes que contribuíram na construção metodológica e participação nas oficinas. Os
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e ao ITAVALE, que mediaram à relação entre os
técnicos responsáveis em desenvolver o plano e os agricultores e instituições envolvidos
na coleta de dados.
Em todos os municípios foram realizadas visitas as comunidades rurais que
possuíam fábricas de farinha e produtores de mandioca. Todas as entrevistas foram
gravadas e transcritas posteriormente. Dessa forma, informações pertinentes à cadeia
produtiva que não estavam no roteiro, mas que eram levantados pelos agricultores foi
foco de investigação e se encontram descritas nas análises desse documento.
Entre as principais dificuldades de levantamento de dados primários encontradas
foram devido ao curto período para a sua execução e o deslocamento dentro do
território. Outro fator não esperado foi o lançamento do território da cidadania, que fez
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
com que a equipe técnica cancelasse reuniões previamente marcadas além de encerrar
qualquer possibilidade de atividade dentro do território.
Durante uma das avaliações do plano as duas principais questões que podem
comprometer o sucesso na elaboração do documento foram a época e o prazo para a sua
elaboração, visto que as duas dificultam o estabelecimento de um grupo de interesse e
uma rede de serviços que garantam sua execução.
Para a definição das metas foi realizada uma reunião no território com duração
de dois dias. Inicialmente fez-se uma breve apresentação do trabalho até então
realizado. Em seguida houve divisão em grupos para o aprofundamento das discussões
em relação aos problemas diagnosticados para cada elo da cadeia. Neste momento,
houve inclusão e exclusão de itens. Após a discussão nos grupos, foi realizada a
apresentação dos problemas, e das principais discussões realizadas em grupo.
Antes da definição das metas, foi realizada uma simulação de geração de meta,
junto à plenária, para capacitar todos os presentes a estabelecê-las conforme as
exigências definidas no documento de elaboração dos PTCPCs. Assim, para a definição
propriamente dita das metas foi realizado a divisão em grupos, com os presentes, e a
proposição de ações direcionadas a soluções dos problemas concernentes a cada elo da
cadeia produtiva da mandioca. Como método foi utilizado uma adaptação da técnica de
planejamento participativo (Coelho, 2005).
Após a elaboração da metas e da definição dos atores institucionais envolvidos,
os grupos voltaram à plenária e apresentaram as proposições. Na plenária houve a
inclusão, retificação e retirada de propostas de ações.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Os domicílios em situação de pobreza são aqueles com saneamento inadequado e cujos
responsáveis têm renda de até um salário Mínimo por mês e freqüentaram escola por menos de quatro
anos.
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Percentual de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 75,50, equivalentes a 1/2 do
salário mínimo vigente em agosto de 2000. O universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em
domicílios particulares permanentes (IPEA, 2000).
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
permanecem quase que inalterados no Brasil, exceto na região Norte que obteve
algumas pequenas mudanças. No território há uma ampla predominância de pequenas
propriedades e de acordo com o censo de 1995, dos 18.081 estabelecimentos rurais,
somente 127 são ditos grandes. Embora o número de grandes propriedades seja muito
baixo (0,7%) estes estabelecimentos agregam 20,1% da área total ocupada, enquanto
que o total de estabelecimentos com menos de 10 hectares (40% do total) agrupam
somente apenas 2,8% da área. Considerando-se ainda o critério de pequenos
estabelecimentos (menores que 100 há), os 86,6% de estabelecimentos com menos de
100ha, possuem somente 26,9% da área total, logo, esta relação evidencia a situação de
concentração fundiária no território.
Outro aspecto é que o Território Médio Jequitinhonha têm uma característica de
agricultura familiar forte. Exemplo disso é a porcentagem de estabelecimentos
familiares no Território, 91,1%, proporção bem superior que a média estadual com
77,3%. Contudo, a parte da área que cabe a estes 91,1% de estabelecimentos familiares
é muito pequena, contendo menos 44% da área ocupada. Todavia com esta pequena
parcela da área total do território a agricultura familiar participa com 67,4% do Valor da
Produção e 86% de ocupação de trabalhadores.
Alguns programas e ações dos governos estadual e federal visando o
desenvolvimento sócio-econômico do Vale do Jequitinhonha foram citados, tais como:
os comitês de bacia hidrográfica e os programas sociais e com fins produtivos
coordenados pelo IDENE e EMATER-MG (inclusive programas com recursos federais,
cuja gestão é de responsabilidade do governo estadual); a Agenda 21 Local, ligada às
ações do Ministério do Meio Ambiente; o Plano de Desenvolvimento Integrado e
Sustentável da Mesorregião do Vales do Jequitinhonha e Mucuri (MESOVALES,
2005), implementado pela Secretaria de Programas Regionais do Ministério da
Integração Nacional, as ações do Ministério do Desenvolvimento Social e do Ministério
do Desenvolvimento Agrário, por meio das Secretarias de Desenvolvimento Territorial
e da Agricultura Familiar e do INCRA.
Em relação ao Programa Nacional de Fortalecimento da agricultura Familiar –
PRONAF, houve um significativo aumento do número de contratos e valores
negociados durante esse período, embora tenha havido uma forte queda na passagem de
2001/2002 para 2002/2003. Porém, a importância relativa do território em relação às
operações do PRONAF em todo estado de MG diminuiu durante esses anos. Na safra
2001/2002, o montante negociado no território que correspondia a 1,6% do valor
estadual, e reduziu-se para apenas 0,8% em 2004/2005.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Por outro lado, a farinha de mandioca pode ser utilizada diretamente no consumo
alimentar, prato tipo e tradicional no Brasil, geralmente associado a outros pratos como
a feijoada. É mais consumida pela população de menor poder aquisitivo, assim como
nas regiões Norte e Nordeste. Pode ser usado, também, como insumo nas indústrias de
cervejeira e mineração; ou na forma refinada, como componente da indústria de
panificação e de colas. A ração animal é produzida com os resíduos do processamento
industrial da raiz da mandioca – cascas, entrecascas, fiapos e fibras – adicionados das
partes aéreas da planta e que são transformados em pellets, um dos mais importantes
derivados de mandioca de larga aceitação no mercado internacional.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Nomes destinados ao seguimento de ramo da planta da mandioca utilizado como estrutura de
propagação (muda).
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Neste documento o termo ‘farinheira’ será designado às unidades de beneficiamento de
mandioca do território, por melhor descrever a situação encontrada.
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200,00
175,00
150,00
125,00
100,00
75,00
50,00
25,00
-
2006 2005 2004 2003 2002
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A propriedade
A maioria dos agricultores entrevistados se considera proprietários da terra em
que cultivam a mandioca, entretanto é comum o caso onde os agricultores utilizam
terras de familiares, como dos pais, as quais não precisam dividir a produção. Por outro
lado, com menor freqüência, encontram-se os agricultores que são parceiros ou meeiros
que dividem a produção com proprietário Dentro da amostra de agricultores desse
trabalho, essa relação é de: 60% consideram proprietários e 40% trabalha em regime de
arrendamento. Entretanto, para os membros do CODETER, essa relação é bem
diferente, sendo a relação entre o número de proprietários menor do que o identificado
na amostra do estudo.
No levantamento de dados foi constatado que o acesso a terra, mesmo para
aqueles que são proprietários, é uma preocupação constante. Esta preocupação com a
questão fundiária dentro do território é o resultado de um processo histórico de luta pela
terra, no qual os sindicatos e movimentos sociais presentes no território tem plena
participação. Quando se observa os dados censitários a respeito da condição do produtor
observa-se que este número é menor, em torno de 7% dos estabelecimentos o produtor
não seria o proprietário (Tabela 2). Contudo, observa-se que estes dados são
relativamente antigos e que o grupo produtivo da mandioca pode ter um grande número
de agricultores que estão dentro deste percentual de produtores que não possuem o título
de posse ou propriedade da terra cultivada. Uma outra hipótese levantada é que a área
disponível para as atividades agropecuárias na qual o agricultor é proprietário não é
suficiente para a manutenção da família, visto que cerca de 40% das propriedades
possuem menos de 10 ha. Nestas duas hipóteses verifica-se a necessidade da
implantação de ações de regularização e reestruturação fundiária.
Outra preocupação é o caso de terras que estão sendo utilizadas por grandes
empresas (plantio de eucalipto) ou para a pecuária, as chapadas, que anteriormente eram
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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As áreas de cultivo são coletivas, entretanto os cultivos são individuais. Nestas áreas há
manifestações de formas coletivas de trabalho, como os mutirões e troca de dias, contudo predomina o
uso do trabalho familiar.
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A área de plantio
Predomina-se o cultivo em áreas pequenas, dificilmente ultrapassando um
hectare, com média em torno de 0,5 ha (Figura 3). Os agricultores que cultivam áreas
superiores fazem seus plantios em módulos, de forma que a área continua cultivada com
a mandioca seja de maneira geral inferior a um hectare.
Quando possível, os agricultores traçam estratégias para a escolha da área de
plantio como forma de obter maior beneficio para a família. Um caso interessante de ser
relatado é de uma família que possui duas áreas de cultivo, uma próxima a uma
barragem, que fica alagada durante a estação chuvosa (outubro a março). Esta é
cultivada na estação seca com variedades mansas, que possuem o ciclo mais curto e são
colhidas com seis meses. A outra área, nas terras altas, chamadas comumente de
chapadas, a família cultiva as variedades bravas, que possuem um ciclo mais longo e
são mais resistentes à seca.
Mão de obra
A mão de obra empregada é basicamente a familiar (a esposa, o marido e os
filhos mais novos). Nos casos em que os filhos não moram mais juntos com os pais, seja
por migração ou por constituição de uma nova família, são utilizadas outras formas
como a troca de dias ou os mutirões.
A migração, principalmente para o corte de cana em outros estados, é relatada
como o principal responsável pelo aumento dos custos de produção, seja da mandioca in
natura ou beneficiada. Apesar de na maioria dos casos toda a família ajudar no cultivo,
em alguns momentos de manejo, como a colheita e o transporte da mandioca até as
fábricas pode ser necessário o pagamento de dia de serviço para terceiros. Poucos são os
agricultores que contratam mão de obra para auxiliar no manejo do cultivo da
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Variedades
Assim como as operações de cultivo, as variedades cultivadas é parte da tradição
do cultivo da mandioca. Diferentes variedades são cultivadas de acordo com o
município. Os agricultores as classificam em dois grupos: bravas e mansas. As bravas
são utilizadas para o beneficiamento (fabricação de farinha e goma) ou para a
alimentação animal indireta6, enquanto as mansas são utilizadas para o beneficiamento e
alimentação direta - humana e animal. Ambas são cultivadas na mesma área, cabendo a
diferenciação das variedades ao conhecimento dos agricultores no momento da colheita.
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O termo indireto refere-se o fato de que é necessário realizar procedimentos para eliminar
compostos que possam causar algum dano aos animais.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Preparo do Solo
O preparo do solo para o plantio geralmente segue a seguinte ordem: limpa do
terreno (destoca), capina, juntada de cisco, aceiro, queima de mato, coveamento e
plantio. Nas áreas que foram cultivadas onde as práticas realizadas concentram-se na
“limpa” da área, no enleiramento dos restos culturais sem realizar a queimada. Na maior
parte dos casos essas atividades de preparo são feitas manualmente demandando grande
quantidade de mão de obra, a chamada roça de toco. Contudo, em algumas
comunidades há a utilização de maquinas agrícolas para o preparo do solo. Não são
realizadas operações de correção ou reposição de nutrientes.
Observou-se que houve a aquisição de tratores e implementos agrícolas para o
preparo das áreas de cultivos e transporte de produtos em vários municípios com
recursos do PCPR (Figura 4). Contudo, vale salientar que quando se compara às áreas
contínuas plantadas e a capacidade de trabalho do conjunto trator/implementos verifica-
se um super-dimensionamento destes, o que poderá onerar os custos de operação e de
manutenção destes equipamentos.
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Plantio
A época principal de plantio concentra-se nos meses de outubro e novembro.
Contudo a definição da data de plantio é função das chuvas que ocorrem a partir do mês
de setembro e da disponibilidade de mão de obra.
Como existe um descompasso entre a colheita e o plantio, por isso os
agricultores traçam diferentes estratégias para ter disponíveis as manivas necessárias ao
cultivo de novas áreas. A estratégia mais utilizada é a estocagem da rama inteira em um
local com sombra até o momento do plantio. Em casos extremos eles fazem à retirada
das manivas dos mandiocais que estão em fase de formação.
O cultivo da mandioca é predominantemente feito em consórcio com outras
culturas, como o feijão de corda, milho, abóbora etc (Figura 5). Nas terras onde há a
cafezais a mandioca é cultivada nas entrelinhas (Figura 6), e neste caso há preferências
por cultivares de menor porte, como a “Piriquitinha”. Dentro da lavoura, não se
emprega um critério técnico para definir o espaçamento entre as plantas,
proporcionando um baixo número de plantas por unidade de área, menor
aproveitamento dos recursos existentes e repercutindo em menor produtividade.
Todavia, este maior espaçamento entre as plantas de mandioca viabiliza o consórcio
com as demais espécies de plantas, por permitir um compartilhamento dos recursos
primários, como a luz, água e nutrientes.
São vários os pontos favoráveis ao plantio da mandioca consorciada com outras
lavouras, principalmente as anuais. Entre os benefícios deste tipo de consórcio pode-se
destacar: a melhor cobertura do solo durante o primeiro ano, comparar figuras 5 e 6,
uma maior eficiência na exploração dos recursos primários (água, luz, nutrientes) e a
redução na probabilidade do ataque de pragas (Gliesman, 2000).
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Tratos culturais
Nas áreas tradicionais de cultivo da mandioca, não são empregados corretivos ou
fertilizantes no plantio e/ou cobertura. Em poucas comunidades estudadas era realizada
a prática da adubação para a cultura consorciada. Quando realizada a adubação não
eram empregados os critérios técnicos.
Muitos agricultores relataram que não utilizam fertilizantes por dois motivos. O
primeiro é o custo da operação (compra do adubo e da aplicação) em relação ao preço
final obtido pela farinha (principal produto comercializado), o segundo é o risco em se
perder a lavoura por causa da estiagem. O fato dos agricultores não utilizarem insumos
químicos não está relacionado com a preocupação com o meio ambiente, mas por
questões culturais e econômicas do cultivo da mandioca. Entretanto no município de
Medina o ITAVALE realizou alguns trabalhos de conservação de nascentes e
discussões sobre agroecologia.
O manejo do mato no mandiocal é realizado manualmente, demandando mão de
obra em grande quantidade, e por fluxos. Segundo o relato dos agricultores a “limpeza”
ou capina é realizada três vezes durante o primeiro ano da lavoura (período onde a
concorrência por recursos é maior, visto que a mandioqueira não cobriu o solo).
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Pragas e doenças são incomuns nos cultivos de mandioca, visto que as condições
de plantio (consorciamento, baixa densidade de plantas, alto número de variedades por
área) reduzem a chance destas quando ocorrerem causarem dano significativo.
Colheita e pós-colheita
A colheita da mandioca mansa é realizada preferencialmente a partir dos seis
meses após o plantio, para evitar a formação do pavio, quando é destinada a
comercialização ou consumo in natura. Quando o plantio se destina à fabricação de
farinha a colheita é realizada num período que varia de 18 a 24 meses (ano e meio ou
dois anos). O período de colheita se dá preferencialmente nos meses entre abril e
agosto, onde há menor umidade no solo e nas raízes, refletindo assim, por exemplo, em
maior rendimento no beneficiamento. Regionalmente, quando a raiz encontra-se mais
hidratada, diz-se que ela está “ensoada”, e não está adequada para o beneficiamento.
Os agricultores não sabem precisar o rendimento do mandiocal em termos de
quantidade de raiz produzida. Alguns têm a estimativa em termos de quantidade de
farinha produzida, que pode variar entre 3 e 15 alqueires de farinha por hectare (180 a
900 kg de farinha por hectare). Segundo as informações da Emater (Relatório Sintético
para Lavouras Permanentes/Semi-permanentes) a produtividade de raiz varia entre 6 e
12 ton/ha nos municípios do território, com uma média histórica de 9 ton/ha (Figura 2).
O principal fator responsável por essa variação é a disponibilidade hídrica. Em períodos
longos de estiagem a produtividade diminui consideravelmente. Os danos podem ser
mais graves quando a estiagem ocorre no período de formação da lavoura (logo após o
plantio).
O transporte das raízes após a colheita é normalmente realizado com o auxílio de
animais de carga (como o burro e a mula, por exemplo). Segundo os agricultores há
uma preocupação na rápida utilização das raízes após a colheita, pois estas são muito
perecíveis (se perdem com facilidade). Por isso, não foram encontrados nenhum
agricultor que realizasse a estocagem das raízes.
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Custo de Produção
Os custos enquanto ferramenta da micro-economia constitui informação
essencial para o agricultor familiar melhor compreender seu processo produtivo e
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de mandioca” (amontoa). Esta etapa pode chegar a 47% dos custos total, se de fato
ocorrer a três capinas. Como o mais normal são duas capinas estes custos é de no
mínimo 31%.
O transporte da roça até a casa de farinha é um custo determinante para o custo
de produção da mandioca. Na verdade, o que está calculado como custo é o dia de
trabalho, mais o animal próprio para transporte que tem seu valor agregado ao dia de
trabalho humano. O que é contratado na verdade é o dia de serviço do animal. Este
custo corresponde a no mínimo 30% do custo de produção.
O valor do custo de produção calculado para o território é em torno de 50%
menor do que aos custos de regiões tipicamente produtoras de mandioca do sul (Santa
Catarina, R$ 3.798,00, 30 t/ha) e sudeste (Assis-SP, R$ 3.616,00, 33 t/ha), onde há o
emprego de insumos industrializados e alta demanda de máquinas agrícolas (IFNP
Agrianual, 2007). Essas diferenças no custo de produção se devem basicamente a
inserção nos custos de produção das despesas administrativas e utilização de insumos
para essas outras regiões.
O território produz menos de um terço do produzido nas regiões citadas
anteriormente. Essas diferenças representam uma elevação custo marginal7 (R$/t) e uma
menor competitividade em relação às demais regiões. Para ilustração, o custo marginal
do território considerando a produtividade média histórica de 9 t/ha e o valor médio do
custo de produção é 217,78. Este valor é praticamente o dobro do valor encontrado para
Assis, SP. Logo para que a atividade apresente competitividade, do ponto de vista
econômico, é recomendável que se criem estratégias para reduzir o custo marginal, que
podem se dar pela redução do custo de produção ou elevação da produtividade.
Enquanto atividade isolada a cultura da mandioca pode apresentar-se como não
competitiva. Contudo deve-se considerar que a atividade, sob os custos aqui levantados,
apresenta uma taxa de retorno do capital de quase 100% quando se considera a venda
para o compra direta, PAA (Tabela 5). Outras questões como o beneficiamento e outras
formas de agregação de valor podem representar em maiores retornos aos agricultores.
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Custo marginal refere-se uma quantia monetária gasta para se produzir uma determinada
quantidade de produto (no caso a quantidade gasta em Reais para se produzir uma tonelada de raízes,
entregue na farinheira).
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Ou polvilho, tecnicamente é chamado de fécula.
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Infra-estrutura
As condições das fábricas de processamento são diversas. No que se refere ao
prédio, grande parte encontra-se em condições regulares (Figura 7). No entanto, existem
fábricas em condições precárias, o que prejudica a qualidade dos produtos e o
rendimento da produção, uma vez que alguns produtos não podem ser processados na
fábrica. Esse cenário foi encontrado em todos os municípios que fizeram parte da
amostra desse estudo e segundo informações de técnicos e agricultores representam a
realidade dos demais municípios. Dessa forma, a mandioca não gera a quantidade de
produto e nem a quantidade que poderia por falta de equipamentos adequados.
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a b
c d
e f
Grande parte das farinheiras possui energia elétrica, mas na maioria das vezes
não é suficiente para atender a demanda dos equipamentos, isso porque a energia
existente é dividida com as casas próximas, de forma que quando a mandioca está sendo
beneficiada ocorrem quedas no fornecimento de energia. Essa questão é importante,
pois existem fábricas com equipamentos novos e parados por falta de energia suficiente
para o seu funcionamento (Figura 8). Deve-se lembrar que as ligações realizadas pelo
“Programa Luz para Todos” não atende as necessidades da maior parte das máquinas de
uma farinheira, havendo a necessidade de ampliação da carga, o que pode acarretar em
necessidade de participação financeira por parte dos interessados.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Também existem fábricas com equipamentos subutilizados pelo fato das famílias
não produzirem o suficiente que o equipamento demanda no processamento. Um
exemplo comum esta na aquisição das torradeiras, Figura 9, por demandar uma elevada
quantidade de matéria para o funcionamento, os agricultores optam por utilizar a
tradicional taxa manual (Figura 10). Uma ação relacionada a esse problema não está
ligada diretamente ao aumento da produção, mas ao acompanhamento técnico mais
próximo no momento de aquisição dos equipamentos, para que a aquisição seja feita
levando em consideração a realidade produtiva dos agricultores. Sendo assim, mantendo
a produtividade e otimizando o processamento pode aumentar a qualidade e a
quantidade dos produtos e, conseqüentemente potencializar economicamente a cadeia
produtiva da mandioca. No território existe município, como o de Virgem da Lapa, que
já chegou a ter 45 fábricas constituídas e atualmente possuem três fábricas, segundo
informações do técnico da EMATER do município.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Insumos
Os insumos para o processamento da mandioca são basicamente a água, a lenha
e uma fonte de energia para os motores (que pode ser a energia elétrica ou o óleo
Diesel). A lenha utilizada para torrar a farinha é cortada nas proximidades das fábricas
(Figura 11) ou nas margens das estradas. Não existe o replantio de árvores no território
pelos produtores de farinha, sendo assim, com o incremento da atividade voltada à
produção comercial a extração de lenha nativa a um longo prazo pode vir a tornar-se um
problema para o exercício dessa atividade produtiva.
Água
Na maioria dos casos analisados a água utilizada no beneficiamento é
proveniente de poços e nascentes e armazenada em caixas (Figura 12). Em alguns casos
a água é coletada diretamente dos rios. Algumas fábricas estão tendo dificuldade de
acesso á água e os agricultores afirmam que a água não vai existir por muito tempo.
Existem algumas medidas no território que minimizam os problemas causados pela seca
prolongada, tais como a construção de barraginhas que buscam alimentar os lençóis
freáticos e a construção de caixas de captação de água da chuva (Figura 13). Entretanto,
essas medidas são paliativas. Medidas como preservação de nascentes, plantio de
árvores e medidas de convivência com o semi-árido não foram identificados durante a
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
aproximadamente R$ 20,00 a R$ 25,00. Muitas vezes o preço pago pelo saco de farinha
não cobre os custos da mão de obra empregada somente no seu beneficiamento.
Segundo os entrevistados, o que sobra é o suficiente para garantir a alimentação da
família. Alguns afirmam que com um melhoramento nos equipamentos e a inserção de
máquinas elétricas o custo de produção diminuirá, embora não tenha uma estratégia de
qualidade que agregue valor aos produtos e subprodutos derivados da mandioca, assim
como não há mecanismos de comercialização em conjunto.
Um problema levantado por grande parte dos agricultores foi o custo da mão de
obra. Parte desse custo pode ser explicada pelo fenômeno da migração de jovens filhos
de agricultores para o corte de cana nos estado de São Paulo, para a colheita de café no
Espírito Santo, e para o trabalho de vendedor ambulante no litoral da Bahia. Dessa
forma, além de cara, a mão de obra para algumas atividades, como para torrar a farinha,
por exemplo, é difícil de ser encontrada. Alguns agricultores afirmam não encontrar
mão de obra para o trabalho nas fábricas de farinha.
Resíduos
A maioria dos agricultores utiliza as cascas da mandioca (raspa da mandioca)
para a alimentação de animais. Em épocas de secas mais prolongadas, alguns chegam a
vender as cascas da mandioca para alimentação do gado. O grolão, parte da farinha que
não é vendida, também é utilizado com ração para animais. A manipueira, resíduo
proveniente da lavagem da mandioca, é jogada em fossas ou é jogada diretamente no
solo, em alguns casos, parte da manipueira é utilizada para combater pragas.
Associativismo e Cooperativismo
Nos municípios onde foram realizadas as investigações não foram identificadas
nenhuma cooperativa de produção. Apesar de existirem relações cooperativas, como foi
relatado nesse documento sobre a gestão das farinheiras, não existe uma organização
formal cooperativa que oriente as ações produtivas e normatize a atividade econômica
da cadeia produtiva da mandioca.
Em relação às associações, elas estão presentes em grande parte das
comunidades rurais. No município de Comercinho, por exemplo, existem 35
associações comunitárias, segundo informações da Emater. As associações são de
caráter comunitário, ou seja, não são organizações constituídas com vistas a orientar
uma atividade econômica. Em Virgem da Lapa, por exemplo, a EMATER está fazendo
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Subsistema: Comercialização
“Para comprar assim, eu compro é na vistunta lá no mandiocal. O Cabra fala: eu
quero tanto. Eu dou uma olhada assim, tanto eu não dou não, eu dou tanto senão eu
não ganho nada aqui. A gente tem uma experiência própria né, chega lá e dá uma
olhada, pelos pé da mandioca a gente sabe se tem mandioca ou não tem.” (Agricultor
Familiar)
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Canais de comercialização
Foi verificado neste estudo que existem dois canais de comercialização dos
produtos da mandioca. O primeiro canal é o canal curto, qual seja à venda direta dos
produtos ao consumidor. O segundo canal é o longo, ou seja, a venda é feita a
intermediários, e destes aos consumidores.
Em relação ao primeiro canal, existem dificuldades no que se refere à infra-
estrutura de distribuição, mas especificamente, ao transporte do produto até o ponto de
comercialização. A condição das estradas em alguns casos se torna um entrave para o
escoamento da produção. Além dessas condições que podem ser resolvidas por
intervenção direta das instituições competentes que compõem o território, os
agricultores não possuem veículos para esse transporte. Foi identificada em alguns
municípios a disponibilidade do caminhão do PRONAT, entretanto, faz-se necessária
uma articulação entre os agricultores para que esse tipo de estrutura seja utilizado por
eles e, no entanto, seria insuficiente para atender a todos os agricultores em um
município.
Nesse canal curto a venda é feita em sua grande maioria nas feiras livres.
Praticamente em todos os municípios os principais canais de comercialização são as
feiras livres (canal curto) e os mercados municipais (canal longo). Em alguns
municípios como Araçuaí, a feira movimenta um fluxo grande de consumidores. Em
outros, como é o caso de Comercinho e Medina, as feiras estão em fase de
reestruturação ou não estão sendo feitos investimentos. Existem iniciativas de melhorar
as condições de infra-estrutura, higiene e conforto nas feiras, como por exemplo, a
aquisição de barraquinhas cobertas.
No que se refere ao canal longo, existem dois tipos de intermediários: os
mercados municipais e os supermercados e as mercearias. Os supermercados compram
uma maior quantidade dos produtos, no entanto, o preço pago por atacado gera um
montante menor de renda aos agricultores do que a venda a varejo na feira ou no
mercado. Entretanto, para alguns agricultores, a venda em quantidade maior é mais
vantajosa do que a venda na feira, pois não são despendidos custos para o transporte. O
outro intermediário existente no território é o mercadante9, que compra a farinha, goma
ou mandioca direto do produtor e vende a varejo. O agricultor, no entanto, fica
responsável pelo transporte da mercadoria do produto até o mercado municipal.
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São pessoas que tem como atividade o comércio nos mercados municipais.
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10
A quantidade de produto contida em um prato é variável com o município, estando entre 2 a 3
litros, o que representa em média 1,3kg.
11
O termo qualidade aqui se refere aos padrões de cor, tamanho dos grãos e quantidade de goma
presente na farinha, pois os aspectos de legalização sanitária são desconsiderados.
12
O quilo aqui não se refere a uma quantidade definida de produto, mas a uma porção de
mandioca com cinco ou seis raízes.
13
Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Araçuaí.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Mercadantes
A venda para os mercadantes é realizada de duas formas. A primeira é quando os
agricultores vão “exclusivamente” para vender a farinha para esse intermediário. A
segunda é quando os agricultores vão vender diretamente aos consumidores (nas feiras
livres), e ao final do período vendem ao atacado os produtos restantes. Estas formas de
comercialização são praticadas por agricultores que produzem menor quantidade de
goma e de farinha, geralmente quantidades menores que 20 alqueires (1.200 kg). Esses
comerciantes vendem a farinha e a goma na forma prateada (Figura 16), geralmente
pelo mesmo preço praticado na feira livre (R$2,00 para farinha e R$4,00 para a goma).
Todavia foram encontrados mercadantes que estão embalando os produtos para
melhorar a apresentação destes, visto que na maior parte dos municípios as condições
estruturais são precárias.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Mercearias e supermercados
Os agricultores que produzem maior quantidade de farinha em relação ao grupo
anteriormente citado têm como principal canal de comercialização a venda no atacado,
mercearias e supermercados. É comum observar que nesses comércios há o
fracionamento do produto e o empacotamento em unidades de um quilograma ou de um
prato. Neste caso o agricultor vende seu produto numa faixa de preço que varia entre R$
0,75 a R$ 1,60 o quilo da farinha. Enquanto nesses espaços o preço praticado varia entre
R$ 1,90 a R$ 3,00 o quilo da farinha. Quando se avalia a comercialização da goma
observa-se o mesmo quadro. Numa avaliação do significado destes valores, verifica-se
40 – 50 % do valor da produção retorna aos agricultores, que são responsáveis pela
produção e pelos maiores riscos (os devidos às intempéries climáticos). Essa
expropriação do capital gerado pela agricultura familiar favorece a manutenção deste
sistema que beneficia somente uma parte dos integrantes da cadeia. Contudo, deve-se
lembrar que a falta de organização dos agricultores para comercialização propicia este
tipo de relação comercial.
Por falta de recursos para cobrir os custos de produção (capital de giro) estes
agricultores necessitam vender seus produtos logo após o beneficiamento, acarretando
em uma oferta maior que a demanda e a queda dos preços. Aliado a este fato, por não
existir uma estratégia de comercialização em conjunto, os agricultores perdem o poder
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Neste documento o termo intermediário refere-se a quaisquer entidades ou pessoas que no
processo de comercialização situam-se entre o consumidor e o agricultor familiar.
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Instituições Listadas:
Consumidores Emater
Sindicatos Prefeitura
Associações Itavale
Conab Comunidades
Agricultores e agricultoras familiares
EFA Governo Estadual
Igreja Aprisco
Atravessador CUT
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CONSAD CÁRITAS
FETAEMG FETRAF
Consumidores:
O mercado consumidor dos produtos derivados da mandioca no território tem
um enorme potencial. No entanto, os agricultores não estão conseguindo se organizar de
forma a atender esse mercado consumidor. Uma estratégia utilizada que poderia mudar
esse cenário seria a produção de um produto com um padrão de qualidade mais apurado.
Esse fato pode ser constatado nos mercados, na medida em que existem muitos produtos
derivados da mandioca vendidos no território que são provenientes de outras regiões,
em alguns casos até do sul do Brasil.
A constituição de novas estratégias de mercado exige a organização dos
agricultores para atender a demanda pelo produto. Dessa forma, ao se pensar em
inserção de novos produtos no mercado deve-se pensar na forma que será organizado o
cultivo e o processamento da mandioca, para que o elo da cadeia produtiva
“comercialização” não seja comprometido.
Atravessador/intermediário:
O atravessador compra a farinha do produtor por um preço mais barato e vende
ao consumidor por um preço mais caro. Sem o atravessador o produtor pode vender o
seu produto direto ao consumidor. Entretanto, mesmo vendendo o produto para o
atravessador, o agricultor vende toda a produção. Dessa forma, o risco de voltar com
produto da feira de volta para a propriedade não existe. .
Sem o atravessador, o agricultor demora mais a vender a farinha, e muitas vezes
nem consegue vender. Se o agricultor conseguisse se organizar para fazer a venda
conjunta, não precisaria do atravessador, pois este só existe para comprar o produto de
quem não consegue vender direto ao consumidor.
Existem municípios em que a farinha vendida vem da Bahia, e não se encontra
farinha da região. Tem agricultores que conseguem armazenar a farinha até o mês de
junho, em que a oferta do produto é baixa. Dessa forma, eles conseguem um bom preço
pela farinha, variando entre R$ 1,90 e R$ 3,00 o prato (aproximadamente 1,3 kg),
enquanto o preço vendido para o atravessador em alguns municípios está em torno de
R$ 0,75.
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Emater:
A Emater possui uma relação direta com a atividade produtiva da mandioca,
uma vez que é uma das entidades responsáveis por elaborar os projetos técnicos do
PRONAF para os agricultores. Entretanto, a Emater não consegue disponibilizar os
serviços de assistência técnica aos agricultores familiares de todos os municípios.
Segundo os agricultores, os técnicos possuem muita qualidade, mas não conseguem
fazer um acompanhamento mais próximo das atividades. Todos os municípios do
Território possuem escritório da Emater, no entanto, os técnicos estão sobregarregados
de trabalho além de possuírem uma estrutura precária de trabalho. Essa falta de
assistência técnica pode estar relacionada com a baixa produtividade dos agricultores,
tanto no que se refere às técnicas de manejo da lavoura quanto a um acompanhamento
na fase de processamento da produção. Existe também uma certa resistência dos
agricultores para que a assistência técnica chegue em suas propriedades. Falta
participação mais efetiva da comunidade na construção dos seus projetos e também uma
descrença no poder público.
A aquisição de equipamentos adequados à quantidade produzida é um exemplo
disso. Em algumas fábricas foram adquiridos equipamentos que necessitam de uma
maior quantidade de produção para ser processada. Como a quantidade produzida não é
suficiente, o equipamento fica subutilizado refletindo em maiores custos de produção.
Se o equipamento fosse adquirido com um acompanhamento técnico que levasse em
consideração essas questões, alguns custos poderiam ser minimizados e o
processamento otimizado.
Sindicato:
O sindicato dos trabalhadores rurais (STR) é importante na medida em que está
próximo dos agricultores, seja em relações previdenciárias, seja discutindo políticas
que estão sendo elaboradas no território. Em alguns municípios do território, o STR tem
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Prefeitura:
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Associações:
As associações exercem um papel importante no território na medida em que
fazem uma articulação a nível comunitário. Através dessa articulação muitas
associações conseguiram captar recursos que melhoraram a infra-estrutura da
comunidade e das fábricas. A execução de outros programas que são desenvolvidos no
território também pode ser realizada através das associações, tais como (PAA, PCPR
etc). Dessa forma, o sucesso dos programas pode ser garantido por envolver toda a
comunidade atingida por ela. Em alguns municípios, a existência de associações
comunitárias foi de fundamental importância para a constituição das fábricas de farinha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Governo Estadual:
Segundo os agricultores, as políticas estaduais estão bem próximas das
prefeituras. O Programa de Combate a Pobreza Rural – PCPR é um exemplo, muitos
projetos já foram implantados nas comunidades. Entretanto, os programas não estão
sendo executados de forma conjunta, ou seja, não estão sendo feitos projetos comuns
para mais de uma comunidade. Os projetos são isolados, por comunidades. Isso pode
comprometer o desenvolvimento dos programas a nível territorial, mas é uma
importante medida, principalmente no que se refere à infra-estrutura das fábricas.
Feira:
A feira é o local no qual grande parte dos agricultores vende a farinha, entretanto
existe uma dificuldade de deslocamento da roça até a feira. Em alguns municípios esse
problema é minimizado com o apoio da prefeitura. A venda individual dificulta o
transporte. Mesmo em fábricas onde o processamento é coletivo, a venda é feita
individualmente. Em alguns municípios, a venda coletiva, ou a organização para o
transporte de produtos de vários produtores até a feira pode minimizar esse problemas.
Algumas políticas como a aquisição de caminhões via PRONAT podem ser utilizadas
no transporte desses produtos. Contudo, foi relatado que necessário realizar uma
organização dos agricultores para que o transporte possa ocorrer em conjunto, da
mesma forma que a gestão do caminhão necessita uma organização prévia para que
solucione o problema.
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Igreja:
Em alguns municípios a Igreja católica e evangélica desenvolvem trabalhos
através da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Juventude Rural (PJR) e
associações. A igreja tem um papel histórico de apoio à constituição de muitos
sindicatos. Essa relação pode se melhor aproveitada pelo grupo produtivo de mandioca.
Todas as comunidades possuem uma igreja que podem ser utilizadas como agente
mobilizador na comunidade, podendo ser utilizadas inclusive como espaço para
reuniões.
CMDRS:
O Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável - CMDRS -
possui vínculos com as prefeituras e através deles muitos recursos podem ser voltados
para o interesse dos agricultores. Em outros municípios existe uma dificuldade de
diálogo entre entidades que compõem o Conselho e o poder público. A participação no
conselho também é baixa em alguns municípios do território. Existem conselhos
manipulados pelo gestor municipal, mas a maioria tem uma independência nas decisões.
A apresentação das relações institucionais do território referente a cadeia produtiva da
mandioca pode ser observada na figura 19.
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Para facilitar a elaboração das metas, estas foram separadas por subsistemas, ou
elos, a saber: Produção, Beneficiamento e Comercialização. A seguir serão apresentados
os grupos de ações para os problemas específicos de cada subsistema da cadeia.
Preferiu-se nesta primeira apresentar junto às metas, seus problemas geradores, para
facilitar a compreensão do processo aos leitores. Posteriormente serão apresentados os
resumos das metas com as respectivas demandas financeiras.
Subsistema Produção
Como verificado nas ações propostas para o subsistema da produção, as
principais questões são o acesso a terra, falta de assistência técnica e dificuldade de
acesso ao crédito, tabela 6.
Na elaboração das ações ao item “Acesso a terra”, foi discutido necessidade da
implementação de um sistema de vistoria de terras em todos os municípios do território.
Por que, considerando a opinião dos presentes, há existência de terras que
tradicionalmente eram utilizadas pelos agricultores familiares e que atualmente estão
cedidas a grupos empresariais que tem colaborado com a destruição do ecossistema
local, perda das formas tradicionais de produção além de sua subutilização.
Considerando as questões associadas à assistência técnica tem-se que a relação
entre o número de agricultores e o número de técnicos presentes nas instituições de
ATER/ATES é elevado, em média o valor é superior a 500:1. Portanto, seria desejado
que a primeira ação para solucionar este problema fosse aumentar o número de técnicos
de ATER/ATES. Foi abordado também que não somente é necessário ampliar o número
de técnicos, assim como aumentar os recursos de custeio as suas operações, visto que o
valor atual não é compatível com a demanda. Foi relatado também, que é necessário
criar uma rede de ATER na qual a inclusão das EFAs é de sumária importância, visto
que seus alunos são um importante agente difusor de informações e tecnologias no
território. Outro aspecto que esta rede poderia suprir com maior facilidade as lacunas de
apoio à organização da comercialização.
Considerando, as questões de assistência técnica, formas tradicionais de cultivo
e de convívio com o semi-árido, no item “Falta de acesso às variedades de mandioca”,
foram levantadas duas ações importantes, a primeira seria realizar eventos que
promovessem a troca de experiências bem sucedidas já existentes no território, através
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Tabela 6. Principais problemas identificados, grupos de ações a serem realizadas, subespaços do território, período de execução e atores
institucionais envolvidos para o elo da produção.
Problemas identificados Grupos de Ações Subespaços Período Atores envolvidos
STR, ITAVALE, INCRA,
Falta de acesso a terra (1) Vistoriar e desapropriar terras FETRAF, FETAEMG,
e/ou concentração de Municípios 2008-2011 EMATER, EFA’s,
terras (2) Legalizar terras Associações, Agricultores,
CUT, AMEJE, ITER-MG
(1) Aumentar o quadro de técnicos por Emater, AMEFA, Itavale,
meio de convênios com empresas e MDA
Falta de assistência entidades de ATER; Municípios 2008 – 2009/2010
técnica e tecnologia (2) Ampliar o quadro de funcionários da Emater
EMATER
Plantio irregular de
mandioca Realizar acompanhamento técnico Comunidades 2008-2011 Entidades de ATER
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Tabela 7. Principais problemas identificados, grupos de ações a serem realizadas, subespaços do território, período de execução e atores
institucionais envolvidos para o elo do beneficiamento.
Problemas Grupos de Ações Período Atores envolvidos
Subespaços
identificados
(1) Organizar os grupos nas comunidades 2008-2011 Agricultores, STR, Emater,
Comunidade 20% do número de CMDRS
Transporte de mandioca comunidades por
Municípios
para a tenda ano e município
(1) Aquisição de caminhão A partir de 2008 Agricultores/as, STR,
Municípios CMDRS
(1) Realizar tratamento de água onde for 2008-2011 Associação, STR
Falta de água para necessário 20% do número de
beneficiamento e Comunidade comunidades por
higiene adequada (2) Perfurar poços artesianos (completos) ano e município
nas comunidades
(1) Realizar a ligação elétrica onde não 2008-2011 Associações, STR,
existe 20% do número de CMDRS
comunidades por
Falta de energia elétrica, (2) Adequar o fornecimento de energia Comunidades ano e município
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Subsistema de comercialização
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Tabela 8. Principais problemas identificados, grupos de ações a serem realizadas, subespaços do território, período de execução e atores
institucionais envolvidos para o elo da comercialização.
Problemas Grupos de Ações Atores envolvidos
Subespaços Período
identificados
(1) Capacitar os produtores Território Médio STR, FETAEMG
Falta de padrão de 2009
Jequitinhonha
qualidade o que (2) Definir um padrão de higiene
aumenta a concorrência Farinheira/Mercado 2009
com produtos de outras (3) Definir tipo de produto derivado da Feiras dos
regiões mandioca mais aceitável no mercado 2008
municípios
Deslocamento de (1) Acionar os municípios para que Prefeituras e STR
agricultores e transporte possam providenciar transporte de Municípios 2008
de farinha qualidade
Infra-estrutura precária, Não houve consenso e uma indicativa de
feiras com produtos quais ações deveriam ser tomadas
expostos no chão e (1) Estudar a viabilidade de instalar uma Associações, Cooperativa
manipulação com as central de comercialização 2008-2009 (BIOCOOPVALE)
mãos.
Falta de organização (1) Fomentar e auxiliar o processo de Associações, Cooperativa
entre os agricultores organização dos agricultores para a (BIOCOOPVALE)
para a venda dos comercialização Comunidades 2008
produtos
(1) Definição de marca para os produtos Prefeituras, ITAVALE,
derivados da mandioca STR, Associações,
Falta de divulgação dos Território Médio 2009 FETAEMG
produtos (2) Realizar evento regional que promova Jequitinhonha
o elo da cadeia produtiva da mandioca.
Diversificar a produção (1) Estudar a viabilidade de instalar uma Território Médio Através da cooperativa que
dos derivados da fecularia no Território Jequitinhonha 2008-2009 está sendo implantada
mandioca (BIOCOOPVALE)
(1) Solicitar as autoridades competentes Território e CMDRS, Prefeituras,
Impostos pagos pelos para que a Agricultura Familiar tenha Assembléia 2008 Território MJ, Assembléia
produtos e sub-produtos isenção na Venda dos produtos Legislativa Legislativa
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Entraves na venda direta (1) Identificar os principais entraves CONAB, MDS, Prefeitura,
Território Médio CIAT
de produtos CONAB – 2008
(2) Melhorar e ampliar o programa Jequitinhonha
PAA
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Tabela 9. Recorte Territorial, atividades previstas, políticas públicas de investimento e custeio e entidades envolvidas no planejamento e
execução das ações de dinamização econômica do território.
Políticas Públicas de
Subespaços Atividades ATER/ATES Entidades envolvidas
custeio e investimento
Cultivo de mandioca (ha) PRONAF Emater/ EFA
Vistoriar, desapropriar propriedades SRT, ITAVALE, FETRAF,
e assentar famílias Reforma agrária INCRA, ITER FETAEMG, EFA, Associações
(INCRA); PNCF (agricultores), CUT, AMEJE
(SRA/MDA e Parceiros
Legalizar a situação dos posseiros Estaduais); Regularização SRT, ITAVALE, FETRAF,
UFPs – Unidades Fundiária (SRA) INCRA, ITER FETAEMG, EFA, Associações,
Familiares de CUT, AMEJE
Produção Inovação tecnológica na produção Emater / EFA Associações, SRT
Sementes (Governo
Estadual); PRONAF; Associações, STR, CMDRS,
Intercâmbios / trocas de experiências EFA
Apoio a Preparo de Solos; EFA
Garantia-Safra;
Acompanhamento e orientação PROAGRO-Mais
(vinculado aos Créditos de Emater / EFA Associações, STR, CMDRS
técnica dos recursos do PRONAF
Custeio).
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Políticas Públicas de
Subespaços Atividades ATER/ATES Entidades envolvidas
custeio e investimento
PCPR / DS, PNCF,
Reformar unidades de PRONAF / INFRA, Associações, Emater, STR,
Emater, consultores
beneficiamento de mandioca Governos CMDRS, Prefeituras
Municipal/Estadual
PCPR, PDAs e Similares;
Disponibilizar água para o Associações, Emater, STR,
PRONAF / Agroindústria; Emater,
beneficiamento da mandioca CMDRS, Prefeituras
PNCF
Capacitar grupos na operação das Associações, Emater, STR,
INCRA / SEBRAE Consultores, Emater
novas unidades produtivas CMDRS, Prefeituras
ATER; PRONAF /
Capacitar grupos na fabricação de Capacitação; PDHC (Dom Associações, Emater, STR,
novos produtos Helder); SENAR; Taxas Consultores, Emater CMDRS, Prefeituras
de Créditos de
Capacitar grupos na utilização ou Financiamentos Associações, Emater, STR,
Consultores, Emater
destino correto para os resíduos CMDRS, Prefeituras
Ajustar a demanda por energia ou Luz para Todos, Governos Consultores, Associações, Emater, STR,
realizar ligações elétricas Municipal/Estadual CEMIG CMDRS, Prefeituras
PCPR / DS, PNCF,
Municípios Transporte (pessoas e produtos) nos PRONAF / INFRA, Prefeituras, CMDRS,
diferentes subsistemas da cadeia Governos Associações,
Municipal/Estadual
PRONAF / INFRA;
Prefeituras, CMDRS,
Melhorar a infra-estrutura das feiras PCPR, PRONAF / Emater, SEBRAE
Associações, STR
Agroindústria.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Políticas Públicas de
Subespaços Atividades ATER/ATES Entidades envolvidas
custeio e investimento
INCRA / SEBRAE
ATER; PRONAF /
Fomentar e auxiliar a organização Emater, STR,
Capacitação; PDHC (Dom
dos agricultores para consultores, Associações, STR, Emater
Helder);SENAR; Taxas de
comercialização BIOCOOPVALE
Créditos de
Financiamentos
INCRA /PRONAF /
Capacitação; PDHC (Dom
Aumentar o número de técnicos de SRT, ITAVALE, EFA, Emater,
Helder); Taxas de
ATER/ATES MDA
Créditos de
Financiamentos.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Políticas Públicas de
Subespaços Atividades ATER/ATES Entidades envolvidas
custeio e investimento
PCPR, PDAs e Similares; SRT, ITAVALE, FETRAF,
Fortalecer e divulgar a
PRONAF / Agroindústria; FETAEMG, EFA, Associações,
BIOCOOPVALE
PNCF; Emater, CUT, AMEJE
INCRA / SEBRAE
ATER; PRONAF /
SRT, ITAVALE, FETRAF,
Capacitar os cooperados da Capacitação; PDHC (Dom
FETAEMG, EFA, Associações,
BIOCOOPVALE Helder);SENAR; Taxas de
Emater, CUT, AMEJE
Créditos de
Financiamentos
PRONAF / INFRA;
Aquisição de um caminhão por
Governos Associações, CMRDS, STR
município
Municipal/Estadual
Sensibilizar e reunir as gerências
Assembléia territorial, Comissão
bancárias a facilitar o acesso ao
Gestora,
PRONAF
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Políticas Públicas de
Subespaços Atividades ATER/ATES Entidades envolvidas
custeio e investimento
Estudar a viabilidade da construção PRONAF / INFRA; Emater, SEBRAE, Prefeituras, CMDRS,
de uma central de comercialização PRONAF / Agroindústria. consultores Associações, STR
SRT, ITAVALE, FETRAF,
Evento de promoção dos produtos da Governos
FETAEMG, EFA, Associações,
mandioca Municipal/Estadual
CUT, AMEJE
Tabela 10. Metas físicas estimadas para atender as atividades de dinamização econômica da cadeia produtiva da mandioca num horizonte de
investimento de quatro anos
Período
Grupo de ações Atividades Subespaços Total
2008 2009 2010 2011
Atividades agrícolas Cultivo de mandioca (ha) UFPs 4.200 4.200 4.200 4.200 16.800
Demanda ATER Técnicos disponíveis Municípios 9 10 9 10 38
Operação das novas unidades de
beneficiamento de mandioca Comunidades 20 20 20 20 80
Capacitações Fabricação de novos produtos (derivados) Comunidades 20 20 20 20 80
Utilização ou destino correto para os resíduos Comunidades 20 20 20 20 80
Gestão das unidades de beneficiamento Comunidades 20 20 20 20 80
Intercâmbios Intercâmbios / trocas de experiências Municípios 1 1 1 1 4
Auxiliar e fomentar a organização dos grupos
produtivos Comunidades 30 30 30 30 120
Fomentar e auxiliar a organização dos
Organização agricultores para comercialização Comunidades 30 30 30 30 120
Fortalecimento de atividades cooperativistas Municípios 30 30 30 30 120
Gestão de associações e cooperativas Municípios 30 30 30 30 120
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Tabela 11. Metas financeiras estimadas para atender as atividades de dinamização econômica da cadeia produtiva da mandioca num horizonte de
investimento de quatro anos
Grupo de Período (valores x 1000)
Atividades Subespaços Total
ações 2008 2009 2010 2011
Atividades
Cultivo de mandioca (ha) UFPs 8.232,00 8.232,00 8.232,00 8.232,00 32.928,00
agrícolas
Demanda
Técnicos disponíveis Municípios 648,00 963,00 1.161,00 1.476,00 4.248,00
ATER
Operação das novas unidades de
Comunidades 140,00 140,00 140,00 140,00 560,00
beneficiamento de mandioca
Capacitações Fabricação de novos produtos (derivados) Comunidades 140,00 140,00 140,00 140,00 560,00
Utilização ou destino correto para os
Comunidades 140,00 140,00 140,00 140,00 560,00
resíduos
Gestão das unidades de beneficiamento Comunidades 140,00 140,00 140,00 140,00 560,00
Intercâmbios Intercâmbios / trocas de experiências Municípios 10,00 10,00 10,00 10,00 40,00
Auxiliar e fomentar a organização dos
Comunidades 120,00 120,00 120,00 120,00 480,00
grupos produtivos
Organização Fomentar e auxiliar a organização dos
Comunidades 120,00 120,00 120,00 120,00 480,00
agricultores para comercialização
Fortalecimento de atividades cooperativistas Municípios 120,00 120,00 120,00 120,00 480,00
Gestão de associações e cooperativas Municípios 120,00 120,00 120,00 120,00 480,00
Unidades de Construir ou reforma das unidades de
beneficiament beneficiamento de mandioca Comunidades 2.800,00 2.800,00 2.800,00 2.800,00 11.200,00
o
Disponibilizar água para o beneficiamento
Comunidades 400,00 400,00 400,00 400,00 1.600,00
da mandioca
Ajustar a demanda por energia ou realizar
Comunidades 200,00 200,00 200,00 200,00 800,00
ligações elétricas
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
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Plano Territorial de Cadeias de Produção Cooperativa: Mandioca – Território Médio Jequitinhonha.
Referências Bibliográficas
ALVES, A.A.C; SILVA, A.F. Cultivo da mandioca para a Região Semi-Árida, 2003.
Disponível em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mandioca/mandioca_semiar
ido/index.htm Acesso em: 20 mar. 2008
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