Você está na página 1de 27

DIREITO

5º Semestre - Matutino

JULIO CESAR DAL CORTIVO JR


RA: 20159387-2

MARIA EDUARDA RAMOS SANTANA


RA: 20071600-2

MARIA INÊS TEIXEIRA GONÇALVES


RA: 20058421-2

MICHELE MINAKAWA DA ROCHA


RA: 20153350-2

PATRICIA PHILIPPSEN
RA: 20138173-2

TÍTULO

CURITIBA
2022
SUMÁRIO

RESUMO 3
1 INTRODUÇÃO 4
2. OBJETIVO 4
3. DESENVOLVIMENTO 5
3.1. Indicação Geográfica (IG): aspectos gerais 5

3.2. A importância do registro IG para a indústria nacional 10

3.3. O selo de procedência da Colônia Witmarsum 11

3.3.1. Witmarsum: origem e história 11


3.3.2. O processo de produção de laticínio e queijo como certificação de procedência 11

3.3.3. Sugestão para a Cooperativa: Alteração da Indicação Geográfica de Procedência para


Denominação de Origem, Troca do Selo e Inserção de Novos Produtos e Serviço. 13

4. MÉTODOS 17
5. CONCLUSÃO 17
6. REFERÊNCIAS 18
RESUMO

Em síntese, o trabalho analisará a lei de propriedade industrial na modalidade


indicação geográfica (IG), correlacionando com o entendimento sobre signo
distintivo e sua relevância ao empreendedor local. Em seguida, abordará sobre a
proposta de inovação, a partir do Selo de procedência da Colônia Witmarsum. A
certificação da Colônia tem como objeto, atualmente, a produção de queijos
fabricados pela Cooperativa, sem englobar os outros produtos de gastronomia e os
serviços de hospedaria, altamente conhecidos por conter elementos da cultura
alemã no Brasil. Por isso, será sugerido à Cooperativa a alteração na espécie de IG,
passando de selo de procedência para selo de denominação de origem, como
também será proposto uma modificação no caderno de especificações técnicas,
expandindo a proteção a outros produtos e/ou serviços da região.

Palavras-chave: Propriedade industrial; Indicação Geográfica; Selo de


Procedência; Witmarsum.

Abstract: In summary, the work will analyze the industrial property law in the
geographical indication (IG) modality, correlating with the understanding of the
distinctive sign and its relevance to the local entrepreneur. Then, the group will
address the innovation proposal, based on the Seal of origin of the Witmarsum
Colony. The Colony's certification is currently aimed at the production of cheeses
made by the Cooperative, without encompassing other products such as gastronomy
and inn services, highly known for bringing elements of German culture to Brazil.
Therefore, it will be suggested to the Cooperative to change the type of IG, changing
from a seal of origin to a seal of denomination of origin, as well as a modification in
the technical specification booklet, expanding the protection to other products and/or
services in the region.
Key-words: Industrial property; Geographical Indication; Witmarsum; Seal of
Provenance;

1. INTRODUÇÃO

Este artigo traz um estudo sobre o registro de Indicação Geográfica (IG) da


Colônia Witmarsum, localizada no Município de Palmeira. O reconhecimento por
meio da Cooperativa agropecuária obteve o registro do selo de procedência nos
queijos fabricados na região, com uma produção de reconhecida qualidade. No
entanto, sabemos que Witmarsum não limita-se a bons queijos, o local é também
muito conhecido no setor turístico, especialmente no ramo de hospedagem e
gastronomia.

Nesta linha, será demonstrado ao longo da pesquisa a relevância do conceito


de IG como símbolo de distinção entre produtos ou serviços de um determinado
território perante os demais presentes no comércio nacional, realçando a valorização
regional nas áreas econômica e sociocultural.

No campo prático, o grupo apresentará uma proposta de alteração de selo de


procedência para selo de denominação de origem, modificando também o caderno
de especificações técnicas do selo de Witmarsum. Assim, irá ampliar a proteção
para os serviços de turismo e gastronomia, a fim de conservar a tradição alemã no
Brasil, o intercâmbio de culturas e a economia local.

2. OBJETIVO
O objetivo do presente trabalho é analisar os principais aspectos que rodeiam
os direitos à propriedade industrial na modalidade indicação geográfica. Através da
proposta, pretende-se ressaltar a importância da preservação de culturas e o
incentivo ao empreendedorismo regional.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1. Indicação Geográfica (IG):


aspectos gerais

Como espécie da propriedade industrial, a indicação geográfica (IG)


integra o rol de direitos disponíveis para proteção à criação e produção nacional,
incentivando o campo socioeconômico no país. Define-se Indicação Geográfica
como um sinal (signo), utilizado para identificar a invenção de determinado produto
ou serviço em razão da sua identidade etnogeográfica. A lei divide a IG em dois
tipos: indicação de procedência (IP) ou denominação de origem (DO).

A indicação de procedência conceitua-se, no art. 177 da lei nº


9.279/96, sendo considerado como “ [...] o nome geográfico de país, cidade, região
ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de
extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de
determinado serviço.”

Já a denominação de origem está previsto na redação do Art. 178 da


mesma lei, e denomina-se como “[...] o nome geográfico de país, cidade, região ou
localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou
características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos
fatores naturais e humanos.”
A diferença entre as duas modalidades reside em como o produto ou
o serviço é conhecido, portanto, na indicação de procedência o produto ou prestação
de serviço é conhecido no local como único lugar de extração ou prestação de um
serviço. Um exemplo de Indicação de procedência é a cidade de Pirenópolis (GO)
famosa pelas jóias em prata artesanais.

Em contrapartida, a denominação de origem deriva das qualidades ou


características de um produto ou serviço, os quais são pertinentes ou particulares de
um ponto geográfico, com certas influências naturais ou humanas. Um exemplo de
denominação de origem é o registro do Vale dos Vinhedos, que colhem uvas de um
gosto específico e próprio da região para fabricação de vinhos (influência natural).

Na IG de espécie denominação de origem, a influência humana decorre


do: modo de execução diferenciado; uso de técnicas próprias; e de características
exclusivas embutidas ao produto ou serviço prestado. A legislação entende como
influências naturais aquelas perceptíveis ao meio ambiente, como o solo, por
exemplo.1

Ao titular do direito cabe registrar seu produto ou serviço, delimitando


a área geográfica que pretende requerer o reconhecimento, por meio do registro no
INPI. Segundo o site oficial, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é o
órgão responsável pela concessão e garantia dos direitos de propriedade intelectual,
com função fiscalizadora, atuando na manutenção da concorrência mercantil.

1
Observado o Art. 9º, inc. 5º da PR Nº 04 do INPI: “[...] §5º Consideram-se as seguintes definições
para fins de Denominação de Origem: I – fatores naturais são os elementos do meio geográfico
relacionados ao meio ambiente, como solo, relevo, clima, flora, fauna, entre outros, e que influenciam
as qualidades ou caracteríscas do produto ou serviço; II – fatores humanos são os elementos
caracteríscos da comunidade produtora ou prestadora do serviço, como o saber-fazer local, incluindo
o desenvolvimento, adaptação ou aperfeiçoamento de técnicas próprias; III – qualidades são os
atributos tecnicamente comprováveis e mensuráveis do produto ou serviço, ou de sua cadeia de
produção ou de prestação de serviços; e IV – caracteríscas são traços ou propriedades inerentes ao
produto ou serviço, ou de sua cadeia de produção ou de prestação de serviços.”
É de competência do INPI registrar marcas, desenhos industriais,
indicações geográficas, programas de computador entre outros serviços.

Para que o Requerente nacional possa solicitar um pedido de IG no


INPI, é solicitado uma série de documentos.

➢ Requerimento de Indicação Geográfica;


➢ Caderno de especificações técnicas;
➢ Procuração;
➢ Comprovante de pagamento da retribuição correspondente;
➢ Comprovação da legitimidade do requerente;
➢ Documentos que comprovem que o nome geográfico se tornou conhecido,
no caso de IP;
➢ Documentos que comprovem a influência do meio geográfico nas
qualidades ou características do produto ou serviço, no caso de DO;
➢ Instrumento oficial que delimita a área geográfica; e
➢ Representação da IG

O Requerimento de Indicação Geográfica é realizado no momento que


o formulário eletrônico é preenchido na plataforma do Sistema e-IG.

O Manual de Indicações Geográficas do INPI pede os seguintes


termos:

1- O Requerimento de Indicação Geográfica é realizado por um cadastro no site


do INPI, que gera automaticamente um formulário eletrônico na plataforma do
Sistema.

Figura 1 - Peticionamento eletrônico


Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial2

2- A Declaração de Estabelecimento na Área Delimitada, é empregada nos


casos em que a personalidade jurídica do requerente é coletiva. O cadastro
deve ser preenchido e anexado na plataforma do Sistema.

Figura 2 - Formulário Modelo II

2
Disponivel em: https://gru.inpi.gov.br/peticionamentoeletronico/
Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial 3

3- A Declaração de Único produtor/ prestador de Serviço, podendo ser pessoa


física ou jurídica, mas deve seguir o modelo da Portaria no §3º do art. 14 da
Portaria INPI nº 4/22.
3
Disponivel em: http://manualdemarcas.inpi.gov.br/projects/manual-de-indicacoes-geograficas/wiki/
Modelos
Figura 3 - Formulário Modelo III: Declaração de único produtor/prestador

Fonte: Instituto Nacional da Propriedade Industrial 4

4
Disponivel em: http://manualdemarcas.inpi.gov.br/projects/manual-de-indicacoes-geograficas/wiki/
Modelos
4- As petições de qualquer natureza são produzidas automaticamente no
momento da solicitação do serviço ao preencher o formulário.

5- Os pedidos de fotocópia são originados de forma imediata no momento da


solicitação do serviço.

6- O requerimento de alteração também é produzido no momento da solicitação


do serviço na plataforma do Sistema e-IG.

3.2. A importância do registro IG


para a indústria nacional

Para um empreendedor se inserir no mercado é necessário que ele


ofereça produtos e/ou serviços que atendam os desejos do seu público-alvo.
Todavia, a disputa entre os comerciantes têm exigido cada vez mais do produto e/ou
serviço um ponto distintivo dos demais concorrentes.
Uma das formas de diferenciar um item ou serviço dos demais no
comércio é através dos signos distintivos, a Oficina Nacional de La Propriedade
Intelectual entende os signos distintivos como a representação gráfica capaz de
evidenciar um determinado produto ou serviço fabricado por uma empresa, em
detrimento dos demais produtos ou serviços disputantes no mercado.
Essa representação resulta na associação direta entre o território e a
mercadoria ou serviço prestado na visão da coletividade. Nas palavras do autor
Valdir Roque Dallabrida (2019):
“ [...] um determinado signo pode fazer referência, por exemplo, a um
produto ou serviço cuja notoriedade e especificidade remetem a um
determinado território, numa relação constante entre produto e território, em
que tanto o produto quanto o território se beneficiam dessa notoriedade.”
(DALLABRIDA, p.1, 2019)
Tanto é a importância dos signos distintivos que a Constituição Federal
garante “aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização,
bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes
de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País” (Art. 5º, inc. XXIX, 1988)

3.3. O selo de procedência da


Colônia Witmarsum

3.3.1. Witmarsum: breve


histórico
A comunidade surgiu através de um grupo de pioneiros de origem menonita,
nascidos de um movimento anabatista na região norte da Alemanha, divisa com a
Holanda. Logo após, esses imigrantes se mudaram para a Rússia e conservaram as
tradições alemãs por séculos, saíndo do país apenas em meados de 1930, para
fugir do regime comunista e retornar à Alemanha como refugiados.

Ao longo dos anos, os refugiados passaram por diversos países, como o


Paraguai, Brasil e o Uruguai. Parte deste grupo, entretanto, se estabeleceu em
Santa Catarina, durante anos e, posteriormente, adquiriram a Fazenda de Cancela
do Senador Roberto Glasser, em 1951, fundando, assim, a COLÔNIA
WITMARSUM.

Como a base econômica deste povo era majoritariamente a produção de


leite e grãos e a comunidade era muito unida, juntos iniciaram a Cooperativa
Witmarsum. Isto, com o intuito de que todos pudessem vender sua fabricação para
um único lugar, e conjuntamente adquirir produtos, tornando, assim, os negócios
mais viáveis. Afinal, o lema sempre foi trabalhar em conjunto para crescer
economicamente.

A comunidade abriu a própria escola, que além das matérias determinadas


pelo MEC, também ensina o alemão, ensino religioso, música e artes.

Por intermédio da ajuda financeira do governo alemão foi inaugurado um


moderno hospital, que depois veio a se tornar um lar de idosos, com o propósito de
oferecer qualidade de vida aos primeiros moradores de Witmarsum.

O Turismo em Witmarsum

Atualmente, além do enfoque na agricultura e pecuária, Witmarsum se tornou


um forte atrativo turístico por proporcionar uma experiência cultural exclusiva em
território nacional.

Os principais pontos turísticos são referentes à cultura e gastronomia alemã.


Para contemplar a cultura alemã basta frequentar eventos tradicionais da região.

Veja, nas igrejas da Colônia preservaram-se a língua alemã nos cultos. Além
do mais, há muitos cafés coloniais, restaurantes com experiências gastronômicas
próprias e passeios em cavalos, tratores, pedalinhos e nas fazendas para conhecer
o moderno sistema de produção leiteira.

No lugar também encontram-se fábricas de cervejas artesanais, além da


Cooperativa Witmarsum que produz o melhor queijo colonial, sendo inclusive
premiado nacional e internacionalmente pela qualidade.

Mais do que os produtos gastronômicos, a região é, também, dona de


diversas opções de hospedagem em pousadas e chalés no campo, onde é possível
vivenciar o silêncio, a paz e a tranquilidade, enquanto se desfruta dos demais
atrativos da Colônia.
3.3.2. O processo de
produção de laticínio e queijo como
certificação de procedência

Como vimos em parágrafos anteriores, a Cooperativa Witmarsum é a maior


produtora de queijos da região, O reconhecimento tem Selo de Procedência
registrado no INPI e utiliza o nome geográfico para reconhecer a produção de
queijos diferenciados. Algumas etapas técnicas são necessárias para produção de
queijos coloniais, naturais ou com pimenta, que vão desde a seleção do leite até a
formação final do queijo.

Os produtores rurais que fornecem leite para a cooperativa de Witmarsum são


orientados a seguir cautelosos critérios de qualidade estabelecidos pela mesma. As
exigências iniciam-se nas instalações de ordenhas, sendo de extrema importância
que seja um ambiente de condições sanitárias adequadas. Após ordenhar as vacas,
o leite é levado para o tanque de refrigeração e armazenagem, o local deve ser
limpo, higiênico e seguir os padrões de qualidade.

Como forma de prevenção de doenças no rebanho, alguns cuidados são


essenciais, sendo os rebanhos inspecionados anualmente. Ademais, reduz-se ao
máximo o acesso de animais domésticos e a reposição de animais, os quais nascem
exclusivamente na Colônia Witmarsum.

Quando o leite chega no laticínio da Cooperativa Witmarsum, são realizados


testes rápidos para controle de qualidade, a fim de produzir o queijo. Se passar do
teste, o leite é levado para o processamento do queijo, que passa por diversas fases
até sua maturação, a qual dura de 21 a 28 dias.
Por fim, o laticínio da Cooperativa Witmarsum passa por fiscalização do
Serviço de Inspeção Federal ( S.I.F), um sistema de controle do Ministério da
Cultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O órgão em questão é responsável por
fiscalizar a qualidade na produção de alimentos de origem animal.

Com isso, podemos extrair do texto que o Selo de Procedência Witmarsum é


de uso restrito aos produtos de laticínios (queijo) que atendem aos protocolos
determinados pela Cooperativa e pelas demais instituições fiscalizadoras.

Figura 4 - Indicação de procedência da Colônia Witmarsum

Fonte: Revista da Propriedade Industrial 5

5
Disponivel em: http://revistas.inpi.gov.br/rpi/
3.3.3. Sugestão para a
Cooperativa: Alteração da Indicação
Geográfica de Procedência para
Denominação de Origem, Troca do
Selo e Inserção de Novos Produtos
e Serviço.

Ante o exposto, é evidente que a Colônia Witmarsum agrega em seu nome o


símbolo do queijo. No entanto, como já foi demonstrado, a região não se restringe a
um único produto, uma vez que conta com história e cultura geracional de imigrantes
menonitas-alemães que constituíram no estado do Paraná um espaço forte na
pecuária, agrícola e turismo.

A princípio, considerando as características climáticas e geográficas, a


pecuária, por meio do leite das raças holandesa e pardo-suíçada, tornou-se principal
fonte de renda e ganhou notoriedade pelos queijos de sabor e qualidade
inestimáveis, dando à região o registro da Indicação Geográfica (IG) 6.

6
BRASIL. SEBRAE Indicações Geográficas Brasileiras. Disponível em:
<https://datasebrae.com.br/igcolonia-de-witmarsum/> Acesso em: 26 de março de 2022.
Ocorre que a colônia, viva e presente há mais de 5 décadas é, também,
notadamente reconhecida pelo turismo e gastronomia. Nas redes sociais, como o
Instagram7, conta com cerca de 44,8 mil seguidores, além de ser inspiração para
notícias e estudos tanto na mídia quanto em Instituições de ensino.

Atualmente, o setor agrícola é um dos pilares da Cooperativa Witmarsum 8.


Essa seara sempre se deu no seio familiar, inclusive para a própria subsistência em
muitos casos. Consequentemente, possibilitou aprimorar a tradição culinária que
atrai amantes de comida de todo o mundo para conhecer Witmarsum.

Já o setor turístico tem avançado, haja vista a necessidade de acomodar


empresários que vão fazer negócios com a referida Cooperativa e lá permanecem
por temporadas; e da alta procura pelos turistas que desejam apreciar a tradição
alemã no Paraná.

Pois bem. A identidade da Colônia Witmarsum está entrelaçada entre turismo,


gastronomia e cultura, por isso a proposta do presente trabalho visa alterar a
espécie da IG (de Indicação de Procedência para a Denominação de Origem); trocar
o “selo”; e incluir novo “produto” (gastronomia em geral) e “serviço” (turismo hoteleiro
cultural alemão) no nome geográfico (Colônia Witmarsum).

7
BRASIL. Instagram. Disponível em: <https://www.instagram.com/turismocoloniawitmarsum/>.
Acesso em 26 de março de 2022.

8
BRASIL. Cooperativa Witmarsum. Disponível em:
<https://www.witmarsum.coop.br/produtos/agricola/agricola.html>. Acesso em 26 de março de 2022.
Dessa forma, a espécie e o selo da IG passariam a ser respectivamente:

Figura 5 – Proposta de alteração espécie

Fonte: autoria própria.

Figura 6 – Proposta de alteração selo

Fonte: autoria própria.


E, acerca do “produto” e “serviço”, apresenta-se as geleias e chalés da
Patrícia Philippsen , que são novidades na região:

Foto: Patrícia Philippsen

Conforme o art. 24, II, da Portaria/INPI/PR nº 04/2022 9, o pedido de


alteração/inclusão deve ser fundamentado. Assim, em complementação ao já

9
BRASIL. Portaria/INPI/PR nº 04, de 12 de janeiro de 2022. Estabelece as condições para o
registro das Indicações Geográficas, dispõe sobre a recepção e o processamento de pedidos e
petições e sobre o Manual de Indicações Geográficas. Disponível em:
<https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-
geograficas/arquivos/legislacao-ig/PORT_INPI_PR_04_2022.pdf>. Acesso em 30 de março de 2022
mencionado, justifica-se o pedido em razão de:

i) ser a primeira10 localidade no Paraná a ter “serviço” designado pela IG de


Denominação de Origem, cujas qualidades e características se devem
essencialmente a fatores naturais e humanos. Essa exclusividade irá atrair
visitantes e quiçá novos investidores e incentivos tributários, fomentando o
desenvolvimento econômico, social, político e ambiental na região.

Vale ressaltar que, recentemente, o Ministério do Turismo publicou a


Revista Tendências do Turismo 202211, onde consta que as perspectivas para o
turismo em 2022 estão relacionadas ao pacote que Witmarsum tem a oferecer
(cultura, natureza, conexão com comunidade, comida). Ademais, é fato que a
pandemia do Covid-19 contribuiu para que a busca/escolha por pontos de
passeios com tais características aumentasse.

10
O INPI em conjunto com o Sebrae elaboraram gráfico do Panorama das IGs Brasileiras, onde é
possível analisar que no estado do Paraná não há serviço de IG registrado. Disponível
em:<https://datasebrae.com.br/indicacoesgeograficas/>. Acesso em 30 de março de 2022

11
REVISTA DE TENDÊNCIAS DO TURISMO 2022. Ministério do Turismo.
Disponível em:<http://bibliotecarimt.turismo.gov.br/_layouts/15/start.aspx#/SitePages/NEWS.aspx>.
Acesso em 30 de março de 2022.
Outrossim, em que pese a Cooperativa Witmarsum (titular da IG registrada)
tenha optado pelo registro no INPI apenas do queijo, o turismo é proposta para
que outros integrantes da Colônia que preferem atuar em área distinta da pecuária
possam ter oportunidades e tenham aproveitamento da área geográfica
delimitada, como explicado em reportagem da Gazeta do Povo 12.

ii) valorizar o produto e serviço por meio do selo. Estudos do Origens


Paraná13 indicam que produtos e serviços com selo agregam valor de 30% a
100%, além de ter reconhecimento internacional. Vale notar que o mercado
internacional tem preferência em pagar valor mais alto por produtos e serviços
com selo em vez de adquirir/ usar produtos e serviços não reconhecidos. Por isso,
faz-se mister alterar o selo.

12
EBERSPÄCHER, Gisele. Witmarsum, a pequena colônia paranaense que divide sua história
com o mundo. Gazeta do Povo. 08 de agosto de 2017. Disponível
em:<https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/turismo/conheca-witmarsum-terra-do-leite-e-
queijo-em- palmeira-no-parana/>. Acesso em 30 de março de 2022.

13
BRASIL. Agência Estadual de Notícias. Estado apoia produtores do Litoral na busca do
registro de origem. Governo do Estado do Paraná. 25 de março de 2019. Disponível
em:<https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Estado-apoia-produtores-do-Litoral-na-busca-do-registro-
de-origem>. Acesso em 30 de março de 2022.
iii) preservar a cultura e propiciar a unidade. A Colônia Witmarsum pode
ser considerada um patrimônio cultural. Sendo cultura definida por Miguel Reale,
como

“a projeção do ser social do homem no tempo, ela se baseia


fundamentalmente no ser-dever ser do homem em todas as espécies de
conduta ou formas de vida, em todas as manifestações do espírito, desde
as mais elementares até às mais altas expressões de nossa atividade
criadora ou desveladora” (REALE, Miguel, 2005, p. 16)14

Como princípio de vida, a comunidade exerce o conceito de fé, força e


determinação15. Atuam de modo a crescer continuamente e em consenso mútuo,

14
REALE, Miguel. Paradigmas da Cultura Contemporânea [livro eletrônico]. 2 ed. São Paulo:
Saraiva, 2005.

15
BRASIL. Cooperativa Witmarsum. Disponível
em:<https://www.witmarsum.coop.br/produtos/agricola/agricola.html>. Acesso em 30 de março de
2022.
por isso acredita-se que não haverá óbice no que tange às cooperativas do queijo
associarem-se umas às outras(turismo e gastronomia) para que se faça o registro
de acordo com os requisitos do INPI. É importante que haja fortalecimento para
que as próximas gerações possam cultivar o legado da comunidade.

4. MÉTODOS

A pesquisa utilizada foi qualitativa, com revisão bibliográfica e documental.


Para encontrar as bibliografias referenciadas foram usados os descritores “indicação
geográfica" e “propriedade industrial” no Google Acadêmico. Os documentos
analisados foram retirados do site oficial do INPI, com base na revista de registros
de propriedade intelectual na plataforma digital.

5. CONCLUSÃO

Nota-se com este artigo científico que a valorização de uma região é de


suma importância para a história, cultura e economia de um país, visto que os
signos distintivos provocam notoriedade e ligação imediata entre produto e território.
A indicação geográfica no Brasil, como símbolo de renome nacional, permite elevar
socioeconomicamente o local, a cultura, a tradição e o empreendedorismo regional.
Tendo em vista tamanha relevância, o Selo de Procedência - citado
neste estudo - não deve se limitar apenas a um produto ou serviço em regiões como
Witmarsum, que trazem bagagem cultural ao país. Para alcançar este objetivo, a
proposta do grupo elucidada no subtópico “3.3.3” será ponto crucial ao fomento à
economia, ao turismo e à cultura alemã na Colônia.

Além do estímulo econômico, a IG acarreta indiretamente na


preservação da cultura de um povo dentro de um país, que se mostra preciosa em
vários aspectos. Nesta perspectiva, o ativista dos direitos humanos Herbert José de
Sousa afirma: "Um país não muda pela sua economia, sua política e nem mesmo
pela sua ciência; muda sim pela sua cultura”.

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n. 9279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações


relativos à propriedade industrial. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 15 de maio
de 1996. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9279.htm. Acesso
em: 14 de março de 2022.

BRANDÃO, Bárbara Oliveira. A valorização dos produtos tradicionais através da


indicação geográfica : o potencial do aratu de Santa Luzia do Itanhy. Disponível
em:https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/3411/1/BARBARA_OLIVEIRA_BRANDAO.pdf.
Acesso em: 10 de março de 2022.

“O que é indicação geográfica e quais são os exemplos no Brasil?”. Vilage: marcas


e patentes, 2022.Disponível em:https://www.vilage.com.br/blog/o-que-e-
indicacao-geografica-e-quais-sao-os-principais-exemplos-no-brasil/. Acesso
em: 11 de março de 2022
BRASIL. Portaria nº 04, de 12 de jan. de 2021. Estabelece as condições para o
registro das Indicações Geográficas, dispõe sobre a recepção e o processamento de
pedidos e petições e sobre o Manual de Indicações Geográficas. Diário Oficial da
União. Brasília, DF, 01 de fevereiro de 2021. Disponível
em:https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-geograficas/arquivos/
legislacao-ig/PORT_INPI_PR_04_2022.pdf. Acesso em: 09 de março de 2022.

Governo do Brasil. gov.br, 2021. Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).


Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/orgaos/instituto-nacional-da-
propriedade-industrial. Acesso em: 05 de março de 2022.

DALLABRIDA, Valdir Roque. VALORIZAÇÃO DO TERRITÓRIO, SIGNOS


DISTINTIVOS E DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL: uma aproximação teórica e
indicativos metodológicos, Natal, maio. Disponível em:
http://anpur.org.br/xviiienanpur/anaisadmin/capapdf.php?reqid=23. Acesso em:
14 de março de 2022.

Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Manual de Indicações


Geográficas, 2021. Disponível em:https://manualdeig.inpi.gov.br/projects/manual-
de-indicacoes-geograficas/wiki. Acesso em: 19/03/22.

BRASIL. Agência Estadual de Notícias. Estado apoia produtores do Litoral na


busca do registro de origem. Governo do Estado do Paraná. 25 de março de 2019.
Disponível em: <https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Estado-apoia-produtores-do-
Litoral-na- busca-do-registro-de-origem>. Acesso em 30 de março de 2022.
BRASIL. Portaria/INPI/PR nº 04, de 12 de janeiro de 2022. Estabelece as
condições para o registrodas Indicações Geográficas, dispõe sobrea recepção e o
processamento de pedidose peƟções e sobre o Manual de IndicaçõesGeográficas.
Disponível em:
<https://www.gov.br/inpi/pt-br/servicos/indicacoes-geograficas/arquivos/ legislacao-
ig/PORT_INPI_PR_04_2022.pdf>. Acesso em 30 de março de 2022.

BRASIL. SEBRAE. Indicações Geográficas Brasileiras. Disponível em:


<https://datasebrae.com.br/ig-colonia-de-witmarsum/> Acesso em: 26 de março de
2022.

EBERSPÄCHER, Gisele. Witmarsum, a pequena colônia paranaense que divide


sua história com o mundo. Gazeta do Povo. 08 de agosto de 2017. Disponível
em:<https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/turismo/conheca-witmarsum-terra-
do-leite- e-queijo-em-palmeira-no-parana/>. Acesso em 30 de março de 2022.

REALE, Miguel. Paradigmas da Cultura Contemporânea [livro eletrônico]. 2 ed.São


Paulo: Saraiva, 2005.

REVISTA DE TENDÊNCIAS DO TURISMO 2022. Ministério do Turismo. Disponível


em:<http://bibliotecarimt.turismo.gov.br/_layouts/15/start.aspx#/SitePages/
NEWS.aspx>. Acesso em 30 de março de 2022.
OLIVEIRA, Silva. Colônia Witmarsum | Turismo, café colonial e história alemã
menonita. Matraqueando, 2020. Disponivel em:
https://www.matraqueando.com.br/colonia-witmarsum-cafe-colonial-historia-alema-
menonita-e-descanso-ao-lado-de-curitiba. Acesso em: 19 de mar. de 2022.

SEBRAE, 2022. Indicação de procedencia Witmarsum. Disponivel em: https://data


sebrae.com.br/ig-colônia-de-witmarsum/. Acesso em: 10 de mar. de 2022

Você também pode gostar