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Dimensionamento e

verificação de barras
fletidas
Estruturas de Aço – Aula 04
Prof.: Jéssica Beatriz da Silva
jessicabeatriz18@gmail.com
Introdução
Elementos submetidos à flexão simples são geralmente vigas, onde o momento e o
esforço cortante atuam juntos, devendo os dois serem verificados para os estados
limites de serviço e utilização.

O colapso de uma barra de aço


submetido à flexão pode ocorrer pela
formação de rótulas plásticas, por
flambagem local dos elementos
constituintes da seção ou por
flambagem lateral.
Flambagem Local
FLAMBAGEM LOCAL

A flambagem local é a perda de estabilidade das chapas comprimidas do perfil,


reduzindo assim o momento resistente, sendo que pode se apresentar:

• Flambagem Local da Alma (FLA) - é causada pelas tensões normais, provocadas


pelo momento fletor na alma dos perfis.

• Flambagem Local da Mesa (FLM) - é causada pelas tensões normais de


compressão, provocadas pelo momento fletor na mesa comprimida.
Flambagem Local
FLA – Flambagem local da alma
Flambagem Local
FLM – Flambagem local da mesa
Flambagem Lateral
A flambagem lateral é a perda do equilíbrio no plano principal de flexão, por flexão
lateral ou torção (FLT).

• Em perfis I, a rigidez à torção é muito pequena, por isso é preciso conter


lateralmente a viga para evitar a flambagem lateral da viga, que é chamada de
Flambagem Lateral por Torção (FLT).

• Além desses efeitos, a viga pode perder resistência devido a possibilidade de


flambagem da chapa da alma, provocada pelas tensões cisalhantes, sendo que
deve ser dimensionada para resistir ao esforço cortante.
Flambagem Lateral
Escoamento e Flambagem da alma por efeito do cortante
Flambagem Lateral
Devido à flexão, há uma distribuição linear de tensões normais, variando de tração
numa face da viga à compressão na outra face da viga. A aplicação de carregamentos,
gera um momento que causa as tensões; o aumento desse momento, aumenta as
tensões até atingir a tensão de escoamento, podendo formar a rótula plástica e a
provável ruptura da viga.
Flambagem
Classificação de vigas (NBR 8800)
(a) Vigas COM contenção lateral contínua
Classificação de vigas (NBR 8800)
(b) Vigas SEM contenção lateral contínua (sujeitas à flambagem lateral de torção -FLT)
Classificação de vigas (NBR 8800)
Classificação das seções transversais das vigas quanto à ocorrência de flambagem
local:
Flambagem Lateral
Na ausência de travamentos laterais um elemento de aço submetido à flexão pode
sofrer um fenômeno de instabilidade denominado flambagem lateral com torção –
FLT. Este fenômeno é particularmente importante no caso de seções abertas, usuais
nas estruturas metálicas.

Sem contenções laterais

momento máx. resistente = momento crítico de FLT

este é o máximo momento que pode ser aplicado a viga, em


condições ideais, sem que ocorra FLT.
Flambagem Lateral
Para a determinação do momento crítico de FLT parte-se de uma viga ideal, nas
extremidades desta viga são admitidos vínculos de primeiro grau que permite o
impedimento dos deslocamentos laterais e de rotação em torno do eixo z e deixa livre
o empenamento da seção.

l = comprimentos destravado da viga


   EC 
2
E = módulo de elasticidade;
M cr  El y GI t 1  2 w 
   GI t  G = módulo de elasticidade transversal;
Iy = Inércia em torno do eixo de menor
inércia;
It = Momento de inércia a torção;
Cw = Rigidez ao empenamento.
Flambagem Lateral
 Em seções duplamente simétricas fletidas em relação ao eixo de maior inércia para
um carregamento qualquer o momento crítico, entre pontos com contenção lateral, é
estimado multiplicando o momento crítico do caso padrão por um coeficiente de
uniformização de momentos fletores Cb.

12,5M max
Cb  R m  3,0
2,5M max  3M A  4M B  3M C

 Em trechos em balanço, entre uma seção com restrição a deslocamento lateral e à


torção e a extremidade livre deve-se tomar Cb =1,00.
Flambagem Lateral

Mmax momento máximo solicitante no comprimento destravado;

MA momento solicitante, na seção situada a um quarto do comprimento destravado,


medido a partir da extremidade da esquerda;

MB momento solicitante, na seção central do comprimento destravado;

MC momento solicitante na seção situada a três quartos do comprimento destravado,


medido a partir da extremidade da esquerda;

Rm = 0,5 +2(Iyc/Iy)2 para seções monossimétricas, fletidas em relação ao eixo que não é
de simetria, Rm = 1,00 em todos os demais casos;

Iyc é o momento de inércia da mesa comprimida em relação ao eixo de simetria

Iy é o momento de inércia da seção transversal em relação ao eixo de simetria.


Estabilidade local na flexão
Em elementos estruturais de aço submetidos a flexão pode haver instabilidade local
em função das tensões normais de compressão na seção transversal.

Seção I

São analisadas a possibilidade de flambagem local na mesa comprimida (FLM) e na


alma (FLA), a mesa é considerada um elemento AL, alma é considerada elemento AA.

O momento crítico de flambagem local pode ser obtido de maneira análogo ao


estudo apresentado para barras submetidas à compressão axial.
Dimensionamento
Os estados limites últimos aplicáveis a elementos submetidos à flexão são:

 Flambagem Lateral com Torção (FLT)

 Flambagem Local de Mesa (FLM)

 Flambagem Local de Alma (FLA)

O momento fletor resistente da seção será o menor entre os momentos resistentes


para cada um dos estados limites aplicáveis.
Dimensionamento
Parâmetros de esbeltez para perfis I laminados com 2 eixos de simetria:
Resistência de cálculo a flexão e
força cortante
No dimensionamento de barras submetidas a momento fletor e força cortante, deve
ser atendida a condição:

M Sd  M Rd
N Sd  N Rd

NSd - força cortante solicitante de cálculo


NRd – força cortante resistente de cálculo
MSd – momento fletor solicitante de cálculo
MRd – momento fletor resistente de cálculo
Dimensionamento FLT
O momento fletor resistente de cálculo devido a FLT será o menor das três situações a
seguir:

a) M Rd 
M pl
, para λ  λp M pl  zf y
 a1

M r  Wx  f y   r 
Cb     p  M pl
b) M Rd   pl
M  M  M   , para λp < λ  λr
 a1  r   p   a1
pl r

M cr M pl
c) M Rd   , para λ > λr
 a1  a1
Dimensionamento FLM e FLA
O momento fletor resistente de cálculo devido a FLM e FLA será o menor das três
situações a seguir:

M pl
a) M  , para λ  λp M pl  zf y
 a1
Rd

M r  Wx  f y   r 
1    p 
b) M Rd   pl
M  M  M   , para λp < λ  λr
 a1  r   p 
pl r

M cr
c) M Rd  , para λ > λr (não aplicável à FLA)
 a1
Dimensionamento - Flexão
As expressões para a determinação dos parâmetros necessários para o cálculo do
momento resistente estão resumidas na Tabela G.1, da NBR 8800.
Dimensionamento - Flexão
Momento Fletor de Flambagem Elástica (Mcr) para FLA:
Dimensionamento - Flexão
Notas relativas à Tabela G.1:

1.   1,38 I y I t 1  27C w 12 Cb 2 EI y Cw  I t L2b 


M cr  1  0,039 
r
ry I t  1 Iy 2  
Lb Iy  Cw 

onde:

para seções I 1 
f y   r W I y d  t f 
2

Cw 
EI t 4

t f b f  0,5t w  d  t f   3b f  0,5t w t f  2d  t f t w 


3 2
para seções U Cw   
12  6b f  0,5t w t f  d  t f t w 
Dimensionamento - Flexão
Notas relativas à Tabela G.1:

2.  r 
1,38 I y I t 27C w  12 Cb 2 EI y  Cw  I t L2b  
2    2
M cr  3  3 
2
1  0,039 
ryc I t  1 I y  Cw  
2
Iy L2b  

onde: f   r Wc
 2  5,21   1
1 
y

EI t

 t fs  t fi   y  1  , com α conforme a nota 9 a seguir.


 3  0,45 d    y


2   y  1 

t  t fi
2
 
 d  fs 
  t fi b fi t fs b fs 
3 3

Cw  
2
 , para seções I
12  t b3  t b3 
 fi fi fs fs 
Dimensionamento - Flexão
3. O estado limite FLA aplica-se só à alma da seção U, quando comprimida pelo
momento fletor.

4. Wef é o módulo de resistência mínimo elástico, relativo ao eixo de flexão, para


uma seção que tem uma mesa comprimida (ou alma comprimida no caso de perfil U
fletido em relação ao eixo de menor inércia) de largura igual a bef, dada por:

a) Seção tubular retangular


E  0,38 E 
- para b / t  1,40 E / f y bef  1,92t 1  
fy  b / t  fy 

- para b / t  1,40 E / f y bef  b


Dimensionamento - Flexão
b) Demais seções

E  0,34 E 
- quando b / t  1,49 E / f y bef  1,92t 1  
fy  b / t  fy 

para b / t  1,49 E / f y bef  b

Em alma comprimida de seção U fletida em relação ao eixo de menor momento de


inércia, b=h, t=tw, e bef = hef.

5. A tensão residual de compressão nas mesas, σr, deve ser tomada igual a 30% da
resistência ao escoamento do aço utilizado.
Dimensionamento - Flexão
6. Para perfis laminados: 0,69E E
M cr  r  0,83
2
Wc
 fy  r 
0,90Ek c E
para perfis soldados: M cr  Wc r  0,95
4
 2
f y   r  / kc
onde kc  e 0,35  kc  0,763
h / tw

7. O estado limite FLT só é aplicável quando o eixo de flexão for o de maior


momento de inércia.

8. b/t é a relação entre largura e espessura aplicável à mesa do perfil; no caso de


seções I e H com um eixo de simetria, b/t refere-se à mesa comprimida (para mesas
de seções I e H, b é a metade da largura total, para mesas de seções U, a largura
total, para seções tubulares retangulares, a largura da parte plana e para perfis
caixão, a distância livre entre almas).
Dimensionamento - Flexão
9. Para essas seções, devem ser obedecidas as seguintes limitações:
I yC
a) 1/9  αy  9 com y 
I yT

b) a soma das áreas da menor mesa e da alma deve ser maior que a área da maior mesa.

E
10. Para seções caixão:  p  3,76
fy

E
Para tubulares retangulares:  p  2,42
fy
Resistência à força cortante
A flexão pura é bastante rara nos casos práticos de estruturas; logo, elementos estruturais
submetidos a flexão estão também submetidos a esforços cortantes. No caso de seções tipo I
admite-se, com base na observação das tensões de cisalhamento neste tipo de seção, que a
força cortante é resistida exclusivamente pela alma. A força cortante correspondente à
plastificação por cisalhamento é dada por:

V pl  0,60 Aw f y

Onde Aw é a área efetiva de cisalhamento, ou seja, a área a alma que dever ser calculada com
segue: Aw  dt w
•Em almas de seções I, H e U:

Onde d é a altura total da seção transversal.


Resistência à força cortante
No caso da flambagem local a alma é um elemento AA solicitado por tensões de
cisalhamento. A resistência a força cortante é determinada como segue:

V pl
Se λ  λp V Rd 
 a1

 p V pl
Se λp < λ  λr V Rd 
  a1

 p
2
Se λ > λr  V pl
VRd  1,24 
    a1
Resistência à força cortante
h kv E kv E
  p  1,10  p  1,37
tw fy fy

2
𝑎 𝑎 260
5,00, 𝑝𝑎𝑟𝑎 > 3 𝑜𝑢 >
ℎ ℎ ℎ 𝑡𝑤
𝑘𝑣
5
5+ 2
, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑜𝑠 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑜𝑠 𝑐𝑎𝑠𝑜𝑠
𝑎 ℎ

a é a distância entre as linhas de centro de dois enrijecedores transversais adjacentes;


h é a altura da alma, tomada como a distância entre as faces internas das mesas;
tw é a espessura da(s) alma(s).
Estados Limites de Serviço

O estado limite de serviço predominante nos


elementos submetidos a flexão é o deslocamento ou
flecha. Os limites de flecha admissíveis para
situações mais comuns de elementos estruturais
submetidos à flexão são apresentados no Anexo C
da NBR 8800:2008 e que estão reproduzidos na
tabela abaixo.
Exemplo 01
Dimensionar a viga V1 da figura (viga de piso) com travamentos somente nos apoios
(ou seja a laje não trava a viga continuamente), trata-se de um edifício residencial.
Considere ASTM A 36 (fy=25 kN/cm²). Os seguintes carregamentos: peso próprio da
laje + revestimento de 150kg/m², peso próprio de forro + divisórias de
100kg/m² e uma sobrecarga de 200kg/m².
Exemplo 01
Flexão composta
O comportamento de elementos estruturais submetidos a flexão composta é
resultando da combinação dos esforços axiais e de flexão.

A forma de colapso pode ser por:

• flambagem por flexão (típico de elementos solicitados axialmente),


• por flambagem lateral com torção (típico de elementos submetidos à flexão),
• por instabilidades locais em seções esbeltas.

A verificação da segurança em elementos submetidos a combinação de esforça axial e


de flexão é baseada em equações de interação que são calibrados a partir de
resultados numérico e experimentais.
Flexão composta
VERIFICAÇÃO DE ELEMENTOS SUBMETIDOS À FLEXOCOMPRESSÃO

Para verificação de elementos sob flexocompressão deve se verificá-lo isoladamente


para os esforços de compressão e de flexão e, além disso, verificar a interação desses
dois esforços por meio das seguintes equações de interação.

𝑁𝑆𝑑 𝑁𝑆𝑑 8 𝑀𝑆𝑑


𝑃𝑎𝑟𝑎 ≥ 0,2 → + ≤1
𝑁𝑅𝑑 𝑁𝑅𝑑 9 𝑀𝑅𝑑

𝑁𝑆𝑑 𝑁𝑆𝑑 𝑀𝑆𝑑 NSd é a força axial solicitante de cálculo de


𝑃𝑎𝑟𝑎 < 0,2 → + ≤1 compressão;
𝑁𝑅𝑑 2𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑅𝑑
NRd é a força axial resistente de cálculo a compressão;
MSd é o momentos fletor solicitante de cálculo;
MRd é o momentos fletor solicitante de cálculo.
Flexão composta
Exemplo 2: No exemplo anterior a viga estava submetida a uma força axial de 59,4 kN e
um momento fletor de 89,1 kN.m. A força axial e o momento fletor apresentados por essa
viga foi de 327 kN e 162,25 kN.m, respectivamente.
Verificar a interação desses dois esforços na viga. N Sd 59,4
  0,18
N Rd 327
Procedimento:
𝑁𝑆𝑑 𝑁𝑆𝑑 𝑀𝑆𝑑
1. Momento Fletor e Esforço Normal atuantes 𝑃𝑎𝑟𝑎 < 0,2 → + ≤1
2. Verificação a compressão 𝑁𝑅𝑑 2𝑁𝑅𝑑 𝑀𝑅𝑑
3. Verificação a flexão
4. Verificação da interação momento fletor-
Esforço Normal 59,4 89,1
+ ≤1 0,64 ≤ 1 Ok!
2𝑥327 162,25

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