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CIV 925: Construções Metálicas II - Vigas Esbeltas

1 – VIGAS ESBELTAS

1.1 – GENERALIDADES

O texto apresentado a seguir está baseado na publicação de PFEIL (2009)1; QUEIROZ


(1993)2 e NBR 8800 (2008)3.

 Classificação das seções quanto à ocorrência de flambagem local

Seção compacta – é aquela que atinge o momento de plastificação total (MR = MPL) e exibe
suficiente capacidade de rotação inelástica para configurar uma rotula plástica.

Seção semicompacta – é aquela em que a flambagem local ocorre após ter desenvolvido
plastificação parcial (MR > My), mas sem apresentar significativa rotação.

Seção esbelta – seção na qual a ocorrência da flambagem local impede que seja atingido o
momento de início de plastificação (MR < My).

Apresenta-se na Figura 1.1 as curvas momento x rotação de vigas metálicas, com seções
compacta, semicompacta e esbelta, sujeitas a carregamento crescente, mostrando a influência
da flambagem local sobre o momento resistente das vigas e sobre suas deformações.

Figura 1.1 – Comportamento de vigas com seções compacta, semicompacta e esbelta.


Fonte: PFEIL (2009)

Comparação dos índices de esbeltez () para definição das seções:

b  p  Seção Compacta

p < b  Seção Semicompacta

r < b  Seção Esbelta

1 PFEIL, W.; PFEIL, M. (2009). Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8a Edição. LTC.
Rio de Janeiro.
2 QUEIROZ (1993). Elementos das estruturas de aço. 4a Edição. UFMG. Belo Horizonte.
3 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT (2008). NBR 8800
Projeto de estrutura de aço e de estrutura mista de aço e concreto de edifícios. Rio de
Janeiro.
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Apresentam-se nas Figuras 1.2 e 1.3, respectivamente, os momentos de início do


escoamento (MY) e o momento de plastificação total (MPL).

Figura 1.2 – Viga biapoiada sob carga crescente. Fonte: PFEIL (2009).

Figura 1.3 – Momento de início de plastificação e momento de plastificação total.


Fonte: PFEIL (2009).

Apresenta-se na Figura 1.4, as notações utilizadas para efeito de flambagem local sobre a
resistência à flexão de vigas I ou H com um ou dois eixos de simetria.

Figura 1.4 – Notações para a determinação da esbeltez b: (a) perfil laminado e (b) perfis soldados.
Fonte: PFEIL (2009).

Observação: os elementos comprimidos de um perfil podem estar em diferentes classes. O perfil


como um todo é classificado pelo caso mais desfavorável.
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1.2 – CRITÉRIOS DE CÁLCULO

M Sd  M Rd (1.1)

VSd  VRd (1.2)

Onde:
MSd  é o momento fletor solicitante de cálculo;
VSd  é a força cortante solicitante de cálculo;
MRd  é o momento fletor resistente de cálculo;
VRd  é a força cortante resistente de cálculo.

 Momento Resistente de Cálculo

O momento resistente de cálculo é determinado pela seguinte expressão:

MRd = Mn / a1 (1.3)

Onde:
Mn  é o momento resistente nominal, obtido por análise, sendo o valor determinado pelo limite
de escoamento do aço ou por flambagem, conforme ilustra a Figura 1.5.
a1  é um coeficiente de ponderação das resistências, dado na Tabela 3 da NBR 8800:2008.
Para escoamento, flambagem e instabilidade, admitindo combinações normais, a1 = 1,0.

Figura 1.5 - Variação de momento resistente nominal de vigas I ou H, carregadas no plano da alma.
Fonte: PFEIL (2009).
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Na situação limite entre seções semicompacta e seções esbeltas (b  r), o momento
resistente nominal denomina-se Mr igual ao momento de início de plastificação considerando-se
a presença de tensões residuais. Para perfis I ou H, com um (01) ou dois (02) eixos de simetria,
Mr é dado pelas seguintes expressões:

 Flambagem local da mesa

M r  Wc  f y   r   Wt f y (1.4)

Onde:
r = tensão residual de compressão nas mesas considerada igual a 0,3fy;
Wc = Wt = módulos elásticos da seção referidos às fibras mais comprimidas e mais tracionadas,
respectivamente.

 Flambagem local da alma

M r  Wf y (1.5)

Onde:

W = menor módulo resistente elástico da seção.

Nas seções semicompactas, os momentos nominais podem ser interpolados linearmente


entre os valores limites Mr e MPl:

b   p
M n  M pl  M pl  M r  (1.6)
r   p

 Limitação do Momento Resistente: quando a determinação dos esforços solicitantes,


deslocamentos, flechas, etc. é feita com base no comportamento elástico, o momento
resistente de cálculo fica limitado a:

M Rd  1,5Wf y /  a1 (1.7)

 Momento Resistente de Cálculo de Vigas I com Mesa Esbelta

A Figura 1.6 ilustra a flambagem da mesa comprimida em vigas I fletidas no plano da


alma. Neste caso, as tensões normais de compressão da mesa bc variam entre um valor máximo
sobre a alma e um valor mínimo na borda.
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Figura 1.6 – Flambagem local da mesa comprimida em vigas I. Fonte: PFEIL (2009).

Nas vigas I contidas lateralmente com alma atendendo ao limite para seção
semicompacta, porém com as mesas esbeltas, o momento resistente pode ser calculado com a
tensão resistente na mesa reduzida pelo valor Qs de flambagem local elástica de placas não-
enrijecidas, tem-se:

M n  Qs f yWc (1.8a)

0,69 E
Por exemplo, para mesas de perfis laminados, tem-se: Qs  , com b  b f 2t f .
f y 2b
A norma NBR 8800:2008 utiliza para:

 Perfis laminados:
0,69 E
Mn  Wc (1.8b)
b 2
 Perfis soldados
0,90 Ek c
Mn  Wc (1.8c)
b
2

4
Onde kc  e 0,35  kc  0,763
h tw

 Momento Resistente de Cálculo de Vigas I com Alma Esbelta

Nas vigas I com alma esbelta, com as mesas atendendo aos valores limites da relação largura-
espessura para seção compacta, fletidas no plano da alma, quando:

h E h h
b   5,7 e b    
tw fy tw  tw  máx
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h
Onde a relação   é obtida pelas expressões (1.18) e (1.21) apresentadas, posteriormente.
 t w  máx
O momento resistente de cálculo pode ser determinado com Mn / a1 e Mn o menor entre
os valores obtidos pelas seguintes expressões:

M n  Wt f y (1.9a)

M n  Wc .k. f y (1.9b)

Onde:
k = coeficiente da redução da resistência decorrente da flambagem da alma sob tensões normais
de flexão;

ar h 
k  1  c  5,7 E 
1200  300ar  tw f y 

ar = a razão entre as áreas da alma e da mesa comprimida(menor ou igual a 10);


hc = o dobro da distância entre o centro geométrico da seção e a face interna da mesa
comprimida.

A flambagem da alma transfere tensões para a mesa comprimida, reduzindo o momento


resistente, conforme ilustra a Figura 1.7. Representam-se nesta figura, os seguintes esquemas: (a)
esquema da viga com o momento fletor solicitante M; (b) seção transversal mostrando a alma
após a flambagem e (c) diagramas de tensões elásticas antes e após a flambagem, ilustrando a
transferência de tensões da alma para a mesa comprimida.

Figura 1.7 – Flambagem local da alma devida ao momento fletor. Fonte: PFEIL (2009).

 Momento Resistente de Cálculo de Vigas com Alma e Mesa Esbeltas

Nas seções com alma e mesa esbeltas, o momento resistente é calculado com as
expressões que consideram a interação das flambagens locais das duas chapas. As fórmulas para
o dimensionamento são encontradas no Anexo H da norma NBR 8800:2008, página 138.
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1.3 - DIMENSIONAMENTO DA ALMA DAS VIGAS

1.3.1 - Conceitos Básicos

As almas das vigas metálicas servem principalmente para unir as mesas e absorver os
esforços cortantes. Por razões econômicas, procura-se concentrar massas nas mesas para obter
maior inércia, reduzindo a espessura da alma.
A alma das vigas é dimensionada basicamente para a condição de flambagem sob ação de
tensões de cisalhamento.
Nos perfis laminados, as almas são de pequena esbeltez (relação h / tw média), tendo
geralmente resistência à flambagem suficiente para atender aos esforços solicitantes, de forma
que a resistência seja determinada pelo escoamento ao cisalhamento do material: fv  0,6fy.
Nos perfis fabricados, as almas são normalmente mais esbeltas (relação h / tw elevada),
de modo que a resistência da viga fica limitada pela flambahgem da alma. Nestes casos, para
aumentar a resistência à flambagem, utilizam-se enrijecedores transversais, que dividem a alma
em painéis retangulares, conforme ilustram as Figuras 1.8 e 1.9.

Figura 1.8 – Vigas de alma cheia, com enrijecedores intermediários transversais e enrijecedor de apoio.
Fonte: PFEIL (2009).
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A Figura 1.9 ilustra, respectivamente, (a) o modo de flambagem elástica e (b) as tensões
de cisalhamento  aplicadas no painel e tensões em um elemento a 450.

Figura 1.9 – Flambagem por cisalhamento da alma em um painel entre enrijecedores transversais.
Fonte: PFEIL (2009).

A tensão crítica de flambagem local elástica por cisalhamento de um painel de alma é


dada por:

 2E kE
 cr  k 
121   2 h tw 
0,904 (1.10)
2
h tw 2
Onde:
k = fator que considera as condições de contorno da placa e é função do espaçamento “a“ entre
enrijecedores transversais.

A flambagem da alma sob tensões normais de flexão no seu próprio plano já foi discutido
no item Flambagem Local da Alma.

1.3.2 - Tensões de Cisalhamento Provocadas por Esforço Cortante

As tensões de cisalhamento , em peças de altura constante solicitadas por esforço


cortante V, são determinadas pela fórmula clássica da Resistência dos Materiais.

V .Q
  (1.11)
t.I

Onde:
t = espessura da chapa no ponto onde se mede a tensão;
Q = momento estático referido ao centróide da seção bruta, da parte da área da seção entre a
borda e o ponto onde se mede a tensão;
I = momento de inércia da seção bruta, referido ao centróide respectivo;
V = esforço cortante.
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No caso particular de perfil I, simples ou composto, a aplicação da equação (1.11) indica


que quase a totalidade do esforço cortante é absorvida pela alma com tensões variando pouco ao
longo da alma, conforme ilustra a Figura 1.10.

Figura 1.10 – Distribuição de tensões de cisalhamento em seções I, retangulares e circulares. Fonte:


PFEIL (2009).

Para o cálculo das tensões solicitantes de cisalhamento no estado limite de projeto,


utiliza-se a seguinte relação:

Vd
d  (1.12)
Av
Onde:
Vd = esforça cortante solicitante de cálculo;
Av = área efetiva de cisalhamento, dada por: h tw em perfis de Seção I; 2/3 Ag em perfis de seção

retangular cheia; 3/4 Ag em perfis de seção circular cheia; 1/2 Ag em perfis tubulares de
seção circular.

1.3.3 - Vigas I com Um ou Dois Eixos de Simetria, sem Enrijecedores Transversais


Intermediários, Fletidos no Plano da Alma

 Vigas I com Valores Moderados da Relação hw / tw

Para vigas I com alma pouco esbelta (valores baixos de hw / tw), a flambagem da alma
por cisalhamento não é determinante (material entra em escoamento para cargas inferiores à
carga crítica de flambagem). Os valores limites da relação (hw / tw) para esta categoria de almas
são dados pela expressão:

hw E
 2,46 (1.13)
tw fy

Onde:
hw = altura da alma em perfis soldados (h) e igual (h – 2r) nos perfis laminados.
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O esforço cortante resistente de projeto para vigas atendendo à equação (1.13) é dado por:

VR, d  Aw 0,6 f y /  a1 (1.14)

Onde:
Aw = área da alma (h.tw), sendo h a altura total da seção.

Os perfis laminados, em geral, e os perfis soldados de pequena altura apresentam relações


(h / tw) atendendo à equação (1.13), de modo que a flambagem da alma por cisalhamento não
seja determinante no dimensionamento desses perfis, nos quais podem ser dispensados os
enrijecedores transversais intermediários.

 Vigas I com Valores Elevados da Relação hw / tw

Em vigas I com valores da relação (h / tw) superiores ao limite da expressão (1.13), a


resistência ao cisalhamento é reduzida por efeito de flambagem da alma. Esse fato é levado em
conta multiplicando-se a expressão (1.14) por um coeficiente de redução Cv.
Em vigas I com valores da relação (h / tw) superiores ao limite da expressão (1.13),
podem-se ainda dispensar os enrijecedores transversais intermediários nos trechos onde o esforço
solicitante Vd for inferior ao esforço resistente de cálculo, dado pela expressão seguinte:

VR, d  Aw 0,6 f y Cv /  a1 (1.15)

Para valores da relação (h / tw) maiores que 3,06 E f y , o coeficiente Cv é a razão entre
a tensão crítica de flambagem elástica cr, expressão (1.10), e a tensão de escoamento ao
cisalhamento (fv).

 cr  cr
Cv   (1.16)
fv 0,6 f y

Para valores da relação (h / tw) superiores ao limite, expressão (1.13), porém inferiores a
3,06 E f y , o coeficiente Cv traduz uma transição linear entre a resistência à flambagem
elástica e a resistência ao escoamento por cisalhamento.
Nas vigas I sem enrijecedores intermediários, o coeficiente Cv pode ser obtido com as
seguintes expressões:

 Flambagem elástica:

hw E 7,50 E
Para  3,06 ; Cv  (1.17a)
f y hw tw 
2
tw fy
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 Flambagem inelástica:

E h E 2,46 E
Para 2,46  w  3,06 ; Cv  (1.17b)
fy tw fy hw tw fy

Para Cv = 1,0, a expressão (1.17b) transforma-se na equação (1.13) e a expressão (1.15)


transforma-se na equação (1.14).
A Figura 1.11 ilustra o critério de cálculo da resistência nominal ao cisalhamento, função
da esbeltez da alma, para vigas sem enrijecedores transversais intermediários em aço MR250.

Figura 1.11 – Resistência nominal adimensional ao cisalhamento de vigas sem enrijecedores transversais
intermediários. Fonte: PFEIL (2009).

 Limite Superior da Relação (h / tw) em vigas sem Enrijecedores

Em vigas soldadas (h / tw) com alma extremamente esbelta pode ocorrer a flambagem, no
plano vertical, da mesa comprimida pelo momento fletor, conforme ilustrado na Figura 1.12.

Figura 1.12 – Flambagem no plano vertical da mesa comprimida pelo momento fletor.
Fonte: PFEIL (2009).
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O limite superior da relação (hw / tw), correspondente a essa condição, é dado pela
expressão seguinte, com tensões em MPa:

 hw  0,48 0,42 E
   
fyfy  r 
(1.18a)
 tw máx fy

onde r é a tensão residual considerada igual a 0,3fy.

Praticamente, a relação (hw / tw) de vigas sem enrijecedores transversais intermediários é


limitada ao seguinte valor, de acordo com a norma NBR 8800:2008, Anexo H (página 138):

hw tw  260 (1.18b)

1.3.4 - Vigas I com Um ou Dois Eixos de Simetria, com Enrijecedores Transversais


Intermediários, Fletidos no Plano da Alma

 Vigas I sem Efeito de Flambagem por Cisalhamento da Alma

Nas vigas I sem efeito de flambagem da alma (Cv <1,0), o esforço cortante resistente de
cálculo é dado pela expressão (1.14), anteriormente apresentada.
Para vigas com enrijecedores intermediários, o valor limite da relação (hw / tw) nesta
condição é dado pela seguinte expressão, segundo a NBR 8800:2008 (página 50):

hw
 p (1.19)
tw

Onde:

kE
 p  1,10
fy
2
 260 
k = 5,0 para a hw  3,0 ou a hw   
 w w
h t
5
k  5 para todos os outros casos;
a hw 2
a = distância entre enrijecedores intermediários.

 Vigas I com Efeito de Flambagem por Cisalhamento da Alma

Nas vigas I com efeito de flambagem da alma, o esforço cortante resistente de cálculo é
dado pela expressão (1.15), anteriormente apresentada.
Nas vigas I com enrijecedores intermediários, o coeficiente Cv pode ser determinado por
meio das seguintes expressões:
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hw p
 Para  p   r ; Cv  (1.20a)
tw hw tw
 p 
2
h
 Para w  r ; Cv  1,24  (1.20b)
tw  hw tw 

kE
onde: r  1,37
fy
Após a flambagem por cisalhamento em vigas com enrijecedores transversais intermediários,
a alma transforma-se em um sistema treliçado com diagonais tracionadas, denominado campo
de tração. Este mecanismo fornece um acréscimo no esforço cortante resistente que pode ser
estimado conforme a norma AISC (2005), segundo PFEIL (2009). Posteriormente, no item 1.5
serão apresentados os comentários pertinentes ao campo de tração.

 Limite Superior da Relação (hw / tw) em Vigas com Enrijecedores Transversais

Nas vigas com enrijecedores transversais intermediários, os valores máximos da relação (h w / tw)
considerados nos projetos são os seguintes, 331 para o aço MR250 e 280 para o AR350:

E
 Para a hw  1,5  hw tw  11,7 (1.21a)
fy
 Para a hw  1,5  hw tw  hw tw máx da Expressão (1.18) (1.21a)

1.3.5 - Dimensionamento dos Enrijecedores Transversais Intermediários


Os enrijecedores transversais intermediários podem ser dispensados nas vigas com a
relação (hw / tw) inferior ao limite da expressão (1.13); e ainda quando (hw / tw) < 260 e o esforço
cortante solicitante VS,d for menor que VR,d dado pela expressão (1.15). Se essas condições não
forem atendidas, os enrijecedores deverão seer colocados. Os enricedores transversais
intermediários são constituídos por chapas soldadas na alma, conforme ilustra a Figura 1.13.

Figura 1.13 – Enrijecedores intermediários – detalhes construtivos. Fonte: BELLEI (1994).


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Os enrijecedores podem ser colocados em pares, um de cada lado da alma, ou de um só


lado da alma. Além de dividir a alma em painéis, eles servem também de apoio transversal para a
mesa comprimida, melhorando a resistência à torção; para isso a superfície de contato com a
mesa comprimida deve ser soldada. No lado tracionado não há necessidade de contato do
enrijecedor com a mesa, podendo-se parar a chapa do enrijecedor de modo que o cordão de solda
alma-enrijecedor fique a uma distância da solda alma-mesa tracionada entre quatro e seis vezes a
espessura tw da alma do perfil (Figura 1.13a).
As relações (b/t) dos elementos constituintes dos enrijecedores não devem ultrapassar os
valores limites (b/t)lim da Tabela F.1, grupo 4, da NBR 8800:2008 (página 128), a fim de
eliminar o efeito de flambagem local. Para o aço MR250, (b/t)lim = 15,8.
O enrijecedor intermediário deve ter rigidez suficiente para conter a deformação de
flambagem da alma, de modo que a segurança em relação à flambagem por cisalhamento da
alma possa ser determinada em painéis separados. Utilizam-se para esta finalidade fórmulas
empíricas.
Segundo a norma NBR 8800:2008, o momento de inércia da seção do enrijecedor singelo
ou do par de enrijecedores (um de cada lado da alma), em relação ao eixo no plano médio da
alma, deve atender à seguinte relação:

3 
I  a.tw     0,5a.tw 
2,5

3
2 (1.22)
 a hw 
2

Onde:
I = momento de inércia do enrijecedor unilateral ou de um par de enrijecedores, um de cada lado
da alma, tomado em relação ao plano da alma;
a = espaçamento entre enrijecedores intermediários.

Para maior eficiência, o espaçamento entre enrijecedores deverá atender às condições


seguintes:

2
a  260  a
  ;  3,0 (1.23)
hw  hw tw  hw

Com o espaçamento escolhido, deverá ser verificada a condição de resistência


VS,d  VR,d dada pela expressão (1.15), sendo Cv determinado pela expressão (1.20).

1.3.6 – Resistência e Estabilidade da Alma sob Compressão Transversal

Em vigas submetidas a cargas concentradas em regiões de alma não-enrijecida podem


ocorrer os seguintes tipos de ruptura da alma por compressão transversal, conforme ilustra a
Figura 1.14:

- Escoamento local da alma;


- Enrugamento da alma com flambagem localizada;
- Flambagem da alma com ou sem deslocamento lateral da mesa tracionada;
- Flambagem da alma por compressão transversal.
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Figura 1.14 – Tipos de ruptura da alma sem enrijecedores intermediários em viga sujeita à carga
transversal concentrada. Fonte: PFEIL (2009).

A Figura 1.14 representa os seguintes tipos de ruptura: (a) escoamento local da alma, (b)
enrugamento da alma com flambagem localizada, (c) flambagem da alma com deslocamento
lateral da mesa tracionada, (d) flambagem da alma por compressão transversal.
Para cada um destes estados limites, decorrentes da ação de cargas concentradas simples
(em uma mesa) ou aos pares (em duas mesas), é exigida a colocação de enrijecedores
transversais de apoio, conforme ilustra a Figura 1.8e, se a resistência necessária exceder os
valores obtidos com as equações, posteriormente, apresentadas. Deve-se ainda, verificar a flexão
transversal da mesa em função da largura de distribuição da carga aplicada na mesa.
A flambagem da alma por compressão transversal com deslocamento lateral da mesa
tracionada (Figura 1.14c) ocorre para vigas com mesa estreita quando, no ponto de aplicação de
uma carga concentrada simples (somente na mesa comprimida), não está impedido o
deslocamento lateral relativo entre as mesas.
Entretanto, esse tipo de colapso não ocorre nas seguintes condições:
hw tw
  2,3  quando a rotação da mesa carregada for impedida
l bf
hw tw
  1,7  quando a rotação da mesa carregada não for impedida (Fig. 1.14c)
l bf

Onde: l é o maior comprimento dentre os comprimentos sem contenção lateral das duas
mesas na vizinhança da seção carregada.
Nota: o critério de cálculo da resistência neste é apresentado na norma NBR 8800:2008,
item 5.7 (Página 57).
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 Flexão local da Mesa

Uma força concentrada F aplicada sobre a largura bf da mesa de um perfil I ou H é


transferida para a alma por meio da flexão localizada da mesa. A resistência à flexão da mesa é
dada em termos de força resistente de cálculo pela a seguinte expressão (NBR 8800: 2008):

6,25t 2f f y
FRd  (1.24)
 a1

Notas: (1) tf é a espessura da mesa carregada e (2) a força FRd deve ser maior que a força
solicitante de cálculo FSd.
Observação: caso FRd  FSd deve-se colocar enrijecedores transversais de ambos os
lados da alma na seção de aplicação da carga.
A força resistente da equação (1.24) é reduzida à metade, no caso em que a força é
aplicada em uma seção cuja à distância ao extremo da viga seja menor que 10.t f .
Normalmente, esta verificação somente é requerida para o caso de forças que tracionam
a alma apesar da flexão da mesa também ocorrer para forças de compressão.

 Escoamento Local da Alma

Nos pontos de aplicação de cargas concentradas, em seções sem enrijecedores, verifica-se


a compressão ou tração transversal da alma, que pode provocar o escoamento da mesma,
conforme ilustra a Figura 1.14a. De acordo com a norma NBR 8800: 2008, a resistência poderá
ser determinada por:
1,10 1,10
FRd  Fn  latw f y (1.25)
 a1  a1

Onde: la = extensão da alma carregada, admitindo distribuição das tensões com um gradiente de
2,5:1, conforme ilustra a Figura 1.15.

Figura 1.15 – Resistência a escoamento local de alma sem enrijecedor de apoio.


Fonte: PFEIL (2009).
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Para cargas intermediárias (l > h), tem-se:

Fn  (5c  a) f ytw (1.26)

Para cargas de extremidades (l < h), tem-se:

Fn  (2,5c  a) f ytw (1.27)

Onde:

a = comprimento de apoio da carga concentrada;

c = espessura da mesa carregada mais o lado do filete em perfis soldados e a espessura da mesa
mais o raio de concordância com alma, no caso de perfis laminados.

Caso a resistência necessária exceder FRd, deve-se prever um par de enrijecedores


transversais no ponto de aplicação da carga.
Nota: Esses enrijedores devem estender, pelo menos, até a metade da altura da alma e ter
ajuste para contato perfeito com a mesa carregada ou a ela devem ser soldados.

 Enrugamento da Alma

Em trechos não-enrijecidos de almas de vigas, submetidas à cargas concentrada


produzindo compressão transversal, a resistência ao enrugamento da alma com flambagem
localizada (web crippling) é determinada, segundo a norma NBR 8800: 2008, por:

0,825
FEd  Fn (1.28)
 a1

com Fn determinada pela seguinte expressão:

 a  tw  
1, 5
tf
Fn  Kt 1  3    Ef y
2
(1.29a)
 h  t f  
w
tw
 

Onde:

K = 0,80  para cargas intermediárias, quando aplicadas a uma distância da extremidade da viga
maior que (h / 2);
K = 0,40  para cargas de extremidade, quando aplicadas a uma distância menor que (h / 2) do
extremo da viga.

Para cargas de extremidade, a equação (1.29a) é válida para a / h  0,2. Contrário,


utiliza-se a expressão:

   tw  
1, 5
 a  tf
Fn  0,40t 1   4  0,2    Ef y
2
(1.29b)
  h  t f  
w
tw
 
CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 18

Quando a força solicitante de cálculo exceder FRd, Equação (1.28), deve-se colocar um
enrijecedor transversal ou um par de enrijecedores transversais que se estendem, pelo menos, até
a metade da altura da alma da viga.

 Flambagem da alma sob Ação de Cargas Concentradas nas Duas Mesas

No caso de cargas de compressão transversal aplicadas em ambas as mesas na mesma


seção de um elemento estrutural, a alma deve ter sua esbeltez limitada de modo a evitar a
flambagem.
Em trechos nãp-enrijecidos de almas submetidas à compressão transversal por cargas
concentradas nas duas mesas, conforme ilustra a Figura 1.13d, a resistência de cálculo (FRd) é
determinada por Fn / a1, sendo o valor de Fn obtido pela seguinte expressão:

24tw3
Fn  E fy (1.30)
hw

onde: hw é a altura, exclusive trechos de transição das mesas para a alma (Figura 1.4).

Nota: quando o par de cargas concentradas for aplicado a uma distância da extremidade
da viga menor que h / 2, a resistência deve ser reduzida em 50%.

1.3.7 – Dimensionamento dos Enrijecedores de Apoio

Os enrijecedores de apoio devem ser empregados sempre que a carga solicitante de


compressão transversal da alma ultrapassar a resistência em algum dos estados limites descritos
no item 1.3.6. Nestes casos, os enrijecedores de apoio, além de impedir o escoamento, o
enrugamento e a flambagem da alma, têm a função de transferir para a alma as cargas
concentradas aplicadas nas mesas; normalmente, essas cargas são as reações de apoio das vigas.
Os enrijecedores de apoio devem ser soldados à alma da viga. Eles devem estender-se
pelo menos até a metade da altura da alma (enrijecedores de altura parcial), para evitar os
estados limites de escoamento local e enrugamento da alma, e devem estender-se até
aproximadamente as bordas longitudinais das mesas, nos caos em que não são atendidas as
condições de segurança dos estados limites de flambagem da alma, ilustrados nas Figuras
1.14c e 1.14d. O apoio da mesa carregada sobre o enrijecedor pode ser feito por contato ou por
solda.
Utilizam-se também enrijecedores de apoio de altura total em extremidades das vigas de
edifícios nas quais as almas não sejam ligadas a outras vigas ou pilares.
Os enrijecedores de apoio de altura total são dimensionados como colunas sujeitas à
flambagem por flexão em relação a um eixo no plano da alma. A seção transversal a ser
considerada é formada pelas chapas dos enrijecedores mais uma faixa da alma de largura 12tw
nos enrijecedores de extremidades ou 25tw nos enrijecedores em seção intermediária. O
comprimento efetivo de flambagem (lfl) será igual a 0,75h.
Para evitar a flambagem local do enrijecedor, recomenda-se que a relação largura-
espessura do mesmo não exceda 0,56 E f y .

FRres  Ac 1,8 f y   a 2 (1.31)

Onde: Ac = área de contato do enrijecedor com a mesa carregada.


CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 19

1.3.8 – Contenção Lateral de Vigas nos Apoios

Nos pontos de apoio, as vigas laminadas ou fabricadas deverão ter contenção lateral que
impeça a rotação da viga em torno do eixo longitudinal. Essa contenção é necessária para
impedir o tombamento da viga ou, no caso de vigas esbeltas, o colapso por deslocamento
transversal relativo das mesas.

1.4 – LIMITAÇÃO DE DEFORMAÇÕES

A limitação de flechas provocadas pelas cargas permanentes tem a finalidade de evitar


deformações pouco estéticas. As flechas exageradas produzem uma sensação intuitiva de
insegurança, além de causar danos não-estruturais como paredes ou divisórias. No entanto, os
efeitos dos deslocamentos devidos à carga permanente podem ser minorados com a aplicação de
uma contraflecha na fabricação ou montagem da estrutura. As flechas produzidas por cargas
móveis são também limitadas com a finalidade de evitar efeitos vibratórios desagradáveis para os
usuários.
A norma brasileira NBR 8800:2008, Anexo C (página 115), limita as flechas globais
produzidas pela carga permanente mais a carga móvel sem impacto (Tabela C.1-Deslocamentos
máximos).

1.5 – RESISTÊNCIA PÓS-FLAMBAGEM

Discute-se neste item os efeitos da resistência local da alma incluindo e não incluindo a
resistência pós-flmabgem, considerando o texto elaborado por QUEIROZ (1993).
A ocorrência de flambagem local da alma de uma viga por cisalhamento não implica
necessariamente em colapso da barra como um todo, desde que haja enrijecedores transversais
adequados e convenientemente espaçados. No início da flambagem têm-se tensões de tração e de
compressão, inclinadas de 450 com relação ao eixo da barra, com valor absoluto igual ao da
tensão de flambagem por cisalhamento, conforme indica a Figura 1.16a.

Figura 1.16 – Tensões em um elemento a 450. Fonte:Quieiroz (1993).

Para  cr  f yv , a alma consegue resistir à solicitação adicional à que provocou a


flambagem, através de comportamento semelhante ao de uma treliça Pratt, conforme ilustra a
Figura 1.16b. Os enrijecedores funcionam como se fossem montantes comprimidos e as faixas de
alma como se fossem diagonais tracionadas. Esse comportamento é denominado de campo de
tração.
CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 20

A resistência a cisalhamento somente se esgota quando a superposição das tensões cr,


correspondentes ao início da flambagem, com as tensões correspondentes ao campo de tração
provoca o escoamento da alma. A resistência última, em termos de tensão de cisalhamento
equivalente, é dada por:

f yv   cr
FS   cr  (1.32)
1,15 1  a h 
2

Onde: f yv  f y 3

Como a resistência pós-flambagem não existe para  cr  f yv , tem-se:


p
 cr  0,6 f   f 
fy
(1.33)
h tw  y yv
3

onde:
h
tw
 
  p 0,6 3   p  1,12 KE / f y

Desta forma, a resistência local da alma em termos de tensão de cisalhamento, incluindo


o efeito do campo de tração, é:

 Para h tw   p  FS  0,6 f y (1.34)

 Para  p  h tw  p  FS   cr (1.35)

 Para h tw   p  FS   cr 
f y 3   cr  (1.36)
1,15 1  a h 
2

Nota: utilizando sistematicamente a aproximação f yv  f y 3  0,6 f y , tem-se  p   p e


FS, com erro máximo de 4%, dada por:

 Para h tw   p  FS  0,6 f y (1.37)


0,6 f y   cr
 Para h tw   p  FS   cr  (1.38)
1,15 1  a h 
2

Nas expressões anteriores, tem-se:

0,9 KE
 Para h tw  r   cr  K e  (1.39)
h tw 2
p
 Para r  h tw   p   cr 
h tw 
0,6 f y (1.40)

onde:
 2 E  tw 
2

e   
121   2   h 
(tw = espessura da placa)
CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 21

5,34
K  4,0   a / h  1,0
a h2
4,0
K  5,34   a / h  1,0 (considerar a h   para a h  3,0 )
a h2
Caso não se inclua o efeito do campo de tração:

 Para h tw   p  FS  0,6 f y (1.41)

 Para h tw   p  FS   cr (1.42)

Para que seja utilizado o efeito do campo de tração existem algumas exigências,
conforme as seguintes descrições:

a) o efeito do campo de tração não pode ser aplicado a painéis extremos da alma, a
painéis com aberturas, nem a painéis adjacentes a estes últimos;
b) os enrijecedores transversais, além de atenderem às exigências anteriormente
apresentadas, têm também que ter uma área mínima da seção transversal (num
plano paralelo às mesas da viga), dada pela expressão:

1   cr 0,6 f y   a a h2 .Y .d .h.t


Ast    (1.43)
1  a h  
w
2  h 2

tw = espessura da alma;

Y = relação entre os limites de escoamento dos aços da alma e do enrijecedor;

D = 1,0 para enrijecedores colocados em pares (corte B-B da Figura 1.17, por exemplo);

D = 1,8 para enrijecedores colocados em pares (corte C-C da Figura 1.17, por exemplo);

D = 2,4 para enrijecedores colocados em pares (corte B-B da Figura 1.17, por exemplo);

Figura 1.17 – Enrijecedores intermediários transversais - Fonte:Quieiroz (1993).


CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 22

c) a ligação dos enrijecedores transversais com a alma tem que ser capaz de transmitir
uma carga distribuída, paralela ao enrijecedor, cujo valor para enrijecedor simples
ou par de enrijecedor é dado pela expressão (Figura 1.18):

3
 fy 
qs  h   (1.44)
 216 

fy = limite de escoamento do aço da alma em (kN/cm2);

h = altura da alma em (cm);

qs = caraga distribuída em (kN/m).

Figura 1.18 – Carga uniformemente distribuída, paralela ao enrijecedor. Fonte:Quieiroz (1993).

d) Tem que ser verificada a interação entre momento fletor e força cortante, conforme
será apresentado no item 1.8.
e) O uso do efeito de campo de tração limita-se a barras com seção transversal em I
sujeitas à flexão normal simples sem torção, não podendo ser estendido a outras
situações como flexão oblíqua, flexão composta, torção, etc.
f) O efeito do campo de tração não pode ser utilizado quando a alma estiver sujeita à
cargas concentradas em seções sem enrijecedores (por exemplo: vigas submetidas
a cargas móveis).
g) A resistência nominal ao momento fletor deve ser determinada conforme
descrições anteriores, e ainda, que se tenha a relação h tw E f y .

1.6 – Espaçamento máximo entre enrijecedores transversais

Utilizando ou não o campo de tração, a relação (a / h) não pode ultrapassar 3,0 e nem
260 h tw  2.

Nota: caso a relação (a / h) seja inferior a 260 e, além disso, não seja necessário utilizar
o efeito do campo de tração na verificação da alma, a relação (a / h) não é limitada.
CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 23

1.7 – Cargas aplicadas em regiões não enrijecidas

Podem-se aplicar cargas em regiões intermediárias, entre enrijecedores, de vigas em


seção I ou caixão, nas situações mostradas na Figura 1.19, desde que a mesa carregada cubra
toda a espessura da(s) alma(s), conforme ilustra a Figura 1.19c, e que sejam atendidas as
seguintes exigências:

Figura 1.19 – Cargas aplicadas em regiões não enrijecidas. Fonte:Quieiroz (1993).

a) Para cargas que comprimem a alma (Figura 1.19a), esta deve ser verificada para evitar
enrugamento e flambagem locais.

A tensão local que produz enrugamento é Fc = 1.2 fy ;


No cálculo da tensão atuante, para efeito de enrugamento, uma carga externa concentrada
(de cálculo) será dividida por tw b  2k  e uma distribuída (de cálculo) será dividida por tw,
somando os resultados quando houver superposição das tensões.

Onde:
tw = espessura da alma;
b = comprimento no qual atua a carga concentrada;
k = espessura da mesa onde atua a carga, no caso de perfil soldado; essa espessura mais o
raio de concordância entre a mesa e alma, no caso de perfil laminado.
A tensão que produz flambagem local da alma, no caso de não haver impedimento de
rotação da mesa onde atua a carga, em torno do eixo longitudinal, é dada pela seguinte
expressão:

 4 
Fcr   e 2 
a h2 
(1.45)

Onde:
a = distância entre os enrijecedores transversais adjacentes à carga aplicada;

 e   2 E.t 2 w 12h2 1  2 
CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 24

Nota: esta expressão, que é empírica, fornece valores coerentes de Fcr em casos extremos
(a>>h e a<<h).

Quando a mesa onde atua a carga tem rotação impedida em torno do eixo longitudinal, a
tensão que produz flambagem local da alma é dada pela seguinte expressão:

 4 
Fcr   e 5,5 
a h2 
(1.46)

As duas expressões de Fcr são, entretanto, reduzidas por um fator igual a 0,6 (além do
coeficiente do segurança adequado) que leva em consideração a vulnerabilidade da alma para
este tipo de flambagem. Desta forma, a resistência última da alma à flambagem local, em termos
de tensão é dada pelas expressões seguintes, conforme a rotação da mesa onde atua a carga seja
não impedida ou impedida, respectivamente:

 4 
Fc  0,6 e 2 
a h2 
(1.47a)

ou

 4 
Fc  0,6 e 5,5 
a h2 
(1.47b)

A determinação da tensão atuante, para a verificação de flambagem local, é efetuada


dividindo a carga externa concentrada (de cálculo) por atw ou htw (o menor dos dois valores) e
distribuída (de cálculo) por tw, somando todos os resultados correspondentes a cargas que atuam
no mesmo painel (entre dois enrijecedores consecutivos).
Além das verificações de enrugamento e flambagem locais da alma, outras têm que ser
feitas, como: flexão local da mesa onde atua a carga, solda de ligação entre esta mesa e a alma
(no caso de perfis soldados), etc.
Os enrijecedores adjacentes à ação local considerada, devem ser dimensionados conforme
descrições anteriores, como se estivessem sujeitos à ação direta de frações das cargas atuantes
nos painéis à sua esquerda e à sua direita.
As frações de cargas são determinadas como se houvesse vigas vencendo vãos iguais às
larguras dos painéis. Na Figura 1.19a, por exemplo, o enrijecedor “A” seria dimensionado para
uma carga de compressão igual a:

P  P 2  qa / 2 (1.48)

b) Para cargas que tracionam a alma, Figura 1.19b, devem ser verificados: a flexão local da
mesa onde atua a carga, solda de ligação entre esta mesa e a alma (no caso de perfis
soldados), escoamento local da alma na região de entrada da carga, etc.
CIV 925: Construções Metálicas II – Vigas Esbeltas 25

1.8 – Interação Momento Fletor / Força Cortante

Nos casos em que é utilizado o efeito do campo de tração na resistência à força cortante é
necessário que a equação de interação dada pela expressão seguinte seja atendida, em qualquer
painel entre dois enrijecedores transversais, além dos valores máximos de cálculo do momento
fletor e da força cortante ser, isoladamente, inferiores ou iguais às respectivas resistências de
cálculo.

M Sd V
0,727  0,455 Sd  1,0 (1.49)
M Rd VRd

Onde:
MSd = momento fletor solicitante de cálculo;
VSd = força cortante solicitante de cálculo;
MRd = momento fletor resistente de cálculo;
VSd = força cortante resistente de cálculo.

1.9 – Critérios da Norma Brasileira

Os critérios de cálculo do momento fletor resistente de vigas de alma esbelta é


apresentado no Anexo H da norma NBR 8800:2008, página 138.

1.10 - Bibliografia

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). NBR 8800: 2008. Projeto de Estruturas de
aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. 2a Edição. Rio de Janeiro.

BELEI, I. H. 1994. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. 1a Edição. Editora PINI. São
Paulo.

PFEIL, W.; PFEIL, M. (2009). Estruturas de aço: dimensionamento prático. 8a Edição. LTC.
Rio de Janeiro.

QUEIROZ (1993). Elementos das estruturas de aço. 4a Edição. UFMG. Belo Horizonte.

SALMON; C. G.; JOHNSON, J. E. (1990). STEEL STRUCTURES: Design and Behavior. Third
Edition. Harper Collins Publishers Inc. New York.

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