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10 SÍNTESE 30 LINHAS

Diante do esgotamento atual de referenciais teóricos da Psicologia Moral Yves Taille


pesquisa o surgimento de novas perspectivas no plano moral e ético e se depara com a
denominada Teoria da Personalidae Ética. Para tanto o autor lança a hipótese de que se
pretendemos conhecer os comportamentos morais dos sujeitos é necessário conhecer suas
perspectivas éticas. O percurso de investigação inicia-se com a discussão sobre as diferenças
entre moral e ética revisitando teses de filósofos e psicólogos, entre eles destaque para Kant
no campo filosófico que por sua vez fundamentou diversas teorias psicológicas, sobretudo
Piaget e sua teoria clássica construtivista da moral e heteronomia de cada indivíduo; se
contapondo aos modelos construtivistas as teorias do juízo moral tem a moral como um
processo de interiorização, devido à pressão social, rumo à autonomia moral. A conclusão de
que os processos psicológicos de desenvolvimento levam a um plano moral na psique
humana, que diz de uma moral com valores específicos, e não qualquer tipo de moral, está
ligada ao sentimento de obrigatoriedade que por sua vez é um fato psicológico. À essa
primeira conclusão abre-se o debate sobre as motivações para a ação moral, percebendo que
as teorias acima não discutem as raízes afetivas dessa ação, ou seja, as fontes energéticas do
plano moral, levando o pesquisador a buscar novas pistas no campo da ética estudando essa
dimensão afetiva da moralidade. Nesse campo, Piaget e Kohlberg se opõem ao relativismo
moral, referenciados pelo imperativo categórico kantiano que diz da humanidade como um
fim em si e não apenas um meio, defendem que a autonomia moral é da reciprocidade e
igualdade não cabendo contradições quanto aos deveres o que implica no sentimento de
indignidade indissociável do de obrigatoriedade, logo cabe ao plano moral diversos
conteúdos. Diante dessa variedade de composição do plano moral a psicologia se encontra
frente ao desafio de explicar esse sentimento de obrigatoriedade, culminando na análise do
plano ético centrado no tema ‘vida boa’ sinônimo de ‘vida realizada, ‘feliz’. Para isso é
essencial separar forma de conteúdo, uma vez que há infinitas possibilidades de etendimento
para o que seja vida boa, há por sua vez também variedades éticas e consequentemente várias
morais o que nos leva a articulação entre essa busca da vida boa e o dever, entreos planos
moral e ético pensados em conjunto tendo a referência à dignidade pista central de como
estabelecer essa difícil articulação. Mais uma indagação surge dessa pesquisa, seria a moral
limite para a ética? O limite moral teria outro fundamento que não inspirado pela ética, Taille
(2010) encontra na dignidade condição necessária para uma vida boa, então se por um lado
diferentes sistemas éticos se ocupma de diversos conteúdos, há entre eles um ponto comum,
uma invariante que dá conta de explicar as motivaçãoes das ações para viver essa vida ética.
A relação entre plano ético e moral se confirma na invariante sentido da vida “... se o grande
problema da vida é ela fazer sentido, deduz-se que a moral e suas obrigações também
precisam fazer sentido” (Taille, 2010). Diante dessa hipótese da prevalência do plano ético
sobre o moral, a questão do sentido se depara com uma invariante psicológica, a expansão de
si, termo cunhado por Piaget, que leva a tese de que o indivíduo que não consegue se atribuir
valor não encontra um sentido à vida, que se refere à dimensão da identidade na atribuição
pessoal, e também coletiva, de valor. Logo, uma teoria da personalidade moral ou
personalidade ética como uma teoria geral das motivações humanas, segundo Taille apud
Blasi (1995) “... os valores e as regras morais somente têm força motivacional se associados à
identidade”, teoria que fala da variedade de condutas na modernidade, diversidade essa que
encontra flexibilidade em sua sustentação teórica ao pensar a motivação moral através da
pluralidade de opções éticas e seus novos paradigmas contemplados no campo da psicologia.

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