Diante do esgotamento atual de referenciais teóricos da Psicologia Moral Yves Taille
pesquisa o surgimento de novas perspectivas no plano moral e ético e se depara com a denominada Teoria da Personalidae Ética. Para tanto o autor lança a hipótese de que se pretendemos conhecer os comportamentos morais dos sujeitos é necessário conhecer suas perspectivas éticas. O percurso de investigação inicia-se com a discussão sobre as diferenças entre moral e ética revisitando teses de filósofos e psicólogos, entre eles destaque para Kant no campo filosófico que por sua vez fundamentou diversas teorias psicológicas, sobretudo Piaget e sua teoria clássica construtivista da moral e heteronomia de cada indivíduo; se contapondo aos modelos construtivistas as teorias do juízo moral tem a moral como um processo de interiorização, devido à pressão social, rumo à autonomia moral. A conclusão de que os processos psicológicos de desenvolvimento levam a um plano moral na psique humana, que diz de uma moral com valores específicos, e não qualquer tipo de moral, está ligada ao sentimento de obrigatoriedade que por sua vez é um fato psicológico. À essa primeira conclusão abre-se o debate sobre as motivações para a ação moral, percebendo que as teorias acima não discutem as raízes afetivas dessa ação, ou seja, as fontes energéticas do plano moral, levando o pesquisador a buscar novas pistas no campo da ética estudando essa dimensão afetiva da moralidade. Nesse campo, Piaget e Kohlberg se opõem ao relativismo moral, referenciados pelo imperativo categórico kantiano que diz da humanidade como um fim em si e não apenas um meio, defendem que a autonomia moral é da reciprocidade e igualdade não cabendo contradições quanto aos deveres o que implica no sentimento de indignidade indissociável do de obrigatoriedade, logo cabe ao plano moral diversos conteúdos. Diante dessa variedade de composição do plano moral a psicologia se encontra frente ao desafio de explicar esse sentimento de obrigatoriedade, culminando na análise do plano ético centrado no tema ‘vida boa’ sinônimo de ‘vida realizada, ‘feliz’. Para isso é essencial separar forma de conteúdo, uma vez que há infinitas possibilidades de etendimento para o que seja vida boa, há por sua vez também variedades éticas e consequentemente várias morais o que nos leva a articulação entre essa busca da vida boa e o dever, entreos planos moral e ético pensados em conjunto tendo a referência à dignidade pista central de como estabelecer essa difícil articulação. Mais uma indagação surge dessa pesquisa, seria a moral limite para a ética? O limite moral teria outro fundamento que não inspirado pela ética, Taille (2010) encontra na dignidade condição necessária para uma vida boa, então se por um lado diferentes sistemas éticos se ocupma de diversos conteúdos, há entre eles um ponto comum, uma invariante que dá conta de explicar as motivaçãoes das ações para viver essa vida ética. A relação entre plano ético e moral se confirma na invariante sentido da vida “... se o grande problema da vida é ela fazer sentido, deduz-se que a moral e suas obrigações também precisam fazer sentido” (Taille, 2010). Diante dessa hipótese da prevalência do plano ético sobre o moral, a questão do sentido se depara com uma invariante psicológica, a expansão de si, termo cunhado por Piaget, que leva a tese de que o indivíduo que não consegue se atribuir valor não encontra um sentido à vida, que se refere à dimensão da identidade na atribuição pessoal, e também coletiva, de valor. Logo, uma teoria da personalidade moral ou personalidade ética como uma teoria geral das motivações humanas, segundo Taille apud Blasi (1995) “... os valores e as regras morais somente têm força motivacional se associados à identidade”, teoria que fala da variedade de condutas na modernidade, diversidade essa que encontra flexibilidade em sua sustentação teórica ao pensar a motivação moral através da pluralidade de opções éticas e seus novos paradigmas contemplados no campo da psicologia.