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Graduandos:
Alexandre Bartoli Monteiro
Andreza Alves Moraes
Cristiane Moreira Silva Ribeiro
MADRUGADA CAMPONESA
Thiago de Mello
Madrugada camponesa,
faz escuro ainda no chão,
mas é preciso plantar.
A noite já foi mais noite,
a manhã já vai chegar.
O texto “Campos de Veneno” mostra essa batalha pela vida que os povos do
Amazonas, especificamente da região do Planalto Santareno, travam desafiando todo o
“desejo de morte” que os ronda em nome da monocultura da soja, da sobreposição de
interesses políticos e corporativos. Apesar de parecer uma questão da sociedade atual,
esses conflitos são legado colonial do processo de colonização e exploração do
continente Latino Americano, marcado pela imposição dos interesses europeus frente às
UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC
Vou dizer então, Bruno. Essa terra aqui é vermelha, escura. É poeira de índio, não
é de branco não. A carne do branco é uma terra mais clara [...] Hoje tem cana em
cima, olha quanta cana. Mas é vermelha porque tem sangue de índio, é boa
porque tem sangue de índio. Hoje tem cana em cima, mas embaixo estão os meus
filhos. Meus filhos estão apodrecendo nessa terra, que já apodreceu meu pai. E
agora o meu netinho. Eu não vou mais deixar passar veneno, eu quero que essa
cana apodreça aqui na terra. Vai apodrecer a cana, igual meu pai, meu filho
apodreceu. É só essa a minha palavra. (DONA DAMIANA, 2019)
Retornando ao poeta que ilustra o presente escrito, dizia ele “que seu compromisso
enquanto escritor é sempre com a vida e o homem do seu tempo... com a eliminação da
injustiça”. Compromisso do autor com a palavra, não qualquer palavra, “... mas palavra
que seja canto e caminho, espada e testemunho” Thiago Mello (1970) e nesse sentido,
entre conflitos e alianças, indígenas e quilombolas se unem em diversos coletivos, a
exemplo “Movimento Indígena do Baixo Tapajós” e “Movimento Quilombola” e utilizam da
palavra para elaborar documentos e ações de denúncia contra o assalto, a destruição e
UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS – UNIPAC
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES NETO, R. Beatriz. Vira mundo, vira mundo: trajetórias nômades. Projeto História, São Paulo,
n.27, p.49-69, dez., 2003. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/1271/127159275011.pdf . Acesso em:
out. 2021.
MEDEIROS, Jotabê. Amazônia Real - Thiago de Mello, o autor do verso “Faz escuro mas eu canto”.
Publicado em: 13/09/2021. Disponível em: https://amazoniareal.com.br/thiago-de-mello-2/ . Acesso em: out.
2021.
MORENO, Gislaine. Os (des)caminhos da apropriação capitalista da terra em Mato Grosso. São Paulo,
1993. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/download/10510/7824/26041 . Acesso em:
out. 2021.
MORAIS, Bruno Martins. “Do que é feito um corpo?” : uma crítica substantiva kaiowá e guarani ao
agronegócio. Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, V. 05, nº 01, jan-abr., 2019,
artigo nº 927. Disponível em: https://periodicos.claec.org/index.php/relacult/article/download/927/1095/6168 .
Acesso em: out. 2021.
OLIVEIRA, Jorge Eremites de; ESSELIN, Paulo Marcos. Para compreender os conflitos entre
fazendeiros e indígenas em Mato Grosso do Sul. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.
br/noticias/547145-para-compreender-os-conflitos-entre-fazendeiros-e-indigenas-em -mato-grosso-do-sul .
Acesso em: out. 2021.