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O MENINO DA SUA MÃE

No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.


De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! que jovem era!


(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada


Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:


«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.

Tema: Realidade dura e crua

1ª Parte - Descrição realista do cenário: planície e soldado.

2ª Parte – Discurso emotivo/valorativo: revolta do sujeito poético pela


morte do menino, pela efemeridade da vida.

3ª Parte – Conclusão dramática: realidade e preces da família.


Fernando Pessoa
“Um homem só, no meio de uma multidão”

 Pessoa jovem morta;


 Folhas – Outono (queda das folhas – morte)
 Soldado fardado e sujo de sangue (morto em combate, morreu em nome
da pátria);
 A olhar para o Céu (pedido de ajuda, súplica);
 Tem um lenço branco na mão (paz, rendição) – provável oferta de
alguém, um amuleto), Sinal de que a guerra em que participou não é sua
e lutou por algo que não concordava.

 Retrato a preto e branco, tempo mais antigo;


 Rapaz de farda: possível partida para a guerra;
 Expressões faciais apontam para tristeza;
 Vestida a rigor, formalmente;
 Pela forma como a abraça a criança (quase que como uma forma de a
proteger), parece ser a mãe.

Os traumas fizeram com que criasse vários heterónimos para escapar à


realidade com a qual estava insatisfeito. Entre eles destacam-se:

Álvaro de Campos Ricardo Reis Alberto Caeiro

Engenheiro naval Médico Pastor

Poemas com referência am Classicista. Vida é um rio, há que vivê-la. Mestre do Fernando
movimento, futurismo, ruídos. (“Carpe Diem”). Pessoa.

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