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O menino da sua mae

Trabalho realizado por Miguel Santos 9ºB, David Pinto 9ºB


Trabalho orientado pela prof. Ana justino
Escola Secundária Fernado Lopes Graça
No plano abandonado

O menino da sua mae:


Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
Um pouco sobre Fernando Pessoa:
Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em
Lisboa no dia 13 de Junho de 1888.
Foi um poeta, escritor, crítico literário, tradutor,
editor e filósofo português, descrito como uma das
figuras literárias mais significativas do século XX e
um dos maiores poetas da língua portuguesa.
Pessoa foi um escritor prolífico, e não apenas em
nome próprio, pois criou cerca de setenta e cinco
outros, dos quais se destacam três: Alberto Caeiro,
Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Ele faleceu em Lisboa no dia 30 de Novembro de
1935
Heterônimos:
Alberto Caeiro foi o primeiro grande heterónimo de Pessoa; é resumido
por Pessoa da seguinte forma: "Ele vê as coisas apenas com os olhos,
não com a mente.
Álvaro de Campos manifesta-se, de certa forma, como uma versão
hiperbólica do próprio Pessoa. Dos três heterônimos, ele é o que sente
mais fortemente, seu lema é "sentir tudo em todos os sentidos". "A
melhor maneira de viajar", escreveu ele, "é sentir".
Reis, personagem e heterônimo do próprio Fernando Pessoa, resume
sua filosofia de vida em suas próprias palavras, admoestando: "Veja a
vida à distância. Nunca questione. Não há nada que possa dizer."
Tema do poema:
O poema "O Menino de Sua Mãe" de Fernando Pessoa é uma reflexão
sobre a infância e o quanto ela molda nossas personalidades e visões
de mundo. O poema descreve um menino que é amado e protegido
por sua mãe, e que passa seus primeiros anos de vida vivendo em uma
bolha de amor e segurança. Porém, o tempo passa e o menino cresce, e
a mãe começa a perceber que ele está se transformando em um jovem
adulto com seus próprios sonhos, desejos e medos. O poema é uma
reflexão sobre o processo de amadurecimento e a jornada da infância
para a idade adulta, e como essa jornada pode ser difícil e solitária, mas
também emocionante e recompensadora.
Estrutura externa do poema

-Este poema é composto por seis estrofes


-Cada estrofe de cinco versos (quintilhas)
-De versos com 6 sílabas métricas (hexassílabos) e
-O esquema rimático é abaab.
Recursos Expressivos
Anáfora: a repetição da expressão "O menino da sua mãe" ao longo
do poema cria um efeito de enfatização e reforça a relação entre
mãe e filho.
Antítese: a oposição entre as imagens de um campo abandonado e
a presença do corpo de um soldado morto cria uma tensão e uma
sensação de contraste, que é intensificada pela descrição dos
detalhes do corpo e da cena.
Personificação: a descrição da brisa que "aquece" o campo
abandonado cria a impressão de que o ambiente é vivo e sensível,
criando uma conexão entre a natureza e o ser humano.
Metáfora: a descrição das balas que atravessaram o corpo do soldado
como "duas, de lado a lado" é uma imagem forte que cria uma sensação
de dor e violência.
Aliteração: a repetição do som "l" em "Alvo, louro, exangue" reforça a
ideia de palidez e fragilidade do corpo do soldado.
Parêntese: a inclusão da frase "Agora que idade tem?" em parênteses
cria um efeito de reflexão e questionamento, enfatizando a juventude
do soldado e a tragédia da sua morte.
Rima: o poema apresenta um esquema de rima ABABCC, criando uma
sensação de harmonia e unidade.

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