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Português 9.

º Ano
2014 /2015

1.º TESTE DE AVALIAÇÃO – VERSÃO A


GRUPO I (LEITURA / EDUCAÇÃO LITERÁRIA E ESCRITA)
TEXTO A
Lê o texo que se segue. Em caso de necessidade, consulta as notas e o vocabulário apresentados.

Os Bárbaros
Primeiro vieram a cavalo e a galope. Guerreando porque serem guerreiros era a sua condição e
a sua razão de viver. Os bárbaros. Alanos, Vândalos e Suevos. Mais tarde os Visigodos. Algo os
atraía já neste claro azul quase africano. Vinham dos seus países brancos e invernosos, talvez
gostassem do brando clima e do azul do céu, gostavam decerto das terras que conquistavam aos
5 indígenas1, e onde se instalavam. Depois pararam as visitas violentas. As últimas, e mais breves,
foram as francesas.
E durante muito tempo não houve incursões2. Até ao advento3 do turismo. E então ei-los que se
puseram a chegar todos os anos pelo verão, voando ou de camioneta de vidraças panorâmicas e ar
condicionado, de automóvel também, naturalmente, e até em auto-stop4, que é a maneira atual
10 de viajar na garupa do cavalo. Enchem os hotéis de todas as estrelas que há na terra e também os
parques de campismo onde erguem as suas tendas de paz. Vêm armados de máquinas fotográficas
e de filmar. E só lhes interessam as coisas, e eles próprios no meio delas. Quanto aos indígenas,
querem lá saber. Como dantes.
É uma coisa engraçada, o turismo. Porque não traz nada de verdadeiramente novo. Como, de
15 resto, nada neste mundo, ou tão pouco. As coisas é que mudam de nome e de rosto com o tempo.
Mas repetem-se incessantemente.
Estou a escrevinhar estas regras – já muitas vezes escritas – porque avistei agora mesmo, da
minha janela, um grupo loiro e colorido de vikings5, saindo do seu drakkar6 terrestre e sem cabeça
de dragão.
Maria Judite de Carvalho, Este tempo. Ed. Caminho

NOTAS E VOCABULÁRIO
1
indígenas – naturais do lugar ou país em que habitam.
2
incursões – invasões.
3
advento – vinda, chegada.
4
auto-stop – boleia.
5
vikings – guerreiros nórdicos que invadiram grandes áreas da Europa entre os séculos VIII e XI.
6
drakkar – embarcação viking com uma cabeça de dragão na proa.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações dadas.


1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto A.
Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem pela qual essas ideias aparecem no texto.
Começa a sequência pela letra (D).

(A) A visão de um grupo de turistas nórdicos despoletou a reflexão que gerou a escrita deste texto.
(B) Os novos invasores apresentam um novo tipo de armas: máquinas fotográficas e de filmar.
(C) Um novo tipo de invasão surgiu com o desenvolvimento da indústria turística.
(D) Ao longo da História, Portugal foi palco de várias invasões nórdicas.
(E) Com o passar do tempo, pouco muda realmente, apenas se alteram a aparência e o nome das coisas.
(F) Apesar da sua atitude menos agressiva, os novos invasores mantêm a desconsideração pelos indígenas.
(G) As incursões violentas terminaram com as invasões francesas.
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2. Para responderes a cada item (2.1. a 2.5.), seleciona a opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
2.1. A sequência «Primeiro» (linha 1), «Mais tarde» (linha 2) e «Depois» (linha 5), presente no primeiro
parágrafo, visa
(A) exprimir uma relação de causa-efeito. (B) transmitir exclusivamente uma relação de adição.
(C) apresentar uma linha temporal. (D) localizar espacialmente a ação.
2.2. A frase «Vêm armados de máquinas fotográficas e de filmar» (linhas 11 e 12) contém
(A) uma metáfora. (B) uma antítese.
(C) uma personificação. (D) uma comparação.
2.3. A expressão «já muitas vezes escritas» (linha 17) significa que a autora considera
(A) a sua perspetiva absolutamente inovadora.
(B) que também nas suas ideias pouco há de novo.
(C) que, ao longo do seu texto, são citadas opiniões de outros autores.
(D) que as suas ideias têm sido apropriadas por outros autores.
2.4. A referência ao drakkar e ao aspeto viking dos turistas (linha 18) pretende
(A) sublinhar o aspeto pouco bárbaro dos turistas nórdicos.
(B) retomar a ideia da invasão dos bárbaros que inicia o texto.
(C) evidenciar os conhecimentos históricos da autora.
(D) mostrar que, historicamente, tudo se altera.
2.5. Ao redigir este texto, a intenção da autora terá sido
(A) relembrar aos seus leitores acontecimentos importantes da História de Portugal.
(B) alertar para a importância do turismo no nosso desenvolvimento económico.
(C) despertar nos seus leitores o interesse pelas viagens e pela descoberta de novas culturas.
(D) criticar o modo como os turistas estrangeiros visitam o nosso país.

TEXTO B
Lê o poema. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

O Menino da sua Mãe


No plaino1 abandonado Caiu-lhe da algibeira
Que a morna brisa aquece, A cigarreira breve.
De balas traspassado – Dera-lha a mãe. Está inteira
Duas, de lado a lado –, E boa a cigarreira.
5 Jaz2 morto, e arrefece. 20 Ele é que já não serve.

Raia-lhe a farda o sangue. De outra algibeira, alada6


De braços estendidos, Ponta a roçar o solo,
Alvo3, louro, exangue4, A brancura embainhada
Fita com olhar langue5 De um lenço... Deu-lho a criada
10 E cego os céus perdidos. 25 Velha que o trouxe ao colo.

Tão jovem! que jovem era! Lá longe, em casa, há a prece7:


(Agora que idade tem?) “Que volte cedo, e bem!”
Filho único, a mãe lhe dera (Malhas que o Império tece!)
Um nome e o mantivera: Jaz morto, e apodrece,
15 “O menino da sua mãe”. 30 O menino da sua mãe.

Fernando Pessoa
Caderno de apoio às Metas Curriculares de Português in http://dge.mec.pt (Consultado em 16-10-2014)
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VOCABULÁRIO
11 plaino – planície. 14 exangue – que perdeu sangue; pálido. 17 prece – oração.
12 jaz – está deitado, imóvel. 15 langue – desfalecido.
13 Alvo – branco. 16 alada – em forma de asa.

Responde, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.


3. O sujeito poético fala-nos de alguém que “Jaz morto” (v.5).
Explica de quem se trata, indicando três características visíveis no poema e em que situação terá
ocorrido a sua morte.
4. Identifica a antítese existente na primeira estrofe e comenta o seu valor expressivo.
5. Explica o sentido do adjetivo “breve” que qualifica a cigarreira (v. 17).
6. Diz quem são as pessoas que esperam em casa por este soldado e o que sentem. Justifica a tua
resposta.
7. Faz o esquema rimático da primeira estrofe deste poema.

TEXTO C
Lê o poema. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

O Soldado morto
Os infinitos céus fitam seu rosto
Absoluto e cego
E a brisa agora beija a sua boca
Que nunca mais há de beijar ninguém.

5 Tem as duas mãos côncavas1 ainda


De possessão, de impulso, de promessa.
Dos seus ombros desprende-se uma espera.
Que dividida na tarde se dispersa.

E a luz, as horas, as colinas


10 São como pranto em torno do seu rosto
Porque ele foi jogado e foi perdido
E no céu passam aves repentinas.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética II, Lisboa, Ed. Caminho, 1991
VOCABULÁRIO
11 côncavas – que têm a superfície curva.

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações dadas.


8. Identifica os recursos expressivos nos versos em seguida transcritos:
8.1. “E a brisa agora beija a sua boca” (v. 3)
8.2. “E a luz, as horas, as colinas / São como pranto em torno do seu rosto” (vv. 9 e 10)
9. Analisa a estrutura estrófica do poema.
10. Escreve um comentário, com um mínimo de 80 e um máximo de 140 palavras, no qual compares os
poemas “O Menino da sua Mãe” e “O Soldado morto” (textos B e C), tratando os tópicos apresentados em
seguida.
• Explicitação das semelhanças entre os dois poemas.
• Referência aos dois versos, um do poema de Pessoa e o outro do poema de Sophia, que criticam os
responsáveis pelas guerras que, para expandirem os seus impérios, não se importam com as vítimas perdidas.
• Indicação do poema que, do teu ponto de vista, melhor exprime o drama da guerra,justificando a tua
opinião.
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GRUPO II (GRAMÁTICA)
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações dadas.

1. Lê as frases.
Os bárbaros vieram a cavalo dos seus países brancos e invernosos. Depois pararam as visitas violentas.
As últimas, e mais breves, foram as francesas. E durante muito tempo não houve incursões.
Transcreve para a tua folha de respostas:
1.1. um verbo principal intransitivo;
1.2. um verbo copulativo;
1.3. uma preposição simples;
1.4. um determinante possessivo;
1.5. um advérbio de negação;
1.6. um advérbio de quantidade e grau;
1.7. um adjetivo relacional;
1.8. um adjetivo qualificativo.

2. Escreve na tua folha de respostas:


2.1. um holónimo de manga;
2.2. um merónimo de bota;
2.3. um hiperónimo de pistola;
2.4. um hipónimo de veículo.

3. Reescreve as frases seguintes (3.1. a 3.4.), substituindo a expressão sublinhada pela forma adequada
do pronome pessoal.
Faz apenas as alterações necessárias.
3.1. Quem te deu esse livro?
3.2. Gosto imenso deste poema e tu declamas este poema muito bem.
3.3. Quando acabares o livro, põe o livro aqui.
3.4. Se o soldado voltasse para casa, a família receberia o soldado de braços abertos.

Bom trabalho! 

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