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HEGEL E NIETZSCHE
Carga horária
• Oito horas EAD — 7ª e 8ª semanas.
Objetivos
• Entender o pensamento ético do idealismo alemão: a
filosofia hegeliana.
Conteúdo
• Hegel e sua filosofia do espírito.
1 INTRODUÇÃO
Nas unidades anteriores, tivemos a oportunidade de refletir sobre as principais
temáticas da ética no período moderno, de forma a construir uma análise sobre alguns
PARA VOCÊ REFLETIR:
pensamentos que marcaram significativamente toda a história da filosofia.
Reflita sobre a seguinte questão:
“Os princípios éticos dão o rumo É importante perceber a íntima ligação entre a ética e o contexto no qual ela se
à história, ou será que a história
é a responsável pela mudança
dá: os princípios éticos dão o rumo à história, ou será que a história é a responsável pela
nos paradigmas éticos?” Qual é a mudança nos paradigmas éticos? De qualquer maneira, será sempre impossível pensar
sua opinião? Por quê? uma desligada da outra.
Nesta unidade, nos deteremos sobre a obra de dois pensadores que já se desligam
do pensamento moderno, com efeito, Hegel e Nietzsche. Para isso partiremos do modelo
historicista – marca da filosofia alemã no final do século 8°.
Modelo historicista
Qual é o exato sentido de “história”, para a corrente historicista? Quais são as
implicações desta concepção?
Assim, a ética somente pode ser pensada como um desenrolar da ação humana
no tempo. Por quê? Justamente por estar a realização humana totalmente ligada à maneira
como tal ente se relaciona com tudo à sua volta (ethos).
Figura 1 Georg Wilhelm Friedrich Você pode se perguntar: Como se dá, então, a relação entre ética e história?
Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Para responder esta questão, partimos para a análise do pensamento de G.W.F.
Hegel (1770-1831), filósofo
alemão nascido em Stuttgart,
Hegel – o mais importante pensador pós-kantiano, dentro do idealismo alemão.
Württemberg, recebeu sua
formação no Tübinger Stift
(seminário da Igreja Protestante
em Württemberg), onde manteve
amizade com o futuro filósofo
Friedrich Schelling.
2 GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL (1770-1831)
Inicialmente, devamos ressaltar que também Hegel, como vários outros
pensadores, não deixou nenhum escrito específico sobre a ética, mas que é importante
falar do pensar deste filósofo por esta via.
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São as relações sociais que determinam a vida moral (ou não) do indivíduo,
o que significa dizer que, por estar inserido em uma cultura, o homem, em sua esfera
individual, é influenciado pela dimensão social.
Pode-se fazer, portanto, uma distinção hegeliana entre duas éticas: a social,
que é objetiva, e a individual, por sua vez, subjetiva. Por isso, a ética de Hegel deve
sempre ser pensada em perspectiva política, uma vez que o Estado é que garante o
realizar-se da vida ética.
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ATENÇÃO! A ética não é estática, pois ela se transforma e se renova pelos indivíduos – que
Aluno off-line: participe
ativamente das discussões
são livres. É um processo dialético que permite tal renovação e a própria manutenção da
desta disciplina utilizando os sociedade civil e do Estado.
diversos meios disponíveis, como
telefone, correio, fax etc. Sua
participação é fundamental para Isto porque, mesmo que pensemos que toda ação/concepção moral individual
o grupo. somente pode realizar-se enquanto inserida na sociedade, da mesma maneira o Estado e
a sociedade somente persistem e se renovam pela existência de sujeitos livres, que sabem
da responsabilidade que têm pela liberdade e que aceitam as regras sociais.
Ou seja, para que seja possível a convivência humana, é preciso que haja algo
que estabeleça um padrão de ação que, por sua vez, encoberte aquilo que faz parte
da natureza do homem e não permite a sociabilidade; isto é a ética, ou como nos diz o
próprio Nietzsche:
Ora, foi a moral que protegeu a vida do desespero e do salto no nada, naqueles
homens e classes que foram inventados e oprimidos por homens: pois é a
impotência contra homens, não a impotência contra a natureza, que gera a mais
desesperada amargura contra a existência. A moral tratou os detentores do poder,
os violentos, os “senhores” em geral, como inimigos, contra os quais o homem
Figura 2 Friedrich Wilhelm
Nietzsche comum tem de ser defendido, isto é, antes de tudo, encorajado, fortalecido. Foi a
moral, portanto, que ensinou mais profundamente a odiar e desprezar aquilo que
(2) Friedrich Wilhelm Nietzsche é o traço característico fundamental dos dominantes: sua vontade de potência
(1844-1900) foi um influente
filósofo alemão do século 19. (NIETZSCHE, 1999, p. 434).
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Será por conta da pretendida inversão dos valores que o filósofo alemão realizará
a crítica da moral, sobretudo, nas obras Além do bem e do mal e Genealogia da moral.
Como dissemos acima, a ética é uma construção humana de uns para dominar os outros,
daí a necessidade de se aprofundar na origem dos valores, partindo-se de seu início
psicológico.
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ATENÇÃO! Segundo o filósofo alemão, o ser humano deve supor para si uma situação na
Não tenha receio de participar. qual, ao final de sua vida, é-lhe outorgada uma nova existência; mas este novo existir
Entre na sala virtual e coloque
suas dúvidas e questões. será dado na vivência daquela mesma, já vivida.
Sua participação certamente
enriquecerá todo grupo de
estudo.
Assim, o ser humano deve viver de maneira a desejar o eterno retorno de sua
mesma vida, sem mudança, pois todos os seus atos se repetiriam pela eternidade. Desta
maneira,
[...] a pergunta diante de tudo e de cada coisa: “Quero isto ainda uma vez
e ainda inúmeras vezes?” pesaria como o mais pesado dos pesos sobre teu
agir! Ou então, como terias de ficar de bem contigo mesmo e com a vida, para
não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?
(NIETZSCHE, 1999, p. 193).
O eterno retorno pode ser visto como um imperativo ético: o ser humano deve
buscar realizar sua vida de maneira a sempre desejá-la ad infinitum; daí que o homem
deve existir “da melhor maneira possível”, objetivando o surgimento do super-homem
possibilitado pela inversão dos valores.
Aquilo que eternamente tem de retornar, como um vir-a-ser que não conhece
nenhuma saciedade, nenhum fastio, nenhum cansaço –: esse meu mundo
dionisíaco de eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-a-si-
próprio, esse mundo secreto da dupla volúpia, esse meu “para além de bem e
mal”, sem alvo, se na felicidade do círculo não está um alvo, sem vontade, se
um anel não tem boa vontade consigo mesmo –, quereis um nome para esse
mundo? Uma solução para todos os seus enigmas? Uma luz também para nós,
vós, os mais escondidos, os mais fortes, os mais intrépidos, os mais da meia-
noite? – Esse mundo é a vontade de potência – e nada além disso! E também
vós próprios sois essa vontade de potência – e nada além disso! (NIETZSCHE,
1999, p. 450).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ética é, talvez, a preocupação que, desde sempre, faz parte da vida humana,
não importando as características histórico-sociais.
A vida humana sempre foi vista por seu significado ético, isto porque tal
problemática se relaciona com toda a realidade na qual o homem realiza sua existência
– no sentido de ser pensada a ação humana com tudo o que faz parte de seu mundo
circundante (natural ou social).
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Outra questão muito debatida é a respeito dos termos ética e moral – podemos
pensar uma diferença? Com certeza sim (como na maioria dos autores), no aspecto de ser
a primeira teleológica (a partir de princípios direcionados a um fim), enquanto a segunda,
deontológica (com regras a serem seguidas).
5 E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Georg Wilhelm Friedrich Hegel – Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/
wiki/Hegel>. Acesso em 06 set. 2006.
Figura 2 Friedrich Wilhelm Nietzsche – Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Nietzsche>. Acesso em 06 set. 2006.
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Anotações