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A relacao entre a ética política com a pedagogia constitui o tema deste trabalho. A ética
da política é viata como área da ética aplicada que lida com questões políticas como a
priorização instrumental de valores políticos, conduta ética de políticos e cidadãos,
conflitos entre idealismo e pragmatismo, conflitos entre princípios deontológicos e
consequencialistas, conflitos de interesse político, relações internacionais, agressão e
guerra, o valor ético de políticas públicas, valor ético de actos como desonestidade pública
e corrupção, entre outros. Poém, ela relaciona-se com as diferentes áreas do saber. Desta
forma, surge a proposta do tema para a compreensão da relacao que a ética politica
estabelece com a pedagogia.
Trazer à luz de forma clara e objactiva todas informações necessárias no que concerne
a relacao da ética politica com pedagogia .
E para que se garantisse o alcance deste objectivo foi necessário traçar-se alguns objectivos
específicos que se resumem nos seguintes:
O trabalho é pertinente na medida em que traz abordagens relevantes no que tange a relação
da ética política (disciplina que lida com questões políticas) e com a pedagogia.
A estrutura total do trabalho num único tema contempla subtítulos consoante a sua
organização e inclui uma conclusão ao menos parcial, mediante a sua abordagem e inclui
igualmente uma bibliografia final das fontes consultadas.
Uma vez que se pretende debruçar a relação que se pode estabelecer entre a ética política e
a pedagogia, mostra-se pertinente logo a priori trazer algumas noções de certas palavras
como: ética, politica, etica política e pedagogia.
Noção da Ética
A palavra ética teve início no mundo antigo, sendo derivada do grego éthos, cujo
significado faz referência ao modo de ser de uma pessoa, os princípios que norteiam suas
condutas na sociedade. Assim, a pergunta que orienta o comportamento ético é: como devo
agir perante os outros?
Os gregos foram os primeiros a sistematizar o que é agir bem e agir mal. Sócrates
inaugurou essa discussão acreditando em que a essência do homem é a razão, portanto,
para ele, o homem que age com ética, age com a razão.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco melhor esse
conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos referimos por
exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um médico, jornalista,
advogado, empresário, um político e até mesmo um professor. Para estes casos, é bastante
comum ouvir expressões como: ética médica, ética jornalística, ética empresarial e ética
pública.
Platão demonstra estar de acordo com Sócrates, e com aquele temos o racionalismo ético,
afirmando que ética é necessariamente racional dividindo-a e distinguindo-a em sensível e
matéria, sendo a primeira o desejo em agir bem e a segunda, o acto de agir bem.
Ora, para ser verdadeiramente ético, o homem deve atingir a ética nos dois planos: ideal e
material, o que seria o bem/bom para ele próprio e também para a sociedade. Já para
Aristóteles, a ética está ligada à felicidade. A primeira é o equilíbrio, isto é, atinge uma
atitude ética quem busca o equilíbrio entre paixão e atos. Seguindo tais premissas, nem
todos os homens teriam a condição de atingir tal nível, apenas os que praticam o exercício
da ética, portanto, os filósofos.
O homem age no mundo de acordo com valores, que variam de acordo com o tempo e o
espaço, mas sempre conforme costumes que se apresentam como normativos dentro de um
grupo. Assim, ele passa a ser considerado um ser moral, pois analisa suas ações a partir de
valores éticos determinados dentro de um grupo numa sociedade.
No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles inaugura sua teoria acerca de uma ética aplicada
partindo da reflexão sobre uma compreensão de ciência enquanto uma tríplice divisão do
saber sendo: teórico um tipo de raciocínio, o outro é o raciocínio prático que caracteriza a
práxis, mais especificamente a acção do homem político, e o terceiro tipo de saber é o
poético, que especifica as actividades de criação e produção.
Aristóteles entende que é na ciência prática que o homem busca o saber com finalidade
moral, por isso ética e política são indissociáveis. O filósofo, ao produzir sua proposta
ética, entende que o homem cria suas relações na vida pública, sendo ali o lugar onde
produz suas ações.
Devemos entender que pelo viés aristotélico, ética e política são áreas interdependentes e
unidas nesta proposta, pois bem, o fim do Estado é a virtude, ou seja, cabe ao Estado zelar
pela formação moral dos indivíduos prezando o conjunto de meios dos quais a comunidade
irá efetivar uma ética coletiva, portanto, o “soberano bem” (Cfr. WOLFF, 1999).
A Ética é uma reflexão crítica sobre a moral, ou, é a ciência que investiga a moral. Ela
Procura o fundamento do valor que norteia o comportamento. E torna-se, assim, na
filosofia da moral.
Ética e Moral
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se fundamenta na
obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos e a
ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano.
Para SPERBER e OGIEN (2017:18) acerca das diferenças entre estes dois termos dizem o
seguinte:
[...] A moral designa mais frequentemente a herança comum
dos valores universais que se aplicam às acções humanas, de
onde a conotação um pouco tradicionalista que permanece
ligada a esse termo. Contrastantemente, a palavra "ética" é
empregada com mais frequência para designar o domínio
mais restrito das acções ligadas à vida humana
Na filosofia, a ética não se resume à moral, que geralmente é entendida como costume, ou
hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver; a busca
do melhor estilo de vida. A ética abrange diversos campos, como antropologia, psicologia,
sociologia, economia, pedagogia, política, e até mesmo educação física e dietética.
Noção de política
De acordo com NATO (2015:11), A palavra política provém do grego politéia. Tal palavra
era usada para se referir a tudo relacionado a polis (Cidade-estado) e à vida em
colectividade. Portanto, podemos chegar a um ponto em comum ao afirmar que a política
está relacionada directamente com a vida em sociedade, no sentido de fazer com que cada
indivíduo expresse suas diferenças e conflitos sem que isso seja transformado em um caos
social
Embora se afirme que gregos e romanos tenham criado a política, com destaque para a
obra “Política” de Aristóteles, não podemos negar a existência de relações de poder e
autoridade em civilizações anteriores. De fato, gregos e romanos desenvolveram as
características de autoridade e poder no sentido político.
De certa forma, a política surgiu para garantir a estabilidade social. O agente máximo que
garante essa estabilidade é o Estado. O poder político, exercido pelo mesmo, está
diretamente relacionado ao direito de coerção e uso legítimo da força física. Assim, para
garantir os interesses da sociedade em geral, o Estado pode, de forma única, utilizar a
forma coercitiva. Em sua obra “O Príncipe”, Maquiavel afirmou que o que move a política
é a luta pela conquista e pela manutenção do poder, além disso, segundo ele, os fins
deveriam justificam os meios, isto é, para a finalidade da ordem, soberania e bem-estar
social, o Estado poderia usar a força física de forma legítima.
A ética da política é a área da ética aplicada que lida com questões políticas como a
priorização instrumental de valores políticos, conduta ética de políticos e cidadãos,
conflitos entre idealismo e pragmatismo, conflitos entre princípios deontológicos e
consequencialistas, conflitos de interesse político, relações internacionais, agressão e
guerra, o valor ético de políticas públicas, valor ético de actos como desonestidade pública
e corrupção, entre outros.
A ética é a prática dos valores, mas antes, é uma reflexão a ser aprendida
já que ela não é inata, contudo existente enquanto prática humana. O
diálogo nessa relação, em que a ética é ensinada e aprendida, é elemento
político para a formação humana. Ora, somente a educação pode
concretizar uma sociedade mais ética, formada por pessoas que tenham
um bom preparo para o convívio social em que suas acções sejam
convergentes para o bem da cidade e logo, para o bem de todos
(SANTOS. 2010:32).
Neste caso, a relação entre a ética política e pedagogia, por sua vez, está mais diretamente
relacionada a uma relação discursiva, formativa, ideológica e prática uma vez que faz parte
do homem ser político.
Em outras palavras, é através da educação para a mediania que o homem consciente de sua
racionalidade (homo sapiens sapiens) estará educando sua alma para uma vida na pólis de
acordo com a virtude. Assim, e somente assim, haverá a melhor vida na cidade.
A formação humana deve ser capaz de proporcionar o livre pensamento e
o esclarecimento necessário aos sujeitos formados em um processo
crítico, para que a formação livre produza uma sociedade democrática e
consequentemente isso se traduza em uma convivência harmónica entre
os cidadãos. Assim, a ética e a convivência pressupõem uma
aprendizagem já que não é inata (idem).
Ora, cabe ao Estado preocupar-se em construir certos códigos de leis que são na prática um
código de conduta ética a fim de que os cidadãos possam atingir o bem viver em
comunidade. E como a procura da felicidade é por parte dos indivíduos, o estagirita afirma
que, a virtude humana que nos aproxima da felicidade, não é a virtude do corpo senão da
alma, e é por esta razão que o político deve ter algum conhecimento da alma. Sendo assim,
para que o politico tenha tenha a ética politica é indispensável o uso da pedagogia para a
transmissão da própria ética.
Conclusão
Somente a educação pode concretizar uma sociedade mais ética, formada por pessoas que
tenham um bom preparo para o convívio social em que suas acções sejam convergentes
para o bem da cidade e logo, para o bem de todos.
NATO, Silvestre. A política dos políticos. 2ª ed. 2º vl, Lisboa, Portugal, 2015
VASQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética, 2ª ed. 3º vl. São Paulo: Paulus, Brasil, 1997.