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Prof. Ms.

Ângela Calou

Universidade Federal do Cariri – Campus Juazeiro do Norte - CE


Curso de Filosofia | Disciplina: Projeto de Pesquisa
VII Semestre
Sumário

Projeto de pesquisa: por que devo fazer? ..................................................................................................................................................................................................3


1 Elemento Pré-Textual ...............................................................................................................................................................................................................................6
1.1 Capa ...................................................................................................................................................................................................................................................6
2. Elementos Textuais .................................................................................................................................................................................................................................7
2.1 Tema ..................................................................................................................................................................................................................................................7
2.2 Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................................9
2.3 Justificativa .......................................................................................................................................................................................................................................11
2.4 Objetivos ..........................................................................................................................................................................................................................................12
2.5 Metodologia ......................................................................................................................................................................................................................................13
2.6 Cronograma .....................................................................................................................................................................................................................................14
2.7 Bibliografia........................................................................................................................................................................................................................................14
3. Instruções Formais.................................................................................................................................................................................................................................16
Referências ................................................................................................................................................................................................................................................18
Projeto de pesquisa: por que devo fazer?
Para navegar os oceanos, os marinheiros, desde tempos imemoriais, lançam mão de dois recursos básicos: primeiro, a carta
geográfica, isto é, um mapa que represente imageticamente os territórios; segundo, a bússola: aparelho no qual é possível ver os
pontos cardeais e cuja agulha magnética aponta para a região norte. Para a construção de edificações de todas as ordens, os
engenheiros, por sua vez, recorrem ao estudo da área e ao uso de uma planta, a saber, um desenho ou traçado que represente,
em projeção horizontal, as características daquilo que se deseja construir, constando ali informações estratégicas como o número
de cômodos de uma casa, a disposição da varanda dos apartamentos de um prédio, a forma física de uma igreja ou mesmo a
divisão dos quarteirões de uma cidade inteira.

À intuição originária seja de marinheiros seja de engenheiros segue-se, assim, o recrutamento de elementos que
possibilitem e facilitem a realização de seus propósitos: para bem navegar não é preciso apenas o conhecimento dos modos de
navegação e a vontade de navegar; para bem construir não é preciso apenas o conhecimento dos modos de construção e a
vontade de construir. Um bom marinheiro sem mapa e bússola corre grande risco de perder-se para sempre na vertigem do mar
aberto, aportando em lugar que não coincide com aquele no qual desejava chegar, tal como ocorrera a Ulisses e seus homens
dispersados pelos deuses no penoso retorno à Ítaca. Um bom engenheiro que dispensa o estudo da área e as orientações da
planta pode incorrer na efetivação de uma construção inexata, posto que mal fundada ou sobre um solo mal compactado, tal como
ocorrera à Torre de Pisa que, funcionando enquanto belo monumento turístico, não funciona, porém, como exemplo de boa
engenharia, uma vez que inclinada, acidentalmente, para o sudoeste.

Conclui-se, desta feita, que o saber – não importa se de natureza teórica ou prática – constrói os instrumentos a partir
dos quais operar, tendo em vista aferir maior produtividade na medida em que se efetiva. No interior de seus processos, ele
estabelece seus meios, seus próprios atalhos: os caminhos que encurtam as distâncias que deseja percorrer, aqueles desvios que
viabilizam o escapar-se aos obstáculos postos, inevitavelmente, a todo percurso. O saber busca implementar suas possibilidades,
produz componentes que intensificam sua atuação frente aos objetos que deseja perscrutar. Ao que se pergunta: em se tratando
de nós, acadêmicos do sétimo semestre do curso de Filosofia, que distâncias desejamos enfrentar? Amparados por que sorte de
instrumento?

Nosso propósito não é construir edifícios ou desvendar as voltas dos mares e seus dúbios cantos de sereias, como o
seria, com efeito, para engenheiros e marinheiros, mas produzir um bom trabalho monográfico no oitavo período de nossa
graduação. Neste caso, admitindo por propósito a escrita de um ensaio monográfico, de que instrumento podemos fazer uso para
adimplir com excelência esta intenção? Valem, aqui, como elementos suficientes, o conhecimento do temário do autor ou problema
escolhido e a vontade de escrever uma monografia, apenas? É certo que não. Para a boa realização de um estudo monográfico,
soma-se àqueles elementos, como suma necessidade, o planejamento prévio de como esse estudo será realizado, ao lado da
reflexão prévia sobre cada uma de suas etapas e das determinações internas daquilo que se pretende investigar.

É necessário, em outras palavras, o desenvolvimento do que designamos por projeto de pesquisa: que não é mapa,
mas nos oferece localização; que não é bússola, mas nos concede um sentido; que não é planta, mas nos possibilita o fundamento
para o que será escrito, servindo-nos enquanto marco e amparo para a realização satisfatória de um estudo rigoroso.

O projeto de pesquisa é, destarte, o dispositivo inicial do qual se vale o pesquisador diante daquilo que intenta
investigar. Trata-se, então, de um roteiro para a elaboração de um estudo escrito – em nosso caso, uma monografia –,
configurando-se como aquele momento no qual a escrita é já exercitada, as disposições imanentes ao trabalho a ser realizado são
prontamente esclarecidas e o modo tal qual procederemos ao longo da investigação é devidamente exteriorizado. O projeto de
pesquisa é uma espécie de pórtico da produção do conhecimento, instante no qual aquele que investiga expõe suas pretensões
reflexivas, reconhecendo seu objeto de pesquisa, tomando consciência do conteúdo a ser determinado, inquirindo seus
desdobramentos e pressupostos. É no projeto de pesquisa que o discente expõe, sobretudo para si mesmo, que se lhe é
minimamente claro o seu objeto de estudo e os seus objetivos no que se refere ao trato deste, em suma, que se lhe é
minimamente esclarecido o que pretende trabalhar.

A essa altura, a clareza não precisa já vir acompanhada da distinção, pois um projeto – enquanto algo sob a forma do
vir-a-ser – possui, por característica, certo inacabamento (ora, os resultados completos virão apenas com o término da pesquisa).
Vejamos: se sentimos uma dor na altura do tórax: sabemos identificá-la como dor, temos clareza de sua existência; no entanto,
como nossos olhos não atravessam as paredes da matéria, não podemos identificá-la com distinção, não sabemos distinguir o
órgão que a produziu. Assim também o é, metaforicamente, quando da produção do projeto de pesquisa: o objeto de investigação
deve ser-nos necessariamente claro, mas não precisa já aqui ser-nos completamente distinto, uma vez que o aprofundamento do
seu conhecimento é processo construído pela escrita monográfica vindoura.

O projeto de pesquisa é, em resumo, o que insinua sua origem latina. Projectus como “algo lançado para frente” sugere
a capacidade de elaboração mental de uma circunstância por vir. Trata-se, em suma, do momento no qual o estudante tenta
responder para si mesmo as seguintes perguntas: Qual o meu tema? O que dele me interessa perscrutar? Qual a importância de
estudá-lo? Como persegui-lo? Sobre ele, com que autores aprender e com os quais dialogar?
Elemento Pré-Textual

1.1 Capa
Trata-se de uma proteção externa dada como elemento obrigatório para todo trabalho acadêmico, na medida em que
contém informações essenciais de identificação. Nela, devem constar na seguinte ordem:

A) AUTOR: nome completo, centralizado, negrito, topo da página, maiúsculas.

B) TÍTULO: cerca de dez toques depois, centralizado, negrito, maiúsculas.

C) SUBTÍTULO: se houver, abaixo do título seguido de dois pontos, minúsculas.

D) DESCRITIVO: recuo de 7 cm, espaçamento simples, sem negrito, indicação da natureza do projeto, orientador,
minúsculas. Exemplo:

Projeto de pesquisa apresentado à Profa. Ms. Ângela Lima Calou como requisito parcial para
aprovação na disciplina de Projeto de Pesquisa do curso de Filosofia da Universidade Federal
Cariri.
Orientadora: Profa. Ms. Eugênia Teles
E) LOCAL: fim da página, centralizado, negrito, cidade da universidade.

F) ANO: abaixo do local, negrito.


2. Elementos Textuais

2.1 Tema
Este item é, naturalmente, a primeira etapa para a elaboração de um projeto de pesquisa, e como tal guarda sua
dificuldade: o primeiro passo pede sempre mais força, na condição de impulso inicial. Como escolher um tema diante de cerca de
2.600 anos de história dos problemas, isto é, de história da Filosofia? Como diante de tantos autores e questões tão exuberantes,
deter-se em um só problema segundo um ou alguns autores? Como tendo ao alcance dos olhos uma constelação de conceitos,
fixar-se na determinação de uma única estrela? A pluralidade e inventividade filosóficas não devem, porém, bloquear o discente
em sua escolha, pelo contrário, devem motivá-lo à aventura da busca sobre o que escrever: se há séculos de inúmeros tópicos
filosóficos sobre os quais se debruçar, significa que existe um rico temário que, certamente, deve conter questões que nos
mobilizem intelectual e afetivamente.

A palavra “afetivamente” não é aqui posta ao acaso. A escolha do tema deve configurar-se como um bom encontro em
sentido espinosano: bom encontro é aquilo que aumenta nossa potência de ser e agir, é aquilo que contribui para a produção de
afetos alegres. O processo de produção de um projeto e posteriormente do texto monográfico, embora também prazeroso, não
deixa de ser extenuante, de forma que o desejo real na pesquisa de determinado assunto assuma papel preponderante no que
concerne à manutenção do estímulo de realização do estudo proposto: é imensamente menos doloroso e mais gratificante
escrever e pensar sobre coisas com as quais nos identificamos, pelas quais temos interesse efetivo. Assim, é necessário que o
discente dê a si um tempo de deferimento no qual o pensamento avalie, com tranquilidade, que caminho tomar. A Filosofia e a
Vida encontram-se profundamente imbricadas, de modo que responder à pergunta: “qual o tema de minha futura monografia?”, é,
a um só e mesmo tempo, responder à pergunta: “que questões me inquietam em minha existência particular?” Voltemos, pois,
neste quesito ao “conhece-te a ti mesmo”, sábia instrução oracular.

É importante, igualmente, que o tema escolhido seja exposto no projeto de pesquisa apenas como indicativo do objeto
tomado na investigação, ou seja, como uma espécie de “título” orientador. O estudante deve ter consciência do que seja uma
monografia e do tempo real que terá para produzi-la (cerca de cinco meses), sendo preciso que abdique do que pode ser
denominado de “complexo de Hegel”: não é preciso ainda dar conta da totalidade, bem como não é preciso preocupar-se em
inventar pólvora e roda, por isso o tema não deve ser amplo em demasia. Uma monografia não é nada mais que um ensaio sobre
um tópico, a exposição de um conceito ou problema, possuindo começo, meio e fim. De modo que seja preciso que delimitemos o
nosso tema, que não tentemos já aqui esgotar ou resolver as questões articuladas, mas nos concentremos na sua exposição
correta, conceitual. Isso significa que o trabalho monográfico é meramente a reprodução de conteúdos lidos em livros, artigos,
periódicos? Não propriamente, se pensarmos que a autoria reside não apenas na forja do conteúdo, mas também no modo como
dele nos apropriamos linguisticamente, como dele tratamos, como o figuramos segundo nosso próprio pensamento. Há sempre
espaço para interferências e pronunciamos do estudante, que assim, não dilui a si enquanto autor do texto.

Exemplos de temas escolhidos por filósofos ilustres: “O conceito de amor em Santo Agostinho” foi tema do trabalho de
conclusão de curso escrito por Hannah Arendt. “Diferença da filosofia da natureza de Demócrito e de Epicuro” foi aquele escolhido
por Karl Marx. “O conceito de crítica de arte no Romantismo alemão” foi o de Walter Benjamin. Em seu trabalho de mestrado,
Olgária Matos escolheu por tema: “Rousseau: uma arqueologia da desigualdade”. “O pensamento de Deleuze ou a grande
aventura do Espírito” e “Do saber em Platão e do sentido nos estóicos como reversão do platonismo” foram, respectivamente, os
temas escolhidos por Cláudio Ulpiano em sua tese de doutorado e dissertação de mestrado. “Crítica e recusa do presente: a
realidade como experiência filosófica em Pier Paolo Pasolini” foi o tema escolhido por Expedito Passos em sua dissertação de
mestrado. “Subjetividade e mediação: estudos sobre o desenvolvimento do pensamento transcendental em Kant, E. Husserl e H.
Wagner” foi o tema de Manfredo Araújo de Oliveira em seu trabalho de doutoramento. Mesmo Bruce Lee, ao estudar filosofia na
Universidade de São Francisco, teve seu tema monográfico: algo como “O pensamento dialético de Hegel”.

O prosseguimento do projeto de pesquisa consiste em definir e explicitar o tema ou objeto de investigação, fazendo-o de
forma clara e concisa. “Delimitar” é, em última análise, a palavra de ordem quando pensamos em escolha de temas. Escolher um
tema é criar limites, reconhecer as fronteiras de um território, traçar geografias sobre as quais armar as redes de captura do
pensamento.

2.2 Introdução

Em nosso cotidiano, o que denominamos por “introdução” aparece inúmeras vezes em meio às coisas da vida. O que
acontece quando estamos acompanhados de nossa família e, de repente, um colega que não a conhece aproxima-se de nós?
Ora, certamente introduzimos à nossa família, o colega que se aproximou. Dizemos seu nome, o que faz, como se comporta, de
onde veio, o que estuda e assim por diante. Introduzir, nesta circunstância, é dar conhecimento a outrem de algo/alguém que já
conhecemos – o que só é possível quando esse conhecimento sobre algo/alguém existe em nós.

Caso estejamos, por exemplo, com um livro de Dostoievski nas mãos e um amigo que jamais o tenha lido ou sabido se
aproxime, o que pode resultar desse encontro? A introdução do livro ao colega que o desconhece: “Este é Crime e Castigo, obra-
prima escrita pelo russo Dostoievski, publicada em seu país no ano de 1866. Possuindo por característica uma profunda reflexão
sobre as dores da existência e o mal-estar da liberdade, estende-se por mais de seiscentas páginas”. Introduzir, neste caso, é
situar espacio-temporalmente um objeto, determiná-lo, caracterizando-o, respondendo, sobretudo, a pergunta: “o que/quem é?”.

A introdução de um projeto de pesquisa, embora evidentemente mais refinada, não é diferente, posto significar-se sob a
mesma intenção: deseja informar ao leitor o que será tomado como objeto de investigação, caracterizar de um modo claro esse
objeto, situá-lo espacio-temporalmente, expondo em que sentido decorre a investigação. A introdução deve mostrar que o discente
possui uma base mínima de conhecimentos do que pretende pesquisar, que ele é capaz de organizar seu pensamento na
exposição da questão que lhe interessa. Ao modo de uma breve explanação ou resumo expandido, a ela cabe dar ao leitor a ideia
exata do que a pesquisa pretende tratar, evidenciando qual seja a proposta de trabalho e demarcando de forma precisa o
problema inquirido.

Para uma melhor estruturação, a introdução deve ser dividida em duas partes: Apresentação e Problematização.

Na primeira – que deve conter entre quinze e vinte e cinco linhas –, deve-se a-presentar o objeto, isto é, torná-lo
presente ao espírito. Deve-se aqui, apresentar e contextualizar o problema ou conceito tratado, situando a partir de que autor ou
autores será tematizado, em que obra ou obras, em que período da produção. Consiste no resumo geral do trajeto da pesquisa
que dirá o ponto do qual se parte e o ponto no qual se pretende chegar.

Na segunda – que deve conter no mínimo duas laudas e meia –, deve-se propriamente “problematizar”, ou seja, dar
forma ao problema tratado, adentrar no tema de um modo mais intensivo. É aqui que o problema ou conceito aparece em sua
densidade filosófica, que a questão central do projeto é colocada, sendo deslindada como uma amostra coesa do conteúdo
conceitual que será aprofundado na pesquisa.
2.3 Justificativa

Se, com a poetisa inglesa Elizabeth Browning, podemos, em assuntos amorosos, dizer que “Ama-se por amor do amor
somente”, em se tratando de uma pesquisa científica dizer que “Pesquisa-se por amor da pesquisa somente” não é suficiente.
Uma pesquisa demanda, no mais das vezes, tempo, trabalho árduo e financiamento, de modo que deva contribuir de alguma
forma à área de estudos do tema escolhido, que deva firmar-se enquanto tentativa de produção de conhecimento apto a dinamizar
nossa experiência espiritual ou concreta. É preciso ter em mente que nossos estudos, aparentemente “gratuitos”, são custeados
pela comunidade por meio da arrecadação de impostos, de sorte que se nos apresente como dever social e ético devolver a esta a
produção do saber como contrapartida.

É por isso que um dos elementos textuais mais importantes de um projeto de pesquisa revela-se no item “justificativa”,
momento no qual devemos ser capazes de dizer por que escolhemos o tema que escolhemos como mote de nossa intenção
reflexiva. A justificativa é a exposição dos motivos que nos conduziram ao temário abordado e à intenção de realização da
pesquisa. É dizer qual a relevância de se pesquisar o que se pretende pesquisar. É – para citar as considerações do nada filósofo
Prof. Girafales – apresentar “as causas, motivos, razões ou circunstâncias” do desejo de empreender determinada pesquisa. É
defender a importância de um estudo, a possibilidade de sua fundamentação. Responder as perguntas: “qual a relevância do
problema ou questão que estou articulando?”; “por que é importante estudar especificamente este tópico para a área à qual ele se
vincula?”; “por que esse determinado tema, e não outro qualquer?”. Em suma, a justificativa é a construção de uma lauda na qual
são expostos os argumentos utilizados por nós para indicar que o nosso objeto de pesquisa possui significado e relevância. O que
pode ser feito de diversas maneiras, sobre múltiplos prismas, de acordo com a inventividade de cada um, bem como o
conhecimento daquilo que se está pesquisando.
Em Filosofia, um bom modo de justificar o estudo de um conceito ou problema é evidenciar a importância que este
assume perante a obra do autor/autores nos quais aparece, mostrando como pode dialogar com filósofos precedentes ou como
pode posicionar-se frente aos desdobramentos posteriores da história da Filosofia. É possível, sobretudo, relacioná-lo ao nosso
presente, tentar perscrutar de que modo o problema ou questão abordada relaciona-se com a nossa realidade contemporânea,
que paralelos entre eles poderíamos traçar. Pode-se ainda, justificar-se um estudo filosófico por meio de seu ineditismo e caráter
inovador: caso abordemos um tema conhecido, agora através de nova ótica, ou percebamos conexões até ali não pensadas.

2.4 Objetivos

Uma releitura da apresentação e da problematização ajudam na confecção deste item. Um bom projeto de pesquisa
deve definir claramente os objetivos que se deseja aferir, isto é, deve responder a pergunta: “para que?” evidenciando o que toma
por alvo, escopo, fim, intuito, meta, mira. Os objetivos representam a própria finalidade do projeto e devem ser divididos em dois
grupos: objetivo geral e objetivos específicos.

O objetivo geral é o propósito do estudo. Os objetivos específicos (no mínimo três) são uma espécie de detalhamento do
objetivo maior, são objetivos que surgem a partir da finalidade global e ajudam na própria consecução do objetivo maior. Aqui, o
discente deve ser absolutamente direto, podendo fazer uso de fórmulas padrões: “O presente projeto assume por escopo a
investigação de...”; “O objetivo desta pesquisa determina-se na avaliação de...”; “Nesta proposta de pesquisa busca-se enfocar...”.
Utiliza-se, pois, na maioria das vezes, a forma verbal no infinitivo, fazendo-se uso de palavras como conhecer, apontar, relacionar,
determinar, investigar, analisar, expor etc.
2.5 Metodologia

Este elemento parece comumente, ao discente do curso de Filosofia, estranho à natureza da pesquisa filosófica, na
medida em que esta utiliza como recurso fundamental da produção de seus estudos o levantamento bibliográfico. Em ciências
naturais e mesmo em muitas ciências sociais, a metodologia se apresenta como aspecto evidente de um projeto de pesquisa, uma
vez que nesses campos do saber não se recorre apenas às fontes livrescas como aparato metodológico, fazendo-se largo uso de
outros procedimentos técnicos, tais como o estudo de caso e as pesquisas documental, experimental e participante.

Ora, se compreendermos o sentido do termo “metodologia” veremos que, também nos domínios filosóficos, trata-se de
um componente capital, como à primeira vista pode não parecer. A metodologia não é mais que uma reflexão sobre o conjunto de
procedimentos utilizados em um trabalho de pesquisa, constituindo-se como uma explicação em detalhes da ação a ser
desenvolvida. Consiste, portanto, na exposição dos métodos dos quais lançamos mão para construir nosso estudo, em outras
palavras, dos caminhos que percorremos para alcançar o fim proposto.

Se “o conjunto de procedimentos” utilizado na pesquisa filosófica determina-se na leitura de livros que tratem do
problema, questão ou conceito abordado, dá-se que a metodologia em Filosofia deve fixar-se como a exposição do itinerário de
leitura a partir do qual cada capítulo do futuro texto monográfico será constituído. Assim, na metodologia de seu projeto de
pesquisa, o discente de Filosofia deve esforçar-se por expor a “lógica” condutora da pesquisa no tocante às leituras utilizadas em
cada uma das etapas percorridas, respondendo, pois, a pergunta: “como realizarei meu estudo?”.
2.6 Cronograma

Este item trabalha a favor da organização. Nele o estudante deve estruturar temporalmente cada uma das atividades
que comporão o todo complexo chamado monografia. É necessário detalhar o que se planeja fazer ao longo do desenvolvimento
da pesquisa, levando em consideração os prazos de entrega aos quais ela está subordinada. Leitura e fichamento da literatura
primária e secundária utilizada, encontros com orientador, redação preliminar, parcial e definitiva do texto monográfico e
apresentação da pesquisa concluída devem contar.

2.7 Bibliografia

A bibliografia deve estar de acordo com a normas da ABNT. Se além de livros há outras referências como revistas e
filmes julgados essenciais para o desenvolvimento da pesquisa, estes devem incluídos. A bibliografia deve ser subdividida em:
bibliografia consultada e bibliografia a pesquisar. A primeira trata dos livros utilizados e citados já no projeto. A segunda refere-
se ao levantamento bibliográfico que será feito posteriormente. É preciso que atentemos à padronização do formato, cuja premissa
básica é a ordem alfabética: Autor. Livro. Edição. Tradução. Cidade. Editora. Ano.

Exemplo A:

BAKHTIN, Mikhail. Problemas da poética de Dostoiévski. Tradução: Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1981.
Exemplo B:

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 6. ed. Tradução: Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2007.

_____. Compreender: formação, exílio e totalitarismo. Tradução: Denise Bottmann. Organização, introdução e notas de Jerome
Kohn. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.

Exemplo C:

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. In: Os Pensadores vol. XLVIII. Tradução: José Lino
Grünnewald. São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1975

Exemplo D:

AQUINO, Emiliano Fortaleza de. Imagem onírica e imagem dialética. Kalagatos – Revista do Mestrado Acadêmico de Filosofia
da Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza: v.1, n°2, verão de 2004, p. 45-72.

Exemplo E:

BENJAMIN, Walter; SCHOLEM, G. Correspondência. Tradução Neuza Soliz, São Paulo: Perspectiva, 1993.

Exemplo F:

BEZERRA, Paulo. A narrativa como sortilégio. In: Lady Macbeth do distrito de Mtzensk. Tradução, posfácio e notas: Paulo Bezerra.
São Paulo: Ed. 34, 2009.
3. Instruções Formais

A) O projeto de pesquisa deve conter entre 10 e 12 páginas, contando com capa e bibliografia.

B) Deve ser escrito obrigatoriamente em fonte Times New Roman, sendo o tamanho 12.

C) Seu espaçamento entrelinhas não deve exceder 1,5 cm.

D) O recuo dos parágrafos deve ser de 2,0 cm.

E) Margem superior: 3,0 cm. Inferior: 2,0 cm. Esquerda: 3,0 cm. Direita: 2,0 cm.

F) Os títulos das seções devem vir em maiúsculas, negrito.

G) Os títulos das subseções devem vir em minúsculas, negrito.

H) Os títulos das seções ou subseções devem ser separados do texto que os precede ou sucede por dois espaços 1,5 (dois

ENTER total = 3cm).

I) As citações de apenas três linhas devem vir no corpo do texto.

J) As citações que ultrapassem três linhas devem vir em parágrafo com recuo de 4 cm, sem aspas, tamanho 11, com nome do

autor (em maiúsculas), ano e página, em seguida, depois do ponto, entre parênteses. Exemplo:
Nada mais triste que essa imensa agitação de pedras pelas mãos do despotismo, fora da espontaneidade social. Não
há sintoma mais lúgubre da decadência. À medida que Roma agonizava, seus monumentos surgiam mais numerosos e
gigantescos. Construía seu sepulcro e se fazia bela para morrer. (BLAQUI, 1987, p. 56).

L) As citações retiradas do meio de um texto, ocultando-se o que vinha anteriormente ou posteriormente devem ser
precedidas ou sucedidas de: [...]. Exemplo:

[...] não é por acaso que o vidro é um material tão duro e tão liso, no qual nada se fixa. É também um material duro e
sóbrio. As coisas de vidro não tem nenhuma aura. O vidro é em geral o inimigo do mistério. É também o inimigo da
propriedade. [...] Será que homens como Scheerbart sonham com edifícios de vidro, porque professam uma nova
pobreza? (BENJAMIN, 1994, p. 117).

M) As notas de rodapé devem vir em tamanho 10.


Referências

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 14.ed. rev. ampl.
Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
CERVO. A. L., BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4.ed. São Paulo: Makron Books, 1996.
LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1991.
________, ABNT NBR 14724, Norma Brasileira: Informação e Documentação, Trabalhos Acadêmicos, Apresentação. 2011.
Disponível em: <<http://pt.slideshare.net/mateusmrsimoes/norma-abnt-nbr-14724-2011-norma-para-trabalhos-acadmicos>>
Acessado em: agosto de 2013.

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