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Rio de Janeiro
2020
C2020ESG
Este trabalho, nos termos de legislação
que resguarda os direitos autorais, é
considerado propriedade da ESCOLA
SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É
permitida a transcrição parcial de textos do
trabalho, ou mencioná-los, para
comentários e citações, desde que sem
propósitos comerciais e que seja feita a
referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são
de responsabilidade do autor e não
expressam qualquer orientação
institucional da ESG.
_________________________________
ALESSANDRO CRAMER
74 f.
CDD – 358.42
Minha gratidão especial à minha esposa e
filhas, pela compreensão nos momentos
de minhas ausências, em dedicação à
minha carreira e às atividades da ESG, às
quais dedico este trabalho.
The introduction of F-39 Gripen aircraft in the Brazilian Air Force represents an
important fact for the National Defense of our country, since this vector will be the main
responsible for the surveillance and security of Brazilian airspace. The present work
deals with the training of fighter pilots for the operation of this aircraft, a new and
modern vector from our Air Force. The objective of this study is to analyze the factors
that must be considered for the elaboration of the F-39 pilot training program. The
adopted methodology consisted of bibliographic research, having as a theoretical
reference the management of knowledge and competence, subsidizing the work. At
the same time, a documentary research in the regulatory legislation of the Ministry of
Defense and Air Force sought to correlate the new aircraft with its performance in
National Defense. This research has been extended to Air Force doctrinal documents,
including current fighter training programs and its Basic Doctrine. Gripen modern
systems were also analyzed, which influence the factors to be considered in the
training program. Finally, a questionnaire with the pilots of the Working Group “FOX”,
the unit responsible for implementing the aircraft, served to collect more subsidies
related to the work. From the analysis of the data collected, the importance of new
aircraft in Air Defense and, consequently, in National Defense, was reinforced. Among
the characteristics of the aircraft, it was evident that its ability to operate in a network,
a consequence of the large flow of data and information, must be taken into account
in the training of pilots. It was also found that the current fighter aircraft training plans
do not fully meet the needs of Gripen, as well as the specific needs to update the Basic
Doctrine according to the particulars of the aircraft. Finally, the factors that should be
considered for the future elaboration of the Gripen training plan were listed, so that the
operation of the aircraft occurs effectively.
Keywords: Aviators – Training, Fighter Jets, GRIPEN, National Defense, Brazilian Air
Force – Doctrine.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 15
2.1 Conhecimento e Competência .................................................................... 15
2.2 Defesa Aeroespacial Brasileira ................................................................... 17
2.3 Programa de Elevação Operacional ............................................................ 18
3 METODOLOGIA ............................................................................................. 20
4 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................. 23
4.1 A aeronave F-39 Gripen e a Defesa Nacional ............................................. 23
4.2 A aeronave F-39 Gripen e suas capacidades ............................................. 25
4.3 Revisão Doutrinária ...................................................................................... 32
4.3.1 Adequação dos PEVOP da Aviação de Caça................................................. 32
4.3.2 Revisão da Doutrina Básica da FAB ............................................................... 34
4.4 O programa de capacitação do F-39 Gripen............................................... 37
5 CONCLUSÃO ................................................................................................. 39
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 44
APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO ENVIADO AO GT-F ................................. 46
ANEXO A – RESPOSTAS DO PILOTO “A”.................................................. 48
ANEXO B – RESPOSTAS DO PILOTO “B”.................................................. 51
ANEXO C – RESPOSTAS DO PILOTO “C”.................................................. 54
ANEXO D – RESPOSTAS DO PILOTO “D”.................................................. 56
ANEXO E – RESPOSTAS DO PILOTO “E” .................................................. 58
ANEXO F – RESPOSTAS DO PILOTO “F” .................................................. 60
ANEXO G – RESPOSTAS DO PILOTO “G” ................................................. 67
ANEXO H – RESPOSTAS DO PILOTO “H”.................................................. 69
ANEXO I – RESPOSTAS DO PILOTO “I” ..................................................... 71
11
1 INTRODUÇÃO
O Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre seu território, seu mar
territorial e espaço aéreo sobrejacente, não aceitando nenhuma forma de
ingerência externa em suas decisões. O Estado brasileiro trabalha em prol de
ações que fortaleçam a aproximação e a confiança entre os países, uma vez
que a valorização e a exploração dessa perspectiva representam uma
contribuição à prevenção de contenciosos capazes de potencializar ameaças
à segurança nacional. (BRASIL, 2016b, p. 22).
1 Dimensão 22 representa a soma do espaço aéreo sobrejacente ao nosso território, mar territorial,
plataforma continental e área de responsabilidade SAR (Busca e Salvamento – Search and Rescue)
(BRASIL, 2018a).
2 Na FAB o Gripen NG foi designado F-39E/F. No escopo deste trabalho, Gripen NG, F-39 Gripen e F-
comando que mostram as informações por meios eletrônicos, essencialmente através de telas de
cristal líquido (LCD) ou LED, substituindo os tradicionais aparelhos analógicos e eletromecânicos
(PEREIRA, 2018).
13
5 Off set é toda e qualquer prática compensatória acordada entre as partes, como condição para a
importação de bens, serviços e tecnologia, com a intenção de gerar benefícios de natureza industrial,
tecnológica e comercial (BRASIL, 2002).
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
6 Ação de Força Aérea é o ato de empregar, no nível tático, Meios de Força Aérea para causar um ou
mais efeitos desejados em uma campanha ou operação militar (BRASIL, 2012, p. 9).
20
3 METODOLOGIA
7 Dentre estes quatro pilotos, estão o ex-Comandante do GT-F, os dois pilotos da FAB que já voaram
o Gripen D na Suécia e o oficial designado para trabalhar no escritório de acompanhamento do
contrato na SAAB a partir de janeiro de 2021.
22
8 Os dados da aeronave para os itens “a” ao “d” foram obtidos de SAAB (2019).
9 Os dados da aeronave para os itens “a” ao “g” foram obtidos de SAAB (2019).
25
10 O Reino Unido utiliza o Gripen na formação de seus pilotos de ensaios em voo. Opera um avião do
modelo D, e não possui nenhum esquadrão operacional dessa aeronave (SAAB, 2020).
27
Com relação aos PEVOP dos aviões de alta performance (F-5M e A-1M),
houve um consenso que os planos atuais são adequados para as respectivas
aeronaves, mas não para transição e operação do F-39. Eles atendem apenas
parcialmente as necessidades para o Gripen.
As lacunas existentes entre as aeronaves não poderão ser resolvidas com
adequações dos PEVOP, por causa pelas limitações técnicas existentes nos aviões.
Para superá-las, estratégias e ações poderão ser implementadas, tais como
intercâmbios, pacotes de simulador de combate na Suécia, e pilotos voando em outros
esquadrões no exterior.
Em relação ao PEVOP do A-29, foi reportado que a lacuna na capacitação é
extremamente grande, não somente pelo desempenho inferior da aeronave turboélice,
mas também pela restrição dos equipamentos embarcados do A-29, que não permite
ao piloto ter o conhecimento dos sistemas nem de sua operação.
A questão do desempenho, para o GT-F, não deverá trazer maiores
problemas, por causa da “facilidade” de pilotagem do F-39, graças os seus sistemas
de controle de voo computadorizados, aliada à utilização de simuladores de voo.
Uma possibilidade sugerida para reduzir a lacuna na capacitação é a inclusão
do pacote sintético no A-29, onde o software operacional da aeronave poderá simular
em seus displays a operação de radar e RWR, através do data link. Isso permite o
treinamento de combate BVR pelo A-29, bem como toda a capacitação atrelada a
essa missão, como por exemplo, os conceitos de guerra eletrônica.
A partir daí, foi recomendado incluir um subprograma de qualificação
específica (SPQE) para os pilotos indicados a seguir para o F-39, buscando reduzir o
diferencial entre as aeronaves. O quadro seguinte consolida essas ideias.
Quadro 3: Análise dos PEVOP das aeronaves de Caça da FAB
PEVOP ANÁLISE CAUSA PROPOSTA
Não adequado ao Limitação dos sistemas Simulador de combate
F-5M
F-39 embarcados das aeronaves Intercâmbios.
Não adequado ao Limitação dos sistemas Simulador de combate
A-1M
F-39 embarcados das aeronaves Intercâmbios.
Performance da aeronave Simulador de F-39
Não adequado ao
A-29 Pacote Sintético no A-29
F-39 Falta de sistemas embarcados
SPQE no PEVOP
Fonte: AUTOR, 2020.
35
Meios de Força Aérea específicos, e que os meios aéreos são capacitados a cumprir
mais de um tipo de Ação (BRASIL, 2012), os respondedores sugeriram que o
detalhamento comentado no parágrafo anterior deixe clara essa possibilidade.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Defesa. Livro Branco de Defesa Nacional. Brasília, DF: MD,
2016b. Aprovada em 14 dez. 2018 pelo Decreto Legislativo do Congresso Nacional
nº 179, de 2018. Disponível em: http://www.defesa.gov.br/arquivos/2017/mes03/livro-
branco-de-defesa-nacional-consulta-publica-12122017.pdf. Acesso em: 10 jun. 2020.
MARTINS, F. Gripen NG – SAAB. In: Brasil em Defesa. [S.I: s.n.], 2015. Disponível
em: https://www.brasilemdefesa.com/2015/01/gripen-ng-saab.html. Acesso em: 20
ago. 2020.
SAAB. Gripen NG: desempenho, fatos e números. Suécia, Linköping: [s.n.] 2019.
Disponível em: https://saab.com/air/gripen-fighter-system/gripen/gripen-ef/ . Acesso
em: 25 abr. 2020.
MINISTÉRIO DA DEFESA
ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA
CURSO DE ALTOS ESTUDOS DE POLÍTICA E ESTRATÉGIA
QUESTIONÁRIO
Prezado Caçador,
Questões
3. Em minha visão a FAB precisa inicialmente definir o que realmente pretende com
a formação de seus pilotos de caça. Vejo duas coisas distintas, formação de pilotos
de A-29 para equiparem os Esquadrões Operacionais de A-29 do 3º Grupo e formação
de pilotos para seguirem para a 1ª Linha, no caso para o F-39. Creio que devemos
separar essas duas formações, de forma a definir e aperfeiçoá-las com foco no
objetivo final a ser alcançado para cada uma delas. Um estudo sobre esse assunto
chegou a ser iniciado em 2019, mas se estagnou no COMPREP.
Em relação ao atual PEVOP02A/A-29 e considerando que os futuros pilotos de F-39
serão oriundos desse programa, entendo que o mesmo está incompleto,
principalmente devido às limitações da aeronave.
Nosso A-29 não possui sensores, nem armamentos adequados para ser uma
aeronave de transição para o F-39. Em relação à performance, apesar de também
não ser adequada, acredito ser contornável, devido à facilidade de pilotagem do
Gripen.
Dito isso, não vejo, na atual conjuntura da FAB, a real necessidade de se investir em
um vetor de transição mais adequado. Acredito sim, que poderíamos investir na
implantação de um “Pacote Sintético” no A-29, com Simulação de Radar e RWR por
meio do Data-Link e capacidade de emprego de bombas inteligentes. Somando esse
Pacote Sintético, a um Programa de Formação, no A-29, exclusivo e adequado à
transição para o F-39, aliado a um Programa de Transição Operacional com uma
maior quantidade de missões no simulador de voo do Gripen, alcançaríamos o
resultado final desejado de forma mais eficiente e com menor custo.
Destaco também a necessidade de se manter os treinamentos de Combate BVR nos
simuladores (ex: FLSC), como forma rápida e menos custosa de fazer a elevação de
nível dos pilotos nesse tipo de missão.
6. Acredito que seja possível encaixar as capacidades do F-39 nas Ações de Força
Aérea previstas na DCA 1-1.
7. Acredito que nosso principal gap ainda está na “mentalidade” de utilização dos
recursos humanos.
Mesmo após a reestruturação, ainda vemos que pilotos de 1ª Linha estão acumulando
funções administrativas e assumindo tarefas que deveriam ser executadas por
elementos de apoio (comissão de obras, sindicâncias, IPM, etc.). Se não mudarmos
essa forma de administrar nossos recursos humanos, vamos continuar tendo pilotos
50
1. • A/A radars;
• RWR;
• Data-Link (ground and fighter);
• IRST;
• Helmet mounted display (HMD);
• Medidas de ataque eletrônico (chaff, flare, decoy, jammers);
• Emprego de canhão ar-ar;
• Emprego de mísseis ar-ar;
• Fraseologia de combate (NOSDA);
• Fraseologia de combate (OTAN);
• Tipos de formações e pictures de combate;
• Geometria de interceptação VID;
• Geometria e procedimentos de Policiamento de Espaço Aéreo;
• Geometria de combate BVR (game e flow plan);
• Threat reactions – ar/ar;
• Threat reactions – SAM;
• Matriz de classificação e engajamento;
• Basic fight maneuvering (BFM);
• Combate dissimilar;
• Advanced fight maneuvering (ACM);
• Liderança Tática;
• All weather conditions combat;
• Combate à baixa altura;
• Composite Air Operations (COMAO);
• Mission Planning and Briefing (4Ts);
• Debriefing and shot validation;
• A/G radars;
• Targeting POD;
• Recce POD;
• Emprego de canhão ar-solo;
• Emprego de mísseis ar-solo/mar;
• Emprego de Laser Guided Bombs;
• Emprego de GPS Guided Bombs;
• Operação em rodopista;
52
4. Não.
5. Não.
7. Não.
54
4. Não.
5. Não.
6. Essa não é uma capacidade atual, mas o F-39 F (biplace) poderia ter atribuições
específicas para o 2P. Por exemplo, futuramente, a cabine traseira poderia, por meio
de novas interfaces HMI, controlar UAVs. Essa poderia ser uma ação futura, por
exemplo.
55
3. O A-29 que a FAB possui não tem nem sensores nem armamentos que possamos
considerar como adequados para uma transição às aeronaves de 4a geração como o
Gripen. Ao considerarmos a performance, no que diz respeito à execução das missões
da Aviação de Caça (combate, emprego ar-solo, etc.), a lacuna aumenta ainda mais.
Não significa que o piloto terá dificuldades para operar o Gripen em missões básicas
de pouso e decolagem ou voo por instrumentos, mas que a FAB empregará um maior
esforço aéreo e uma maior quantidade de missões em simulador de voo na formação
operacional das novas equipagens para capacitá-los ao emprego do F-39 como
plataforma d’ármas. Uma aeronave de transição mais adequada minimizaria essa
lacuna.
5. Não pelo F-39, mas pela realidade atual no mundo, acredito que precisamos
explorar as capacidades espaciais de que dispomos e ampliá-las numa perspectiva
para o futuro próximo.
6. Acredito ser possível especificar melhor uma ou outra Ação de Força Aérea pelas
capacidades que o Gripen incorpora, mas, de uma forma geral, os sistemas, sensores
e armamentos do F-39 se encaixam nas Ações hoje previstas. A diferença é que ele
as cumpre com muito mais recursos e com maior eficiência. Para isso, o conceito de
emprego dessa aeronave irá discriminar a sua operação em cada Ação de Força
Aérea. A DCA 1-1 está em fase de atualização no COMPREP_EMAER.
2. Entendo que os PEVOP não estão adequados para a transição dos pilotos para o
F-39, porém considero que os PEVOP estejam adequados para o cumprimento do
preparo e emprego do F-5 e A-1 dentro da realidade da FAB.
Não considero que esse GAP seja solucionado alterando os PEVOPs atuais, visto as
limitações de sistemas e equipamentos das nossas aeronaves.
No meu ponto de vista, deveria haver mais foco em intercâmbios com outras Forças
Aéreas, maior realização de simuladores de combate (FLSC, i.e.), maior envio de
pilotos para o exterior...
4. Carece de mais estudos, mas julgo que seria interessante abarcar alguma
Capacidade Essencial voltada para o controle do ambiente eletromagnético, como por
exemplo, Dominar o Ambiente Eletromagnético.
59
MAWS X
LAWS X
EW POD X
RECCE POD X
LDP X
Terrain Follwing X
Link BR 2 X
ARMAMENTO A-29 A-29
BOMBA NÃO GUIADA X X
CANHÃO/METRALHADORA X X
CHAFF / FLARE X
MÍSSIL BVR X
MÍSSEL IR X
LGB X
GPS BOMB X
MÍSSEL AR-SUPERFÍCIE X
PERFORMANCE A-29 F-39
VELOCIDADE X
CARGA G ELEVADA X
MOTOR A JATO X
A sugestão Cel, é que exista um incremento no PEVOP do A-29 abrangendo, mesmo
que de forma simulada, a doutrina, armamentos e equipamentos de EW do Gripen E.
Talvez esse incremento seja aplicado em um terceiro ano ou nos últimos meses de
Unidade somente para àqueles pilotos selecionados para o F-39. Isso há de ser
estudado, sendo essa última opção talvez a mais factível, de forma a não onerar mais
ainda a carga de instrução dos Esquadrões do Terceiro Grupo, que em sua essência
são e devem ser quase que exclusivamente Operacionais (salvo formação de
Liderança, PODA, NVG, dentre outros).
Posso citar um exemplo pessoal que vivi em 2017 no 3°/3° GAV, ano em que já estava
no Grupo Fox, porém voando comissionado no Flecha:
Lá a doutrina evoluiu muito desde 2011 (meu último ano no A-29 antes de prosseguir
para a primeira linha). Fato muito perceptível durante a Manobra Interna da Unidade,
na qual todos os voos simulavam Pacotes complexos, similares a Operações como
CRUZEX, BVR ou Tínia. Contando com OCA e DCA. A OCA com Sweep e Strikers;
e a DCA com CAP. Todos com GCI, Striker e Sweep com GCI comum.
Depois de 5 anos no A-1, tendo participado de diversas manobras nacionais e
internacionais, não esperava que o Terceiro Grupo estivesse tão atualizado
doutrinariamente quanto como encontrei o Flecha naquele ano. Foi uma surpresa
positiva.
Retomando o raciocínio, nesse tipo de Manobra Interna, as ameaças eram simuladas
e passadas via fonia, já que o A-29 não possui Radar e nem RWR para detecção.
Hoje vejo que a simulação poderia ser acrescida de algumas capacidades, mas como
comentado, talvez apenas para os pilotos selecionados para prosseguirem para o F-
39, em uma “manobra reduzida” de elevação Operacional imediatamente antes do
desligamento do Terceiro. Tais capacidades a serem acrescentadas dividi por Ações,
abaixo:
a) Ação de Ataque e Supressão da Defesa Aérea Inimiga:
64
7. Sugiro criar um manual para cada Ação de Força Aérea. Um manual para todas as
aviações sobra cada Ação. Ex.: O Manual da Ação de Ataque será empregado pela
caça, Sabre (TT), P-3 (Arpoon), etc. Tendo em vista que muitas Ações são comuns a
diversas Aviações.
O Manual conteria conceitos básicos e padronizações. Depois cada Unidade detalha
as especificidades de cada projeto em seus MTTP.
Importante isso para interoperabilidade, que hoje percebo carente de padronização
entre todos os envolvidos em missões complexas.
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2. Sim, acredito que os diversos planos estão adequados, principalmente com relação
à quantidade de missões planejadas para cada fase de formação / elevação
operacional. A disposição das fases, bem como os seus objetivos também estão
bastantes claros e atendem à demanda do COMAER por completo no que se refere à
formação e capacitação profissional (desenvolvimento de competências). Entretanto,
acredito que o conteúdo das ordens de instrução carece de uma atualização. A
formação operacional da aeronave F-5M, por exemplo, está muito focada para a
pilotagem da aeronave em detrimento do gerenciamento dos sistemas (RDR,
armamentos, datalink, HMD, RWR etc.). Acredito que isso é uma consequência
natural em virtude da simplicidade destes sistemas na aeronave F-5M frente à
“dificuldade” de pilotagem da mesma quando comparada com a pilotagem da
aeronave Gripen. A falta de um PA para uma missão BVR, por exemplo, torna o voo
bem mais trabalhoso no quesito pilotagem, fazendo com que os tripulantes não
utilizem/explorem os diversos sistemas da aeronave F-5M em toda sua plenitude. Fato
este que pode ser constatado quando se analisa a quantidade de erros de
lançamentos de armamentos por falta de treinamento em swichkolagge (HOTAS),
esquecimento das ações contra as ameaças IR inimigas (IRCM procedures) dentre
outros. Quando a CADO dos EsqAe avaliam as missões de combate WVR, a
quantidade de erros de operação dos sistemas, oriundos da falta de treinamento, por
exemplo, do uso do HMD de maneira conjunta com o armamento IR, o equívoco na
interpretação das informações dispostas visualmente (HMD) e aural (míssil IR PYT-
IV) é bastante expressiva. Valendo ressaltar que estes erros não são apenas dos
pilotos menos experientes, muitas das vezes é ainda mais observado nos pilotos com
mais experiência na ANV, uma vez que os mesmos não tiveram, em sua formação
operacional, estes sistemas inseridos em seus cursos. Em resumo, acredito que os
diversos programas de formação deveriam, na medida do possível e, obviamente,
respeitando-se a segurança, desenvolver um programa (OI), onde o tripulante
aprendesse, efetivamente, a operar os sistemas e não apenas a pilotagem.
3. Sim, os atuais programas de formação das aeronaves A-29 estão muito melhor
preparados para essa futura transição do que os programas que realizei quando
passei pelos esquadrões do 3GAV no ano de 2006. Tive a oportunidade de realizar
voos no 3GAV3 no ano de 2017 e fiquei extremamente surpreso com o nível de
treinamento dos tenentes (PEO-1, PEO-2, novos INs) daquele esquadrão. Pude
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observar durante os voos da fase avançada do curso de liderança (PAC, escolta etc),
os pilotos voando com datalink, incluindo, inclusive, a aeronave inimiga com a devida
classificação de hostil (vermelha) na rede. A utilização da fraseologia inglesa padrão
OTAN (brevity words etc.). Sem dúvida a aeronave A-29, com as possibilidades
advindas dos seus sistemas pode sim, preparar muito bem o futuro piloto de Gripen
brasileiro. Importante frisar que essa resposta não levou em consideração o aspecto
performance, uma vez que levei em consideração apenas a questão levantada na
pergunta 1 (guerra centrada em rede).
6. Acredito que, com o emprego da aeronave, uma ou outra ação de Força Aérea
poderão surgir, acarretando na atualização da DCA 1-1, porém, no momento, não
visualizo atualização significativa. A Doutrina Básica da FAB, ao meu ver, contempla
todas as ações possíveis, algumas tratadas de maneiras mais genéricas.
7. No âmbito dos pilotos, creio que deva ser ratificada uma permanência prolongada
do oficial aviador na unidade de F-39, a fim de este possa adquirir condições de, em
um primeiro momento, se tornar proficiente na pilotagem da aeronave para então ter
condições de explorar todas as possibilidades do “Sistema Gripen”, desenvolvendo
técnicas e táticas.
No que tange a parte de solo, acredito ser este o momento ideal para implementarmos
uma mudança de comportamento, buscando colocar mão de obra especializada na
sua respectiva função.
71
1. Conhecimentos:
o Especificamente para a Guerra Centrada em Redes, o piloto deve conhecer a
estrutura de C2 de um Comando Operacional, como é a interação entre essa
estrutura e a missão do Gripen, bem como conhecer as potencialidades e
limitações dos sistemas de comunicação e de enlace de dados do F-39 nesse
contexto;
o Ademais, o piloto deverá conhecer as regras básicas da aviação tais como
regras de tráfego aéreo, regras de segurança de voo, princípios de aerodinâmica
etc.
o O piloto deverá conhecer os princípios de funcionamento e os parâmetros de
desempenho do F-39 e seus sistemas tais como:
▪ Princípios de funcionamento dos sistemas do avião (ex.: hidráulico, elétrico,
comandos de voo, comunicação, radar, contramedidas eletrônicas etc.)
▪ Parâmetros de desempenho do avião (distância de decolagem e pouso, razão
de subida, razão de aceleração, raio e razão de curva, alcance do radar etc.)
▪ Princípios de funcionamento dos sistemas de armas (ex.: mísseis, bombas,
canhão)
▪ Parâmetros de desempenho das armas (ex.: alcance, tipos de alvos
adequados e efetividade contra esses, medidas de defesa comumente utilizadas
e resiliência contra essas defesas etc.)
o O piloto deve conhecer a doutrina, táticas, técnicas e procedimentos
relacionados aos tipos de missão que irá executar com o F-39 (ex.: DCA 1-1,
CONOPS associados e CONEMPs)
o Conhecendo as características do F-39, seus equipamentos, armamentos,
táticas e técnicas, deve conhecer também quais desses itens devem ser tratados
de forma sigilosa para que não sejam de conhecimento de um provável inimigo.
o O piloto deve conhecer as características dos prováveis inimigos e como se
contrapor às suas principais ameaças, tais como:
▪ Desempenho das aeronaves oponentes mais prováveis, seus armamentos e
sistemas de Guerra Eletrônica, bem como as táticas comumente utilizadas por
um eventual inimigo.
▪ Desempenho das antiaéreas inimigas as táticas e os procedimentos de
Guerra Eletrônica comumente utilizados por elas.
o O Piloto deve conhecer os procedimentos de sobrevivência, fuga e evasão em
combate para o caso de uma ejeção em território inimigo.
• Habilidades:
o O Piloto deve demonstrar ser capaz de voar o F-39 ao mesmo tempo em que
opera todos os seus sistemas. Para isso, precisa interpretar o ambiente a sua volta
(consciência situacional), identificar as oportunidades e ameaças e se ajustar para
cumprir sua missão de maneira eficaz. Ou seja, deve ter a habilidade de aplicar
todo o conhecimento citado no tópico anterior de forma conjugada com a pilotagem
da aeronave e no contexto do cumprimento da missão.
72
4. Não acredito que precisa ser alterado nada em relação às Capacidades Essenciais
da FAB. Elas são de alto nível e, com isso, são bem abrangentes. Portanto, acredito
que o que o Gripen será mais um vetor para ajudar a cumprir essas capacidades já
existentes, garantindo um nível de eficiência maior do que temos hoje.
5. Não acredito que precisa ser alterado nada em relação às Tarefas Básicas da FAB.
Elas são bem abrangentes e o que o Gripen irá executar se encaixa nessas tarefas.
A diferença é que irá executar essas tarefas de forma diferente e com capacidade
superior.
6. Sim. Acredito que poderia ser incluída uma ação específica para o ataque naval.
Isso porque o Gripen tem a capacidade de encontrar alvos no mar e de lançar
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armamento contra esses, mas não cumpre fielmente a Ação de Patrulha Marítima,
que é a que mais se aproxima da descrição do que o Gripen será capaz de fazer.
Por outro lado, poderíamos entender que o Ataque Naval estaria incluso seja na Ação
de Ataque, seja na Ação de Reconhecimento Armado. Nesse caso, acredito que a
descrição dessas Ações deveria ser alterada para deixar clara a aplicação dessas em
um TO naval.
7. Acredito que o único avião que prepara bem para o Gripen é o próprio Gripen.
Qualquer outra aeronave, seja o F-5M, A-1M ou A-29 irá apresentar lacunas, umas
menores e outras maiores.
Essas lacunas poderão ser superadas com uma combinação de horas de voo e de
simulador e, como o simulador do F-39 promete ser bastante avançado, imagino que
grande parte de adaptação ao desempenho, raciocínio e à operação dos sistemas
poderá ser suprida por voos simulados.
Ressalto que, quando falamos de voos simulados, temos que ter o cuidado de não
diminuir a importância do voo real. Isso porque o voo em si tem o importante papel de
submeter os pilotos às sensações fisiológicas, às incertezas e aos perigos que
somente o voo real é capaz de proporcionar.