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Efeito da temperatura e do pH na degradação de bisfenol A pelas lacases de Pleurotus

ostreatus e Pleurotus pulmonarius

Emanuelle N. de Freitas¹, Gisele A. Bubna1, Tatiane Brugnari1, Vanesa G. Correa1, Mariene M. Nolli1, Rosane M.
Peralta1

1
Universidade Estadual de Maringá – Departamento de Bioquímica CEP –87020-900 Maringá – PR

emanuelleneiverthf@gmail.com

Palavras chaves: Lacase, Bisfenol A, Pleurotus spp

Introdução mg/L, 5 U/mL de enzima sob agitação de 120 rpm. A


Bisfenol A (BPA, 4,4'-dihidroxi-2,2-difenilpropano) é quantidade de BPA residual foi determinada por
um estrógeno sintético, CAS n° 80-05-7, conhecido por análises cromatográficas de alta eficiência utilizando
ser um componente disruptor do sistema endócrino, metodologia previamente descrita (Kim & Nicell,
possuindo atividade agonista sobre o receptor 2006).
estrogênico e antagonista sobre receptor de androgênico
(Rochester, 2013). BPA é precursor de policarbonatos Resultados e discussão
muito utilizados em embalagens de alimentos e bebidas A temperatura ótima de remoção do BPA pela enzima
e diversos outros materiais. Seu uso é proibido pela de P.ostreatus foi de 40°C: após 1 hora de incubação,
ANVISA apenas em produtos destinados ao público 94,42% do BPA foi degradado. Até 65°C a remoção de
infantil. Somente no ano de 2011, o consumo global de BPA foi satisfatória, com 79% de degradação. Porém
BPA foi de 5,5 milhões de toneladas em 2011 (Flint et em temperaturas maiores, devido à provável
al., 2012). Por ser uma molécula instável, o BPA pode desnaturação parcial da enzima, a degradação de BPA
migrar para os alimentos apenas com mudanças de foi diminuída. Para a lacase de P.pulmonarius, a
temperatura ou danos à embalagem, fazendo com que temperatura ótima de atuação foi de 30°C degradando
humanos estajam em contato constante com esse 88,4% do BPA. Eficiente remoção foi obtida à
composto. Uma vez que o BPA não é removido pelos temperaturas de até 60 ºC. Com relação ao pH, ambas as
métodos tradicionais de tratamento, há necessidade de enzimas foram capazes de remover o BPA em faixas de
se buscar métodos efetivos para sua degradação. Uma pH de 4 a 7, tendo sido obtido no pH 5,0, os melhores
destas metodologias utiliza a enzima lacase, uma resultados de degradação.
fenoloxidase produzida e secretada por fungos
decompositores da madeira. Recentes pesquisas Conclusão
mostram que as lacases degradam o BPA sem a geração
Os resultados obtidos mostram que as lacases de P.
de produtos tóxicos ao ambiente e à saúde humana
ostreatus e P. pulmonarius eficientemente degradaram o
(Daâssi et al., 2016; Erkurt; 2015).
BPA em ampla faixa de temperatura e pH, o que
Os objetivos do presente trabalho foram avaliar o efeito
representa uma vantagem para sua aplicação em larga
do pH e da temperatura na remoção de BPA pelas
escala.
lacases de Pleurotus ostreatus e Pleurotus pulmonarius.

Materiais e Métodos Agradecimentos


Ambos os fungos foram cultivados em meio consistindo Universidade Estadual de Maringá e CAPES
em farelo de trigo e de bagaço de laranja (4:1) por 14 ___________________________________________
dias. O extrato bruto enzimático foi obtido após adição Referencias
no cultivo de agua destilada, seguido de filtração e Daâssi D, Prieto A, Zouari-Mechichi H, Martínez, MJ, Nasri
centrifugação. O efeito do pH na degradação de BPA foi M and Mechichi T (2016). International Biodeterioration &
analisado utilizando tampão acetato de sódio 50 mM Biodegradation. 110: 181–188.
variando o pH de 3 a 7 a 28°C. O efeito da temperatura Erkurt HA (2015). Clean-Soil, Air, Water. 42:1-8.
Flint S, Markle T, Thompson S, and Wallace E. (2012).
foi investigado em temperaturas de 30-70°C, em pH 5.
Journal of Environmental Management. 104: 19–34.
Para ambas análises, o tempo de reação foi de 60 Rochester JR (2013). Reproductive Toxicology. 42:132–155.
minutos e as condições utilizadas foram: BPA 100

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