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Texto 1 (Sexta Noite): “Elias, saia daqui” (I Rs 17:3)

“Saia daqui, vá para o leste e esconda-se perto do riacho de Querite, a leste do Jordão Você
beberá do riacho e dei ordens aos corvos para o alimentarem lá” (1 Rs 17:3-4)

A narrativa sobre Elias na Bíblia tem um começo abrupto, com Elias já falando com o rei Acabe.
Nenhuma introdução nos é dada sobre quem ele é. É estranho como um profeta, com tanta
coragem em meio às dificuldades, que andou com Deus e não experimentou a morte, tenha
tido sua entrada na bíblia como se já houvesse sido apresentado antes, como se sempre
estivesse estado lá. Quem era Elias, afinal, esse profeta que inspira muitos até hoje? De onde
ele veio? Como foi seu chamado?

A Bíblia não relata o início de tudo na vida de Elias. Sabe-se apenas que sua terra natal é Tisbe,
uma cidade de Gileade, uma região montanhosa no Oriente Médio. Segundo o estudioso
Merril F. Unger, não é possível localizar essa cidade. Baseado nisso, pode-se concluir que era
uma cidade sem nenhum destaque, nenhum atrativo, prestígio ou importância econômica
para a região. Não é surpresa Deus escolher alguém de origem tão humilde assim, afinal,
temos muitos outros exemplos na Bíblia de homens comuns, sem nenhum destaque, brilho ou
habilidade especial, que foram usados por Deus para seus propósitos, como Pedro (um
pescador) e Davi (um pastor e filho caçula). Em um dos momentos difíceis pelo qual passava a
nação de Israel, Deus usa Elias, um tesbita, uma pessoa mais do que comum, vindo de
ninguém sabe onde, para tentar colocar ordem na situação e fazer o povo (mais uma vez)
deixar o mau caminho e voltar para o Senhor.

Israel tem um longo histórico de desobediência a Deus. Desde que saiu do Egito e se tornou
uma nação “independente”, o povo esteve como numa montanha-russa, oscilando entre
tempos de obediência e tempos de desobediência. Em dado momento, a nação se dividiu em
Reino do Norte (Israel) e Reino do Sul (Judá). Desde então, até o cativeiro de Israel, o Reino do
Sul teve 17 Reis, 8 deles fizeram “o que era reto perante os olhos do Senhor”, enquanto os
outros nove fizeram o que o Senhor reprova. Já o Reino do Norte teve 19 Reis e todos fizeram
o que o Senhor reprova, um conseguindo ser pior do que o outro. Um desses reis foi Acabe,
filho de Onri. A Bíblia declara que Acabe reinou por vinte e dois anos sobre Israel e “fez o que o
Senhor reprova, mais do que qualquer outro antes dele” e, para completar, se casou com
Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios. Graças a ela que Acabe, e, por consequência, Israel,
começou a prestar culto e adorar a Baal (1 Rs 16.30-31).

Baal era o principal deus entre os povos daquela região próxima e era cultuado como o
responsável pela chuva e pela fertilidade; ele controlaria também as estações do ano, as
colheitas e a terra. A história conta que a entrada de Baal no meio dos israelitas só fez
aumentar a impiedade na terra. A Bíblia retrata que Acabe provocou a ira de Deus, mais do
que todos os reis de Israel antes dele, ao construir um templo para Baal em Samaria e erguer
um altar, além de um poste sagrado (1 Rs 16:33) É nesse cenário de maldade e desobediência
que Elias entra em cena para tentar trazer o povo de Deus de volta ao caminho certo. Não se
sabe como foi o chamado de Elias, a Bíblia apenas diz que um dia Elias se apresentou ao rei
Acabe para informar a sentença do Senhor sobre Israel: não haverá chuva até segunda ordem.
Agora pare por um momento e imagine a cena: um homem qualquer, até então desconhecido,
chega ao rei, o homem mais poderoso da nação, que acaba de instituir o culto a um deus que
controla a chuva, e diz que não choverá mais na terra por ordem do Senhor, o Deus de Israel,
até que Ele queira. Como terá sido a reação desse rei? O que será que ele pensou de tudo isso?
E Elias, o que passou em sua mente quando recebeu essa ordem do Senhor? Tudo que se pode
verificar é que ele recebeu o chamado de Deus e cumpriu o que lhe foi pedido, aparentemente
sem medo, relutância ou hesitação. Apenas foi ao encontro do rei e falou o que tem que falar.

Depois disso Deus manda Elias se retirar para o riacho de Querite, a leste do Jordão. Elias
poderia ter ficado em Israel, para ajudar o rei, ajudar o povo, guiá-los para voltar ao caminho
certo, mas Deus tinha outros planos para ele. Em vez de deixá-lo no campo de batalha de
Israel, Ele preferiu levá-lo para um lugar isolado, onde poderia prepará-lo para as verdadeiras
batalhas que viriam em seguida. Em Querite, pela palavra do Senhor, Elias deveria beber a
água do riacho e ser alimentado pelos corvos. Aquele seria um lugar de preparação, para que
Elias aprendesse a depender de Deus, para que entendesse que sua força viria de Deus e que
era o próprio Deus que travaria as batalhas em seu lugar.

Como não chovia em Israel, logo o riacho secou. Com isso, o Senhor mandou que fosse para
Sarepta, de Sidom, onde ficou hospedado com uma viúva e seu filho. A viúva era muito pobre
e, quando encontrou o profeta, estava indo preparar a última refeição, para depois, ela e o
filho, morrerem de fome. Mas Elias proferiu, da parte do Senhor: “A farinha na vasilha não se
acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra”
(I Rs 17.14) e assim aconteceu, o Senhor, milagrosamente, sustentou os três com aquela
farinha e aquele azeite. No entanto, algum tempo depois o filho da viúva morreu, mas Elias
pediu ao Senhor que devolvesse a vida ao menino. Elias buscou ajuda ao único que poderia
fazer algo a respeito. Elias estava confiando no Senhor, confiando que Deus estava cuidando
daquela família que o recebeu e o sustentou até então, e teve seu pedido atendido, a viúva
recebeu seu filho de volta, vivo.

Depois do seu período de treinamento, em que Elias pode experimentar a provisão de Deus
em sua vida, o Senhor mandou ele se apresentar novamente a Acabe, pois traria chuva sobre a
terra (1 Rs 18:1). Ao se encontrar com o Rei, Elias pede que ele reúna todo o povo no monte
Carmelo e traga consigo os profetas de Baal. Elias volta para o campo de batalha para
enfrentar um verdadeiro exército de idólatras e mostrar quem era o verdadeiro Deus. E
quando o fogo caiu do céu, sobre sua oferenda encharcada, que prova foi dada ao povo de
Israel! Não havia dúvidas que o Senhor era o Deus vivo, único, o todo poderoso. Deus agiu na
vida de Elias em todos os sentidos, físico, emocional e espiritual, o fez passar por processos
que o levaram a entender a sua real dependência de Deus. Ele usou um homem ordinário,
vindo de lugar nenhum, para marcar a vida de Israel e fazê-los lembrar quem era de fato o seu
Deus. Ao olharmos para esse maravilhoso relato, temos que pensar que não devemos nos
deixar enganar por nossa vida simples, ou acharmos que não temos talento ou habilidade
extraordinária e por isso não temos lugar na obra do Senhor. Se colocarmos nossa vida à
disposição de Deus, Ele fará grandes coisas. Ele pode fazer de cada um, um instrumento útil
para sua boa obra.

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