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Mestranda vinculada ao Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões da Universidade
Federal da Paraíba. E-mail- jessicacz2007@hotmail.com
Outra forma importante de prática mágica citada pelo autor é o seiðr, uma
espécie de composição religiosa que estava presente na vida das comunidades
rurais e que se relacionava com a deusa Freyja. A essa forma de magia eram
atribuídas práticas que manipulavam o tempo e elementos da natureza, como
composição de porções (venenos), além de estar relacionada com mistérios como
descoberta de segredos ligados ao espírito. Uma prática conhecida como
predominantemente feminina, mas que incluía vínculos à figuras masculinas
como a de Óðinn, que segundo o que é trazido na obra, utilizava-se dessas
práticas para adquirir e controlar o conhecimento, conhecer o futuro, trazer a
morte, entre outras coisas.
disponível para pesquisas a respeito dos vikins sofreu influência cristã ao ser
composta; essa regra se aplica tanto para as fontes escritas como para as fontes
iconográficas. Para ilustrar a passagem da tradição oral para a escrita, por
exemplo, Johnni traz no capítulo supracitado uma análise da conversão da Njáls
saga, que era transmitida de forma oral, foi escrita por autor desconhecido, que
por sua vez não teve seu manuscrito original preservado acreditando-se que a
cópia mais antiga que se tem acesso sofreu influências cristãs ao ser composta
(ou reescrita). A saga traz tanto elementos cristãos como elementos mágicos,
típicos das crenças pré-cristãs, talvez esse fato se deva a uma prática comum do
cristianismo, a saber: trazer para si o que pode ser readaptado de culturas pré-
cristãs e renegar e condenar o que não pode ser inserido no seu campo de
crenças.
Também nesta parte da obra, como em todas as outras, o autor traz parte de
uma fonte (neste caso o poema Þrymskviða) e o analisa.
Nos dois últimos capítulos trata-se sobre um tema importante para uma
melhor compreensão da crença nórdica, o mito do dragão nas Eddas e nas sagas.
De modo geral, estes capítulos explicam o papel que os dragões representam
para o imaginário do povo viking e expõe que essas criaturas são responsáveis
por promover desordem, e sob algumas interpretações, ordem no mundo. Há
algumas diferenças e semelhanças entre os dragões descritos pelas sagas e pelas
Eddas, mas interpretando o todo, há muito mais proximidades entre as
narrativas.
ABSTRACT
1
Mestre em Filosofia (UFPB). Professor de Filosofia da Universidade Federal de Campina Grande
(UFCG).
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Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões (UFPB). Graduada em
Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC).
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essence. From these three points is already be possible to defend that anthropology
is guiding the referred philosopher of that thesis. Feuerbach explains that the man
criates God in the need for a pattern in which can be guided to achieve perfection,
however, this reality alienates the man, given the fact that man can not be perfect
for a being beyond physical. For the philosopher, the man can only be perfect for
himself, for his gender. So, he proposes to take a disalienation process. For this to
happen, a new religion arrives on the scene, the anthropological religion, which
allows man to reconnect themselves and guide their behavior in the genre itself.
This is the apogee in the anthropological atheism identified in the works of the
author; a religion that takes the man by God and do and make then search for own
essence, in other words, that shows things by means of themselves and not by
something alien to the individual's material reality. For Feuerbach man can only be
the object of man himself and the pursuit of human makes him conscious and
disalienated. Therefore, it is concluded that atheism defended by Feuerbach and
much part of his philosophy, are directed to the anthropological field, or even, that
the anthropology is the essential scope of the philosopher's thought.
Keywords: Anthropology. Man. Essence. God.
INTRODUÇÃO
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Perguntar por Deus é, de modo estrito, o mesmo que perguntar pelo homem
e por sua essência. No entanto, para que se chegue a essa conclusão, é
necessário passar por todo um processo que pode ser chamado de desalienação.
O que se pretende aqui afirmar é que o homem, em um primeiro momento, aliena-
se a uma realidade dogmática na qual se afirma que Deus criou o homem sua
imagem e semelhança e que por conta disso são encontradas no homem
características divinas. Nesse cenário de crenças dogmáticas, o homem se
encontra num estágio de consciência adormecida e atribui a Deus muitos dos
fenômenos presentes em sua vida. Essa realidade além de alienar o homem, o
afasta de sua essência. A busca pela essência humana em Deus (enquanto ser
divino e metafísico) não é admissível, segundo Feuerbach, uma vez que essa
essência está no próprio homem enquanto gênero. Uma coisa só faz sentindo se
for interpretada a partir dela mesma.
Partindo desses princípios é que se há de expor no texto algumas premissas
que fundamentem a afirmação de uma antropologia ou ateísmo antropológico nas
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obras de Feuerbach. Para tanto, utilizaremos os conceitos de consciência,
essência e hipostatização.
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[...] minha intenção era mostrar que os poderes diante dos quais o homem
se curva e os quais teme na religião, diante dos quais ele não se intimida
nem mesmo de praticar sangrentos sacrifícios humanos a fim de aplacá-
los são apenas criações de sua própria afetividade servil e medrosa, assim
como de sua razão ignorante e inculta (FEUERBACH, 2009, p. 35-36).
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Para que o homem seja conhecedor de sua essência e possa voltar-se para
si como parâmetro comportamental, ele utiliza-se de três elementos que são a
própria composição dessa essência, a saber: a razão (entendimento), o sentimento
(coração ou amor) e a vontade (ato de desejar). Essas são características
específicas do gênero humano e lhe atribuem a possibilidade de viver em função
de si mesmo, tendo em vista que o homem contemplado por essas qualidades é
tido como completo; segundo o próprio Feuerbach (2012, p. 36) “um homem
completo possui a força do pensamento, a força da vontade, e a força do coração”.
O pensamento consiste no conhecimento iluminado pela razão, é o uso que
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o homem dela faz quando já se encontra em seu estado de consciência. O
sentimento é o amor ou capacidade humana de amar, ou ainda, enfatizando o
homem como objeto de si, a inclinação do indivíduo de amar o seu gênero. A
vontade, “a energia do caráter” (FEUERBACH, 2012, p. 36), é a força que objetiva
as escolhas livres, é o querer humano. Como esses atributos são particularidades
humanas, eles constituem sua essência e fundamentam sua existência, pois o que
está em sua essência é o que regula o curso e o sentido de seu existir, logo “[...]
querer, pensar, amar, são os propósitos que movem o homem” (ALEIXO, 2009 p.
10).
Por meio dessa tríade, o homem mostra-se capaz de bastar-se do próprio
gênero, sem a necessidade de um Deus ou de seus predicados, pois já aí está a
perfeição da espécie humana, aí está o que a limita e ao mesmo tempo embeleza,
já que o homem que reconhece suas restrições como perfeição é o homem
consciente e conhecedor de sua essência. Assim, como afirma o filósofo, “[...]
razão, amor e vontade são perfeições, são os mais altos poderes, são a essência
absoluta do homem enquanto homem e a finalidade de sua existência. O homem
existe para conhecer, para amar e para querer” (FEUERBACH, 2012, p. 36).
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acima do ser individual, levando-se em conta que esses predicados são a essência
do gênero humano, que a religião dele suprime, pois retira do homem essas
características com a única finalidade de fazer com que ele acredite que há uma
necessidade de buscar tais predicados em um Deus. No entanto, o homem que
busca em si essas qualidades e torna-se consciente de que elas fazem parte de
sua essência, desprende-se da religião e suas imposições alienantes, percebendo
que é ele próprio dotado de todas as características que a religião o fez acreditar
que só existiam em Deus. Assim, o homem reconhece a si mesmo como Deus,
pois “[...] não há distinção entre os predicados da essência divina e da essência
humana” (HARTMANN, 2012, p. 68). Logo, ao reconhecer-se como Deus, percebe
que o seu objeto é sua essência, e que sua essência é a já citada trindade. Desse
modo, se dá conta de que seu real objeto é ele mesmo e não Deus, como pretende
a religião.
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Pautando-se no que foi exposto até então, afirma-se: Deus e a religião são
criações humanas. A imagem de um Deus perfeito se dá pelo fato de o homem
atribuir a ele características que lhe são próprias. Desse modo, a religião deturpa a
essência do homem, quando o faz crer que ela é apenas uma ínfima parte da
essência divina. A busca do homem por um ser absoluto nada mais é que a
procura por sua própria essência, que é auto-objetivação, autoafirmação e
autoconsciência.
Ao ato de atribuir a Deus qualidades pertencentes ao gênero humano, pode-
se dar o nome de hipostatização. Esse mecanismo de projetar um ser metafísico
com características exclusivamente humanas lança os fundamentos do ateísmo
proposto por Feuerbach. O filósofo não pauta seu ateísmo na negação de Deus,
mas na explicação de que um ser divino estabelece relação de dependência diante
do gênero humano. Em outras palavras, a existência de Deus depende do homem.
Tal ideia constitui um dos principais fundamentos para se afirmar que o
ateísmo feuerbachiano é, antes, antropologia que puro ateísmo, visto que o
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embasamento de tal ateísmo consiste na afirmação do homem.
A teologia feuerbachiana se identifica com a antropologia, ou ainda, toda a
teologia é, na verdade, uma antropologia velada, na qual o homem esquece-se de
si, pois a religião, especificamente aquela que se pauta na teologia cristã, o aliena.
Quando essa religião dogmática deixa de oferecer respostas plausíveis, ou seja,
quando o homem toma consciência de sua condição de ser divino, ele funda uma
nova religião que se pauta na antropologia, esquecendo os dogmas teológicos e
elevando seu gênero a Deus. Ora, o que seria essa nova religião senão a própria
antropologia?
Assim, se funda a nova religião embasada em dois pilares: no ateísmo, à
medida que seu Deus não é um ser metafísico, mas material; e na antropologia,
tendo em vista que seu Deus é o próprio gênero humano. De acordo com essa
religião, “[...] como o homem pensar, assim é o seu Deus; o valor que tiver o
homem, este será o valor atribuído a Deus” (HARTMANN, 2012, p. 68). Tais
postulados resgatam o valor que o homem perdeu ao exteriorizar suas qualidades,
porque o faz perceber que ele mesmo é o centro do problema religioso.
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tornando-a objeto do próprio pensamento e, consequentemente, fazendo de si
também esse objeto. Para que seja possível a efetivação da antropologia proposta
por Feuerbach, o homem passa por todo um processo:
[...] num primeiro momento, o homem seria como que tomado de vertigem
face ao abismo da incomensurabilidade da sua própria essência. Num
segundo momento, através de um mecanismo psicológico vagamente
freudiano, o homem negaria a sua essência e projectála-ia num sujeito
autónomo e independente a que viria a chamar Deus, ou seja, à negação
dos predicados próprios suceder-se-ia a transferência desses predicados
para uma personalidade fictícia. Este processo exigiria que o homem se
empobrecesse e diminuisse, para assim enriquecer esse ser
simplesmente imaginado. O homem tornar-se-ia então objecto da sua
própria subjectividade alienada. Mas, no fundo, este Deus inventado não
seria mais que a sublimação da própria essência: a auto-negação seria na
realidade auto-afirmação (ALEIXO, 2009, p. 32).
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CONCLUSÃO
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filosofia materialista, Feuerbach torna-se um referencial de significativa acuidade
no estudo sobre o homem. Portanto, o filósofo/antropólogo traz, em sua obra, uma
discussão relevante ao unir filosofia e antropologia.
A proposta de Feuerbach é apontar o homem como senhor de si, a partir do
reconhecimento de si como ser perfeito. Deste modo, o tema estudado desponta
como relevante contribuição para a compreensão do homem em sua essência.
A partir do pensamento de Feuerbach, afirma-se que o homem basta-se com
as características peculiares do gênero e com elas sente-se satisfeito, pois
reconhece a si como próprio parâmetro comportamental; não há necessidade de
um absoluto que mascare a consciência humana e que se faça impossível de
cognição por estar situado em outro plano, pois o homem pode ter consciência de
si, por estar em um plano finito, mas não pode ter consciência do absoluto, pois
esse fazer parte de um plano desprovido de temporalidade.
Diante do exposto, conclui-se que há forte presença da antropologia nas
obras feuerbachianas, tendo em vista que o homem é o objeto direto das pesquisas
e centraliza todas as discussões. A religião constitui, desse modo, mais uma
antropologia do que uma teologia. É sugerida por Feuerbach, inclusive, a
construção de uma nova religião que se paute na antropologia, uma religião, por
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assim dizer, ateia. Ateia no sentido de não haver Deus metafísico a ser adorado,
pois nessa religião a essência do gênero humano é objeto do próprio homem, o
que, consequentemente, o afirma como Deus.
Embora a pesquisa não objetive esgotar a discussão a respeito do referido
tema e que estas considerações finais não pretendam conferir caráter categórico à
interpretação atribuída ao pensamento do filósofo em questão, o que se almeja
afirmar, a partir do que foi desenvolvido, é que o homem que toma consciência de
si e faz-se objeto para si mesmo é capaz de desempenhar todas as suas atividades
pautando seu comportamento no próprio gênero. Para tanto, sua essência é seu
objeto e a antropologia toma o lugar da teologia. Com esse mecanismo, o gênero
humano é beneficiado, tendo em vista que não mais se sentirá limitado, pois, para
seu próprio gênero, o homem é ilimitado. Além disso, ao aderir às propostas de
Feuerbach, o homem readquire sua autonomia e passa a pensar, agir e viver por
meio de seus próprios moldes.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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