Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ABSTRACT
Analyze the atheism proposed by Feuerbach presenting it as anthropology is one of the main
objectives of this research. Considering that the said philosopher is concerned not with the
denial of God, but with the self-affirmation of man, it can be stated that this form of atheism
is, in his bases, anthropology. To the theme of the study was developed a bibliographic
review and used the deductive method, so that the presentation of the theories are founded
on the works of the philosopher and some commentators. Feuerbach affirms that man
creates God and not the opposite, that theology is anthropology and that the divine
essence is same as the human
1
Mestre em Filosofia (UFPB). Professor de Filosofia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
2
Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões (UFPB). Graduada em Filosofia
pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC).
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
essence. From these three points is already be possible to defend that anthropology is
guiding the referred philosopher of that thesis. Feuerbach explains that the man criates God
in the need for a pattern in which can be guided to achieve perfection, however, this reality
alienates the man, given the fact that man can not be perfect for a being beyond physical.
For the philosopher, the man can only be perfect for himself, for his gender. So, he proposes
to take a disalienation process. For this to happen, a new religion arrives on the scene, the
anthropological religion, which allows man to reconnect themselves and guide their
behavior in the genre itself. This is the apogee in the anthropological atheism identified in
the works of the author; a religion that takes the man by God and do and make then search
for own essence, in other words, that shows things by means of themselves and not by
something alien to the individual's material reality. For Feuerbach man can only be the
object of man himself and the pursuit of human makes him conscious and disalienated.
Therefore, it is concluded that atheism defended by Feuerbach and much part of his
philosophy, are directed to the anthropological field, or even, that the anthropology is the
essential scope of the philosopher's thought.
Keywords: Anthropology. Man. Essence. God.
INTRODUÇÃO
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
Perguntar por Deus é, de modo estrito, o mesmo que perguntar pelo homem e por sua
essência. No entanto, para que se chegue a essa conclusão, é necessário passar por todo um
processo que pode ser chamado de desalienação. O que se pretende aqui afirmar é que o
homem, em um primeiro momento, aliena- se a uma realidade dogmática na qual se afirma
que Deus criou o homem sua imagem e semelhança e que por conta disso são encontradas
no homem características divinas. Nesse cenário de crenças dogmáticas, o homem se
encontra num estágio de consciência adormecida e atribui a Deus muitos dos fenômenos
presentes em sua vida. Essa realidade além de alienar o homem, o afasta de sua essência. A
busca pela essência humana em Deus (enquanto ser divino e metafísico) não é admissível,
segundo Feuerbach, uma vez que essa essência está no próprio homem enquanto gênero.
Uma coisa só faz sentindo se for interpretada a partir dela mesma.
Partindo desses princípios é que se há de expor no texto algumas premissas que
fundamentem a afirmação de uma antropologia ou ateísmo antropológico nas obras de
Feuerbach. Para tanto, utilizaremos os conceitos de consciência, essência e hipostatização.
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
[...] da mesma maneira, longe de negar Deus, apenas o reconduz àquilo que
considera ser a sua verdadeira personalidade, o homem. O homem é o criador de
todos os Deuses ou, dito por outras palavras, o sujeito de qualquer religião só pode
ser humano. Foi este pressentimento que levou a teologia a inventar um Deus
homem – Cristo (ALEIXO, 2009, p. 7).
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
Somente por meio do homem, ser dotado de razão, é que a existência de Deus pode
ser efetivada e a religião criada. O homem cria uma divindade moral (Deus metafísico) e
uma física (Deus da religião, ou que se efetiva através dela), e se aliena a essa realidade, sem
se dar conta de que ele mesmo é criador e não criatura, quando ainda se encontra num
estágio de consciência adormecida e razão condicionada. Ao relacionar-se com Deus e
fazer-se instrumento da religião, o homem abdica de grande parte dos anseios que lhe são
inerentes, nisso consiste a sua verdadeira limitação, fazendo com que a religião castre muitas
das ações humanas, o que pode representar retrocesso para seu gênero.
Para que o homem possa elevar a si, favorecendo o desenvolvimento de sua
197
consciência, ele carece do rompimento com a religião, devendo desprezar as suas regras
morais escravizantes ditadas. Esses são critérios primordiais para que o homem possa pensar
e agir por si e tomar o próprio gênero por parâmetro comportamental. Assim, ele passa de
um estágio de consciência adormecida para a consciência de sua essência, como se pode
perceber nas palavras do filósofo:
[...] minha intenção era mostrar que os poderes diante dos quais o homem se curva
e os quais teme na religião, diante dos quais ele não se intimida nem mesmo de
praticar sangrentos sacrifícios humanos a fim de aplacá- los são apenas criações de
sua própria afetividade servil e medrosa, assim como de sua razão ignorante e
inculta (FEUERBACH, 2009, p. 35-36).
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
Para que o homem seja conhecedor de sua essência e possa voltar-se para si como
parâmetro comportamental, ele utiliza-se de três elementos que são a própria composição
dessa essência, a saber: a razão (entendimento), o sentimento (coração ou amor) e a vontade
(ato de desejar). Essas são características específicas do gênero humano e lhe atribuem a
possibilidade de viver em função de si mesmo, tendo em vista que o homem contemplado
por essas qualidades é tido como completo; segundo o próprio Feuerbach (2012, p. 36) “um
homem completo possui a força do pensamento, a força da vontade, e a força do coração”.
O pensamento consiste no conhecimento iluminado pela razão, é o uso que o
homem dela faz quando já se encontra em seu estado de consciência. O sentimento é o amor
ou capacidade humana de amar, ou ainda, enfatizando o homem como objeto de si, a
inclinação do indivíduo de amar o seu gênero. A vontade, “a energia do caráter” 198
(FEUERBACH, 2012, p. 36), é a força que objetiva as escolhas livres, é o querer humano.
Como esses atributos são particularidades humanas, eles constituem sua essência e
fundamentam sua existência, pois o que está em sua essência é o que regula o curso e o
sentido de seu existir, logo “[...] querer, pensar, amar, são os propósitos que movem o
homem” (ALEIXO, 2009 p. 10).
Por meio dessa tríade, o homem mostra-se capaz de bastar-se do próprio gênero, sem
a necessidade de um Deus ou de seus predicados, pois já aí está a perfeição da espécie
humana, aí está o que a limita e ao mesmo tempo embeleza, já que o homem que reconhece
suas restrições como perfeição é o homem consciente e conhecedor de sua essência. Assim,
como afirma o filósofo, “[...] razão, amor e vontade são perfeições, são os mais altos
poderes, são a essência absoluta do homem enquanto homem e a finalidade de sua
existência. O homem existe para conhecer, para amar e para querer” (FEUERBACH, 2012,
p. 36).
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
Pautando-se no que foi exposto até então, afirma-se: Deus e a religião são criações
humanas. A imagem de um Deus perfeito se dá pelo fato de o homem atribuir a ele
características que lhe são próprias. Desse modo, a religião deturpa a essência do homem,
quando o faz crer que ela é apenas uma ínfima parte da essência divina. A busca do
homem por um ser absoluto nada mais é que a procura por sua própria essência, que é
auto-objetivação, autoafirmação e autoconsciência.
Ao ato de atribuir a Deus qualidades pertencentes ao gênero humano, pode- se dar o
nome de hipostatização. Esse mecanismo de projetar um ser metafísico com características
exclusivamente humanas lança os fundamentos do ateísmo proposto por Feuerbach. O
filósofo não pauta seu ateísmo na negação de Deus, mas na explicação de que um ser divino
estabelece relação de dependência diante do gênero humano. Em outras palavras, a
existência de Deus depende do homem.
Tal ideia constitui um dos principais fundamentos para se afirmar que o ateísmo
feuerbachiano é, antes, antropologia que puro ateísmo, visto que o embasamento de tal
ateísmo consiste na afirmação do homem.
A teologia feuerbachiana se identifica com a antropologia, ou ainda, toda a teologia
é, na verdade, uma antropologia velada, na qual o homem esquece-se de si, pois a religião, 200
especificamente aquela que se pauta na teologia cristã, o aliena. Quando essa religião
dogmática deixa de oferecer respostas plausíveis, ou seja, quando o homem toma
consciência de sua condição de ser divino, ele funda uma nova religião que se pauta na
antropologia, esquecendo os dogmas teológicos e elevando seu gênero a Deus. Ora, o que
seria essa nova religião senão a própria antropologia?
Assim, se funda a nova religião embasada em dois pilares: no ateísmo, à medida que
seu Deus não é um ser metafísico, mas material; e na antropologia, tendo em vista que seu
Deus é o próprio gênero humano. De acordo com essa religião, “[...] como o homem pensar,
assim é o seu Deus; o valor que tiver o homem, este será o valor atribuído a Deus”
(HARTMANN, 2012, p. 68). Tais postulados resgatam o valor que o homem perdeu ao
exteriorizar suas qualidades, porque o faz perceber que ele mesmo é o centro do problema
religioso.
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
Partindo dessa exposição, chega-se ao artifício que melhor resume a proposta desta
pesquisa: o pensamento de Feuerbach é, acima de tudo, antropologia, uma vez que, como ele
mesmo afirma:
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
alegava: “[...] verdadeiro, perfeito, divino é apenas o que existe em função de si mesmo”
(FEUERBACH, 2012, p. 36).
CONCLUSÃO
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE
IV ENCONTRO INTERNACIONAL LUDWIG FEUERBACH
TEMA: ANTROPOLOGIA E ÉTICA
assim dizer, ateia. Ateia no sentido de não haver Deus metafísico a ser adorado, pois nessa
religião a essência do gênero humano é objeto do próprio homem, o que, consequentemente,
o afirma como Deus.
Embora a pesquisa não objetive esgotar a discussão a respeito do referido tema e que
estas considerações finais não pretendam conferir caráter categórico à interpretação atribuída
ao pensamento do filósofo em questão, o que se almeja afirmar, a partir do que foi
desenvolvido, é que o homem que toma consciência de si e faz-se objeto para si mesmo é
capaz de desempenhar todas as suas atividades pautando seu comportamento no próprio
gênero. Para tanto, sua essência é seu objeto e a antropologia toma o lugar da teologia. Com
esse mecanismo, o gênero humano é beneficiado, tendo em vista que não mais se sentirá
limitado, pois, para seu próprio gênero, o homem é ilimitado. Além disso, ao aderir às
propostas de Feuerbach, o homem readquire sua autonomia e passa a pensar, agir e viver por
meio de seus próprios moldes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FORTALEZA - CE
19 A 23 DE MAIO DE