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TEXTO 14. JOSà DOMINGUES - Recepà à o Do Ius Commune Medieval em Portugal At㩠à S Ordenaà à Es Afonsinas
TEXTO 14. JOSà DOMINGUES - Recepà à o Do Ius Commune Medieval em Portugal At㩠à S Ordenaà à Es Afonsinas
Los índices de los distintos volúmenes de Initium y de las diferentes Actas de los Simposios
Internacionales sobre El Dret Comú i Catalunya pueden verse en la red en los siguientes
sitios en catalán y en castellano:
www.ub.es/dphdtr/2historia/4publicacions.html
www.ub.es/dphdtr/castella/2historia/4publicacions-cast.html
Associació Catalana d’Història del Dret “Jaume de Montjuïc”
INITIUM
REVISTA CATALANA D’HISTÒRIA DEL DRET
17
2 01 2
El Grup de Recerca «Jaume de Montjuïc» del Seminario de Historia del
Derecho de Barcelona ha adoptado esta Revista como su medio principal de
difusión.
José DOMINGUES
1
Apud António Manuel HESPANHA, Cultura Jurídica Europeia - Síntese de Um Milénio (2003) 89.
2
Sobre as dificuldades de conceptualização de conceitos opostos –tais como o de ius commune/
ius proprium, ius generale/ius particulare, ius commune/ius speciale etc.– desde Gayo e Ulpiano, passando
pelos glosadores e comentadores, até à actualidade vide Aquilino IGLESIA FERREIRÓS, «La Formación
de los Libros de Consulado de Mar», Initium 2 (1997) 4-9.
europeus até ao advento dos primeiros códigos, nos finais do século XVIII
e seguinte3. O renascimento jurídico medieval é, provavelmente, um dos
maiores fenómenos jurídicos da civilização da Europa Ocidental, com certeza,
um dos mais relevantes do seu último milénio.
Uma multiplicidade de factores e conjunturas concorreram para o
advento desse fenómeno cultural, religioso, jurídico e político que varreu
toda a Europa da Baixa Idade Média4. Convém, por isso, ter presente que,
segundo Ruy e Martim de Albuquerque, «a enumeração dos factores determi-
nantes da «renascença» do direito romano, pela variedade destes, sua complexidade,
dilatada génese e sincronia muito relativa, logo mostra não estarmos perante um
fenómeno histórico identificado com um momento concreto, mas sim face a um processo
protraído no tempo»5.
No entanto, de entre essa plêiade de fundamentos culturais, jurídicos,
económicos, demográficos, religiosos e políticos, é devida primazia e evidência
ao papel desempenhado pelo Studium generale ou Universidade, que, pouco a
pouco, se encarregou de disseminar por toda a Europa o Ius commune medieval6.
3
«Ni el profundo impacto de la revolución francesa del siglo XVIII ni el auge del positivismo
contemporáneo aventado por el movimiento codificador han sido capaces de borrar los trazos de una
tan arraigada tradición jurídica que encuentra su fuente directa de acción y de inspiración en aquella
generación entusiasta de europeus del siglo XII» - Carlos LARRAINZAR, «Las Raíces Canónicas de la
Cultura Jurídica Occidental», Ius Canonicum [= IC] XLI n.º 81 (2001) 13-34, em http://dspace.unav.
es/dspace/bitstream/10171/3667/1/81-01.Est.Larrainzar.pdf (consultado dia 10 de Abril de 2012).
4
Para uma sucinta actualização bibliográfica do tema em Portugal, a partir do ano 2000:
Nuno J. Espinosa Gomes da SILVA, História do Direito Português - Fontes de Direito (2011)
189-299. Mário Júlio de Almeida COSTA, História do Direito Português, com a colaboração de Rui
Manuel de Figueiredo Marcos (2010) 229-381. Fernando José Gautier Luso SOARES, Ensaio para a
História da Formação do Direito Medieval Português. O elemento romano (2009). Eduardo Vera-Cruz
PINTO, Terra de Santa Maria Terra-Mãe do Primeiro Portugal. Estudo de Direito Medieval Hispânico Sobre
a Independência de Portugal (1096-1179), vol. II - O Direito (2007). Ruy de A LBUQUERQUE e Martim de
A LBUQUERQUE, História do Direito Português, vol. 1 (2005) 261-334. Paulo Ferreira da CUNHA, Joana
Aguiar e SILVA e António Lemos SOARES, História do Direito. Do Direito Romano à Constituição Europeia
(2005) 159-194. Fátima Regina FERNANDES, «A Recepção do Direito Romano no Ocidente Europeu
Medieval: Portugal, um caso de afirmação régia», História: Questões & Debates, n.º 41 (2004) 73-83.
Joana Aguiar e SILVA, «A Ciência Jurídica Medieval: Mais do que a Passagem de um Testemunho. O
Renascimento Medieval do Direito Romano», Estudos em Comemoração do 10º Aniversário da Licenciatura
em Direito da Universidade do Minho (2004) 385-421. António Manuel HESPANHA, Cultura Jurídica
Europeia - Síntese de Um Milénio (2003) 89-134. Manuel Augusto RODRIGUES, «Note sul “ius commune”
in Portogallo», Rivista Internazionale di Diritto Comune 12 (2001) 265-287. Marcello CAETANO, História
do Direito Português (Séc. XII-XVI), seguida de Subsídios para a História das Fontes do Direito em Portugal
no Séc. XVI, Textos introdutórios e notas de Nuno Espinosa gomes da Silva (2000) 333-343.
5
A LBUQUERQUE E A LBUQUERQUE, História do Direito Português, 267.
6
A Universidade portuguesa foi criada pela bula De statu regni Portugaliae, de 9 de Agosto de
1290, outorgada pelo papa Nicolau IV. refere expressamente o ensino do «iure Canonico ac Civili» e
a existência de um doutor «in decretis» e um mestre «in decretalibus», i. e., um doutor para ensinar
o Decreto (decretista) e um mestre para o ensino das Decretais (decretalista). Na carta de privilégios
dionisina, de 15 de Fevereiro de 1309, para além dos dois professores de Direito canónico prevê-se,
também, um de Direito romano.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 123
A sua exacta origem cronológica (de Bolonha e da sua primazia, bem como
dos restantes reinos, nomeadamente, o de Portugal) tem apaixonado a inves-
tigação multidisciplinar dos mais diversos quadrantes do globo terrestre, com
desenvolvimentos recentes de elevado fuste, mas que ainda parece estar longe
de um entendimento pacífico.
7
No segundo quartel do século XII já existirá um incipiente resquício, cf. André GOURON, «Aux
origines de l’influence des glossateurs en Espagne», HID 10 (1983) 325-346, em http://institucional.
us.es/revistas/historia/10/07%20gouron.pdf (consultado dia 10 de Abril de 2012). Aquilino IGLESIA
FERREIRÓS, «El primer testimonio de la recepción del derecho romano en Cataluña?», RJC (1978).
8
Sobre a recepção em Espanha, cf. Antonio GARCÍA Y GARCÍA, Derecho Común en España: los
juristas e sus obras (1991). Antonio PÉREZ MARTÍN, «El estudio de la recepción del Derecho Común
en España», I Seminario de Historia del Derecho y Derecho Privado (1985) 241-325, em http://www.
derechoaragones.es/consulta/registro.cmd?id=605201 (consultado dia 10 de Abril de 2012). Para
Galiza, cf. os trabalhos de: Faustino MARTÍNEZ MARTÍNEZ, «Notas sobre la penetración del derecho
común en Galicia (siglos XII-XV)», CEG 48/114 (2001) 31-97, em http://estudiosgallegos.revistas.
csic.es/index.php/estudiosgallegos/article/viewFile/143/146 (consultado dia 10 de Abril de 2012).
Emma MONTANOS FERRÍN, «Reflejo jurídico-doctrinal del “sistema” del Ius Commune en el Reino
Medieval de Galicia», AFDUC 3 (1999) 417-431, em http://hdl.handle.net/2183/2024 (consultado
dia 10 de Abril de 2012).
9
José A. Duarte NOGUEIRA, Lei e Poder Régio I. As Leis de Afonso II (2006) 100-101.
124 JOSÉ DOMINGUES
10
Maria Luz A LONSO MARTÍN, «La perduración del Fuero Juzgo y el derecho de los castellanos
de Toledo», AHDE 48 (1978) 335-378.
11
Para uma análise critica e bem fundamentada desta questão, Cf. José Artur Duarte NOGUEIRA,
Sociedade e Direito em Portugal na Idade Média - Dos Primórdios ao Século da Universidade (Contribuição
para o seu Estudo) (1994) 168-189.
12
Sobre o fuero de León, cf. Gregoria CAVERO DOMÍNGUEZ, Etelvina FERNÁNDEZ GONZÁLEZ e
Fernando GALVÁN FREILE, «Imágenes reales, imágenes de justicia en la catedral de León», e-Spania, 3 |
junho 2007, [Em linha], colocado em linha a 25 Novembro 2009, em http://e-spania.revues.org/
index204.html (consultado dia 10 de Abril de 2012).
13
Cf. José DOMINGUES, Códices Medievais de «Ius Proprium» em Portugal (no prelo).
14
Estou cada vez mais convicto que, em Portugal, existiram colectâneas oficiais de Ius proprium
muito antes das Ordenações Afonsinas (1446). Neste momento, entendo que já estariam em vigor livros
de Ordenações em 1390, a que acresceu um novo livro de Ordenações em 1418, sendo que a compilação
das Afonsinas (que veio revogar as anteriores) só se terá iniciado –após a tentativa falhada nos finais do
reinado de D. João I– no início do reinado de D. Duarte (1433). Sobre este intrincado, e ainda pouco
estudado, processo compilatório Cf. José DOMINGUES, As Ordenações Afonsinas - Três Séculos de Direito
medieval (1211-1512) (2008) em http://docentes.por.ulusiada.pt/jdomingues/ (consultado dia 10 de
Abril de 2012). «;», «A Última Reforma do Direito Medieval Português», Revista Lusíada - Direito
[= RL-D] Série I 1/2 (2010) 359-437. «;», Códices Medievais de «Ius Proprium» em Portugal (no prelo).
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 125
15
Esta tradição remonta aos meados do século XVII, na Monarquia Lusitana (1650), de Francisco
Brandão. Um documento, sem data, colocado entre outros de D. Dinis, reporta-se explicitamente a
uma lei das Partidas (P.1.11.4), a propósito dos casos em que a Igreja não pode dar asilo aos que nela
se acolhem - Ordenações Del-Rei Dom Duarte [=ODD], Edição preparada por Martim de Albuquerque
e Eduardo Borges Nunes (1988) 279. No entanto, a única data concreta conhecida continua a ser a
que ficou registada nesta nota da versão portuguesa da Partida Terceira da Torre do Tombo: «Era de
mil e trezentos e seteenta e noue [1341] quatro dias por andar de Junho [26 de Junho] foy este livro começado.
E foy acabado quatro dyas depos San Miguel [3 de Outubro] da era de suso dita e som tres meses mays tres
dias. Vasco Lourenço dito Çoudo o escreueo. Deus lhj de boom acabamento» - Lisboa, IAN/TT - Leis e Orde-
nações, Núcleo Antigo 3, 125. Transcrita por José Azevedo FERREIRA, «Terceira Partida de Afonso X:
subsídios para a sua edição e estudo», Estudos de História da Língua Portuguesa: Obra dispersa, Colecção
Poliedro 7 (2001) 235.
16
José MATTOSO, «Leituras Cistercienses do Século XV», Religião e Cultura na Idade Média
Portuguesa, Obras Completas 9 (2002) 295 e 300: «Item huum liuro da primeira partida per lingoajem».
17
Pedro PINTO, «Inventário Quinhentista das Igrejas de Santa Maria do Olival, São João da
Praça, Santa Maria do Castelo, Santa Iria, Santa Maria das Pias, e da Ermida de Santa Maria do Monte»,
Revista de Artes Decorativas 4 (2010) 167-175: «Jtem outro liuro per lingoaJem da primeira partida e no cabo
com hum tractado de sancto agostinho». O inventário de 1510 desta igreja, publicado por Isaías da Rosa
Pereira dá conta apenas das Decretais de Gregório IX, mas não refere o livro das Partidas - cf. Isaías
da Rosa PEREIRA, «Achegas para a História da Cultura Jurídica em Portugal», Boletim da Faculdade
de Direito da Universidade de Coimbra [= BFDUC] 58-2 (1982) 511-528.
18
Isaías da Rosa PEREIRA, «Dos livros e dos seus nomes. Bibliotecas litúrgicas medievais»,
Arquivo de Bibliografia Portuguesa, 17/63 (1971-1973) 127 e 165: «Item huma Partida, a primeira».
19
Margarida Garcez VENTURA, A Colegiada de santo André de Mafra (Séculos XV-XVIII) (2002)
25: «Item (…) da partida».
20
Lisboa, IAN/TT - Leis e Ordenações, Núcleo Antigo 2 e 3. O 2 passou para a BN, Alc. 463.
126 JOSÉ DOMINGUES
(ii) Grande parte deste legisperitos são estrangeiros ou, então, estudantes
portugueses que procuraram no renovado saber jurídico uma oportunidade
21
«o início de uma individualização jurídico-política dos reinos, sem aceitar superiores de qualquer tipo,
está ligado ao pensamento e acção dos primeiros portugueses. Tal processo de afirmação política fundava-se na
romanidade do ius commune, não na reivindicação de criar direitos próprios (iura propria) como manifestações
de independência política ou singularidade cultural (nacional), como mais tarde veio a acontecer» - Eduardo
VERA-CRUZ, Terra de Santa Maria - Terra-Mãe do Primeiro Portugal, II (2007) 41.
22
«Lo que Van Caenegen ha afirmado para con respecto a Bélgica tiene también aplicación
plena en España [e Portugal]: “Está fuera de toda duda que el derecho romano penetró en nuestra patria
por dos vías: los hombres y los libros”. En otras palavras, la Recepción se llevó a cabo por medio de
los juristas, esa nueva clase social que se forma en las Universidades, y por la difusión de los libros
jurídicos». - PÉREZ MARTÍN, «El estudio de la recepción del Derecho Común en España», 245.
23
COSTA, História do Direito Português, 248-249. ALBUQUERQUE E ALBUQUERQUE, História do Direito
Português, 335-336.
24
Para o arquidiocese de Braga, cf. José Artur Duarte NOGUEIRA, «A Sé de Braga e a recepção do
direito romano-canónico em Portugal», IX Centenário da Dedicação da Sé de Braga - Actas do Congresso
Internacional I (O Bispo D. Pedro e o Ambiente Político-Religioso do Século XI) (1990) 557-563.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 127
para singrar na vida25. Da concordata dos onze artigos se pode inferir que no
início do reinado de D. Dinis já eram vulgares, vindo de tempos antecedentes,
as deslocações de eclesiásticos para Estudos estrangeiros, nomeadamente Paris,
ao ponto do monarca lhes permitir tirar moeda do país para suas despesas e
aquisição de livros26. Apartando-nos dos estudos de García y García, Paulo
Mêrea e Sousa Costa27, que contemplam os mais insignes, são ainda parcos os
estudos monográficos sobre a vida da grande maioria dos juristas medievais
portugueses –v. g., a abordagem prosopográfica ao chantre de Viseu e cónego
de Coimbra, Lourenço Esteves de Formoselha28 e os dados sobre o bispo do
Porto, D. Sancho Pires, detentor de uma abastada biblioteca jurídica29–. Por
outras palavras, ainda está muito longe (que me conste, em Portugal, ainda
nem sequer terá sido iniciado) o Corpus Iuristarum Hispanorum predicado por
Pérez Martín30.
É incontestável o papel deste juris-peritos na difusão do novo Ius commune,
mas como já se gastaram resmas de papel e correram rios de tinta sobre este
tema, não tendo nenhuma novidade relevante para aportar, permitam-me
que passe ao outro vector de penetração.
25
A bibliografia em seu torno é demasiado extensa, fica, por isso, a indicação onde pode ser
represtinada: Guilherme Braga da CRUZ, «O direito subsidiário na história do direito português»,
Revista Portuguesa de História [= RPH] XIV/3 (1975) 184 nota 8. COSTA, História do Direito Portu-
guês, 252-253 nota 2. Acrescente-se o trabalho de Mário Sérgio FARELO, «Os estudantes e mestres
portugueses nas escolas de Paris durante o período medievo (séc.s XII-XV): elementos de história
cultural, eclesiástica e económica para o seu estudo», Lusitania Sacra [= LS] 2.ª Série 13-14 (2001-
2002) 161-196.
26
OA.2.2, artigo VI. Confirmado em carta do mesmo monarca, de 23 de Agosto de 1292: «Item
outorgo e mando que aquelles que estão ou esteverem em estudo ou forem pera a Corte de Roma tirem dos meus
regnos ouro e prata sem dizima, como he contheudo no artigo que nos avemos em Corte de Roma e nenhum nom
os embargue» (OA.2.3.§7).
27
Antonio GARCIA Y GARCIA, Estudios sobre la Canonistica Portuguesa Medieval (1976).
António Domingues de Sousa COSTA, Mestre André Dias de Escobar, figura ecuménica do século XV
(Porto 1967). «;», Um Mestre Português em Bolonha no Século XIII, João de Deus (1957). «;», «;», Mestre
Silvestre e Mestre Vicente - Juristas da contenda entre D. Afonso II e as suas irmãs (1963). Paulo MERÊA,
«Domingos Domingues, Canonista Português do Século XIII», Estudos de História do Direito I - Direito
Português (2007) 429-436. Sobre o famoso Pedro Hispano, vide o recente trabalho de: Ángel D’ORS,
«Petrus Hispanus O. P., Auctor Summularum», Dicenda. Cuadernos de Fílologia Hispánica, 19 (2001)
243-291 e 25 (2007) 139-180.
28 Maria do Rosário Barbosa MORUJÃO e Anísio Miguel SARAIVA, «O chantre de Viseu e cónego
de Coimbra Lourenço Esteves de Formoselha (…1279-1318): Uma abordagem prosopográfica»,
LS 2.ª série 13-14 (2001-2002) 75-137.
29
«Estudou em Salamanca entre 1250-60, tendo, anteriormente, frequentado o estudo de
Vallodolid. De 1296 a 1300 foi bispo do Porto e participou no tratado de Alcanices, tendo falecido
neste último ano» – José MARQUES, «A Universidade de Salamanca e o Norte de Portugal, nos
Séculos XV-XVII», Península. Revista de Estudos Ibéricos 0 (2003) 90.
30
PÉREZ MARTÍN, «El estudio de la recepción del Derecho Común en España», 245-250.
128 JOSÉ DOMINGUES
31
Para que a nota não seja demasiado estirada, mesmo incluindo apenas a bibliografia que trata
os livros medievais em Portugal, remeto para autores onde se pode respigar essa bibliografia: SILVA,
História do Direito, 268-269 n. 1. COSTA, História do Direito Português, 249-250 nota 1. Saul António
GOMES, «Livros Medievais Portugueses. Novos elementos para o seu conhecimento», Biblos 3, (2005)
69 nota 1. José MATTOSO, «A cultura monástica em Portugal (875-1200)», Religião e Cultura na Idade
Média Portuguesa (2002) 276. Isaías da Rosa PEREIRA, «Livros de Direito na Idade Média», LS 1.ª série
vol. 7 (1964/66) 8-9 nota 3 e vol. 8, (1967/69) 96 nota 26.
32
Mário Júlio de Almeida COSTA, «Para a História da Cultura Jurídica Medieva em Portugal»,
BFDUC 35 (1959) 253-276 / Actas do Congresso Histórico de Portugal Medievo (1959), tomo I,
Bracara Augusta, 14-15/1-2 (49-50) (1963) 340-357.
33
Isaías da Rosa PEREIRA, «A Livraria da Universidade no Início do Século XVI», Arquivo de
Bibliografia Portuguesa [= ABP]10-12/37-48 (1964-1966) 155-170. «;», «Livros de Direito na Idade
Média I», LS 1.ª série, 7 (1964/66) 7-60. «;», «Livros de Direito na Idade Média II», LS 1.ª série 8
(1967/69) 81-96. «;», «Dos livros e dos seus nomes. Bibliotecas litúrgicas medievais», ABP 17/63
(1971-1973) 97-167. «;», «Achegas para a História da Cultura Jurídica em Portugal», BFDUC 58-2
(1982) 511-528.
34
Avelino Jesus da COSTA, «Biblioteca e Tesouro da Sé de Coimbra nos séculos XI a XVI»,
2.ª ed., BFDUC 38 (1983) 1-219. «;», A Biblioteca e o Tesouro da Sé de Braga nos Séculos XV a XVIII
(1985).
35
Saul António GOMES, «Livros e Alfaias Litúrgicas do Tesouro da Sé de Viseu em 1188»,
Humanitas, 54 (2002) 269-281. «;», «Três Bibliotecas Particulares na Coimbra de Trezentos. Em
torno das elites e das culturas urbanas medievais», Revista de História das Ideias 24 (2003) 9-49. «;»,
«Livros Medievais Portugueses: Novos elementos para o seu conhecimento», Biblos 3 (2005) 69-84.
36
Testamenti Ecclesiae Portugaliae (1071-1325), História Religiosa - Fontes e Subsídios 6, Coord.
Maria do Rosário Barbosa Morujão (2010).
37
José MATTOSO, «Leituras Cistercienses do Século XV», Religião e Cultura na Idade Média
Portuguesa, Obras Completas 9 (2002) 276-301 - inventários dos livros do mosteiro de Bouro e Seiça,
do séc. XV. Anísio Miguel de Sousa SARAIVA, «O processo de inquirição do espólio de um prelado
trecentista: D. Afonso Pires, bispo do Porto (1359-1372)», LS 2.ª série, 13-14 (2001-2002) 197-228.
Ana Paula Figueira SANTOS e Anísio Miguel de Sousa SARAIVA, «Património da Sé de Viseu segundo
um inventário de 1331», RPH 32 (1997/1998) 107-108. Maria Clara Pereira da COSTA, «A Problemá-
tica da Inserção Social de Luís de Camões. Perfil Individual e Social de alguns Camões (Inventário
Documental)», Actas da IV Reunião Internacional de Camonistas (1984) 281-288 doc. 27 - testamento
de mestre João das leis de 20 de Março de 1383. Manuel Gonçalves da COSTA, História do Bispado e
Cidade de Lamego I (1977) 189-190 e 542-543. Alberto FEIO, «Os bens dum Bispo na Idade Média.
Inventário do século XIII», Boletim da Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Braga I (1920) 117-126
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 129
38
Particularizo este testamento por não aparece publicado nos Testamenti Eclesiae, apesar de
publicado por Ruy de ALBUQUERQUE e Martim de ALBUQUERQUE, História do Direito Português - Elementos
Auxiliares I (1992) 178: «Jtem a Viçente meu criado todo o herdamento que hej na Azoya em termho de Sanc-
taren e mando-lhj As mhas degretaaes e o meu Innocencio se for clerigo e depos sa morte vendan-sse os liuros e
den-sse por mha Alma».
39
Identificado como bacharel em Direito canónico, ouvidor do rei D. Fernando e prior na igreja
de São Lourenço de Alhos Vedros.
40
Lisboa, IAN/TT - Viscondes de Vila Nova de Cerveira, cx. 4, n.º 12.
41
«Mando Portugalensi ecclesiae decreta mea et institutiones et autenticam et nouellam sicut
sunt in uno volumine et summam decretorum et institutionum et codicis siti in alio volumine (…)
Mando Bracharensi ecclesiae codicem meum et digestum uetus et nouum in tres partes cum isforciato»
(Deixo à igreja do Porto os meus Decreto e Instituições e Autêntico e Novela tal como estão num
só volume, e a Suma do Decreto e das Instituições e do Código postas noutro volume (…) Deixo à
igreja bracarense o meu Código e o Digesto Velho e Novo em tres partes com o Esforçado) - Censual do
Cabido da Sé do Porto - Códice membranáceo existente na Biblioteca do Porto, Ed. Joaquim Grave, (1924)
385 e 386.
42
Cf. SILVA, História do Direito Português, 612-617 nota final VIII - Sobre D. Fernando Martins e
os seus livros de Direito.
43
Giuseppe Mazzanti, apud José Miguel VIEJO-X IMÉNEZ, «“Gratianus Magister” y “Guarnerius
Teutonicus”. A propósito del “XIth International Congress of Medieval Canon Law” de 2000 em
Catania», IC XLI/81 (2001) 55, em http://dspace.unav.es/dspace/handle/10171/3668 (consultado dia
10 de Abril de 2012). Para reforçar a tradição em favor de Irnério e, dessa forma, afastar a crítica de
Cortese, Padovani acrescenta que, poucos anos depois da morte de Irnério, Filipe de Harcourt doou
à biblioteca do mosteiro de Bec tres partes et Digesta nova/, Digesta vetera/, Inforciata et liber autenti-
corum/, liber Institutionum et tres libri Codicis/, Instituta Iustiniani minora: cinco livros, precisamente,
adquiridos provavelmente na sua viagem a Itália entre 1144 e 1152-54 (aggiungo che, pochi anni dopo
la morte di questi, Filippo di Harcourt poteva donare alla biblioteca del monastero di Bec tres partes et Digesta
nova/, Digesta vetera/, Inforciata et liber autenticorum/, liber Institutionum et tres libri Codicis/, Instituta
Iustiniani minora: cinque libri, appunto, acquistati probabilmente nei suoi viaggi in Italia tra il 1144 ed il
1152-54) - Andrea PADOVANI, Alle Origine dell «Universitat» di Bologna: L’Insegnamento di Irnerio, em
130 JOSÉ DOMINGUES
http://www.giuri.unibo.it/NR/rdonlyres/E8A63069-10E5-4796-A714-6D866694BE1D/183338/
ALLEORIGINI.pdf (consultado dia 10 de Abril de 2012).
44
Que ainda chegaram aos nossos dias: Lisboa, BN - Alcobacense 381.
45
Testamenti Ecclesiae Portugaliae (1071-1325) 259 doc. 2.16.
46
PEREIRA, «Livros de Direito na Idade Média I», 16-17 doc. 3.
47
Testamenti Ecclesiae Portugaliae (1071-1325) 310-313 doc. 2.28.
48
GOMES, «Três Bibliotecas Particulares», 40 doc. 1.
49
Corresponde à divisão antiga do Corpus Iuris Civilis, onde o Digesto Novo começava nas palavras
tres partes (D.35.2.82 –«…sin vero centum tantum facere possit, heredi ex refecto quarta servanda
est: sic fiet, ut centum, quae praestari possunt, in quattuor partes dividantur, tres partes ferant
legatarii, heres viginti quinque habeat, debitor, qui solvendo non est, secum centum quinquaginta
compenset…»–) e não no livro 34. Posteriormente, o conteúdo desde a expressão tres partes até ao
livro 39 foi destacado para o Digesto Esforçado.
50
Testamenti Ecclesiae Portugaliae, 310-313 doc. 2.28.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 131
João das Leis, por intermédio do seu escudeiro Gonçalo Miguéis, um livro
com o Decreto de Graciano glosado. Para o caso de incumprimento, se o
comodatário não restituísse o livro quando lhe fosse pedido ou mandado
pedir, ficou estatuída uma sanção pecuniária reconstitutiva de trezentas
libras portuguesas; para o caso de atraso no cumprimento, fixa-se uma sanção
compulsória de vinte soldos portugueses por cada dia de atraso. O documento
identifica incipits e explicits, que podem ser de bastante utilidade, sobretudo,
para futuras indagações de índole codicológica, passemos-lhe então a palavra:
51
Mosteiro do Salvador de Freixo, em Amarante.
52
Lisboa, IAN/TT - Viscondes de Vila Nova de Cerveira, cx. 2, n.º 2.
132 JOSÉ DOMINGUES
Folha segunda:
• Início: «Satira uero lex est.» (c. 7, d. II)53 / «satira uero de hac satira
nihil habemus» (Glosa)
• Final: «aprobata non sunt senon» (c. 6, d. IV)54 / «de si quis per uetus
testamentum» (Glosa)
Folha penúltima:
53
«Satyra uero lex est, que de pluribus simul rebus eloquitur dicta a copia rerum et quasi a
saturitate: unde et satyram scribere est poemata uaria condere, ut Oratii, Iuuenalis et Persii».
54
«IV. Pars. Gratianus. Hec etsi legibus constituta sunt, tamen quia communi usu approbata
non sunt, se non observantes transgressionis reos non arguunt; alioquin his non obedientes proprio
priuarentur honore, cum illi, qui sacris nesciunt obedire canonibus, penitus officio iubeantur carere
suscepto; nisi forte quis dicat, hec non decernendo esse statuta, sed exhortando conscripta. Decretum
uero necessitatem facit, exhortatio autem liberam uoluntatem excitat».
55
«IV. Pars. Conuenit ordinem ecclesiae ab omnibus equaliter custodiri. Unde statuendum
est, ut sicut ubique fit, post antiphonas collationes ab episcopis uel presbiteris dicantur, et ymni
matutini uel uespertini diebus omnibus decantentur, et in conclusione matutinarum uel uesperti-
narum missarum post ymnos capitella de psalmis dicantur, et plebs collecta oratione ad uesperam
ab episcopo dimittatur cum benedictione».
56
«… Unde et Galienus uir doctissimus Ypocratis interpres athletas, quorum uita et ars sagina
est, dicit in exhortatione medicinae, nec uiuere posse diu, nec sanos esse, animasque ita nimio sanguine
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 133
et adipibus quasi luto inuolutas, nichil tenue, nichil celeste, sed semper de carnibus, eructuare, et
uentris ingluuie cogitare».
57
«Outrossy Senhor sentimos pouco seruiço a uos E menos proueito a vossa terra por o vosso ofiçio de Julgar
seer posto em pesoas que de todo som Jnorantes que nom sabem leer nem escpreuer nem conheçem letrra E desto
se segue uergonça aa terra E aJnda vossos mandados nom som sçertamente conpridos porque se lhes
vossas cartas som enviadas pera conprirem cousas que lhes mandees fazer em segredos elhes [sic]
neçesario de mostrarem vossas cartas aos tabaliaães ou a outras pesoas que lhas leam e saibham parte
de uosso segredo E mujtas outras Jnportonidades sse seguem desto praza aa uossa merçee mandar que
nom possa seer Juiz saluo se souber leer e escpreuer E esto onde poderem seer achados. Jtem diz El Rej que
pedem bem E que sse guarde nas çidades e villas hu ouuer quatroçentos homens pera cima» - Ponte
de Lima, AM - Pergaminho 19, 9v.
134 JOSÉ DOMINGUES
58
Garcia de RESENDE, Cancioneiro Geral: cum preuilegio (1516) XXVIII, em http://purl.pt/12096
(consultado dia 10 de Abril de 2012).
59
Cortes Portuguesas. Reinado de D. Manuel I (Cortes de 1498) (2002) 79-80.
60
ODD, 285-292.
61
Lisboa, IAN/TT - Maço I Leis, doc. 96.
62
ODD, 549-550.
63
Livro das Leis e Posturas (=LLP), Prefácio de Nuno Espinosa Gomes da Silva e leitura paleo-
gráfica e transcrição de Maria Teresa Campos Rodrigues (1971) 452-458.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 135
64
Lisboa, IAN/TT - Feitos da Coroa, Núcleo Antigo 458, 47
65
Chancelaria D. Pedro I (1357-1367) (1984) 296 doc. 636.
66
«Si quis in tantam furoris pervenit audaciam, ut possessionem rerum apud fiscum vel apud
homines quoslibet constitutarum ante eventum iudicialis arbitrii violenter invaserit, dominus quidem
constitutus possessionem quam abstulit restituat possessori et dominium eiusdem rei amittat: sin
vero alienarum rerum possessionem invasit, non solum eam possidentibus reddat, verum etiam
aestimationem earundem rerum restituere compellatur» (C.8.4.7).
67
Portugaliae Monumenta Historica - Leges I, 328. LLP, 125.
68
ODD, 89 e LLP, 114-115.
69
Praetoris verba dicunt: «infamia notatur qui ab exercitu ignominiae causa ab imperatore
eove, cui de ea re statuendi potestas fuerit, dimissus erit: qui artis ludicrae pronuntiandive causa in
scaenam prodierit: qui lenocinium fecerit: qui in iudicio publico calumniae praevaricationisve causa
quid fecisse iudicatus erit: qui furti, vi bonorum raptorum, iniuriarum, de dolo malo et fraude suo
nomine damnatus pactusve erit: qui pro socio, tutelae, mandati depositi suo nomine non contrario
iudicio damnatus erit: qui eam, quae in potestate eius esset, genero mortuo, cum eum mortuum esse
sciret, intra id tempus, quo elugere virum moris est, antequam virum elugeret, in matrimonium
collocaverit: eamve sciens quis uxorem duxerit non iussu eius, in cuius potestate est: et qui eum,
quem in potestate haberet, eam, de qua supra comprehensum est, uxorem ducere passus fuerit: quive
suo nomine non iussu eius in cuius potestate esset, eiusve nomine quem quamve in potestate haberet
bina sponsalia binasve nuptias in eodem tempore constitutas habuerit». (D.3.2.1)
1. Etsi talis sit maritus, quem more maiorum lugeri non oportet, non posse eam nuptum
intra legitimum tempus collocari: praetor enim ad id tempus se rettulit, quo vir elugeretur: qui
solet elugeri propter turbationem sanguinis.
2. Pomponius eam, quae intra legitimum tempus partum ediderit, putat statim posse nuptiis
se collocare: quod verum puto.
3. Non solent autem lugeri, ut neratius ait, hostes vel perduellionis damnati nec suspendiosi
nec qui manus sibi intulerunt non taedio vitae, sed mala conscientia: si quis ergo post huiusmodi
exitum mariti nuptum se collocaverit, infamia notabitur. (D.3.2.11.1-3)
70
Imperator Gordianus . Decreto amplissimi ordinis luctu feminarum deminuto tristior habitus
ceteraque hoc genus insignia mulieribus remittuntur, non etiam intra tempus, quo lugere maritum
136 JOSÉ DOMINGUES
moris est, matrimonium contrahere permittitur, cum etiam, si nuptias alias intra hoc tempus secuta
est, tam ea quam is, qui sciens eam duxit uxorem, etiam si miles sit, perpetuo edicto labem pudoris
contrahit. (C.2.11.15)
Imperatores Gratianus, Valentinianus, Theodosius . Si qua ex feminis perdito marito intra anni
spatium alteri festinavit innubere ( parvum enim temporis post decem menses servandum adicimus,
tametsi id ipsum exiguum putemus) , probrosis inusta notis honestioris nobilisque personae et decore
et iure privetur atque omnia, quae de prioris mariti bonis vel iure sponsalium vel iudicio defuncti
coniugis consecuta fuerat, amittat. (C.5.9.2)
71
P.6.3.5 - Como la muger que casa ante que se cumpla el año en que murió su marido non puede seer
establescida por heredera.
72
«Mulier, nubens infra annum lugubrem, infamiam non incurrit. H. d. cum sequenti Abbas
Siculus.
Urbanus III. Exonensi Episcopo.
Super illa vero quaestione, qua quaesitum est, an scilicet mulier possit sine infamia nubere
infra tempus luctus secundum leges diffinitum, sollicitudini tuae respondemus, quod, quum Apos-
tolus dicat: «mulier, viro suo mortuo, soluta est a lege viri sui et in Domino nubat cui voluerit per
licentiam et auctoritatem Apostoli eius infamia aboletur» (X.4.21.4).
«Summatur ut praecedens. Mulier, nubens infra annum lugubrem, infamia non incurrit.
Innocentius III. P. nobili mulieri.
Quum secundum Apostolum mulier, mortuo viro suo, ab eius sit lege soluta, et nubendi cui
vult, tantum in Domino, liberam habeat facultatem: non debet legalis infamiae sustinere iacturam,
quae, licet post viri obitum infra tempus luctus, scilicet unius anni spatium, nubat, concessa sibi
tamen ab Apostolo utitur potestate, quum in his praesertim saeculares leges non dedignentur sacros
canones imitari. Quum igitur ad secunda disponas vota transire, sciens, quod nubere melius est quam
uri, tuum in Domino propositum commendamus, et ne id tibi vel ei qui te duxerit in iacturam vel
infamiam ab aliquo imputetur auctoritate praesentium expressius inhibemus, quum concessam tibi
ab apostolo nubendi tantum in Domino liberam habeas facultatem». (X.4.21.5).
73
Ordenações Afonsinas, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa 1984. Fac-simile a partir da
edição das Ordenaçoens do Senhor Rey D. Affonso V (1792) [= OA] (OA.4.17).
74
LLP, 454
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 137
75
LLP, 127-128. Cf. Anexo 3.
76
«E ainda mando que lhy nom enpeesca aquela lei do codigo que ffala no titulo dos testamentos
que nom som bem feitos e aquela lei que se começa com queritur (C.3.28.6) e outentico que sse começa nouissima
(I.3.4.3)» - Lisboa, IAN/TT - Chancelaria de D. Dinis, Liv. 3, 66.
77
V. g., Lisboa, IAN/TT - Chancelaria de D. Dinis, Liv. 3, 33 (1305.Setembro.09).
78
Estas clausulas gerais servem de critério aferidor para as fontes de Direito vigentes, v. g., em
documento de 1357, «nom embargando todallas leis degredos degretãaes custumes husos foros constitujções e
todollos outros djreitos que esto contradizem e enbargam ajnda que tãaes seiam que expresamente aquj deuam
seer postos e nomeados» - Chancelaria D. Pedro I, 38-39 doc. 76; noutro de 1380, «nom embargando todallas
leis e degredos e degretaães e glosas hordenaçoões constitujções foros e custumes façanhas e outros quãeesquer
derreitos assy canonjcos como ciueis que em contrairo desto seiam fectos» - Lisboa, IAN/TT - Chancelaria
de D. Fernando, Liv. 2, 66-66v. Cf. outros exemplos em A LBUQUERQUE e A LBUQUERQUE, História do
Direito Português, 430.
138 JOSÉ DOMINGUES
aos fidalgos legítimos –v. g., os costumes dos fidalgos de Espanha e as Partidas
de Afonso X79 (cf. Anexo 3)–.
(i) Ainda nos falta uma investigação exaustiva e sistemática aos formu-
lários notariais80 e às peças processuais do medievo português para que se
possa ter, pelo menos, uma noção aproximada da integração do Ius commune e
sua aplicação efectiva no foro jurisdicional e tabeliónico, laico ou eclesiástico.
Nem esta é a conjuntura adequada para tal investigação séria e aturada. Diga-
se, para já, que não deixa de ser sintomático que em determinados diplomas
legislativos régios da 1.ª Dinastia se revele uma concepção de justiça muito
próxima à divulgada pelos textos do Corpus Iuris Civilis 81–v. g., numa lei de
D. Dinis (1281), contra os que não fazem justiça e prolongam os processos82,
noutra de D. Afonso IV, contra a vindicta privata (1326) 83, a que consta na lei
de D. Fernando, sobre as malfeitorias dos fidalgos (1375) 84, a registada na carta
79
«Outrossy nom embargando as leis e parrafos que fallam em maneira dos Retos e desafiamentos nos liuros
das partidas no titullo dos Retos (P.7.3)» – Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, 92-92v
(1382.Julho.01).
80
A propósito do influxo do direito romano ou canónico nos contratos e a reacção do direito consuetu-
dinário, cf. Henrique da Gama BARROS, História da Administração Pública em Portugal nos séculos XII
a XV, 6 2.ª ed. (1945) 199-205. Essa influência já surge em quitação de 28 de Julho de 1228, mas
só na segunda metade do século XIII se torna mais frequente. Exemplifica o autor, sobretudo, com
o instituto da posse corporal e do justo preço, que já é invocado pelos procuradores dos concelhos nas
Cortes de Santarém de 1331. Conclui, no entanto, que «o uso do direito romano nos contractos, ainda
quando decretado, implícita ou explicitamente, na legislação geral, deve, em parte, entender-se limitado pelo
aferro natural do povo à jurisprudencia consuetudinaria».
81
«pr. - Iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi; 1 - Iuris praecepta haec
sunt: honeste vivere, alterum non laedere, suum quique tribuere» (D.1.1.10).
82
«cá bem sabedes vós, cá pero esto me fez a mim Deus Rei pera fazer Justiça, e pera fazela fazer
em todo meu reino: de guisa que cada uum aja aquello, que deve aaver (…) e que cada huum aja seu dereito
(…) fazede que cada huum aja todo o seu dereito, e nenguum nom perca seu dereito per pontaria» – Frei
Joaquim de SANTA ROSA DE VITERBO, Elucidário das palavras, termos e frases que em Portugal antigamente
se usaram e que hoje regularmente se ignoram, ed. crítica por Mário Fiúza (1983-1984) s. v. «Pontaria».
Em contra-partida, nesta lei já se pressente uma aberta hostilidade contra os advogados.
83
«A milhor das virtudes per que o mundo se sostem e rege assy he aquella per que cada hum ha o seu e
per que cada huum guarda sua honrra e he mantheudo no seu estado; e esta virtude he a Justiça» – OA.5.53.§1.
84
«e assy pela ley de Deos como pela ley dos homeens he commetida e encomendada aos Reyx e
a elles he mais propria que a outro nenhuum pera guardar e defender cada huum no seu e nom leixar nem
consentir a nenhuum de fazer obra de poderio nem prema contra os seus sobjeitos» – (OA.3.60.§1).
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 139
de Bruges (ca. 1426), que o infante D. Pedro dirige ao seu irmão, o futuro
rei D. Duarte85, ou a que surge em sentenças eclesiásticas (1402) 86 e (1443) 87,
ou ainda a que surge no proémio das Afonsinas, referindo expressamente as
compilações imperiais88–.
85
«A justiça tem duas partes: huma he dar a cada hum o que he seu, e a outra dar-lho sem delonga»
- Livro dos Conselhos de el-rei D. Duarte (Livro da Cartuxa), edição diplomática de A. H. de Oliveira
Marques, João José Alves Dias, Teresa F. Rodrigues (1982) 27-39. Artur Moreira de SÁ, «A “Carta
de Bruges” do Infante D. Pedro», separata de Biblos 28 (1952).
86
«aguardar a cada huum o seu direito» - Braga, AD - Colecção Cronológica, 950.
87
«E que o ffares bem e ffielmente segundo deus e uossa conciencia dando a cada huum o que
sseu for» - Braga, AD - Colecção Cronológica, 1200.
88
«e por tanto consirando os Emperadores o grande louvor que o Estado Real consegue per bem
da justiça, disserom nas suas Imperiaaes compilaçoões que nom he achada antre todalas virtudes alguma
tão louvada nem de tão grande preço como a justiça, porque ella soo he a que tolhe todo peccado e
maldade e ainda conserva cada huum em seu verdadeiro seer, dando-lhe o que seu he direitamente» – OA.1.Pr.
89
Dúvida legada por José de Azevedo FERREIRA, «Terceira Partida de Afonso X: subsídios para
a sua edição e estudo», Estudos de História da Língua Portuguesa: Obra dispersa (2001) 246. Cf. Isabel
BECEIRO PITA, «Notas sobre la influencia de “Las Siete Partidas” en el reino Portugués», Os Reinos
Ibéricos na Idade Média (2003) 491: «El conjunto de las diversas anotaciones y documentos recogidos en este
manuscrito lleva a pensar que, con toda probabilidad, Las Siete Partidas no funcionaron en Portugal como
una normativa utilizada en primera instancia».
90
Posteriormente, este título da Partida VII serviu de substrato para o título das Afonsinas
(OA.1.64 - «Dos retos e em que casos devem seer outorguados»).
91
O documento, no início, está datado da «Era de mil e quatrocentos e trinta e tres annos», corres-
pondente ao ano de 1395. Deve ter sido erro do compilador do Livro dos Copos, porque a era que se
adequa à cronologia de todo o processo é a de mil quatrocentos e trinta e quatro (= ano de 1396).
Caso contrário, a iniciar-se em 1395, teríamos um vácuo injustificável para o ano de 1396. Por outro
lado, a procuração de Maria Gonçalves ao seu procurador, Gomes Eanes, é do dia 6 de Novembro da
«Era de mil e IIIIc XXX IIII° annos» (= ano de 1396). Por isso, só podem ser posteriores a essa data
os actos praticados por este procurador em nome da dita Maria Gonçalves. O que quer dizer que a
parte que nos chegou deste processo judicial se desenrolou, em Alcácer do Sal, nos meses finais de
1396 (Novembro e Dezembro) e primeiro de 1397.
92
Militarium Ordinum Analecta 7. Fontes para o estudo das Ordens Religioso-Militares. Livro dos Copos
(2006) 248-256 doc. 130, em http://www.cepese.pt/portal/investigacao/publicacoes/Militarium_7.
pdf (consultado dia 10 de Abril de 2012).
140 JOSÉ DOMINGUES
93
«se o padre ou madre d’alguum menyno ou menyna ou anbos em senbra venderem alguum herdamento
ou casa ou vinha que seja da sua avoenga e o dicto menino ou menyna for nado e nom passam de revora que a
dicta ley outorga em tal caso, convem a saber, seendo o dito menino de quatorze annos e a menyna de doze dan
lhe tanto por tanto ho herdamento e cada huum destes desta ydade possam demandar e cobrar e aver tanto por
tanto esse herdamento ou casa ou vinha que assi foi vendida que seja da sua avoenga». O texto coincide com
o preceituado em OA.4.30.2, nas ODD 95 e no LLP 84.
94
«pede ora o dito curador em nome da dicta moça e por elle a vos juizes que per bem e virtude da sobre-
dita ley da avoenga do tanto por tanto julgando mandedes aa dicta Maria Funcha que receba da dicta moça
as ditas saseenta livras que assy deu pella dita binha de conpra e lhe leixe e desempare a dicta binha».
95
Lisboa, IAN/TT - Núcleo Antigo, n.º3. Esta tradução portuguesa da Partida III foi iniciada
a 26 de Junho e terminada a 3 de Outubro de 1341. Cf. nota 15.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 141
96
Para um cotejo mais preciso foi usado o texto original da Torre do Tombo.
97
Diferente em A e C.
98
Falta em B e C.
99
Falta em B e «home» em C.
100
Diferente de B e C.
101
Mais próximo de C.
102
Mais próximo de C.
103
Diferente em A e falta em C.
142 JOSÉ DOMINGUES
104
Falta em A.
105
Mais próximo de C.
106
Falta em A.
107
Mais próximo de C.
108
Diferente em A e C.
109
Diferente em A e C.
110
Diferente em A e C.
111
Falta em C.
112
Falta em A.
113
Diferente em A e C.
114
Diferente em A e C.
115
Diferente em A e C.
116
Diferente de A e C.
117
Falta em B e «pessoa» em A.
118
Falta em A e B.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 143
(ii) É comum afirmar-se que Afonso II, nas Cortes reunidas em Coimbra
no primeiro ano do seu reinado (1211), já teria aproveitado os benefícios da
romanística, sobretudo, na redacção da lei da ira régia. Existe uma certa corres-
pondência desta ordenação afonsina com o estatuído no Codex de Justiniano
(C.9.47.20)122, mas não total coincidência. Salientando as discrepâncias e a
possibilidade de uma influência romana através de tradição peninsular, Duarte
Nogueira admite «que os dois textos não estejam necessariamente relacionados»123.
Ruy e Martim de Albuquerque, sem inteira certeza, ainda referem a influência
justinianeia detectada na lei do crime de heresia124. Colocada em dúvida a
legislação de Afonso II, é compreensível que a jurishistoriografia se incline
para uma influência romanista na legislação portuguesa, sobretudo, a partir
de D. Afonso III125.
119
Transcrição errónea de «escrita».
120
Transcrição errónea de «Partida».
121
Maria João Oliveira e SILVA, A Escrita na Catedral: A Chancelaria Episcopal do Porto na Idade
Média (Estudo Diplomático e Paleográfico) (2010) 129-130.
122
«Si vindicari in aliquos severius contra nostram consuetudinem pro causae intuitu iusserimus,
nolumus statim eos aut subire poenam aut excipere sententiam: sed per dies triginta super statu
eorum sors et fortuna suspensa sit. 1. Reos sane accipiat vinciatque custodia et excubiis sollertibus
vigilanter observet» (C.9.47.20).
123
NOGUEIRA, Lei e Poder Régio I, 317-322.
124
A LBUQUERQUE e A LBUQUERQUE, História do Direito Português, 340.
125
Fátima Regina FERNANDES, «A Recepção do Direito Romano no Ocidente Europeu Medieval:
Portugal, um caso de afirmação régia», História: Questões & Debates 41 (2004) 73-83. A LBUQUERQUE
e A LBUQUERQUE, História do Direito, 339-341.
144 JOSÉ DOMINGUES
126
José DOMINGUES e Manuel MONTEIRO, «Lucubrações em Torno do Estado de Direito», RL-D 4
(2011) 187-188.
127
OA.5.18.§3. Mais um comprovativo das dificuldades de recepção do ius commune em Portugal.
Este costume vai adquirir força de lei, sendo certo que a vingança em adultério, «outorgado per costume
dos nossos Regnos», ainda é reconhecida pelo compilador das Ordenações Afonsinas (1446), como excepção
à vindicta privada - OA.5.53.§26.
128
OA.2.30.§§1-5.
129
OA.2.4.
130
A problemática levantada pela lei de 1211, em caso de conflito entre o Direito canónico e as
leis do rei, inicia-se com Braga da Cruz e irá gravitar entre as posições divergentes de Espinosa Gomes
da Silva e José Mattoso, com uma exegese e tomada de posição em favor de Braga da Cruz por parte
de Duarte Nogueira. Cf. as referências bibliográficas concretas em SILVA, História do Direito, 184-185
nota 2. Veja-se também o que, a este propósito, referi em Ordenações Afonsinas, 34-36.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 145
131
José MARQUES, «O recurso à justiça secular no século XV: um caso paradigmático», Scientia
Iuridica [= SC] LIV/301 (2005) 89-114.
132
OA.2.1, artigo 20º.
133
Ana Maria MARTINS, Documentos Portugueses do Noroeste e da Região de Lisboa. Da Produção
Primitiva ao Século XVI (2001) 153 doc. 28 (publica o original do mosteiro de S. Salvador de Moreira).
134
LLP, 483-484.
135
LLP, 380.
136
OA.2.9. Para o enquadramento e interpretação deste preceito afonsino: José Artur A. Duarte
NOGUEIRA, «Algumas reflexões sobre o direito subsidiário nas Ordenações Afonsinas», sep. Revista
146 JOSÉ DOMINGUES
de Direito e de Estudos Sociais XXIV/4 (1980); Nuno J. Espinosa Gomes da SILVA, «O Sistema de
fontes das Ordenações Afonsinas», SC XXIX/166-168 (1980).
137
Mário Júlio de Almeida COSTA, «La présence d’Accurse dans l’histoire du droit portugais»,
BFDUC 41 (1965) 47-62; «Um Jurista em Coimbra, parente de Acúrsio», Revista da Faculdade de
Direito, 38 (1962) 251-256.
138
Martim de A LBUQUERQUE, «Bártolo e Bartolismo na História do Direito Português», Estudos
de Cultura Portuguesa 1 (1984) 35-123; Mário Júlio de Almeida COSTA, «Romanismo e Bartolismo no
Direito Português», BFDUC 36 (Coimbra 1960) 16-43; Nuno J. Espinosa Gomes da SILVA, «Bártolo
na História do Direito Português», Revista da faculdade de Direito da Universidade de Lisboa XII
(Lisboa 1960) 177-221.
139
Uma validação da Opinião de Bártolo já consta em alvará de 19 de Maio de 1425, cf. SILVA,
História do Direito Português, 306 nota 1. No dia 18 de Abril de 1426 D. João I determina que na
Câmara de Lisboa haja dois livros de leis (com o Código, Glosa, Opinião e Declaração em Português),
presos por uma cadeia para não serem roubados, para consulta tanto dos que tiverem feitos como dos
seus procuradores. Cf. cota arquivística e sucessivas fontes impressas em SILVA, História do Direito
Português, 303-304 nota 1. Acrescentem-se as seguintes publicações: Ruy de A LBUQUERQUE e Martim
de A LBUQUERQUE, História do Direito Português - Elementos Auxiliares, I (1992) 21-22; Pedro Caridade
de FREITAS, «O Estilo da Corte - Do Século XIII à Lei da Boa Razão», Estudos em Homenagem ao Prof.
Doutor Raul Ventura I (2003) 753-754 (a partir de Albuquerque); Fernando José Gautier Luso SOARES,
Ensaio para a História da Formação do Direito Medieval Português. O elemento romano (2009) 161-162.
140
Cf. toda a problemática em CRUZ, «O direito subsidiário na história do direito português»,
207-212 nota 44.
141
João Pedro Ribeiro refere a existência de umas Decretais traduzidas em 1359 e Isaías da Rosa
Pereira encontra outras na igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, no ano de 1510 - PEREIRA,
«Achegas para a História da Cultura Jurídica em Portugal», 512. Noutro documento aparecem
confirmadas essas Decretais em linguagem, de Santa Maria do Olival - PINTO, «Inventário Quinhen-
tista», 167-175.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 147
ANEXO – 1
Digesto esforçado 1 4 5 3 13
Digesto novo 1 6 7 3 19
Código 1 12 5 4 22
Volume Pequeno Instituta 1 (1) 7 (5) 7 (2) 1 23
Novelas/Autêntico 1 (1) 2 (5) (2) 10
Livro dos feudos (1) (5) (2) 8
Decreto Graciano (c. 1140) 4 22 14 1 41
Corpus Iuris
Deve levar-se em conta que muitos dos livros de leis (romanas ou canó-
nicas) estavam glosados, o que não é possível evidenciar nesta simples tabela.
A composição desta tabela sinóptica foi feita com base na bibliografia supra
referenciada (notas 32 a 38) e os dois documentos seguintes:
1301.
Testamento de João d’Acre, em pública forma de 1323.
Ruy de ALBUQUERQUE e Martim de ALBUQUERQUE, História
do Direito Português - Elementos Auxiliares, I (1992) 178.
antigas dobras
151
Valor Pecuniário dos Livros de Direito na Idade Média – Portugal
1260 1268 1272 1301 1311 1322 1333 1349 1368 1404 1466
Decretais 50 100 150 100 100
Gregório IX morabi- libras libras libras libras
tinos
Sexto 305 2 dobras
libras
Extravagantes 2 dobras
Bonifácio
Clementinas 2 dobras
Speculum
Iuris
JOSÉ DOMINGUES
ANEXO – 3
1 0 •. 4 0 . 6 8 3 1
6 2 •. 4 0 . 6 8 3 1
1 1 . •7 0 . 0 9 3 1
(D.40.11.2) 2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
Interdum et servi nati ex post facto iuris interventu ingenui fiunt, ut ecce 4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
si libertinus a principe natalibus suis restitutus fuerit. Illis enim utique 0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
natalibus restituitur, in quibus initio omnes homines fuerunt, non in 1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
quibus ipse nascitur, cum servus natus esset. Hic enim, quantum ad 2 0 . •2 1 . 8 3 1
totum ius pertinet, perinde habetur, atque si ingenuus natus esset, nec
patronus eius potest ad successionem venire. Ideoque imperatores non
facile solent quemquam natalibus restituere nisi consentiente patrono.
4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
1 1 . •1 0 . 5 8 3 1
(D.43.8.2.16) 1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
§ 16 – Si quis a principe simpliciter impetraverit, ut in publico loco 2 0 . •2 1 . 8 3 1
aedificet, non est credendus sic aedificare, ut cum incommodo alicuius id
fiat, neque sic conceditur: nisi forte quis hoc impetraverit.
154 JOSÉ DOMINGUES
4. Testandi sane ita demum habeat facultatem, ut his tantum personis pro 8 0 . •9 0 . 1 8 3 1
iuris ac legum quod voluerit arbitrio relinquat, quas succedere imperialis 9 1 . •9 0 . 3 8 3 1
praecepti tenore mandavimus: ita tamen, ut hereditate defuncti penitus 2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
arceatur, si quis ex his quos memoravimus in contrahendis incestis nuptiis 4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
consilium inisse monstrabitur, successuro in locum illius, qui post eum 0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
gradum proximus invenitur. 1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
5. Ea sane, quae de viris cavimus, etiam de feminis, quae praedictorum 1 0 •. 4 0 . 6 8 3 1
sese consortiis commaculaverint, custodiantur. 6 2 •. 4 0 . 6 8 3 1
6. Memoratis vero personis non extantibus fisco locus pateat. 4 0 . 2 •1 . 7 8 3 1
2 0 . •2 1 . 8 3 1
1 1 . •7 0 . 0 9 3 1
6 1 . 1• 1 . 0 9 3 1
6 •0 - 6 0 - 8 3 3 1
2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
(C.5.27.1.2)
4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
§ 2 - Sive itaque per ipsum donatum est qui pater dicitur, vel per alium sive
0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
per interpositam personam, sive ab eo emptum vel ab alio, sive ipsorum
1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
nomine comparatum, statim retractum reddatur quibus iussimus aut, si
4 0 . 2 •1 . 7 8 3 1
non existunt, fisci viribus vindicetur.
2 0 . •2 1 . 8 3 1
6 1 . 1• 1 . 0 9 3 1
156 JOSÉ DOMINGUES
9 1 . 9• 0 . 7 3 1
ab illustribus matribus ad spurios perveniat, cum in mulieribus ingenuis
4 0 . 2•0 . 9 7 3 1
et illustribus, quibus castitatis observatio praecipuum debitum est, et
9 2 . •4 0 . 9 7 3 1
nominari spurios satis iniuriosum, satis acerbum et nostris temporibus
0 3 . •5 0 . 1 8 3 1
indignum esse iudicamus et hanc legem ipsi pudicitiae, quam semper
8 0 . •9 0 . 1 8 3 1
colendam censemus, merito dedicamus.
1 0 . •7 0 . 2 8 3 1
2. Sin autem concubina liberae condicionis constituta filium vel filiam ex
2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
licita consuetudine ad hominem liberum habita procreaverit, eos etiam
4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
cum legitimis liberis ad materna venire bona, quae ea iure legitimo et in
0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
suo patrimonio possidet, nulla invidia est.
1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
[Glosa a esta lei].
1 0 •. 4 0 . 6 8 3 1
6 2 •. 4 0 . 6 8 3 1
4 0 . 2 •1 . 7 8 3 1
2 0 . •2 1 . 8 3 1
1 1 . •7 0 . 0 9 3 1
6 1 . 1• 1 . 0 9 3 1
158 JOSÉ DOMINGUES
(I.3.4.3) 9 1 . 9• 0 . 7 3 1
§ 3 – Novissime sciendum est etiam illos liberos, qui vulgo quaesiti sunt, 4 0 . 2•0 . 9 7 3 1
ad matris hereditatem ex hoc senatus consulto admitti. 9 2 . •4 0 . 9 7 3 1
0 3 . •7 0 . 0 8 3 1
0 3 . •5 0 . 1 8 3 1
8 0 . •9 0 . 1 8 3 1
2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
1 0 •. 4 0 . 6 8 3 1
6 2 •. 4 0 . 6 8 3 1
4 0 . 2 •1 . 7 8 3 1
2 0 . •2 1 . 8 3 1
1 1 . •7 0 . 0 9 3 1
6 1 . 1• 1 . 0 9 3 1
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 159
nuptias) aut nefariis aut incestis aut damnatis processerit, iste neque 9 1 . 9• 0 . 7 3 1
naturalis nominatur neque alendus est a parentibus neque habebit 4 0 . 2•0 . 9 7 3 1
quoddam ad praesentem legem participium. Unde licet a Constantino 9 2 . •4 0 . 9 7 3 1
piae memoriae in constitutione ad Gregorium scripta quaedam de talibus 0 3 . •7 0 . 0 8 3 1
dicta sint filiis, haec non respicimus, quoniam et non utendo perempta est: 0 3 . •5 0 . 1 8 3 1
phoenicarchorum enim et syriarchorum et magistratuum et insignium 8 0 . •9 0 . 1 8 3 1
meminit et clarissimorum, et neque naturales esse vult ex his procedentes, 1 0 . •7 0 . 2 8 3 1
amovens eis etiam imperialis munificentiae mansuetudinem. Quam 9 1 . •9 0 . 3 8 3 1
videlicet constitutionem etiam omnino perimimus. 2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
1 0 •. 4 0 . 6 8 3 1
6 2 •. 4 0 . 6 8 3 1
4 0 . 2 •1 . 7 8 3 1
2 0 . •2 1 . 8 3 1
1 1 . •7 0 . 0 9 3 1
6 1 . 1• 1 . 0 9 3 1
162 JOSÉ DOMINGUES
4 0 . 2•0 . 9 7 3 1
Similes adversus militem pro pace violata aut aliqua capitali causa duellum
9 2 . •4 0 . 9 7 3 1
committere voluerit, facultas pugnandi ei non concedatur, nisi probare
0 3 . •7 0 . 0 8 3 1
possit, quod antiquitus ipse cum parentibus suis natione legitimus miles
0 3 . •5 0 . 1 8 3 1
existat.
8 0 . •9 0 . 1 8 3 1
1 0 . •7 0 . 2 8 3 1
9 1 . •9 0 . 3 8 3 1
2 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
4 0 . 1 •1 . 5 8 3 1
0 2 . 2•1 . 5 8 3 1
1 1 . •1 0 . 6 8 3 1
1 0 •. 4 0 . 6 8 3 1
6 2 •. 4 0 . 6 8 3 1
4 0 . 2 •1 . 7 8 3 1
2 0 . •2 1 . 8 3 1
1 1 . •7 0 . 0 9 3 1
6 1 . 1• 1 . 0 9 3 1
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 163
de la deshonra que le hicieren. Y aun tiene provecho a los otros que lo ven
y lo oyen, y toman apercibimiento para guardarse de hacer tal yerro por
que no sean afrontados en tal manera como esta.
[Ley 2: …
Ley 3: …
Ley 4: …
Ley 5: …
Ley 6: …
Ley 7: …
Ley 8: …
Ley 9: …]
164 JOSÉ DOMINGUES
1308.Novembro.26 – Leiria.
Legitimação de Álvaro Vasques Farinha.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Dinis, Livro 3, fl. 66.
1338.Junho.06 – Coimbra.
Legitimação de Vasco Martins Leitão.
Chancelarias Portuguesas – Chancelaria de D. Afonso IV, (1992) II doc. 110.
1361.Junho.24 – Portalegre.
Legitimação de Nuno Álvares Pereira, filho de D. frei Álvaro Gonçalves
(prior da Ordem do Hospital) e de Irene Gonçalves, mulher solteira.
Chancelaria D. Pedro I (1357-1367), (1984) 382-384 doc. 840.
1365.Agosto.29 – Lisboa
Legitimação de João Rodrigues Pimentel, filho de mestre Geraldo
(cónego de Coimbra) e de Mor Martins (professa do mosteiro de Arouca).
Chancelaria D. Pedro I (1357-1367), (1984) 489-490 doc. 1036.
1367.Setembro.15 – Atouguia.
Legitimação de Gonçalo Pereira, filho de D. frei Álvaro Gonçalves,
prior da Ordem do Hospital, e de Irene Gonçalves.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 1, fls. 17-17v.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 165
1367.Outubro.15 – Lisboa.
Legitimação de Estêvão Coelho, filho de Soeiro Coelho e Aldonça Eanes.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 1, fls. 29v-30.
1367.Dezembro.30 – Évora.
Legitimação de Soeiro Peres, filho de Pedro Eanes de Abeul e Maria
Eanes.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 1, fls. 21-21v.
1370.Janeiro.25 – Santarém.
Legitimação de Gonçalo Esteves e João Esteves, moradores em Tavira,
filhos de Luís Esteves, clérigo de missa.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 1, fls. 51v-52.
1370.Março.02 – Lisboa.
Legitimação de Gonçalo Rodrigues, filho de Rodrigo Afonso de Sousa
e de Constança Gil.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 67-67v.
1370.Maio.18 – Golegã.
Legitimação de Gonçalo Gil Carvalho, filho de D. Gil Fernandes de
Carvalho, mestre da Ordem de Santiago, e de Maria Domingues.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 1, fls. 60-60v.
1377.Agosto.10 – Folgosinho.
Legitimação de Rui Peres e Fernando Rodrigues, filhos de Rui Peres
da Fonseca e de Guiomar Gil.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 12v-13.
1377.Setembro.19 – Covilhã.
Legitimação de Álvaro e Gonçalo Afonso, filhos de Afonso Eanes e
Domingas Lourenço.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 14v-15.
1379.Fevereiro.04 – Alenquer.
Legitimação de Gonçalo Vasques Barroso, filho de Vasco Gonçalves
Barroso.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 37v-38.
166 JOSÉ DOMINGUES
1379.Abril.29 – Santarém.
Legitimação de Álvaro Vasques Cardoso, filho de Vasco Lourenço
Cardoso.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 43-43v.
1380.Julho.15 – Estremoz.
Legitimação de Fernando Vasques, filho de Vasco Eanes e de Joana
Rodrigues.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 66-66v.
1380.Julho.30 – Estremoz.
Legitimação de Cristóvão Pires, filho de Pedro Afonso de Valada e de
Maria Afonso.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 69-69v.
1381.Janeiro.02 – Lisboa.
Legitimação de Martim Chamiço, filho de D. Nuno Chamiço e de
Clara Domingues.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 76-76v.
1381.Maio.30 – Lisboa.
Legitimação de Vasco Pires Sarrainho, filho de Pedro Sarrainho.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 82-82v.
1381.Setembro.08 – Lisboa.
Legitimação de Gil Lourenço, filho de Lourenço Martins, cónego
professo, e de Maria Domingues.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 87v-88.
1382.Julho.01 – Santarém.
Legitimação de Rodrigo e Fernando, filhos de Lopo Rodrigues, clérigo.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 92-92v.
1383.Setembro.19 – Lisboa.
Legitimação de Inês Rodrigues, filha de João Rodrigues Carvalho e
de Senhorinha Martins.
Lisboa, IAN/TT – Chancelaria de D. Fernando, Liv. 2, fls. 107v-108.
1385.Novembro.02 – Guimarães.
Legitimação de Diogo Gil Figueiredo.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. I tomo 3 (Lisboa 2005) 99-102
doc. 1139.
RECEPÇÃO DO IUS COMMUNE MEDIEVAL EM PORTUGAL… 167
1385.Novembro.04 – Guimarães.
Legitimação de Vasco Lourenço de Parada, filho de um clérigo e de
uma mulher solteira.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. I tomo 3 (2005) 31-33 doc. 1020.
1385.Dezembro.20 – Panóias.
Legitimação de Vasco Eanes.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. I tomo 3 (2005) 121-123 doc. 1173.
1386.Abril.01 – Chaves.
Legitimação de Vasco Afonso.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. I tomo 3 (2005) 117-119 doc. 1168.
1386.Abril.22 – Chaves.
Legitimação de João Gil e João Gil.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. I tomo 3 (2005) 203-205 doc. 1337.
1387.Dezembro.04 – Braga.
Legitimação de Beatriz Gonçalves.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. I tomo 3 (2005) 229-231 doc. 1376.
1388.Deze,bro.02 – Elvas.
Legitimação de João Esteves.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. II tomo 2 (2005) 178-180 doc. II-918.
1390.Julho.11 – Santarém.
Legitimação de Catalina Mendes.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. II tomo 1 (2005) 237-238 doc. II-447.
1390.Novembro.16 – Lisboa.
Legitimação de Inês e Leonor.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. II tomo 1 (2005) 282-284 doc. II-537.
1395.Abril.21 – Tentúgal.
Legitimação de Martim Vasques.
Chancelarias Portuguesas – D. João I, vol. II tomo 2 (2005) 136-138 doc. II-854.
ÍNDICE 961
ÍNDICE
DE RE IURIDICA GESTA
DE BATAYLA FACIENDA
DE OPINIONIBUS ET NOSCENDIS
DOCUMENTA
DE OFFICIIS
DE RE BIBLIOGRAPHICA
I: Recensiones..................................................................................................................................................................................................... 839
GRILLI, Antonio, Il difficile amalgama. Giustizia e codici nell’Europa di Na-
poleone. Rec. de AIF........................................................................................................................................................... 839