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CURSO HAVARD DE RETÓRICA

Objetivos

No final deste curso, você será capaz de fazer o seguinte:

Definir o termo "retórica" e descrever as origens e a evolução da prática retórica.

Listar uma variedade de dispositivos retóricos usados na escrita e na fala.

Explicar por que escritores e oradores empregam esses dispositivos.

Identificar o argumento de um autor e a evidência usada para apoiar a esse argumento.

Diferenciar entre o argumento de um autor e uma técnica retórica.

Escrever um editorial de opinião com a intenção de uma audiência um ponto de vista em particular.

Escrever e fazer um discurso com a intenção de persuadir uma audiência adotar um determinado ponto de vista.

Quem deve estudar retórica?

Este curso é para qualquer um que quiser persuadir uma pessoa ou grupo a fazer, sentir ou acreditar em algo. Ele vai
mudar como você cria e entende argumentos. Não é apenas para advogados e políticos, mas também para marketeiros,
empresários e todos os produtores e consumidores de informação. Aprender e praticar essas técnicas vai ajudar você
alcançar seus objetivos na comunicação. Isso vai servir a você em muitas áreas da sua vida seja quando desejar fazer
uma campanha, propor um projeto no trabalho ou vencer um debate na hora do jantar.

Por que é importante?

A retórica inspirou pessoas a fazer grandes coisas e também coisas terríveis. Saber como ler um argumento vai ajudar
você a avaliar sua lógica, separando do apelo emocional. Vai ajudar você a decidir melhor. E aprender a construir um
argumento forte vai ajudar você a advogar mais efetivamente pelas causas nas quais você acredita.

Finalmente, este curso oferece um espaço para se engajar no discurso civil. Nós encorajamos você a ser passional com
suas opiniões, enquanto que ao mesmo tempo respeita aqueles cujas crenças possam diferir das suas.

Como vou aprender?

Este curso vai ajudar você a aprimorar suas habilidades de escrita e fala de duas formas:

Analisando os discursos de americanos proeminentes, para aprender como eles estruturam seus argumentos e empregam
técnicas retóricas.
Dando a você a chance de experimentar usar essas técnicas.

Ao mesmo tempo, você vai ganhar discernimento a respeito de vários momentos cruciais da história Americana.

COMPOSIÇÃO DO CURSO

Módulo 1: Introdução a retórica


História da retórica
Estrutura e estilo da retórica

Módulo 2: Direitos civis - Martin Luther King Júnior


Modos de apelação
Linguagem figurativa

Módulo 3: Controle de armas - Sarah Brady e Carlton Heston


Raciocínio indutivo
Raciocínio dedutivo

Módulo 4: Introdução a oratória


História da oratória
Falar em público

Módulo 5: The Red Scare - Joseph McCarthy e Margaret Chase Smith


Falácias lógicas
Extremismo retórico

Módulo 6: Retórica presidencial - john Kennedy e Ronald Reagan


Revisitando o estilo retórico
Retórica e liderança

Módulo 7: Conclusão

Módulo 8: Discursos completos - opcional

Módulo 1: Introdução à retórica

Ao final deste módulo, você será capaz de:

- Definir o termo "retórica".


- Articular a importância da comunicação efetiva.
- Resumir a história do estudo retórico desde a Grécia antiga até os dias modernos.
- Identificar as partes de um discurso.
- Definir os três modos de apelação.
- Identificar o emprego de uma palavra no sentido figurado e esquemas e explicar seu uso na composição.
- Escolher um tópico e fazer uma chuva de ideias para a tarefa de opinião.

Perguntas:
Quem é seu orador preferido? Por quê? Cite uma frase dele.

Quando falamos em retórica que palavras surgem no seu pensamento?


cite 3 delas e explique o por quê pelo menos uma delas.

A arte da argumentação

Alguns documentos e discursos parecem capturar a imaginação de uma nação ou Cultura. Suas frases são
frequentemente repetidas, sua lógica invocada por coalizões políticas inteiras ou movimentos sociais. Você já deve ter
ouvido com certeza a famosa frase do Presidente Kennedy, " não pergunte o que o seu país pode fazer por você, mas o
que você pode fazer pelo seu país". Se você cursou uma escola americana, você talvez tenha tido que memorizar o voto
de Abraham Lincoln em Gettysburg quando disse que "o governo das pessoas, pelas pessoas e para as pessoas não
perecerá da terra." e se você prestou atenção na política dos Estados Unidos no final da década de 2010, certamente
ouviu o mantra político " faça América grande novamente", apesar de você talvez não saber que essa frase vendo
discurso de Ronald Reagan em 1980.

Por que esses atos de oratória foram tão poderosos? Podemos explicar o que fez eles serem tão efetivos? E como
podemos aprimorar nossa própria escrita e discurso de forma que influencie as pessoas que lerem ouvirem?

Por mais de dois milênios, pensadores e escritores tentaram responder essas perguntas. Suas ideias e sugestões
Concretas vieram para compor o que os gregos antigos chamaram de "ritoriki", o estudo da retórica, ou o que podemos
chamar de A Arte da argumentação.

O poder da persuasão

Hoje em dia, apesar de ser incontestável que a retórica vem sendo usada nos mais diversos segmentos da sociedade,
ainda ouvimos frases como: " isso é apenas retórica", "retórica de esquerda" ou "retórica de direita". Muitos dispensam
a retórica por considerá-la vazia e sem significado, ou que seja útil apenas para estudiosos e políticos.

Como vimos, retórica pode ser qualquer tipo de Discurso ou escrita persuasiva. Seu uso não está confinado a lei ou
políticos. Na verdade na era dos meios de massa, mensagens persuasivas estão ao nosso redor. O estudo da retórica
permite-nos tanto elaborar quanto interpretar argumentos. Muito além de sem sentido ou meramente Acadêmica, a
retórica tem um efeito real no comportamento das pessoas. Palavras impulsionam nossas ações. Elas dirigem nossas
decisões - desde o que comprar, a quem eleger, até se vamos ou não para guerra.
Persuasão invasiva

O discurso persuasivo está em tudo à nossa volta. Em artigos de jornal, anúncios, em apelos para arrecadação de fundos
e muito mais. Sites de mídia social como Facebook e Twitter são agora fóruns comuns para pessoas expressarem e
defenderem suas opiniões. Para a discussão abaixo, escolha uma parte de um discurso escrito ou falado que seja
persuasivo (você pode ou não concordar com a opinião do autor).

Cite a fonte. Se for uma publicação paga, talvez você queira copiar e colar algum texto de exemplo. Se for uma
postagem de mídia social que não seja pública, tenha certeza que você possui o consentimento do autor antes de usá-la
evite comparar o nome do usuário ou fotografia.

Agora responda: o que é que o autor deseja que você acredite ou faça? Como você sabe disso? Qual a evidência o autor
usa para apoiar sua opinião? Que tipo de linguagem ele ou ela usa para dar ênfase ou para descrever?

SUBSTÂNCIA

A tese: Transformando suas ideias em palavras

A parte mais importante do seu argumento é a substância - isto é, a ideia que você está tentando comunicar ou o ponto
que você está tentando provar. Pode geralmente ser resumido em uma tese: A essência do seu argumento em uma
sentença declarativa. O primeiro passo em compor um discurso falado ou escrito persuasivo é elaborar esta sentença.
Por exemplo, você pode querer argumentar o seguinte:

"Democracia é a forma ideal de governo. "

Uma vez que você possa condicionar sua ideia nos mais simples termos, você está pronto para construir um argumento
em torno disso.

Os modos de apelação

Desde Aristóteles, os estudiosos da retórica identificaram três modos principais de apelação que podemos usar para
persuadir um público Aristóteles chamou-os de provas "artísticas", porque requerem arte ou técnica.

O primeiro desses apelos é o Logos, que é " o apelo a razão "; usa raciocínio lógico para convencer uma audiência. Por
exemplo você pode dizer o seguinte:

"Democracia sempre promove os melhores interesses da maioria das pessoas em qualquer decisão porque todos no
grupo podem advogar por seus interesses e as decisões são feitas pelo consenso majoritário."

Esse tipo de frase é um exemplo que chamamos de raciocínio dedutivo faz uma ou mais proposições E então trabalha
através de suas implicações lógicas. Podemos entender o raciocínio dedutivo colocando na forma de um silogismo, o
qual é uma série de frases que torna a cada proposição explícita.

EX: "Numa democracia, são feitas pelo consenso majoritário. Quando um consenso está sendo feito, cada pessoa será
capaz de advogar pelos seus próprios interesses. Portanto, decisões em uma democracia vão refletir os interesses da
maioria das pessoas."

Por contraste, raciocínio indutivo faz conclusões prováveis a partir de exemplos ou evidências.

EX: "A Democracia é boa para o sucesso como um todo de um país; muitas das mais poderosas e prósperas nações no
mundo são regidas por governos Democráticos.

O raciocínio é sempre conclusivo na proporção do quão representativo exemplo é. Neste caso, nossa declaração seria
muito mais convincente se disséssemos que todas as nações mais poderosas e prósperas do mundo fossem democracias.
Se nós levarmos em consideração o exemplo de um país em particular, ou se pensarmos em muitos exemplos mas
tivermos que admitir exceções, nosso argumento será mais fraco.

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O segundo modelo artístico de apelo é Ethos, o apelo ético, o qual é baseado em estabelecer credibilidade do orador ou
escritor (para incluir ambos, podemos falar de um "retórico). O Ethos é frequentemente implantado indiretamente:

EX: " em 50 anos estudando os governos de nações todos os continentes, eu descobri que quanto mais democrático o
governo, mais felizes as pessoas.

De cara esse é um exemplo de Logos: Uma alegação indutiva a respeito de felicidade baseada em exemplos de todos os
continentes. Contudo, também serve sutilmente para lembrar o público sobre a experiência do falante. Pode estabelecer
ethos através de ações tão simples quanto usar termos técnicos de um campo em particular para implicar seu
conhecimento disso.

O terceiro modo de apelação é Pathos, o apelo às emoções do público. Podem ser emoções positivas, como orgulho ou
Esperança, ou negativas, como medo ou ódio.

EX: " Qual é a alternativa para democracia? Todo homem,, e criança encurralados em terror sob o julgo brutal de um
outro Hitler, outro Stalin! Nenhum lar estará seguro do poder do Estado!"

Esses modos de apelação são artísticos no sentido de que envolvem uma arte que pode ser aprendida; meios de
persuasão "não-artísticos", encontraste, incluem coisas que não se apoiam na técnica da retórica, como Fontes citadas,
estatísticas, testemunhos, e sabedoria proverbial. É claro você vai provavelmente precisar também misturar um pouco
dos modos artísticos no processo na hora de usá-los. Você vai precisar de um pouco de Logos para delimitar e
interpretar fatos, e talvez um pouco de Pathos em como você apresenta o testemunho comovente de uma vítima.

A natureza da tese vai sugerir a natureza da sua composição e os tipos de persuasão que devem ser empregados.

ATIVIDADE - ESCOLHA UM TRECHO DE DISCURSO E IDENTIFIQUE O TIPO DE APELO PREDOMINANTE

Estrutura

Projetando argumentos

O termo Latino antigo "dispositio", ou arranjo, refere-se a peça de Discurso ou escrita em seus componentes.

A retórica clássica dividir uma composição em 5 partes: 1)Exordium, a introdução. 2) narratio, a declaração de contexto
ou situação. 3) confirmatio, apresentação dos argumentos e fatos. 4) refutatio, apresentação e refutação de contra-
argumentos. E 5) peroratio, a conclusão.

Com certeza, uma dada composição pode ter apenas alguns desses componentes, e pode tê-los em qualquer ordem, mas
existem alguns padrões previsíveis. O ensaio respondendo a outra peça de escrita por exemplo, pode ser principalmente
refutação. Um discurso que tenha que dar bastante de um contexto em seu objetivo pode precisar de bastante narração.

IDENTIFIQUE A COMPOSIÇÃO QUE PREVALECE NO TEXTO ABAIXO

Apologia de Sócrates por Platão


Tradução de Maria Lacerda de Souza.
Primeira Parte -

“O que vós, cidadão atenienses, haveis sentido, com o manejo dos meus acusadores, não sei; certo é que eu, devido a
eles, quase me esquecia de mim mesmo, tão persuasivamente falavam. Contudo, não disseram, eu o afirmo, nada de
verdadeiro. Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram
que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar. Mas, então, não se
envergonham disto, de que logo seriam desmentidos por mim, com fatos, quando eu me apresentasse diante de vós, de
nenhum modo hábil orador? Essa me parece a sua maior imprudência, se, todavia, não denominam "hábil no falar"
aquele que diz a verdade. Porque, se dizem exatamente isso, poderei confessar que sou orador, não porém à sua
maneira.”

Estilo e dispositivos retóricos

Quase toda flexão das sintaxes (ordem das palavras) e dicção (escolha de palavras) que possa fazer a prosa mais
convincente foi descrita e classificada por estudiosos de retórica pelos últimos dois mil e quinhentos anos não vamos
muito longe nos detalhes dessas técnicas aqui; para agora vamos entrar em contato com alguns dos elementos mais
básicos do estilo.
Isso inclui dicção, que envolve a escolha precisa da palavra, assim como o uso de diferentes tipos de vocabulário ou
"registro" (EX. Poético, técnico, casual ou gíria); e padrões de som, como vogais ou consoantes repetidas. Vários
tamanhos de frases e sintaxe ajudam a desenvolver um padrão estilístico, tal qual o planejamento dos parágrafos. Então
existem esquemas ou desvios do arranjo comum de palavras. Dois esquemas comuns são a repetição e omissão.
Finalmente Existem os tropos, ou flexões, trocas ou jogo de significados, de metáforas a trocadilhos.

Esta seção vai apresentar a você apenas alguns exemplos desses dispositivos retóricos Não se preocupe memorizá-los
ainda vamos voltar a eles em módulos futuros.

Dicção

O que as palavras que escolhemos dizem a nosso respeito? Como elas impactam o estilo e o tom de nossa mensagem? A
dicção tem um efeito poderoso tanto no ethos quanto no Pathos, e apresenta tanto perigos quanto benefícios.Uma prosa
ornamentada pode fazer você suar altamente educado e inteligente; também pode fazer você suar pretencioso ou até
pomposo. Termos técnicos e jargões podem estabilizar você como alguém familiar com o seu assunto, contanto que
você utilize-os corretamente; eles também podem marcar você como obscuro ou fora de alcance e fazer sua fala parecer
seca ou sem dívida. Por último, elaborar metáforas e linguagem poética pode soar bem, ser bonito e movimentar sua
audiência; também pode ser percebido como muito floreado e na realidade dificultar a compreensão da sua mensagem

Sim táxi dependendo do tamanho ou estrutura das suas declarações, fala pode se arrastar laboriosamente ou acelerar;
pode parecer simples e objetivo, ou complexa e difícil. Vamos continuar a discutir Esse aspecto da escrita extensa ao
longo do curso; mantenha atenção porém, para padrões e variações do tamanho e estrutura da frase nas leituras que vai
fazer daqui por diante.

Esquema como você pode variar sua sintaxe para gerar efeito? Vamos observar um exemplo no qual podemos perceber
variações na estrutura da frase: Lista de coisas. Normalmente quando você lista 2 ou mais itens, quando vai escrever o
último normalmente coloca a conjunção que pode ser "e"/"ou".

EX: "Eu fui na loja de ferramentas para comprar um martelo, alguns pregos e uma garrafa de cola."

Por contraste, o esquema de assíndeto omite a conjunção:

"Todas as tuas conquistas, glórias, triunfos, despojos, foram reduzidos a esta pequena medida?" - William
Shakespeare,"Julius Caesar"

Aqui a omissão da conjunção faz a lista correr em uma simples respiração, fazendo com que a lista de itens pareça ser
rapidamente empilhada de forma que impressiona a quem lê diante da enormidade das perdas de César.

Já o esquema de polissíndeto alcança o efeito oposto, acrescentando várias conjunções e tornando a leitura do texto
mais lenta:

"E Deus fez as feras da terra de acordo com seu tipo e o gado de acordo com seus tipos e tudo que caminha sobre o solo
de acordo com seu tipo. E Deus viu que era bom." Genesis 1:25

Aqui, as repetidas conjunções tornam a leitura mais lenta ajudando a criar um ar de solenidade, uma entonação sonora,
lembrando um ritual.

Tropos

Esse é o tipo de dispositivo retórico com o qual você provavelmente é mais familiar. Um tropo pode ser simples como
um símile, no qual explicitamente compara-se uma coisa com outra: " ele é fino como um trilho". Símiles vão
frequentemente usar as palavras "assim", "como" ou uma combinação delas para fazer uma comparação.

Se a comparação é implícita, temos uma metáfora: " essa questão é apenas a ponta do iceberg".
Um exemplo mais complexo de tropo é quando o orador fala metaforicamente usando significados implícitos dentro da
própria metáfora:

"Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses" - Aforismo Grego

Outra forma de usar o tropo é falando algo que gere comparação, fale de uma situação ou conceito que é banal, ou seja,
um clichê. Embora essa definição esteja relacionada, estamos usando o termo em um sentido mais amplo. Vale a pena
lembrar contudo que isso são ferramentas de escrita. Elas também podem diluir sua mensagem se faltar algo original
para dizer. Tente manter o equilíbrio entre ser criativo e ajudar seu público a entender novas ideias fazendo referência a
algum familiar.

MODULO 2 - DIREITOS CIVIS

OBJETIVOS

Localizar as partes do discurso “I Have a Dream” de Martin Luther King Jr.


Descrever o contexto histórico do discurso.
Descrever a importância do público e do ambiente para a elaboração de um discurso.
Descrever onde e como os modos de apelação são usados em um discurso.
Explicar o uso e o impacto da alusão, anáfora e metáfora em um discurso e comece a reconhecer seu uso em outros
discursos.
Definir e identifiquar exemplos de aliteração, assonância e sibilância.
Escrever um primeiro rascunho de seu Op-Ed.

O DISCURSO - EU TENHO UM SONHO

"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a
maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra,
assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande
farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas
da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da
segregação e as cadeias de discriminação. Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha
só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois,
o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em
sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os
arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a
Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual
todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens,
sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos
inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América
não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a
América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado
com "fundos insuficientes".

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a
acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos
trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de
liberdade e a segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o
momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do
gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo
sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a
pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para
todos os filhos de Deus.
Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do
legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de
liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que
esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar
aos negócios de sempre

. Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao
palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser
culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo
da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto
nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se
degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às
majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e
maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma
desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos
brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o
destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é
ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre
marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando
para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da
brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados
com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os
hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no
Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não,
não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a
retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos.
Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês
vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades
das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do
sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem
para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a
Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do
norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe
caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje
e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho
americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado
de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os
homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos
descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se
sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que
transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será
transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma
nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.
Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu
governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo
dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos
brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas
virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão
endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós
poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós
poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia
de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos,
para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia
livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar
com um novo significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New


Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.


Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós
deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade,
nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e
homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar
nas palavras do velho spiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

Esquemas e Representações

Martin Luther King usa muitos recursos retóricos em seu discurso. Estaremos estudando muitos
desses recursos no curso, começando com os esquemas e representações de listados abaixo.

Representações

Também chamados de TROPOS, são recursos que utilizam figuração ou evocação. Existem dois
tipos destes dispositivos que Doutor King utiliza em seu discurso.

Alusão

Faz referência outro trabalho artístico, pessoa, lugar ou ideia bem conhecida do público com o
objetivo de utilizar sua mensagem ou características para ilustrar o argumento do autor. Por
exemplo, pastores e padres frequentemente fazem alusão a Bíblia.

Os seres humanos tem poderes inexplicáveis. Afinal, não está escrito, "sois Deuses?"

Metáfora

O uso de uma palavra ou frase para simbolicamente representar outra palavra ou conceito com o
objetivo de destacar as similaridades entre elas. Imagens vividas e analogias adequadas ajudam a
capturar a atenção e a imaginação do público, mas também podem produzir sugestões subliminares.

"Ele matou a pau a fome com um sanduíche enorme"

Esquemas - enquanto continua com sua análise, fique atento a diferentes esquemas ou variações na
estrutura da sentença que são utilizados através do texto.

Paralelismo

O emparelhamento ou agrupamento de sentenças, frases ou palavras relacionadas com a mesma


estrutura gramatical ou pelo menos similar.

“Não podemos dedicar - não podemos consagrar - não podemos santificar - este solo”. —Abraham
Lincoln, 'Gettysburg Address,' 19 de novembro de 1863

Anáfora

Uma forma de paralelismo, anáfora é a repetição sucessiva de palavras no início das frases. Tal
repetição insistente dá ênfase e valoriza o momento.

"É pau, é pedra, é o fim do caminho


É um resto de toco, é um pouco sozinho" Tom Jobim

Padrões de som

Escrever para falar significa prestar atenção especial para os sons, cadência em ritmo das palavras e
frases esses elementos podem imbuir criar nuances de significado na linguagem. Abaixo algumas
técnicas que escritores e oradores usam para este propósito.

Aliteração

É a repetição do som das consoantes, especialmente no início de frases.

"Seja sorte, seja saber, só sei querer estar com você"

Assonância

A repetição do som das vogais.

" a vaca magra pastava acabada apenas o que vomitava."

Sibilância

A palavra sibilante vem de uma raiz Latina e lembra o som do s. Sibilação refere-se do som de
consoantes como s z e j.

"Eles tem algo a dizer para nós em suas mortes. Eles tem algo a dizer para cada Ministro do
evangelho que permanecem em silêncio por trás da segurança das janelas de vidro. Eles tem algo a
dizer para cada político que alimentou seus constituintes com o pão do ódio que foi espalhado
através da carne do racismo." martin Luther King

Depois de estar confiante de que entendeu esses elementos, complete os três exercícios abaixo. Os
seguintes exercícios tem o objetivo de dar a você a oportunidade de praticar suas próprias figuras de
linguagem, esquemas e padrões de som. Não existem respostas corretas. As opções existem para
você indicar qual é o tipo de simbologia, esquema o padrão sonoro o qual deseja utilizar como
exemplo. Uma vez que você tenha colocado sua resposta será que apascentam de analisá-la diante
dos colegas.

Pergunta 1

Escolha um símbolo ou uma figura de linguagem e escreva um exemplo utilizando-a. Explique qual
foi a sua intenção ao utilizar.

Pergunta 2

Escolha um esquema e escreva seu próprio exemplo.

Pergunta 3

Escolha um padrão sonoro e escreva um exemplo.


Agora que você realizou os termos chave, que outros pensamentos você tem a respeito da estrutura
e da linguagem do discurso de Martin Luther King? Enquanto você ler novamente pergunte a si
mesmo o seguinte: Qual é a tese dele? Quem é seu público? Quais são os modos de apelação? Quais
são os tipos de figuras de linguagem que usa tais como simbolismo alusão anáfora e metáfora? Você
percebe padrões de som tais como aliteração assonância ou sibilância? O que mais você percebe?

Se você desejar marque com palavras chave elas irão auxiliar na construção e no entendimento dos
seus discursos

Conclusão

Martin Luther King Júnior conhecia bem os dispositivos de retórica que tinha ao seu alcance
quando compôs o discurso "eu tenho um sonho". Seu uso de alusão, anáfora e e metáfora todos
servem como ignição para o sentimento e para inspiração. Essas técnicas, combinadas com sua
precisão em escolher conscientemente cada palavra, faz deste um dos mais memoráveis discursos
na história da América.

Que elementos desta fala podem ser usados por você nos seus escritos? Como professor Engel nota,
anáfora pode ser inapropriada para um texto escrito em jornais dê notícias. Porém alusão e metáfora
podem dar ênfase e estilo ao seu argumento. Tente incorporar estas e outras técnicas apresentadas na
primeira parte do curso.

Ao pensar em um tópico, você pode considerar algumas das mais novas e continua as campanhas ou
direito civil que aconteceram no seu país e ao redor do mundo.

Projetando um argumento

Articulando sua ideia principal

Assim como quando você está decidindo Que tipo de persuasão se encaixa melhor na sua
composição, você deve amparar sua tese mentalmente quando estiver projetando seu argumento. As
melhores peças de escrita e oratória sempre se comportam de maneira a comunicar organicamente e
de forma coerente a ideia Central por isso é importante ser capaz de articular essa ideia claramente
Isso sim tá mente antes mesmo de começar.

Qual é a maneira mais simples de fazer isso? É isso que vamos aprender agora

Palavras do professor Engel


" eu tenho estudado a escrita por 40 anos, em todas as formas e tamanhos, em muitos departamentos
diferentes e eu diria que como um todo muito da escrita não está tão próximo da fala quanto poderia
ser para se tornar melhor. Acaba ficando empolado. Fica complicado. Fica deslocado da linguagem
direta fica muito cheio de palavras porque as pessoas ficam nervosas quando estão escrevendo em
vez de dizer algo diretamente para alguém. Então eu diria a um estudante, vamos parar. Coloque o
papel na mesa olhe para mim e diga-me qual é a coisa mais essencial que você está tentando dizer.
E 9 em 10 vezes a tela pessoa me dirá de forma Clara sendo informal e numa linguagem bem
composta qual é a ideia dela e então eu direi a ela pare. Escreva isso.

No momento em que você escreve sua ideia, você está pronto para começar.

Introdução
A introdução de um texto pode ter muitas formas, porém tem três funções primárias: Romper o
silêncio, identificar o assunto e chamar a atenção promovendo o interesse. Vamos observar cada um
destes pontos com mais atenção.

Rompendo o silêncio

Esta função da introdução é a mais importante em apresentações ao vivo: Você deve cumprimentar
seu público de uma forma que beneficia a situação. Neste módulo vemos Martin Luther King Júnior
fazendo isso da forma mais sucinta e simples: " eu estou contente de estar com vocês hoje"

Algumas vezes contudo o espaço devotado para o comprimento vai requerer mais detalhes. Na
maioria das vezes é fato que quando existem credenciais necessárias para identificar a você como
um orador qualificado, nessas horas uso do apelo baseado no ethos é uma boa estratégia para se
estabelecer a frente do público como um escritor ou orador que tenha valor suficiente para o tempo
dedicado do público.

Estudantes clássicos da retórica chamam esta abertura em particular de insinuação. É importante


haver aproximação com cuidado: Ostentar pode fazer com que você perca favores da sua audiência.
Na verdade um apelo a experiência pessoal pode muitas vezes ser tão poderoso quanto um apelo a
Sapiência. Quando a congressista Shirley Chilshom falou na casa dos representativos contra os
gastos militares que vinham aumentando 1969, ela começou sua segunda frase da seguinte forma:

" como uma professora e como uma mulher eu não acho que um dia possa entender que tipo de
valores possam estar envolvidos no gasto de nove milhões de dólares. E mais, eu tenho certeza do
quão desnecessário é gastar tal quantia com armas, quando poderia ser investido em livros."

Identificando o assunto

Quanto do que você tem a dizer Você deve revelar desde o princípio então oração a resposta
depende do seu público, do seu tópico e das convenções fórum no qual você está falando ou
escrevendo

Se você estiver falando numa sala de aula, você provavelmente esteja em condições de falar de sua
tese de forma completa na introdução oferecendo uma espécie de mapa, pelos argumentos. Mas isso
em momento nenhum significa ser a única forma de abrir uma composição! Algumas vezes,
primeiramente nomear a situação do texto, será tudo o que o seu público precisa para saber a
respeito do que você vai estar falando outras vezes, você pode começar o discurso com uma
pergunta, segurando sua resposta para depois. Esta resposta será construída através dos argumentos.

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