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Estudando: ENEM - Redação

8. MODALIZADORES E EXPRESSÕES DE ESTILO


Ao escrever, necessita-se de certas palavras e expressões para anunciar e concluir ideias, explicitar
posicionamentos, concordar com opiniões, contestar ou refutar idéias de outrem. São os modalizadores
textuais. Os modalizadores funcionam como importantes articuladores da enunciação.

A seguir uma lista de palavras e expressões, com o tipo de ideias que imprimem ao contexto onde são
empregadas. Completam os espaços com outras expressões do mesmo sentido.
Certeza: Realmente / Não resta a menor dúvida / É sabidoque / Incontestavelmente
Dúvida: poderíamos afirmar que /não é totalmente certo que
Possibilidade: é possível que /parece que
Flexibilidade: A afirmação é, em parte, interessante
Introdução de assunto: trata-se aqui de / em primeiro lugar / a fim de trazer uma visão geral sobre o tema
Conclusão: tentando por um termo a este debate...
Exposição de ponto de vista: Estimo que / estamos convencidos de que
Proposição de opções: De um lado... de outro ... / Se é justo pensar que... não seria também pertinente admitir
que ...
Concordância: Participamos inteiramente da sua opinião
Discordância:Talvez você esteja com a razão, porém, / Gostaria de ressaltar, porém, que....

Concisão

A concisão consiste em expressar com um mínimo de palavras um máximo de informações, desde que não
abuse da síntese a tal ponto que a idéia se torne incompreensível.

Afinal, o tempo é precioso, e quanto menos se rechear a frase com adjetivos, imagens, pormenores
desnecessários ou perífrases (rodeios de palavras), mais o leitor se sentirá respeitado.

Para que se redija um texto conciso, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o
qual se escreve, o tempo necessário para revisá-lo depois de pronto. É nessa revisão que muitas vezes se
percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de idéias. Veja-se, por exemplo, o seguinte
texto:

A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais alarmante de desempregados,
problemas que aflige principalmente os países em desenvolvimento, tem alarmado as autoridades
governamentais, guardiãs perenes do bem-estar social, principalmente pelas conseqüências adversas que tal
fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o crescimento da
violência urbana que aterroriza a família, esteio e célula-mater da sociedade.

Se esse mesmo trecho for reescrito sem a carga informativa desnecessária, obtém-se um texto conciso e não
prolixo:

O número cada vez maior de desempregados tem alarmado as autoridades governamentais, pelas
conseqüências adversas que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por
desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana.

Vê-se, assim, como é importante o texto enxuto. Economizar palavras traz benefícios ao texto: o primeiro é
errar menos; o segundo, poupar tempo; o terceiro, respeitar a paciência do leitor. Pode-se adotar como regra
não dizer mais nem menos do que se precisa ser dito. Isso não significa fazer breves todas as frases, nem
evitar todo o detalhe, nem tratar os temas apenas na superfície: significa, apenas que cada palavra é
importante.
Procedimentos para redigir textos concisos:

a) eliminar palavras ou expressões desnecessárias: ato de natureza hostil => ato hostil; decisão tomada no
âmbito da diretoria => decisão da diretoria; pessoa sem discrição => pessoa indiscreta; neste momento nós
acreditamos => acreditamos; travar uma discussão => discutir; na eventualidade de => se; com o objetivo de
=> para;

b) evitar o emprego de adjetivação excessiva: o difícil e alarmante problema da seca => o problema da seca;

c) dispensar nas datas, os substantivos dia, mês e ano: no dia 16 de abril => em 16 de abril; no mês de março
=> em março; no ano de 2008 => em 2008;

d) trocar a locução verbo + substantivo pelo verbo: fazer uma viagem => viajar; fazer uma redação => redigir;
pôr as ideias em ordem => ordenar as ideias; pôr moedas em circulação => emitir moedas;

e) usar o aposto em lugar da oração apositiva: O contrato previa a construção da ponte em um ano, que era
prazo mais do que suficiente => O contrato previa a construção da ponte em um ano, prazo mais do que
suficiente. O que se tem é a anarquia, que é a bagunça pura e simples, irmã gêmea do caos => O que se tem é
a anarquia, bagunça pura e simples, irmã gêmea do caos;

f) empregar o particípio do verbo para reduzir orações: Agora que expliquei o título, passo a escrever o texto =>
explicado o título, passo a escrever o texto. Depois de terminar o trabalho, ligo pra você => Terminado o
trabalho, ligo pra você. Quando terminar o preâmbulo, passarei ao assunto principal => Terminado o
preâmbulo, passarei ao assunto principal;

g) eliminar, sempre que possível, os indefinidos um e uma: Dante quer (um) inquérito rigoroso e rápido. Timor-
Leste se torna (uma) terra de ninguém. A cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva.

Economicidade e Eficácia

Entre as qualidades imprescindíveis à produção de certos tipos de textos, como os informativos e opinativos,
podemos destacar a CONCISÃO. A concisão é a propriedade de expressar ideias utilizando a menor
quantidade possível de palavras e frases..

Como produzir textos concisos?


Evitar o uso de frases e expressões prolixas (= extensas), colhidas em cartas e outros documentos da
correspondência empresarial, apresentadas, em seguida, de maneira mais sucinta, com economia de espaço e
considerável acréscimo de eficácia comunicativa.

O que vem a ser eficácia comunicativa?


Eficácia pode ser definida como o domínio do processo, de formas, instâncias e modos de elaborar um texto.
No contexto de produção textual, eficácia se opõe à falácia. Em termos gerais, falácias são enunciados que
apresentam, na sua própria elaboração, elementos que permitem ao leitor ou ouvinte construir uma contra-
argumentação, refutação ou contestação.

1. Os brasileiros gostam de praia, café, carnaval e futebol.


2. Milhares de pessoas acreditam no poder das pirâmides. Sem dúvida, elas devem ter algo especial.
3. Aqui se faz, aqui se paga.
4. Todo nordestino é hábil. xxx é nordestino, xxx é hábil. Toda pessoa hábil é bom político. Ele é hábil. Ele é
bom político. Todo bom político é bom administrador.
5. Ele é bom político, é bom administrador. Todo bom administrador merece ser eleito. Ele é bom
administrador. Ele merece ser eleito.
6. O ex-prefeito não tem autoridade para criticar nossa política tributária, pois nunca concluiu uma faculdade.

Os enunciados em destaque são elaborados com a intenção de persuadir o leitor a crer em idéias fundadas
em modo de raciocínio que não se sustenta.
Alguns tipos de Falácias

Falso axioma: um axioma é uma verdade auto-evidente sobre a qual outros conhecimentos devem se apoiar.
Ex.: Duas quantidades iguais a uma terceira são iguais entre si.
A educação é a base do progresso.
Muitas vezes atribuímos “status” de axioma a sentenças ou máximas que são, na realidade, verdades relativas,
verdades aparentes.

Falso dilema: apresentação de apenas duas possibilidades, duas opções, quando existem outras a serem
consideradas.
Ex.: Brasil: ame-o ou deixe-o.
Você prefere um país independente dos acordos econômicos internacionais, mas com a sua soberania política
assegurada ou uma nação dependente dos rumos dos ventos dos países imperialistas?

Apelo à autoridade: citação de uma autoridade (muitas vezes não qualificada) para sustentar uma opinião.
Ex. Segundo Schopenhauer, filósofo alemão do séc. XIX, “toda verdade passa por três estágios: primeiro, ela é
ridicularizada; segundo, sofre violenta oposição; terceiro, ela é aceita como ‘auto-evidente’.

Apelo à novidade: afirmação de que algo é melhor porque é novo ou mais novo.
Ex.: Saiu o novo celular inteligente. Com design ultramoderno, arrojado, perfeito para um funcionário público
atualizado.

Contra-argumentação

Generalização Não-Qualificada: Afirmação ou proposição de caráter geral, radical e que, por isso, encerra um
juízo falso em face da experiência.
Ex.: A prática de esportes é prejudicial à saúde.

Contra-argumentação
Generalização Apressada (erro de acidente): conclusão com base em dados ou em evidências insuficientes.
Dito de outro modo, trata-se de julgar todo um universo com base numa amostragem reduzida.
Exemplos:
Todo político é corrupto.
Os muçulmanos são todos uns fanáticos.

Ataque à Pessoa: ataque à pessoa que fala, e não a seus argumentos. Pensa-se que, ao atacar a pessoa,
desmoralizando-a, pode-se enfraquecer ou anular a argumentação desta.
Ex.:- Não dêem ouvidos ao que ele diz: ele é um beberrão, bate na mulher e tem amantes.
Observação: Uma variação de “ataque à pessoa” consiste em atribuir o fato a quem faz a acusação. Por
exemplo: se alguém o acusa de alguma coisa, diga-lhe “tu também”! Isso, evidentemente, não prova nada.

Falácia da Ignorância:
Conclusão de que algo é verdadeiro por não ter sido provado que é falso, ou que algo é falso por não ter sido
provado que é verdadeiro.
Ex .: Ninguém provou que Deus existe. Logo, Deus não existe.
Não há evidências de que os discos voadores não estejam visitando a Terra. Portanto, eles existem.

Fatos e Indícios

Já se tornou lugar comum a frase: Fatos não se discutem; opiniões, sim. Mas o que pode ser definido como
fato?

Consideramos fato algo feito, cuja realização pode ser verificada e comprovada. Mas convém não confundir
fato com indício. Os fatos, devida e acuradamente observados, levam ou podem levar à certeza absoluta; os
indícios nos permitem apenas inferências de certeza relativa, pois expressam somente probabilidade ou
possibilidade.
Inferir é concluir, é deduzir pelo raciocínio apoiado apenas em indícios. Dizer, por exemplo, que Fulano é ladrão,
porque, de repente, este começou a ostentar um padrão de vida que seu salário ou suas conhecidas fontes de
renda não lhe poderiam jamais proporcionar”, é inferir, é deduzir pelo raciocínio a partir de certos indícios. O
que assim se declara a respeito desse fulano é possível, é mesmo provável, mas não é certo porque não é
provado.

É evidente que o grau de probabilidade das inferências varia com as circunstâncias: há inferências
extremamente prováveis e inferências extremamente improváveis. É extremamente provável que no verão
chova com mais frequência do que no inverno; mas é improvável que a precipitação pluvial no mês de janeiro
deste ano seja maior do que a do mês de janeiro do ano próximo. É o maior ou menor grau de probabilidade
que condiciona o nosso comportamento diário e o nosso juízo em face das coisas e pessoas. Se o céu está
carregado de nuvens densas que obscurecem o Sol, é provável que chova: levo o guarda-chuva. Se o professor,
que, durante anos, nunca faltou a uma aula, deixou de comparecer hoje, é provável que esteja doente: vamos
visitá-lo ou telefonar-lhe.

Os fatos em si mesmos às vezes não bastam: para que provem é preciso que sua observação seja acurada e
que eles próprios sejam adequados, relevantes, típicos ou característicos, suficientes e fidedignos.

A simples leitura de uma reportagem sobre um furto ou roubo supostamente praticado por Fulano não me
pode permitir afirmar a certeza que o suspeito, de fato, cometeu tal crime: nessas circunstâncias não houve
exame acurado dos fatos, não houve sequer observação direta, pois os dados disponíveis me vieram de
segunda mão.

A Técnica do Resumo

O resumo de fatos : Para você resumir qualquer texto, é fundamental que, antes de fazê-lo, observe a diferença
entre uma informação central e os detalhes referentes a ela. Para tanto, partiremos de um fato central, ao qual
acrescentaremos informações adicionais.

Observe o seguinte fato: Os amigos de Maria fizeram uma grande festa.

Nela existe uma referência a um fato especifico: uma festa realizada pelos amigos de Maria.

Veja agora como é possível aumentar essa frase com dados adicionais. Inicialmente fornecemos uma
característica de Maria:

Os amigos de Maria, funcionária de uma importante firma, fizeram uma grande festa.

Agora podemos acrescentar uma referência de lugar a essa frase:

Os amigos de Maria, funcionária de uma importante firma, fizeram, na sala do gerente de vendas, uma grande
festa durante a tarde de ontem.

Somamos a todas essas informações uma referência de tempo:

Os amigos de Maria, funcionária de uma importante firma, fizeram, na sala do gerente de vendas, uma grande
festa durante a tarde de ontem.

A respeito do fato acontecido (a festa), vamos agora explicar a causa:

Os amigos de Maria, funcionária de uma importante firma, fizeram, na sala do gerente de vendas, uma grande
festa durante a tarde de ontem, em comemoração a seu aniversário.

Informamos agora a frequência com que fato acorre:

Como acontece todos os anos, os amigos de Maria, funcionária de uma firma, fizeram, na sala do gerente de
vendas, uma grande festa durante a tarde de ontem, em comemoração a seu aniversário.
Veja como você deve fazer para resumir esse parágrafo: basta que exclua as informações adicionais que
podem ser dadas acerca do fato e deixar apenas os elementos essenciais, para transmiti a informação central.
Entendemos por informações adicionais referências ao tempo, ao lugar, á freqüência com que o fato ocorre, as
característica das pessoas envolvidas, a causa do fato, as indicações de instrumentos utilizadas para sua
realização, etc.

Observe também que o resumo pode ter o tamanho que você desejar, por exemplo, no caso do parágrafo
acima, você pode resumi-lo de modo a dar somente as informações estritamente essenciais:

Os amigos de Maria fizeram uma grande festa.

Você também pode fazer o resumo de modo a incluir somente as referências de tempo e lugar:

Os amigos de Maria fizeram uma grande festa, na sala do gerente de vendas, durante a tarde de ontem.

É bom, porém, em seu resumo, eliminar detalhes de menor significação.

Riqueza da Língua

Dominar a norma culta de um idioma é plataforma mínima de sucesso para profissionais de todas as áreas.
Engenheiros, médicos, economistas, contabilistas e administradores que falam e escrevem certo, com lógica e
riqueza vocabular, têm mais chances de chagar ao topo do que profissionais tão qualificados quanto eles, mas
sem o domínio da palavra.

Nas grandes corporações, os testes de admissão concedem a competência lingüística dos candidatos muitas
vezes, o mesmo peso dado à aptidão para trabalhar em grupo ou ao conhecimento de matemática. Diversas
pesquisas estabelecem correlações entre tamanho de vocabulário e habilidade de comunicação de um lado, e
ascensão profissional e ganhos salariais de outro.

Como diz o lingüista britânico David Cristal, a globalização e a revolução tecnológica da internet estão dando
origem a um “novo mundo lingüístico”. Entre os fenômenos desse novo mundo, estão as subversões da
ortografia presentes nos blogs e nas trocas de e-mails e o aumento no ritmo da extinção de idiomas. Estima-
se que um deles desapareça a cada duas semanas. Cresce a consciência de que as línguas bem faladas,
protegidas por normas cultas, são ferramentas da cultura e também armas da política, além de ser riquezas
econômicas.

A comunicação por escrito se tornou mais ágil e veloz, aproximando-se, nesse sentido, da fala. Até no âmbito
profissional, a objetividade está imperando. A carta comercial que iniciava com a fórmula “vimos por meio
desta” é peça de museu.

“ Gêneros como a carta circular ou o requerimento estão em extinção. O e-mail absorveu essas funções”,
observa a lingüista Cilda Palma. Ela constatou que a correspondência eletrônica tornou a comunicação mais
informal – e que essa tendência foi mais longe na empresa privada. Observa a pesquisadora:

“Os correios ainda mantêm uma infra-estrutura anacrônica, que exige fotocópias e carimbos nos comunicados
internos.”

Embora a língua sofra ataques deformadores diários nos blogs e chats, a palavra escrita nunca foi usada tão
intensamente antes. Os mais otimistas apostam que os bate-papos da garotada, travados com símbolos e
interjeições, hoje podem ser a semente de uma comunicação escrita mais complexa, assim como o balbuciar
dos bebês denota a prontidão para a fala lógica que seguirá. Pode ser. Seria ótimo que fosse assim. Por
enquanto, uma maneira de se destacar na carreira e na vida e mostrar, nas comunicações formais, perfeito
domínio da tradicional norma culta do português. Vários estudos demonstram a correlação positiva entre um
bom domínio do vocabulário e o nível de renda, mesmo que não se possa traçar uma correlação direta e linear
entre uma coisa e outra.
Além de conhecer as palavras, é preciso que se tenha alguma coisa a dizer de forma lógica e racional.

(TEIXEIRA, Jerônimo. Riqueza da Língua. VEJA, São Paulo: Abril, ed. 2025, ano 40, n.36,p 88-86, 12 set.2007
apud Consultec)

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