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O que é impessoalidade

A impessoalidade da linguagem é uma técnica indispensável


quando falamos na produção de um texto dissertativo-
argumentativo. O objetivo principal de escrever um texto de
maneira impessoal é eliminar marcas de subjetividade do
discurso, isto é, evitar opiniões e juízos de valores pessoais.

Como você já deve saber, o texto dissertativo-argumentativo


requer a defesa de um ponto de vista (tese) a partir de um dado
assunto ou tema polêmico e atual. A defesa desse ponto de
vista se dará no desenvolvimento do texto, com a apresentação
de argumentos consistentes capazes de sustentá-lo.

De certo modo, não é errado afirmar que esse texto possui um


viés opinativo. Entretanto, não podemos cair no simplismo de
achar que opinião é sinônimo de argumento. É o risco de
ultrapassar a impessoalidade na redação.

O argumento vai além da opinião: é crítico, pretende


estabelecer uma reflexão acerca do assunto polêmico
tematizado no texto, buscando seu embasamento em
informações concretas, dados estatísticos oficiais, testemunhos
de autoridades (sejam elas pessoas ou instituições) no assunto,
entre outros.
A impessoalidade deve se fazer presente desde o início de seu
texto, na apresentação da tese, passando pelo desenvolvimento
– que nada mais é que a construção dos argumentos – até
chegar à conclusão, ao fechamento do texto, onde você
apresenta uma proposta de intervenção ao problema que foi
discutido.

Em outras palavras, a impessoalidade deve estar nas três partes


– introdução, desenvolvimento, conclusão – que estruturam o
texto dissertativo-argumentativo.

A impessoalidade na redação
Na construção de um texto dissertativo-argumentativo, o autor
faz um esforço para se distanciar do assunto abordado, isto é,
ele faz uso da impessoalidade. Esse recurso é uma regra exigida
nesse gênero textual. A sua utilização proporciona maior
credibilidade ao texto, principalmente na defesa do ponto de
vista sobre o problema que se está discutindo, a qual se dá por
meio da argumentação.

Como já foi exposto, no texto dissertativo-argumentativo, o que


prevalece é a opinião do autor, fundamentada com uma
argumentação consistente que, além de sustentar a sua tese,
respeite a diversidade cultural e os direitos humanos.

Sabemos que os temas propostos nas redações do Enem são


sempre atuais e polêmicos, de relevância social elevada, os
quais mobilizam as mais diferentes opiniões e pontos de vista
dos indivíduos. Entretanto, o respeito aos direitos humanos e à
diversidade cultural são essenciais para a escrita de um bom
texto. Desrespeitá-los pode resultar em uma redação com nota
zero.
A impessoalidade no texto dissertativo-argumentativo
Observe as frases a seguir:
“Eu acho que precisamos ter cuidado, pois o número de assaltos
aumentou nesse bairro.”

“Na minha opinião, precisamos ter cuidado, pois o número de


assaltos aumentou nesse bairro.”

Se um texto dissertativo-argumentativo já é, em si mesmo, um


tipo de texto no qual o autor expõe a sua opinião, torna-se
desnecessário marcas como “eu acho” e “na minha opinião”.

Teremos a impessoalidade no uso dos verbos na 3ª pessoa do


singular e do plural (geralmente acompanhados do pronome
“se”). Evite as construções com 1ª pessoa do singular (eu) e do
plural (nós).

Outros exemplos de construções que devem ser evitadas:

 “Eu considero esse tipo de abordagem inapropriada…”


(Eu considero = 1ª pessoa do singular [eu]);

 “Nós podemos manifestar nossos desejos de uma


sociedade mais justa e igualitária…” (Nós podemos = 1ª
pessoa do plural [nós]);

 “Espero que a mudança não aconteça tardiamente…”


(Espero = a 1ª pessoa do singular está implícita nesse
verbo [eu]);

 “Queremos que nossos direitos sejam assegurados…”


(Queremos = a 1ª pessoa do plural está implícita nesse
verbo [nós]).

É importante ressaltar que, caso tenha começado a escrever o


texto usando uma pessoa gramatical (1ª ou 3ª), deve
permanecer assim até o final, para não mudar os pontos de
vista defendidos na argumentação.
Como deixar seu texto impessoal
Para deixar seu texto impessoal, existem algumas regras que
poderão ajudar na hora da escrita:

1. Substitua expressões como “eu acho”, “na minha opinião”,


“do meu ponto de vista” etc., por outras mais gerais, como “é
bom lembrar”, “é preciso considerar”, “é importante”, “convém
observar”, entre muitas outras;

2. Evite ao máximo o uso da primeira pessoa do singular. Assim,


em vez de escrever “Considero que as contribuições sociais
foram importantes para…”, você deve optar por “As
considerações sociais foram importantes para…”. Ou seja, o
autor deve ser mais direto, não há a necessidade de usar a
primeira pessoa, pois já se sabe que se trata de um texto
essencialmente opinativo;

3. Indetermine o sujeito, usando o verbo intransitivo ou


transitivo indireto ou de ligação + pronome “se”. Adotando esse
recurso linguístico, você não permitirá que o leitor identifique
com precisão o agente da ação. Trata-se de uma técnica muito
útil, sobretudo quando surge, no momento da escrita do seu
texto, alguma informação da qual você desconhece a exata
procedência. Exemplos:

1. “Aprende-se na universidade a relevância da ciência e da


pesquisa no Brasil”.
2. “Buscava-se a erradicação da pobreza e da fome através de
programas sociais e de políticas públicas a longo prazo”.
3. “Debate-se muito sobre a questão das novas mídias e
tecnologias em sala de aula”.

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