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República de Moçambique

MINISTÉRIO DA SAÚDE
DIRECÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO

Formação de Técnicos Médios de Administração Hospitalar

Sub-Módulo Vocacional 11.1

CONTABILIDADE PÚBLICA BÁSICA


APLICADA NAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE

________
Maputo, 2016
O presente manual faz parte do currículo de formação inicial do curso de Técnico de
Administração Hospitalar de nível médio baseado em competências, o qual consiste em
quatro semestres lectivos, sendo de carácter teórico-prático em sala de aula e no laboratório
humanístico e multidisciplinar, com uma componente de estágios parciais e um estágio
integral.

A elaboração dos manuais é fruto da colaboração entre Ministério da Saúde da


República de Moçambique e a União Europeia, através do "Projecto de Fortalecimento
Institucional do Ministério da Saúde: Apoio ao Desenvolvimento dos Recursos Humanos nas
áreas de Gestão e Administração em Saúde" (EuropeAid 127986/D/SER/MZ), contratado
pelo Gabinete do Ordenador Nacional para a Cooperação Moçambique / UE al Consorcio
Eductrade - Eptisa - Credes.

O conteúdo desta publicação é da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não


representa necessariamente a opinião do Projecto.

Todos os direitos desta obra se cedem ao Ministério da Saúde da República de


Moçambique.

É permitida a reprodução total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

FICHA TÉCNICA

Elaboração, distribuição e informações:

Ministério da Saúde (MISAU)


Direcção de Recursos Humanos (DRH)
Departamento de Formação
Repartição de Planificação e Desenvolvimento Curricular (RPDC)
Av. Eduardo Mondlane, 1008, 4º andar
Maputo, Moçambique

Coordenação

Ermelinda Notiço (MISAU/ DRH/Departamento Formação)


Suraia Nanlá (MISAU/ DRH/Departamento Formação)
Projecto EuropeAide/127986/D/SER/MZ
Consorcio: Eductrade, Eptisa, Credes
Berta Jimenez Gancedo (Projecto)
Carmen Fernandez (Projecto)
José Carlos LópezSeisdedos (Projecto)
Paula Greciet Paredes (Projecto)

Equipa técnica de elaboração


Elaboração do Conteúdo Revisão Técnica Revisão Pedagógica
Dolores Ortega Ortega Simone Daniel Nhachengo Paula Greciet Paredes

Formatação e Edição Revisão Linguística


e-training María González
Eductrade

Impressão: Photocopy Tecnology (tiragem 200 exemplares).


Manual de formação por competências elaborado conforme às normas e orientações técnicas
para produção de materiais didáticos do MISAU, de Agosto de 2013

©2016. Ministério da Saúde.


_____________
1ª Edição – Ano 2016

Ministério da Saúde 2
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

LISTA DE ABREVIATURAS
A Activo
AC Activo Circulante
ACI Agente de Controlo Interno
AEO Agente de Execução Orçamental
AF Activo Financeiro
AI Activo Imobilizado
Ai Activo imaginário
AM Amortização
AP Activo Permanente
ARr Activo real
ASMED Assistencia Médica e Medicamentosa
CAB Créditos Adicionais Abertos
CCA Cobertura dos Créditos Adicionais
CD-RW Disco compacto regrabable
CED Classificador Económico de Despesas
CFMP Cenário Fiscal de Médio Prazo
CFP Capital e Fundos Próprios
CCP Contas comerciais por pagar
CUT Conta Única do Tesouro
D Deve
DC Demonstrativo Consolidado
DCap Despesa de Capital
DCor Despesa Corrente
DD Dispêndio da Dívida
DEO Despesa Extra-Orçamental
DO Despesa Orçamental
DE Despesa Executada
DP Dívida Pública
DFix Despesa Fixa
DFs Demonstrações Financeiras
DNT Direcção Nacional de Tesouro
DOP Despesa Orçamental Paga
DPAF Departamento Provincial de Administração e Finanças
DPRH Departamento Provincial de Recursos Humanos
DPS Direcções Provinciais de Saúde
EN Encargos
e-SISTAFE Componente Informática que suporta o Sistema de Administração

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Financeira do Estado
EA Excesso de Arrecadação
ED Execução da Despesa
EEO Execução Extra-Orçamental
EO Execução Orçamental
EOC Execução Orçamental Corrente
EOCap Execução Orçamental de Capital
EqO Equilíbrio Orçamental
ER Execução da Receita
FM Fundo Maneio
FR Fonte de Recurso
EOFR Execução Orçamental e Financeira Real
H Haver
IRPS Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Singulares
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado
L Património Líquido
LCCB Livro de Controlo da Conta Bancário
LE1 Limite de Endividamento 1
LE2 Limite de Endividamento 2
MAF Manual de Administração Financeira
MISAU Ministério de Saúde
MOAF Mapa de Origem e Aplicação de Fundos
OC Operações de Crédito
OE Orçamento do Estado
OP Operação
OPs Operações
P Passivo
P c/p Passivo a curto prazo
P l/p Passivo a longo prazo
PC Passivo Circulante
PF Passivo Financeiro
PBCP Plano Básico da Contabilidade Pública
PES Plano Económico e Social
PP Passivo Permanente
PR Passivo Real
RAC Rácio do Activo Circulante
RAF Rácio de Autonomia Financeira
RAI Rácio do Activo Inmobilizado/Resultado Antes do Imposto
RC Receita Corrente

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RE Receita Executada
RCap Receita de Capital
RDF Rácio de Dependência Financeira
REC/P Rácio de Endividamento c/p
REF Resultado da Execução Financeira
REL/P Rácio de Endividamento l/p
REO Receita Extra-Orçamental
RLI Rácio de Liquidez Imediata
RLR Receita Líquida Real
RO Receita Orçamental
ROR Resultado Orçamental
RP Receita Prevista
Rpatr Resultado Patrimonial
RRE Rácio de Rentabilidade Económica
RRF Rácio de Rentabilidade Financeira
RSF Resultado dos Saldos Financeiros
RSTec Rácio de Solvência Técnica
RSTot Rácio de Solvência Total
RT Rácio de Tesouraria ou Acid. Test
RNRF Registo das Necessidades de Recursos Financeiros
Sc Saldo credor
Sd Saldo devedor
SDSMAS Serviços Distritais de Saúde Mulher e Acção Social
SEA Saldo do Exercício Anterior
SF1 Situação Financeira 1
SF2 Situação Financeira 2
S. Inicial Saldo inicial
SISTAFE Sistema de Administração Financeira do Estado
SCI Sub-sistema do Controlo Interno
SCP Sub-sistema da Contabilidade Pública
SOE Sub-sistema do Orçamento do Estado
SPE Sub-sistema do Património do Estado
SPES Saldo que Passa para o Exercício Seguinte
STP Sub-sistema do Tesouro Público
ST Secção de Transportes
S0 Saldo zero
UGB Unidade Gestora Beneficiária
UGE Unidade Gestora Executora
UPC Unidade de Prestação de Contas

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

PREFÁCIO

Ex.mos. Senhores,
Estudantes e Professores do Curso de Técnicos de Administração Hospitalar de nível Médio.
O Ministério da Saúde (MISAU) através da Direcção de Recursos Humanos – Departamento
de Formação na sua missão de formar e desenvolver profissionais de saúde cada vez mais
competentes, tem vindo a implementar reformas curriculares no âmbito da formação baseada
em competências, de modo a trazer ao Serviço Nacional de Saúde, profissionais com
conhecimentos, habilidades e atitudes para responder pontualmente às necessidades dos
pacientes.
O presente manual de ensino apresenta conteúdos, actividades de ensino, casos práticos e
projectos que permitirão que o futuro Técnico de Administração Hospitalar de nível Médio
adquira competências profissionais para o desenvolvimento das suas funções nas Unidades
Sanitárias do Serviço Nacional de Saúde, bem como, pesquisa clínica e ensino.
Este manual é um recurso de apoio aos professores, na planificação e implementação das
aulas que se destinam a formação de Técnicos de Administração Hospitalar de nível Médio e
visa desenvolver nestes futuros profissionais de saúde, conhecimentos, habilidades e atitudes
com relação as práticas de prestação de cuidados de saúde com elevada qualidade e em
conformidade com o perfil profissional estabelecido. Por outro lado, o módulo é resultado da
revisão do currículo de Técnicos de Administração Hospitalar nível Médio para a nova
abordagem baseada em competências.
Para o estudante, o módulo servirá de um guião de estudo e de consulta para aquisição de
conhecimentos, atitudes e habilidades técnicas que lhe permitirão prestar um atendimento de
qualidade e humanizado aos pacientes, respeitando os princípios éticos e deontológicos da
profissão e consequentemente, melhorar a qualidade dos serviços de saúde prestados em
Moçambique.
Esperamos, por um lado, que este manual constitua um verdadeiro suporte para o
desenvolvimento e alcance dos objectivos das diferentes temáticas de formação dos
profissionais de Administração Hospitalar e por outro como uma base sólida onde o professor
possa buscar o fortalecimento de conhecimentos, garantia de uma dinâmica uniformizada
tanto na mediação como na assimilação das matérias de ensino.
O manual apresenta uma linguagem simples, acessível e clara de modo que permita a fácil
compreensão dos estudantes das Instituições de Formação de Saúde a nível nacional.

Maputo, Julho de 2016

Nazira Karimo Vali Abdula


Ministra da Saúde

Ministério da Saúde 7
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Ministério da Saúde 8
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO 11
II. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO/SUB-MÓDULO 16
III. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO 16
1. Unidade de competência de referência 16
2. Sub-módulo vocacional de referência 20
IV. UNIDADES DIDÁCTICAS 21
1. Conteúdo Organizador 21
2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas 21
3. Desenvolvimento das Unidades Didácticas 21
UD 1: A Contabilidade 22
1. Conceito e objectivos da contabilidade 26
2. Divisões da contabilidade: a contabilidade como instrumento de gestão 28
3. O património 28
4. As contas e o seu funcionamento 36
5. As partidas dobradas 41
6. O ciclo contabilístico 45
7. Principais actividades operacionais das instituições de saúde 50
UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do Estado
(SISTAFE) 64
1. Legislação de contabilidade pública em Moçambique 68
2. Sistema de administração financeira do Estado (SISTAFE) 79
3. Aplicativo informático e-sistafe 84
UD3: OS LIVROS E MAPAS DE REGISTOS CONTABILÍSTICOS 94
1. Documentação de suporte e as notas e assentos contabilísticos 96
2. A legalização dos livros e mapas contabilísticos das instituções de saúde 103
3. Processo de prestação de contas 104
4. Reconciliação bancária 108
5. Procedimiento de arquivo e conservação dos livros contabilísticos 112

Ministério da Saúde 9
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

UD4: ANÁLISE DAS CONTAS 122


1. O relatório contabilístico: demonstrações contabilísticas 125
2. Instrumentos de análise das demonstrações contabilísticas das empresas 134
3. Instrumentos de análise das demonstrações contabilísticas do
sector público 146
V. GLOSSÁRIO 161
VI. QUESTIONÁRIO DE AUTO AVALIAÇÃO DO SUB-MÓDULO 11.1 168
Prova de Perguntas Fechadas 168
Soluções da prova de perguntas fechadas do sub-módulo 11.1 176
Prova de Perguntas Abertas 177
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E WEBGRAFIA DO SUB-MÓDULO 11.1 178

Ministério da Saúde 10
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

I. INTRODUÇÃO DO MANUAL DE ENSINO


O presente manual corresponde a um dos módulos do programa formativo do TÉCNICO
MÉDIO DE ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR (TEMAH), desenhado com base em
competências profissionais. A competência é um conceito amplo que incorpora a capacidade
de transferir habilidades e conhecimentos para novas situações, dentro de uma determinada
área ocupacional.

Inclui a organização e planificação do trabalho, e a inovação e capacidade de lidar com


actividades não rotineiras; abrange, também, as qualidades de eficácia pessoal que são
exigidas no âmbito do trabalho, para lidar com os colegas e com os possíveis alunos.

Assim, ser competente é saber agir e reagir em contextos diversificados, ser capaz de solicitar
e combinar os recursos necessários e pertinentes para o cumprimento de uma determinada
tarefa, de compreendê-la e de ter êxito no momento de executá-la.

Uma Qualificação Profissional é uma comprovação de competências para desempenhar uma


ocupação a um determinado nível. O cenário de abordagem por competências tem elementos
inovadores nos âmbitos profissionais e laborais, tais como:
 Mudanças estruturais no mundo do trabalho.
 Mudanças de ordem sócio - económica que irão condicionar o surgimento de “novas
acividades" no mundo laboral.
 Tecnologias que criam ou modificam ocupações.
 Mudanças nas tendências demográficas; aumento do nível de escolaridade; novas
regulamentações laborais, entre outros. Criam-se assim novas ou mais exigências.
 Necessidade/interesse em realizar actividades com determinado padrão de qualidade.

Aplicar esta metodologia de definição do Perfil Profissional de um técnico queira garantir o


desempenho óptimo e correcto de todas as exigências laborais e técnicas correspondentes a
uma ocupação é um processo directamente associado ao desenho da sua formação apropriada
para responder a essas exigências de desempenho.

 Um Perfil Profissional assim definido é caracterizado por um conjunto de funções,


designadas de Unidades de Competência.
 A Unidade de Competência (UC) é um conjunto de funções produtivas, identificadas
no campo de trabalho, que expressam um determinado resultado significativo da
actividade técnico - laboral e tem um reconhecimento e um significado no sistema de
emprego organizado e estabelecido dentro de um determinado sector. Cada UC

Ministério da Saúde 11
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

estabelece qual deve ser o resultado de uma determinada actividade e evidencia se o


profissional é capaz de o obter ou de atingir. Cada UC detalha, também, a qualidade da
evidência requerida nesse resultado, expressando aquilo que é considerado um bom
desempenho profissional.

Cada Unidade de Competência (UC) é constituída por:


 Elementos de Competência (EC) que descrevem uma acção ou comportamento que
alguém deve ser capaz de realizar e demonstrar numa situação de trabalho e num
determinado campo ocupacional.

 Critérios de Desempenho (CD) definem os níveis de competência que permitem


avaliar as actividades de trabalho realizadas pela pessoa. Portanto, expressam o nível
aceitável de realização profissional, para cada Elemento de Competência, que esteja
em conformidade com os objectivos das organizações e fornecem orientações para a
avaliação da competência profissional.

 Contexto de aplicação da UC, que descreve os meios de produção, os produtos e


resultados do trabalho, a informação utilizada ou gerada, e os itens de natureza similar
e considerados necessários para o desempenho profissional. O contexto de aplicação
fornece o significado contextual dos elementos de competência. Isto é, esclarece o
ambiente e as condições actuais e previsíveis em que serão aplicados os elementos de
competência que compõem a unidade de competência.

Ao desenvolver esta metodologia, foi definida a qualificação do Técnico Médio de


Administração Hospitalar (TEMAH), e foram identificadas e definidas 14 Unidades de
Competência Vocacionais:

Planificar e orçamentar, nas áreas da sua responsabilidade no Sector da Saúde, as


UC1 acções administrativas e de gestão para a implementação das políticas
institucionais e sectoriais.
Gerir pessoas nas Instituições de Saúde buscando a sua motivação e envolvimento
UC2 no trabalho de acordo com a legislação laboral em vigor para o cumprimento dos
objectivos e planos definidos.
Realizar actividades administrativas para a gestão dos recursos humanos no Sector
UC3
da Saúde.
Organizar e coordenar os processos de atendimento e admissão do utente e de
UC4 processamento de documentação clínica, garantindo o cumprimento das normas e
procedimentos estabelecidos.

Ministério da Saúde 12
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Coordenar as actividades administrativas derivadas da gestão dos serviços


UC5
assistenciais e dos serviços auxiliares nas Unidades Sanitárias.
Coordenar as actividades administrativas resultantes da gestão dos serviços de
UC6
apoio aos serviços de assistência nas Unidades Sanitárias.
Coordenar as actividades administrativas que possibilitem a implementação das
UC7 normas de segurança e prevenção de riscos laborais e de prevenção e controlo de
infecções (PCI), assim como de cuidados ambientais.
Promover relações entre as Unidades Sanitárias e a comunidade permitindo o
UC8
envolvimento desta, na resolução dos problemas de saúde.
Executar as actividades administrativas necessárias para a implementação do
UC9 sistema de gestão de qualidade nas Unidades Sanitárias, e assegurar o
cumprimento desse sistema na sua área de responsabilidade.
Gerir e organizar os processos administrativos, incluíndo as comunicações internas
UC10 e externas, assim como as comunicações telefónicas e via Internet, para responder
de forma rápida e eficaz as solicitações e optimizar a circulação de informações.
Realizar a gestão financeira, contabilística e o controlo da tesouraria nas
UC11 instituições de saúde utilizando os procedimentos e aplicativos informáticos
estabelecidos.

UC12 Gerir com eficiência e eficácia a cadeia logística dentro da Instituição de Saúde.

Gerir o Património do Estado, de forma a manter os recursos físicos disponíveis e


UC13
em uso para assegurar uma prestação de serviços de saúde eficaz.
Participar na formação de novos profissionais de saúde e na formação contínua de
UC14 funcionários, assim como em actividades de investigação que assegurem a eficácia
dos serviços.

A partir do Perfil Profissional desenhado é definido o Programa Formativo, com um


formato modular. A cada Unidade de Competência do perfil profissional, corresponde um
módulo formativo.
Cada um dos Módulos Formativos corresponde a um bloco coerente de formação associado
a cada uma das Unidades de Competência, cujo objectivo é a aquisição de competência
profissional.

Para cada um destes Módulos são definidos:


- Resultados de Aprendizagem que expressam os resultados esperados do aluno no final
do Módulo, avaliando se este atingiu a competência profissional especificada na UC.
- Critérios de Avaliação que são o conjunto de parametros definidos para cada resultado
de aprendizagem que indicam o grau de concretização.
- Conteúdos para cada um dos resultados de aprendizagem .
- Requisitos de Instrução: Infra-estrutura, equipamentos e perfil do professor / formador.

Ministério da Saúde 13
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

- Notas de Suporte: Contexto da Disciplina/formas de instrução, abordagem da avaliação.


- Referências Bibliográficas.

A partir das 14 Unidades de Competência que constituem o Perfil Profissional, o Programa


Formativo do Técnico Médio contém os seguintes Módulos Vocacionales e Sub-módulos:

MÓDULOS VOCACIONAIS SUB-MÓDULOS VOCACIONAIS


Planificação e orçamentação de
MÓDULO
acções administrativas e de gestão Não se desagrega em Submódulos
1
no Sector da Saúde.
MÓDULO Gestão de recursos humanos em
Não se desagrega em Submódulos
2 Instituições de Saúde.
MÓDULO Gestão administrativa de recursos
Não se desagrega em Submódulos
3 humanos no sector da saúde.
Atendimento, admissão e Atendimento do utente e admissão do doente
MÓDULO SM 4.1.
processamento de documentação nas unidades sanitárias e instituições de saúde.
4
clínica em instituições de saúde. SM 4.2 Gestão documental em instituições de saúde.
Actividades administrativas dos serviços
SM 5.1.
MÓDULO Gestão de serviços assistenciais e assistenciais e auxiliares nas unidades sanitárias.
5 auxiliares nas unidades sanitárias. Atendimento do utente e admissão do doente
SM 4.1.
nas unidades sanitárias e instituições de saúde.
Gestão do serviço de nutrição e dietética nas
SM 6.1
unidades sanitárias.
Gestão administrativa da hotelaria
MÓDULO Gestão do serviço de lavandaria nas unidades
e dos serviços de apoio nas SM 6.2
6 sanitárias.
unidades sanitárias.
Gestão dos serviços de apoio geral nas unidades
SM 6.3
sanitárias.
Biossegurança e higiene no trabalho
Segurança e prevenção de riscos SM 7.1.
MÓDULO (funcionários e utentes).
laborais e meio ambiente nas
7 Prevenção de riscos laborais/saúde ocupacional
unidades sanitárias. SM 7.2
e para os utentes dos serviços de saúde.

MÓDULO Envolvimento comunitário na SM 8.1 Política Nacional de Saúde


8 gestão em saúde. SM 8.2 Envolvimento comunitário
MÓDULO
Qualidade nas unidades sanitárias. Não se desagrega em Submódulos
9
SM 10.1 Procedimentos administrativos nas USs.
Procedimentos administrativos e Gestão de comunicação nas unidades sanitárias
MÓDULO
comunicações em unidades SM 10.2
10 e instituições de saúde.
sanitárias
Atendimento do utente e admissão do doente
SM 4.1
nas unidades sanitárias e instituições de saúde
Contabilidade Pública aplicada nas Instituições
SM 11.1 de Saúde (Aplicativos informáticos de gestão
MÓDULO
Gestão financeira, contabilística e contabilística – SISTAFE).
controlo da tesouraria nas Gestão e controlo da tesouraria nas Instituições
11 SM 11.2
instituições de saúde. de Saúde.
SM 11.3 Gestão financeira nas Instituições de Saúde.

Ministério da Saúde 14
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

MÓDULOS VOCACIONAIS SUB-MÓDULOS VOCACIONAIS


SM 12.1 Gestão das aquisições (UGEAs).
Logística e gestão de stock e
MÓDULO Gestão de aprovisionamento e distribuição nas
aprovisionamento nas instituições SM 12.2
12 instituições de saúde.
de saúde.
SM 12.3 Gestão de medicamentos e de artigos médicos.

MÓDULO Gestão do Património nas SM 13.1 Gestão de património.


13 instituições de saúde. SM 13.2 Gestão da manutenção de bens e infraestruturas.
Formação de RH em administração e gestão
Formação e Investigação em SM 14.1
MÓDULO para saúde.
administração e gestão de novos
14 Metodologia e projecto de investigação aplicada
profissionais de saúde. SM 14.2
à administração e gestão em saúde.

O presente manual desenvolve o sub-módulo 12.1


Contabilidade pública básica aplicada nas instituições de saúde

Para facilitar a leitura deste manual, veja que o mesmo se encontra dividido em partes
apresentadas no sumário inicial:
 Dados básicos do módulo/sub-módulo.
 Referências do manual de ensino: perfil profissional e módulo formativo.
 Unidades Didácticas:
 Conteúdo temático
 Sequência e estrutura das Unidades Didáticas.
 Desenvolvimento das Unidades Didácticas: a denominação, o objectivo geral, a
introdução da unidade, os conteúdos, o desenvolvimento dos conteúdos, as
actividades de ensino - aprendizagem e o caso prático / projecto.
 Actividades de Ensino-Aprendizagem apresentam como objectivos:
- Facilitar a aprendizagem significativa dos alunos.
- Conseguir a participação dos alunos.
- Despertar neles o interesse.
- Introduzir os conteúdos (conceitos, procedimentos e atitudes.
- São exemplos das possíveis actividades que o professor pode desenvolver com
seus estudantes, mas que não atingem o total das horas do Módulo/Sub-módulo.
 O Caso Prático: incluí os conteúdos da Unidade Didáctica completa, baseados em
informações e documentos similares aos reais. Todas as Unidades Didácticas
incluem a elaboração de um projecto ou de um caso que parte de situações

Ministério da Saúde 15
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

concretas relacionadas com o desenvolvimento da actividade habitual, de maneira


que permita a transferência da aprendizagem a outros contextos. É um exemplo dos
possíveis casos que o professor pode desenvolver com seus estudantes, mas que não
atinge ao total de horas dos Módulos / Sub-módulo.
 Referências Bibliográficas: todos os materiais que foram consultados para a
elaboração do manual.
 Anexos: Em caso de precisar de consultar algum dado, instrumento, links do web,
informação, entre outros.
 Glossário: com a definição dos termos utilizados.
 Questionário final de auto-avaliação do módulo/submódulo, deve conter 50 perguntas
de estirpe múltipla (perguntas tipo teste) de modo a permitir avaliar o conhecimento
do aluno sobre o módulo.

II. DADOS BÁSICOS DO MÓDULO/SUB-MÓDULO


Denominação do módulo/Sub-módulo 11.2: Contabilidade Pública básica aplicada nas
Instituições de Saúde
Associado à Unidade de Competência:
UC11:Realizar a gestão financeira, contabilística e o controlo da tesouraria nas instituições
de saúde, utilizando os procedimentos e aplicativos informáticos estabelecidos.
Nível do QNQP: Médio 5

Duração do módulo: 40 horas

Número de créditos: 4

III. REFERÊNCIAS DO MANUAL DE ENSINO


1. Unidade de competência de referência
UC11: Realizar a gestão financeira, contabilística e o controlo da tesouraria nas instituições
de saúde utilizando os procedimentos e aplicativos informáticos estabelecidos

ELEMENTOS DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO


COMPETÊNCIA
CD11.1.1. Programa e organiza as operações económicas ligadas às
EC11.1. Planificar e
actividades descritas nos planos em função do classificador
organizar a utilização dos
económico.
recursos financeiros
CD11.1.2. Propõe o reajuste necessário e a redistribuição das verbas
existentes para
para atribuição de fundos disponíveis a cada actividade, no caso de
implementação dos planos
insuficiência financeira.
de actividades estabelecidos.
CD11.1.3. Submete as propostas de planos de alocação de recursos

Ministério da Saúde 16
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ELEMENTOS DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO


COMPETÊNCIA
financeiros aos diferentes programas e serviços para obtenção de
consenso e comunicação à entidade responsável pela gestão
financeira, para aprovação.
CD11.1.4. Garante que a execução orçamental seja realizada dentro
do período estabelecido e respeitando as disposições legais.
CD11.1.5. Monitora os custos e rendimentos das actividades
realizadas nos serviços de modo a ter informação do estado da
execução orçamental e calcular projecções temporárias das receitas e
despesas para elaboração de planos e orçamentos.
CD11.2.1. Recebe os documentos contabilísticos das operações
económicas verificando a sua validade e cumprimento de todos os
requisitos necessários para o registo.
CD11.2.2. Solicita, se necessário, os documentos derivados das
operações econômico-financeiras objecto de registo contabilístico,
EC11.2. Organizar e
aos serviços geradores dos mesmos.
classificar os documentos
CD11.2.3. Classifica os documentos em função da sua natureza,
derivados das operações de
contabilística e fiscal, para efeito de registo.
contabilidade, de modo a ter
CD11.2.4. Assegura que a documentação contabilística seja
actualizada e acessível a
arquivada em lugar seguro de acordo com as normas da instituição
informação necessária para a
assim como das instruções.
tomada de decisão.
CD11.2.5. Garante que os princípios de segurança e
confidencialidade das informações contidas nos documentos
contabilísticos sejam respeitados durante todo o processo.
CD11.2.6. Elabora os relatórios contabilísticos necessários e/ou
requeridos para apreciação e tomada de decisão.
CD11.3.1. Realiza o registo das operações económico-financeiras da
instituição nos livros contabilísticos regulamentados (livro de
controlo orçamental, numerador de requisições externas, controlo
bancário), de forma ordenada (movimentos débito/crédito) nas
respectivas contas, de acordo com a natureza do documento.
CD11.3.2. Garante que todos os livros contabilísticos sejam
EC11.3. Realizar os registos
preenchidos devidamente e de acordo com os procedimentos
contabilísticos e preparar os
administrativos em vigor.
mapas financeiros de acordo
CD11.3.3. Insere os registos contabilísticos no aplicativo informático
com o regulamento aplicável
definido (e-SISTAFE), tendo em conta a natureza da transacção e dos
e seguindo as etapas e prazos
documentos contabilísticos.
estabelecidos para apoiar a
CD11.3.4. Assegura que sejam utilizadas as ferramentas e os
gestão e a tomada de
instrumentos contabilísticos definidos nas normas de gestão
decisão.
económica financeira existentes.
CD11.3.5. Elabora os mapas financeiros (diários contabilísticos,
balancetes e outros) e os remete para apreciação e tomada de decisão
dos superiores hierárquicos, seguindo o procedimento estabelecido
pela instituição.
CD11.3.6. Verifica e controla os registos contabilísticos
periodicamente em função do suporte documental, seguindo os

Ministério da Saúde 17
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ELEMENTOS DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO


COMPETÊNCIA
procedimentos estabelecidos, para assegurar a fiabilidade das
informações e detectar possíveis erros.
CD11.3.7. Apresenta os processos contabilísticos aos superiores
hierárquicos, seguindo os canais, prazos e formato estabelecidos para
sua revisão e posterior autorização.
CD11.3.8. Elabora e envia aos superiores os relatórios da situação
financeira, económica e patrimonial seguindo o procedimento
estabelecido, para apreciação, análise e tomada de decisão.
CD11.3.9. Respeita durante todo o procedimento os princípios de
segurança e confidencialidade da informação contida nos documentos
contabilísticos.
CD11.3.10.Garante que seja elaborada com clareza, exactidão e
simplicidade toda a informação que deve conter um processo de
prestação de contas.
CD11.4.1. Garante que o processamento da receita pública complete
as três etapas definidas: lançamento, liquidação e cobrança.
CD11.4.2. Mantem identificadas e controladas as fontes de receitas
EC11.4. Monitorizar a
nos diferentes serviços, monitorando diariamente a cobrança e
cobrança das receitas para
garantindo a aplicação das regras estabelecidas.
que se obedeça a todos os
CD11.4.3. Organiza a documentação necessária (recibos, talonários,
procedimentos que garantem
livros de registo e outros) para a cobrança das receitas que permita
o completo e total controlo
manter actualizada a informação das entradas.
da mesma e seu
CD11.4.4. Garante o registo nos suportes apropriados da receita
encaminhamento para os
arrecadada e o seu encaminhamento diário ao banco
cofres do Estado.
CD11.4.5. Zela pelo cumprimento das obrigações contratuais de
prestação de serviços (garantia bancária e outros) caso seja
necessário.
CD11.5.1. Assegura que a despesa pública só seja feita quando se
verifique a sua inscrição no Orçamento do Estado (OE) e estiver
incluída no Plano Operacional Anual (POA) do Sector da Saúde.
CD11.5.2. Garante a existência de uma proposta devidamente
fundamentada, com o valor do encargo e a rúbrica orçamental que vai
suportar, bem com a existência de disponibilidade financeira.
CD11.5.3. Zela para que a realização da despesa tenha como suporte
EC11.5. Gerir os processos
os respectivos documentos contratuais e a requisição emitida pela
de pagamentos assegurando
entidade competente.
o cumprimento de todos os
CD11.5.4. Executa as etapas de encerramento dos processos
requisitos legais e
administrativos e o registo completo dos mesmos utilizando os
financeiros aplicáveis.
aplicativos informáticos de gestão financeira do Estado.
CD11.5.5. Garante a inclusão da despesa num processo próprio com
documentação completa.
CD11.5.6. Garante que seja dada a permissão por quem de direito o
pode fazer, para a concretização e assunção do compromisso para a
realização da despesa.
CD11.5.7. Assegura o apuramento do valor da despesa a pagar e a

Ministério da Saúde 18
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ELEMENTOS DE CRITÉRIOS DE DESEMPENHO


COMPETÊNCIA
emissão do pedido de libertação de fundos, verificando
posteriormente que o pagamento seja feito.
CD11.5.8. Confere a validade dos documentos justificativos de todas
as despesas assegurando seu arquivo posterior.
CD11.5.9. Zela para que a despesa seja realizada nos prazos
previstos pelo orçamento e respeitando as disposições legais.
CD11.6.1. Elabora o plano de tesouraria de forma a obter
informação da receita esperada para confrontar com a receita
recebida.
EC11.6. Realizar a gestão e CD11.6.2. Controla as contas bancárias e mensalmente verifica os
controlo da tesouraria para mapas de reconciliação bancária e remete para o conhecimento dos
garantir que as receitas superiores hierárquicos.
programadas sejam CD11.6.3. Controla diariamente os livros de registo da venda de
arrecadadas e encaminhadas talonários para conferir as entradas e saídas de valores monetários em
de acordo com as normas em caixa.
vigor. CD11.6.4. Mantem actualizada a informação da tesouraria e elabora
os relatórios necessários e/ou requeridos.
CD11.6.5. Elabora processos de contas das despesas efectuadas
conforme as normas em vigor.
CD11.7.1. Realiza e controla a contagem do numerário, cheques e
outros documentos de crédito ou débito de acordo com os
procedimentos estabelecidos.
EC11.7. Efectuar e
CD11.7.2. Verifica a concordância entre a contagem do fecho de
controlar o fecho de caixa de
caixa e os registos feitos no livro de caixa e envia para controlo
acordo com os
interno, visando a transparência da tesouraria.
procedimentos do manual da
CD11.7.3. Justifica as anomalias nos documentos, cálculos ou outros
instituição.
seguindo os procedimentos da instituição.
CD11.7.4. Realiza o fecho da caixa com integridade,
responsabilidade, fiabilidade e confidencialidade.
CD11.8.1. Calcula os indicadores financeiros usando as ferramentas
estabelecidas para cada um, e compara os resultados com os valores
de referência previamente estabelecidos para detectar os possíveis
desvios.
EC11.8. Auxiliar na análise CD11.8.2. Detecta e analisa desvios e anomalias do orçamento e/ou
da situação financeira e do plano de contabilidade, indicando as possíveis medidas
patrimonial para determinar correctivas.
as necessidades de CD11.8.3. Faz as projecções temporárias dos diversos orçamentos
financiamento da instituição departamentais ou sectoriais para se definir o estado financeiro do
de saúde. período orçado.
CD11.8.4. Prepara e remete para apreciação e aprovação os
relatórios das necessidades financeiras da instituição
CD11.8.5. Emite pareceres sobre a situação financeira e patrimonial
da instituição para auxiliar na tomada de decisão.

Ministério da Saúde 19
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

2. Sub-módulo vocacional de referência

Sub- módulo 11.1. Contabilidade pública básica aplicada nas instituições de saúde
(aplicativos informáticos de gestão contabilística – SISTAFE)

RESULTADOS DE
CRITÉRIOS DE AVALAÇÃO
APRENDIZAGEM

CA 1.1 Identifica os regulamentos, as regras e os


procedimentos do subsistema de contabilidade pública do e-
SISTAFE.
CA 1.2 Reconhece os objectivos, funções e principais
conteúdos do aplicativo informático de gestão financeira (e-
SISTAFE).
CA 1.3 Descreve as classificações de receitas e despesas
previstas no e-SISTAFE.
CA 1.4 Identifica os livros de registo e contabilização
indicando as suas características e regras de escrituração e os
serviços geradores dos mesmos.
CA 1.5 Reconhece a importância, a utilidade e a relevância
das informações obtidas da gestão contabilística.
RA.1 Realizar operações
CA 1.6 Interpreta os documentos derivados das operações
contabilísticas com rigor
contabilísticas
utilizando o aplicativo
CA 1.7 Distingue as obrigações fiscais, sociais e legais
informático em vigor (e-
conforme à legislação laboral em vigor e os procedimentos
SISTAFE) e os livros
necessários para o pagamento das mesmas.
contabilísticos
CA 1.8 Explica como arquivar a documentação contabilística,
regulamentados pelas
diferencianda-a pelo seu conteúdo e características de
finanças públicas.
classificação e seguindo as normas estabelecidas.
CA 1.9 Numa situação real devidamente caracterizada de
organização de actividades contabilísticas:
 Separa os documentos conforme a sua natureza.
 Classifica os documentos de acordo com o classificador
económico.
 Identifica os elementos necessários para a realização do
registo contabilístico.
 Identifica os mecanismos de conformidade dos registos
contabilísticos.
 Lança os documentos no aplicativo informático (e-
SISTAFE).
 Descreve os procedimentos para realizar o arquivo da
documentação contabilística
RA.2 Analisar os mapas CA 2.1 Descreve o procedimento de elaboração de um

Ministério da Saúde 20
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

RESULTADOS DE
CRITÉRIOS DE AVALAÇÃO
APRENDIZAGEM

contabilísticos e a processo de prestação de contas (despesas, ajudas de custo e


documentação de suporte contas de adiantamento de fundo de maneio).
ao registo contabilístico. CA 2.2 Explica a estrutura do balancete de execução
orçamental
CA 2.3 Identifica as características dos relatórios
contabilísticos e as instituiçõespara as quais são
encaminhados.
CA 2.4 Numa situação real devidamente caracterizada de
execução de operações contabilísticas:
 Explica os tipos de mapas a serem elaborados.
 Verifica se os processos de prestação de contas cumprem
os requisitos e contêm a documentação estipulada.
 Verifica a existência ou não de irregularidades na
documentação.
 Prepara os balancetes de verificação de saldos.
 Aplica os instrumentos de analise financeiros
 Elabora um relatório contabilístico para o período de
tempo estipulado no exercício prático, interpretando os
resultados obtidos.

IV.UNIDADES DIDÁCTICAS

1. Conteúdo Organizador

A Gestão eficaz e eficiente da Tesouraria das Instituições de Saúde como garante do


provimento dos Serviços de Saúde.

2. Sequência e Temporalização das Unidades Didácticas

TEMPO
UNIDADES DIDÁCTICAS
(em horas)
UD 1: A contabilidade 20
UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração
20
financeira do estado (SISTAFE)
UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos 25
UD4: Análise das contas 25
TOTAL 90

3. Desenvolvimento das Unidades Didácticas

Ministério da Saúde 21
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

UNIDADE DIDÁCTICA 1

A CONTABILIDADE

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 22


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ÍNDICE DA UD1

OBJECTIVO GERAL 25
Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática 1 25
INTRODUÇÃO 25
1. CONCEITO E OBJECTIVOS DA CONTABILIDADE 26
1.1. Conceito de contabilidade 26
1.2. Objectivos da contabilidade 27
2. DIVISÕES DA CONTABILIDADE: A CONTABILIDADE COMO INSTRUMENTO DE
GESTÃO 28
3. O PATRIMÓNIO 28
3.1. Elementos patrimoniais 29
3.2. Massas patrimoniais 30
3.2.1. Sub-massas do Activo 31
3.2.2. Sub-massas do Passivo 31
3.3. O equilíbrio patrimonial 32
3.4. A Estrutura ou Composição do Património empresarial 33
3.4.1. O Inventário 33
3.4.2. O Balanço de Situação 36
4. AS CONTAS E O SEU FUNCIONAMENTO 36
4.1. Contas de activo, passivo e património líquido 38
4.1.1. Funcionamento das contas de activo: 38
4.1.2. Funcionamento das contas de Passivo e de Património Líquido: 39
4.2. Contas de custos (despesas) e ganhos (receitas) 39
4.2.1. Contas de custos e perdas e o seu funcionamento 40
4.2.2. Contas de proveitos e ganhos e o seu funcionamento 40
5. AS PARTIDAS DOBRADAS 41
6. O CICLO CONTABILÍSTICO 45
6.1. O registo das operações nos livros contabilísticos 45
6.2. Livro diário 46
6.3. Livro Razão 48
6.4. Livro de Inventários e Balanços 49

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 23


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

6.5. Balanço de comprovação ou de somas e saldos 49


7. PRINCIPAIS ACTIVIDADES OPERACIONAIS DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE 50
7.1. Contratos mais comuns das instituições de saúde 51
7.2. Meios de pagamento e recebimento 51
7.3. Os títulos de crédito 52
7.3.1. Letra 52
7.3.2. Livrança 57
RESUMO 58
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1 59
Actividade 1: Elementos patrimoniais 59
Actividade 2: Património empresarial e balanço 60
CASO PRÁTICO DA UD1 62

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 24


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

OBJECTIVO GERAL
Contabilizar as operações económicas e preparar as contas anuais das instituições de saúde,
bem como conferir, quando for requerido, em cumprimento da normativa contável, fiscal e
legal vigente.

Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática 1


No final desta Unidade Didáctica, o discente deverá ser capaz de:
 Determinar as obrigações em matéria contabilística;
 Determinar a natureza e valor dos elementos do património;
 Diferenciar o funcionamento dos diferentes tipos de contas;
 Registar contabilisticamente as operações do exercício econômico aplicando os
princípios da contabilidade;
 Efectuar as operações de comprobação da contabilidade nos momentos em que for
requerido;
 Preparar as contas anuais.

INTRODUÇÃO

CITAÇÃO
“Ninguém é rico se as suas despesas superam os seus ingresos e ninguém é
pobre se os seus ingresos superam as suas despesas” (Thomas Chandler
Haliburton -17/12/1796–27/08/1865- Importante homem de negócios e juiz,
foi o primeiro autor internacional de best-seller de Canadá).

É evidente que no plano meramente pessoal e familiar é preciso ter um mínimo controlo das
despesas e ingresos porque não se pode gastar mais do que se recebe e não deve gastar tudo.
Todas as pessoas e famílias tentam poupar parte daquilo que recebem por forma a satisfazer
futuras necessidades: imprevistos tais como doenças, acidentes; reabilitação da casa, viatura,
mobília, electrodomésticos ou outros bens e as suas avarias; e outras situações desejáveis
como casamentos, estudos dos filhos, viagens, etc.

A financiação destas necessidades deve ser programada com antecedência:


 É preciso controlar o estado e deterioração dos bens;
 É preciso controlar o nível de poupança e as possíveis flutuações do seu poder
aquisitivo;
 Quando for comprar um bem, é preciso programar como se quer pagar e como é
conveniente pagá-lo.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 25


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Como podes ver, uma economia pessoal ou familiar implica a tomada de muitas decisões para
o qual é preciso planificação e controlo que se podem realizar mentalmente, por escrito e com
maior ou menor detalhe, segundo preferências pessoais.
Acontece o mesmo no âmbito empresarial e no âmbito público, com a diferença de que as
suas economias são muito mais complexas e, com maior razão, não se pode deixar nada para
improvisar. Exige-se, portanto, um maior rigor na previsão e para isto é preciso um sistema
de registo pontual dos factos de natureza económica que os afectam.

1. CONCEITO E OBJECTIVOS DA CONTABILIDADE

1.1. Conceito de contabilidade


O nascimento da contabilidade remonta-se às origens e desenvolvimento do comércio, a
agricultura e a indústria que gerou a necessidade de registar as transacções económicas e os
resultados obtidos, para poder controlar e planificar, de um modo mais eficiente, a actividade
comercial.
Conforme as relações comerciais e a estrutura e funcionamento das empresas foram
complicando-se, viu-se cada vez mais necessária a contabilidade como forma de registo e
controlo das operações de natureza económica. Além disso, a técnica contabilística permite
conhecer, em todo momento, o estado das operações e do património da empresa, o qual
converte a contabilidade numa importante ferramenta no momento da tomada de decisão.
Contabilidade: “Ciência que estuda o Património e as variações que se
DEFINIÇÃO produzem nele” (Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral. Editorial
Thomson-Paraninfo).
A contabilidade é também uma técnica de registo das operações de natureza
económica que afectam o património da empresa e das organizações.

O património objecto da contabilidade pode ser das organizações, das empresas e dos
indivíduos ou famílias.

ATENÇÃO Não esqueças que a contabilidade é, desde a sua origem, uma ferramenta muito
útil para a tomada de decisões, a planificação da actividade e o controlo dos
recursos das empresas e organizações.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 26


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.2. Objectivos da contabilidade

A finalidade da contabilidade, conforme foi indicado no capítulo anterior, consiste em


orientar a planificação e controlo da empresa através da interpretação, medição e
representação do seu património e as suas variações.
Esta finalidade apresenta três diferentes aspectos:
 Determinar a situação patrimonial da empresa ao início de um período;
 Controlar as variações que se vão produzindo no património ao longo do período;

 Determinar o resultado e a situação patrimonial da empresa ao fim do período.

Graficamente, poder-se-ia representar da seguinte maneira:

INÍCIO DO PERÍODO DURANTE O PERÍODO FIM DO PERÍODO


 Valor final do
PATRIMÓNIO (bens +
 Valor inicial do  Variações do
direitos - obrigações)
PATRIMÓNIO PATRIMÓNIO (bens
 RESULTADO DO
(bens + direitos - + direitos -
PERÍODO (ingresos –
obrigações) obrigações)
gastos = benefício ou
perda)

Por outro lado, os objectivos da contabilidade são os três seguintes:


 Informar da situação económica do património da empresa, tanto desde um ponto de
vista meramente quantitativo como financeiro;
 Informar dos resultados (benefício ou perda) obtidos pela empresa num período de
tempo;
 Informar das causas que têm gerado tais resultados, que são ainda mais importantes do
que o volume do benefício ou a perda.

Para cumprir estes objectivos, a contabilidade utiliza as seguintes ferramentas:

Estado de Utilidade ou Perda (livro de resultados) que recolhe o resultado do período e a


sua composição.

Balanço que recolhe todos os bens, direitos e dívidas da empresa.

A elaboração destes estados contabilísticos será estudada noutro capítulo da Unidade


Didáctica número 4. Neste apartado somente é indicada a sua existência face à consecução
dos objectivos e finalidades da contabilidade.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 27


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

2. DIVISÕES DA CONTABILIDADE: A CONTABILIDADE COMO


INSTRUMENTO DE GESTÃO
A contabilidade é dividida em dois bloques fundamentais: contabilidade financeira e
contabilidade analítica.

Contabilidade financeira: ramo da contabilidade que recolhe e indica todas as


operações que a organização realiza com o exterior.
DEFINIÇÃO
Contabilidade analítica: ramo da contabilidade responsável pelo cálculo dos
custos, bem como de fornecer informação relevante aos usuários internos que
possa servir de apoio à tomada de decisões e facilite o processo de planificação
e controlo.

A contabilidade financeira explica a estrutura do património da organização em relação com


os usuários externos da informação contabilística (clientes, provedores, acionistas, possíveis
investidores, administrações públicas, entre outros). Por outro lado, a contabilidade analítica é
uma ferramenta de gestão muito importante pois fornece uma informação muito detalhada do
funcionamento da organização, o qual posibilita a tomada de decisões interna sobre o controlo
dos gastos ou sobre mudanças nos processos de produção ou prestação de serviços.
No que diz respeito aos requisitos formais de uma e outra, observa-se também uma gran
diferença pois a contabilidade financeira deve cumprir determinadas obrigações formais e
legais de apresentação e registo, enquanto que a segunda, ao ser de uso meramente interno,
não está sujeita a formalidade nenhuma.

3. O PATRIMÓNIO
Nos capítulos anteriores tens estudado o conceito de contabilidade, a sua finalidade,
objectivos e as suas principais divisões, e terás compreendido que o objecto da contabilidade
é o património das organizações.

DEFINIÇÃO
Património: conjunto de bens, direitos e obrigações que pertencem a uma
organização (empresa, comerciante, administração pública, social ou outros)
num momento determinado (Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral.
Editorial Thomson-Paraninfo).

Esta definição pode expressar-se com a seguinte equação:

Património Bruto = Bens + Direitos + Obrigações


É preciso ter em conta que na contabilidade, considera-se que os bens e direitos são a parte
positiva do património, sendo as obrigações a parte negativa. Assim, a equação fundamental
do património empresarial é a seguinte:

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 28


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Património Líquido = (Bens + Direitos) – Obrigações


Além disso, se na contabilidade a parte positiva do património é chamada ACTIVO, a parte
negativa é o PASSIVO e ao Património Líquido chama-se PATRIMÓNIO, a equação do
património ficaria da seguinte maneira:

PATRIMÓNIO LÍQUIDO= ACTIVO – PASSIVO

De aqui, pode deduzir-se também que o ACTIVO é igual ao PASSIVO mais o líquido:

ACTIVO = PASSIVO + PATRIMÓNIO LÍQUIDO

Expressado graficamente seria como segue:

PASSIVO
ACTIVO
PATRIMÓNIO LÍQUIDO

Outra forma de explicar a equação patrimonial é a seguinte:

Se o ACTIVO é a estrutura económica da organização (o que precisa para funcionar) e o


PASSIVO + PATRIMÓNIO é a estrutura financeira (a origem dos fundos para adquirir o que
precisa), temos o seguinte:

PASSIVO
ACTIVO
PATRIMÓNIO LÍQUIDO

ESTRUTURA ESTRUTURA
ECONÓMICA FINANCEIRA

ATENÇÃO
A estrutura do passivo e do activo tem que estar sempre em sintonia, quer dizer,
em equilíbrio.

A seguir vas estudar a fundo a composição do património da empresa e o seu reflexo no


inventário e balanço da situação.

3.1. Elementos patrimoniais


DEFINIÇÃO
Elementos patrimoniais: os diferentes bens, direitos e obrigações que
compõem o património da organização.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 29


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

A seguir, são definidos cada um deles, com exemplos para facilitar a compreensão:

DEFINIÇÃO
Bens: as coisas materiais e inmateriais que uma empresa tem para poder
funcionar.

Alguns exemplos de bens são: mercadorias, matérias primas, maquinarias, computadores,


dinheiro de caixa, mobília, material de escritório, electrodomésticos, terrenos, armazéns e
locais, veículos, programas informáticos, nome comercial, marca, etc.

DEFINIÇÃO
Direitos: constituídos pelo dinheiro que os clientes ou devedores devem à
empresa.

Direitos são o dinheiro que os clientes ou outras entidades devem à empresa, os documentos
ou “Dívidas a cobrar” não vencidos, os morosos, o dinheiro que a empresa tem em depósitos
bancários, etc.

DEFINIÇÃO Obrigações: dívidas que a organização tem com terceiras partes (outras
empresas ou particulares). Quer dizer, o dinheiro que a empresa deve a seus
provedores ou credores.
Alguns exemplos de obrigações são o dinheiro que a empresa deve aos provedores de
mercadorias, matérias primas ou outros bens necessários para o funcionamento da empresa;
os documentos ou efeitos a pagar não vencidos; aos bancos, administrações públicas ou
particulares pelos empréstimos que foram concedidos, etc.
Em contabilidade, todos os elementos patrimoniais são representados por contas que vais
estudar em detalhe a seguir no capítulo 4.

3.2. Massas patrimoniais

DEFINIÇÃO
Massas patrimoniais: são grupos de elementos patrimoniais com a mesma
funcionalidade económica ou financeira, quer dizer, com características
comuns (Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral. Editorial Thomson-
Paraninfo).
Conforme pudeste ver no sub-capítulo anterior, o património da empresa é composta por três
massas patrimoniais diferentes:
Activo: conjunto de elementos patrimoniais constituído pelos bens e direitos de
DEFINIÇÃO cobrança da empresa.
Passivo: conjunto de elementos patrimoniais constituído pelas dívidas
(obrigações de pagamento) da empresa.
Património: conjunto de elementos patrimoniais constituído pelos recursos

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 30


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

próprios da organização (as aportações realizadas pelos donos, os benefícios


gerados pela actividade e outras doações ou transferências de capital de
empresas ou organismos oficiais a título gratuito).
Além disso, em função do tempo que os elementos patrimoniais vão ficar no “património da
organização”, temos a seguinte sub-divisão:

3.2.1. Sub-massas do Activo


DEFINIÇÃO
Activo Corrente: composto pelos bens e direitos cuja permanência no
patrimônio da empresa é igual ou inferior a um ano.

A esta massa pertencem o dinheiro que está na caixa da organização, as facturas e “Dívidas a
cobrar” dos clientes com vencimento inferior a um ano, matérias primas, mercadorias e
outros.

DEFINIÇÃO
Activo Não Corrente: composto pelos bens e direitos cuja permanência no
património da empresa é superior a um ano.

A esta massa pertencem os locais e armazéns, os elementos de transporte, computadores,


nomes comerciais, facturas e “Dívidas a cobrar” dos clientes com vencimento superior a um
ano, veículos, mobiliário, etc.

3.2.2. Sub-massas do Passivo


DEFINIÇÃO
Passivo Corrente: composto pelas dívidas contraídas pela empresa cujo período
de devolução é igual ou inferior a um ano.

A esta massa pertencem as dívidas ou efeitos a pagar a curto prazo aos provedores de matérias
primas, mercadorias, dívidas com bancos ou organismos oficiais por empréstimos concedidos,
dívidas com administrações públicas por impostos, etc.

DEFINIÇÃO
Passivo Não Corrente: composto por dívidas contraídas pela empresa cujo
período de devolução é superior a um ano.

A esta massa pertencem as dívidas ou efeitos a pagar a longo prazo aos provedores de
matérias primas, mercadorias, dívidas com bancos ou organismos oficiais por empréstimos
concedidos, dívidas com administrações públicas, etc.
Incluindo as sub-massas de activo e passivo, o gráfico do património da empresa ficaria da
seguinte maneira:

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 31


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ACTIVO PASSIVO
Activo Corrente Passivo Corrente
Passivo Não Corrente
Activo Não Corrente PATRIMÓNIO
LÍQUIDO

ESTRUTURA ESTRUTURA
ECONÓMICA FINANCEIRA

3.3. O equilíbrio patrimonial

El equilíbrio patrimonial é determinado pela estrutura que as massas e os elementos


patrimoniais da organização adquirem num momento determinado.

LÉMBRA-TE
A estrutura do passivo e do activo tem que estar sempre em equilíbrio.

Podem acontecer diferentes formas de equilíbrio que dependem, em grande parte, da


actividade da empresa num determinado momento. Partimos da seguinte equação:

A = P+ L
Sendo: A = Activo, P = Passivo e L = Património Líquido

Obtém-se as seguintes situações de equilíbrio patrimonial:

Equilíbrio Ideal: Se P = 0 então A = L


Quando o Passivo for igual a 0, o Activo é igual ao Património Líquido, o qual significa que a
organização não tem dívidas e todos os seus activos estão financiados com recursos próprios.

Equilíbrio Normal ou Estável: Se L > 0 então A = L + P


Quando o Património Líquido for maior que 0, o Activo é igual ao Passivo mais o Património
Líquido, o qual significa que o Activo está financiado com fundos próprios e fundos alheios
(dívidas).

Equilíbrio Equívoco: Se L = 0 então A = P

Quando o Património Líquido for igual a 0, o Activo é igual ao Passivo, o que significa que o
Activo está enteramente financiado com fundos alheios (dívidas). Esta situação pode levar à
organização a vender parte dos elementos do seu activo para poder pagar as dívidas. Nesta
situação, a empresa pode encontrar-se em suspensão de pagamentos.

Desequilíbrio: Se L < 0 então A = P + L

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 32


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Quando o Património Líquido é menor que 0 e o Activo é igual ao Passivo mais o Património
Líquido, parte dos activos da organização são fictícios, o que significa que deve mais do que
tem. Esta situação é denominada falência.

Desequilíbrio máximo: Se L ≤ 0 então A = 0 e P = 0

Significa que a organização não tem elementos no activo para suportar as dívidas que tem
contraído. Nestes casos, os donos devem responder ante os credores. Esta situação é chamada
ocultação de bens.

3.4. A Estrutura ou Composição do Património empresarial

Para refletir a estrutura e composição do património das organizações, a contabilidade utiliza


dois documentos muito importantes: o inventário e o balanço.
Cada um destes documentos é elaborado seguindo umas normas e critérios específicos
estabelecidos pelas leis, têm distinta natureza e as suas finalidades são diferentes, embora os
dois são instrumentos que refletem fielmente a composição do património.

3.4.1. O Inventário
DEFINIÇÃO
Inventário: documento no qual é feita uma lista detalhada dos elementos
patrimoniais duma empresa num momento determinado.

O inventário inclui, além da lista detalhada dos elementos, o número de unidades e o valor
unitário de cada um.
 Lista detalhada de elementos

Inventário  Número de unidades de cada um


umelemento
 Valor unitário de cada elemento

O inventário constitui uma ferramenta imprescindível para ter uma boa contabilidade da
organização, pois permite conhecer, qualitativa e quantitativamente, a composição do
património empresarial.
Existem vários tipos de inventários em função dos seguintes critérios:

 Inventário Geral
Pela sua extensão
 Inventário Parcial

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 33


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Inventário Inicial

Em função do  Inventário de Gestão


momento en que é
realizado
 Inventário Extraordinário

 Inventário Analítico
Pelo nível de
detalhe  Inventário Sintético

Inventário Geral: recolhe a lista detalhada de todos os elementos patrimoniais.


Inventário Parcial: recolhe a lista detalhada duma parte dos elementos
patrimoniais.
Inventário Inicial: realizado antes de que a organização inicie a sua actividade
ou no início do exercício económico.
DEFINICÕES Inventário de Gestão ou Final: é realizado no fim do exercício económico.
Inventário Extraordinário: realiza-se em situações extraordinárias da
organização, nos casos de liquidação, suspensão de pagamentos ou falência.
Inventário Analítico: realiza-se detalhando as unidades de cada elemento, o
preço por unidade, quantidades parciais e quantidades totais.
Inventário Sintético: é aquele em que são representados os elementos pelo seu
preço total. O número de unidades, o preço unitário e as quantidades parciais
são recolhidas nos anexos que são indicados no próprio inventário.

As fases para a elaboração do Inventário são as seguintes:


 Determinação dos elementos do património da organização (natureza e quantidade).
 Valoração de cada unidade que o compõem (preço unitário).
 Clasificação em contas e massas patrimoniais.
 Elaboração do documento de inventário, que consiste em passar os dados anteriores
ao próprio documento, tendo em conta a sua estrutura:
- Cabeçalho: dados identificativos do comerciante e do tipo de inventário.
- Corpo: descrição dos elementos em contas, número de unidades, valor unitário
e total.
- Pé: Diligência na qual o comerciante certifica o património líquido da empresa
e a data de fecho.
A seguir podes ver um exemplo com o qual se descreve como é elaborado um inventário:

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 34


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ACTIVO

Caixa ………………………………………………………………….……....3.000,00
(Numerário segundo Inventario)

Bancos C/C………………………………………………………………..….30.000,00

Contas cobrar correntes…………………………………............………….….2.000,00

(Cliente J. Ferreira)……………………………………………..…1.500,00
(Cliente M. Lópes)...…………………………………… ....……......500,00

Mercadorias ……………………………………................................................50.000,00
(2 secretárias modelo XX)……………………15.000,00 30.000,00
(5 cadeiras modelo ZZ)……………………….1.000,00 5.000,00
(5 camas modelo YY)……………………........5.000,00 15.000,00

Mobília do negócio……………………………………………………...………8.000,00
(3 caderias)…………………………………..…500,00 1.500,00
(2 mesas metálicas)……...……………………1.500,00 3.500,00
(1 escadote)………………………...................1.000,00 1.000,00
(1 ventoinha)……………………….....………1.000,00 2.000,00

Equipamentos de transporte……………………………………………………..5.000,00
(1 carrinha)

Total Activo……………………………………………………98.000,00

PASSIVO

Documentos comerciais de curto prazo………………………………..…….. 5.000,00


(J. Silva)
Contas por pagar comerciais de longo prazo……………….…..………...…. 20.000,00
(D. Gómes)

Total Passivo………………….....…………………………….25.000,00

RESUMO

Total Activo……………………………………………………...…………..…98.000,00
Total Passivo…………………………………………………….….….……….25.000,00

Património Líquido……………………………………………………….…….73.000,00

CERTIFICO: Que, segundo os dados do presente inventário, o Património Líquido desta empresa
ascende a setenta e três mil Meticais.

O Empresário

Um pequeno negócio de mobiliário realiza o seu inventário geral, inicial e analítico a 1 de


Janeiro de 2016:

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 35


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Inventario Geral número 1, aos 1 de Janeiro de 2016, de “Móvelcasa”, empresa propriedade


de Jacinto Tembe, Rua Eduardo Mondlane, nº 100, de Maputo, ao iniciar as operações do
presente exercício.

3.4.2. O Balanço de Situação


DEFINIÇÃO Balanço: documento contabilístico no qual são apresentados os elementos que
compõem o património da empresa agrupados em duas grandes massas
patrimoniais (ACTIVO e PASSIVO) que sempre hão de estar em equilíbrio.

Graficamente ficaria da seguinte maneira:


BALANÇO DE SITUAÇÃO

ACTIVO PASSIVO
Bens Património líquido
Direitos Obrigações

A seguir aparece em versão de Balanço esquemático o património da empresa “Móvelcasa”


do exemplo anterior:
BALANÇO DE SITUAÇÃO

ACTIVO PASSIVO
Mobília do negócio 8.000,00
Património líquido 73.000,00
Equipamentos de transporte 5.000,00
Contas por pagar comerciais
Mercadorias 50.000,00 20.000,00
de longo prazo
Contas por cobrar Documentos comerciais de
2.000,00 5.000,00
comerciais correntes curto prazo
Bancos C/C 30.000,00
Caixa 3.000,00
TOTAL ACTIVO 98.000,00 TOTAL PASSIVO 98.000,00

As normas de elaboração do Balanço (estrutura, conteúdo, princípios de valoração de


elementos patrimoniais e modelo de apresentação) são descritos no Plano Geral de
Contabilidade, aprovado pelo Decreto N.º 36/2006, de 25 de Julho.

4. AS CONTAS E O SEU FUNCIONAMENTO


Conforme já vimos no capítulo 3.1, os elementos patrimoniais são representados através de
contas.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 36


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DEFINIÇÃO
Conta: instrumento de representação e medida dum elemento patrimonial que
capta a situação inicial deste e as variações que posteriormente vão produzindo-
se no mesmo (Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral. Editorial
Thomson-Paraninfo).
Portanto, podemos dizer que as contas registam diariamente as mudanças e movimentos dos
elementos patrimoniais aos que representam.
As contas são representadas em forma de “T”. A parte esquerda da “T” é chamada “deve” (D)
e a parte direita é chamada “haver” (H). Graficamente as contas apresentam a seguinte forma:

(D) CONTA (H)

Também, para perceber o funcionamento das contas deves compreender o conceito de saldo
duma conta:
 Chamam-se cargos aos apontamentos no D duma conta.
 Chamam-se abonos aos apontamentos no H duma conta.

DEFINIÇÃO
Saldo duma conta: diferença que apresenta entre a soma das quantidades do
deve (D) e as do haver (H).

As contas podem apresentar três tipos de saldos:


 Saldo devedor (Sd): quando a soma das quantidades do D (cargos) é maior que a
soma das quantidades do H (abonos):

Sd quando ∑D > ∑H

 Saldo credor (Sa): quando a soma das quantidades do D (cargos) é menor que a
soma das quantidades do H (abonos).

Sa quando ∑D < ∑H

 Saldo zero (S0): quando a soma das quantidades do D (cargos) é igual que a soma das
quantidades do H (abonos).

S0 quando ∑D = ∑H

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 37


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As variações de valor do elemento patrimonial representado pela conta (entradas, saídas,


diminuições e incrementos de valor), são recolhidos no (D) ou (H) em função da natureza da
conta, conforme vais ver no capítulo seguinte. Além disso, o saldo das contas também
depende da sua natureza.

4.1. Contas de activo, passivo e património líquido

No capítulo 3 tens estudado que os elementos do património são classificados em activo,


passivo e património líquido e também sabes que são representados em contas. Assim, neste
sub-capítulo vais aprender como se movimentam ou funcionam as contas representativas dos
elementos do património.

4.1.1. Funcionamento das contas de activo:


 As entradas e os incrementos são realizadas no D.
 As saídas e as diminuições são realizadas no H.
 As contas de Activo apresentam sempre Saldo devedor ou Saldo zero.
Graficamente é expressado da seguinte maneira:
(D) CONTA (H)

Sd ou S0

Um pequeno negócio apresenta os seguintes movimentos na conta de Caixa


(dinheiro em numerário) com data 2 de Janeiro de 2016:
 Inicia o ano com um saldo de 1.000,00;
 Cobra em numerário 1.500,00 por vendas do dia;
 Paga 850, 00 por vencimento duma factura de compras;
 Cobra em numerário 500,00 por vendas do dia;
 Na hora de fechar o negócio, o proprietário leva 1.000,00 para cobrir os
EXEMPLO gastos familiares.
Representação dos movimentos da conta e cálculo do saldo:

(D) CAIXA (H)


1.000,00 850,00
1.500,00 1.000,00
500,00
∑D = 3.000,00 ∑H = 1.850,00

Sd = 1.150,00

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 38


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4.1.2. Funcionamento das contas de Passivo e de Património Líquido:


 As entradas e os incrementos são realizados no H.
 As saídas e as diminuições são realizadas no D.
 As contas de Passivo apresentam sempre Saldo credor ou Saldo zero.

Graficamente é expressado da seguinte maneira:

(D) CONTA (H)

Sa ou S0

Um pequeno negócio apresenta os seguintes movimentos na conta de Contas por


pagar comerciais de curto prazo com data de 2 de Janeiro de 2016:
 Inicia o ano com um saldo de 1.000,00;
 Vence uma factura por compra de mercadorias de 850,00 que paga.
 Compra mercadorias por 1.000,00 com data de vencimento 2 de Abril de
2012.
Representação dos movimentos da conta e cálculo do saldo:
EXEMPLO
(D) C. Pagar. Com. (H)
850,00 1.000,00

1.000,00

∑D = 850,00 ∑H = 2.000,00

Sa = 1.150,00

4.2. Contas de custos (despesas) e ganhos (receitas)

Além das contas de Activo, Passivo e Património Líquido, existem outras contas que
representam factos económicos que afectam ao património da empresa e que são necessários
para a sua sobrevivência. São os gastos e os ingresos, que também são representados em
contas próprias e de cuja substracção é obtido o resultado da empresa que pode ser:

DEFINIÇÃO
Utilidade: quando a soma de ganhos é maior que a soma de gastos.
Perda: quando a soma de ganhos é menor que a soma de gastos.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 39


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4.2.1. Contas de custos e perdas e o seu funcionamento

Incluem tanto os gastos que surgem nas actividades ordinárias da entidade como as perdas.
 Os incrementos de Custos e Perdas são registados no D.
 As diminuições de Custos e Perdas são registadas no H.
 As contas de Custos e Perdas apresentam sempre Saldo devedor ou Saldo zero.

Custos: surgem no curso da actividade ordinária. Incluem: o custo de vendas,


os salários e a depreciação. Usualmente, os gastos tomam forma de uma saída
DEFINIÇÃO ou diminuição de activos.
Perdas: são outras partidas que, cumprindo a definição de gastos, podem, ou
não, surgir das actividades ordinárias da entidade. Quando as perdas são
reconhecidas no estado de resultados, é usual apresentá-las por separado, pois o
conhecimento das mesmas é útil para a tomada de decisões económicas.
Graficamente é expressado da seguinte maneira:

(D) CONTA (H)

Sd ou S0

4.2.2. Contas de proveitos e ganhos e o seu funcionamento


Inclui tanto os proveitos ordinários como os ganhos.
DEFINIÇÃO Proveitos ordinários: são proveitos que surgem no curso das actividades
ordinárias duma entidade e adotam uma grande variedade de nomes, tais como
vendas, comissões, interesses, dividendos, regalias e alugueres.

DEFINIÇÃO
Ganhos: são outras partidas que satisfazem a definição de proveitos, mas que
não são ordinários. Quando os ganhos são reconhecidos no estado de resultados,
é usual apresentá-las por separado, pois o conhecimento das mesmas é útil para
a tomada de decisões económicas.

 Os incrementos de Proveitos e Ganhos são registados no H.


 As diminuições de Proveitos e Ganhos são registadas no D.
 As contas de Ingresos apresentam sempre Saldo credor ou Saldo zero.

Graficamente é expressado da seguinte maneira:

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(D) CONTA (H)

Sa ou S0

EXEMPLO Neste exemplo, vamos ver o movimento das contas de gastos e ingresos do
pequeno negócio dos exemplos anteriores, com data 2 de Janeiro de 2016:
 Compra mercadorias por u.m 1.000,00 com data de vencimento 2 de
Abril de 2016.
 Cobra em numerário u.m 1.500,00 por vendas do dia.
 Cobra em numerário u.m 500,00 por vendas do dia.
Representação dos movimentos das contas de gastos e ingresos e cálculo do
saldo:

(D) Compras Mercaderias (H) (D) Vendas Mercaderias (H)

1.000,00 1.500,00
500,00

∑D = 1.000,00 ∑H = 0,00 ∑D = 0,00 ∑H = 2.000,00

Sd = 1.000,00 S0 Sa = 2.000,00

Podes ver que com data 2 de Janeiro de 2016 são maiores os ingresos por vendas
do negócio que os gastos por compras, portanto, tem obtido um benefício bruto
da explotação de u.m. 1.000,00. Para calcular o benefício real é preciso ter em
conta todos os gastos e ingresos da actividade, mas isso será explicado mais à
frente.

5. AS PARTIDAS DOBRADAS
Princípio das Partidas Dobradas: sempre há uma igualdade entre as somas
que figuram no D dumas contas e as somas que figuram no H de outras.
DEFINIÇÃO
Significa o seguinte:
 A toda partida registada no Deve corresponde-lhe outra ou outras
partidas registadas no Haver pela mesma quantidade e vice-versa.
 Náo há devedor sem credor, nem credor sem devedor.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 41


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Nas partidas dobradas, cada transacção ou facto contabilístico tem um elemento ou elementos
de débito (ou cargo) e outro ou outros de crédito (ou abono) por igual soma monetária,
portanto, toda operação que regista a contabilidade afecta pelo menos a duas partes.
As Partidas Dobradas também são chamadas “princípio de dualidade”, pois destaca no facto
contabilístico duas partes essenciais:
 Origem ou fonte de financiação do facto contabilístico, que se recolhe no H.
 Destino ou inversão do facto contabilístico, que se recolhe no D.

Graças às Partidas Dobradas pode ser realizada a comprovação da igualdade e a correcção dos
registos contabilísticos.
Com o exemplo a seguir, vais ver como funcionam as partidas dobradas através do reflexo
contabilístico das operações do negócio, tendo em conta a sua natureza. Para facilitar o
seguimento, no enunciado de cada operação, tem sido atribuído um número entre parêntese
que também tem sido recolhido nas anotações das diferentes contas, bem como também tem
sido descrito o tipo de movimento de cada conta e se supõe um aumento ou uma diminuição.

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Um pequeno negócio apresenta os seguintes saldos com data 2 de Janeiro de


2016:
 (S. Inicial) Inicia o ano com um saldo na conta “Caixa” de u.m 1.000,00.
(+A) apontamento no D
 (S. Inicial) Inicia o ano com um saldo na conta “Contas por pagar
comerciais de curto prazo” de u.m 1.000,00. (+P) apontamento no H
Realiza, nessa data, as seguintes operações:
 (1) Vende mercadoria por u.m 1.500,00 que cobra em numerário por
caixa. (+I) apontamento no (H) ; (+A) apontamento no (D)
 (2) Paga a um provedor u.m 850,00 por vencimento duma factura de
compras. (-P) apontamento no (D) ; (-A) apontamento no (H)
 (3) Vende mercadoria por u.m 500,00 que cobra em numerário por
caixa. (+I) apontamento no (H) ; (+A) apontamento no (D)
 (4) Compra mercadoria por u.m 1.000,00 com data de vencimento 2 de
Abril de 2012. (+G) apontamento no (D) ; (+P) apontamento no (H)
 (5) Na hora de fechar o negócio, o dono leva u.m 1.000,00 da Caixa para
cobrir os gastos familiares. (-A) apontamento no (H) ; (-P) apunte no (D)

Representação dos movimentos das contas, relação entre elas e cálculo do saldo:

EXEMPLO
(D) CAIXA (H)
(S.Inicial)1.000,00 850,00 (2)

(1) 1.500,00 1.000,00 (5)

(3) 500,00

∑D = 3.000,00 ∑H = 1.850,00

Sd = 1.150,00

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(D) C. Pagar. Com. (H)


(2) 850,00 1.000,00 (S.Inicial)

1.000,00 (4)

∑D = 850,00 ∑H = 2.000,00

Sa = 1.150,00

(D)
(D) Proprietário (H)
Propietario (H)
(5) 1.000,00 A conta “Proprietário”
(D) Propietario (H) recolhe as quantidades
que aporta e que se leva
o proprietário do
∑D = 1.000,00 ∑H = 0,00
património da
organização.
Sd
Sd==1,000.00
1.000,00

(D) Compras Mercadorias (H) (D) Vendas Mercadorias (H)


(4) 1.000,00 1.500,00 (1)

500,00 (3)

∑D = 1.000,00 ∑H = 0,00 ∑D = 0,00 ∑H = 2.000,00

Sd = 1.000,00 Sa = 2.000,00

Como podes ver, cumpre-se o princípio de partidas dobradas, pois cada operação
registada apresenta um apontamento no D duma conta e outro apontamento no H
duma conta pela mesma quantidade. Além disso, a soma de todos os Sd é igual à
soma de todos os Sa. Quer dizer:

 ∑Sd = (1.150,00 + 1.000,00 + 1.000,00) = 3.150,00


 ∑Sa = (1.150,00 + 2.000,00) = 3.150,00

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A seguir, verás como são registadas as operações contabilísticas nos livros da empresa.

6. O CICLO CONTABILÍSTICO
Ciclo contabilístico: é o período de tempo no qual uma empresa realiza, de
forma sistemática e cronológica, o registo contabilístico das operações da sua
DEFINIÇÃO
actividade duma forma fiável e refletindo a imagem fiel da actividade.
Normalmente, a sua duração, o período contabilístico, é de um ano natural.

Também pode ser definido como o conjunto de passos ou fases contabilísticas


que se repitem em cada período, durante a vida da empresa.
Tomando como referência a segunda acepção da definição, tens que ter em conta que o ciclo
contabilístico divide-se nas seguintes fases:
 Abertura: Ao começar a actividade empresarial e no início de cada ano, a empresa
abre o seu ano contabilístico, quer dizer, abre as contas no Livro Maior e realiza o
assento de abertura no Livro Diário.
 Movimento: Depois da “abertura da contabilidade”, a empresa regista as transacções
económicas que realiza no desenvolvimento da sua actividade, tanto nos livros
contabilísticos obrigatórios como nos auxiliares.
 Fecho: Ao finalizar um período contabilístico, procede-se a encerrar as contas para
determinar a situação patrimonial da empresa e o resultado económico do exercício.

6.1. O registo das operações nos livros contabilísticos

De acordo com o Código Comercial (Artigo 15.1) “O Estado e a autarquia, quando exercerem
uma empresa comercial, não adquirem a qualidade de empresário comercial ficando, porém,
no que ao exercício daquela diz respeito, sujeitos às disposições deste Código”.

O Artigo 16 estabelece as obrigações especiais dos empresários comerciais:


a) adoptar uma firma;
b) escriturar em ordem uniforme as operações ligadas ao exercício da sua empresa;
c) fazer inscrever na entidade competente os actos sujeitos ao registo comercial;
d) prestar contas.

O Artigo 43, relativo aos Livros obrigatórios, estabelece o seguinte:


1. O empresário comercial é obrigado a ter os livros de diário e de inventários e balanço,
bem como outros livros fixados por lei.

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2. Os livros obrigatórios podem ser substituídos por fichas, procedimentos


contabilísticos ou outros que possibilitem a utilização de novas técnicas de escrituração
nos termos que forem legalmente estabelecidos.

O Artigo 45, em relação com a Função e arrumação do diário, estabelece:


1. No diário são lançados, individual e diariamente, todos os actos relacionados com a
actividade empresarial.
2. É válida a anotação conjunta dos totais das operações por períodos não superiores a um
mês, desde que a sua descrição apareça noutros livros ou registos auxiliares, de acordo
com a natureza da actividade de que se trate.

O Artigo 46, referente à Função e arrumação do inventário e balanços, estabelece:


O livro de inventário e balanços abre com o balanço inicial e detalhado da empresa e nele são
lançados os balanços a que o empresário comercial está obrigado por lei.

O Artigo 52, no que diz respeito à Obrigação de conservar os livros, correspondência e


documentos, estabelece:
1. O empresário comercial deve manter, sob sua guarda e responsabilidade, a escrituração e
demais documentos correspondentes à actividade empresarial, devidamente ordenados,
durante dez anos, a partir do último assento realizado nos livros, salvo o disposto em
disposições especiais.
2. A cessação do exercício da actividade empresarial pelo empresário não o exonera do
dever a que se refere o número anterior e, se tiver falecido, tal dever recairá sobre os seus
herdeiros; no caso dedissolução de sociedades, ou de outro empresário comercial, pessoa
colectiva, incumbe aos liquidatários o cumprimento do disposto no número anterior.

Nos sub-capítulos seguintes, vamos estudar o funcionamento dos livros contabilísticos.

6.2. Livro diário

DEFINIÇÃO
Livro Diário: serve para registar contabilisticamente, dia-a-dia, cada uma das
operações da empresa, sempre que o detalhe diário apareça noutros livros
auxiliares. Além disso, também é permitida a anotação conjunta de operações
sempre que não se supere o período de um mês.
Este livro, para registar as operações utiliza “lançamentos” nos quais se observam, de forma
dinâmica, as relações entre as diferentes contas e como afectam tais operações ao património
da empresa.
Os assentos de diário têm forma horizontal e constam de duas partes:

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 46


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 Parte devedora (D) na que se anota o importe e a denominação das contas que se têm
cargado.
 Parte credora (H) na qual se anotam as contas e o importe das mesmas que se têm
abonado.

ATENÇÃO
Algo fundamental é que em todos os assentos, a parte devedora (D) é igual à
parte credora (H).

A seguir podes ver vários tipos de assentos de diário que configuram a forma que adotará o
Livro Diário:
1. O primeiro tipo de assento seria o seguinte:
CONTAS, DATA E EXPLICAÇÃO DEVE HAVER

2. Outro tipo de assento seria o seguinte:


DEVE Nº DATA, CONTAS E EXPLICAÇÃO Nº HAVER

ATENÇÃO Na coluna “Nº” da esquerda anota-se o número de fólio do Maior, no qual se


registam as quantidades das contas devedoras, refiriéndo-se às quantidades das
contas credoras a coluna “Nº” da direita.

Para compreenderes bem como se registam as operações duma empresa ou negócio no Livro
Diário, o melhor é que vejas um exemplo. O ponto de partida é o exemplo dos capítulos
anteriores.

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Registo no Livro Diário das operações realizadas por um pequeno negócio com
data 2 de Janeiro de 2016:

CONTAS, DATA E EXPLICAÇÃO DEVE HAVER


Assento 1 Data 02/01/2016 1.500,00

Caixa (Venda em numerário Nº 1)


Venda de mercadoria (Venda numerário Nº 1) 1.500,00
Assento 2 Data 02/01/2016

C. Pagar. Com. (Pago a um provedor por 850,00


vencimento de factura)
Caixa (Pago a um provedor por vencimento de 850,00
factura)
EXEMPLO
Assento 3 Data 02/01/2016

Caixa (Venda em numerário Nº 2) 500,00


Venda de mercadorias (Venda numerário Nº 2) 500,00
Assento 4 Data 02/01/2016

Compra de Mercadorias (Compra Nº 1 com 1.000,00


pagamento adiantado a 02/04/2016)
C. Pagar. Com. (Compra Nº 1 com pagamento 1.000,00
adiantado a 02/04/2016)
Assento 5 Data 02/01/2016

Dono do negócio (Retirada u.m. 1.000,00 para 1.000,00


gastos familiares)
Caixa (Retirada u.m 1.000,00 para gastos 1.000,00
familiares)

6.3. Livro Razão

No Livro Razão são registadas as diferentes contas e os movimentos gerados


DEFINIÇÃO pelas operações contabilizadas em cada uma delas. Cada conta, no Livro Razão,
abrange um fólio compreendidas as suas duas páginas:
 A página da esquerda para o Deve;
 A página da direita para o Haver.
Para efeitos didácticos, é muito mais fácil representar cada conta do Livro Razão com uma
“T”, que se corresponde totalmente com a forma das duas páginas do Livro Razão físico. A
explicação do registo contabilístico já foi indicada nos capítulos 4 e 5 anteriores.

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Na hora de contabilizar as operações, primeiro registam-se no Livro Diário e depois passa-se


o assento à “T” ou ficha individual de cada conta no Livro Razão.

6.4. Livro de Inventários e Balanços

De acordo com o Artigo 60 (Obrigatoriedade do balanço), “Todo o empresário comercial é


obrigado a dar balanço anual ao seu activo e passivo nos três primeiros meses do ano imediato
e a lançá-lo no livro de inventário e balanços, assinando-o devidamente”.
Pela sua parte, o Artigo 61 (Prestação de contas. Prazo) estabelece que “Os empresários
comerciais são obrigados à prestação de contas:
a) Nas negociações, no fim de cada uma;
b) Nas transacções comerciais de curso seguido, no fim de cada ano;
c) No contrato de conta corrente, ao tempo do encerramento”.

6.5. Balanço de comprovação ou de somas e saldos

DEFINIÇÃO Balanço de comprovação ou de somas e saldos: instrumento que se utiliza


para observar a lista do total dos cargos (débitos), os abonos (créditos) e o saldo
de cada uma delas (Sd ou Sa).

A finalidade deste instrumento é comprovar se os assentos têm sido registados no diário


correctamente, tendo em conta o princípio de partida dupla. Quer dizer, se os assentos têm
sido bem registados no Livro Diário e as partidas têm sido bem levadas às contas “T” do
Livro Maior, a soma dos cargos (débitos) vai ser igual à soma dos abonos (créditos), portanto,
a soma dos saldos devedores vai ser igual à soma dos saldos credores.
Se isto for assim, pode-se dizer que o balanço de comprovação está certo e que o equilíbrio
patrimonial da empresa mantém-se (A = P + Património).
Um balanço de comprovação adota a seguinte forma:

SOMAS SALDOS
CONTAS
DEVE HAVER DEVEDOR CREDOR

TOTAIS

A seguir, vamos realizar o balanço de somas e saldos do exemplo que temos seguido durante
o desenvolvimento desta unidade.

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Registo no balanço de somas e saldos das operações realizadas por um pequeno


negócio com data 2 de Janeiro de 2016:
SOMAS SALDOS
CONTAS
DEVE HAVER DEVEDOR CREDOR
Caixa 3.000,00 1.850,00 1.150,00 -------
Contas pagar comerciais 850,00 2.000,00 ------- 1.150,00
EXEMPLO curto prazo
Dono do negócio 1.000,00 ------- 1.000,00 -------
Compra de mercadorias 1.000,00 ------- 1.000,00 -------
Venda de mercadorias ------- 2.000,00 ------- 2.000,00
TOTAIS 5.850,00 5.850,00 3.150,00 3.150,00

Podes ver que as operações que temos registado, seguindo os exemplos da


Unidade Didáctica, no Livro Diário e no Livro Maior estão bem contabilizadas
em aplicação do princípio de partida dupla, pois são iguais as somas do D e o H,
e a soma dos Sa e Sd de todas as contas.

Registo no balanço de somas e saldos das operações realizadas por um pequeno negócio com
data de 2 de Janeiro de 2016:

SOMAS SALDOS
CONTAS
DEVE HAVER DEVEDOR CREDOR
Caixa 3.000,00 1.850,00 1.150,00 -------
Contas pagar comerciais curto
850,00 2.000,00 ------- 1.150,00
prazo
Dono do negócio 1.000,00 ------- 1.000,00 -------
Compra de mercadorias 1.000,00 ------- 1.000,00 -------
Venda de mercadorias ------- 2.000,00 ------- 2.000,00
TOTAIS 5.850,00 5.850,00 3.150,00 3.150,00

Podes ver que as operações que temos registado, seguindo os exemplos da Unidade Didáctica,
no Livro Diário e no Livro Maior estão bem contabilizadas em aplicação do princípio de
partida dupla, pois são iguais as somas do D e H, e a soma dos Sa e Sd de todas as contas.

7. PRINCIPAIS ACTIVIDADES OPERACIONAIS DAS INSTITUIÇÕES


DE SAÚDE
Neste capítulo são estudadas as actividades operacionais básicas das instituições de saúde.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 50


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

7.1. Contratos mais comuns das instituições de saúde


Contrato: acordo entre duas ou mais partes que tem inequívocas consequências

DEFINIÇÃO
económicas relativamente às quais as partes têm pouca ou nenhuma
possibilidade de evitar, porque, geralmente, o acordo é protegido por lei. Os
contratos podem ter várias formas, não necessitando de ser formalizados por
escrito.

Os contratos mais comuns que realizam as instituições de saúde são os seguintes:


 Compras de aprovisionamento: produtos alimentícios, material de higinene e limpeza,
artigos médico-cirúrgicos e de apoio, etc.
 Compras de medicamentos e material sanitário.
 Contratos de seguros (Assistencia Médica e Medicamentosa – ASMED).
 Liquidação e pago de impostos directos: como o IVA e IRPS e Indirectos como os
resultantes de transações fiscais e empreitadas.
 Despesas.
 Contratos e pagos de pessoal.
 Outros contratos.

7.2. Meios de pagamento e recebimento

Conforme já foi explicado em capítulos anteriores, as organizações, quer famílias, empresas


ou administrações públicas, pela realização das suas actividades, geram direitos de cobro (por
vendas, ingressos financeiros, devolução de impostos ou outras) e obrigações de pago (por
compras, gastos correntes, gastos de pessoal, impostos ou outras).

Também as instituições de saúde, numas operações realizarão o papel de vendedores (gerando


uma corrente de cobros) e noutras, o papel de compradores (gerando uma corrente de pagos).

Existem diversas formas de pago ou cobro dependendo do momento em que se realizam:

Pagamento antecipado: quando o pago é realizado com antecedência à


recepção da mercadoria ou prestação do serviço;
DEFINIÇÃO
Pagamento à vista: quando o pago é realizado simultaneamente à recepção da
mercadoria ou prestação do serviço;
Pagamento diferido: quando o pago é realizado com posterioridade à recepção
da mercadoria ou prestação do serviço.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 51


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Na tabela seguinte, realacionam-se as formas de pago com os distintos meios de pago, tendo
em conta as causas principais que as originam:

FORMAS DE
CAUSAS MEIOS DE PAGO
PAGO
 Início de relações com a empresa.
 Numerário.
 Desconhecimento da solvência da
Antecipado  Cheque bancário.
empresa.
 Domiciliação bancária.
 Em caso de serviços profissionais.
 Transferência bancária.
 Em caso de venda directa.
 Giros.
À vista  Quando se realizam as primeiras
 Cartões bancários.
operações.
 Recibos.
 Parcial (paga-se uma parte à vista e
 Aceptação domiciliada
o restante fica diferido).
Diferido de facturas.
 Num só pago.
 Letras de câmbio.
 Fraccionado (em vários pagos).
 Livranças.

7.3. Os títulos de crédito

As letras, livranças e cheques também são chamados títulos de crédito:

DEFINIÇÃO Títulos de crédito: documentos representativos dum crédito que uma pessoa
tem sobre outra. Estes títulos podem ser transmitidos passando o credor a ser
outra pessoa.
O Título II do Código Comercial recolhe a lei uniforme relativa às letras e livranças, cujo
Capítulo I é dedicado às letras e o II às livranças. Pela sua parte, o Título III é referente à lei
uniforme relativa ao cheque.
Nos seguintes sub-capítulos iremos estudar os aspectos básicos da letra, a livrança e o cheque.

7.3.1. Letra

A letra nasce na Itália da Idade Média na qual os comerciantes, para não levar
o seu dinheiro consigo e evitar serem atacados pelos bandoleiros nas suas
CURIOSIDADE deslocações entre duas cidades, dirigiam-se ao banqueiro da sua cidade e
depositavam o dinheiro. O banqueiro emitia uma carta que lhe entregava ao
mercader (o seu cliente) na qual reconhecia uma dívida com este e ordenava
ao banqueiro da cidade de destino, com o qual mantinha relações financeiras,
que à vista da carta, entregasse ao seu portador o supracitado valor.

DEFINIÇÃO
Letra: ordem de pagamento expressa por escrito pelo que uma pessoa -sacador-
ordena a outra -o sacado- que lhe pague a si ou a terceiro -o tomador-
determinada importância, que haverá de ser efectiva num lugar e data
determinados.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 52


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Trata-se dum título formal, quer dizer, o seu formato, conteúdo e preenchimento estão
definidos pela lei. Além disso, a letra é um título executivo, pelo que goza das suficientes
garantias para serem transmisíveis a outras pessoas -endosso- como meio de cobro e pago.

DEFINIÇÃO
Título executivo: título ao qual a lei atribui suficiência necessária para exigir o
cumprimento forçado da obrigação que consta nele.

A letra tem as seguintes vantagens:


 É um meio de prova do crédito.
 Permite aos credores, antes da data de vencimento, obter o importe do seu crédito,
através do desconto bancário. O banco deduz do importe a prima de desconto
correspondente aos interesses do período entre a data do desconto e a do vencimento
da letra.

A letra, como já foi dito no capítulo anterior, regula-se no Capítulo I do Título II do Código
Comercial em cujo Artigo 704, relativo aos Requisitos da letra, aparece o conteúdo das letras:
A letra contém:
a) a palavra “letra” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para
a redacção deste título;
b) o mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) o nome daquele que deve pagar (sacado);
d) a época do pagamento;
e) a indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento;
f) o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
g) a indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
h) a assinatura de quem passa a letra (sacador).

Na definição da letra observam-se três participantes principais: sacador, sacado e tomador.


Mas também podem aparecer outras figuras participantes como são o avalista, o endosante e
o endosatário, dependendo das operações que se queiram realizar com a letra.
Pode ser que o sacador queira obter garantias adicionais de pago, nestes casos pode realizar
uma “Declaração de aval” para reforçar a garantia de cobro total ou parcial da letra, ao
implicar a um terceiro no compromisso de pago da letra em caso de que não o faça o livrado.
Este terceiro é o avalista.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 53


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DEFINIÇÃO
Avalista: pessoa que se compromete ao pago do importe da letra em caso de
impago do avalado.

Requisito do aval (Artigo 734):

1. O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa.


2. Exprime-se pelas palavras “bom para aval” ou por qualquer fórmula equivalente; é
assinado pelo dador do aval.
3. O aval considera-se como resultando da simples assinatura do dador aposta na face
anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador.
4. O aval deve indicar por quem se dá. Na falta de indicação, entenderse a pelo sacador.

O Artigo 735 estabelece a Responsabilidade do avalista:


1. O dador de aval é responsável da mesma maneira que a pessoa por ele afiançada.
2. A sua obrigação mantém-se, mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula
por qualquer razão que não seja um vício de forma.
3. Se o dador de aval paga a letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra contra
a pessoa a favor de quem foi dado o aval e contra os obrigados para com esta em
virtude da letra.

Também pode transmitir-se a letra como meio de pago. Neste caso, a pessoa que faz o
endosso, recebe o nome de endossante e a que o recebe endosatário.

DEFINIÇÃO Endossante: pessoa que, sendo o portador, transmite o direito ao cobro da letra
a seu vencimento.
Endosatário: pessoa receptora dos direitos de cobro da letra depois dum
endosso.

Modalidades do endosso (Artigo 715)


1. O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado
considera-se como não escrita.
2. O endosso parcial é nulo.
3. O endosso ao portador vale como endosso em branco.

Requisitos de validade do endosso (Artigo 716)


1. O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). Deve ser
assinado pelo endossante.
2. O endosso pode não designar o beneficiário, ou consistir simplesmente na assinatura
do endossante (endosso em branco).

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 54


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Neste último caso, o endosso para ser válido deve ser escrito no verso da letra ou na folha
anexa.

Responsabilidade do endossante (Artigo 718)


1. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como do
pagamento da letra.
2. O endossante pode proibir um novo endosso e, neste caso, não garante o pagamento às
pessoas a quem a letra for posteriormente endossada.

SABER
MAIS O endosso das letras de câmbio é regulado nos artigos 714 a 723 do Código
Comercial, nos que se estudam os requisitos e diversas formas do endosso, bem
como os seus efeitos.

O pago da letra
As letras, normalmente, têm incluída a data de vencimento, mas de não haver nenhuma
expressada, entender-se-á que é pagadeira à vista. O cobro requer da apresentação da mesma
pelo tenedor ao livrado no lugar e data indicados.
Na actualidade, é muito comum que estejam domiciliadas em bancos, apresente-se a um
sistema de compensação, sem necessidade de realizá-lo fisicamente (Artigo 741.2 Código
Comercial).
Os vencimentos mais comuns são os que aparecem na seguinte tabela (Artigo 736.1 Código
Comercial):

MOMENTO DE
VENCIMENTOS DA LETRA DE CÂMBIO
APRESENTAÇÃO
A letra vence o dia que se indica no
A data fixa O dia do seu vencimento ou
documento.
num dos 2 dias úteis
A um prazo Dias data. São contados os dias assinalados
seguintes. (Artigo 741.1
contado desde a desde o seguinte do livramento.
Código Comercial)
data Meses data. São contados de data a data.
O dia do vencimento é aquele em que o
tenedor da letra decide a sua apresentação
À vista
ao pago, com um limite de um ano desde a
data de livramento.
Dentro do ano seguinte a
A letra vence ao cumplir-se os dias, meses
sua data de livramento.
A um prazo ou anos indicados nela, contados desde a
contado data de aceptação ou protesto. Devem
desde a vista apresentarse a sua aceptação dentro do ano
seguinte a sua data de livramento.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 55


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As letras, quer com vencimentos diferentes, quer com vencimentos sucessivos, são nulas
(Artigo 736.2 Código Comercial).

Também pode realizar-se o pagamento total ou parcial (Artigo 742 Código Comercial):
1. O sacado que paga uma letra pode exigir que ela lhe seja entregue com a respectiva
quitação;
2. O portador não pode recusar qualquer pagamento parcial;
3. No caso de pagamento parcial, o sacado pode exigir que desse pagamento se faça
menção na letra e que dele lhe seja dada quitação.

SABER Para conhecer outras formas de pago da letra, consulta o Código Comercial:
MAIS
 Pagamento no vencimento ou antes deste (Artigo 743).
 Moeda em que deve fazer-se o pagamento (Artigo 744).
 Consignação em depósito da importância da letra (Artigo 745).

As acções cambiárias. O protesto


O Código Comercial estabelece que estão obrigados ao pago todos os assinantes da letra,
respondendo solidariamente frente ao tenedor (Artigo 750 do Código Comercial).
O tenedor pode exercer as acções oportunas quando o livrado não assina o «aceito» por não
estar de acordo, ou bem por falta de pago a seu vencimento. Também quando se encontra o
livrado em suspensão de pagos ou em falência (Artigos 746 e 747 do Código Comercial).

Protesto: acto formal mediante o qual se comprova a falta de aceptação ou pago


duma letra. Pode ser realizado ante notário, declaração expressada na própria letra
DEFINIÇÃO
pelo livrado, declaração da entidade bancária em que figura o domicílio de pago, ou
da cámara de compensação.
Os requisitos e formas do protesto aparecem nos artigos 747 a 750 do Código
Comercial.

Na tabela seguinte aparecem as situações mais comuns de “protesto”:

SITUAÇÕES PRAZOS

Deve realizar-se dentro dos prazos fixados para a apresentação à


Falta de aceptação
aceptação ou dos cinco dias úteis seguintes a sua terminação.
 Letras à vista. Igual que no caso de falta de aceptação.
Falta de pago  Letras a data fixa ou um prazo desde sua data ou desde a vista.
Dentro dos cinco dias úteis seguintes ao vencimento.

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7.3.2. Livrança
A livrança nasce na Idade Média, antes que a letra de câmbio, começando a
CURIOSIDADE
ser utilizada nas cidades do norte da Itália para evitar o risco de levar
dinheiro em numerário durante longas deslocações por caminhos cheios de
bandoleiros. Assim, entregava-se o dinheiro em numerário a um banqueiro e
este assinava um documento prometendo devolvê-lo em outro lugar a quem
tinha entregado ou a quem este indicasse.
6

Livrança: título pelo que uma pessoa, que é denominada assinante, é obrigada
DEFINIÇÃO a pagar a outra, denominada portador, e a sua ordem, um determinado valor
numa data e num lugar determinados.
A livrança manifesta uma promessa incondicionada duma pessoa a outra de
pagar uma soma determinada.

A livrança contém os seguintes requisitos (Artigo 778 do Código Comercial):


a) a palavra “livrança” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada
para a redacção desse título;
b) a promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
c) a época do pagamento;
d) a indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento;
e) o nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
f) a indicação da data e do lugar onde a livrança é passada;
g) a assinatura de quem passa a livrança (subscritor).

Segundo o Artigo 779 do Código Comercial:


a) A livrança cujo vencimento não esteja indicado, é considerado «pagadeiro à vista».
b) A falta de indicação especial, o lugar de emissão da livrança será considerada como
lugar de pago e, ao mesmo tempo, como lugar do domicílio do assinante.
c) A livrança que não indique lugar de emissão será considerada assinada no lugar que
figure junto ao nome do assinante.

SABER MAIS
Parte das normas aplicáveis às letras são igualmente aplicáveis às livranças,
em relação com o endosso, vencimento, pagamento, protesto, entre outros.
Para saber mais sobre a que conceitos da livranças são aplicadas as normas
das letras, pode ser consultado o artigo 780 do Código Comercial.

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RESUMO

O registo contabilístico das operações económicas das unidades de saúde é indispensável para
a tomada de decisões. Por isso, nesta unidade didáctica têm sido estudados os fundamentos da
contabilidade, os seus princípios reguladores básicos, bem como a definição, estrutura e
componentes do património e o funcionamento das contas, como representação contabilística
dos elementos patrimoniais, mas também dos gastos e os ingressos.

Foi explicado como, graças ao princípio da partida dupla, são relacionadas as contas de
Activo, Passivo, Líquido, Gastos e Ingressos e como, através da relação dos distintos tipos de
contas pode ser registado qualquer movimento ou operação económicos da organização, quer
seja esta uma empresa, uma família ou uma unidade hospitalária.

Também vimos a importância do equilíbrio patrimonial e as diferentes situações pelas que


pode atravessar este. Também, tens realizado uma primeira aproximação ao ciclo
contabilístico e os diferentes documentos nos que se formaliza.

Por último, no capítulo 7 foram apresentadas as definições das operações mais comuns duma
unidade sanitária e os meios de cobro e pago, com especial atenção às letras e livranças.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 58


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ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD1

ACTIVIDADE 1
ELEMENTOS PATRIMONIAIS
Duração 1 hora
Objectivos
 Determinar a natureza dos elementos patrimoniais da operação;
 Seleccionar os instrumentos e livros contabilísticos necessários para o seu registo.
Conteúdos de referência
 Natureza dos elementos patrimoniais.
 Plano Geral de Contabilidade.
 Livros registo das operações contabilísticas.
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
1. O cursando na qualidade de Fiel de Armazém do Hospital de Chopelandia, Distrito do
mesmo nome, recebeu da Organização “Saúde em Todo o Lugar” Bens de Capital tais
como Computadores de Mesa, Mobiliário de Escritório e Prateleiras de Arquivo para o
programa de Saúde Reprodutiva, Criança, Jovem e Adolescente.
2. Os alunos responderão, oralmente de forma individual, às seguintes perguntas:
 Em termos da posição do património como classificaria?
 Que instrumento consideraria para o registo da referida operação?
 Que livro contabilístico/comercial teria em conta como evidência do recebimento
naquela Unidade Sanitária?
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Dar apoio aos alunos na consulta do material de apoio;
 Recolher as respostas dos alunos no quadro preto/branco;
 Explicar o resultado das respostas.
Espaço/meios didácticos e tecnológicos
 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto/branco.
Critérios de avaliação
O aluno:
 Distingue a natureza dos elementos patrimoniais e o papel dos mesmos na empresa;
 Determina os instrumentos e livros de registo das operações contabilísticas a usar na
operação.

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ACTIVIDADE 2
PATRIMÓNIO EMPRESARIAL E BALANÇO
Duração 2 horas
Objectivos
 Determinar a natureza dos elementos patrimoniais da operação;
 Calcular o valor das diferentes massas patrimoniais;
 Elaborar o balanço esquemático;
 Interpretar a situação patrimonial da empresa.

Conteúdos de referência
 Natureza dos elementos patrimoniais;
 Massas patrimoniais;
 Estrutura do património empresarial;
 Balanço esquemático;
 Equilíbrio patrimonial.

Desenvolvimento da actividade por parte do aluno


Os alunos, organizados em pares, analisarão o enunciado, realizarão os cálculos pertinentes e
responderão às questões planteadas por escrito.
A parafarmácia Peres apresenta, a dia 30 de Outubro de 2016, os seguintes elementos
patrimoniais em orden aleatória, valorados en Meticais:
 Dívidas com provedores por pagar 43.800
 Terreno 90.000
 Capital Peres
 Equipamento de escritório 10.200
 Edifício 210.000
 Contas por cobrar de clientes 56.700
 Numerário em caixa 36.300
 Dinheiro em conta bancária 100.000
 Letras por pagar a provedores 213.600
 Mercadorias em armazém 60.000
Solicita-se:
 Identificar a massa patrimonial a que correspondem os elementos e se apresentam
saldo devedor ou acredor;
 Calcular o valor para a linha “Capital Peres”;
 Preparar um balanço geral esquemático para a empresa, utilizando uma sequência
similar à apresentada no Manual da UD;
 ¿A empresa encontra-se em equilíbrio patrimonial?

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 60


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Papel do docente no desenvolvimento da actividade


A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Dar apoio aos alunos na consulta do material de apoio;
 Assistir a apresentação em plenária;
 Sintetizar o tema.

Espaço/meios didácticos e tecnológicos


 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto/branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Distingue a natureza dos elementos patrimoniais e o papel dos mesmos na empresa;
 Determina, com exactitão, o valor do capital da empresa;
 Elabora correctamente o balanço esquemático;
 Extrai do balanço o estado do património empresarial.

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CASO PRÁTICO DA UD1

IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS LABORAIS NA INSTITUIÇÃO

Descrição
A “Unidade Sanitária Rural”, inicia o ano 2016 com os seguintes saldos:
 Dinheiro em numerário em Caixa Meticais 1.000
 Dinheiro em conta corrente bancária Meticais 10.000
 Capital Unidade Sanitária Meticais ¿?
Realiza as seguintes operações:
 Adquire 500 caixas de aspirina a 10 Meticais/caixa, que paga com um cheque
bancário;
 Vende 400 caixas de aspirina a 15 Meticais/caixa, que cobra em numerário;
 Deposita 5.000 Meticais na conta corrente bancária;
 Compra 1.000 seringas a 2 Meticais/unidade, que paga com um cheque bancário;
 Posteriormente, vende a metade das aspirinas que ficaram a 13 Meticais/caixa.
Actividades a desenvolver pelos alunos
Os alunos individualmente devem:
 Fazer uma leitura e análise do texto;
 Identificar a natureza das operações e os cálculos a realizar.
Dada a situação acima apresentada, e em função dos documentos de leitura obrigatória
(conteúdos da unidade didáctica e as partes específicas do Plano Geral de Contabilidade), os
alunos, já organizados em grupo, devem:
 Registar os saldos iniciais no livro maior e no diário (contas “T” e assento);
 Registar contabilisticamente as operações no livro diário (assentos);
 Registar as operações no livro maior (contas “T”);
 Realizar o balanço de comprobação ou de somas e saldos;
 Calcular o resultado económico do exercício;
 Calcular o valor de capital da unidade sanitária;
 Recolher os resultados num relatório, em formato electrónico, com uma extensão
máxima de 5-6 páginas.
Actividades a desenvolver pelo professor
 Esclarecer aos alunos sobre a natureza do trabalho, bem como as condições em que
ele vai decorrer;
 Organizar os grupos de trabalho (4 a 5 elementos cada);
 Elaborar um roteiro de actuação dos grupos;
 Facultar material de consulta relacionado à contabilidade;
 Monitorar os grupos, tirar dúvidas e orientar para soluções;
 Assistir na preparação dos trabalhos;

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 62


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Assistir a apresentação dos trabalhos;


 Avaliar a actividade através de perguntas;
 Elaborar a síntese.

Recursos necessários
 Papel gigante;
 Canetas de várias cores;
 Tripé;
 Bostik;
 Plano Geral de Contabilidade;
 O texto facilitado pelo professor;
 Material de consulta relacionado.

Ministério da Saúde UD1: A contabilidade - 63


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UNIDADE DIDÁCTICA 2

A CONTABILIDADE PÚBLICA E O SISTEMA DE


ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO (SISTAFE)

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 64


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ÍNDICE DA UD2

OBJECTIVO GERAL 67
Resultados de Aprendizagem 67
INTRODUÇÃO 67
1. LEGISLAÇÃO DE CONTABILIDADE PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE 68
1.1. Plano básico da contabilidade pública. Quadro de contas 68
1.1.1. Lista de Contas 69
1.1.2. Classes de Contas 69
1.2. Pagamentos das obrigações sociais e legais 71
1.2.1. Pagamento de Salários e Remunerações 71
1.2.2. Pagamento e Justificação de Ajudas de Custo 72
1.2.3. Pagamento de Bolsas de Estudo 74
1.2.4. Pagamento de Combustíveis 76
1.3. O processo contabilístico: registo e características, documentação de suporte, arquivo.77
2. SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO (SISTAFE) 79
2.1. Âmbito de aplicação e objectivos 80
2.2. Princípios fundamentais 80
2.2.1. Autonomia administrativa e financeira 80
2.3. Estructura do SISTAFE 81
2.3.1. Sub-sistema do Orçamento do Estado (SOE) 81
2.3.2. Sub-sistema do Tesouro Público (STP) 81
2.3.3. Sub-sistema da Contabilidade Pública (SCP) 82
2.3.4. Sub-sistema do Património do Estado (SPE) 82
2.3.5. Subsistema do Controlo Interno (SCI) 82
2.4. Macro-processos e processos dos sub-sistemas do SISTAFE 83
3. APLICATIVO INFORMÁTICO e-SISTAFE 84
3.1. Procedimentos e normas de funcionamento do e-SISTAFE. 84
3.2. Classificações de receitas e despesas previstas no e-SISTAFE 86
RESUMO 88

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 65


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ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD2 89


Actividade 1: Operações comuns da unidade sanitária 89
Actividade 2: O SISTAFE 90
CASO PRÁTICO DA UD2 92

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 66


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

OBJECTIVO GERAL
Aplicar a normativa de contabilidade pública às diferentes actividades e operações de
conteúdo económico das instituições e unidades de saúde, diferenciando a natureza e os
princípios aplicáveis a cada operação.

Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática 2


No final desta Unidade Didáctica, o discente deverá ser capaz de:
 Determinar as contas aplicáveis a cada operação económica das instituições de saúde;
 Aplicar os principais procedimentos de pago;
 Aplicar os princípios de Contabilidade Pública ao registo das operações económicas
das instituições de saúde;
 Diferenciar os diferentes sub-sistemas, macro-processos e processos do SISTAFE,
bem como as suas actividades principais;
 Distinguir os distintos módulos da ferramenta e-SISTAFE;
 Aplicar os critérios de classificação de receitas ou despesas às diferentes operações
económicas das instituições de saúde.

INTRODUÇÃO
O Governo de Moçambique, no seu afã de modernização das instituições públicas e de
controlar as finanças do Estado, através da Lei 9/2002 de 12 de Fevereiro, cria o Sistema de
Administração Financeira do Estado.
Isto supõe a modernização das áreas de Orçamento do Estado, impostos indirectos,
alfândegas, entre outras, com o objectivo de melhorar o sistema de programação e execução
orçamental, harmonizar o sistema de impostos indirectos e a pauta aduaneira com os sistemas
vigentes nos países do entorno de Moçambique.
Por último, para implantar esta modernização é preciso o desenho de novos circuitos de
registo da Contabilidade Pública, por forma a convertê-los mais eficientes, eficazes e
transparentes, bem como criar um Sistema Integrado de Administração Financeira para todos
os órgãos do Estado.
Este Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE) é desenvolvido e regulado
pelo Decreto 23/2004, de 20 de Agosto, pelo qual é aprovado o Regulamento do SISTAFE.
Neste regulamento são desenvolvidos os princípios da administração financeira do Estado e
da Contabilidade Pública; também são definidos os diferentes processos e actividades dos
distintos sub-sistemas, são indicados os princípios da Contabilidade Pública e os instrumentos

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 67


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

necessários para a sua gestão. Por último, são definidas as propriedades e requisitos básicos
da ferramenta informática de gestão do SISTAFE, chamada e-SISTAFE.

1. LEGISLAÇÃO DE CONTABILIDADE PÚBLICA EM


MOÇAMBIQUE
1.1 Plano básico da contabilidade pública. Quadro de contas

Segundo o artigo 37 da Lei 9/2002, pela que se cria o Sistema Integrado de Administração
Financeira do Estado (em diante, SISTAFE) estabelece como uma das suas competências a de
“elaborar e manter actualizado o plano de contas”.
O sistema de contas estabelecido segue uma classificação dos factos em função de critérios
fundamentalmente económicos.
O Decreto 23/2004, pelo que se estabelece o Regulamento do SISTAFE, considera ao Plano
Básico da Contabilidade Pública (PBCP) como um instrumento dos macro-processos do
SISTAFE.
Segundo o artigo 58 do Regulamento do SISTAFE, o PBCP é um instrumento que tem por
objectivo o registo contabilístico, de forma uniforme e sistematizada, dos actos e factos
relacionados com a execução do Orçamento e da Administração do Património do Estado.
O PBCP está desenhado para ser usado por todas as Unidades Intermédias e Gestoras
Executoras do SISTAFE. Compete à Unidade de Supervisão do Subsistema de Contabilidade
Pública as tarefas de normalização (artigo 59):
 Criar, especificar, desdobrar, detalhar, codificar e extinguir contas do PBCP;
 Criar e adequar o Plano de Objectos e a Tabela de Operações Contabilísticas às
necessidades das Unidades Gestoras e Executoras;
 Emitir instruções sobre a utilização do PBCP, contendo os procedimentos
contabilísticos pertinentes;
 Proceder aos ajustes do PBCP, sempre que julgado necessário.

O PBCP é estruturado em classes e grupos com o objectivo de escrituração contabilística e


preparação dos Balanços, Mapas de Controlo Orçamental e Demonstrações de Resultados,
com vistas a:
 Visualizar o património e as suas variações;
 Padronizar o nível de entradas e saídas de dados das Unidades integrantes do
SISTAFE;
 Possibilitar o uso de um sistema electrónico único de dados para proceder ao
processamento da execução orçamental, financeira e patrimonial.

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

O PBCP tem as seguintes partes:


a) Lista de Contas;
b) Plano de Objectos;
c) Tabela de Operações Contabilísticas.

1.1.1. Lista de Contas


DEFINIÇÃO Conta: título representativo de formação, composição, variação e situação de
um património, bem como dos bens, direitos e obrigações e situações nele
não compreendidos, que directa ou indirectamente possam vir a afectá-lo,
exigindo, por isso, controlo específico.

As contas compreendem seis níveis de desdobramento, classificados e codificados de forma a


evidenciar a classe, grupo, sub-grupo, elemento, sub-elemento e item a que pertencem.
Classificação das contas:
 Contas escrituradas: admitem registos contabilísticos nos níveis 4 a 6;
 Contas não escrituradas: não admitem registos contabilísticos. Compreendem o
somatório dos valores escriturados nos seus desdobramentos;
 Contas desagregadas: exigem o desdobramento em objectos, constantes no Plano de
Objectos;
 Contas de redução: são aquelas que deduzem o grupo a que pertencem, sendo a sua
natureza contrária às demais do grupo (exemplo: contas de amortização).

1.1.2. Classes de Contas


O PBCP é estruturado em 7 classes de contas:
 Classe 1. ACTIVO: contas correspondentes aos bens e direitos, demonstrando as
aplicações de recursos e compreendem os seguintes grupos de contas, dispostas em
ordem decrescente de liquidez:
a) Activo Circulante;
b) Activo Realizável a Médio e Longo Prazo; e
c) Activo Imobilizado.

 Classe 2. PASSIVO: contas relativas às obrigações, evidenciando as origens dos


recursos aplicados no Activo, as quais estão dispostas no PBCP em ordem decrescente de
exigibilidade e compreendem os seguintes grupos:
a) Passivo Circulante;
b) Passivo Exigível a Médio e Longo Prazo;
c) Resultado de Exercícios Futuros; e

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

d) Fundos Próprios.
O Resultado de Exercícios Futuros compreende as contas representativas de receitas de
exercícios futuros, bem como das despesas a elas correspondentes.

 Classe 3. DESPESA: contas representativas dos recursos despendidos na gestão, a serem


calculados no apuramento do resultado do exercício, estando desdobradas nas categorias
económicas de Despesas Correntes (despesas com o pessoal, bens e serviços, encargos da
dívida, subsídios, outras despesas e exercícios findos) e de Despesas de Capital (despesas
de bens de capital, operações financeiras e outras despesas de capital).

 Classe 4. RECEITA: contas representativas dos recursos auferidos na gestão, a serem


calculados no apuramento do resultado do exercício, desdobradas nas categorias
económicas de Receitas Correntes (fiscais, não fiscais, as consignadas e as de donativos)
e Receitas de Capital (de alineação de bens, de donativos e de fundo de empréstimos).

 Classe 5. RESULTADOS DE VARIAÇÕES PATRIMONIAIS NEGATIVAS: contas


representativas das variações negativas da situação líquida e do apuramento do resultado
respectivo, desdobradas nos grupos de Variações Ordinárias (diminuição da situação
líquida resultante da execução das despesas orçamentais, transferências passivas e
mutações passivas) e Variações Extraordinárias (diminuição da situação líquida ocorrida
de forma independente da execução orçamental: despesas não orçamentais, transferências
passivas e decréscimos patrimoniais).

 Classe 6. RESULTADOS DE VARIAÇÕES PATRIMONIAIS POSITIVAS: contas


representativas das variações negativas da situação líquida e do apuramento do resultado
respectivo, desdobradas nos grupos de Variações Ordinárias (aumento da situação líquida
do património: contas de receita orçamental, transferências activas e mutações activas),
Variações Extraordinárias (aumento da situação líquida do património ocorrida de forma
independente da execução orçamental: receitas não orçamentais, transferências activas e
acrescimos patrimoniais) e Resultado Patrimonial do Exercício (conta transitória utilizada
no encerramento do exercício, para demonstrar o apuramento do resultado patrimonial do
exercício, obtido pelo confronto das variações activas e passivas ocorridas no período).

 Classe 7. CONTAS DE ORDEM: contas activas e passivas que têm a função primária
de controlo da execução orçamental, financeira e de outros controlos não compreendidos
no património, mas que directa ou indirectamente possam vir a afectá-lo.

Podes ver a estrutura do PBCP no anexo II do Regulamento do SISTAFE.

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.2 Pagamentos das obrigações sociais e legais

As instituições de saúde estão obrigadas, dentro do exercício das suas funções, a realizar
determinados pagos, através da ferramenta e-SISTAFE, que são indicadas a seguir:

1.2.1. Pagamento de Salários e Remunerações


Os salários e remunerações constituem os vencimentos e abonos de carácter permanente que
resultam do exercício da função e do vínculo contratual com o Estado. Os salários de um mês
são pagos com base na efectividade do mês anterior, ou seja, o salário a receber no mês
corrente corresponde ao número de dias trabalhados no mês anterior. A efectividade constitui
o documento que comprova que o funcionário teve efectividade em determinado período e é
um documento imprescindível para o processamento de salários.
Dever-se-á emitir apenas uma Folha de Salários por mês por cada fonte de financiamento, não
sendo permitidos processamentos e/ou pagamentos fora do período regular. Caso um
funcionário não tenha a sua efectividade em tempo útil, o seu salário só poderá ser processado
e pago nos períodos subsequentes e nunca num processamento separado fora do período
normal.
Etapas Essenciais
ETAPAS OBSERVAÇÕES
A efectividade deve apresentar os nomes completos
dos funcionários, de acordo com os contratos, o
1. Recolha da efectividade de todos os
período de referência, o nº de dias de trabalho e o
funcionários
local de trabalho. O mapa de efectividade deve ser
aprovado pela autoridade competente.
Verificar se o salário do funcionário corresponde ao
que está no contrato e se os pagamentos adicionais ao
salário-base estão em conformidade com a lei.
2. Processamento dos salários com base na
Ajustar o salário base ao nº de dias efectivamente
efectividade e impressão da folha de
trabalhados.
salários
Efectuar os descontos do IRPS, de acordo com a
tabela em vigor, tendo em conta a situação familiar e
marital do funcionário.
Verificar se foram tidos em conta todos os aspectos
3. Verificação da Folha de Salários e
abordados acima.
assinatura de verificação

4. Aprovação da Folha de Salários


5. Verificação da conformidade da folha de
salários e envio ao chefe do DPAF para
aprovação do pagamento ou assinatura da
nota de devolução, conforme se tratar de um
processo conforme ou não conforme,
respectivamente.

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Processamento de salários acumulados


Apesar dos salários serem processados e pagos mensalmente, poderão ocorrer situações
excepcionais em que o processamento é feito não só para o mês em curso mas também para
outro(s) mês(es) anterior(es).
Geralmente, estas situações podem ocorrer nos seguintes casos:
 No início do contrato, quando o contrato e a respectiva efectividade chegam aos
processadores de salários, após o funcionário ter trabalhado vários meses;
 Quando a efectividade do funcionário é enviada após o período de processamento
salários, devendo o salário ser processado e pago no período seguinte;
 Quando o contrato expira e o contrato de continuidade actualizado apenas é enviado
tardiamente aos processadores de salários;
 Em qualquer outro caso em que falte algum dos pré-requisitos para o processamento
do salário e a regularização do mesmo ocorra em momento posterior ao período do
processamento de salários.
O processamento de salários acumulados deve ser efectuado separadamente, mês a mês, e
somadas as respectivas parcelas resultantes.

Prazo para o processamento e pagamentos de salários


Os salários dos funcionários contratados deverão ser processados até o dia 18 do mês em que
se refere o pagamento.
Considera-se que o salário está processado se tiver sido emitida a competente Folha de
Salários até a data acima mencionada.
A ausência de efectividade por parte de alguns funcionários da Folha de Salários não deverá
prejudicar o cumprimento do prazo, devendo-se avançar com o processamento e pagamento
dos salários apenas para os funcionários e contratados que estiverem em conformidade.

1.2.2. Pagamento e Justificação de Ajudas de Custo


As ajudas de custo constituem os valores pagos aos funcionários e agentes do Estado para
custear as despesas de alojamento e/ou alimentação relacionadas com as deslocações em
território nacional e para o estrangeiro por motivo de:
 Serviço;
 Por doença, sob parecer clínico ou da Junta de Saúde.
O pagamento pode ocorrer mediante:
 Abono de ajudas de custo diárias, de acordo com a tabela aprovada por Diploma
Ministerial; ou

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Pagamento de alimentação e alojamento nos estabelecimentos hoteleiros ou similares,


de acordo com a classe a que o funcionário do Estado pertence.

Prazo para a justificação de ajudas de custo


Todos os valores adiantados a título de ajudas de custo devem ser justificados no prazo
máximo de sete dias após o regresso da viagem.

Mapa de controlo de adiantamentos de ajudas de custo


Todos os valores de ajudas de custo pagos aos funcionários, excepto tratando-se de
reembolsos, serão considerados adiantamentos até que sejam justificados, devendo para
efeitos de controlo ser objecto de lançamento no Mapa de Controlo de Adiantamentos. O
mapa anteriormente indicado deverá ser actualizado diariamente, devendo nele constar todos
os valores pagos e deduzidos os valores já justificados até ao dia anterior.
A medida que vão sendo justificados, os valores devem ser registados na coluna de
justificativos, como segue:
 Em numerário: se o valor for depositado na conta bancária de Receitas de Terceiros
titulada pelo Ministério das Finanças – Direcção Nacional do Tesouro;
 Em documentos: se forem entregues os documentos de suporte relevantes para o
efeito (Guia de Marcha ou cópia do Passaporte, conforme o aplicável, Relatório da
viagem e Cartão de embarque);
 Anulações: se, eventualmente, a ordem de pagamento for cancelada ou outra situação
que não permita a recepção do valor por parte do beneficiário.
Em qualquer momento, o saldo apresentado no mapa em causa representa o valor por
justificar, tanto individualmente como na globalidade, conforme se trate do saldo de uma OP
ou do total do mapa.

Termo de Entrega de documentos de ajudas de custo


Sempre que se efectuar o pagamento de ajudas de custo, deverá entregar-se ao funcionário
beneficiário o documento comprovativo da transferência, acompanhado de um Termo de
Entrega emitido, em dois exemplares, que deverá ser assinado pelo beneficiário. Dados
constantes do Termo de Entrega:
 Nome do funcionário;
 Valor pago e respectiva data de pagamento;
 Nº do documento de pagamento;
 Contexto do pagamento;
 Documentos necessários para a justificação do valor recebido;

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Prazo de justificação;
 Nome completo do beneficiário e assinatura, comprovativa de que o beneficiário
recebeu o valor e tomou conhecimento dos requisitos para a sua justificação.

Documentos necessários para a justificação de despesas de ajudas de custo


Após o regresso da viagem, e dentro do prazo constante do Termo de Entrega, todos os
funcionários que tenham recebido valores de ajudas de custo têm a obrigação de apresentar os
justificativos dos valores transferidos a seu favor. No Anexo G apresenta-se a relação dos
documentos necessários para a justificação de fundos e os dados que devem constar em cada
um deles.

Mapa demonstrativo de devedores de adiantamentos de ajudas de custo por antiguidade


de saldo
Mensalmente, até ao dia 10 do mês seguinte, deverá ser emitido o mapa de adiantamentos por
antiguidade de saldos, mostrando todos os saldos dos adiantamentos efectuados até o final do
mês anterior. A informação sobre devedores de adiantamentos deverá ser enviada para todos
os centros de custo, com indicação clara dos funcionários que estão em situação irregular. Os
funcionários ou contratados que irregularmente não justifiquem os fundos adiantados para
ajudas de custo, não poderão receber mais adiantamentos de ajudas de custo para novas
deslocações. Poderá também decidir-se superiormente a adopção de outras medidas em
relação aos funcionários que não justifiquem os adiantamentos, conforme estabelecido no
Manual.

1.2.3. Pagamento de Bolsas de Estudo


De acordo com o artigo 2º do Regulamento de Bolsas aprovado por despacho de Novembro
de 2011, a Bolsa de Estudo é o total de meios financeiros e/ou materiais de vida e de estudo
disponibilizados ao funcionário durante o período de estudo ou de formação profissional no
país ou no estrangeiro.
 Por outros motivos, excluindo doença devidamente justificada e homologada por Junta
de Saúde, não concluam o curso pretendido dentro do limite temporal estipulado;
 Tenham sofrido sansões disciplinares, sempre que a pena seja acima da pena de
demissão;
 Tenham praticado delitos de natureza criminal de que tenha resultado uma pena de
prisão ou de prisão maior.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 74


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Para facilitar o controlo das despesas inerentes a bolsas de estudo, o Agente de Controlo
Interno deverá manter uma relação de bolseiros contendo os seguintes dados:
 Data da autorização da bolsa;
 Período coberto pela bolsa;
 Orçamento por categorias (material didáctico, passagens aéreas, propinas, alojamento
e alimentação).

Anualmente, deverá ser emitido um despacho pela DRH que indique os estudantes bolseiros
que mantêm o direito à concessão da bolsa. Este documento é imprescindível para a
continuidade dos pagamentos.
Os termos de gestão das Bolsas de Estudo estão previstos no Regulamento de Bolsas supra-
referido.

Perda do direito à Bolsa de Estudo


Nos termos do regulamento de bolsas de estudos, a obrigação de pagamento de despesas
inerentes a mesma extingue-se com a perda do direito à Bolsa.
Não poderão ser pagas despesas referentes a Bolsas de Estudos a funcionários nas seguintes
situações:
 Reprovarem uma vez durante o curso;
 Por outros motivos, excluindo doença devidamente justificada e homologada por Junta
de Saúde, não concluam o curso pretendido dentro do limite temporal estipulado;
 Tenham sofrido sansões disciplinares, sempre que a pena seja acima da pena de
demissão;
 Tenham praticado delitos de natureza criminal de que tenha resultado uma pena de
prisão ou de prisão maior.

Para facilitar o controlo das despesas inerentes a bolsas de estudo, o Agente de Controlo
Interno deverá manter uma relação de bolseiros contendo os seguintes dados:
 Data da autorização da bolsa;
 Período coberto pela bolsa;
 Orçamento por categorias (material didáctico, passagens aéreas, propinas, alojamento
e alimentação).

Anualmente, deverá ser emitido um despacho pela DRH que indique os estudantes bolseiros
que mantêm o direito à concessão da bolsa. Este documento é imprescindível para a
continuidade dos pagamentos.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 75


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.2.4. Pagamento de Combustíveis


A presente secção trata apenas dos combustíveis (gasolina e gasóleo) usados para as viaturas
da instituição para funcionamento, não incluindo as situações de viagens, cujo tratamento
cabe no subcapítulo sobre os adiantamentos. As despesas com os outros combustíveis devem
seguir os procedimentos gerais de execução financeira.
O presente procedimento requer que todas as viaturas da instituição estejam sob o controlo de
uma área específica de gestão de transportes.
Após a celebração do contrato com as bombas de combustível, a instituição deverá enviar
uma lista de viaturas que terão direito de abastecimento.
1. Objectivos principais deste procedimento
 Garantir que todo o combustível pago se destina às actividades da instituição;
 Permitir que se estabeleça a ligação entre as facturas do fornecedor e os consumos;
 Garantir que haja uma base de informação muito objectiva que permita avaliar os
consumos de combustível de cada período;

Tipos de despesas com combustíveis


Existem, essencialmente, dois tipos de despesas com combustíveis:
 Despesas com combustível para expediente;
 Despesas com combustível para as viagens em missão de serviço.

COMBUSTÍVEL PARA COMBUSTÍVEL PARA AS VIAGENS


DESCRIÇÃO
EXPEDIENTE EM MISSÃO DE SERVIÇO
Proposta, Requisição e
Factura aprovadas,
Requisitos para pagamento Proposta e Requisição aprovadas
reconciliação de
consumos
Actividades de rotina da
Destino do combustível Viagens em missão de serviço
instituição
Documentos justificativos
Recibo Factura e recibo, Factura-recibo/VD
do pagamento
Beneficiário do pagamento Posto de abastecimento Motorista indicado para a viagem
Responsável pela entrega
do Justificativo à área Secção de Transportes Motorista indicado para a viagem
financeira
Base para a determinação
Quota semanal Quilómetros a percorrer * 0.2 litros
do combustível a atribuir
Tipo de pagamento Pagamento de despesa Adiantamento

O tratamento das despesas de combustível para as viagens em missão de serviço é idêntico ao


das ajudas de custo, no que diz respeito ao modelo de controlo dos fundos adiantados,

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Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

devendo para a justificação dos valores pagos ser apresentadas a Factura-Recibo ou a Venda a
Dinheiro dos diversos abastecimentos ao longo do percurso.

Informação a ser mantida pela Secção de Transportes


Em geral, a Secção de Transportes (ST) deverá manter toda a informação que permita, a todo
o tempo, obter a evidência dos consumos efectuados.
Informação a ser mantida pela Secção de Transportes:
Requisições dos Centros de Custo; Cópias das Facturas;
Talões de abastecimento; Diários de Bordo das viaturas.

As cópias das facturas devem estar acompanhadas da Relação de consumos, Requisições dos
centros de custo e Talões de abastecimento.

Talões de abastecimento
Consideram-se talões de abastecimento os documentos emitidos pelo posto de abastecimento
no momento do abastecimento das viaturas e inclui nomeadamente os seguintes dados:
 Data e hora do abastecimento;  Tipo de combustível abastecido;
 Nome do atendente;  Valor do abastecimento.
 Quantidade abastecida;

Além das anteriores, existem outras situações que geram obrigações de pago, tais como os
impostos a que estão submetidas as instituições sanitárias, por exemplo Pagamento de Bens e
pagamento a fornecedores no Estrangeiro.

SABER Todos os elementos dos processos de pagamento, os documentos e papéis


MAIS
envolvidos e os diferentes procedimentos podem ser consultados no MANUAL
DE PROCEDIMENTOS DE GESTÃO FINANCEIRA
- NÍVEL PROVINCIAL – 2014

1.3 O processo contabilístico: registo e características, documentação de suporte,


arquivo.

O artigo 9 da lei 9/2002 que cria o SISTAFE, estabelece que o exercício económico no
âmbito do SISTAFE coincide com o ano civil. Adiciona que são consideradas no exercício
económico respectivo:
a) As receitas nele cobradas;
b) As despesas nele pagas;
c) As despesas nele por pagar quando regularmente efectuadas.

Quanto ao registro de operações económicas, o artigo 38 referido ao objecto da escrituração


contabilística, estabelece que a Contabilidade Pública tem por objecto a produção e

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 77


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

manutenção de registos e evidenciar as transacções realizadas pelos órgãos e instituições do


Estado e os seus efeitos sobre o património do Estado.
Adiciona que a Contabilidade mantém os registos analíticos e sintéticos dos bens, direitos e
obrigações integrantes do património dos órgãos e instituições do Estado abrangidos nos
termos estabelecidos no artigo 2 da mesma Lei.

O artigo 39 estabelece os princípios e regras específicas de registo da Contabilidade Pública:


 Principio de consistência: na base do qual os procedimentos contabilísticos de um
exercício para o outro não devem ser alterados;
 Principio de materialidade: segundo o qual a informação produzida apresenta todos
os elementos relevantes que permitam o acompanhamento da utilização dos recursos
públicos;
 Principio de comparabilidade: em conformidade com o qual, o registo das operações
observa as normas determinadas ao longo da vida dos respectivos órgãos ou
instituições, por forma a que os dados produzidos possam ser comparados ao longo do
tempo e do espaço;
 Principio de oportunidade: pelo qual a informação deve ser produzida em tempo
oportuno e útil por forma a apoiar a tomada de decisões e a análise da gestão.

Para os registos dos actos e factos administrativos, no âmbito do SISTAFE, o artigo 40 da Lei
9/2002, estabelece que o critério utilizado é o princípio digráfico ou método das partidas
dobradas, explicado amplamente na Unidade Didáctica 1.
O regime de registo contabilístico e o Regime Misto, aplicando-se para as receitas o regime
de caixa e para as despesas o regime de compromissos. (Artigo 41 da Lei 9/2002 que cria o
SISTAFE).
Regime de caixa: apropria as receitas e despesas no período de seu efetivo
ATENÇÃO
recebimento ou pagamento, independentemente do momento em que foram
realizadas.
Regime de Compromissos: como sendo o registro do documento na data do
facto gerador (ou seja, na data do documento, não importando quando vai ser
pago ou recebido).

O artigo 42 estabelece que a escrituração dos actos e factos administrativos é efectuada em


moeda nacional.
Segundo o artigo 43, o Governo elabora, no fim de cada exercício económico, as seguintes
demonstrações contabilísticas:
 O Balanço;

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 78


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 Os Mapas de Controlo Orçamental;


 A Demonstração de Resultados e
 O Inventário Contabilístico.

SABER MAIS
Para saber mais sobre as demonstrações contabilísticas, consulta o
Regulamento do SISTAFE, estabelecido por Decreto 23/2004.

Quanto a amortizações e reintegrações, todo o património do Estado é amortizado e


reintegrado de acordo com a legislação aplicável e as regras de contabilidade geralmente
aceites.
O Artigo 72 do Regulamento do SISTAFE estabelece que a Tabela de Operações relaciona as
codificações dos actos e factos administrativos, convertendo os mesmos em registos
contabilísticos automáticos, por intermédio das transacções do sistema informático e-
SISTAFE.
As transacções do sistema informático servem-se de uma ou mais operações contabilísticas
para realizar o registo contabilístico dos actos e factos da execução orçamental, financeira e
patrimonial.
Os registos contabilísticos são efectuados a nível das Unidades Intermédias e Gestoras
Executoras dos Sub-sistemas do SISTAFE, por exercício económico e pelo classificador
orçamental de Gestão (Artigo 73 do Regulamento).
 E por último, a documentação de suporte e o arquivo dos actos e factos
administrativos são estudados na Unidade 3.

2. SISTEMA DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO


(SISTAFE)
SISTAFE é o Sistema de Administração Financeira do Estado, que envolve
DEFINIÇÃO todo o ciclo orçamental desde a sua elaboração até a execução final, incluindo
todos os sub-sistemas que o compõe, nomeadamente: Orçamento, Tesouro
Público, Contabilidade Pública, Património e Controlo interno.
SISTAFE é o novo sistema integrado de orçamento, programação financeira,
contabilidade e controlo interno do Estado Moçambicano.

O SISTAFE estabelece e harmoniza regras e procedimentos de programação, gestão e


controlo do erário público de modo a permitir o seu uso eficaz, e eficiente, bem como
produzir a informação de forma integrada e atempada concernente à administração financeira
dos órgaos e instituições do Estado.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 79


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

2.1. Âmbito de aplicação e objectivos

Nos termos do artigo 2º da Lei do SISTAFE, a lei do SISTAFE, aplica-se a todos os órgãos e
instituições do Estado, isto é, as instituições do Estado com autonomia administrativa e
financeira nos termos previstos no artigo 6º da mesma lei.
A lei do SISTAFE aplica-se também às autarquias e empresas do Estado, excepto no tocante à
prestação de contas, que se rege por legislação específica.
São objectivos do SISTAFE:
 Estabelecer e harmonizar regras e procedimentos de programação, execução, controlo
e avaliação dos recursos públicos;
 Desenvolver sub-sistemas que proporcionam informação oportuna e fiável sobre o
comportamento orçamental e patrimonial dos órgãos e instituições do Estado;
 Estabelecer, implementar e manter um sistema contabilístico de controlo da execução
orçamental e patrimonial adequado às necessidades de registo da organização da
informação e da avaliação do desempenho das acções desenvolvidas no domínio da
actividade dos órgãos e instituições do Estado;
 Estabelecer, implementar e manter o sistema de controlo interno eficiente e eficaz e
procedimentos de auditoria interna internacionalmente aceites.

2.2. Princípios fundamentais

São princípios fundamentais do SISTAFE os seguintes:


 Regularidade financeira: execução do orçamento do Estado em harmonia com as
normas vigentes e mediante o cumprimento dos prazos estabelecidos;
 Legalidade: observância das normas legais vigentes;
 Economicidade: utilização racional dos recursos disponibilizados, bem como uma
melhor gestão de tesouraria;
 Eficiência: minimização dos desperdícios para a obtenção dos objectivos delineados;
 Eficácia: obtenção dos efeitos desejados com a medida adoptada, procurando a
maximização do seu impacto no desenvolvimento económico e social.

2.2.1. Autonomia administrativa e financeira


O regime geral de administração financeira dos órgãos e instituições do Estado é o de
autonomia administrativa, entendendo-se por esta a capacidade destes:
 Executarem as fases da receita tendo como limite mínimo os montantes fixados nas
respectivas tabelas;

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 80


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Recolherem ao Tesouro Público toda a receita cobrada;


 Executarem as fases da despesa respeitando o limite máximo fixado nas respectivas
tabelas;
 Gerirem o património posto a sua disposição.

A Autonomia administrativa e financeira é caracterizada pela capacidade que um órgão e


instituição do Estado tem de realizar, além da execução das fases da receita e da despesa, a
programação financeira com base nas suas receitas próprias.

2.3. Estructura do SISTAFE

O SISTAFE estrutura-se nos 5 sub-sistemas seguintes:

2.3.1. Sub-sistema do Orçamento do Estado (SOE)


Compete a este sub-sistema:
 Preparar e propor os elementos necessários para a elaboração do Orçamento do Estado
(OE);
 Preparar o projecto de Lei Orçamental e respectiva fundamentação;
 Avaliar os projectos de orçamentos dos órgãos e instituições do Estado;
 Propor medidas necessárias para que o OE comece a ser executado no início do
exercício económico a que respeita;
 Preparar, em coordenação com o STP, a programação da execução orçamental e
financeira, de acordo com a legislação vigente;
 Avaliar as alterações do OE;
 Avaliar os processos de execução orçamental e financeira.

2.3.2. Sub-sistema do Tesouro Público (STP)


Compete a este sub-sistema:
 Zelar pelo equilíbrio económico financeiro;
 Administrar os haveres financeiros e mobiliários;
 Elaborar a programação financeira;
 Elaborar as estatísticas das finanças públicas;
 Gerir a conta única;
 Propor a formulação da política de financiamento da despesa pública e providenciar a
sua execução;
 Gerir a dívida pública interna e externa;
 Realizar e gerir as operações de crédito público.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 81


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

2.3.3. Sub-sistema da Contabilidade Pública (SCP)


Compete a este sub-sistema:
 Elaborar e propor normas, procedimentos técnicos, relatórios e mapas, bem como a
respectiva metodologia e periodicidade, visando a harmonização e uniformização
contabilística;
 Elaborar e manter actualizado o plano de contas;
 Proceder à execução do Orçamento do Estado;
 Acompanhar e avaliar o registo sistemático e atempado de todas as transacções;
 Elaborar os relatórios de informação periódica a apresentar pelo Governo à
Assembleia da República;
 Elaborar a Conta Geral do Estado.

2.3.4. Sub-sistema do Património do Estado (SPE)


Compete a este sub-sistema:
 Coordenar a gestão dos bens patrimoniais do Estado;
 Organizar o tombo dos bens imóveis do Estado;
 Elaborar anualmente o mapa de inventário físico consolidado e das variações dos bens
patrimoniais do Estado;
 Proceder periodicamente ao confronto dos inventários físicos com os respectivos
valores contabilísticos;
 Propor normas e instruções regulamentares pertinentes sobre os bens patrimoniais do
Estado.
Observação: Compete à entidade onde se localizam os bens e direitos patrimoniais, a
inventariação e gestão do património do Estado, de acordo com a legislação vigente.

2.3.5. Subsistema do Controlo Interno (SCI)


Compete a este subsistema:
 Verificar a aplicação dos procedimentos estabelecidos;
 Verificar o cumprimento da legalidade, regularidade, economicidade, eficiência e
eficácia.
Observação: O Governo pode submeter os órgãos e instituições do Estado à auditoria
independente, pontual ou sistemática.
No caso específico da saúde, foram criados a todos os níveis (Serviços Distritais de Saúde
Mulher e Acção Social -SDSMAS- Direcções Provinciais de Saúde -DPS- e Órgão Centrais)
as Unidades de Contabilidade e Controlo interno, que têm por missão a verificação dos actos

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 82


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

legais, seguimento, monitoria de procedimentos estatuídos e garantia efectiva de prestação de


contas dentro dos princípios estabelecidos na Lei do SISTAFE.

2.4. Macro-processos e processos dos sub-sistemas do SISTAFE

Segundo o artigo 6 do Regulamento do SISTAFE, os subsistemas do SISTAFE estudados no


apartado 2.3. são integrados pelos seguintes macro-processos:
 Elaboração das Propostas do Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP), Plano
Económico e Social (PES) e Orçamento do Estado (OE);
 Execução do Orçamento do Estado;
 Administração do Património do Estado;
 Avaliação da Gestão do Orçamento e do Património do Estado.
Os macro-processos subdividem-se em processos.
DEFINIÇÃO
Processo: conjunto de procedimentos organizados de modo a instruir, de forma
padronizada, as actividades a serem executadas na gestão das finanças públicas.

As actividades a realizar em cada um dos sub-sistemas são realizados através de tarefas


manuais e mediante transacções no sistema informático, de acordo com os procedimentos de
que tratem os distintos actos e factos de gestão das finanças públicas.
Os procedimentos observam, na sua concepção, o princípio de segregação de funções,
garantindo assim a transparência e o controlo necessário numa boa gestão das finanças
públicas.
Os procedimentos de cada macro-processo constarão dos seguintes manuais:
 De Execução do CFMP, PES e Orçamento do Estado;
 De Administração Financeira e Procedimentos Contabilísticos;
 De Administração do Património; e
 De Controlo Interno.

Conforme vimos anteriormente, cada macro-proceso é composto de processos que, pela sua
vez, são divididos em actividades:

Processos do Macro-Processo Elaboração das Propostas do CFMP, PES e OE:


compreende os processos de realização de estudos e pesquisas socio-económicas e de
elaboração, aprovação, acompanhamento e avaliação dos planos, programas e orçamentos. As
suas actividades são desenvolvidas no subsistema de Orçamento do Estado e avaliadas pelo
subsistema de Controlo Interno.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 83


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Processos do Macro-Processo de Execução do Orçamento do Estado: compreende os


processos de preparação do início do exercício económico, incorporação de um órgão ou
instituição do Estado no SISTAFE, administração do Orçamento do Estado, execução das
fases da receita, execução da programação financeira, execução das fases da despesa e
encerramento do exercício económico. As suas actividades são desenvolvidas no sub-sistema
de Orçamento do Estado, do Tesouro Público e do Património do Estado. São tratadas pelo
sub-sistema de Contabilidade Pública e avaliadas pelo sub-sistema de Controlo Interno.

Processos do Macro-Processo de Administração do Património do Estado: compreende


os processos de aquisições, alienações do Património do Estado e cessão de exploração.
Também a gestão do Património, que compreende: a incorporação, distribuição, guarda,
movimentação, valoração e abate de bens do Património do Estado. As suas actividades são
desenvolvidas no sub-sistema do Património do Estado, são tratadas pelo sub-sistema de
Contabilidade Pública e avaliadas pelo sub-sistema de Controlo Interno.

Processos do Macro-Processo de Avaliação da Gestão do Orçamento e do Património do


Estado: compreende os processos de avaliação do cumprimento das metas previstas nos
planos e programas, avaliação da execução do Orçamento do Estado e avaliação da gestão dos
administradores públicos. As suas actividades são desenvolvidas no sub-sistema de Controlo
Interno.

3. APLICATIVO INFORMÁTICO e-SISTAFE


Segundo Barnabé Fernando J. (2007, pág. 20 citando Gibson et al., 1999), um Sistema
integrado de Gestão é um conjunto integrado de programas que providenciam suporte às
principais actividades organizacionais, como produção e logística, finanças e contabilidade,
vendas e marketing, e recursos humanos.
Para a Gestão Pública, este sistema permite um aumento da rapidez na tomada de decisão, um
melhor controlo das operações relacionadas com a arrecadação das receitas e execução das
despesas, e uma melhor disseminação das informações relacionadas com o OE.

3.1. Procedimentos e normas de funcionamento do e-SISTAFE.

O e-SISTAFE é o sistema informático que suporta o SISTAFE, e atende a todos os


procedimentos previstos no mesmo.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 84


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

O e-SISTAFE é desenvolvido, mantido e disponibilizado considerando a criticidade e o sigilo


das informações nele tratadas, a função típica do Estado estabelecida nos procedimentos do
SISTAFE, e as especificações para as empresas do Estado.
O usuário do e-SISTAFE deve ser um funcionário público que tem a prerrogativa de operar o
sistema informático com o objectivo de executar um ou mais procedimentos do SISTAFE,
cadastrado num único órgão ou instituição do Estado, sendo este uma Unidade de Supervisão,
Intermédia ou Gestora Executora. Os usuários podem ter vários perfis que lhes permite
realizar tarefas pré-estabelecidas, nomeadamente:
 Agente Orçamental;
 Agente de Execução Orçamental;
 Agente Financeiro;
 Agente Financeiro da Receita;
 Agente de Programação Financeira;
 Agente de Execução Financeira;
 Agente de Património;
 Agente de Controlo Interno;
 Agente Contabilista.

O funcionário usuário do e-SISTAFE, é responsável pelos actos praticados na


ATENÇÃO Gestão das finanças públicas.
Todas as actividades realizadas pelos usuários no e-SISTAFE são registadas
identificando o usuário, a data, a hora, a transacção solicitada e se ela foi bem-
sucedida ou não, neste caso apontando o motivo. Este registo é mantido por cinco
anos.
Os actos de gestão das finanças públicas que requerem uso do e-SISTAFE são apoiados por
transacções:
 Uma transacção pode ter ou não um ou mais registos contabilísticos a ela associados.
 As transacções são agrupadas definindo perfis de operação, que têm como principal
objectivo atender ao princípio de segregação de funções.

Os procedimentos do e-SISTAFE são regulados pelo disposto no Decreto 23/2004, de 20 de


Agosto, que em termos da sua amplitude e aplicabilidade abrange todos os órgãos e
instituições do Estado, administrações, autarquias e empresas do Estado.
Como se vê nos pontos 2.3 e 2.4, o Regulamento do SISTAFE contém normas de gestão
orçamental, financeira, patrimonial, contabilística e de controlo interno.
Constituem módulos do e-SISTAFE:

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 85


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Módulo de Elaboração Orçamental, que apoia a elaboração da Proposta do Orçamento


do Estado;
 Módulo de Execução Orçamental, que apoia a execução do Orçamento do Estado;
 Módulo de Gestão de Informações, que apoia a geração de Informações a partir dos
demais módulos do e-SISTAFE;
 Módulo de Gestão do Património do Estado, que apoia a administração do Património
do Estado;
 Módulo de Gestão de Salários e Pensões dos funcionários públicos ou pensionistas;
 Módulo de Gestão da Dívida Pública, que apoia a administração da dívida;
 Módulo de Gestão da Rede de Cobrança que apoia a administração da Rede de
Cobrança.

O e-SISTAFE terá uma base de dados para cada uma das Gestões do Orçamento do Estado. O
acceso às bases de dados só é realizado por meio de transacções pertencentes a um perfil de
operação (usuários autorizados).
A rede de comunicação de dados que apoia o e-SISTAFE é privativa e apoiada na arquitectura
das tecnologias de informação e nos recursos tecnológicos. Esta privacidade será garantida
por um órgão ou instituição do Estado.

3.2. Classificações de receitas e despesas previstas no e-SISTAFE

Os artigos 14 e 15 da Lei 9/2002, definem as receitas e as despesas públicas:


Receitas públicas: todos os recursos monetários ou em espécie, seja qual for a
sua fonte ou natureza, postos à disposição do Estado, com ressalva daqueles em
que o Estado seja mero depositário temporário. Só elas podem ser cobradas em
virtude de lei e, ainda que estabelecidas por lei, se estiverem previstas no
Orçamento do Estado aprovado.
Os montantes de receita inscritos no Orçamento do Estado constituem limites
mínimos a serem cobrados no correspondente exercício.
DEFINIÇÃO Despesas públicas: todo o dispêndio de recursos monetários ou em espécie, seja
qual for a sua proveniência ou natureza, gastos pelo Estado, com ressalva
daqueles em que o beneficiário se encontra obrigado à reposição dos mesmos. Só
elas podem ser assumidas, ordenadas ou realizadas as despesas legais, inscritas
devidamente no Orçamento do Estado aprovado, com cabimento na
correspondente verba orçamental, e justificadas quanto a sua economicidade,
eficiência e eficácia.
Só podem ser assumidas durante o ano económico para o qual tiverem sido
orçamentadas.
As dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na realização de
despesas públicas, no correspondente exercício.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 86


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

A classificação genérica do Orçamento do Estado obedece a um princípio geral universal de


igualdade entre receitas e despesas.

SABER MAIS Os artigos 28 a 35 da Lei 9/2002 que cria o SISTAFE, estabelece regras
específicas para a realização de despesas e receitas, sob o título de Execução
do Orçamento do Estado.
O Sistema de administração, previsibilidade, programação, inscrição e uso da receita é regida
para além destes, por outros dispositivos complementares como a Circular número 01/GAB-
MF/2010.
Os artigos 44 e 45 do Regulamento do SISTAFE estabelecem o Classificador Económico da
Receita, que tem como objectivo identificar a natureza da receita. O classificador estrutura-se
em cinco níveis:
 O primeiro indica a categoria económica da receita: corrente ou de capital;
 O segundo indica a origem fiscal ou não fiscal da receita;
 O terceiro indica o tipo de impostos ou taxas;
 O quarto e quinto indicam a desagregação por cada imposto ou taxa.

Os artigos 50 e 51 do Regulamento do SISTAFE estabelecem o Classificador Económico da


Despesa, que tem como objectivo identificar a natureza da despesa. O classificador é
estruturado em cinco níveis:
 O primeiro indica a categoria económica da despesa: corrente ou de capital;
 O segundo indica o grupo agregado de despesa;
 O terceiro, quarto e quinto indicam a desagregação da despesa.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 87


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

RESUMO

Na presente Unidade Didáctica temos estudado a estrutura do Plano Básico de Contas de


Contabilidade Pública, bem como os princípios de registo da Contabilidade Pública.

Dentre os princípios da Contabilidade Pública que se aplicam ao registo das operações,


destaca o Princípio Misto, que significa que as despesas são contabilizadas com o regime de
compromissos e as despesas com o regime de caixa.

Tens analisado os processos de pago das operações mais comuns das instituições de saúde no
âmbito do e-SISTAFE.

Posteriormente, tens estudado a estrutura de sub-sistemas do SISTAFE, dos quais forma parte
o sub-sistema de Contabilidade Pública (SCP). Estes sub-sistemas são integrados pelos
macro-processos, processos e actividades. No que diz respeito aos macro-processos, é de vital
importância nesta unidade didáctica, o de Execução do Orçamento do Estado, no âmbito do
qual são realizadas e registadas as despesas e receitas públicas.

Por último, tens analisado os critérios e princípios de uso da ferramenta e-SISTAFE, dentre os
quais destaca o princípio de responsabilidade dos funcionários públicos pelos actos praticados
na gestão das finanças públicas, e a diferenciação dos diferentes conceitos de classificação de
receitas e despesas.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 88


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD2

ACTIVIDADE 1
OPERAÇÕES COMUNS DA UNIDADE SANITÁRIA
Duração 2 horas
Objectivos
 Determinar a Classe de Contas do Plano Básico de Contabilidade Pública com que se
relacionam as operações mais comuns de uma unidade sanitária;
 Interpretar os princípios de Contabilidade Pública aplicáveis ao registo das operações
mais comuns de uma unidade sanitária;

Conteúdos de referência
 Definição de despesas e receitas;
 Classes de Contas do Plano Básico de Contabilidade Pública;
 Princípios de registo de Contabilidade Pública.

Desenvolvimento da actividade por parte do aluno


O aluno irá receber um enunciado escrito no qual se descrevem distintas (6 a 10) operações
mais comuns de uma unidade sanitária. Neste enunciado, também estarão detalhadamente
identificados os elementos constitutivos de cada uma delas.
Os alunos contarão com o seguinte material de apoio:
 A Unidade Didáctica;
 Lei e Regulamento do SISTAFE.
A partir do enunciado, os alunos deverão responder por escrito, organizados em pares, às
seguintes questões:
 Que classes de contas são identificadas em cada uma das operações descritas?
 Como se aplicariam os princípios de registo da Contabilidade Pública a cada uma
das operações descritas?

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Redigir as operações em que consiste o enunciado da actividade;
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Ajudar os alunos na consulta do material de apoio;
 Recolher as respostas dos alunos no quadro preto/branco;
 Explicar o resultado das respostas.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 89


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Espaço/meios didácticos e tecnológicos


 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto/branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Aplica os princípios da Contabilidade Pública;
 Identifica a natureza das operações contabilísticas da unidade sanitária.

ACTIVIDADE 2:
O SISTAFE
Duração 2 horas
Objectivos
 Diferenciar despesas e receitas;
 Descrever a estrutura do SISTAFE, macro-processos e processos que a integram.
Conteúdos de referência
 Classificação de despesas e receitas;
 Estrutura do SISTAFE.
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
O aluno irá receber um enunciado no qual são detalhadas distintas operações (10-12) de uma
unidade sanitária, correspondentes ao exercício económico 2016.
Os alunos contarão com o seguinte material de apoio:
 A Unidade Didáctica;
 Lei e Regulamento do SISTAFE.
A partir do enunciado, os alunos, organizados em grupos de quatro pessoas, responderão às
seguintes questões:
 Que operações são receitas e quais são despesas?
 A que sub-sistema do SISTAFE corresponderia o registo das operações descritas?
 Que macro-processos, processos e actividades se veem envolvidos no registo das
operações?

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 90


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Redigir o enunciado da actividade;
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Ajudar aos alunos na consulta do material de apoio;
 Assistir à apresentação em plenária;
 Sintetizar o tema.

Espaço/meios didácticos e tecnológicos


 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto/branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Identifica despesas e receitas;
 Distingue os sub-sistemas do SISTAFE;
 Determina os Macro-processos, processos e actividades envolvidos em cada sub-
sistema.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 91


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

CASO PRÁTICO DA UD2

DESPESAS E RECEITAS NO SISTAFE

Descrição
A “Unidade Sanitária Rural” realiza as seguintes operações de despesas e receitas durante o
mês de Janeiro de 2016:
 Descrever detalhadamente 10 operações entre despesas e receitas.
Actividades a desenvolver pelos alunos
Os alunos individualmente devem:
 Fazer uma leitura e análise do texto;
 Identificar a natureza das operações.
Dada a situação acima apresentada, e em função dos documentos de leitura obrigatória
(conteúdos da unidade didáctica e as partes específicas, Lei e Regulamento do SISTAFE), os
alunos, já organizados em grupo, devem:
 Classificar as operações em despesas e receitas;
 Identificar as classes de contas que intervêm em cada uma das operações descritas;
 Descrever o processo de pago das distintas despesas no âmbito do e-SISTAFE;
 Definir os documentos de registo nos que se vão a contabilizar as operações;
 Explicar como se aplica o princípio de “partidas dobradas” da Contabilidade Pública
numa operação de despesa e outra de receita do enunciado;
 Explicar a que tipo de operações são aplicados os princípios de regime de caixa e de
regime de compromissos, bem como as diferenças entre ambos;
 Que tipo (ou tipos) de funcionário regista as operações contabilísticas numa unidade
sanitária?
 Em que módulo (ou módulos) do e-SISTAFE são registadas as operações do
enunciado?
 Como afectaria o princípio de responsabilidade ao funcionário que deixasse de
registar uma receita?
Actividades a desenvolver pelo professor
 Redigir o enunciado da actividade;
 Esclarecer aos alunos sobre a natureza do trabalho, bem como as condições em que
ele vai decorrer;
 Organizar os grupos de trabalho (4 a 5 elementos cada);
 Elaborar um roteiro de actuação dos grupos;
 Facultar material de consulta relacionado à contabilidade pública;
 Monitorar os grupos, tirar dúvidas e orientar para soluções;
 Assistir na preparação dos trabalhos;
 Assistir à apresentação dos trabalhos;
 Avaliar a actividade através de perguntas;
 Elaborar a síntese.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 92


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Recursos necessários
 Papel gigante;
 Canetas de várias cores;
 Tripé;
 Bostik;
 Plano Geral de Contabilidade;
 O texto facilitado pelo professor;
 Material de consulta relacionado.

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 93


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

UNIDADE DIDÁCTICA 3

OS LIVROS E MAPAS DE REGISTOS CONTABILÍSTICOS

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 94


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ÍNDICE DA UD3

OBJECTIVO GERAL 96
Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática 3 96
INTRODUÇÃO 96
1. DOCUMENTAÇÃO DE SUPORTE E AS NOTAS E ASSENTOS
CONTABILÍSTICOS 96
1.1 Documentação de suporte. 96
1.2. As notas e assentos contabilísticos 103
2. A LEGALIZAÇÃO DOS LIVROS E MAPAS CONTABILÍSTICOS DAS
INSTITUÇÕES DE SAÚDE 103
3. PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS 104
3.1. Demonstrações Financeiras e Documentos Constituintes da Prestação de Contas 104
3.2. Processo de Elaboração de Demonstrações Financeiras 106
3.3. Relatórios do e-SISTAFE 107
3.4. Periodicidade e prazo de Elaboração das Demonstrações Financeiras 108
4. RECONCILIAÇÃO BANCÁRIA 108
5. PROCEDIMIENTO DE ARQUIVO E CONSERVAÇÃO DOS LIVROS
CONTABILÍSTICOS 112
5.1. Processo de Gestão do Arquivo de Contabilidade 112
5.2. Processo de Segurança dos Documentos Contabilísticos 114
RESUMO 116
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD3 117
Actividade 1: Requisitos de los documentos justificativos de las operaciones de
la unidad de salud 117
Actividade 2: As demonstrações financeiras da unidade saúde 118
CASO PRÁCTICO DA UD3 120

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 95


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

OBJECTIVO GERAL
Aplicar os processos de prestação de contas, legalização, arquivo e conservação dos livros
contabilísticos, realizando a reconciliação bancária, respeitando as normas aplicáveis e
utilizando, no seu caso, a ferramenta e-SISTAFE.

Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática 3


No final desta Unidade Didáctica, o discente deverá ser capaz de:
 Interpretar os documentos suporte das operações económicas da organização no
momento de realizar os assentos contabilísticos.
 Aplicar, em cada momento, o tipo de assento requerido.
 Obter do e-SISTAFE as Demonstrações Financeiras na forma, periodicidade e prazos
legalmente estabelecidos.
 Realizar as operações de legalização e arquivo dos livros contabilísticos.

INTRODUÇÃO
Em todas as sociedades, é de vital importância que as organizações públicas e privadas façam
pública a sua contabilidade, dotando de transparência as actividades económicas que realizam.
Assim, a publicidade dos livros contabilísticos e financeiros das organizações interessa ao
Estado, aos acionistas, aos clientes e provedores das empresas que mantêm relações com elas.
Mas também o Estado, administrações e empresas públicas estão obrigadas a prestar contas
ante a sociedade, apresentando anualmente os resultados do seu trabalho, detalhando que
dinheiro têm obtido e em que o têm gasto.
Esta obrigação também deve ser cumplida pelas instituições de saúde, pois devem prestar
contas sobre as suas operações económicas e sobre a sua situação financeira aos seus
superiores.

1. DOCUMENTAÇÃO DE SUPORTE E AS NOTAS E ASSENTOS


CONTABILÍSTICOS
1.1 Documentação de suporte

Os suportes contabilísticos são os documentos que servem de base para


registar as operações económicas duma organização, portanto, deve-se ter um
DEFINIÇÃO cuidado especial no momento em que são elaborados.
Os suportes de contabilidade são elaborados em original e tantas cópias como as
necessidades da organização exijam.
Os suportes contabilísticos devem ser realizados em forma ordenada e resumida,
expressando claramente as transacções que diariamente são realizadas numa
organização.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 96


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Todas as operações económicas que as


organizações realizam devem ser registadas nos
livros de contabilidade, mas a sua vez, para que
cada um destes registos seja justificável, devem
ir apoiados com os documentos pertinentes para
cada uma delas, devido a duas razões
fundamentais:
 Para que os responsáveis da contabilidade possam registrá-los adequadamente;
 Para demonstrar, num momento posterior, que os assentos contabilísticos têm atrás um
suporte que os justifica.

Todos os suportes contabilísticos devem conter a seguinte informação geral:


 Nome ou razão social da empresa que o emite;
 Nome, número e data do comprovativo;
 Descrição do conteúdo do documento;
 Assinaturas dos responsáveis de elaborar, revisar, aprovar e contabilizar os
comprovativos.

No caso das instituições sanitárias, antes de contabilizar um documento, deve-se garantir o


seguinte:
 Está emitido em nome da  A classificação está correcta;
instituição;  O documento está cancelado (com o
 O documento é original, possui carimbo de Pago) para evitar que
logotipo, NUIT, endereço, etc. seja novamente apresentado para
 O documento não tem rasuras; pagamento;
 O pagamento foi aprovado pela  O beneficiário do pagamento
pessoa competente; coincide com o nome constante dos
 A execução da despesa ocorreu nos documentos aprovados.
termos da aprovação;

Os principais suportes contabilísticos são os seguintes:

1.1.1. Recibo de caixa


O recibo de caixa é um suporte de contabilidade no qual constam os ingressos em numerário
recaudados pela organização. O original entrega-se ao cliente e as cópias são arquivadas uma
para o arquivo e outra para anexar ao comprovativo diário de contabilidade.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 97


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

O recibo de caixa é contabilizado com um débito à conta de caixa e o crédito de acordo com o
seu conteúdo ou conceito do pago recebido. Geralmente, é um suporte dos abonos parciais ou
totais dos clientes de uma organização por conceitos diferentes de vendas em numerário, pois
para elas, o suporte é a factura.

1.1.2. Recibo de consignação bancária


Este é um comprovativo que os bancos elaboram e fornecem aos seus clientes para que o
diligenciem ao consignar. O original fica no banco e uma cópia com o carimbo da caixa ou o
timbre da máquina registadora, serve para a contabilidade da empresa que consigna.
Existem dois tipos de consignações, uma para consignar numerário e cheques de bancos
locais e outro para consignar remessas ou cheques de outras praças.

1.1.3. Comprovativo de depósito e retiro de contas de poupanças


As corporações de poupança e crédito têm desenhado uns formatos que fornecem aos seus
clientes, em cadernetas, para que sejam diligenciados ao depositar, ou retirar dinheiro da sua
conta de poupança. Este suporte tem duas opções para escolher somente uma; depósitos em
numerário ou cheques de bancos locais e retiro em numerário ou em cheque, de acordo com a
quantia e exigência do cliente.

1.1.4. Factura de compra-venda


A factura é um suporte contabilístico que contém, além dos dados gerais dos suportes de
contabilidade, a descrição dos artigos comprados ou vendidos, os fretes e impostos que se
causem e as condições de pagamento.
Desde o ponto de vista do vendedor, é denominado factura de venda, e desde o ponto de vista
do comprador, factura de compra. Geralmente, o original é entregue ao cliente e são
elaboradas duas cópias, uma para o arquivo consecutivo e outra para anexar ao comprovativo
diário da contabilidade.
A factura deve-se expedir com os seguintes requisitos:
 Estar denominada expressamente como factura de venda (pre-impreso);
 Numeração em ordem consecutiva (pre-impreso);
 Apelidos e nome ou razão social e número de identificação fiscal do vendedor ou de
quem preste o serviço (pre-impreso);
 Apelidos e nome ou razão social de quem adquire os bens ou serviços;
 Data de expedição;
 Descrição específica ou genérica dos artigos vendidos ou serviços prestados, do preço
unitário e do importe total;

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 98


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 Importe e natureza dos descontos em caso de que os haja;


 Forma de pago (ver capítulo 7 da UD 1);
 O Imposto sobre o Valor Agregado, tipo de gravame aplicável e importe, se for uma
operação sujeita a gravame.
A seguir, apresenta-se um exemplo de factura no qual se detalham os seus elementos
constituintes:

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 99


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.1.5. Cheque
É um título valor pelo qual uma pessoa chamada “girador”, ordena a um banco chamado
“girado” que pague uma determinada soma de dinheiro à ordem de um terceiro chamado
“beneficiário”.
O cheque, à semelhança de qualquer outro meio de pagamento, apenas deverá ser emitido se
for confirmada a disponibilidade financeira para cobrir o valor facial deste no respectivo
Livro de Controlo da Conta Bancária (LCCB).
O sector responsável pela gestão dos meios de pagamento, deverá manter actualizada a
escrituração do LCCB, o que poderá ser complementado por um registo informático
actualizado de todas as transacções realizadas, a fim de evitar a ocorrência da emissão de
cheques e/ou da realização de transferências bancárias sem a devida cobertura.
A seguir apresenta-se um modelo de cheque no qual se detalham os seus elementos
constituintes:

Legenda:
1. Valor do cheque em algarismos. 6. Assinaturas e selo branco. Todos os cheques
2. Local de emissão do cheque. Normalmente institucionais devem obrigar sempre, e sem
coincide com a cidade ou Província em que excepção, a pelo menos duas assinaturas.
está situada a instituição que é titular da 7. Área reservada ao cruzamento do cheque.
conta. Todos os cheques emitidos com intuito de
3. Data da emissão do cheque. depósito por parte dos beneficiários devem ser
4. Beneficiário, pesssoa ou entidade que cruzados, significando que serão válidos
transacciona com a instituição e tem apenas para depósito em conta bancária.
aprovação institucional para receber um 8. Área para aposição do carimbo de “NÃO
determinado valor. No fim do nome do NEGOCIÁVEL”, para evitar que o cheque
beneficiário deve-se colocar uma vírgula e seja endossado para outros indivíduos ou
escrever a expressão “não à ordem”. entidades.
5. Valor do cheque por extenso (visa assegurar 9. Indicação da data limite para o desconto do
a correcção do valor do cheque). cheque “PAGÁVEL ATÉ 30/06/2013”.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 100


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

A seguir apresenta-se um cheque preenchido:

Proibições relativas aos cheques:


É expressamente proibida a emissão de cheques:
 Sem a confirmação da existência de  Negociáveis.
disponibilidade financeira.  Pré-datados.
 Ao portador.  A favor de beneficiários diferentes dos
 Em branco. constantes dos processos aprovados.

1.1.6. Comprovativo de pagamento


Também é chamado ordem de pago. É um suporte de contabilidade que justifica o pago duma
determinada quantidade de dinheiro por meio de um cheque. Geralmente, na empresa, é
elaborado por duplicado: o original para anexar ao comprovativo diário de contabilidade e a
cópia para o arquivo.
Para um maior controlo no comprovativo de pagamento fica cópia do cheque, pois o título
valor é entregue ao beneficiário.

1.1.7. Letra de câmbio


Este documento negociável ou título valor é uma orden incondicional de pago que uma pessoa
chamada “girador” dá a outra chamada “girado”, para que pague à ordem ou ao portador,
determinada soma de dinheiro, à vista ou numa data determinada.
No comércio, a letra de câmbio utiliza-se como garantia de pago em compras e vendas a
crédito. O vendedor faz assinar letras de câmbio aos seus clientes e são denominadas letras
por cobrar; o comprador aceita as letras aos seus provedores e são chamadas letras por pagar
(ver mais no capítulo 7 da UD 1).

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 101


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.1.8. Livrança
É um título valor mediante o qual uma pessoa promete pagar determinada quantidade de
dinheiro numa data determinada. Este documento é utilizado para justificar os créditos
bancários (ver mais no capítulo 7 da UD 1).

1.1.9. Nota Débito


É um comprovativo que a empresa utiliza para cargar na conta dos seus clientes, um maior
valor por conceito de omissão ou erro na liquidação de facturas e os interesses causados por
financiação ou por atraso no pago das suas obrigações.

1.1.10. Nota Crédito


Quando a empresa concede descontos e saldos que não estejam liquidados na factura ou
quando os clientes fazem devoluções totais ou parciais das mercadorias, para a sua
contabilização, é utilizado um comprovativo chamado nota crédito. Este comprovativo é
preparado em original e duas cópias: o original para o cliente, uma cópia para o arquivo e
outra para anexar ao comprovativo diário de contabilidade.

1.1.11. Recibo de caixa menor


O recibo de caixa menor é um suporte dos gastos pagados em numerário, por quantias
mínimas que não requerem o giro dum cheque, para isso, é estabelecido um fundo
denominado caixa menor.

1.1.12. Nota de contabilidade


É o documento que se prepara com o fim de registar as operações que não têm um suporte
contabilístico, como no caso dos assentos de correcção, ajustes e fecho.

1.1.13. Comprovativo diário de contabilidade


É um documento que deve elaborar-se previamente ao registo de qualquer operação e no qual
é indicado o número, data, origem, descrição e quantia da operação, bem como as contas
afetadas com o assento. A cada comprovativo são anexados os documentos e suportes que o
justifiquem.

1.1.14. Outros suportes


Numa organização produzem-se muitas operações que têm documentos de suporte
específicos, tais como as folhas de pagamento dos trabalhadores, as liquidações de impostos,
entre outros, todos eles de diferente natureza.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 102


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.2. As notas e assentos contabilísticos

Um assento contabilístico é uma anotação no livro de contabilidade que reflete


DEFINIÇÃO
os movimentos económicos duma pessoa ou instituição. É realizado cada vez
que a empresa contabiliza uma entrada relacionada com a actividade que
realiza.
Consiste nas anotações realizadas com o fim de refletir um facto ou uma
operação contabilística.

Conforme foi explicado na UD 1, no sistema de contabilidade de partidas dobradas, criar uma


entrada num livro de diário implica dois apontamentos (dois assentos) em duas contas
diferentes mas relacionadas entre si: uma no deve e outra no haver.
Existem vários tipos de assentos:
 Assentos de apertura: são registos que recolhem, ao início dum exercício, a situação
económico-financeira da empresa num determinado momento. São o contrário dos
assentos de fecho que foram realizados no exercício anterior;
 Assentos de ajuste: assentos de fecho do exercício, variação de existências,
amortizações, periodificações;
 Assentos de regularização: ao fim do período, são regularizadas as contas de gastos e
ingressos passando à conta “Resultado do exercício”;
 Assento de fecho: é o assento que fecha todas as contas utilizadas durante o exercício.
É igual ao assento de apertura, mas com o signo contrário nos saldos.

ATENÇÃO
Para refletir os assentos contabilísticos no livro diário, é preciso a existência de
algúm dos suportes estudados no capítulo anterior.
Contudo, as notas contabilísticas refletem operações económicas que não têm
sido formalizadas num suporte formal.

2. A LEGALIZAÇÃO DOS LIVROS E MAPAS CONTABILÍSTICOS


DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
As empresas privadas estão obrigadas a ter os seguintes livros contabilísticos:
 Livro de diário;
 Livro de inventários e balanços.

Estes livros obrigatórios podem ser substituídos por fichas, procedimentos contabilísticos ou
outros que possibilitem a utilização de novas técnicas de registo, nos termos que sejam
legalmente estabelecidos.
Para sua legalização, os livros obrigatórios, fichas e instrumentos utilizados no registo das
operações económicas devem ser submetidos à entidade competente para o registo comercial.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 103


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

A legalização consiste na assinatura dos termos de abertura e encerramento, bem como na


colocação, na primeira folha de cada um, do número de folhas do livro, do respectivo número
e rubrica. A rubrica das folhas pode ser aposta por chancela.
Os livros de contabilidade poderão ser escriturados na forma e por todos os meios
apropriados, desde que sejam utilizados procedimentos que deem suficiente autenticidade à
escrituração contabilística e sejam adoptadas medidas que permitam o controlo contabilístico.
Ocorrendo erro de lançamento na escrituração, a respectiva correcção deve ser efectuada por
meio de estorno contabilístico.

3. PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS


A prestação de contas é um processo que consiste, essencialmente, na elaboração de
demonstrações financeiras que apresentam os fluxos de recebimento e utilização dos fundos
colocados à disposição do sector para a realização das actividades previstas no PES.
Entende-se por demonstrações financeiras o conjunto dos relatórios
DEFINIÇÃO contabilísticos elaborados em cumprimentos das normas estabelecidas que
fornecem uma posição financeira verdadeira e apropriada da instituição e
permitem conhecer e tomar decisões sobre os recursos financeiros aos diversos
níveis do Sector da Saúde.

Assim, as demonstrações financeiras elaboradas dentro dos prazos e nos modelos previamente
aprovados, permitem aos gestores destes recursos avaliar o estágio da execução financeira e
orçamental e conhecer a disponibilidade financeira e orçamental.
Permitem ainda que todos os interessados conheçam o desempenho do sector na esfera da
execução orçamental.

3.1. Demonstrações Financeiras e Documentos Constituintes da Prestação de


Contas

Os documentos que compõem a Prestação de Contas são:


1. Mapa de Origem e Aplicação de Fundos; 6. Mapa de Disponibilidade por Fonte de
2. Relação de Pagamentos; Recurso;
3. Balancete de Execução Orçamental e 7. Mapa de Imobilizado;
Financeira; 8. Mapa de Reconciliação Bancária;
4. Mapa de Adiantamentos; 9. Extracto Bancário;
5. Mapa Demonstrativo da Libertação de 10. Livro de Controlo da Conta Bancária.
Quotas Financeiras;

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 104


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A seguir, pode encontrar uma descrição dos Documentos Constituintes das Demonstrações
Financeiras da tabela anterior:

1. Mapa de Origem e Aplicação de Fundos (MOAF)


O objectivo principal deste mapa é fornecer informações relevantes sobre os movimentos de
Entrada e Saída num determinado período de tempo que irão permitir a avaliação das
situações presentes e futuras das contas bancárias da CUT e da UGE, certificando de que os
excessos momentâneos das mesmas estão sendo devidamente aplicados.
Consideram-se como Recebimentos os saldos transitados do período anterior, a recepção de
financiamento externo e interno. Consideram-se igualmente as regularizações resultantes de
estornos e devoluções de valores.

2. Relação de Pagamentos
É o conjunto de transacções que originaram a saída de valores da CUT, na UGE e/ou em
contas bancárias, detalhando o beneficiário, data do pagamento, fonte de recurso, valor e
classificação segundo o Classificador Económico da Despesa (CED).

3. Balancete de Execução Orçamental e Financeira


Balancete é um instrumento financeiro que se utiliza para visualizar a lista de todos os débitos
e créditos das contas, juntamente com o saldo de cada uma delas (seja saldo devedor ou saldo
credor). Permite estabelecer o resumo básico de um estado financeiro.
O balancete de execução apresenta a posição orçamental e financeira, em valor e
percentagem, em cada rubrica do orçamento. O peso da execução orçamental obtém-se
dividindo o valor total cabimentado sobre a dotação actualizada. A execução financeira
obtém-se dividindo o valor total disponibilizado (Receita) sobre o valor total dos pagamentos.

4. Mapa de Adiantamentos
O mapa em referência deve ser actualizado diariamente, devendo nele constar todos os
valores pagos até ao dia anterior, deduzido dos valores já justificados. A sua regularização
pode ser em numerário ou em documentos. O saldo final dos adiantamentos é considerado na
composição final do saldo do Mapa de Origem e Aplicação de Fundos.

5. Mapa Demonstrativo de Quotas Financeiras Libertas


Segundo o MAF, a UGE procede ao registo das necessidades de recursos financeiros (RNRF)
no período compreendido entre os dias 20 a 30 de cada mês. Os valores solicitados por meio
do RNRF no e-SISTAFE são posteriormente libertados a favor da UGE no período de 1 a 8

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 105


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

do mês seguinte. Este mapa arrola todas as programações financeiras registadas e libertas pela
Unidade Intermédia (DNT).

6. Mapa de Disponibilidade por Fonte de Recurso


Este mapa reporta todos os movimentos ocorridos durante o mês na conta contabilística
7.3.2.1.0. 00 (Disponibilidade por fonte de recurso). O seu saldo representa a disponibilidade
financeira após a liquidação e/ou adiantamento de fundos.

7. Mapa de Imobilizado
São patrimónios imobilizados todos os bens móveis e imóveis que o MISAU utiliza com
carácter de permanência e continuidade, recebidos ou adquiridos a qualquer título para o
exercício da sua actividade. O imobilizado é constituído por edifícios, terrenos, mobiliário de
escritório, computadores, calculadoras, veículos, softwares, etc. Neste mapa registam-se
apenas os montantes de aquisição do imobilizado corpóreo permanente destinado à
manutenção das actividades da instituição ou dos centros de custo.

8. Mapa de Reconciliação Bancária


Não é possível efectuar reconciliações bancárias relativamente à Conta Única do Tesouro
(CUT). No entanto, caso a instituição disponha de qualquer conta bancária, é obrigatório
efectuar mensalmente a respectiva reconciliação bancária, a qual deve ser aprovada até ao dia
10 do mês seguinte a que se refere.

9. Livro de Controlo da Conta Bancária


Este livro possibilita o controlo das movimentações bancárias de Entradas (receitas,
devoluções e/ou reembolsos, adiantamentos do e-SISTAFE, etc.), Saídas (pagamento de
várias despesas, incluindo adiantamentos para despesas, despesas bancárias, etc.) e
Bordereaux (lançamentos diversos), permitindo conhecer o saldo da conta bancária.

10. Mapa de Saldos de Abertura e de Fecho


Neste mapa registam-se as posições de fecho (registo no mapa de saldos de fecho)
representadas no MOAF e a consequente transferência do mesmo para o período seguinte
(registo no mapa de saldos de abertura).

3.2. Processo de Elaboração de Demonstrações Financeiras

Documentos produzidos:
 Mapa de Origem e Aplicação de Fundos;
 Relação de pagamentos;
 Balancete de execução.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 106


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ORDEM ETAPAS
1 Recepção e verificação dos processos relativos aos pagamentos efectuados;
2 Verificação dos processos recebidos e orientação dos técnicos sobre o tratamento
contabilístico dos procesos;
3 Contabilização dos processos na base e atribuição de números de arquivo;
4 Recepção de justificativos;
5 Extracção dos relatórios do e-SISTAFE, conversão para o Excel e preparação de uma
base reconciliável com a base da UPC;
6 Cruzamento entre os totais por rubrica do DC com os do relatório 8.2.1.3.2.00
7 Reconciliação dos pagamentos da base com os relatórios do e-SISTAFE e apuramento
de diferenças;
Reconciliação bancária;
8 Identificação das OPs estornadas;
9 Classificação dos processos “incompletos” como “Adiantamentos” na base de
contabilização;
10 Envio do Processos à ACI e AEO para, respectivamente, proceder a conformidade
documental e encerramento;
11 Preenchimento dos modelos de prestação de contas;
12 Verificação do balanceamento contabilístico entre os diversos elementos da prestação
de contas;
13 Arquivo.

A Unidade de Prestação de Contas deverá elaborar as demonstrações financeiras referentes às


transacções ocorridas no mês anterior. A cada uma das transacções da relação de pagamentos
deve corresponder um processo que demonstre claramente a ligação da despesa com os planos
previamente aprovados.
Todos os pagamentos que não tenham os competentes documentos de suporte devem ser
classificados como tal nas demonstrações financeiras, introduzindo-se no MOAF uma linha
denominada por “Pagamentos sem documentos de suporte” ao mesmo tempo que se
desencadeiam internamente os processos que visam responsabilizar os agentes cujos perfis
concorreram para a realização do pagamento e proceder à obtenção dos justificativos em falta.

3.3. Relatórios do e-SISTAFE

No processo de preparação das demonstrações financeiras de pagamentos efectuados através


do e-SISTAFE, é necessário reconciliar as transacções da base de contabilização com os
relatórios do e-SISTAFE. A tabela abaixo mostra passo a passo como extrair os relatórios
mais usuais nas Unidades de Prestação de Contas.

Conteúdo dos relatórios do e-SISTAFE:


 8.3.1.5.6.03 - Quota Financeira Liberta: apresenta o saldo de determinada conta
contábil referente ao último dia de mês já encerrado ou da data actual;

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 107


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

 7.3.2.1.0.00 -Disponibilidade por FR: apresenta o movimento de determinada conta


contábil referente a um período seleccionado;
 8.2.1.3.2.00 - Dotação Cabimentada Liquidada: apresenta o movimento de
determinada conta contábil referente a um período seleccionado;
 Relatório de Fundos Disponibilizados por OP e CED: apresenta por período mensal ou
trimestral, por tipo de despesa/gestão/UGB/UGE/CED/FR, as ordens de pagamento
processadas com sucesso;
 Relatório de Transferências Bancárias Estornadas: apresenta por gestão/UGE as
ordens de pagamento estornadas em um período seleccionado;
 Relatório de Transferências Bancárias Processadas: apresenta por gestão/UGE as
ordens de pagamento processadas em um período seleccionado;
 Demonstrativo Consolidado (DC): Acompanhamento do Orçamento são elaborados
em quatro tipos de despesa: Funcionamento, Investimento Componente Interna,
Investimento Componente Externa e Investimento Total.

3.4. Periodicidade e prazo de Elaboração das Demonstrações Financeiras

Todas as transacções realizadas com recurso aos fundos do Sector da Saúde, quer
provenientes do Orçamento do Estado quer de fontes externas, transitando ou não pela CUT,
devem ser reportados mensalmente, de forma a permitir que os utentes desta informação
avaliem o progresso da execução financeira por fonte de financiamento, ao nível global do
sector e aos níveis central e provincial.
Todas as DFs deverão ser elaboradas, revistas e aprovadas até o dia 10 do mês subsequente ao
da realização das transacções.

4. RECONCILIAÇÃO BANCÁRIA
DEFINIÇÃO Reconciliação bancária é o procedimento que visa assegurar que as transações
financeiras de uma empresa estão devidamente registadas na sua contabilidade.
Procedimento de controlo interno muito importante que ajuda a detetar fraudes
e erros e que, por isso, deve ser efetuado periodicamente.

A reconciliação bancária dever resultar num relatório que identifica claramente as diferenças
encontradas entre os extratos bancário e contabilístico com as respetivas justificações.
Algumas empresas desenvolvem folhas de cálculo (planilhas) com os extratos bancário e
contabilístico contendo os movimentos respeitantes a pagamentos (sejam realizados através

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 108


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

de cheques, transferências bancárias ou dinheiro) e a recebimentos realizados a cada período.


Todos os movimentos devem discriminar o valor, a data e a origem de cada transação.
O relatório gerado pela reconciliação bancária deve conter:
 O saldo final do banco para o período em questão;
 O saldo final do extrato contabilístico para o mesmo período;
 A diferença entre ambos.

A diferença entre saldos deve decompor-se em:


 Explicada, quando é possível identificar as razões que a justificam. Por exemplo,
transações pendentes, nomeadamente cheques emitidos em curso já considerados na
contabilidade mas não descontados ainda no banco.
 Inexplicada, quando não se descobriu ainda porque existe diferença. Esta parte da
diferença deve ser investigada a fundo.

A diferença explicada pode ser ainda ser decomposta em:


 Movimentos a débito no banco ainda não lançados na contabilidade;
 Movimentos a crédito no banco ainda não lançados na contabilidade;
 Movimentos lançados a débito na contabilidade ainda não registados no banco;
 Movimentos lançados a crédito na contabilidade ainda não registados no banco.

Por forma a esclarecer, é proposto o seguinte procedimento passo a passo:

1º Passo: Lançar as movimentações periodicamente


A unidade de saúde precisa controlar periodicamente todas as movimentações de entradas e
saídas financeiras, informando todas as contas bancárias envolvidas.
Exemplos de movimentações financeiras: tarifas bancárias, pagamentos de fornecedores,
recebimentos de clientes, pagamento de empréstimos do banco, pagamento de salários dos
funcionários, impostos, etc.

2º Passo: Verificar saldo no extrato bancário


Conferir se os saldos inicial e final do controlo interno e os saldos no extracto bancário batem
certo.

3º Passo: Conferir detalhes dos lançamentos


Ver se todos os lançamentos do extrato bancário estão sendo feitos na data correcta e com os
valores correctos no controlo financeiro da empresa.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 109


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4º Passo: Se houver diferenças nos lançamentos, corrigir


Verificar as divergências de valores ou a falta dos mesmos, procurando saber aonde isto
ocorreu. Em seguida, corrigir as diferenças no controlo interno, para que todos os
lançamentos estejam refletidos e o saldo esteja idêntico.

A seguir, vai ser explicado, de modo prático, com um exemplo:

ENUNCIADO

Uma unidade de saúde tem contabilizado, durante o mês de Janeiro, os seguintes movimentos
em razão da contabilidade do banco com o qual trabalha:
RAZÃO DA CONTABILIDADE:
DATA UG NÚMERO EVENTO MOVIMENTO
SALDO ANTERIOR A 01 JANEIRO 2016
08/jan/16 220101 2009GR00001 800803 11.000,00
11/jan/16 220101 2009GR00002 800803 1.500,00
16/jan/16 220101 2009NS00002 541500 50,00
17/jan/16 220101 2009OB00005 701977 50,00
SALDO EM 31 JANEIRO 2016 12.500,00

O extrato bancário da conta consta dos seguintes movimentos, que têm suposto uma entrada
ou saída de dinheiro:
EXTRACTO BANCÁRIO:
BANCO: XXXXXXXXX
EXTRATO DE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA
CONTA: XXXXXXXXX
CLIENTE: XXXXXXXXXXXXXXXXXXX
DD/MM HISTÓRICO LANC. SALDO
SALDO ANTERIOR 0,00
8/1 Cobro de receitas 11.000,00
11/1 Cobro de receitas 1.500,00
18/1 Devolução despesas 102,00
30/1 Estorno de -10,00
lançamento indevido
SALDO TOTAL 12.592,00

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 110


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SOLUÇÃO:

Primeiro: Observa-se que os movimentos do 8 e o 11 de Janeiro coincidem, mas existem


grandes diferenças nos movimentos de 16, 17, 18 e 30 de Janeiro:
 As operações de 16 e 17 de Janeiro não constam no extracto bancário mas têm sido
contabilizadas.
 As operações de 18 e 30 de Janeiro têm gerado um movimento de dinheiro na conta
bancária mas não têm sido contabilizadas.

Segundo: A unidade de saúde realiza reconciliação bancária:


UG - Conta Contábil - xxxxxxxxx - Conta Corrente xxxxxxxxxx
BANCO: "Número e nome"
AGÊNCIA: "Número e nome”
TIPO DA CONTA: Conta única
Nº C/C: xxxxxxxxxxxxxxxx
A) - SALDO DO RAZÃO NO ÚLTIMO DIA DO MÊS - XXX/XX 12.500,00 MZN
B) - DÉBITOS LANÇADOS NO RAZÃO,
NÃO LANÇADOS PELO BANCO 50,00 MZN

Data Nº do documento Valor


16/jan 2009NS00002 50,00

C) - CRÉDITOS LANÇADOS NO RAZÃO,


NÃO LANÇADOS PELO BANCO 50,00 MZN
Data Nº do documento Valor
17/jan 2009OB00005 50,00

D) - DÉBITOS LANÇADOS PELO BANCO, NÃO LANÇADOS NO RAZÃO 10,00 MZN


Data Nº do documento Valor
Estorno de lanç. 10,00

E) - CRÉDITOS LANÇADOS PELO BANCO,


NÃO LANÇADOS NO RAZÃO 102,00 MZN
Data Nº do documento Valor
Dev. despesas 102,00

F) - SALDO DO RAZÃO AJUSTADO ( A - B + C - D + E) 12.592,00 MZN

G) - SALDO DO EXTRATO NO ÚLTIMO DIA DO MÊS - xxx/xx 12.592,00 MZN

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5. PROCEDIMIENTO DE ARQUIVO E CONSERVAÇÃO DOS


LIVROS CONTABILÍSTICOS
5.1. Processo de Gestão do Arquivo de Contabilidade

O arquivo de documentos tem como objectivo assegurar que os documentos que servem de
suporte às despesas e aos relatórios e demonstrações financeiras são arquivados numa
sequência lógica que permite o seu fácil acesso e localização e que são mantidos em
segurança, devidamente conservados durante 5 anos.

Atribuição do número de arquivo aos processos de pagamento


A todos os processos de pagamento deve ser atribuído um número de arquivo pela Unidade de
Prestação de Contas (UPC). Compete ainda a UPC garantir que todos os documentos de cada
processo de pagamento estão devidamente ordenados e numerados.
O objectivo central da atribuição do número de arquivo nos processos é permitir:
 A fácil localização dos processos nas pastas de arquivo, tomando por base a relação de
pagamentos;
 A verificação da continuidade dos números dos processos existentes nas pastas;
 A fácil identificação do local correcto de arquivo nas pastas para os processos que
tenham sido retirados para análise.

Numeração sequencial e contínua do arquivo


A numeração dos processos do arquivo de contabilidade de cada fundo, via de pagamento e
moeda deve ser sequencial e ininterrupta, iniciando-se em cada exercício económico.
Para uniformizar a estrutura do nº de arquivo, deve-se adoptar o mesmo nº de dígitos em toda
a numeração.
O nº de dígitos dependerá do volume de transacções anual. Por exemplo, se a DPS,
habitualmente paga mais de 1.000 processos (4 dígitos) anualmente mas nunca chegou-se e
nem se prevê que se chegue aos 10.000 processos (5 dígitos), então o primeiro número de
arquivo terá a terminação 0001. Esta estrutura permite a atribuição de 9.999 números de
arquivo.

Estrutura do número de arquivo


Para atender às necessidades específicas da área financeira do MISAU, o número de arquivo a
adoptar deverá seguir a seguinte estrutura:
 Fonte de financiamento – dado que existem várias fontes de financiamento;
 Meios de pagamento.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 112


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Fontes de Financiamento
Na tabela seguinte apresentam-se as abreviaturas a usar para as fontes de financiamento:

FONTE DE RECURSO
ABREVIATURA DESCRIÇÃO DO FUNDO
NO E-SISTAFE
PRSD Prosaúde 133FCPROSAU
OE-OF Orçamento do Estado componente de Funcionamento 101000000000
OE-OI Orçamento do Estado componente de Investimento 101000000000
54WB Crédito do Banco Mundial 154WB
34WB Donativo do Banco Mundial 134WB
BEL Donativo da Bélgica 134BEL
ITA Donativo da Itália 134ITA
AMD Assistência Médica dentro do país 103ASMED
AMEX Assistência Médica no Exterior 101000000000

Meios de pagamento
Quando os pagamentos tenham sido efectuados via e-SISTAFE, a abreviatura a usar é sempre
“STF”, incluindo os casos de pagamentos efectuados através de contas bancárias desde que
os fundos resultem de adiantamentos do e-SISTAFE. Caso os pagamentos tenham sido
efectuados através de contas bancárias, excluindo a situação anteriormente referida, a
abreviatura a adoptar para identificação do meio de pagamento é a da designação da
instituição bancária.
Eis o quadro geral das abreviaturas que devem ser adoptadas para os pagamentos através de
contas bancárias, que permitem identificar a instituição bancária, o mês e a moeda das
transacções:

ABREVIATURA DESCRIÇÃO DO BANCO


BIM Millenium BIM
BMO Banco de Moçambique
BCI Banco Comercial e de Investimentos
STB Standard Bank
BBK Barclays Bank
UBA United Bank for Africa Moçambique
BMI Banco Mercantil de Investimentos
ICB International Comercial Bank
MCB The Mauritius Comercial Bank Moçambique
BAU Banco Único
BTR Banco Terra
MZB Moza Banco
SBM Socremo Banco de Microfinanças
BPC Banco ProCredit
BOP Banco Oportunidade de Moçambique
BTC Banco Tchuma
BNI Banco Nacional de Investimento

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 113


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Descrição da moeda Metical Dólar Americano Euro Rand


Abreviatura MZN USD EUR ZAR
5
Descrição

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro
Abreviatura

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Número de arquivo do documento


O número da pasta é o número de ordem da pasta de determinado fundo e moeda e o número
de arquivo do documento é o número de ordem do documento no processo a que pertence.
Durante o exercício económico, as pastas de contabilidade devem manter-se na UPC à guarda
e sob a responsabilidade dos Técnicos e da Chefia desta unidade. Após o fecho de contas
anual e auditorias, as pastas de contabilidade devem ser transferidas mediante protocolo para
o Arquivo passando a ficar sob responsabilidade do Arquivista.

Identificação das pastas de contabilidade


Todas as pastas, contendo documentos de contabilidade, devem estar devidamente
identificadas para permitir que se conheça facilmente o seu teor. Uma pasta que tenha esta
lombada permite saber, sem ter que a abrir, que aqui podem ser encontrados os documentos
que compõem os processos pagos através dos fundos do Orçamento do Estado, componente
de funcionamento, em Meticais, através do e-SISTAFE no mês de Janeiro, desde que os seus
números estejam compreendidos entre 1 e 37.

5.2. Processo de Segurança dos Documentos Contabilísticos

Todos os processos que suportam as transacções realizadas e que representam


responsabilidades financeiras da DPAF, em particular as que se referem às despesas
efectuadas, devem ser guardados num lugar seguro, protegido de roubos, incêndios,
humidades, inundações e roedores, de acesso restrito e cuja guarda deve ser confiada a um
funcionário ou a um grupo de funcionários devidamente responsabilizados e com
competência para garantir a sua integridade.
Os documentos contabilísticos apenas deverão ser retirados do arquivo de contabilidade por
solicitação de Auditores/Inspectores ou outras entidades devidamente autorizadas, mediante o

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 114


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

registo de cada processo entregue e a assinatura por parte de quem os recebeu, a quem
competirá ainda a responsabilidade de os devolver, cabendo ao Arquivista a responsabilidade
deste controlo.
Todos os funcionários que necessitarem de algum processo arquivado deverão preencher um
impresso que estará disponível no arquivo, indicando os motivos da solicitação. Em caso de
necessidade comprovada, apenas poderão ser fornecidas fotocópias a preto e branco dos
documentos em arquivo. É expressamente proibido fornecer cópias a cores dos documentos
do arquivo de contabilidade, devido ao risco de se poderem confundir com o original e dar
origem à duplicação de pagamentos. É também expressamente proibida a entrada e circulação
na sala de arquivo de funcionários ou outros elementos que não estejam afectos a este sector.

Utilização do Cofre para a guarda de documentos


Para permitir uma melhor segurança dos documentos financeiros sob a guarda dos técnicos da
área responsável pela gestão dos meios de pagamento, é obrigatória a utilização de um cofre
com código de acesso. Deverão ser mantidos em cofre os seguintes documentos:

 Garantias bancárias;  Carimbos que acompanham as


 Cheques (preenchidos ou não); assinaturas dos meios de pagamento;
 Numerário (notas e moedas);  Espécimes das assinaturas dos meios de
 Folhas de Caixa correntes; pagamento;
 Cartas de transferência bancária por  Cópias de segurança dos sistemas de
entregar à Instituição Bancária; informação.

Cópias de Segurança
Toda a informação relacionada com o desembolso de fundos, execução, prestação de contas,
monitorias e auditorias, produzida através dos computadores e sistemas de informação, deve
ser guardada em discos CD-RW e depositada no cofre da DPAF. Até se implantar um sistema
de back-ups automáticos e centralizados, diariamente, devem ser efectuadas duas cópias de
segurança (uma para os dias pares e outro para os dias ímpares), ficando esta responsabilidade
atribuída aos Chefes das Repartições. As cópias de segurança devem obedecer às regras
convencionais que permitem a identificação da data e do gerador da informação.
No final de cada mês, deverá ser efectuado um back-up em dois discos, um dos quais será
entregue ao Director Adjunto da DPAF e outro ao Chefe de Departamento, que também é
responsável pelo Cofre. O acesso às cópias de segurança apenas deverá ser feito mediante
autorização da direcção da DPAF.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 115


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

RESUMO

Na presente Unidade Didáctica, tens compreendido a importância que têm, para a


contabilidade, os diferentes tipos de suporte das operações económicas das instituições de
saúde, sem os quais, a contabilidade não poderia ser um reflexo fiel do património da
organização. É fundamental, portanto, que cada assento contabilístico esteja baseado no seu
suporte justificativo e que, em ausência do suporte das operações económicas, defina-se a
correspondente nota contabilística que ponha em evidência esta situação.

Tão importante como o anterior é o processo de prestação de contas, que consiste,


basicamente, na elaboração de demonstrações financeiras que apresentam os fluxos de
recebimento e utilização dos fundos colocados à disposição da instituição de saúde para o
desenvolvimento das suas actividades. Nesta Unidade foi explicado como os documentos são
extraídos da aplicação e-SISTAFE.

Por último, os livros contabilísticos e as demonstrações financeiras devem ser legalizadas,


arquivadas e conservadas nas condições e com os requisitos estabelecidos pela normativa
aplicável.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 116


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD3

ACTIVIDADE 1
REQUISITOS DOS DOCUMENTOS JUSTIFICATIVOS DAS
OPERAÇÕES DA UNIDADE SANITÁRIA
Duração 2 horas
Objectivos
 Diferenciar os documentos justificativos das diferentes operações da unidade sanitária;
 Verificar o cumprimento dos requisitos nos documentos justificativos das operações da
unidade sanitária.
Conteúdos de referência
 Documentos de suporte para o registo das operações económicas da unidade sanitária;
 Requisitos dos documentos de suporte para poderem ser contabilizados.
Desenvolvimento da actividade por parte do aluno
O aluno receberá um enunciado escrito, no qual se descrevem detalhadamente de 6 a 10
operações de despesas e receitas de uma unidade sanitária. O enunciado irá acompanhado dos
documentos justificativos de cada uma das operações descritas, alguns dos quais conterá erros
materiais, de cálculo, formais ou de omissão de dados requeridos.
Os alunos contarão com o seguinte material de apoio:
 A Unidade Didáctica;
 Lei e Regulamento do Sistafe;
 Outros manuais de apoio.
A partir da análise da documentação aportada, os alunos, organizados por pares, deverão
responder, por escrito, às seguintes questões:
 Os documentos justificativos ajustam-se às operações descritas?;
 Detetar os erros nos documentos justificativos aportados;
 Identificar os tipos de erros: materiais, de cálculo, formais ou omissões de informação;
 Propor as correções oportunas;
 Apresentar oralmente as respostas.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Redigir as operações em que consiste o enunciado da actividade e os documentos
justificativos;
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Ajudar os alunos na consulta do material de apoio;
 Recolher as respostas dos alunos no quadro preto ou branco;
 Explicar o resultado das respostas.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 117


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Espaço/meios didácticos e tecnológicos


 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto ou branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Relaciona os documentos justificativos com cada tipo de operação;
 Deteta erros nos documentos justificativos;
 Aplica rigorosamente os requisitos específicos de cada tipo de documento justificativo.

ACTIVIDADE 2
AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DA UNIDADE SANITÁRIA
Duração 2 horas

Objectivos
 Aplicar o processo de Prestação de Contas;
 Elaborar Demonstrações Financeiras da Unidade Sanitária.

Conteúdos de referência
 Processo de Prestação de Contas;
 Demonstrações Financeiras.

Desenvolvimento da actividade por parte do aluno


O aluno receberá um enunciado no qual se descreva detalhadamente o resumo de operações
correspondentes ao mês de Janeiro de 2016 de uma unidade sanitária, bem como a sua
situação patrimonial de partida a 1 de Janeiro (saldos das contas de banco, caixa, bens
móveis e inmóveis, existências de medicamentos, material sanitário, material de escritório,
dívidas e créditos com terceiros, etc.).
Os alunos contarão com o seguinte material de apoio:
 A Unidade Didáctica;
 Lei e Regulamento do Sistafe;
 Outros manuais de apoio.
A partir do enunciado, os alunos, organizados em grupos de quatro ou cinco pessoas,
realizarão, por escrito, as seguintes tarefas:
 Relação de Pagamentos;
 Balancete de execução orçamental;
 Mapa de Imobilizado;
 Livro de controlo da Conta Bancária;
 Mapa de Saldos de Abertura e Fecho.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 118


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Redigir o enunciado da actividade;
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Ajudar os alunos na consulta do material de apoio;
 Assistir a apresentação em plenária;
 Sintetizar o tema.

Espaço/meios didácticos e tecnológicos


 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto ou branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Classifica a informação, adequando-a a cada tipo de documento;
 Distingue a finalidade, características e requisitos dos diferentes documentos;
 Realiza os cálculos requeridos com exactidão;
 Elabora os documentos, dando cumprimento aos requisitos de forma.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 119


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

CASO PRÁTICO DA UD3

REGISTO E ARQUIVO DAS OPERAÇÕES CONTABILÍSTICAS


DE UMA UNIDADE SANITÁRIA

Descrição
Será entregue aos alunos o enunciado do caso prático que constará dos seguintes elementos:
 Situação patrimonial de partida a 1 de Janeiro (saldos das contas de banco, caixa, bens
móveis e inmóveis, existências de medicamentos, material sanitário, material de
escritório, dívidas e créditos com terceiros, etc.);
 Descrição detalhada de 10-12 operações entre despesas e receitas, junto com os
correspondentes documentos justificativos (facturas, letras, cheques, livranças,
contratos, etc.);
 Descrição detalhada dos movimentos na conta bancária registados na contabilidade da
unidade sanitária;
 Descrição detalhada dos movimentos na conta bancária registados pela entidade
bancária, nos quais haja movimentos diferentes de aqueles aparecidos nos registos
contabilísticos.
Actividades a desenvolver pelos alunos
Os alunos, individualmente, devem:
 Fazer uma leitura e análise do texto;
 Identificar a natureza das operações.
Dada a situação acima apresentada, e em função dos documentos de leitura obrigatória
(conteúdos da unidade didáctica e as partes específicas, Lei e Reglamento do SISTAFE,
outros manuais e documentos de apoio), os alunos, já organizados em grupo, devem:
 Responder ao seguinte: que tipos de assentos contabilísticos é preciso realizar para
registar as operações descritas, incluídas as operações de apertura e fecho do
exercício?;
 Redigir as seguintes demonstrações financeiras: Relação de Pagamentos, Balancete de
Execução Orçamental, Mapa de Imobilizado, Livro de controlo da Conta Bancária,
Mapa de Saldos de Abertura e Fecho;
 Realizar os cálculos e ajustes precisos para levar a cabo a Reconciliação Bancária da
conta bancária da unidade sanitária;
 Descrever como se realiza o arquivo dos documentos gerados no caso prático e dos
documentos justificativos das operações contabilísticas;
 Explicar por qué é importante assegurar a salvaguarda dos documentos e livros
contabilísticos;
 Que tipo ou tipos de funcionário são responsáveis do arquivo e segurança dos livros e
documentos de relevância contabilística?

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 120


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Actividades a desenvolver pelo professor


 Redigir o enunciado da actividade e todos os documentos de apoio requeridos;
 Esclarecer aos alunos sobre a natureza do trabalho, bem como as condições em que ele
vai decorrer;
 Organizar os grupos de trabalho (4 a 5 elementos cada um);
 Elaborar um roteiro de actuação dos grupos;
 Facultar material de consulta relacionado à contabilidade pública;
 Monitorar os grupos, tirar dúvidas e orientar para encontrar soluções;
 Assistir na preparação dos trabalhos;
 Assistir a apresentação dos trabalhos;
 Avaliar a actividade através de perguntas;
 Elaborar a síntese.

Recursos necessários
 Papel gigante;
 Canetas de várias cores;
 Tripé;
 Bostik;
 Plano Geral de Contabilidade;
 O texto facilitado pelo professor;
 Material de consulta relacionado.

Ministério da Saúde UD3: Os livros e mapas de registos contabilísticos - 121


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

UNIDADE DIDÁCTICA 4

ANÁLISE DAS CONTAS

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 122


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ÍNDICE DA UD4
OBJECTIVO GERAL 124
Resultados de Aprendizagem da Unidade Didática 4 124
INTRODUÇÃO 124
1. O RELATÓRIO CONTABILÍSTICO: DEMONSTRAÇÕES CONTABILÍSTICAS 125
1.1. Modelos de Balanço e Demonstração de Resultados das empresas 126
1.2. Objectivo e características das demonstrações financeiras das empresas 129
1.3. As demonstrações contabilísticas no SISTAFE 131
1.3.1. O Balanço 132
1.3.2. A Demonstração de resultados 133
2. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTABILÍSTICAS
DAS EMPRESAS 134
2.1. Análise Patrimonial das demonstrações contabilísticas 135
2.1.1. Fundo Maneio 136
2.1.2. Equilíbrio patrimonial 137
2.1.3. Rácios patrimoniais 138
2.2. Análise financeira 140
2.2.1. Rácios de tesouraria 141
2.2.2. Rácios de solvência 142
2.2.3. Rácios de endividamento 143
2.3. Análise económica 144
3. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTABILÍSTICAS
DO SECTOR PÚBLICO 146
3.1. Análise do Balanço Patrimonial Público 146
3.2. Análise do Balanço Financeiro Público 149
3.3. Análise do Balanço Orçamental Público 153
RESUMO 156
ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD4 157
Actividade 1: O equilíbrio patrimonial 157
Actividade 2: Análise financeira e económica 158
CASO PRÁTICO DA UD4 160

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 123


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

OBJECTIVO GERAL
Determinar a situação patrimonial, financeira e económica das empresas e organismos
públicos através da aplicação de instrumentos de análise.

Resultados de Aprendizagem
No final desta Unidade Didáctica, o discente deverá ser capaz de:
 Interpretar a estrutura do Balanço e da Demonstração de Resultados;
 Determinar o estado e composição do património das empresas e organismos públicos
a partir das Demonstrações Contabilísticas;
 Ajustar o Balanço para realizar a análise financeira, económica e patrimonial;
 Aplicar os diferentes rácios ao Balanço das empresas e interpretar o resultado;
 Aplicar os diferentes rácios aos Balanços do Estado e interpretar o resultado.

INTRODUÇÃO
A informação contabilística disponibiliza uma série de objectivos para os quais se deve ter em
conta os requisitos ou características que possibilitam, através da mais variada ferramenta,
fornecer informações importantes para a análise e avaliação do estado financeiro das
Organizações.
Os objectivos gerais da informação contabilística são informar sobre a composição do
património e a sua evolução qualitativa e quantitativa, outorgando a tal informação um
carácter prospectivo. Para isso, a informação contabilística deve cumprir os seguintes
requisitos:
 Relevância: dar satisfação aos diferentes usuários;
 Objectividade: conseguir, através da normativa contabilística a nível oficial e
profissional, fornecer a informação que seja neutral e conducente para a tomada de
decisões;
 Comparabilidade: segundo o qual deve permitir e facilitar a análise da informação
contabilística;
 Claridade: segundo o qual deve ser compreensível e adoptar uma linguagem
acessível;
 Periodicidade adequada: segundo o qual a informação contabilística deve ser
oportuna e responder a um determinado horizonte temporal;

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 124


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Assim, a maioria destes relatórios constituem o produto final da contabilidade e são


elaborados de acordo com princípios de contabilidade geralmente aceites, normas
contabilísticas ou normas de informação financeira.
A análise propriamente dita leva a cabo a decomposição da informação contabilística dos seus
elementos, com o fim de aplicar com rigor e objectivamente, uma análise sobre a generalidade
e especificidade, sem a qual, levaria o analista a conclusões erradas e prejudiciais na tomada
de decisões.

1. O RELATÓRIO CONTABILÍSTICO: DEMONSTRAÇÕES


CONTABILÍSTICAS
DEFINIÇÃO Relatório Contabilístico: exposição resumida e ordenada de dados colhidos
pela Contabilidade, cujo objectivo é fornecer aos usuários os principais factos
registados no período e distinguem-se entre os obrigatórios e não obrigatórios.
Os relatórios contabilísticos são também conhecidos por informe contabilístico. Entre os
relatórios contáveis, os mais importantes são as demonstrações financeiras.
Neste capítulo serão estudados os principais elementos do relatório contabilístico das
empresas e do sector público.
Deste potencial de informações, verifica-se que a contabiliadade é um instrumento importante
que torna imperativo que os gestores, profissionais de contabilidade e finanças no sector
privado e público (organismos governamentais) saibam como determinar os orçamentos e
como seguir a aplicação de verbas que lhes são consignadas.
Igualmente, deverão estar aptos a responder a qualquer momento, às seguintes questões
fundamentais:
 Que disponibilidades existem na Empresa ou na Organização?
 Quais os valores existentes correspondentes a Stocks dos seus armazéns ou depósitos?
 Qual a posição devedora ou credora de quem a Empresa ou Organização estebelece
relações comerciais?
 Como procede à liquidação dos débitos e créditos concedidos a terceiros e dos
recebimentos respectivamente?

O domínio, a aplicação e seguimento dos modelos abaixo são determinantes para responder à
natureza permutativa e modificativa do património organizacional ou da empresa.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 125


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.1. Modelos de Balanço e Demonstração de Resultados das empresas

O Plano Geral de Contabilidade Aprovado pelo Decreto N.º 36/2006 de 22 de Julho,


actualizado pelo Decreto70/2009, de 22 de Dezembro, estabelece os conceitos, estrutura,
conteúdo e modelos dos documentos que conformam as demonstrações financeiras.

1.1.1. Conceito de demonstrações financeiras


O conjunto de operações contabilístico-financeiras que podem levar à variação do património
e da posição económico-financeira da empresa. Para o efeito, são consideradas demonstrações
financeiras os mapas contabilísticos de elaboração obrigatória a seguir mencionados:
a) Balanço;
b) Demonstração de Resultados;
c) Anexos ao Balanço e Demonstração de Resultados.

a) Balanço
A estrutura do balanço reflecte as tendências actuais das contas dispostas por ordem crescente
de realização dos valores activos e de exigibilidade dos valores passivos; permite igualmente
a comparabilidade dos valores nele inscritos relativamente ao exercício anterior.

a.1) Modelo de Balanço abreviado:

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 126


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

a.2). Modelo de Balanço extenso:

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 127


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

b). Demonstração de Resultados por natureza


A estrutura da demonstração de resultados visa a prossecução dum duplo objectivo,
materializado na apresentação das contas de custos e proveitos segundo a sua natureza, por
um lado, e, por outro, a de possibilitar, de modo fácil e explícito, distinguir os resultados
correntes dos resultados extraordinários, e bem assim conhecer, de entre os primeiros, os
provenientes da actividade operacional e da actividade financeira.

c). Anexos: deverá incluir-se como anexos ao balanço e à demonstração de resultados as


peças contabilísticas relevantes. Para se informar pode ver o Capítulo V do Plano Geral de
Contabilidade Aprovado pelo Decreto N.º 36/2006, de 25 de Julho, actualizado pelo mais

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 128


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

recente Decreto 70/2009 que aprova o novo sistema de contabilidade que integra as médias e
grandes empresas.

1.2. Objectivo e características das demonstrações financeiras das empresas

Objectivo
O objectivo das demonstrações financeiras é proporcionar informação financeira credível
sobre a posição financeira, alterações desta e os resultados das operações duma empresa, que
seja útil a investidores, credores, Estado e outros utentes, por forma a que os investimentos, a
concessão de crédito e a tomada de decisões possam ser efectuados de forma racional.

Destinatários
Os destinatários da informação financeira são os investidores, financiadores, trabalhadores,
fornecedores de bens e serviços, clientes, Estado e o público em geral.

Preparação
A responsabilidade pela preparação e apresentação da informação financeira cabe ao órgão de
gestão da empresa, o qual deve implantar procedimentos administrativos e de controlo
interno de forma a garantir que a informação fornecida seja credível.

Características qualitativas
Para que a informação financeira divulgada seja útil e qualificável, é necessário que seja
entendida pelos utentes, o que só acontecerá, se reunir as seguintes características:

a) Compreensibilidade
A informação proporcionada pelas demonstrações financeiras deve ser facilmente
compreendida pelos utentes. Para este fim, os utentes devem ter um razoável
conhecimento das actividades empresariais, económicas, contabilidade e vontade de obter
informação com certa diligência. Porém, a informação acerca de matérias complexas, que
devam ser incluídas nas demonstrações financeiras, dada a sua relevância para as
necessidades de tomada de decisões pelos utentes, não deve ser excluída meramente com
o fundamento de que ela possa ser demasiado difícil para a compreensão de certos
utentes.

b) Relevância
A informação deve ser relevante às necessidades dos utentes na tomada de decisões. A
informação é relevante quando influencia as decisões económicas dos utentes, ajudando-

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 129


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros, confirmando ou


corrigindo as suas avaliações.

c) Fiabilidade
A informação deve ser fiável quando está livre de erros relevantes e quando os utentes
podem nela depositar confiança como representando fielmente aquilo que ela espelha ou
poderia razoavelmente espelhar.

d) Comparabilidade
Os usuários da informação financeira devem poder comparar as demonstrações
financeiras da empresa ao longo do tempo, a fim de identificar tendências na sua posição
financeira e no seu desempenho. Devem também ser capazes de comparar as
demonstrações financeiras de diferentes empresas ou similares, a fim de avaliar, em
termos relativos, a sua posição financeira, os resultados e as mudanças na posição
financeira. Consequentemente, a avaliação e apresentação dos efeitos financeiros de
transacções e outros eventos semelhantes devem ser feitas de modo normalizado em
todas as empresas nos diversos períodos e de uma maneira consistente para empresas
diferentes.

e) Representação Fidedigna
A informação deve representar fidedignamente as transacções e outros acontecimentos
que pretende espelhar ou possa razoavelmente esperar-se que espelhe. Assim, o balanço e
a demonstração dos resultados devem representar fidedignamente as transacções e outros
acontecimentos de que resultem os activos, passivos, capital e fundos próprios bem como
custos e proveitos da empresa, que na data do relato, satisfaçam os critérios de
reconhecimento.

f) Neutralidade
A informação decorrente das demonstrações financeiras tem de reflectir a
imparcialidade, isto é, não deve ser seleccionada ou apresenatada por forma a influenciar
a tomada de posição ou decisão ou para se atingir um fim predeterminado.

g) Plenitude
A informação nas demonstrações financeiras deve ser completa dentro dos limites da
materialidade e de custo. Uma omissão pode fazer com que a informação seja falsa ou
enganadora e, por conseguinte, não fiável e deficiente em termos de relevância.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 130


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

1.3. As demonstrações contabilísticas no SISTAFE

O artigo 43 da Lei 9/2002 que cria o SISTAFE, estabelece que o Governo elabora, no fim
de cada exercício económico, o Balanço, Mapas de Controlo Orçamental, Demonstração de
Resultados e o Inventário Contabilístico.

O Decreto 23/2004, que aprova o Regulamento do SISTAFE, remete o seu artigo 60 às


demonstrações contabilísticas, nomeadamente:
1. A estruturação do Plano Básico de Contabilidade Pública em classes e grupos: tem como
objectivo a escrituração contabilística e a preparação dos Balanços, Mapas de Controlo
Orçamental e Demonstrações de Resultados, com vista a:
a) visualizar o Património e suas variações;
b) padronizar o nível de entradas e saídas de dados das Unidades integrantes do
SISTAFE;
c) possibilitar o uso de um sistema electrónico único de dados para proceder ao
processamento da execução orçamental, financeira e patrimonial.
2. A consolidação de Balanços será feita no terceiro nível da estrutura das contas.

O artigo 74 estabelece em relação com as demonstrações contabilísticas o seguinte:


1. Os balanços e Demonstrações Contabilísticas devem mostrar as posições individualizadas
dos órgãos e instituições do Estado e consolidadas de forma que visualizem a organização
administrativa das gestões que compõem as finanças públicas.
2. Entende-se por Gestão a parcela do Orçamento e do Património do Estado gerida por um
ou mais órgão ou instituição do Estado que, tendo ou não personalidade jurídica própria,
deve ter demonstrações contabilísticas, acompanhamento e controlos distintos.
3. Para o feito do estabelecido neste artigo, é utilizado o classificador orçamental de Gestão
para o registo contabilístico no e-SISTAFE.

O artigo 87 estabelece que a Conta Geral do Estado é estruturada de modo a apresentar as


seguintes informações:
1. Relatório do Governo sobre os resultados da gestão orçamental referente ao exercício
económico;
2. Financiamento global do Orçamento do Estado com discriminação da situação das fontes
de financiamento;
3. Balanço;

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 131


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

4. Mapas de execução orçamental, comparativos entre as previsões orçamentais e a receita


cobrada, e daquelas com a despesa liquidada e ou paga, segundo a classificação
orçamental;
5. Demonstração de resultados;
6. Anexos às demonstrações financeiras;
7. Mapa dos activos e passivos financeiros existentes no início e no fim do ano económico;
8. Mapa consolidado anual do movimento de fundo por operações de tesouraria;
9. Anexos informativos relativos a:
a) Inventário consolidado do Património do Estado;
b) Resumo das receitas, despesas e saldo das instituíções com autonomia administrativa
e financeira;
c) Resumo das receitas, despesas e saldo das autarquias;
d) Resumo das receitas, despesas e saldo das empresas do Estado.

1.3.1. O Balanço
A estrutura do Balanço compreende o seguinte:
1. O Balanço é composto pelos resultados das componentes Orçamental, Financeira e
Patrimonial.
2. O Balanço Orçamental demonstra, para cada nível de Gestão, as receitas previstas e as
despesas fixadas, comparadas com as realizadas em que o resultado final do exercício
será obtido estabelecendo-se as diferenças para mais ou para menos, que poderá resultar
num déficit ou superávit, no caso da receita e num superávit, no caso da despesa.
2.1. Estrutura: trata-se de um quadro dividido em duas partes principais, sendo a a
primeira que apresenta uma coluna que contém as receitas previstas e cobradas, a
segunda, que apresenta no quadro as despesas previstas e realizadas. A comparação
entre esses dois quadros do Balanço Orçamental permite apurar o déficit ou superávit
orçamental dum determinado período.
Receitas previstas > Receitas realizadas = Superávit
EXEMPLO
Receitas previstas < Receitas realizadas = Déficit
Despesas fixadas > Despesas realizadas = Superávit
Despesas fixadas < Despesas realizadas = Déficit
Receitas previstas = Receitas realizadas = Equilíbrio
Despesas fixadas = Despesas realizadas = Equilíbrio

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 132


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

3. O Balanço Financeiro demonstra, para cada nível de Gestão, a receita e a despesa


realizadas, bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza não orçamental,
conjugados com os saldos do exercício anterior.

DEFINIÇÃO
Recebimentos e pagamentos de natureza não orçamental: são todas as
operações de que resultam débitos e créditos de natureza financeira, não
compreendidas na execução orçamental. Serão também objecto de registo,
individualização e controlo contável.
3.1. Estrutura: o balanço financeiro é composto por duas colunas principais, sendo que
na da esquerda, situam-se as receitas e na da direita, as despesas.
Na coluna à esquerda, são demonstradas as receitas orçamentais, receitas não-
orçamentais e os saldos de disponibilidades do exercício anterior.
Na coluna à direita, são demonstradas as despesas orçamentais, despesas não-
orçamentais e os saldos de disponibilidades que ficarão para o exercício posterior ao
do balanço financeiro.
É interessante notar que esta demonstração obedece à equação patrimonial, pois o
total de receitas (coluna esquerda) é sempre igual ao das despesas (coluna direita).
4. O Balanço Patrimonial demonstra, para cada Gestão, a posição das contas que
constituem o Activo e o Passivo, onde o Activo representa os bens e direitos, e o Passivo
os compromissos assumidos com terceiros. O equilíbrio numérico do Balanço
Patrimonial é estabelecido pelo Saldo Patrimonial positivo ou negativo.

4.1. Estrutura: a estrutura do Balanço Patrimonial é semelhante a dos demais tipos de


organizações, sendo apresentado em dois quadros principais:
 Na coluna esquerda, são apresentados os Activos da organização pública, onde
são relacionados seus bens e direitos.
 Ao lado direito desta coluna, são apresentados os Passivos, contendo as
obrigações.
É interessante notar que esta demonstração obedece à equação patrimonial, atrás referida.

1.3.2. A Demonstração de resultados


O Regulamento do SISTAFE não explica como se estrutura a Demonstração de resultados,
mas dá para entender que deve mostrar o incremento líquido de benefícios gerados na
sociedade a partir da acção eficiente e eficaz dos gestores públicos. Neste documento, são
minuciosamente analisados os custos directos e indirectos das instituições públicas e são

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 133


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

comparados com as entradas recebidas pelo Estado e os benefícios que proporciona à


sociedade a prestação de bens e serviços públicos.
Nesta ordem, podem verificar-se três cenários possíveis:
 Déficit económico: situação na qual as receitas geradas pelo Estado e os benefícios
proporcionados à sociedade são menores que as despesas suportadas pela prestação de
bens e serviços públicos.
 Superávit económico: situação na qual as receitas geradas pelo Estado e os benefícios
proporcionados à sociedad são maiores que as despesas suportadas pela prestação de
bens e serviços públicos.

 Equilíbrio económico: situação na qual as receitas geradas pelo Estado e os


benefícios proporcionados à sociedad são iguais que as despesas suportadas pela
prestação de bens e serviços públicos. Neste caso, recomenda-se à Administración
Pública reduzir os custos para poder gerar um superávit.

2. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTABILÍSTICAS DAS EMPRESAS
Através da análise das demonstrações contabilísticas pode-se determinar a situação da
Organização e as suas perspectivas de futuro.
A obrigatoriedade que as Organizações têm de formalizar as demonstrações contabilísticas em
modelos oficiais determina e facilita o trabalho de análise e comparação das demonstrações
contabilísticas entre diferentes exercícios económicos.
Contudo, é preciso ter muito claro que os resultados da análise são subjectivos, pelo que há
que ter em conta, para a sua interpretação, factores tais como a actividade a que se dedica a
Organização, os resultados de exercícios anteriores e a sua comparação com outras
Organizações do sector ou similares.
A análise pode ser realizada com distintos pontos de vista:
 Aspecto patrimonial;
 Aspecto financeiro;
 Aspecto económico.
Assim, para facilitar a análise, o balanço será classificado agrupando as partidas que o
compõem em massas patrimoniais, utilizando a classificação já referida no capítulo anterior
(modelo de Balanço abreviado):

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 134


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Exercícios Exercícios
ACTIVO PASSIVO
N N-1 N N-1
Meios

PASSIVO FIXO
IMOBILIZADO
Capital e fundos
Imobilizado
ACTIVO

próprios
Materiais
Meios
Passivo: dívidas de
Imobilizado
médio e longo prazo
Financeiros
Meios
CIRCULANTE

CIRCULANTE
Circulantes

PASSIVO
ACTIVO

Materiais Passivo: dívidas de


Meios curto prazo
Circulantes
Financeiros
TOTAL DO TOTAL DO
ACTIVO PASSIVO

Para a análise da Demonstração de Resultados por Natureza utilizaremos a estrutura


apresentada no capítulo 1.1 anterior.
Para o estudo do Balanço, o instrumento de análise utilizado é o rácio:

Rácio: relação ou quociente entre duas massas patrimoniais.


DEFINIÇÃO
Ex.: Meios circulantes
Dívidas curto prazo

Os rácios podem ser expressos em percentagem ou tanto em número.


Para a interpretação dos rácios devem ser tidos em conta os seguintes factores:
 Sector ao qual pertence a organização;
 Tamanho da organização;
 Valor do rácio em exercícios anteriores;
 Comparação do rácio com o de outras organizações do mesmo sector.

2.1. Análise Patrimonial das demonstrações contabilísticas

A análise patrimonial estuda a estrutura da Organização e as relações entre as distintas massas


patrimoniais do Activo e do Passivo.
Para explicar como se realiza a análise patrimonial segue abaixo, um exemplo do Balanço da
empresa comercial SANA-SANA, dedicada à comercialização de produtos de farmácia e
parafarmácia:

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 135


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

BALANÇO DA EMPRESA SANA-SANA


ACTIVO PASSIVO
ACTIVO IMOBILIZADO 392.000 PASSIVO FIXO 551.000
Meios Imobilizados Materiais Capital e fundos próprios 371.000
(MIM)
Terrenos e construções 350.000 Capital 266.000
Veículos de transporte 70.000 Reservas 105.000
Mobiliário 28.000 Dívidas de meio e longo prazo 180.000
Computadores 14.000 Dívidas longo prazo com entidades 130.000
de crédito
Amortização Acumulada MIM (70.000) Provedores imobilizado longo 50.000
prazo
ACTIVO CIRCULANTE 259.000 PASSIVO CIRCULANTE 100.000
Meios Circulantes Materiais 70.000 Provedores mercadorias 45.000
Mercadorias 70.000 Letras e livranças a pagar 23.000
Meios Circulantes Financeiros 189.000 Dívidas curto prazo com entidades 32.000
de crédito
Clientes 63.000
Letras e livranças a cobrar 42.000
Créditos curto prazo 35.000
Bancos 35.000
Caixa 14.000
TOTAL ACTIVO 651.000 TOTAL PASSIVO 651.000

2.1.1. Fundo Maneio

DEFINIÇÃO
Fundo Maneio: ou Fundo de Rotação: é a parte do Activo Circulante com
recursos a longo prazo (passivo fixo).
Fundo Maneio = Activo Circulante – Passivo Circulante.
Fundo Maneio = Passivo Fixo – Activo Imobilizado.

ACTIVO PASSIVO
ACTIVO IMOBILIZADO
PASSIVO FIXO
ACTIVO Fundo Maneio
CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 136


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

O valor do Fundo Maneio deverá ser positivo e quanto maior for, melhor será a situação da
empresa, pois terá menores problemas de liquidez. Se se apresenta negativo, significa que a
organização terá problemas graves para financiar parte das suas dívidas a curto prazo.
O Fundo Maneio (FM) do exemplo seria o seguinte:

FM = 259.000 – 100.000 =
159.000

FM = 551.000 – 392.000 =
159.000

2.1.2. Equilíbrio patrimonial


O equilíbrio patrimonial surge ao comparar as massas patrimoniais que formam a estrutura
económica da Organização (Activo) com a estrutura financeira (Passivo).
Desde o ponto de vista contabilístico, sempre existe equilíbrio, pois a soma das massas de
Activo (A) é igual à soma das massas de Passivo (P).
Porém, não é a mesma coisa desde o ponto de vista económico, pois podem acontecer as
seguintes situações:
a). Estabilidade económica: quando todos os elementos de A estão financiados com
capital e fundos próprios (CFP) e não há dívidas:

Activo
Imobilizado Capital e Fundos A = CFP
Activo Circulante Próprios
P=0

b). Posição normal de equilíbrio: o Activo Imobilizado (AI) está financiado com Capital
e Fundos Próprios e o Activo Circulante (AC) é financiado parte com Capital e Fundos
Próprios e com Passivo Circulante (PC).

Capital e Fundos
Activo Próprios
Imobilizado
A = CFP + PC

Activo Circulante Passivo


Circulante

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 137


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

c). Desequilíbrio patrimonial a curto prazo: quando o PC financia, na sua totalidade o


AC e, além disso, uma parte do AI.

Capital e Fundos
Activo Próprios
Imobilizado
CFP > 0

Passivo AC < PC
Activo Circulante Circulante

d). Situação patrimonial de quebra/falência: quando a organização não tem capital nem
fundos próprios. O seu Activo real não é suficiente para pagar todas as suas dívidas.
Uma parte do seu Activo não tem valor de realização, o qual chama-se “Activo
imaginário”.

CFP = 0 Activo
Passivo longo
Imobilizado
prazo + Passivo
A real = (AI + AC) – A imaginário curto prazo
A real < (P l/p + P c/p) Activo Circulante

2.1.3. Rácios patrimoniais


Os rácios mais utilizados são a expressão em percentagem das diferentes componentes do
Balanço, os quais permitem ver a importância de cada massa patrimonial e o respectivo peso
em relação às outras.
Conforme foi indicado no início do capítulo 2, por forma a interpretar correctamente o
resultado dos rácios é fundamental comparar com os de outras Organizações do mesmo sector
económico ou similar.

AI
Rácio do AI =
A TOTAL

O seu valor dependerá da actividade da Organização, sendo muito maior numa empresa
industrial que numa comercial ou de serviços.
A seguir calcula-se o Rácio do AI (RAI) do balanço que se utilizou anteriormente como
exemplo:

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 138


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

AI = 392.000
A TOTAL = 651.000
EXEMPLO

392.000
RAI = = 0,60 ou 60%
AI 651.000 representa 60% do A TOTAL.

AC
Rácio do AC =
A TOTAL

A Rácio do AC (RAC) é complementário da anterior, pelo que RAI + RAC = 1.

AC = 259.000
A TOTAL = 651.000
EXEMPLO
259.000
RAC = = 0,40 ou 40%
651.000
AC representa 40% do A TOTAL.

P l/p + P c/p
Rácio de dependência financeira =
CFP

O valor do rácio de dependência financeira (RDF) estará por volta da unidade:


 Se RDF > 1: significa que a empresa tem mais recursos alheios que próprios, pelo que
se diz que tem muita dependência financeira ou pouca autonomia financeira (tem mais
dívidas que recursos próprios).
 Se RDF < 1: significa que à empresa interessa-lhe endividarse no caso de que o custo
da dívida seja inferior à rentabilidade que obtém com ela.

Contudo, sempre é preciso buscar o equilíbrio, tendo em conta que dependerá do sector ao
que pertenza a empresa e que quanto mais se endivide, mais problemas poderá ter para obter
nova financiação.

P l/p = 180.000
EXEMPLO P c/p = 100.000
CFP = 371.000

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 139


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

P l/p + P c/p = 290.000

290.000
RDF = = 0,78 ou 78%
371.000
RDF representa 78%, o qual significa que a empresa poderia estar interessada em
adquirir dinheiro emprestado (endividarse) no caso de que a rentabilidade que
pudesse obter da aplicação do dinheiro às actividades da empresa fosse superior
ao custo da dívida.

Neste capítulo são analisados os rácios de tesouraria, solvência e de dívidas.

2.2. Análise financeira

Nos capítulos e unidades anteriores desenvolveu-se a temática contabilística, conducente à


elaboração de Demionstrações Financeiras e respectivos anexos, tendo por base regras,
normas, princípios e critérios de índole contabilística, destinados à prestação de contas da
empresa e outras entidades. Essas informações estão associadas para a referência à análise
financeira.
A análise financeira é um conjunto de técnicas destinadas a dar a conhecer a situação
económica, financeira e monetária da Empresa ou da Organização a partir de documentos de
informação contabilístico-financeira (ver Contabilidade e Finanças para Gestão, 2 edicação,
2004).
A análise financeira permite conhecer a origem dos recursos financeiros da empresa.

Análise financeira: estudo da capacidade que a empresa tem para gerar


DEFINIÇÃO
liquidez com a qual pode fazer frente às suas obrigações de pagamento

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 140


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

(solvabilidade, endividamento e ciclo de explorção) à medida que se vão


produzindo.
Para que uma empresa esteja financeiramente equilibrada deve ser capaz de
pagar as suas dívidas conforme vão vencendo.

2.2.1. Rácios de tesouraria


Analisam a facilidade que os investimentos da empresa têm de se converter em dinheiro
(liquidez). São dois rácios que podem medir a liquidez da empresa:

Bancos + Caixa
a). Rácio de liquidez imediata (RLI) =
PC

Nota: Conforme foi visto nos capítulos anteriores PC = P c/p.


Mede a capacidade da empresa para afrontar os compromissos de pagamentos imediatos,
representados pelas suas dívidas c/p. Este rácio, geralmente, não deveria superar a cifra de
0,75, pois um valor acima desta significaria que a empresa tem recursos improdutivos.
Cada organização deve estabelecer o valor ideal do rácio, de modo a atender suas obrigações
sem ter demasiados recursos ociosos.
Voltamos ao exemplo:

Bancos = 35.000
Caixa = 14.000
Bancos + Caixa= 49.000
PC = 100.000
EXEMPLO

49.000
RLI = = 0,49 ou 49%
100.000
RLI representa o 49% o qual significa que a empresa poderia ter alguns problemas
para atender o pago das suas dívidas a c/p.

Meios circulantes Financeiros (MCF)


Rácio de Tesouraria ou Acid. Test
PC
(RT) =

Este rácio estuda a liquidez da empresa a curto prazo. São considerados como aceitáveis os
valores desta rácio que estão por volta da unidade (entre 0,80 e 1).

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 141


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Valores inferiores a 0,80 indicam que a empresa pode estar em perigo de suspensão de
pagamentos. Por isso, esta rácio tambén é chamado “distância à suspensão de pagamentos”.
Por outro lado, valores superiores à unidade indicam que a empresa mantém recursos ociosos
e não recorre ao crédito a curto prazo.
MCF = 189.000
PC = 100.000
EXEMPLO
189.000
RT = = 1,89
100.000
RT representa o 189% o qual significa que a empresa poderia ter uma
importante quantidade de recursos ociosos.

2.2.2. Rácios de solvência


Os rácios de solvência medem a capacidade da empresa para afrontar o total das suas dívidas.

AC
a). Rácio de solvência técnica (RSTec) =
PC

O objectivo deste rácio é determinar se AC gerará a suficiente liquidez para pagar as dívidas
com vencimento a curto prazo. O seu valor deve ser maior à unidade. Um valor inferior
indicaria que existe um Fundo de Maneio negativo e a empresa estaria em risco de suspensão
de pagamentos. O valor ideal estaria entre 1,5 e 2 mas tudo depende do sector de actividade a
que se dedica a empresa.
Voltando ao exemplo:

AC = 259.000
PC = 100.000
EXEMPLO
259.000
RSTec = = 2,59
100.000
RSTec resulta demasiado alto devido, possivelmente, a que a empresa tem uma
importante quantidade de recursos ociosos.

A Real
b). Rácio de solvência total (RSTot) =
P l/p + P c/p

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 142


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Denomina-se tambén rácio de garantia ou distância à quebra/falência. Representa a


garantia que a empresa tem de posicionar-se perante os seus credores da capacidade de cobrar
as suas dívidas.
Quanto maior for o rácio, mais sólida será a empresa. Contudo, um valor muito alto pode
indicar que a empresa não utiliza adequadamente as possibilidades de financiamento alheio,
podendo reduzir, portanto, a sua rentabilidade.
O seu valor ideal deve ser superior a 1, sendo válidos valores entre 1,5 e 2,5. Um valor
inferior poderia indicar que o valor real do activo não é suficiente para pagar as dívidas e
estaria, praticamente, em situação de quebra/falência.

No nosso exemplo seria como segue, supondo que não há activo imaginário:
EXEMPLO A Real = 651.000
P l/p + P c/p = 290.000

651.000
RSTot = = 2,24
290.000
RSTot está entre as margens ideais, mas possivelmente, devido a que a empresa
tem parte dos seus recursos ociosos.

CFP
c). Rácio de autonomia financeira (RAF) =
P l/p + P c/p

Mede a dependência da empresa no que respeita aos recursos alheios. Quanto maior for o seu
valor, maior será tambén a autonomia financeira da empresa e, portanto, menor será a
dependência dos recursos alheios.
EXEMPLO CFP = 371.000
P l/p + P c/p = 290.000

371.000
= 1,28
RAF = 290.000

2.2.3. Rácios de endividamento


Estes rácios estudam a estrutura financeira da organização, quer dizer, a relação existente
entre o financiamento alheio (dívidas por empréstimos) e os recursos próprios (CFP). Esta
relação dependerá fundamentalmente dos custos financeiros dos empréstimos. Assim, a

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 143


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

empresa aumentará a proporção dos recursos alheios quando os custos financeiros dos
empréstimos forem inferiores à rentabilidade económica da empresa. São os seguintes:

Rácio de endividamento total (Ver Rácio de dependência financeira capítulo 2.1.3)

P c/p
Rácio de endividamento c/p =
CFP

P l/p
Rácio de endividamento l/p =
CFP

Em essência, o Rácio de dívidas c/p (REC/P) e o Rácio de dívidas l/p (REL/P) são iguais que
RDF mas referidos, exclusivamente, a cada uma das partidas das dívidas. Indicam o peso das
dívidas l/p e das dívidas c/p em relação com CFP.

P l/p = 180.000
P c/p = 100.000
CFP = 371.000
180.000
REL/P = = 0,48 ou 48%
371.000
EXEMPLO

100.000
= 0,27 ou 27%
REC/P = 371.000

A explicação é similar a aquela do exemplo anterior, mas observa-se que à


empresa interessa-lhe mais endividarse a l/p que a c/p, por ser maior o resultado
de RDL/P.

2.3. Análise económica

Esta sub-secção de rácios e/ou indicadores, baseia-se na análise a ser feita a partir dos
resultados e dos factores que condicionam a produtividade, o valor acrescentado, a estrutura
de custos e demais factores da empresa.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 144


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

A análise económica mediante rácios encarrega-se do estudo da rentabilidade da empresa e


tem como objectivo medir o benefício que a empresa obtém por unidade monetária investida a
partir da avaliação dos meios libertos das suas actividades.
Rácio de rentabilidade económica (RRE): Mede a rentabilidade do Activo como
percentagem de lucro antes de juros e impostos (LJI) em relação ao total de investimentos
realizados (Activo Total).

LJI
X 100 (RRE) =
Activo Total

Mede o benefício gerado por cada 100 unidades monetárias investidas. Mede, portanto, o grau
de eficácia dos recursos económicos.
Voltando ao exemplo, supondo que a empresa SANA-SANA tem obtido um LJI de 45.570:

LJI = 45.570
A TOTAL = 651.000
EXEMPLO
45.570
RAC = X 100 = 7%
651.000
A rentabilidade económica da empresa é do 7%.

Rácio de rentabilidade financeira (RRF): mede a rentabilidade de CFP. Se o custo dos


recursos alheios for inferior à rentabilidade económica, o benefício da empresa aumenta
quando esta se endivida, pelo que, à empresa interessar-lhe-ia aumentar o financiamento
alheio. Mas se o custo dos recursos alheios for maior que a rentabilidade económica, à
empresa não lhe interessa endividar-se.

Lucro Líquido (LL)


RRF X 100 =
CFP

Para continuar com o exemplo da empresa SANA-SANA, devemos proporcionar os seguintes


dados:
Tipo de interesse das dívidas é de 5%.
Taxa de impostos é de 20%.

EXEMPLO CFP = 371.000


LJI = 45.570
Interesse das dívidas = 0,05 x 290.000 = 14.500

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 145


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Impostos = 0,2 x (45.570 - 14.500) = 6.240


LL= 45.570 - 14.500 - 6.240 = 24.830
24.830 X 100 = 6,69 %
RRF = 371.000

RRF é do 6,69%.

3. INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES


CONTABILÍSTICAS DO SECTOR PÚBLICO
Neste capítulo, vão se estudar os principais instrumentos de análise patrimonial, financeira e
orçamental do Balanço do Estado. Existe um grande paralelismo entre os conceitos de análise
do sector público e das empresas, o qual se indica ao longo do desenvolvimento do capítulo
utilizando parêntese ou igualdades.

3.1. Análise do Balanço Patrimonial Público

O Balanço Patrimonial das organizações públicas é um demonstrativo que possui uma


estrutura semelhante a dos demais tipos de Organizações, sendo apresentado em dois quadros
principais, a saber:
 No quadro da esquerda são demonstrados os Activos da organização pública onde são
relacionados seus bens e direitos.
 À direita, é apresentado o quadro dos Passivos, contendo as obrigações.
O Balanço Patrimonial Público possibilita a extração de seis indicadores para a elaboração de
análises:

i. Situação Financeira 1 (SF1)

SF1 =

Onde:
AF = Activo Financeiro = soma das disponibilidades adicionadas aos direitos realizáveis
(MCF).
PF = Passivo Financeiro = obrigações de curto prazo (P c/p).
Este rácio é de extrema utilidade para se verificar a existência, ou não, de “superávit”
financeiro apurado em balanço patrimonial. Se o resultado for maior do que um, haverá
excesso de recursos financeiros que poderá ser utilizado para cobertura de créditos adicionais.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 146


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ii. Situação Financeira 2 (SF2)

SF2 =

Onde:
AP = Activo Permanente = bens e direitos de longo prazo (AI)
PP = Passivo Permanente = dívidas de longo prazo (P l/p)

A finalidade deste rácio é demonstrar a proporção da relação existente entre o valor AI e do P


l/p. O resultado esperado é que este seja maior do que 1 ou, pelo menos igual a 1. Portanto, se
este quociente for maior do que 1, ele expressará um endividamento inferior à soma dos bens,
créditos e valores que compõem os bens e direitos de longo prazo e, que, geralmente, o saldo
patrimonial é positivo.
Porém, se for menor do que 1, identificará que o endividamento é superior a essa soma dos
bens, créditos e valores que compõem os bens e direitos de longo prazo e, geralmente, que o
saldo patrimonial é negativo.

iii. Limite de Endividamento 1 (LE1)

LE1 =

Onde:
DF = Dívida Fundada Pública = dividas l/p contraídas para atender o desequilíbrio orçamental
ou o financiamento de obras e serviços públicos.
RLR = Receita Líquida Real = é usada para renegociar com o Tesouro o limite apurado de
pagamento da dívida dos órgãos locais (províncias, distritos, postos administrativos e
localidades).

Esta, corresponde à receita realizada nos doze meses anteriores ao mês imediatamente
anterior àquele em que se estiver apurando. São excluídas desse valor as receitas provenientes
de operações de crédito, de alienação de bens e de transferências voluntárias ou de doações
recebidas com o fim específico de atender despesas de capital.
Na análise deste índice, caso a soma da DF apresente valor superior à soma da RLR
arrecadada no exercício, portanto resultando em um quociente maior que 1, significará que o
somatório das obrigações de longo prazo representadas pela dívida fundada é superior à soma
dos recebimentos de origem orçamentária líquidos, realizados no exercício.

iv. Limite de Endividamento 2 (LE2)

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 147


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

LE2 =

Onde:
OC = Operações de Crédito
RLR = Receita Líquida Real

Se o resultado da equação for maior que 1, isso indica que a Soma das Operações de Crédito
foi maior que a Receita Líquida Real. Essa hipótese demonstrará que o montante global das
operações de crédito realizadas no exercício é superior ao valor da Receita Líquida Real. Esse
quociente é básico para se determinar, ainda que a posteriori, o nível de operações de crédito
realizadas no exercício em relação à Receita Líquida Real.

v. Dispêndio da Dívida (DD)

DD =
Onde:
AM = Amortização
EN = Encargos
RLR = Receita Líquida Real
Esse quociente é básico para se determinar, ainda que a posteriori, o nível de dispêndio anual
que as amortizações mais os juros e encargos da dívida representam em relação à Receita
Líquida Real.

vi. Resultado Patrimonial (Rpatr)

RPatr =

Onde:
AR = Activo Real = A Real
PR = Passivo Real

O Activo Real corresponde à soma do Activo Financeiro com o Activo Permanente. O


Passivo Real corresponde à soma do Passivo Financeiro com o Passivo Permanente.
Obtendo-se um valor maior que 1 para este índice, terá sido indicado que a soma dos bens,
créditos e valores realizáveis é superior à soma dos compromissos exigíveis, portanto, foi
obtido um “superávit” patrimonial.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 148


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

No caso de o quociente apresentar o resultado menor do que 1, há que se verificar na


Demonstração das Variações Patrimoniais as causas que originaram esse resultado
patrimonial negativo, examinando-se as baixas patrimoniais, que devem estar apresentadas
nas Variações Patrimoniais Passivas – Independentes da Execução Orçamentária do tipo
Insubsistências Activas ou Superveniências Passivas como:
a) Insubsistências Activas: que correspondem à baixa de Bens Móveis ou Imóveis, por
permuta, doação, sinistro ou demolição, consumo, quebra ou inservível, e por furto.
b) Superveniências Passivas: que correspondem à inscrição de dívida passiva e ao aumento
de dívida por elevação da taxa cambial.

3.2. Análise do Balanço Financeiro Público

No Balanço Financeiro são demonstradas as receitas e despesas orçamentais, além dos


recebimentos e pagamentos extra-orçamentais, conjugados com os saldos em espécie,
provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte.
Da demonstração do Balanço Financeiro podem ser extraídas sete análises decorrentes da
execução orçamental:

(i). Execução Orçamental (EO)

EO =
Onde:
RecO = Receita Orçamental
DO = Despesa Orçamental
As Receitas Orçamentais são aquelas constantes do orçamento, e caracterizadas pelo artigo 66
do Regulamento SISTAFE sobre Receitas Correntes e Receitas de Capital.
A Execução Orçamental é a utilização dos créditos ou tetos consignados no Orçamento do
Estado e outros finciamentos adicionais, visando a realização das acções atribuídas às
unidades orçamentais.
A execução Orçamental, demonstra o quanto a Receita Orçamental representa para o
pagamento da Despesa Orçamental. No caso da Receita Orçamental ser maior que a Despesa
Orçamental, por exemplo, existirá uma indicação de “superávit” orçamental na execução da
movimentação financeira.
(ii). Execução Financeira - Orçamental Real (FREO)

FREO =

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 149


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Onde:
RO = Receita Orçamental
DOP = Despesa Orçamental Paga ou realizada

Este rácio demonstra a proporção entre a receita orçamental recebida e a despesa orçamental
paga ou realizada, isto é, consideradas pelo regime de caixa. O resultado dessa rácio é
considerado normal se for igual a 1, e considerado bom se for superior a este valor.
Exemplificando, se o resultado dessa equação for 1,14, isso indicará que existe 1,14 MT de
Receita Orçamental para cada 1,00 MT de Despesa Orçamentária paga. Será considerado
preocupante o caso em que este rácio resultar num valor menor do que 1, pois a receita
arrecadada será menor do que a despesa paga, pressupondo-se que esta foi coberta com
recursos oriundos da receita extra-orçamentária.

(iii). Execução Orçamental Corrente (EOC)

EOC =

Onde:
RC = Receita Corrente
DC = Despesa Corrente
O resultado obtido pelo rácio demonstra o quanto a Receita Corrente recebida representa em
relação à Despesa Corrente paga.
No caso do resultado obtido ter sido maior que 1, isto é, Receita Corrente maior que a
Despesa Corrente, existirá um superávit corrente, pois há mais receita corrente recebida para
cada 1,00 MT de despesa corrente.
Caso o rácio apresente um resultado menor do que um, estará sendo demonstrado que a
receita corrente não será suficiente para cobrir as despesas correntes e, portanto, haverá
necessidade de se utilizar receita de capital para supri-la dos recursos necessários.
E tratando-se de receita de capital, obviamente esta será proveniente da alienação de bens que,
em qualquer desses dois casos, representará diminuição patrimonial, ou de operações de
crédito (empréstimo) legalmente autorizadas.

(iv). Execução Orçamental de Capital (EOCap)

EOCap =

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 150


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Onde:
RCap = Receita de Capital
DCap = Despesa de Capital

A Receita de Capital é uma importante categoria da classificação econômica da receita. Ela é


constituída de recursos provenientes de: conversão de bens e direitos em numerário, além de
recebimentos de amortizações de empréstimos de longo prazo e recebimentos de
transferências para a cobertura de despesas de capital, representados por investimentos,
inversões financeiras e amortização da dívida.
Despesa de Capital é definida como aquela relacionada com as seguintes aquisições:
 de máquinas, equipamentos e realização de obras;
 de participações accionárias de empresas;
 de imóveis e concessão de empréstimos para investimento.
O resultado desse rácio indica a proporção entre a Receita de Capital e a Despesa de Capital.
Se resultar num valor de 0,35, por exemplo, significa que há um déficit de capital, pois
haverá menos de 1,00 MT de receita de capital para cada 1,00 MT de despesa de capital
realizada, sendo essa relação considerada normal, uma vez que representa a utilização de
receita corrente para cobertura de despesa de capital.
Na hipótese de o resultado apresentado ser menor do que 1, ele poderá ser interpretado como
normal, uma vez que se pressupõe e se admite que o eventual superávit do orçamento corrente
sirva como recurso de cobertura para as despesas de capital. É necessário sempre observar e
procurar evitar que essa relação provoque ou agrave um déficit orçamental.
Por outro lado, caso o resultado apresentado seja maior do que 1, o resultado deverá ser
considerado negativo, pois estará demonstrando que se utilizou a alienação de bens ou valores
que, em qualquer dos dois casos, retratará uma diminuição patrimonial, ou operações de
crédito (empréstimo) legalmente autorizadas.

(v). Execução Extra-Orçamental (EEO)

EEO =

Onde:
REO = Receita Extra-Orçamental
DEO = Despesa Extra-Orçamental

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 151


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Quanto mais próximo de 1 for esse rácio, melhor será a avaliação, pois estará sendo
demonstrado um equilíbrio na Execução Extra-Orçamental. Se for maior do que 1,
representará um aumento da dívida flutuante, o que provocará, em conseqüência, o aumento
do Passivo Financeiro, no Balanço Patrimonial.
Entretanto, se houver o correspondente aumento dos recursos financeiros das disponibilidades
(caixa/bancos), a situação será considerada normal. Porém, se ocorrer uma diminuição dos
recursos financeiros das disponibilidades em caixa/bancos, isso indicará que a diferença
financiou o pagamento de despesas orçamentais e a situação deverá ser considerada
preocupante.
Quando for menor do que 1, refletirá uma diminuição da dívida flutuante e, por conseqüência,
diminuição do Passivo Financeiro, no Balanço Patrimonial, como também, reflectirá a
utilização de recursos financeiros, reduzindo as disponibilidades (caixa/bancos) existentes.

(vi). Resultado da Execução Financeira (REF)

REF =

Onde:
REO = Receita Extra-Orçamental
DEO = Despesa Extra-Orçamental
RO = Receita Orçamental
DO = Despesa Orçamental

Esse rácio representará o resultado do exercício financeiro. Se o resultado do rácio for maior
que 1, isso indica que a Receita (Orçamental + Extra-orçamental) é maior que a Despesa
(Orçamental + Extra–Orçamental).
O uso deste rácio constitui um dos meios de se identificar o resultado apresentado no balanço
financeiro. Por ele é verificado o resultado do exercício financeiro que está sendo
demonstrado pelo balanço financeiro. Este é uma das formas de se analisar e interpretar o
resultado apresentado no balanço financeiro.

(vii). Resultado dos Saldos Financeiros (RSF)

RSF =

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 152


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Onde:
SPES = Saldo que Passa para o Exercício Seguinte
SEA = Saldo do Exercício Anterior

Esse rácio demonstra uma posição do Saldo que Passa para o Exercício Seguinte confrontado
com o Saldo do Exercício Anterior. Assim, por meio dessa relação, será apresentado o
Resultado do Balanço Financeiro.
Caso o resultado obtido corresponder a um valor superior a um, 1,17 por exemplo, isso
indicará um superávit financeiro, ou seja, um aumento do saldo disponível em relação ao
exercício anterior. Um resultado igual a 1, ou um pouco maior, poderá ser considerado
normal.
Caso seja constatado um quociente menor do que 1, deve-se proceder a uma melhor análise e
interpretação do facto, devendo ser verificadas as disponibilidades (saldo de caixa/bancos),
pois reflectem a movimentação financeira de origem extra-orçamental.

3.3. Análise do Balanço Orçamental Público

Podem ser extraídos da Demonstração do Balanço Orçamental cinco principais indicadores:


1) Execução da Receita (ER)

ER =

Onde:
RE = Receita Executada
RP = Receita Prevista

Esse quociente representa o quanto a Receita Executada já foi cumprida dentro do orçamento,
em comparação com a Receita Prevista. No caso do valor da Receita Executada for maior do
que o valor da Receita Prevista, isso demonstrará que houve um excesso de arrecadação em
relação ao previsto. Caso o resultado da equação seja muito acima ou muito abaixo de 1,
deve-se procurar as causas e possíveis justificativas convincentes.

2) Equilíbrio Orçamental (EqO)

EqO =

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 153


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Onde:
DFix = Despesa Fixada
RP = Receita Prevista

O equilíbrio orçamental é uma característica dos orçamentos em que contabilísticamente, as


receitas igualam-se às despesas. Esta característica universal, tem o objetivo de permitir o
acompanhamento das Despesas Fixadas em relação à Receita Prevista no orçamento.
No caso da Despesa Fixada ser maior que a Receita Prevista, isso demonstrará o quanto foi
aberto de crédito suplementar, demonstrando que foram utilizados créditos suplementares
provenientes de superávit financeiro apurado no balanço patrimonial.
Caso seja apurado um índice menor do que 1, isto é, a Despesa Fixada é maior que a Receita
Prevista, a tendência é considerá-lo normal, desde que os registros estejam corretos.
Entretanto, isso deverá ser apenas uma hipótese, pois se trata de uma situação atípica na
actualidade, e que precisa ser averiguada.

3) Cobertura dos Créditos Adicionais (CCA)

CCA =

Onde:
EA = Excesso de Arrecadação
CAB = Créditos Adicionais Abertos

Entende-se por excesso de arrecadação, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a
mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se ainda, a tendência do
exercício. Para fim de apuração dos recursos utilizáveis, provenientes de excesso de
arrecadação, deduzir-se-á a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício. Os
créditos extraordinários, como o próprio nome já procura aclarar, são despesas que decorrem
de factos que não permitem um planeamento prévio, e ainda obriga o Poder Executivo a
adoptar procedimentos sumários para atendimento rápido e urgente.
Se o resultado do rácio for maior que 1, isso indicará que o Excesso da Arrecadação foi maior
do que os Créditos Adicionais Abertos, caso contrário os Créditos Adicionais Abertos não
possuem cobertura do Excesso de Arrecadação.
Esse rácio deve demonstrar o quanto o Excesso de Arrecadação representa de cobertura para
os Créditos Adicionais Abertos. O resultado considerado normal é 1 ou maior do que 1. Caso
seja menor do que 1, há que se verificar se foram feitas as demonstrações mensais da receita

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 154


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

arrecadada, para servir de base para a abertura de créditos adicionais que utilizam o excesso
de arrecadação, e qual foi o motivo que deu causa ao rácio negativo.

4) Execução da Despesa (ED)

ED =

Onde:
DE = Despesa Executada
DF = Despesa Fixada

Nesta análise é demonstrado quanto do valor da Despesa Fixada foi usada pela Despesa
Executada. Isto revelará, por exemplo, no caso da Despesa Executada ser maior que a
Despesa Fixada, que houve a utilização de dotação orçamental sem a devida autorização legal.
Caso o resultado apresentado por este indicador for menor do que 1, como 0,63, por exemplo,
será considerado normal, pois significa que foi aplicado apenas 63% da Despesa Fixada no
orçamento. Dificilmente ocorrerá um resultado igual a 1, e não poderá ser maior do que 1,
porque, neste caso, executar-se-á despesa sem a devida autorização.

5) Resultado Orçamental (RO)

RO =

Onde:
RE = Receita Executada
DE = Despesa Executada

O resultado desse rácio demonstra a existência de um “superávit” ou “déficit” orçamental.


Esse quociente revela o quanto do valor da Receita Executada foi destinado para a cobertura
da Despesa Executada.
A tendência deste indicador é de expressar o “déficit” orçamental, onde as despesas
executadas serão maiores do que as receitas executadas, revelando uma situação negativa do
ponto de vista execução da Lei Orçamental dum dado exercício. Porém, a interpretação dessas
análises deve ser conduzida com muita cautela.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 155


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

RESUMO

Na presente unidade, foram analisadas as componentes da estrutura das Demonstrações


Contabilísticas das empresas e do Estado, através da sua normativa reguladora, e como se
ajustam as suas partidas para poderem ser analisadas.

Foram estudados os rácios e compreendido o seu valor como principal instrumento de análise
das Demonstrações Contabilísticas, antes de abordar a análise patrimonial, financeira e
económica do Balanço das empresas.

Igualmente, foram apresentadas para sua assimilação as distintas situações do equilíbrio


patrimonial da empresa e alerta dos perigos sobre a aproximidade da suspensão de
pagamentos ou de quebra/falência.

Como também foram aplicados os diferentes rácios da análise patrimonial do Balanço, como
instrumento que põe em relação as distintas componentes do Activo e do Passivo, bem como
a compreensão e interpretação de resultados dos rácios sobre a situação patrimonial da
empresa.

No que diz respeito aos rácios aplicados à análise financeira do Balanço foram explanados
para sua compreensão e interpretação, os conceitos de autonomia financeira através da
aplicação dos distintos rácios e os perigos que representam à empresa quando está perante a
dependência demasiado dos recursos alheios, por um lado.

Outrossim, a análise económica do Balanço fala da rentabilidade económica e financeira da


empresa e ajuda a tomar decisões sobre endividamento, porque há situações nas quais as
empresas podem ser mais rentáveis se endividam mais ao longo dum exercício económico.

Por último, foram também analisados os Balanços Orçamentais, Financeiros e Patrimoniais


do Estado e foram explicados os conceitos básicos, sua relação e adaptação à Organização
Estatal para além das empresas privadas. Assim, foram estudados os principais rácios que se
aplicam aos Balanços do Estado e que explanam o equilíbrio patrimonial, da capacidade de
endividamento, da rentabilidade do Estado e de como se obtém e se inverte cada Metical para
dar cumprimento aos planos estatais e cobrir os serviços que o Estado oferece à sociedade.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 156


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

ACTIVIDADES DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA UD4

ACTIVIDADE 1
O EQUILÍBRIO PATRIMONIAL
Duração 3 horas
Objectivos
 Elaborar o balanço seguindo o modelo e os critérios do Plano Geral de Contabilidade;
 Analisar o equilíbrio patrimonial da empresa;
 Calcular e interpretar o Fundo Maneio;
 Aplicar e interpretar os rácios patrimoniais.
Conteúdos de referência
 Modelos de Balanço;
 Equilíbrio patrimonial;
 Fundo Maneio;
 Rácios patrimoniais.

Desenvolvimento da actividade por parte do aluno


O aluno receberá um enunciado escrito no qual se descrevem detalhadamente os elementos
que compõem o património de uma unidade sanitária a 1 de Janeiro de 2016. Irão ser
detalhadas de 6 a 10 operações de despesas e receitas de uma unidade sanitária,
acompanhando o enunciado com os documentos justificativos de cada uma das operações
descritas. Recomenda-se, no momento de redigir o enunciado, que se derive uma situação
patrimonial perigosa para que os alumnos interpretem os resultados e proponham, no seu
caso, medidas correctoras.
Os alunos contarão com o seguinte material de apoio:
 A Unidade Didáctica;
 Plano Geral de Contabilidade;
 Outros manuais de apoio.
A partir da análise da documentação aportada, os alunos, organizados por pares, deverão
realizar as seguintes actividades:
 Calcular o valor de cada elemento patrimonial da unidade sanitária, tendo em conta as
operações descritas, incluíndo também o valor dos recursos próprios;
 Elaborar o Balanço da unidade sanitária seguindo o modelo abreviado;
 Analisar o equilíbrio patrimonial da unidade sanitária e propor, no seu caso, medidas
correctoras;
 Calcular o Fundo Maneio e explicar o seu significado;
 Aplicar os rácios patrimoniais e interpretar os resultados, propondo no seu caso,
medidas correctoras.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 157


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Papel do docente no desenvolvimento da actividade


A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Redigir as operações en que consiste o enunciado da actividade e os documentos
justificativos;
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Ajudar os alunos na consulta do material de apoio;
 Recolher as respostas dos alunos no quadro preto ou branco;
 Explicar o resultado das respostas.

Espaço/meios didácticos e tecnológicos


 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto ou branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Elabora o Balanço, seguindo a ordem das partidas estabelecida no Modelo Abreviado;
 Determina as partidas que intervêm em cada instrumento de análise e realiza os
cálculos requeridos com exactidão;
 Interpreta os resultados conforme o significado dos rácios calculados e propõe, no seu
caso, medidas correctoras.

ACTIVIDADE 2
ANÁLISE FINANCEIRA E ECONÓMICA
Duração 2 horas

Objectivos
 Aplicar e interpretar os rácios financeiros;
 Aplicar e interpretar os rácios económicos.

Conteúdos de referência
 Análise financeira;
 Análise económica.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 158


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Desenvolvimento da actividade por parte do aluno


O aluno irá receber o Balanço obtido na actividade anterior. Os alunos contarão com o
seguinte material de apoio:
 A Unidade Didáctica;
 Plano Geral de Contabilidade;
 Outros manuais de apoio.
A partir do Balanço, os alunos, organizados em pares, realizarão, por escrito, as seguintes
tarefas:
 Aplicar os rácios de análise financeira e interpretar os resultados, propondo no seu
caso, medidas correctoras;
 Aplicar os rácios de análise económica e interpretar os resultados, propondo no seu
caso, medidas correctoras.
Papel do docente no desenvolvimento da actividade
A actividade que deverá desenvolver na sala de aulas:
 Redigir o enunciado da actividade;
 Identificar o que os alunos sabem sobre o tema;
 Apresentar os objectivos do tema;
 Explicar os conceitos e palavras-chave;
 Apresentar informação prévia sobre o tema;
 Apresentar a metodologia de trabalho a ser utilizada;
 Ajudar os alunos na consulta do material de apoio;
 Assistir a apresentação em plenária;
 Sintetizar o tema.
Espaço/meios didácticos e tecnológicos
 Computador e data show;
 Papel gigante e canetas;
 Quadro preto ou branco.

Critérios de avaliação
O aluno:
 Determina as partidas que intervêm em cada instrumento de análise e realiza os
cálculos requeridos com exactidão;
 Interpreta os resultados conforme o significado dos rácios calculados e propõe, no seu
caso, medidas correctoras.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 159


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

CASO PRÁTICO DA UD4

ANÁLISE DO BALANÇO PATRIMONIAL PÚBLICO, BALANÇO


FINANCEIRO PÚBLICO E BALANÇO ORÇAMENTAL PÚBLICO
Descrição
O enunciado do caso prático será entregue aos alumnos e constará de um exemplo
esquemático e simplificado de Balanço Patrimonial Público, de Balanço Financeiro Público e
de Balanço Orçamental Público, nos quais apareçam agrupadas as principais contas
patrimoniais, financeiras e orçamentais públicas.
Actividades a desenvolver pelos alunos
Os alunos, individualmente, devem:
 Fazer uma leitura e análise do texto;
 Identificar a natureza de cada uma das partidas e contas dos documentos
apresentados.
Dada a situação acima apresentada, e em função dos documentos de leitura obrigatória
(conteúdos da unidade didáctica e as partes específicas, Lei e Reglamento do SISTAFE,
outros manuais e documentos de apoio), os alunos, já organizados em grupo, devem:
 Realizar a análise do Balanço Patrimonial Público, aplicando as rácios SF1, SF2,
LE1, LE2, DD e Rpatr, e interpretar os resultados;
 Realizar a análise do Balanço Financeiro Público, aplicando as rácios EO, FREO,
EOC, EOCAP, EEO, REF e RSF, e interpretar os resultados;
 Realizar a análise do Balanço Orçamental Público, aplicando as rácios EqO, CCA,
ED e RO, e interpretar os resultados;
 Realizar propostas de melhoria para os casos em que for preciso.
Actividades a desenvolver pelo professor
 Redigir o enunciado da actividade e todos os documentos de apoio requeridos;
 Esclarecer aos alunos sobre a natureza do trabalho, bem como as condições em que
ele vai decorrer;
 Organizar os grupos de trabalho (4 a 5 membros cada grupo);
 Elaborar um roteiro de actuação dos grupos;
 Facultar material de consulta relacionado à contabilidade pública;
 Monitorar os grupos, tirar dúvidas e orientar para soluções;
 Assistir na preparação dos trabalhos;
 Assistir a apresentação dos trabalhos;
 Avaliar a actividade através de perguntas;
 Elaborar a síntese.
Recursos necessários
 Papel gigante;
 Canetas de várias cores;
 Tripé; Bostik;
 Plano Geral de Contabilidade;
 O texto facilitado pelo formador;
 Material de consulta relacionado.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 160


V. GLOSSÁRIO

Activo: conjunto de elementos patrimoniais constituído pelos bens e direitos de cobrança da


empresa.

Activo Corrente: composto pelos bens e direitos cuja permanência no património da empresa
é igual ou inferior a um ano.

Activo Não Corrente: composto pelos bens e direitos cuja permanência no património da
empresa é superior a um ano.

Análise financeira: estudo da capacidade que a empresa tem para gerar liquidez com o qual
pode fazer frente a suas obrigações de pagamento a medida que se vão produzindo.

Para que uma empresa esteja financeiramente equilibrada deve ser capaz de pagar as suas
dívidas conforme vão vencendo.

Assento contabilístico: é uma anotação no livro de contabilidade que reflecte os movimentos


económicos duma pessoa ou instituição. É realizado cada vez que a empresa contabiliza uma
entrada relacionada com a actividade que realiza.

Consiste nas anotações realizadas com o fim de reflectir um facto ou uma operação
contabilística.

Avalista: pessoa que se compromete ao pagamento da importancia duma letra em caso denao
pagamento desta pelo seu Titular.

Balanço: documento contabilístico no qual são apresentados os elementos que compõem o


património da empresa agrupados em duas grandes massas patrimoniais (ACTIVO e
PASSIVO).

Balanço de comprovação ou de somas e saldos: instrumento que se utiliza para observar a


lista do total dos Débitos e os Créditos e o saldo de cada uma delas (SD ou SC).

Bens: coisas materiais e imateriais que uma empresa tem para poder funcionar.

Cheque: é um título de valor através do qual uma pessoa chamada


“emitente/sacador/ordenador”, ordena a um banco o pagamento de uma determinada quantia à
ordem de um terceiro chamado “beneficiário”.

Ciclo contabilístico: é o período dentro do qual uma empresa realiza de forma sistemática e
cronológica o registo contabilístico das operações da sua actividade duma forma fiável e

MISAU UD2: A contabilidade pública e o sistema de administração financeira do estado (SISTAFE) - 161
Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

reflectindo a imagem fiel da actividade. Normalmente, a sua duração ( o período


contabilístico), é dum ano comercial. Também pode ser definido como o conjunto de passos
ou fases contabilísticas que se repetem em cada período, durante a vida da empresa.

Comprovativo de depósito e retiro de contas de poupanças: as corporações de poupança e


crédito têm desenhado um formato que fornece aos seus clientes, Bordereux ou recibos que
eidenciam qulaquer operacao ao depositarou ao retirar dinheiro da sua conta de poupança.

Comprovativo de pagamento: também é chamado ordem de pagamento. É um suporte de


contabilidade que justifica o pagamento duma determinada quantidade de dinheiro por meio
de um cheque.

Comprovativo diário de contabilidade: é um documento que se elabora previamente no


acto do registo de qualquer operação e no qual é indicado o número, data, origem, descrição e
quantia da operação, bem como as contas afectadas com o assento. A cada comprovativo são
anexos os documentos e suportes que o justifiquem.

Conta: instrumento de representação e medida dum elemento patrimonial que mostra a


situação inicial deste e as variações que posteriormente vão produzindo-se no mesmo
(Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral. Editorial Thomson-Paraninfo).

Conta: título representativo de formação, composição, variação e situação de um património,


bem como dos bens, direitos e obrigações e situações nele não compreendidos, que directa ou
indirectamente possam vir a afectá-lo, exigindo, por isso, controlo específico.

Contabilidade: “ciência que estuda o Património e as variações que se produzem nele”


(Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral. Editorial Thomson-Paraninfo).

A contabilidade é também uma técnica de registo das operações de natureza económica que
afectam o património da empresa e das organizações.

Contabilidade analítica: ramo da contabilidade responsável pelo cálculo dos custos, bem
como de fornecer informação relevante aos usuários internos que possa servir de apoio à
tomada de decisões e facilite o processo de planificação e controlo.

Contabilidade financeira: ramo da contabilidade que recolhe e indica todas as operações que
a organização realiza com o exterior.

Contrato: acordo entre duas ou mais partes que tem inequívocas consequências económicas
relativamente às quais as partes têm pouca ou nenhuma possibilidade de evitar, porque
geralmente o acordo é protegido por lei. Os contratos podem ter várias formas não
necessitando de ser formalizados por escrito.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 162


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Demonstrações financeiras: conjunto dos relatórios contabilísticos elaborados em


cumprimentos das normas estabelecidas que fornecem uma posição financeira verdadeira e
apropriada da instituição e permitem conhecer e tomar decisões sobre os recursos financeiros
aos diversos níveis do Sector da Saúde.

Despesas públicas: todo o dispêndio de recursos monetários ou em espécie, seja qual for a
sua proveniência ou natureza, gastos pelo Estado, com ressalva daqueles em que o
beneficiário se encontra obrigado à reposição dos mesmos. Elas podem ser assumidas,
ordenadas ou realizadas legalmente, inscritas devidamente no Orçamento do Estado, com
cabimento na correspondente verba orçamental, e justificadas quanto a sua economicidade,
eficiência e eficácia. Só podem ser assumidas durante o ano económico para o qual tiverem
sido orçamentadas. As dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na
realização de despesas públicas, no correspondente exercício.

Direitos: Obrigações e Deveres constituídos pelo dinheiro que os clientes ou devedores


devem à empresa.

Elementos patrimoniais: os diferentes bens, direitos e obrigações que compõem o


património da organização.

Endossante/ Sacador: pessoa que, sendo o portador, transmite o direito para cobrança de
uma letra ou seu vencimento.

Endossado/Sacado: pessoa receptora dos direitos de cobrança da letra depois dum endosso.

Factura de compra-venda: é um suporte contabilístico que contém, além dos dados gerais
dos suportes de contabilidade, a descrição dos artigos comprados ou vendidos, os fretes e
impostos respeitantes e as condições de pagamento.

Fundo Maneio: ou Fundo de Rotação é a parte do Activo Circulante com recursos a longo
prazo (passivo fixo).
Fundo Maneio = Activo Circulante – Passivo Circulante
Fundo Maneio = Passivo Fixo – Activo Imobilizado

Ganhos: são outras partidas que satisfazem a definição de proveitos, mas que não são
ordinários. Quando os ganhos são reconhecidos no estado de resultados, é usual apresentá-las
por separado, pois o conhecimento das mesmas é útil para a tomada de decisões económicas.

Inventário: documento no qual é feita uma lista detalhada dos elementos patrimoniais duma
empresa num momento determinado.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 163


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Inventário Analítico: realiza-se detalhando as unidades de cada elemento, o preço por


unidade, quantidades parciais e quantidades totais.

Inventário de Gestão ou Final: é realizado no fim do exercício económico.

Inventário Extraordinário: realiza-se em situações extraordinárias da organização, nos


casos de liquidação, suspensão de pagamentos ou falência.

Inventário Geral: recolhe a lista detalhada de todos os elementos patrimoniais.

Inventário Inicial: realizado antes do inicio da actividade ou no início do exercício


económico.

Inventário Parcial: recolhe a lista detalhada duma parte dos elementos patrimoniais.

Inventário Sintético: é aquele em que são representados os elementos pelo seu preço total. O
número de unidades, o preço unitário e as quantidades parciais são recolhidas nos anexos que
são indicados no próprio inventário

Letra: ordem de pagamento expressa por escrito pelo que uma pessoa -sacador- ordena a
outra -o sacado- que lhe pague a si ou a terceiro -o tomador- determinada importância, num
lugar e em data determinados.

Livrança: título pelo qual uma pessoa, que é denominada assinante, é obrigada a pagar a
outra, denominada portador, e a sua ordem, um determinado valor numa data e num lugar
determinados. A livrança manifesta uma promessa incondicionada duma pessoa a outra de
pagar uma soma determinada.

Livro Diário: serve para registar contabilisticamente, no dia-a-dia, cada uma das operações
da empresa sempre que o detalhe diário apareça noutros livros auxiliares. Além disso,
também é permitida a anotação conjunta de operações sempre que não se supere o período de
um mês.

Livro Razão: no Livro Razão são registadas as diferentes contas e os movimentos gerados
pelas operações contabilizadas em cada uma delas. Cada conta, no Livro Razão, abrange um
fólio compreendidas as suas duas páginas:
 A página da esquerda para o Deve;
 A página da direita para o Haver.

Massas patrimoniais: são grupos de elementos patrimoniais com a mesma funcionalidade


económica ou financeira, quer dizer, com características comuns (Professor José Rey Pombo.
Contabilidade Geral. Editorial Thomson-Paraninfo).

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 164


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Nota Crédito: comprovativo utilizado pela empresa para conceder descontos e saldos que
não estejam liquidados na factura ou quando os clientes fazem devoluções totais ou parciais
das mercadorias, para a sua contabilização.

Nota Débito: é um comprovativo que a empresa utiliza para regsitar na conta dos seus
clientes, um determinado valor por omissão ou erro na liquidação de facturas e os interesses
causados por financiamento ou por atraso no pago das suas obrigações.

Nota de contabilidade: é o documento que se prepara com o fim de registar as operações que
não têm um suporte contabilístico, como no caso dos assentos de correcção, ajustes e fecho.

Obrigações: dívidas que a organização tem com terceiras partes (outras empresas ou
particulares). Quer dizer, o dinheiro que a empresa deve a seus provedores ou credores.

Pagamento antecipado: quando o pagamento é realizado com antecedência à recepção da


mercadoria ou prestação de erviços;

Pagamento à vista: quando o pago é realizado simultaneamente à recepção da mercadoria ou


prestação de serviços;

Pagamento diferido: quando o pagamento é realizado com posterioridade à recepção da


mercadoria ou prestação do serviço.

Passivo: conjunto de elementos patrimoniais constituído pelas dívidas (obrigações de


pagamento) da empresa.

Passivo Corrente: composto pelas dívidas contraídas pela empresa cujo período de
devolução é igual ou inferior a um ano.

Passivo Não Corrente: composto por dívidas contraídas pela empresa cujo período de
devolução é superior a um ano.

Património: conjunto de elementos patrimoniais constituído pelos recursos próprios da


organização, as aportações realizadas pelos donos, os benefícios gerados pela actividade e
outras donações ou transferências de capital de empresas ou organismos oficiais a título
gratuito.

Também se define como conjunto de bens, direitos e obrigações que pertencem a uma
organização (empresa, comerciante, administração pública, social ou outros) num momento
determinado (Professor José Rey Pombo. Contabilidade Geral. Editorial Thomson-
Paraninfo).

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 165


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Princípio das Partidas Dobradas: sempre há uma igualdade entre as somas que figuram no
D dumas contas e as somas que figuram no H de outras. Significa o seguinte:
 A toda partida registada no Deve corresponde-lhe outra ou outras partidas registadas
no Haver pela mesma quantidade e vice-versa.
 Náo há devedor sem credor, nem credor sem devedor.

Processo: conjunto de procedimentos organizados de modo a instruir, de forma padronizada,


as actividades a serem executadas na gestão das finanças públicas.

Protesto: acto formal mediante o qual se comprova a falta de aceptação ou pago duma letra.
Pode ser realizado ante notário, declaração expressada na própria letra pelo livrado,
declaração da entidade bancária em que figura o domicílio de pago, ou da cámara de
compensação. Os requisitos e formas do protesto aparecem nos artigos 747 a 750 do Código
Comercial.

Proveitos ordinários: são proveitos que surgem no curso das actividades ordinárias duma
entidade e adotam uma grande variedade de nomes, tais como vendas, comissões, interesses,
dividendos, regalias e alugueres.

Rácio: relação por quociente entre duas massas patrimoniais.

Meios circulantes
Exemplo: Dívidas curto prazo

Os rácios podem ser expressados em percentagens ou em tanto por um.

Recebimentos e os pagamentos de natureza não orçamental: todas as operações de que


resultem débitos e créditos de natureza financeira, não compreendidas na execução
orçamentária, serão também objecto de registo, individuação e controlo contável.

Receitas públicas: todos os recursos monetários ou em espécie, seja qual for a sua fonte ou
natureza, postos à disposição do Estado, com ressalva daqueles em que o Estado seja mero
depositário temporário. Só elas podem ser cobradas em virtude de lei e, ainda que
estabelecidas por lei, se estiverem previstas no Orçamento do Estado aprovado. Os montantes
de receita inscritos no Orçamento do Estado constituem limites mínimos a serem cobrados no
correspondente exercício.

Recibo de caixa: é um suporte de contabilidade no qual constam os entradas em numerário


registados pela organização. O original entrega-se ao cliente e as cópias são arquivadas uma
para o arquivo e outra para anexar ao comprovativo diário de contabilidade.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 166


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

Recibo de caixa menor/ Fundo de caixa: é um suporte dos gastos pagados em numerário,
por quantias mínimas que não requerem a emissão dum cheque, para isso, é estabelecido um
fundo denominado caixa menor.

Recibo de consignação bancária: é um comprovativo que os bancos elaboram e fornecem


aos seus clientes para que estes diligenciem as consignacoes feitas.

Reconciliação bancária: é o procedimento que visa assegurar que as transacções financeiras


de uma empresa estão devidamente registadas na sua contabilidade. Trata-se de um
procedimento de controlo interno muito importante que ajuda a detectar fraude, omissões s e
erros, efectuado periodicamente.

Relatório Contabilístico: exposição resumida e ordenada de dados colhidos pela


Contabilidade, cujo objectivo é fornecer aos usuários os principais factos registados no
período e distinguem-se entre os obrigatórios e não obrigatórios.

Saldo duma conta: diferença que apresenta entre a soma das quantidades do deve (D) e as do
haver (H).

SISTAFE é o Sistema de Administração Financeira do Estado, que envolve todo o ciclo


orçamental desde a sua elaboração até a execução final, incluindo todos os sub-sistemas que o
compõe, nomeadamente: Orçamento, Tesouro Público, Contabilidade Pública, Património e
Controlo interno.

SISTAFE é o novo sistema integrado de orçamento, programação financeira, contabilidade e


controlo interno do Estado Moçambicano.

Suportes contabilísticos: são os documentos que servem de base para registar as operações
económicas duma organização, portanto, deve-se ter um cuidado especial no momento em
que são elaborados.

Os suportes de contabilidade são elaborados em original e tantas cópias como as necessidades


da organização exijam.

Os suportes contabilísticos devem ser realizados de forma ordenada e resumida, expressando


claramente as transacções que diariamente são realizadas numa Organização.

Títulos de crédito: documentos representativos dum crédito que uma pessoa tem sobre outra.
Estes títulos podem ser transmitidos passando do credor a ser a outrem.

Título executivo: título pelo qual a lei atribui suficiência necessária para exigir o
cumprimento forçado da obrigação que consta nele.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 167


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

VI. QUESTIONÁRIO DE AUTO AVALIAÇÃO DO SUB-MÓDULO 11.1

Prova de Perguntas Fechadas

Indica a resposta correcta às seguintes questões:

1. A Contabilidade é:
a) A ciência que estuda o património das organizações e as variações que se produzem
nele;
b) A ciência que estuda as normas que regulam a sociedade;
c) A ciência que estuda a economia do Estado;
d) Nenhuma das anteriores.
2. O património de uma organização está formado por:
a) Seus bens, direitos e obrigações;
b) A substracção entre os seus bens e as suas obrigações;
c) A soma dos seus bens e direitos;
d) A substracção entre os seus direitos e as suas obrigações.
3. Os bens são:
a) O dinheiro que os clientes e devedores devem à organização;
b) As dívidas que a organização tem contraído com terceiros;
c) As coisas materiais e inmateriais que uma empresa tem para funcionar;
d) A soma do dinheiro que os clientes devem à empresa e as coisas materiais que tem.
4. O Passivo não corrente está formado por:
a) As dívidas cujo período de devolução é superior a 1 ano;
b) Os direitos de cobro com vencimento inferior a 1 ano;
c) O dinheiro do banco;
d) Os direitos de cobro com vencimento superior a 1 ano.
5. O Activo é igual a:
a) Património Líquido;
b) Dívidas a L/P;
c) Activo Corrente + Activo Imovilizado;
d) Património Líquido + Dívidas a L/P.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 168


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6. O equilíbrio patrimonial diz que:


a) A = P + Património Líquido;
b) A < Património Líquido;
c) P > A;
d) P = A + Património Líquido.
7. As contas de Activo apresentam:
a) Sempre Saldo credor;
b) Saldo devedor ou Saldo 0;
c) Sempre Saldo devedor;
d) Saldo credor ou Saldo 0.
8. As contas de Depósitos apresentam:
a) Sempre Saldo credor;
b) Saldo credor ou Saldo 0;
c) Sempre Saldo devedor;
d) Saldo devedor ou Saldo 0.
9. O Livro Razão serve para:
a) Registar contabilisticamente, dia-a-dia, cada uma das operações da empresa;
b) Registar as diferentes contas e os movimentos gerados em cada uma delas;
c) Registar o movimento de entradas e saídas do pessoal da empresa;
d) Registar o valor total dos elementos da empresa.
10. As letras, livranças e cheques:
a) São títulos de crédito;
b) Não se podem endossar;
c) Não são títulos executivos;
d) Recolhem os preços unitários das mercadorias vendidas.
11. O PBCP é estruturado em:
a) Classes;
b) Grupos;
c) Classes e grupos;
d) Classificações.
12. As contas de Activo do PBCP compreendem os seguintes grupos de contas:
a) Activo circulante;
b) Activo imobilizado;
c) Activo realizável a médio e longo prazo;
d) Os três anteriores.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 169


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

13. O princípio de consistência estabelece que:


a) A informação deve ser produzida em tempo oportuno e útil por forma a apoiar a
tomada de decisões e a análise da gestão;
b) Os procedimentos contabilísticos de um exercício para o outro não devem ser
alterados;
c) A informação produzida apresenta todos os elementos relevantes que permitam o
acompanhamento da utilização dos recursos públicos;
d) O registo das operações observa as normas determinadas ao longo da vida dos
respectivos orgãos ou instituções.
14. O Governo elabora, no fim de cada exercício, as seguintes demonstrações
contabilísticas:
a) O Balanço; a Demonstração de Resultados e o Inventário Contabilístico.
b) O Balanço; os Mapas de Controlo Orçamental e o Inventário Contabilístico.
c) O Balanço; os Mapas de Controlo Orçamental; a Demonstração de Resultados e o
Inventário Contabilístico.
d) Os Mapas de Controlo Orçamental; a Demonstração de Resultados e o Inventário
Contabilístico.
15. O SISTAFE é:
a) O novo sistema integrado de programação financeira, contabilidade e controlo
interno do Estado Moçambicano;
b) O novo sistema integrado de orçamento, programação financeira, contabilidade e
controlo interno do Estado Moçambicano;
c) O novo sistema integrado de orçamento, programação financeira e controlo interno
do Estado Moçambicano;
d) O novo sistema integrado de orçamento, contabilidade e controlo interno do Estado
Moçambicano.
16. A autonomia administrativa e financeira é caracterizada por:
a) A minimização dos desperdícios para a obtenção dos objectivos delineados;
b) A utilização racional dos recursos disponibilizados, bem como uma melhor gestão de
tesouraria;
c) A capacidade que um órgão e instituição do Estado tem de realizar, além da
execução das fases da receita e da despesa, a programação financeira com base nas
suas receitas próprias;
d) A observância das normas legais vigentes.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 170


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17. O Módulo de Gestão do Património do Estado:


a) Apoia a administração da dívida;
b) Apoia a elaboração da Proposta do Orçamento do Estado;
c) Apoia a administração do Património do Estado;
d) Apoia a administração da Rede de Cobrança.
18. O quinto nível de classificação de despesa indica:
a) O grupo agregado de despesa;
b) A desagregação da despesa;
c) A origem fiscal ou não fiscal da despesa;
d) A desagregação por cada imposto ou taxa.
19. É um Processo do Macro-Processo de Execução do Orçamento do Estado:
a) A realização de estudos e pesquisas socio-económicos;
b) A execução das fases da receita, execução da programação financeira, execução das
fases da despesa e encerramento do exercício económico;
c) A gestão do Património do Estado;
d) A avaliação do cumprimento das metas previstas nos planos e programas.
20. É uma responsabilidade do Sub-sistema da Contabilidade Pública:
a) Administrar os haveres financeiros e mobiliários;
b) Avaliar os processos de execução orçamental e financeira;
c) Elaborar e manter actualizado o plano de contas;
d) Verificar a aplicação dos procedimentos estabelecidos.
21. É um requisito da factura:
a) A promessa de pagar determinada quantidade de dinheiro;
b) Descrição específica ou genérica dos artigos vendidos ou serviços prestados, do
preço unitário e do importe total;
c) A cópia do cheque;
d) O carimbo da caixa ou o timbre da máquina registadora.
22. O assento de apertura:
a) Recolhe, ao início dum exercício, a situação económico-financeira da empresa num
determinado momento;
b) Recolhe a variação de existências, amortizações e periodificações;
c) Fecha todas as contas utilizadas durante o exercício;
d) Regulariza as contas de gastos e ingressos passando à conta “Resultado do
exercício”.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 171


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23. A Reconciliação bancária é:


a) O registo das posições de fecho representadas no MOAF;
b) O instrumento financeiro que se utiliza para visualizar a lista de todos os débitos e
créditos das contas;
c) O conjunto de transacções que originaram a saída de valores da CUT;
d) O procedimento que visa assegurar que as transações financeiras de uma empresa
estão devidamente registadas na sua contabilidade.
24. Os passos do procedimento da Reconciliação bancária são:
a) Lançar as movimentações periodicamente, conferir detalhes dos lançamentos e, se
houver diferenças nos lançamentos, corrigir;
b) Lançar as movimentações periodicamente, verificar saldo no extrato bancário e, se
houver diferenças nos lançamentos, corrigir;
c) Lançar as movimentações periodicamente, verificar saldo no extrato bancário,
conferir detalhes dos lançamentos e, se houver diferenças nos lançamentos,
corrigir;
d) Verificar saldo no extrato bancário, conferir detalhes dos lançamentos e, se houver
diferenças nos lançamentos, corrigir.
25. No processo de Segurança dos Documentos Contabilísticos é expressamente
proibido:
a) A retirada de documentos do arquivo de contabilidade a solicitude de
Auditores/Inspectores;
b) Devolver os documentos retirados ao arquivista;
c) Solicitar a assinatura por parte de quem recebeu os documentos;
d) Fornecer cópias a cores dos documentos.
26. Deverão ser mantidos no Cofre de Segurança:
a) O livro razão;
b) O MOAF;
c) Os cheques;
d) O PES.
27. As pessoas envolvidas num cheque são:
a) Livrado e livrador;
b) Endossador e endossado;
c) Girado e girador;
d) Vendedor e comprador.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 172


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28. São livros obrigatórios das empresas:


a) Livro Razão e Balancetes;
b) MOAF e Balanço Orçamental;
c) Livro Diário e Livro de Inventários e Balances;
d) Livro Diário e Livro Razão.
29. Uma das seguintes afirmações sobre as Demonstrações financeiras, é falsa:
a) As demonstrações financeiras elaboradas dentro dos prazos, e nos modelos
previamente aprovados, permitem aos gestores destes recursos avaliar o estágio da
execução financeira e orçamental;
b) As demonstrações financeiras elaboradas dentro dos prazos e nos modelos
previamente aprovados, permitem conhecer a disponibilidade financeira e
orçamental;
c) As demonstrações financeiras elaboradas dentro dos prazos e nos modelos
previamente aprovados, permitem conhecer todos os movimentos de contas
bancárias;
d) As demonstrações financeiras elaboradas dentro dos prazos e nos modelos
previamente aprovados, permitem que todos os interessados conheçam o
desempenho do sector na esfera da execução orçamental.
30. As transacções realizadas com recurso aos fundos do Sector da Saúde devem ser
reportados:
a) Até o dia 10 do mes subsequente;
b) Mensalmente;
c) A cada 15 dias;
d) Duas vezes por ano.
31. São modelos de Demonstrações Contabilísticas das empresas:
a) O MOAF;
b) A reconciliação bancária;
c) O Orçamento do Estado;
d) O Balanço e a Demonstração de Resultados.
32. É uma característica das Demonstrações Contabilísticas das empresas:
a) A claridade;
b) A oportunidade;
c) A consistência;
d) A representação fidedigna.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 173


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

33. Qual das seguintes afirmações é correta?:


a) Receitas previstas > Receitas realizadas = Superávit.
b) Receitas previstas > Receitas realizadas = Déficit.
c) Receitas previstas > Receitas realizadas = Equilíbrio.
d) Receitas previstas = Receitas realizadas = Superávit.
34. Os cenários possíveis da Demonstração de Resultados do Estado são:
a) Déficit económico, Superávit económico e Equilíbrio económico;
b) Déficit económico e Superávit económico;
c) Déficit económico e Equilíbrio económico;
d) Superávit económico e Equilíbrio económico.
35. O Balanço Patrimonial demonstra para cada Gestão:
a) A posição das contas que constituem o Activo e o Passivo;
b) A receita e a despesa orçamentais realizadas;
c) As receitas previstas e as despesas fixadas;
d) O Património Líquido do Estado.
36. Os rácios podem ser expressados em:
a) Tanto por mil ou tanto por um;
b) Percentagens ou tanto por mil;
c) Percentagens ou tanto por um;
d) Percentagens.
37. A análise patrimonial estuda:
a) A parte do Activo Corrente financiada com recursos a longo prazo;
b) A estrutura da organização e as relações entre as distintas massas patrimoniais do
Activo e do Passivo;
c) A capacidade que a empresa tem para gerar liquidez;
d) A rentabilidade da empresa.
38. O rácio Situação Financeira 1 (SF1):
a) Verifica a existência, ou não, de superávit financeiro apurado em balanço
patrimonial;
b) Se o resultado for maior que 1, indica que a soma das Operações de Crédito foi maior
que a Receita Líquida Real;
c) Demonstra a proporção da relação existente entre o valor AI e do P l/p;
d) Indica a utilização dos créditos consignados no Orçamento Geral do Estado.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 174


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39. O rácio Execução da Receita (ER):


a) Indica o quanto a Receita Executada já foi cumprida do Orçamento, em comparação
com a Receita Prevista;
b) Indica a posição do saldo que passa para o exercício seguinte;
c) Constitui um dos meios de se identificar o resultado apresentado no Balanço
Financeiro;
d) Indica o resultado do Exercício Financeiro.
40. O rácio Execução da Despesa (ED) indica:
a) A existência de um superávit ou déficit orçamental;
b) O quanto do valor da Despesa Fixada foi usada pela Despesa Executada;
c) O saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês;
d) Quanto foi aberto de Crédito Suplementar.

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 175


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Soluções da prova de perguntas fechadas do sub-módulo 11.1

Número da pergunta Alínea (resposta) a assinalar


Pergunta 1 a
Pergunta 2 a
Pergunta 3 c
Pergunta 4 a
Pergunta 5 c
Pergunta 6 a
Pergunta 7 b
Pergunta 8 b
Pergunta 9 b
Pergunta 10 a
Pergunta 11 c
Pergunta 12 d
Pergunta 13 b
Pergunta 14 c
Pergunta 15 b
Pergunta 16 c
Pergunta 17 c
Pergunta 18 b
Pergunta 19 b
Pergunta 20 c
Pergunta 21 b
Pergunta 22 a
Pergunta 23 d
Pergunta 24 c
Pergunta 25 d
Pergunta 26 c
Pergunta 27 c
Pergunta 28 c
Pergunta 29 c
Pergunta 30 b
Pergunta 31 d
Pergunta 32 d
Pergunta 33 a
Pergunta 34 a
Pergunta 35 a
Pergunta 36 c
Pergunta 37 b
Pergunta 38 a
Pergunta 39 a
Pergunta 40 b

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 176


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Prova de Perguntas Abertas

1. Qual é a diferença entre a Contabilidade Analítica e a Contabilidade Financeira?


2. Podes definir as sub-massas do Activo e pôr três exemplos de componentes de cada uma
delas?
3. Por favor, descreve as fases de elaboração de um inventário e a sua estrutura:
4. Explica o funcionamento das contas de Passivo:
5. Explica, através de um exemplo, o princípio de partidas dobradas:
6. Classifica as contas que contêm o Passivo segundo o PBCP:
7. Explica o procedimento de Pago de Salários e Remunerações:
8. Define o Regime Misto e explica o conceito através de um exemplo:
9. Realiza um esquema da estrutura do SISTAFE:
10. Define as Receitas e as Despesas e dá um exemplo de cada uma delas:
11. Explica o que são os suportes contabilísticos e coloca dois exemplos dos mais utilizados
pelas instituções de saúde:
12. Realiza um esquema do Processo de Prestação de Contas no qual apareçam as
Demonstrações contabilísticas e financeiras, o seu processo de elaboração, periodicidade
e prazo:
13. Explica brevemente o Processo de Gestão de arquivo de contabilidade:
14. Define os diferentes tipos de assentos contabilísticos:
15. Explica, esquematicamente, o Procedimento de Reconciliação Bancária:
16. Explica a estrutura das componentes do Balanço do Estado:
17. Explica como se classifica o Balanço para facilitar a análise económica, patrimonial e
financeira:
18. Explica os rácios de solvência, os seus valores ideais e sentido de que os valores
resultantes não são ideais:
19. Explica o rácio Execução Orçamental (EO) e o sentido dos seus possíveis resultados:
20. Explica o rácio Execução Orçamental Corrente (EOC) e o sentido dos seus possíveis
resultados:

Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 177


Sub-módulo 11.1 Contabilidade Pública básica aplicada nas instituições de saúde

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bibliografia:

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Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 178


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Ministério da Saúde UD4: Análise das contas - 179


UNIÃO EUROPEIA
Projecto de Fortalecimento Institucional do Ministério da Saúde.
EuropeAid/127986/D/SER/MZ
Consorcio:

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