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ECONOMIA E

DESENVOLVIMENTO
Prof. ME. VICTOR ANDREI DA SILVA
Universidade de Marília
Avenida Hygino Muzzy Filho, 1001
CEP 17.525–902- Marília-SP

Reitor Pró-reitor Administrativo


Márcio Mesquita Serva Marco Antonio Teixeira
Vice-reitora Direção do Núcleo de Educação a Distância
Profª. Regina Lúcia Ottaiano Losasso Serva Paulo Pardo
Pró-Reitor Acadêmico Coordenadora Pedagógica do Curso
Prof. José Roberto Marques de Castro Ana Lívia Cazane
Pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Ação Comunitária Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico
Profª. Drª. Fernanda Mesquita Serva B42 Design

G915b Sobrenome, Nome autor


Titulo Disciplina [livro eletrônico] / Nome completo autor. -
Marília: Unimar, 2020.

PDF (XXX p.) : il. color.

ISBN XXX-XX-XXXXX-XX-X

1. palavra 2. palavra 3. palavra 4. palavra 5. palavra 6.


palavra 7. palavra 8. palavra I. Título.

 CDD – 610.6952017

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005 Aula 01: Introdução aos estudos sobre Economia

012 Aula 02: A Economia e os aspectos Históricos

018 Aula 03: Conceitos Fundamentais em Economia

022 Aula 04: O Pensamento Econômico Keynesiano

028 Aula 05: Fundamentos da Teoria Econômica

036 Aula 06: A Microeconomia

043 Aula 07: Economia e a Política Macroeconômica

051 Aula 08: Renda, Juros e Lucros

057 Aula 09: O Produto Nacional Bruto

063 Aula 10: A Inflação

069 Aula 11: O Crescimento Econômico e Desenvolvimento

074 Aula 12: As Políticas Fiscais

080 Aula 13: As Políticas Monetárias

086 Aula 14: Emprego, Salário e Mercado de Trabalho

094 Aula 15: Monopólios e Oligopólios

100 Aula 16: Relações Econômicas Internacionais

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Introdução
Ao ligar a televisão em seu telejornal favorito de manhã, ou acessar seu portal de
notícias pelo smartphone, por exemplo, certamente alguma notícia sobre economia é
uma das pautas a serem discutidas, pois a economia está presente na vida de todos.

Não existe cidadão no mundo que não tenha tido sua vida impactada pelos fatores
econômicos, pois ela está presente nas mais diversas áreas. A tecnologia, por exemplo,
veio para nos auxiliar e facilitar nossas vidas, mas junto com ela, veio também o
desemprego. Não há segmento na sociedade que seja imune aos seus efeitos, e desde
a área pública até o segmento privado, compreender o que é a economia, seus efeitos
e como ela age e impacta as mais diversas áreas é fundamental para o
desenvolvimento de uma nação.

Ao longo dos estudos desta disciplina, vamos apresentar aspectos importantes sobre
os conceitos básicos da economia, aspectos sobre microeconomia e macroeconomia,
política scal e monetária, in ação, desemprego, PIB, distribuição de renda e a atual
situação econômica do Brasil.

O objetivo é despertar em você um interesse mais profundo sobre os conceitos e os


pressupostos teóricos que envolvem os estudos sobre a economia enquanto ciência e
como objeto de estudo das mais diversas áreas. Nesse sentido, este material vai
auxiliá-lo e conduzi-lo nesse processo de compreensão e entendimento sobre as
conjunturas econômicas, e como os problemas históricos que afetam as sociedades até
os nossos dias não são meros acasos. Buscaremos fazê-lo compreender de maneira
estruturada e clara como os estudos que envolvem a economia enquanto ciência são
muito importantes para o nosso conhecimento.

Bons estudos!

Prof. Me. Victor Andrei.

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01

Introdução aos estudos


sobre Economia
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Introdução à Economia
Com uma in nidade de novos produtos sendo ofertados incansavelmente a
consumidores, a grande busca por compra e venda tem aumentado a cada dia. Desde
o comércio de rua, que logo pela manhã inicia suas atividades, até o m da noite nos
shoppings centers, compradores e vendedores "travam" uma batalha por melhores
condições de pagamentos, preços e descontos por roupas, comidas, eletrônicos,
viagens, acessórios, etc. (SOUZA, 2008).

A diversidade de bens e serviços supre a necessidade de homens e mulheres de todas


as classes sociais. É nessa visão que os estudos sobre economia fazem sentido. As
ciências sociais procuram estudar o comportamento e como as pessoas agem e o que
torna a economia diferente das outras ciências sociais.

Para Wessels (2003, p. 2), “os modelos econômicos assumem que as pessoas racionais
(com preferências bem-ordenadas), que desejam maximizar algo (tal como, os lucros
e a satisfação) fazem o melhor que podem, dados os recursos escassos”.

Na economia, os estudos são usados para entender as escolhas e preferências dos


consumidores sobre que produtos comprar e como essas decisões afetam as
empresas sobre que produtos produzir (SOUZA, 2008). Por isso, empresas e seus
departamentos de marketing, desenvolvimento de produtos, pesquisas e
desenvolvimento, por exemplo, detalham estudos para compreender a viabilidade
nanceira e produtiva ou não de determinados produtos.

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A economia como ciência social
De acordo com Rossetti (2000, p. 30), “as ciências sociais ocupam-se dos diferentes
aspectos do comportamento humano e podem ser caracterizadas como ciências do
comportamento ou, alternativamente, como ciências humanas”.  

A ciência política trata das relações entre a nação e o Estado, das formas como o
governo conduz os negócios públicos e, ao direito, cabe-lhe estudar os costumes
relativos às regras, valores, normas e costumes que somados regularão os direitos e
obrigações individuais e sociais (WESSELS, 2003).

A economia, assim como as demais áreas de estudos, “abrange apenas uma das
frações existentes no campo dos estudos sociais e a ela compete os estudos das
ações econômicas do homem, envolvendo o processo de produção, a geração e a
apropriação da renda, o dispêndio e a acumulação” (ROSSETTI, 2000, p. 31).

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Algumas considerações a respeito da integração entre o estudo sociológico e
o conhecimento da História e da Ciência Econômica: considerando que são
ciências a ns, com pontos em comum e que uma pode ser fonte de subsídio
da outra, busca-se apontar ao cientista social a importância de conhecer
essas ciências.

Acesse o link: Disponível aqui

A economia não se isola em meio aos demais estudos. Ela está intimamente ligada
com as demais áreas dos estudos sociais, assim, seus estudos não podem ter um
olhar “à parte”, pois eles re etem as demais circunstâncias das outras áreas de
estudos, tornando mais relevantes as discussões e se aproximando dos demais
contextos e estudos sociais.

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Fonte: Pexels. Disponível aqui

Segundo Rossetti,

[...] o estudo da economia implica a abertura de suas fronteiras às


demais áreas das ciências humanas. Esta abertura se dá em dupla
direção, assumindo assim, caráter biunívoco. De um lado, porque a
economia busca alicerçar seus princípios, conceitos e modelos
teóricos não apenas na sua própria coerência, consistência e
aderência à realidade, mas ainda nos desenvolvimentos dos demais
campos do conhecimento social (Rossetti, 2000, p. 31).

Nesse sentido, os questionamentos econômicos podem in uir e ir a fundo em


questões conceituais desses mesmos campos, abrindo-se a fronteira de estudos
sobre loso a, ética, história, religiões, tecnologia e meio ambiente. Essas relações
biunívocas da economia com as demais áreas do conhecimento podem ser
explicitadas na gura 1. 

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Figura 1 – O caráter biunívoco das relações econômicas com outras áreas do
conhecimento social.

Fonte: Adaptado de Rossetti (2000, p. 32).

A ocupação dos estudos econômicos

A ação econômica é envolvida por uma complexa teia de relações sociais e de uma
multiplicidade de fatores que possui certo conjunto de destaque e aspectos
particulares da realidade que interessam diretamente da economia (MOCHÓN, 2006).

De acordo com Rossetti (2000, p. 33), “um deles é um polinômio produção-


distribuição-dispêndio-acumulação, o outro é um trinômio riqueza-pobreza-bem-
estar, o binômio chamado de crescimento-desenvolvimento e o trinômio recursos-
necessidades-prioridades”.

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O polinômio produção-distribuição-dispêndio-acumulação foi destacado
pelo economista francês Jean-Baptiste Say. De fato, o economista francês
Jean-Baptiste Say (1767-1832) pode, sem dúvida, ser considerado como um
dos mais importantes predecessores da Escola Austríaca. Nascido em Lyon,
foi enviado para a Inglaterra para completar seus estudos e viveu em
Croydon e depois em Genebra e Londres, onde trabalhou no comércio.
Posteriormente, voltou a seu país natal, para trabalhar em uma companhia
de seguros. Fortemente in uenciado pela obra de Adam Smith,
especialmente pela ardorosa defesa do livre comércio que caracterizou o
pensador escocês, entre 1794 e 1800, foi editor do periódico  La
Décade  philosophique, littéraire et politique, que se dedicava a defender as
vantagens do livre mercado e a criticar o intervencionismo. Discípulo de
Adam Smith, Say fez muito para divulgar o trabalho do escocês no
continente Europeu, embora A Riqueza das Nações tenha sido traduzida para
o francês quando Say tinha apenas 12 anos de idade.

Fonte: Disponível aqui

Estes e outros aspectos como emprego, produção, mercados, moedas, transações,


remunerações, crescimento e organização, por exemplo, são apenas alguns dos
temas das quais a economia se ocupa para discutir e debater. A economia enquanto
ciência “navega” nas mais diversas áreas sendo direta ou indiretamente importante
para o desenvolvimento das mais diversas áreas de uma sociedade como um todo.

Enquanto ciência de estudos de âmbito social, a economia se aprofunda nas


mais diversas áreas e é, sem sombra de dúvidas, uma ciência que participa,
in uencia e altera seu contexto de atuação.

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02

A Economia e os
aspectos Históricos
12
A História e a Economia
Enquanto ciência, os estudos sobre economia discorreu nos últimos quatro séculos,
ou seja, aproximadamente 500 anos. Esses estudos se confundiram com as demais
áreas de estudos que envolvem as ciências sociais e também se desenvolveram
durante a criação de diversos estados (MARTINS, 2003).

Para Rossetti (2000, p. 46), “em seu nascedouro, a denominação usual da economia
era adjetivada. Denominava-se economia política. Com o tempo, a adjetivação caiu
em desuso e evoluiu para simplesmente economia”.

De acordo com Rossetti (2000, p. 46), “a expressão política a rmou-se a partir do início
do século XVII, embora os lósofos da Grécia Antiga, como Platão e Aristóteles, e os
escolásticos da Idade Média tenham explorado temas de conteúdo econômico”.

Conforme Brue (2005, p. 33), “ loso camente, a palavra economia remonta à Grécia
antiga, onde o economicus” signi cava “gerenciamento das questões domésticas”.
Aristóteles e Platão deram, de certo modo, contribuições para o que entendemos
como pensamento econômico.

E como essa contribuição pode ter ocorrido? Em sua maneira de pensar, das artes
naturais e não naturais para aquisição, Aristóteles presumiu que atividades naturais
eram essenciais para vida.

Assim, a agricultura e pesca, por exemplo, eram importantes para a sobrevivência dos
indivíduos e nas aquisições não naturais, presume-se uma aquisição desnecessária,
ou seja, consumismo (Martins, 2003).

Contudo, conforme a rma Rossetti  (2000, p. 46), “a expressão economia política é


atribuída ao francês Antoine de Montchrétien, autor de um Traicté de l'économie
politique, publicado em 1615.

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Embora, hoje, o conceito seja basicamente o mesmo, é importante entender
as diferenças que antes existiam sobre economia e economia política. “A
economia política torna conhecida a natureza da riqueza. Desse
conhecimento de sua natureza deduz os meios de sua formação, revela a
ordem de sua distribuição e examina os fenômenos envolvidos em sua
distribuição, praticada por meio do consumo (Rossetti, 2000, p. 47).

Desde a Antiguidade ao Renascimento, até chegar ao tratado de


Montchrétien, as questões econômicas de maior relevância para as
discussões eram os sistemas da posse territorial, a servidão, a
arrecadação de tributos, a organização das primeiras corporações, a
concessão de mercados, o comércio inter-regional, a cunhagem e o
emprego das moedas. E cada uma dessas questões era tratada sob
ângulos da política, da loso a e do direito canônico (ROSSETTI,
2000, p. 46).

Fundamentos Teóricos e a Vinculação


Ideológica
De acordo com Rossetti (2000, p. 62), “o atributo de atemporalidade e, de certa forma,
também o da dimensão espacial da realidade econômica transparecem claramente
em qualquer tentativa de construção da árvore genealógica da economia”. Essa
denominação é usada para criar um elo entre as principais escolas do pensamento
econômico.

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As escolas dos pensamentos econômicos correspondem, assim, não só a conjuntos
sistematizados e interconsistentes de princípios teóricos, como também a sistemas e
ideias e de valores, comprometidos com as questões éticas, políticas e sociais
(ROSSETTI, 2000). Ademais,

As interligações entre as principais escolas do pensamento


econômico não ocorrem isoladas, e as ligações se dão por dois
canais, sendo o primeiro o da convergência dos fundamentos
teóricos e o segundo e mais importante, da vinculação ideológica
(ROSSETTI, 2000, p. 62).

Nesse sentido, nessa perspectiva de interpretação, que surgiram e se desenvolveram


os grandes troncos de estudos da economia, “o mercantilismo costurou interesses do
Estado colonialista dos séculos XVI e XVII. A siocracia e a escola clássica traduziram
os ideais do liberalismo individualista do século XVII. A crença do bem-estar da
sociedade poderia ser alcançada por instituições como a propriedade privada dos
meios de produção” (ROSSETTI, 2000, p. 64).

Os fundamentos do fortalecimento do Estado mercantilista ruíram sob as novas


construções teóricas e doutrinárias das escolas liberais. Mais à frente, nos ideais do
socialismo como reação às iniquidades atribuíveis à ordem liberal, notadamente o
crescente distanciamento entre os empreendedores e a classe trabalhadora.

De acordo com Rossetti (2000, p. 64), “a partir do nal da primeira metade do século
XIX, com Marxismo, a estrutura teórica do pensamento socialista consolidou-se. Os
fundamentos de uma nova concepção de economia e de ordenamento do processo
econômico estavam de nidos”.

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Logo após a derrota da classe trabalhadora nas revoluções de 1848, Marx
dedicou grande parte de seus esforços a estudar a economia capitalista. Em
1859, publicou a Contribuição à Crítica da Economia Política, a qual detém um
“prólogo” amplamente conhecido. Esse livro contém uma passagem também
bastante conhecida sobre o método da economia política. Cabe ressaltar
que Marx nunca formalizou um “método” no sentido estrito de uma série de
passos claramente delimitados para fazer ciência. Por este motivo, outros
autores tenham procurado aprofundar mais na “estrutura lógica” de suas
obras, em particular em  O Capital, assim como em seu modo de fazer
ciência, tendo como referência um leque que vai desde Roman Rolsdolsky
até Manuel Sacristán, passando por Daniel Bensaïd.

Fonte: Disponível aqui

Os economistas denominados marginalistas eram contra as tendências decorrentes


dos preceitos socialistas. Desenvolveram engenhosos modelos teóricos dedutivos
para comprovar que o equilíbrio da economia, fruto da racionalidade, era compatível
com a realização do máximo benefício social, desde que não houvesse interferência
nas leis naturais da economia, como propunham os socialistas (ROSSETTI, 2000).

De acordo com Rossetti (2000, p. 64),

“os desdobramentos dessas duas grandes correntes de pensamento


econômico, liberalismo clássico e socialismo marxista, estenderam-se
pelo século XX. O Monetarismo e a economia do bem-estar são as
escolas mais recentes à ideologia neoclássica”.

O keynesianismo buscou a conciliação de criar condições para a condução da


economia da forma mais e ciente possível, sem ofender suas bases institucionais. De
um só golpe, refutou  a intervenção revolucionária do socialismo de Estado e do

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liberalismo pleno de derivação clássica.

Os desenvolvimentos mais recentes parecem, assim, caracterizar-se


mais por tendências centrípetas do que por tendências centrífugas,
que marcaram nos séculos precedentes o surgimento e a a rmação
das diferentes correntes do pensamento econômico. Até que ponto
esses novos desenvolvimentos apontam na direção do m das
ideologias parece ser, daqui para frente uma das mais intrigantes
questões da economia (ROSSETTI, 2000, p. 64).

A formulação de políticas econômicas atuais geralmente se fundamentam em


conhecimentos decorrentes de sistematizações teóricas. No confronto com a
realidade, validam-se ou rejeitam-se, total ou parcialmente, os conhecimentos
acumulados.

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03

Conceitos Fundamentais
em Economia
18
Conceito de Economia
Em sua complexa forma de atuação e de relação com as demais ciências de estudos
sociais, determinados fatores que condicionam a atividade da economia di cultam
rotulá-la sob a ótica de um único conceito. Sabemos que a economia é in uenciada na
sua forma de pensar e na sua aplicação prática, por diferentes concepções político-
ideológicas (ROSSETTI, 2000).

É válido lembrar que cada corrente sobre os pensamentos econômicos possui uma
forma de enxergar a economia e, assim, elaborar suas concepções, conceitos e
modelos.

É a ciência que estuda os recursos escassos e as alternativas de


produção, para atender às necessidades ilimitadas dos indivíduos.
[...] compete o estudo da ação econômica do homem, envolvendo
essencialmente o processo de produção, a geração e a apropriação
da renda, o dispêndio e a acumulação (ROSSETTI, 2000, p. 31).

Marshall (1961, p. 48) possui uma de nição mais ampla sobre o conceito de
economia. Para o autor, a economia é “um estudo da humanidade nas atividades
correntes da vida e examina a ação individual e social, seus aspectos mais
estreitamente ligados à obtenção e ao uso das condições materiais do bem-estar”.  

Economia, basicamente, é a maneira como a sociedade decide empregar seus


recursos escassos, visando à produção de diferentes bens que satisfaçam às
necessidades humanas (BRUE, 2005).

Vista desta forma, a economia é um estudo dos homens tal como


vivem, agem e pensam nos assuntos comuns da vida. Mas diz
respeito, principalmente, aos motivos que afetam, de modo intenso e
constante, à condução dos homens no campo, das transações
mercantis e dos negócios (MARSHALL, 1961, p. 35).

Naturalmente, se compararmos, a economia não tem a mesma precisão das ciências


físicas, pois ela se relaciona com as forças sutis e sempre mutáveis da natureza
humana e, assim, na utilização dos conhecimentos, considera os incentivos e os ns

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últimos que levaram à busca de determinadas satisfações. Para Rossetti (2000, p. 45),
“as medidas econômicas dessas satisfações são o ponto de partida da economia”.

A abrangência dos estudos em


economia
Sabemos que as ações humanas não residem necessariamente, apenas na aquisição
de recursos economicamente mensuráveis. Por conta de diversos fatores
mercadológicos, sejam eles por questões sociais e de uma pura e simplesmente
necessidade de status, existem as concorrências que movem por sua força e levam os
homens de negócios a rivalizar com outros homens. Não tem nada a ver sobre o
acúmulo de riquezas, mas sim, de competitividade (MARSHALL, 1961).

Essas ideias podem ser ilustradas, enumerando-se algumas das principais questões
estudadas pela economia da seguinte forma:

Tabela 1 – Questões estudadas pela economia

Que afetam o consumo e a produção, a distribuição e a troca de


Quais
riquezas, a organização da indústria e do comércio, o comércio
causas
exterior, as relações entre empregados e empregadores.

A in uência da liberdade econômica, qual sua importância, efeitos


Qual
imediatos e mais remotos e até que ponto vão os inconvenientes da
alcance
liberdade econômica para que os deles não se bene ciem.

Ser distribuída a incidência de impostos entre as diferentes classes


Como da sociedade, quais são os empreendimentos de que a sociedade,
deve por ela mesma, deve carregar-se e quais farão intermédio com o
governo.

Sob que Diferem os deveres de uma nação em relação às outras, em matéria


aspectos econômica, dos que têm entre si, os cidadãos de uma mesma nação.

Fonte: Adaptado de Marshall (1961, p. 39).

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Se assim considerada, a economia é o estudo das condições materiais da vida em
sociedade e dos motivos que levam os homens a ações que têm consequências
econômicas. É seu objeto de estudos a pobreza, enquanto estudos das causas da
degradação de uma grande parte da humanidade; das condições, motivações e
razões da riqueza; das ações individuais e sociais ligadas à obtenção do bem-estar
(ROSSETTI, 2000).

De acordo com o levantamento realizado a partir da Pesquisa Nacional por


Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE, o índice de pobreza no Brasil
aumentou em 11,2% de 2016 para 2017. Na prática, estamos falando de um
aumento de 1,49 milhão de pessoas que passaram a conviver com até R$136
mensais.

Acesse o link: Disponível aqui

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04

O Pensamento
Econômico Keynesiano
22
A Teoria do Emprego
O modelo de macroeconomia keynesiano é bastante simples, mas su ciente para que
estudantes das ciências sociais aplicadas tenham um conhecimento básico de
economia no âmbito global e possam entender melhor os fatores determinantes do
nível geral dos preços, do crescimento das rendas, do nível de empregos e da
produção.

De acordo com Mendes (2004, p. 175), "dois dos objetivos econômicos globais são a
máxima produção de bens e serviços e a manutenção do pleno emprego. Os níveis
máximos possíveis de produção, geralmente, não são alcançados porque os recursos
não são plenamente empregados". A análise das causas do hiato entre a produção
real e potencial constitui umas das preocupações centrais da macroeconomia, que
tem como uma das principais fontes a obra Teoria geral do emprego, dos juros e da
moeda, de Keynes (ROSSETTI, 2000).

Até a época da chamada Grande Depressão, ocorrida em 1929, os conceitos


macroeconômicos eram baseados nos mecanismos da teoria clássica sobre o
equilíbrio geral da atividade econômica, também chamada de teoria clássica do
emprego, desenvolvida pelos teóricos liberais dos séculos XVIII e XIX.

23
John Maynard Keynes, economista fundador da macroeconomia moderna

Fonte: Wikimedia Disponível aqui

A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, foi uma forte


recessão econômica que atingiu o capitalismo internacional no nal da
década de 1920. Marcou a decadência do liberalismo econômico, naquele
momento, e teve como causas a superprodução e especulação nanceira.

Acesse o link: Disponível aqui

Para Mendes (2004, p. 175), "todo o desenvolvimento clássico sobre o equilíbrio geral
da economia se fundamentava na famosa lei de Say (que a oferta cria sua própria
procura), ou seja, a produção é que cria mercados para os produtos".

24
Essa convicção de Say se originava do fato inquestionável de que a fonte de onde
provém a procura é a renda obtida pelos que participam do processo de produção
(oferta). Observamos que essa lei é baseada na simultaneidade e na interdependência
dos uxos da produção e da renda.

Contudo, com o tempo, os economistas clássicos deram a essa lei um signi cado mais
amplo. Para Mendes (2004, p. 175), "qualquer nível de produção, o valor da procura
não poderá ser nem inferior ou superior, mas exatamente igual ao valor dos bens
produzidos, ou seja, igual ao valor da oferta".

A Teoria do emprego na versão Keynesiana

Todas as suposições anteriores de economistas clássicos foram, contudo, contestadas


pelas graves perturbações da grande depressão, que marcou os desastrosos anos da
crise da década de 1930. Conforme Mendes (2004, p. 176), ocorre "quando a queda da
procura agregada de bens, embora tenha gerado uma prolongada redução de preços,
não foi recompensada por uma correspondente diminuição de oferta agregada". De
maneira simples, mesmo com a queda nos preços, tal ato não foi su ciente para
provocar uma reação de demanda, gerando assim, um desajuste entre a oferta
agregada e a demanda.

Mendes (2004, p. 176) explica que esse "desajuste entre oferta (Sª) e a demanda (Dª)
GLOBAIS (Sª > Dª) provocou, em consequência, o desemprego em massa. A
doutrina clássica não reunia condições para explicar coerentemente as causas do
desemprego generalizado no mundo ocidental".

Desenvolvida por Keynes, foi durante esse período tempestuoso que surgiu a nova
teoria do emprego, alicerçada nas doutrinas clássicas. Keynes propôs rejeitar o
ajuste automático entre o volume e poupança e o valor do investimento.

25
John Maynard Keynes foi um economista brilhante. Além de ser o
economista fundador da macroeconomia moderna (“Teoria Geral do
Emprego, do Juro e da Moeda”, de 1936), seu protagonismo não se limitou à
teoria econômica: ele exerceu funções governamentais, promoveu as artes,
ocupou o cargo de diretor no Banco da Inglaterra (banco central inglês), foi
escritor, investidor, fundador do Fundo Monetário Internacional (FMI),
conselheiro em associações lantrópicas, além de fazendeiro. Suas
contribuições sobre os ciclos econômicos tornaram esse economista
britânico um dos mais respeitados do século XX, dado que as suas teorias
fundamentaram várias políticas econômicas. Seus conceitos são adotados
até hoje nos países nórdicos, locais, com excelentes padrões de vida.

Fonte: Disponível aqui

De maneira simples, essa teoria pode ser explicada de maneira prática e sintética. 
Mendes (2004, p. 177) trata de maneira resumida essa questão da seguinte forma: "se
a oferta agregada for maior do que demanda agregada, então se diz que há um dé cit
de dispêndio, e os resultados são queda no nível de renda real, queda na produção,
do emprego e do nível geral de preços da economia. É uma situação recessão".

Além de mostrar descontentamento quanto a esse ajuste automático entre poupança


e investimento com base na taxa de juros, Keynes fez um contraponto justi cando
que não existe motivo de admitir uma política exível de salários capaz de manter um
estado contínuo de pleno emprego.

Quando os preços de diversos itens caem, funcionários não aceitam redução salarial,
mas por outro lado, quando os preços sobem, exigem aumento. Isso é chamado por
Keynes de "Ilusão monetária", que é basicamente a procura por valor nominal e não
valor real (descontar a in ação) (MENDES, 2004).

26
De acordo com Mendes (2004, p. 178), “rejeitando os fundamentos da teoria clássica,
Keynes promoveu a chamada "revolução keynesiana" ao argumentar que o pleno
emprego e, consequentemente, a estabilidade do sistema e o equilíbrio geral
dependem do controle do nível da demanda agregada”.

O governo também exerce um papel importante na demanda, adotando, de maneira


exógena, principalmente políticas scais de controle da demanda. Nesse sentido,
como a rma Mendes (2004, p. 178),

(...) pode elevar a renda nacional e o volume de emprego, em épocas


de recessão, se o governo adotar uma política compensatória, capaz
de suprir as eventuais de ciências do investimento do consumo.
Nesse caso, Keynes admite que as perturbações da atividade
econômica podem ser atenuadas e corrigidas pela interferência do
governo na economia.

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05

Fundamentos da
Teoria Econômica
28
A Teoria Econômica
“As ciências sociais procuram descrever como as pessoas agem. O que torna a
economia diferente de outras ciências sociais são os modelos utilizados pelos
economistas” (WESSELS, 2003, p. 2).  Em cada país, o funcionamento da economia
obedece a regras próprias, mas todas elas são parametrizadas por modelos e teorias
que as explicam, ou seja, se espelham em modelos econômicos de outros momentos
já existentes, porém, adaptados.

As teorias nos permitem ordenar o que observamos, a m de explicar


o porquê de certos acontecimentos ou justi car a relação entre duas
ou mais coisas. Teorizar não é um luxo, mas uma necessidade. A
teoria econômica proporciona uma estrutura lógica para organizar e
analisar dados econômicos (MOCHÓN, 2006, p. 2).

As teorias pretendem explicar o porquê de certos acontecimentos no mundo real ou


porque se dá certa relação entre duas ou mais variáveis econômicas, e, por outro,
procuram facilitar a previsão das consequências de alguns acontecimentos. Os
economistas estudam quais são os melhores modelos econômicos a serem adotados
e a maior parte dos modelos econômicos possuem três modelos.

Para Wessels (2003, p. 2), os modelos econômicos mais comuns “possuem três
elementos que são: a escassez, o custo e a análise marginal. Tipicamente uma coisa é
escassa (exemplo: dinheiro ou recursos), que resulta em custos (fazendo uma coisa e
deixando de fazer outra) e o melhor jeito de descobrir como tirar o melhor é fazer a
análise marginal”. Ainda, para o autor, “esses três conceitos de escassez, custo e
análise marginal formam a base sobre a qual a teoria econômica é construída”.

29
Uma teoria é uma explicação do mecanismo subjacente aos fenômenos
observados. Uma teoria é uma ideia que começou de uma hipótese, e que
foi testada pela experiência e pela observação do mundo real, e passou por
todos os testes a que foi sujeita. Logo que uma teoria falha, em um teste
experimental ou observacional, falando estritamente, tem de ser substituída
por uma teoria melhor, mais completa. Mas a velha teoria ainda pode ser
útil numa área restrita, uma vez conhecidas as suas limitações.

Acesse o link: Disponível aqui

A Escassez
Vivemos na era do consumo e normalmente as pessoas querem muito mais do que
seus recursos nanceiros permitem comprar. Empresas planejam, diariamente,
estratégias para o lançamento de novos produtos. No mercado esses novos produtos
são lançados para “atormentar” a vida dos consumidores, que não se contentam com
aquilo que têm e, assim, se explode o consumismo exacerbado.

Para Wessels (2003, p. 3), “quando um consumidor deseja mais do que pode ser
satisfeito com os recursos disponíveis é chamado de escassez”. É válido lembrar que
escassez não é pobreza e o fato de um determinado bem existir em pequena
quantidade não o torna escasso, é preciso que ele seja desejado.

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Fonte: Pexels Disponível aqui

A escassez obriga as pessoas a fazerem determinadas escolhas e quando um bem é


escasso, elas são “forçadas” a escolher quais usos serão realizados e quais não serão
(WESSELS, 2003). Quando um bem é escasso, usá-lo de uma forma signi ca abrir mão
de outra maneira de usá-lo, e isso é chamado de custo de oportunidade, ou seja,
quando uma pessoa desiste de dar valor de uso.

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Teste para determinar a escassez de um bem: Um bem é escasso se uma
outra unidade do bem bene cia alguém. Um teste alternativo é: se o preço
do bem for igual a zero (se ele for grátis), então, a demanda do bem excede
sua oferta. Por exemplo, um homem das cavernas considera ar fresco como
sendo um bem gratuito (um bem livre). Em São Paulo, ou em qualquer
grande metrópole do mundo, é escasso. A regra também pode ser aplicada
a alimento, por exemplo. Um morador do interior do estado julga que a
fruta fresca que ele consome, diretamente do pé, sem o uso de agrotóxicos
(é um bem livre). Para um morador da cidade, comer uma fruta fresca além
de ser caro e raro, é escasso. 

Fonte: Adaptado de Wessels (2003, p. 3).

Mas como se mede um custo de oportunidade? Para Wessels (2003, p. 5),

custo de oportunidade é a alternativa mais bem avaliada que as


pessoas têm de sacri car por causa de suas decisões. O conceito de
custos de oportunidade implica em fazer trocas compensatórias. Ter
mais de uma coisa signi ca ter menos de outra.

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O proprietário de uma rma pequena precisa contratar alguns gerentes.
Admita que cada gerente só tem tempo de realizar uma tarefa. A tarefa A
vale R$ 100.000,00 para o proprietário, a tarefa B vale R$ 75.000,00 e a tarefa
C vale R$ 50.000,00. O proprietário contrata apenas dois gerentes,
determinando que um deles execute a tarefa A e outro execute a tarefa B.
Qual é o custo de oportunidade da tarefa B? O custo de oportunidade da
tarefa B é o valor da tarefa desconsiderada que de outra tarefa teria sido
realizada, que no caso é a tarefa C. Portanto, o custo da tarefa de
oportunidade da tarefa B é R$ 50.000,00. Note que o custo de oportunidade
da tarefa A também é R$ 50.000,00, uma vez que com os dois gerentes
contratados, a tarefa C é desconsiderada para que se possa executar a
tarefa A.

Fonte: Wessels, (2003, p. 4).

Custo de Oportunidade

Nascimento (1998, p. 70) resume o custo de oportunidade como “a medida que uma
decisão de produção é tomada, dada a escassez dos recursos existentes, os recursos
inerentes a serem consumidos cam comprometidos com aquela produção em
particular, não podendo ser utilizados para satisfazer uma decisão de produção de
outro bem”.

Essa sintetização de custo de oportunidade foi dada por Frederic Von Wieser (1851-
1926), que no entendimento das ciências econômicas, custo é o sacrifício ou
abandono feito por quem decide, ao se fazer uma escolha. “Para ilustrar as trocas
compensatórias enfrentadas por uma pessoa, uma rma ou uma economia, os
economistas utilizam as curvas de possibilidades de produção” (WESSELS, 2003, p. 5).

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Essas curvas mostram trocas compensatórias (ou os custos de oportunidade) que as
pessoas enfrentam por causa da escassez dos recursos. A tabela 2 mostra as trocas
compensatórias que um trabalhador poderia enfrentar quando tem apenas quatro
horas no total para produzir dois bens, cadeiras e bancos. Neste caso, a escassez 
refere-se às quatro horas.

Tabela 2 – Questões estudadas pela economia

CADEIRAS BANCOS

Tempo Gasto (Horas) Produto Tempo Gasto (Horas) Produto

0 0 4 20

1 4 3 18

2 7 2 14

3 9 1 8

4 10 0 0

Fonte: Wessels (2003, p. 5).

A tabela 2 mostra exatamente a curva de possibilidades de produção derivada desses


números. Para Wessels (2003, p. 5), se o trabalhador devotar todas as quatro horas
fazendo bancos, produzirá 20 bancos e nenhuma cadeira. Uma hora gasta fazendo
cadeiras (e uma hora a menos fazendo bancos), resultará em 4 cadeiras e 18 bancos
produzidos e duas horas em cada resultará em 7 cadeiras e 14 bancos.

Nesse sentido, a ferramenta da curva de possibilidades adotada pelo custo de


oportunidade torna-se uma ferramenta de grande importância para a gestão do custo
para gestor.

34
Análise Marginal
A análise marginal é a análise dos benefícios e custos da unidade marginal de um bem
ou insumo. Para Wessels (2003, p. 10), “essa técnica é amplamente usada nos
processos de decisão nos negócios e engloba muito do pensamento econômico”.

Normalmente, em qualquer decisão, as pessoas desejam e querem ter o máximo de


benefícios reais, ou seja, benefícios líquidos que é entendido como “benefícios totais –
custos totais” (WESSELS, 2003). Nesse sentido, a análise marginal se concentra em
saber se a variável de controle deve ser aumentada em uma unidade.

De acordo o mesmo autor (2003, p. 11), “o procedimento básico para se utilizar a


análise marginal é”: 

Identi car a variável de controle;


Determinar qual seria o aumento no benefício total se fosse adicionada uma
unidade a mais na variável de controle. Esse é o benefício marginal da unidade
adicionada;
Determinar qual seria o aumento do custo total se fosse adicionada uma
unidade a mais na variável de controle. Esse é o custo marginal da unidade
adicionada;
Se o benefício marginal da unidade exceder ou igualar seu custo marginal, ela
deve ser adicionada.

E por que isso funciona? Quando o benefício marginal excede o custo marginal, o
benefício líquido aumenta, então a unidade marginal da variável de controle deve ser
acionada (BRUE, 2005).

35
06

A Microeconomia

36
A Microeconomia
Aspectos sobre microeconomia ou a teoria dos preços envolvem estudos sobre as
relações de agentes econômicos como quem produz/vende, quem consome/compra,
mecanismos de mercado e como ele funciona. Vários são os conceitos que acabam
convergindo sobre o que é a microeconomia.

“A microeconomia estuda a maneira como o consumidor gasta a sua renda, de forma


a ter o maior grau de satisfação possível. Estuda, também, a maneira como a empresa
emprega os fatores de produção para obter o maior lucro possível” (SILVA E LUIZ,
2001, p. 39).

A macroeconomia estuda o comportamento do sistema como um


todo; e para isso tente explicar as relações entre os grandes
agregados estatísticos, tais como a renda nacional, o nível de
emprego e dos preços, o consumo, poupança e investimento totais.
Tais componentes agregativos da estrutura econômica são assim
analisados em suas inter-relações dinâmicas, a m de que se possa
obter do sistema uma perspectiva ampla e geral (KRAEMER, 1968, p.
9).

De acordo com Brue (2005, p. 87), “A microeconomia é o ramo da economia que


estuda o comportamento das unidades de consumo representadas pelas famílias e
indivíduos, e pelo estudo das empresas, representados pela produção em seus
respectivos custos, além dos mercados de atuação de cada empresa”.

37
Compreender os aspectos que envolvem a microeconomia é muito
importante para todo o tipo de negócio, sobretudo, para os
empreendedores.

Acesse o link: Disponível aqui

E, por ser uma área da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado,
pode ser evidenciado que a microeconomia tem como objeto de seus estudos, os
consumidores, produtores, o mercado, e como eles interagem entre si. Pode-se
entender que a microeconomia tem como foco o modo e as escolhas são feitas em
nível individual, sob condições de escassez:

Existem dois aspectos importantes a serem discutidos aqui: se não


houvesse escassez econômica, não haveria necessidade de fazer
escolhas, pois poderíamos ter tudo que desejássemos. Outro ponto
importante é que escolha subentende alternativas (HAFFNER, 2013, p.
18).

Por tratar de temáticas importantes como o comportamento das unidades


econômicas individuais dos consumidores, trabalhadores, investidores, proprietários
da terra e empresas, é que os estudos sobre a microeconomia merecem relevância.

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As Teorias e os Estudos da Microeconomia
Como qualquer ciência, a economia se preocupa com a explicação de fenômenos
observados. Por que, por exemplo, as empresas tendem a contratar ou demitir
trabalhadores quando o preço das matérias-primas utilizadas em seus processos
produtivos se altera?

Para Pindyck e Rubin eld (2013, p. 5), “na economia, como em outras ciências,
explicação e previsão baseiam-se em teorias. As teorias são desenvolvidas para
explicar fenômenos observados em termos de um conjunto de regras e premissas”.
Assim, para os autores, “a microeconomia concentra estudos que se dividem também
a compreender a teoria do consumidor, teoria da rma e a teoria da produção”.

A teoria da rma é união do capital e do esforço de trabalho em uma determinada


empresa com foco em produção, visando sempre atender a demandas e também,
sobretudo, gerar lucro para as organizações (Baidya et al., 2014).

De acordo com Pindyck e Rubin eld (2013), a teoria da rma, por exemplo, “começa
com uma premissa simples que é a maximização dos lucros. Assim, pode explicar
como as empresas determinam a quantidade da mão de obra, capital e matérias-

39
primas que empregam na produção, assim como o volume produzido”. 

Ela explica também como essas escolhas dependem dos custos dos insumos, ou seja,
mão de obra, capital e matérias-primas, bem como do preço que a empresa pode
receber por seus produtos (HAFFNER, 2013).

As rmas existem porque elas organizam os processos produtivos. Isto


signi ca que as rmas são capazes de operar de tal forma a racionalizar os
usos e agregar esforços individuais, obtendo uma maior quantidade do
produto nal.

Fonte: Baidya et al. (2014, p. 3).

Dentro dessas correntes de estudos, está também a teoria da produção, que


basicamente estuda o processo de fabricação de uma matéria-prima em um produto
nal e como as variáveis podem in uenciar nesse processo.

Para Ha ner (2013, p. 19),

a teoria da produção são elementos muito importantes para se


estudar os preços e emprego de determinados fatores, sendo
importante para analisar custo de produção, produção e emprego da
tecnologia e como se relacionam para a chamada Teoria da
Formação dos Preços.

A teoria da produção é estruturada na relação da tecnologia com a entrega ou


quantidade de produtos prontos, também denominados de outputs e dos fatores
(inputs) ou entradas que determinam essa entrega, ou seja, ela se preocupa com os
fatores de entradas e saídas no âmbito produtivo e como elas se relacionam com a
tecnologia.

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São esses "resultados" que farão com que o consumidor faça a sua escolha, ou seja,
consuma produtos. Assim, nasce então, a teoria do consumidor. Segundo Pindyck e
Rubin eld (2013, p. 5), “a teoria do consumidor analisa as preferências, escolhas e o
comportamento de consumo. Essas e outras informações são usadas, por exemplo,
para se conhecer certas demandas de um negócio”.

Fonte: Pexels Disponível aqui

41
Os primeiros desenvolvimentos da teoria do comportamento do consumidor
são devidos a economistas da segunda metade do século XIX, que chegaram
a proposições semelhantes, em obras publicadas quase simultâneas. O
inglês W. S. Jevons foi um deles. Suas observações sobre o comportamento
do consumidor são muito mais leis da lógica, Jevons lançou as bases do
princípio da utilizada marginal decrescente, do qual seriam derivados
interessantes desenvolvimentos teóricos relacionados à função da procura.
Outros autores da mesma época foram os austríacos C. Menger, F. Wieser e
E. Bohm-Bawerk. Em obras publicadas entre 1871 e 1884, eles chegaram à
mesma conclusão que Jevons.

Uma vez conhecidas as demandas, as organizações e produção se organizam para a


compra de insumos, implantação ou não de novas tecnologias, contratação de mão
de obra e demais atividades que farão circular essa engrenagem tão importante.

E para que essa engrenagem toda funcione, entender o público-alvo, suas


necessidades, gostos e como pensam, é crucial para que exista o aumento de vendas,
pois isso terá impacto direto na demanda (de nição de ofertas). Produtos e empresas
disputam mercados e, com isso, os fatores de produção precisam de controle tanto
no aspecto da oferta e do preço, pois a matéria-prima é essencial no âmbito produtivo
dessa equação.

Por m, se não houver o emprego de tecnologia no processo de manufatura dessa


matéria-prima, todo esse sistema pode colapsar, deixando a microeconomia mais
enfraquecida e, assim, perdendo competitividade frente a outros mercados.

42
07

Economia e a Política
Macroeconômica
43
A Macroeconomia
Os efeitos produzidos pelo desempenho da economia como um todo são facilmente
percebidos, pois eles afetam a vida dos cidadãos. Assim, o capital, capital humano,
mercados para fundos disponíveis, empréstimos e pro ssionais tecnológicos são
alguns dos temas abordados e discutidos pela macroeconomia.

Para Wessels (2013, p. 81), “a macroeconomia ou teoria macroeconômica estuda a


economia como um todo”. A microeconomia se baseia no estudo das ações
econômicas dos indivíduos, inclusive famílias e rmas pensadas como se fossem
indivíduos, como, por exemplo, os empreendedores.

Enquanto a microeconomia estuda como a demanda e a oferta


determinam o preço e de um bem, a macroeconomia estuda o que
determina o nível de preços de todos os bens. Enquanto a
microeconomia estuda quantos empregados uma rma contrata, a
macroeconomia estuda quantos trabalhadores uma economia
emprega, assim, a macroeconomia estuda também o crescimento
econômico (WESSELS, 2013, p. 81).

Ha ner (2013, p. 19) a rma que “é a área da teoria econômica que estuda as
quantidades econômicas agregadas, ou seja, dos fenômenos que englobam a
economia como um todo, sendo eles:

“renda,
emprego,
produto nacional,
desemprego,
investimento,
estoque de moeda,
poupança,
taxa de juros,
consumo,
balanço de pagamento,
nível de preços,
taxas de câmbio”.

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A economia é um termômetro e os macroindicadores sinalizam padrões de
desempenho, desequilíbrios cíclicos ou crônicos, êxito ou fracasso de concepções
estratégicas e políticas.

E quando falamos em desempenho macroeconômico, Rossetti (2000, p. 719) sintetiza


que “os objetivos da política macroeconômica dizem respeito a quatro indicadores de
desempenho, sendo eles o produto agregado, emprego, preços e transações
externas”. Esses indicadores podem ser explicados no quadro abaixo:

Quadro 1 – Fins e meios da política macroeconômica: uma síntese

Principais ns Principais meios

Produto Agregado Alto nível, Política scal Dispêndios do governo, de


próximo da plena capacidade da consumo e de investimento. Pagamentos
economia. Altas taxas de de transferências. Subsídios. Tributos
crescimento. diretos e indiretos.

Emprego Baixo nível de


desemprego involuntário, cíclico Política monetária Controle da oferta de
ou estrutural. Expansão moeda, afetando a taxa de juros.
compatível com a dos novos Contingenciamento das operações de
contingentes que ingressam no crédito.  
mercado de trabalho.

Política cambial e de relações


econômicas externas Intervenções no
Preços Estabilidade, com
mercado cambial. Política de comércio:
mercados livres. Níveis relativos
quotas, tarifas e proteções não tarifárias.
estruturalmente equilibrados.
Tratamento dado aos capitais externos de
risco.

Transações externas Equilíbrio


Políticas de rendas Política salarial.
em transações correntes com
Controle das demais remunerações de
exportações e importações. Taxa
fatores.
de câmbio estável.

Fonte: Rossetti (2000 p. 720).

45
Produto Agregado
O objetivo primordial da atividade econômica é proporcionar um volume de bens e
serviços nais para atender às necessidades e às aspirações da população (Rossetti,
2000). Em princípio, como o binômio necessidades-aspirações é de nido como
ilimitável, quanto maiores forem os níveis de produção corrente e maiores as taxas de
crescimento, maior poderá ser a satisfação social derivada do desempenho da
economia como um todo.

Para Rossetti (2000, p. 719), de ne-se, então, como primeiro objetivo da gestão
macroeconômica “a geração de um produto agregado tão próximo quanto seja
possível da plena capacidade da economia. Busca-se também que as taxas de
crescimento do produto ao longo do tempo sejam as mais altas possíveis,
objetivando-se com isso, atender às aspirações crescentes da população e estender
os benefícios da propriedade econômica a todas as camadas sociais”.

Produtos agregados são submetidos às altas taxas em seu crescimento, e muitas


vezes isso é mais importante do que as taxas baixas ou moderadas. Sob o olhar da
macroeconomia, essa submissão não seja algo prioritário, o objetivo é promover o
crescimento do produto a taxas superiores às de crescimento demográ co,
expandindo-se, assim, a produção per capita de bens e serviços nais (ROSSETTI,
2000).

O consumo agregado, assim como a teoria macroeconômica, é um conceito


que surgiu com o economista britânico John Maynard Keynes. O consumo
agregado compõe a demanda agregada dentro da teoria macroeconômica.
Consiste nas despesas de consumo das famílias em uma economia, como
alimentação, moradia e lazer.

Acesse o link: Disponível aqui

46
Emprego

O tema emprego é um grande pesadelo para governantes e empresários que estão à


frente na gestão de um país ou empresa. A busca pelo pleno é constante e é um
objetivo da macroeconomia, cujo foco é alocar em uma vaga de trabalho, todos
aqueles que estão aptos a trabalhar. Quando o cenário é desemprego o poder de
consumo cai imediatamente.

De acordo com Rossetti (2000, p. 720), “conceitualmente, a taxa de desemprego é


determinada pela distância relativa entre a força de trabalho empregada e os
contingentes demográ cos das faixas etárias aptas para o exercício de atividades
produtivas”.

Fonte: Pexels.

“Há vários tipos de desemprego. A primeira distinção é entre


desemprego voluntário e involuntário. São desempregados
voluntários indivíduos que vivem de rendimentos provenientes de
fatores de produção de sua propriedade, sejam eles estudantes
(intelectuais), donas de casa (afazeres domésticos)” (ROSSETTI, 2000,
p. 720).

47
Sob a ótica da economia, o desemprego voluntário não é preocupante e nem objeto
de economia macroeconômica. O objetivo e a preocupação da macroeconomia é
reduzir o desemprego involuntário, pois quando os números do desemprego
involuntário sobem, é sinal de que a economia está com sérias di culdades. O
aumento no desemprego involuntário se dá por conta de atribuições cíclicas ou
estruturais. 

Quando falamos em “ciclos”, nos referimos, por exemplo, aos empregos gerados pela
colheita da safra, que quando termina, obriga sua mão de obra a migrar para outro
tipo de trabalho, e desemprego estrutural relaciona-se com a estagnação da
economia (ROSSETTI, 2000).

As incertezas que rondam a economia do Brasil trazem re exos maiores do


que a di culdade para a retomada econômica ou o afastamento de
investidores internacionais, que não sentem segurança em apostar no país.
O atual cenário impacta diretamente na vida de 21,6 milhões de brasileiros
que, pela fragilidade do mercado, estão desocupados ou desalentados.
Sobreviver a essa realidade virou um desa o, e para muitos, a saída tem
sido a criatividade.

A taxa de pessoas que decidiram trabalhar por conta própria, no primeiro


trimestre deste ano, atingiu um dos maiores índices dos últimos quatro
anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE). De
acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad
Contínua) do instituto, dos 91,9 milhões de empregados entre janeiro e
março, 25,9% trabalhavam de maneira independente (veja grá co na página
10). Na prática, signi ca que quase 24 milhões de brasileiros arregaçaram as
mangas e tomaram a decisão de investir em alternativas fora do mercado
formal para ter a própria renda e sobreviver em meio à crise.

Fonte: Disponível aqui

48
Preços
De acordo com Rossetti (2000, p. 21), “o terceiro objetivo da macroeconomia é manter
os preços estáveis e, ainda, o equilíbrio estrutural entre os níveis relativos aos preços
dos diferentes bens e serviços produzidos”.  A estabilidade de preços ocorre quando
em mercados livres, os índices de variação de preços cam próximos de zero. O
equilíbrio estrutural entre preços ocorre quando não se observam transferências
líquidas de renda entre os diferentes setores de atividade produtiva.

“Quando o preço se mantém razoavelmente simétrico ao longo do tempo, os índices


de preços pagos e recebidos e mudanças em estruturas relativas de preços ou
variações agudas persistentes nos índices sinalizam desequilíbrios macroeconômicos
indesejáveis” (ROSSETTI, 2000, p. 721).

In ações ou de ações altas indicam que a economia está mal e alguma coisa não vai
bem com o desempenho econômico como um todo, tanto uma movimentação como
outra exigem movimentos corretivos. Já vimos que, historicamente, a in ação é a
categoria predominante de variação geral sobre os preços (HAFFNER, 2013).

A in ação é o aumento persistente e generalizado no valor dos preços.


Quando a in ação chega a zero dizemos que houve uma estabilidade nos
preços. A in ação pode ser dividida em: In ação de Demanda, quando há
excesso de demanda agregada em relação à produção disponível. In ação
de Custos é associada à in ação de oferta. O nível da demanda permanece e
os custos aumentam.

Fonte: Disponível aqui

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Transações Externas

O quarto objetivo macroeconômico relevante é o equilíbrio das transações externas.


A diferença entre importações e exportações de mercadorias e serviços, usualmente
chamada de exportações líquidas, é um dos uxos componentes da procura agregada
(HAFFNER, 2013).

De acordo com Rossetti (2000, p. 723), somente em casos deliberados e excepcionais,


os gestores da política macroeconômica podem induzir as situações de desequilíbrios
em transações externas, sustentando dé cit ou superávit nos saldos correntes
comerciais e de serviços.   

Nesse sentido, desequilíbrios nesses uxos exigem compensações nas demais


variáveis que compõem a procura agregada ou então o sistema como um todo se
desequilibrará.

50
08

Renda, Juros
e Lucros
51
A Renda
Trabalhadores por todo o mundo dedicam grande parte do seu dia em jornadas
exaustivas de trabalho. O objetivo é comum, ou seja, trabalham para sustentar suas
famílias. Mas quando falamos em sustentar, não falamos apenas no sentido literal da
palavra, porque o sustento não é somente a alimentação, mas também aspectos
importantes para uma melhor qualidade de vida como: educação, lazer,
entretenimento, cultura, e saúde, por exemplo.

O trabalho é um mecanismo importante para a sociedade, pois é através dele e de


seus rendimentos econômicos, que as pessoas conseguem realizar seus
planejamentos. Nesse sentido, a renda econômica é qualquer pagamento que não
afeta a oferta do insumo.

Como consequência, a renda econômica é um pagamento determinado apenas pela


demanda. O termo renda deriva do latim reddĭta e é usado como sinônimo de
rendimento, em alguns casos.                                                                      

Renda econômica é o pagamento a qualquer fator em oferta


perfeitamente inelástica. Em outras palavras, a renda econômica não
tem efeito sobre a oferta. A renda econômica também é o custo
adicional do custo de oportunidade de um fator e essas de nições se
equivalem porque uma vez que esse fator recebe seu custo de
oportunidade, qualquer pagamento adicional deixa a oferta
inalterada (WESSELS, 2003, p. 418).

Tomemos, como exemplo, um produtor de soja que plante uma certa quantidade de
soja. Imaginemos que o custo do plantio da soja (com todos os custos) seja de R$
5.000,00. Qualquer pagamento que receber a mais do valor gasto, durante o ano, é
renda econômica, a nal, acima desse valor, a soja seria plantada independentemente
do preço (WESSELS, 2003).

Embora pareça simples, o exemplo demonstra o ganho como fator de renda. Se a


safra de soja tivesse um valor hipotético de R$ 15.000,00, a renda seria de R$
10.000,00 (R$ 15.000,00 – R$ 5.000,00).

52
Vale salientar, como a rma Wessels (2003, p. 419), que “embora em outros períodos a
renda fosse de nida como retorno sobre propriedade e juro como retorno sobre o
capital, hoje, economistas reconhecem que ambos os fatores podem gerar renda”.

É importante lembrar que a renda econômica é um fator cuja oferta é xa. A


renda econômica é determinada apenas pela demanda.

Os Juros e Taxas
Dentre os vários tópicos abordados pelas discussões macroeconômicas, certamente
os juros, estão entre os temas. As oscilações econômicas que um país vive, por
exemplo, tem in uência direta nos juros e nas taxas de juros, por exemplo. Essa
questão interfere o quanto deverá ser pago para remunerar o capital.

Para Ferreira (2019, p. 331), "juros são conceitualmente de nidos como a


remuneração do fator denominado capital que é o aporte de dinheiro necessário à
consecução de qualquer atividade econômica”. Mas existem outras concepções e
formas de de nir juros.

[ ... ] juro é um encargo para quem o paga e um rendimento para


quem o recebe. Sob o aspecto econômico, é também um preço. O
juro pode ser de nido como uma taxa, isto é, a relação entre o valor
do devido por um ano e o valor do capital emprestado, ambos
expressos em unidades monetárias correntes (Bernard e Colli,1998, p.
232).

53
A grande maioria das empresas toma empréstimos para nanciar seus investimentos.
O investimento é o acréscimo que as empresas fazem a seu estoque de capital. O
capital inclui terrenos, equipamentos, tecnologia e qualquer outro insumo durável
feito pelo homem (Wessels, 2003). Para fazer esse acréscimo, o custo é alto, muito,
pois envolvem taxas de juros altíssimas que em longo prazo, tornam-se quase que
impagáveis.

O vilão número 1 dos juros no Brasil é a inadimplência ou o vilão número 1


da inadimplência são os juros! Essa discussão parece a propaganda daquele
biscoito (ou bolacha) que "vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho
porque vende mais". Quem lembra disso? A verdade é que o Brasil tem o
segundo maior spread bancário do mundo, atrás apenas de Madagascar,
segundo dados divulgados pelo Banco Mundial no ano passado. Na
comparação com outros países da América Latina, esse spread (diferença
entre a taxa de juros paga e a cobrada pelos bancos) é quase quatro vezes o
do Paraguai, três vezes o da Argentina ou 27 o do Chile.

Acesse o link: Disponível aqui

E quais são os fatores que determinam as taxas de juros de um mercado? Lembre-se


de que quando poupadores compram títulos, estão emprestando dinheiro para a
empresa que o emitiu, assim, a taxa de juros sobre qualquer título é determinado por:

Taxa real de juros: a taxa real de juros re ete o pagamento extra. Se


para poupar R$1.000,00 em bens reais hoje os poupadores querem
receber R$1.100,00 em bens reais daqui a um ano, a taxa real é de
10%. É o que chamamos de taxa pura. Prêmio por risco de não
pagamento (default) o emissor do título pode não pagar de volta o
empréstimo ou título. Se os poupadores preveem que há risco de
perderem o dinheiro, será oferecida uma taxa de juros alta; Prêmio
pelo risco de variação de taxa de juros: A maioria dos títulos paga

54
uma taxa xa de juros. Quando as taxas sobem, o valor dos títulos
cai e para compensar os poupadores pelo risco, os títulos podem
incluir um prêmio maior. Prêmio in acionário: os poupadores
querem mais dinheiro de volta quando acham que vai haver in ação.
Prêmio pelos custos de administração: o juro precisa cobrir o
custo de administração do empréstimo. Para pequenos empréstimos,
como o cartão de crédito, por exemplo. (Wessels, 2003, p. 423).

Assim, para tomar empréstimos e decidir por investimentos, as empresas devem


avaliar qual é a melhor alternativa e observar os custos atuais como o retorno futuro.
Juros podem ser armadilhas que podem custar a saúde de uma organização e
também de pessoas comuns.

Lucros Econômicos
Para Wessels (2003, p. 426), “lucros econômicos são pagamentos residuais. São a
diferença entre a receita e o custo total (incluindo o tempo e o capital do proprietário).
Ao contrário das redes econômicas, os lucros econômicos desaparecem ao longo do
tempo quando submetidos a pressões competitivas”. 

55
Para vários autores, os lucros econômicos são quase renda, pois são tratados como
rendas econômicas. Nesse sentido, Wessels (2003, p. 426) a rma que o lucro
econômico tem origens na inovação, monopólio e quando assume riscos. Na inovação
é quando um empreendedor encontra uma maneira mais barata de produzir um bem
existente de forma mais barata. O monopólio é a prática de produção abaixo do nível
competitivo e, assim, obter mais lucro e assumir riscos quando uma empresa adota
uma forma de produção que ela compreende ser pioneira e inovadora além daquilo
que seus concorrentes praticam.

Um papel fundamental do lucro econômico é mostrar aos produtores quais os bens


que consumidores querem que sejam produzidos. Os lucros econômicos assinalam os
bens que os consumidores querem mais e os prejuízos econômicos assinalam os
bens que eles querem menos (Wessels, 2003).

Fonte: Pexels Disponível aqui

56
09

O Produto
Nacional Bruto
57
O Produto Interno Bruto
Manter a economia de um país equilibrada e competitiva não é uma tarefa simples.
Para realizar essa ação é necessário conhecer o comportamento econômico do país
de uma forma bem profunda e, assim,   faz-se necessário o uso de indicadores
(Izidoro, 2019).

Sabe-se que o crescimento de um país é medido a partir do seu nível de produção. No


âmbito microeconômico e macroeconômico, a economia sempre se faz valer de vários
indicadores para estipular como esse crescimento está ocorrendo. Mesmo com o
advento da tecnologia, essa tarefa não é simples e, assim, o GPI, MW, ISEW e IEWB se
tornaram ferramentas importantes a serem utilizadas nesse processo. Por ser uma
ferramenta de diagnóstico de desempenhos, instituições como o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional (FMI) usam esse indicador para adaptar suas políticas
através dele, medir e comparar o desenvolvimento econômico entre os países.

No Brasil, da década de 1960 até os nossos dias, as métricas de crescimento em nossa


economia são realizadas pela observação do PIB e que se tornou uma metodologia
padrão em mensuração em quase todo o mundo. De acordo com Rossetti (2003, p.
594), “o PIB (Produto Nacional Bruto) expressa o resultado nal das atividades
econômicas realizadas dentro do território do país, não incluídas as transações
intermediárias”.  Ainda, para o autor, o PIB tem o entendimento de:

a totalização do valor adicionado bruto pelas empresas, com a


inclusão de impostos indiretos líquidos, dentro de um conceito amplo
de território que abrange o terrestre, o espaço aéreo, as águas
territoriais, as explorações em territórios em outros países sob
regime concessionário, os enclaves territoriais das fronteiras
geográ cas e equipamentos móveis da bandeira nacional. O conceito
é, portanto, equivalente aos convencionados, é agregação de uxos
internos, independentemente de os recursos serem ou não de
propriedade da nação. (ROSSETTI, 2000, p. 594).

No PIB de um país, a representação se dá por um único indicador, que procura


expressar o nível de atividade em todos os setores. Em mercados ditos como
economias emergentes e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, o PIB pode
ser afetado por diversos aspectos.

58
Segundo a Goldman Sachs, um dos maiores grupos nanceiros do mundo,
determinados fatores podem ter in uência nesse cenário. Para Ferreira (2019, p. 118),
esses fatores são as “características demográ cas (população economicamente ativa),
Renda per capita (para identi car o poder econômico médio dos habitantes), Volume
de demanda Global (tendências de consumo) e as variações cambiais (valor da moeda
local no contexto internacional)”.

As economias de países asiáticos somadas estão a caminho de superar o


Produto Interno Bruto (PIB) de todo o restante do mundo, segundo cálculos
de instituições nanceiras e jornais especializados com base em projeções
de crescimento. Se as projeções se con rmarem, será a chegada do "Século
da Ásia" ou "Era da Ásia". Segundo relatório do banco britânico Standard
Chartered Plc, sete das dez maiores economias do mundo serão asiáticas até
2030.

Acesse o link: Disponível aqui

Embora seja de difícil avaliação e por apresentarem incertezas, essas questões


auxiliam a análise do potencial de crescimento e desenvolvimento de um país. Valem
considerar também, outros matizes como a estabilidade política, Índice de
Desenvolvimento Econômico (IDH) da região, facilidade para empreender, por
exemplo (Ferreira, 2019).

Em contextos de crescimento (quando o investimento é alto e as taxas de


desemprego são baixas) ou mesmo quando há recessão (queda na produção, baixo
consumo, alto desemprego e não há estímulos aos investimentos) o PIB serve para: 

Para comparar o crescimento da economia de um país em diferentes períodos;


Comparar o crescimento econômico de diferentes países.

59
Fonte: Pexels Disponível aqui

A medição do PIB pode seguir outros caminhos alternativos de maneiras distintas,


mas que podem apresentar e obter as mesmas implicações, sendo eles, como a rma
Rossetti (2000, p. 596),

Quadro 2: Os três ângulos do PIB

PIB corresponde ao somatório dos valores agregados brutos pelas


Ótica da
divisões produtivas da economia, sobrepondo aos impostos
produção:
indiretos e diminuindo os subsídios;

o PIB é mensurado a partir das remunerações pagas às unidades


Ótica da familiares, através dos salários, lucros distribuídos, juros e através
renda: dos aluguéis. A estas remunerações são acumulados os impostos
indiretos e deduzidos os subsídios;

O Produto Interno Bruto deriva da soma do consumo das unidades


Ótica do familiares e do governo, também os investimentos. Estes últimos
consumo: podem ser estendidos em formação bruta de capital xo (FBKF) e
variações de estoques.

Fonte: Adaptado de Rossetti, 2000, p. 596.

60
A fronteira da produção ajuda no processo de determinação e orientação para análise
do PIB. Atividades que não são inclusas nas contas nacionais, não são contabilizadas e
não têm in uência no resultado do PIB. A produção pode ser entendida como toda
atividade que visa atender às necessidade da sociedade, sejam elas de serviços,
produtos tangíveis e intangíveis (HAFFNER, 2019).

Diferenças entre o PIB e o Produto Nacional


Bruto (PNB)
De acordo com Rossetti (2000, p. 594), “o Produto Nacional Bruto, PNB, a preços de
mercado, é o PIB deduzido dos pagamentos líquidos de produção pertencentes a
outras nações”. São representados pela renda líquida enviada para o exterior,
totalizando salários (pagamentos pelo fator trabalho), juros e arrendamentos (fator
capital), royalties (capacidade tecnológica) e lucros (empresariedade), que se
incorporam ao Produto Nacional das nações supridoras desses recursos.

“Deduzindo do PNB a preços de mercado os tributos indiretos e acrescentando os


subsídios, de ne-se o valor do PNB ao custo dos fatores” (Rossetti, 2000, p. 595). No
Brasil, por exemplo, os principais tributos indiretos cujo ônus se transfere para o
usuário nal dos bens e serviços sobre os quais incidem são por esfera de
competência.

Para o autor (2000, p. 595), esses tributos são “imposto sobre produto industrializado
(IPI) em âmbito federal, impostos sobre a circulação de mercadorias (ICMS) de caráter
estadual e o imposto sobre os serviços (ISS) de caráter municipal”.

No ano de 1994, se somados os tributos IPI, ICMS, ISS   e demais tributos


indiretos, totalizaram-se 53,4 bilhões de reais.

61
Compreender essas distinções entre o Produto Interno Bruto e o Produto Nacional
Bruto é muito importante porque em alguns países, assim como o Brasil, recebem
fatores de produção localizados no estrangeiro e essa parcela é muito maior que os
fatores que enviamos para o exterior e isso signi ca que aquilo que enviamos para
fora do país é um volume de renda muito maior do que recebemos (Ferreira, 2019).

62
10

A Inflação

63
Conceito de Inflação
A in ação é um fenômeno da economia que causa muita dor de cabeça para
especialistas, governantes e empresários. De acordo com Izidoro (2019, p. 121),
"in ação é um conceito econômico que representa o aumento de preços dos
produtos num determinado país ou região, durante um período. Num processo
in acionário o poder de compra da moeda cai".

De acordo com Wessels (2003, p. 69), “a in ação é um aumento no nível geral de


preços de bens e serviços. A taxa de in ação é a variação percentual no nível geral de
preços ao longo de um ano”. Ainda, para Wessels, o procedimento padrão para medir
a taxa de in ação é “seja P (ano T) o índice de preços para o ano T e P (ano T-1) o índice
para o ano anterior; a taxa de in ação no ato T é:”

Para Mankiw (2001, p. 434), “a in ação pode ser conceituada como o aumento
persistente e generalizado dos preços da economia. A taxa de in ação é um indicador
do aumento percentual do nível geral de preços (NGP)”.

Para exempli car a in ação na prática, imagine um país com in ação de 10% ao mês,
um cidadão compra cinco quilos de feijão num mês e paga algo em torno de R$ 29,00.
No mês seguinte, para comprar a mesma quantia de feijão, ele precisará desembolsar
não mais R$ 20,00 e sim $21,00.

Como os salários dos trabalhadores não sofrem reajustes mensais ca evidenciada a


diminuição do poder de compra. Ao persistir nesse ritmo, após um ano, o salário
deste trabalhador vai perder 120% do valor de compra.

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Fonte: Pexels Disponível aqui

Quando a in ação está descontrolada, quem mais sofre com os impactos são os
trabalhadores assalariados que possuem salários baixos e não conseguem realizar
nenhum tipo de aplicação que recupera ou garanta uma certa correção in acionária
(Pindyck e Rubin eld, 2013).

No ano de 2019, a in ação brasileira foi de 4,31% (IPCA - Índice Nacional de


Preços ao Consumidor Amplo), um pouco acima do índice de 2018 (3,75%). É
importante ressaltar que a meta estabelecida pelo Banco Central Brasileiro é
de 4,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Portanto, em 2019, o IPCA cou um pouco acima do centro da meta e foi a
terceira menor in ação anual desde 2012.

Acesse o link: Disponível aqui

65
Mas quais são os fatores que podem causar o aumento desenfreado da in ação? De
acordo com Rosseitti (2003, p. 610), são: "a emissão exagerada de dinheiro (injeção de
dinheiro no mercado), aumento de consumo de produtos (demanda) maior que a
capacidade de entrega (produção) e a falta de mão de obra, tecnologia, implementos
e matéria-prima (aumentos de custo na produção dos produtos)”.

A in ação representa um con ito distributivo pela repartição do


produto não adequadamente administrado. Tradicionalmente, a
literatura econômica consagrou duas correntes básicas: in ação
provocada pelo excesso de demanda agregada (in ação de
demanda) e a in ação causada por elevações de custos (in ação de
custos) (LUQUE E VASCONCELLOS, 2016, p. 388).

A hiperin ação ocorre quando a in ação ca elevadíssima e fora de controle.


Além de corroer o poder de compra do consumidor, a alta generalizada e
contínua dos preços costuma provocar recessão e desvalorização acentuada
da moeda. No Brasil, a hiperin ação ocorreu entre as décadas de 1980 e
1990, quando a in ação galopante chegou a superar os 80% ao mês, ou seja,
o mesmo produto chegava a quase dobrar de preço de um mês para o
outro. Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)
mostram que entre 1980 e 1989, a in ação média no país foi de 233,5% ao
ano. Na década seguinte, entre os anos de 1990 e 1999, a variação anual
subiu para 499,2%.

Fonte: Disponível aqui

66
Medindo a Inflação
Uma das formas usadas pelos economistas para se medir a in ação são os preços.
“Os índices de preços medem como os preços hoje são comparados aos preços em
um ano selecionado (chamado ano-base): eles expressam o custo atual de uma cesta
de bens como uma porcentagem do custo dessa cesta ano-base” (Wessels, 2003, p.
66).

O procedimento padrão para a construção de um índice de preços pode ser


exempli cado da seguinte forma:

1. Para um ano-base, determine que bens as pessoas compram e quanto desses


bens é comprado. Calcule o custo dessa cesta de bens para o ano-base;
2. Calcule o custo da cesta para o ano T;
3. O índice de preços para o ano T é dado pela seguinte fórmula:

Para Wessels (2003, p. 67), essa fórmula pode ser aplicada e exempli cada da
seguinte forma: “supondo-se que a cesta custe R$ 6.000,00 no ano-base e R$ 9.000,00
para o ano X, o índice de preços para o ano X é 150. Os preços aumentaram 50%. O
índice de preços para o ano-base é sempre 100”.

No Brasil, alguns órgãos especializados fazem essa aferição sobre os índices da


in ação. A FGV (Fundação Getúlio Vargas) calcula o IGP - Índice Geral de Preços. A
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) calcula e mede o Índice de Preços
ao Consumidor (IPC), o IBGE calcula Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e
o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) (Vianna, 2003).

67
A Fundação Getúlio Vargas é uma das instituições de avaliação econômica
do mundo. A FGV surgiu em 20 de dezembro de 1944. Seu objetivo inicial era
preparar pessoal quali cado para a administração pública e privada do País.

De acordo com Wessels (2003, p. 68), “o Índice de Preços ao Produtor (IPP) que mede
o custo de uma cesta produzida por uma rma, principalmente do setor industrial, e o
de ator do PIB que mede o preço de todos os bens e serviços produzidos num país”,
são mais dois importantes medidores.

No Brasil, sobretudo, a partir dos anos 1980, a in ação sempre foi um problema
crônico e até o nal da década de 1990, havia cinco planos econômicos para combatê-
la e todos fracassaram porque tinha em comum o tabelamento (congelamento de
preços) e a economia fechada.

A partir do Plano Real, concebido em meados de abril de 1994, sem a ótica do


tabelamento, os preços foram controlados em razão da abertura da economia que
liberou as importações gerando mais concorrência, o sucesso de combate ao controle
da in ação, desde então, chegava aos 30% e conseguiu estagnar a in ação abaixo dos
dois dígitos. Mas o trabalho ainda é árduo e muitos desa os precisam ser vencidos.

68
11

O Crescimento Econômico
e Desenvolvimento
69
O Crescimento Econômico
Para Mochón (2007, p. 284), o crescimento econômico, isto é, o aumento da produção
de uma sociedade, “é a chave para elevação no nível de vida no longo prazo. É graças
ao crescimento da população economicamente ativa, ao aumento no estoque de
capital e aos avanços do conhecimento tecnológico, com o passar do tempo, que a
economia consegue produzir cada vez mais".

Esse crescimento permite que a maior parte da população desfrute de um nível de


vida melhor e mais alto. Na segunda metade do século XX, a produção das economias
que integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento) cresceu
em média 3% ao ano (Rossetti, 2000).

Sob esse olhar de crescimento, as análises das atividades econômicas,  utuações de


curto prazo perdem força sobressaindo, assim, o crescimento econômico que é o
aumento contínuo da produção agregada real com o passar do tempo. 

No curto prazo, a renda cresce diante das expansões na demanda


agregada ou de deslocamentos para a direita e para cima da função
agregada. Por sua vez, o crescimento no longo prazo deve-se a
aumentos no estoque de capital, que era xo, e a outros fatores,
como o crescimento da população e os avanços tecnológicos
(Mochón, 2007, p. 284).

Nesse contexto, o estoque de capital em longo prazo depende do uxo de


investimentos no curto prazo. Para Mochón (2007, p. 284), "é justamente a análise da
função de demanda de investimento que nos ajuda a entender a passagem de
crescimento do curto prazo para o crescimento longo prazo".

70
Figura 2: Possibilidades de crescimento: o esquema oferta-demanda agregado desde
o curto prazo até o longo prazo.

Fonte: Mochón (2007).

De acordo com Rossetti (2000, p. 413), "o crescimento feito no longo prazo é
determinado pelos deslocamentos da oferta agregada, pelo incremento dos recursos
naturais, do capital e do trabalho e pela e ciência com que se utilizam tais recursos".

A produção cresce no longo prazo porque a dotação e a qualidade dos


fatores produtivos aumentam e porque a tecnologia avança. A teoria do
crescimento procura explicar essa tendência crescente da economia e
analisar suas características.

Fonte: Mochón (2007, p. 287).

71
O Crescimento Econômico e sua medição
Em geral, o crescimento econômico é calculado pela evolução do PIB, no longo prazo,
já que este mede a produção de um país e, portanto, seu nível de atividade
econômica. Para Mochón (2007, p. 286), "o PIB é um indicador macroeconômico de
valor, ou seja, o resultado da multiplicação da quantidade de bens e serviços
produzidos por respectivos preços, só teremos uma ideia apropriada do crescimento
de uma economia se eliminarmos a in uência dos preços sobre o PIB e analisarmos a
evolução da produção real".

O elemento que também precisa ser considerado nesse quesito é o aumento da


população. Apenas se conhecermos a evolução do número de habitantes, poderemos
saber se a renda per capita está aumentando ou não. Por essa razão, quando se
estuda o crescimento econômico, costuma-se utilizar o índice PIB por habitante, ou
PIB per capita.

Para Mochón (2007, p. 286), "para estudar o crescimento da produção de um país no


longo prazo, devemos tomar como base a função de produção agregada da economia
e os fatores que o deslocam para cima".

De acordo com Wessels (2003, p. 267), "esses fatores explicativos do crescimento da


produção no longo prazo são conhecidos como fontes do crescimento econômico e
podem ser vistos da seguinte forma".

Aumento da disponibilidade e qualidade do trabalho;


Aumento na cotação de capital físico;
Avanço tecnológico.

"O aumento da disponibilidade é qualidade do fator de trabalho


como fonte de crescimento da produção no longo prazo, deve ser
distinguida da seguinte forma: o número de trabalhadores
disponíveis, o número de horas de trabalho e a quali cação da mão
de obra" (Mochón, 2007, p. 286).

72
O capital físico de um país é constituído por seu capital produtivo e sua infraestrutura.
Capital produtivo são máquinas, equipamentos das instalações. A infraestrutura
básica é um componente muito importante do capital físico, compõe-se de todos
aqueles elementos relacionados ao transporte terrestre (estradas e ferrovias),
marítimo (portos) ou aéreo (aeroportos).

Para Mochón (2007, p. 287), "na infraestrutura básica também contempla as redes de
fornecimento de energia, água, saneamento (esgotos), à infraestrutura de
telecomunicações. Nesse sentido, as infraestruturas de educação e saúde também
são consideradas parte do capital de um país".

Por m, o avanço tecnológico, como fonte de crescimento é como este avanço é


empregado em uma nação. Avanço tecnológico - entende-se por tecnologia todos os
conhecimentos de que o sistema produtivo de uma país dispõe para produzir, dados
os recursos disponíveis de um país, a tecnologia determinará a quantidade máxima
de produção que se pode obter com tais recursos. Quando falamos em tecnologia,
falamos também em pesquisa e sua aplicação (Mochón, 2007).

73
12

As Políticas Fiscais

74
A Política Fiscal
De acordo com Mendes (2004, p. 211), "após quebra da bolsa de Nova Iorque em
1929, a política econômica dos governos seguia os ensinamentos da Economia
Clássica Liberal, que estipulava a importância de deixar o mercado encontrar seu
caminho, com o mínimo de intervenção possível no campo econômico".

Sob a in uência dos estudos do economista britânico John Maynard Keynes, vários
países entenderam que os órgãos estatais poderiam exercer in uência nos níveis de
produtividade no âmbito macroeconômico, com o aumento ou redução de tributos,
assim também como os gastos públicos (Mendes, 2004).

Discussões sobre a dívida pública e a política scal brasileira têm tomado conta das
manchetes dos jornais e dos noticiários de televisão. Esse fato não é novo e tem
histórico recente de pelo menos 40 anos. Mas por que essas discussões ainda tomam
conta dos noticiários? A resposta é simples, os gastos só aumentam quando os
impostos e arrecadação estiverem cada vez menores.

De acordo com Mendes (2004, p. 199), "por política scal entende-se a atuação do
governo no que diz respeito à arrecadação de impostos (as chamadas receitas
públicas) e aos gastos públicos”. No Brasil, a política scal é costurada por meio de
ações conjuntas entre a federação, o estado e os municípios. Cabem a estes poderes
gerir suas despesas, entendendo e controlando os gastos.

A política scal trata o montante de recursos que o governo federal


disponibilizará para os gastos diversos, como o pagamento dos
funcionários públicos, despesas com previdência social, saúde, obras,
projetos sociais, etc., bem como a forma de captação desses recursos.
Quanto maior for o volume destinado a essas despesas, maior deverá
ser o montante arrecadado para nanciá-las (MONTORO, 2005, p.
54).

A política scal é uma forma de se conduzir uma política econômica. Cada país,
mediante seu histórico econômico, adotou um modelo que melhor entendeu ser
necessário. Hoje essa escolha se re ete no sucesso ou insucesso diante do cenário de

75
competitividade global que existe em termos de mercados. Nesse contexto, a política
scal se concentra principalmente em dois componentes básicos que se referem ao
orçamento público, aos gastos e à tributação.

Minhas homenagens aos Estados Unidos, país mais socialista na política


tributária existente no planeta. A composição da carga tributária dos Estados
Unidos tem como base 82,57% de sua arrecadação incidindo sobre renda,
lucro, ganho de capital, folha salarial e propriedade (classes privilegiadas da
nação norte-americana) e apenas 17,43% incidindo sobre bens e serviços
(arroz, feijão, remédios, transportes e educação). Com uma carga tributária
total de apenas 26,4% do PIB em 2016. Sem dúvida, o país mais socialista do
mundo. A composição da carga tributária média dos países da Organização
de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE) tem como base
66,76% de sua arrecadação incidindo sobre renda, lucro, ganho de capital,
folha salarial e propriedade (classes privilegiadas das nações analisadas) e
apenas 33,24% incidindo sobre bens e serviços (arroz, feijão, remédios,
transportes e educação). Com uma carga tributária média de 35,2% do PIB.

Fonte: Disponível aqui

Quanto aos tipos, a política scal pode se apresentar de duas maneiras distintas e
diferentes de objetivos, sendo a política scal expansionista e a política scal
contracionista. De acordo com Lima e Sicsú (2003, p. 289), "a política scal
expansionista entende que por meio de investimentos para o país é importante
estimular a economia pelo consumo, fazendo assim o PIB crescer”.

“Indo na contramão, a política scal contracionista culmina na adoção de uma maior


tributação ou redução dos gastos públicos, de modo a frear o mercado aquecido e
diminuir a demanda" (Lima e Sicsú, 2003, p. 289).

76
Figura 2: Explicação visual das políticas expansionistas e contracionistas

Fonte: O autor.

Vale ressaltar que toda meta estabelecida por um governo referente à sua política
scal tem como foco assegurar que os números estabelecidos, como metas para a
in ação e o PIB, sejam batidos em um determinado período corrente (MENDES, 2004).

E o Brasil? Qual será o nosso tipo de política scal? Bem, como você já
deve ter reparado o Banco Central tem se esforçado para manter a in ação
sob controle, o que é bastante difícil com a atual alta do dólar que faz o
preço de todos os importados subir. No entanto, apesar de todo este
esforço a in ação continua subindo e grande parte disso deve-se à péssima
gestão da política scal feita pelo governo federal, que é uma política
expansionista. Deste modo, é como se o Banco Central estivesse indo para
um lado e o governo para o outro. O resultado desse descompasso, como
podemos ver pelos dados de in ação e crescimento, é péssimo.

Fonte: Disponível aqui

77
O Efeito da tributação
O governo adiciona gastos, mas retira dinheiro da economia por meio dos impostos
que arrecada. Os gastos do governo são como investimento, e tem o mesmo efeito.
Em um uxo econômico circular de um governo, segue uma perspectiva.

De acordo com Wessels (2003, p. 146), “iniciando no ponto U, as famílias ou


consomem (C) ou poupam (S) sua renda disponível. A poupança vai para o sistema
nanceiro (exemplo, conta bancária) e voltam para a cadeia do dispêndio da forma
como gasto de investimento no ponto V”.

A ótica de investimento feito pela população, ou simplesmente poupar, é considerado


gasto para o governo. Ainda para o autor (2003, p. 147), “no ponto W, adicionamos o
gasto do governo (G). O dispêndio total (e o PIB) são iguais a C + 1 + G. As rmas
pagam, na forma de renda total, o PIB no ponto X”. O governo arrecada impostos (T)
no ponto (Y) fazendo com que a renda disponível (RD) seja igual a PIB – T, como
podemos observar na gura abaixo:

Figura 3: O uxo circular de uma economia com governo

Fonte: Wessels (2003, p. 147).

78
Os gastos do governo compõem-se de despesas correntes e de investimentos. De
acordo com Mendes (2004, p. 200), as despesas correntes estão incluídas em quatro
itens que são: “o consumo do governo (pagamento de pessoal, energia elétrica e
insumos), transferências (assistência e previdência social), juros (pagamento de justos
da dívida interna e externa) e os subsídios (ajuda do governo para que os
consumidores comprem, e nanciamentos)”.

Especi camente no Brasil, há basicamente três grandes componentes dos gastos do


governo, sendo os juros (dívidas interna e externa), as despesas com pessoal da união
e o dé cit da previdência (desequilíbrio nas contas que não fecham).

Em 2002, os gastos do governo brasileiro com juros, pessoal e previdência


consumiram 257,8 bilhões de reais. Em números arredondados, podemos
dizer que o setor público brasileiro "gasta" com esses três fatores o
equivalente a 1 bilhão de reais por dia útil.

Fonte: MENDES, Judas Tadeus Grassi, Economia: Fundamentos e Aplicações,


Prentice Hall, São Paulo, 2004.

79
13

As Políticas
Monetárias
80
Demanda e oferta de moeda
O grande economista do século passado John Maynard Keyne foi, sem dúvida, quem
mais percebeu a importância da política monetária para o restante da economia, a
começar pela correta explicação de como se forma a taxa de juros e qual é a sua
in uência sobre variáveis como o consumo, o investimento, a poupança, os preços
dos bens e serviços, o mercado nanceiro, em particular o monetário.

A política monetária tem um papel muito importante na questão macroeconômica


das nações. Ela é importante para estrutura econômica e nanceira.  De acordo com
Mendes (2004, p. 218), "a política monetária diz respeito às intervenções
governamentais sobre o mercado nanceiro, seja atuando ativamente ao controlar a
oferta da moeda ou atuando passivamente sobre as taxas de juros".

A política monetária pode ser de nida como o controle da oferta de


moeda e taxa de juros, no sentido de que sejam atingidos os
objetivos da política econômica global do governo. Alternativamente
pode também ser de nida como a atuação das autoridades
monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido,
como o propósito de controlar a liquidez do sistema econômico
(LOPEZ, 2005, p. 253).

Mendes (2004, p. 218) conceitua a "política monetária como o controle da oferta da


moeda e das taxas de juros que garantem liquidez ideal de cada momento
econômico". Moeda como um ativo com a qual as pessoas compram e vendem bens.
Por isso ela é de nida como meio de troca. Moedas metálicas, papel-moeda (como
notas) e contas correntes servem todos como moeda. Troca sem moeda é escambo
(Wassels, 2000).

81
Foi na China, no período Chou ( 1122-256 a.C.), que nasceram as moedas de
bronze com formas variadas: peixe, chave ou faca (Tao), machado (Pu),
concha e a mais famosa o (Bu), que tinha a forma de uma enxada. As formas
das moedas vinham das mercadorias e objetos que possuíam valor de troca.
Nessas peças encontravam-se gravados o nome da autoridade emitente e o
seu valor.

Acesse o link: Disponível aqui

Segundo Lopez (2005, p. 253), “por mais acentuada que possa ser a tendência
monetária da política econômica, esta interage com políticas que em geral estão
sobre o controle de outros organismos governamentais”.

Para Mendes (2004, p. 219), “no Brasil, a política monetária é realizada através das
diretrizes do CMN que é o Conselho Monetário Nacional, sendo o órgão máximo de
nosso sistema nanceiro, baseado nessas informações; o Banco Central (BACEN)
executa as políticas expansionistas ou contracionistas”.

Em junho de 1996, com o objetivo de esclarecer as diretrizes de


política monetária e de nir a taxa de juros, foi constituído o COPOM
(Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil). A criação
do COPOM foi criado para dar mais transparência e ritual adequado
ao processo decisório da política monetária nacional (MENDES, 2004,
p. 218).

Como controle de moeda, entendem-se as condições de crédito (empréstimos). O


governo pode intervir e aumentar ou reduzir a capacidade dos bancos de emprestar
por meio do depósito compulsório (obrigar os bancos a recolherem maior ou menor
volume de seus recursos no Banco Central). O aumento ou diminuição do dinheiro
que circula na economia (por meio do volume de dinheiro que o governo emite).

82
A moeda é o instrumento básico por que se possa operar no
mercado, sem a qual o processo de troca seria extremamente
limitado. A moeda é o ativo utilizado para realizar as transações
porque é o que possui maior liquidez [...] convertendo assim em
poder de compra, transformando-se em mercadorias. (Mendes, 2004,
p. 218).

Demanda da moeda
Empresas e pessoas precisam de moedas por razões básicas como a necessidade de
adquirir bens e serviços (transação), necessidade de atender a compromissos não
previstos (precaução) e à oportunidade de aplicação.

De acordo com Mendes (2004, p. 219), "a demanda por moedas é inversamente
relacionada à taxa de juros. Pode-se chegar a essa relação se pensarmos na taxa de
juros como o custo de oportunidade para reter moeda, ou seja, o que se perde pelo
fato de guardar moeda".

83
Na realidade, a demanda por moeda depende tanto da renda dos consumidores
como da taxa de juros nominal. Quanto maior for a renda, maior será a demanda de
moeda. Com o aumento de renda, aumenta-se a demanda no consumo de bens e
serviços, assim é necessário produzir mais moedas.

A Oferta da moeda

De acordo com Mendes (2004, p. 219), no que se refere à "oferta de moeda, podemos
considerar, em princípio, que o governo controla a quantidade de moeda ofertada na
economia, atuando assim, pelo lado da demanda como pela oferta. O Banco Central
(Bacen) é o emissor da moeda nacional, sendo que uma de suas principais funções é
regular a liquidez da economia".

Na oferta da moeda, os bancos se tornam parceiros para a distribuição de "moedas".


Os bancos também operam no âmbito da liberação de créditos, empréstimos e
diversos outros serviços monetários.

Em 2019, o lucro acumulado do Bradesco, Itaú Unibanco, Santander e Banco


do Brasil, neste ano é de R$ 59,7 bilhões, o maior para o período pelo menos
desde 2006. Os quatro bancos são os maiores do país com ações negociadas
na Bolsa. O ano que chegou mais perto desse valor foi 2015, quando os
bancos ganharam juntos R$ 57,7 bilhões. Em relação ao mesmo período do
ano passado (R$ 52,1 bilhões), o lucro deste ano aumentou 14,6%. Os
valores já estão corrigidos pela in ação. No terceiro trimestre, o lucro líquido
contábil dos quatro bancos foi de R$ 19,3 bilhões, um aumento de 10,3% em
relação a igual trimestre de 2018. Já na comparação com o segundo
trimestre de 2019 (R$ 20,5 bilhões), o ganho caiu 5,9%.

Fonte: Disponível aqui

84
Nos períodos de crescimento do PIB as economias crescem e, assim, aumentam a
liquidez; já nos períodos de recessão ela decresce, obrigando o governo a realizar o
controle da moeda buscando o equilíbrio entre esses diferentes cenários (Mendes,
2004). Essa ação pode ser chamada políticas expansionistas e contracionistas.

De acordo com Mendes (2004, p. 220), “na política monetária expansionista, o Banco
Central aumenta a oferta de moeda ao país e diminui as taxas de juros com o objetivo
de crescer a economia e expandir o consumo”. A política expansionista tem como
vantagem a expansão da economia, porém, a desvantagem de manter o país sujeito
aos riscos do aumento da in ação. “A política monetária contracionista é realizada
quando acontece o inverso, ou seja, a diminuição do PIB e do consumo dentro de
uma economia” (Mendes, 2004, p. 221).

No Brasil, após a implantação do plano real como moeda, o governo brasileiro passou
a controlar e ter políticas de in ação, que até a primeira metade da década de 1990,
era uma das mais altas do mundo. Até hoje, muitos cuidados são realizados sobre as
políticas monetárias adotadas pelo Brasil a m de evitar os números já vistos em
outras épocas.

85
14

Emprego, Salário e
Mercado de Trabalho
86
O Trabalhador e o Emprego
Por que pessoas com as habilidades diferentes recebem salários diferentes? Por que
médicos mais que professores? Até que ponto os sindicatos afetam os salários? Para
obtermos as respostas, precisamos entender os mercados e suas variantes (Wessels,
2003).

Quando falamos em trabalhadores e empregos, podemos adotar modelos de


comparações para poder entender melhor como funciona as variáveis do trabalhador
e do emprego. Segundo Wessels (2003, p. 401), “a hipótese ou modelo um é chamada
de trabalhadores semelhantes, empregos semelhantes, onde todos os trabalhadores
são igualmente quali cados, todos os empregos são exatamente iguais e, em termos
de ambiente de trabalho, benefícios, adicionais e outros”.

Para complementar essa ideia vale ressaltar que existe a concorrência natural entre
estes empregados (monopsônios) e entre os trabalhadores (não há sindicatos). Nesse
cenário, os trabalhadores estão bem informados quanto às remunerações e têm
facilidade de mudança de emprego, assim como quem emprega tem facilidade na
contratação (Wessels, 2003). Neste cenário, haverá mudança conforme ocorre o
progresso para uma situação mais real.

De acordo com Wessels (2003, p. 401), “o resultado desse cenário será que o nível
salarial será de nido de modo que se consiga um equilíbrio de mercado e se todas as
rmas pagarem o mesmo salário”.

87
Figura 4: O efeito da oferta e demanda por mão de obra

Fonte: Wessels (2003, p. 402).

A consolidação das leis sobre o trabalho é datada por volta do ano de 1943 e foram
promulgadas pelo presidente Getúlio Vargas. A criação dessas leis surgiu num período
em que se fazia a necessidade de dar maior proteção aos trabalhadores, pois nesta
época, havia certo desequilíbrio entre o capital e o trabalho (Arbache e De Negri,
2004). Essas leis também surgiram por conta das condições de trabalho e para
intermediar as disputas trabalhistas.

O Mercado de Trabalho
O mercado de trabalho possui mecanismos e funcionamentos distintos, variando de
país para país, economia para economia. Várias são as teorias que conceituam e
explicam este funcionamento, assim, não podemos de nir mercado de trabalho como
um conceito simples e único.

88
A compra e venda de mão de obra, representando o lócus onde
trabalhadores e empresários se confrontam e, dentro de um
processo de negociações coletivas que ocorre algumas vezes com a
interferência do Estado, determinam conjuntamente os níveis de
salários, o nível de emprego, as condições de trabalho e os demais
aspectos relativos às relações entre capital e trabalho (CHAHAD,
1998, p. 403).

Sob a ótica da economia, o mercado de trabalho é onde se encontram a oferta e a


demanda de empregos. É onde também estão as rmas e empresários. Juntos, esses
fatores condicionam a dinâmica de movimentação que o mercado de trabalho
precisa, constituindo-se, assim, de variáveis importantes como salários, empregos,
desemprego, rotatividade e produtividade. São esses fatores que classi cam a força
de trabalho de uma sociedade.

Para Blanchard (2007, p. 106), "a força de trabalho pode ser de nida como a soma
dos que estão trabalhando, também conhecida como população economicamente
ativa".

89
Não há um método consolidado em todo o mundo para de nir aqueles que
fazem parte da PEA. Por exemplo, nos países subdesenvolvidos, o índice
inclui os indivíduos que possuem entre 10 e 60 anos, já nos países
desenvolvidos geralmente considera-se apenas aquele que possui mais de
15 anos de idade.

Assim, a parte da população que está desempregada e que não busca


empregos, como crianças menores que 10 anos, estudantes que não
trabalham, donas de casa que exercem apenas funções domésticas não
remuneradas, entre outros, é incluída naquilo que se denomina
por  População Economicamente Inativa. No Brasil, de acordo com
Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE), a PEA brasileira
compreende 63,05% da população, apesar de esse número não considerar
aqueles que não trabalham com contrato formal ou carteira assinada. Ainda,
segundo o IBGE, do total da população ativa no Brasil, pouco mais de 20%
encontram-se no setor primário, 21%, no setor secundário; e 59%, no setor
terciário.

Fonte: Disponível aqui

No Brasil, sobretudo para Chahad (1998, p. 404), “a compreensão de aspectos


pertinentes ao mercado de trabalho é importante na medida em que se relacionam
com outros aspectos relevantes, como crescimento populacional, necessidade de
absorção de mão de obra, migrações e pobreza”.

A classi cação da mão de obra no mercado brasileiro em que se enquadra a


população é baseada em dados que seguem diagnósticos feitos por órgãos
importantes, como, por exemplo, o Ministério do Trabalho (MTB), a Fundação Instituto
Brasileiro de Geogra a e Estatística (FIBGE), a PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra
por Domicílios) e a PME (Pesquisa Mensal de Emprego).

90
Para Chahad (1998, p. 406), as forças de trabalho podem ser classi cadas por:
População em idade ativa (PIA), População economicamente ativa (PEA), População
não economicamente ativa (PNEA), Pessoas ocupadas (PO) e Pessoas desocupadas
(PD).

Cada um desses indicadores possui características próprias de classi cações para


realizarem suas aferições e medições. São por essas características que se
compreende o mercado de trabalho, bem como a força de trabalho se comporta,
possibilitando, assim, um melhor entendimento sobre essa dinâmica tão importante
que são os contrastes econômicos de uma população (Chahad, 1998).

Emprego e Salários
A situação do mercado de trabalho tem um grande impacto sobre a nossa renda e
nossa vida. Ficamos preocupados quando os empregos são difíceis de encontrar e
mais tranquilos quando são abundantes. Buscamos por bons empregos, o que
signi ca que queremos um emprego que remunere melhor e nos proponha
crescimento (PARKIN, 2009).

O alto nível de pessoas empregadas e a oferta de vagas a serem preenchidas, são


sinais de uma economia estável e, assim, contribui para o crescimento do PIB. Uma
das formas para medir a questão da oferta de empregos é chamada de coe ciente de
emprego.

Para Parkin (2009, p. 502), "o coe ciente de emprego é o número de pessoas na idade
ativa que estão empregadas é um indicador tanto da disponibilidade de empregos
quanto do nível que corresponde entre as habilidades das pessoas e os empregos, o
coe ciente de emprego é a porcentagem de pessoas em idade ativa da que estão
empregadas".

91
Em 2019, a taxa média de desemprego caiu para 11,9% em 2019. O
percentual é inferior ao registrado em 2018, que foi 12,3%. Os dados são da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad-C), divulgada
pelo Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE).

Acesse o link: Disponível aqui

Essa relação precisa ser considerada e monitorada o tempo todo por governos e
ministérios econômicos de todos os países. Ela é apenas um entre vários indicadores
que re etem a saúde de uma economia e permite a gestores, tomar medidas. 

Esses três indicadores de mercado de trabalho que acabamos de


exempli car são parâmetros úteis da saúde de economia e medem
diretamente o que interessa à maioria das pessoas: os empregos. No
entanto, esses indicadores não informam a quantidade de trabalho
utilizada para produzir o PIB real, e não se pode utilizá-las para
calcular a produtividade do trabalho. Esta é signi cativa por
in uenciar os salários ganhos pelas pessoas (PARKIN, 2009, p. 502).

O número de pessoas empregadas não mede a quantidade empregada de trabalho e


pode ser explicada da seguinte forma: os empregos não são todos iguais.

Salários

Parkin (2009, p. 504) a rma que o salário real "é a quantidade de bens e serviços que
uma hora de trabalho pode comprar. Ele é igual ao salário monetário (unidades
monetárias por hora) dividido pelo nível de preços. O salário real é uma variação
econômica signi cativa por medir a remuneração de trabalho".

92
O salário é parte da remuneração de uma pessoa. Para Martins (2008, p. 205), é “o
valor econômico pago diretamente pelo empregador ao empregado em razão da
prestação de serviços do último, destinando-se a satisfazer suas necessidades
pessoais e familiares" (MARTINS, 2008, p. 205).

Na Legislação brasileira, as terminologias “remuneração” e “salário” são tratadas na


Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) no artigo 457. “Compreendem-se na
remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e
pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas
que receber” (CLT, 2009, art. 457).

O salário é uma forma economicamente de remuneração e sua aplicação tem relação


direta com a economia, pois impacta diretamente nas taxas de emprego e também de
desemprego. Na busca por melhores remunerações, crescimento e outros fatores,
pessoas procuram nossos trabalhos o tempo todo.

Essa mudança ocorre, porque a remuneração ou salário é uma forma de classi car
empregados com potenciais diferentes e atende basicamente às demandas de
mercado de trabalho. A economia vive em constante mudança e transformação,
assim, a oferta e demanda de emprego também.

Como estamos num mundo capitalista, o fator consumo é um in uenciador nesse


sentido. Trabalhadores almejam buscar ofertas, produtos e serviços, bens materiais,
tecnologia, educação e qualidade de vida para seus familiares, fazendo assim, a roda
da economia girar. Esses são apenas alguns motivos pelos quais, pro ssionais liberais,
autônomos, empregados, prestadores de serviços e diversos outros pro ssionais
buscam melhores trabalhadores e, consequentemente, melhores salários.

Fonte: Pexels
93
15

Monopólios
e Oligopólios
94
O Monopólio
Todas as vezes que vamos a um supermercado, padaria ou uma farmácia para
comprarmos produtos básicos de extrema necessidade para o nosso dia a dia, um
dos fatores que mais levamos em conta é a diversidade na oferta de produtos e
preços que encontramos. A oferta é o que leva à diversidade de itens e à diversidade
em melhores preços. Imagine se existisse uma única marca de produto ou empresa
fabricante deste produto. Vamos imaginar se existisse apenas uma marca de leite em
caixinha? Seria possível encontrar esse produto com variação de preço?

Essa prática é chamada de monopólio e é vista em várias economias de   todo o


mundo. De acordo com Wessels (2003, p. 316), “uma rma é um monopólio (às vezes
monopólio puro) quando ela é a única que vende um determinado  produto, não tem
concorrentes atuais ou potenciais e seu produto não tem substitutos próximos”.

Ao contrário dos consumidores de uma rma perfeitamente competitiva, os


consumidores de uma empresa monopolista não têm alternativas de escolha. De
acordo com Mendes (2004, p. 139), “o monopólio é o oposto da competição pura. Em
vez de um grande número de pequenas rmas, há apenas uma grande rma. As
principais características do monopólio são”: 

Uma só empresa;
Não há produtos substitutos;
Não há concorrentes;
A empresa tem considerável controle de preço;
É praticamente impossível a entrada de outra empresa no mercado.

A curva de demanda do mercado e a curva de demanda da rma, em situação de


monopólio, é uma só. Enquanto uma rma, em um mercado competitivo, pode
vender toda a sua produção pelo mesmo preço, o monopólio pode aumentar as
vendas se reduzir o preço de seu produto (MENDES, 2004). Assim, a receita marginal
ou monopolista e a demanda são duas curvas diferentes, e são as causas principais
de alocação ine ciente de recursos nesse tipo de mercado.

95
No nal do século 19 e início do século 20, uma época de extrema inovação
tecnológica, com a adoção da luz elétrica, dos carros a gasolina, dos aviões,
do telefone e outras invenções que transformaram o mundo, algumas
empresas se tornaram tão poderosas que, para conter sua capacidade de
controlar o mercado, o Congresso americano instituiu uma série de leis
antitruste. Foi assim que o império de John D. Rockefeller começou a ruir.

Acesse o link: Disponível aqui

“Um agente formador de preço é qualquer comprador ou vendedor que in uencia o


preço de mercado. Quando o vendedor é um determinador de preço, pode baixar o
preço de mercado se vender mais” (WESSELS, 2003, p. 317). Por outro lado, uma rma
diferente perfeitamente competitiva é tomadora de preço (toma preço como sendo
preço dado), uma vez que pode vender o quanto quiser sem causar com isso uma
diminuição do preço de mercado. Monopólio é um dos vários tipos de formadores de
preços.

De acordo com Wessels (2003, p. 318), “os monopólios e outros tipos de formadores
de preços existem em virtude das barreiras de entrada no mercado das vantagens de
custos”. As barreiras à entrada no mercado mantêm afastados os potenciais
concorrentes, de modo que o monopólio pode ter lucros no longo prazo sem
preocupar com a entrada de novos concorrentes.     

Conforme o mesmo autor (2003, p. 318), as principais barreiras são: 

Restrições legais: governo limita a entrada de várias indústrias (tais como


telefonia e eletricidade), e pro ssões (pela exigência de licenças para atuação de
médicos e dentistas);
Patentes: O governo levanta barreiras para proteger os inventores e artistas
durante certo número de anos, fornecendo patentes e copyrights. Isso proíbe a
cópia de ideias.

96
Controle de recursos estratégicos: a propriedade de um recurso estratégico
necessário para a fabricação de um produto evita que os concorrentes entrem
no mercado. 

O governo também pode fazer o controle econômico do monopólio. Para Mendes


(2004, p. 140), "esse controle pode ser realizado pelo controle de preço (que o
monopolista produza no ponto em que o custo marginal seja igual ao valor marginal
para consumidores) e por políticas de taxação (redução do lucro do monopolista)".

Você sabe o que é monopólio legal? Monopólio legal é a exclusividade de


exploração de atividade econômica estabelecida pelo Poder Público para si
ou para terceiros, por meio de edição de atos normativos. Como exemplo
histórico, serve de exemplo histórico a Lei n.º 6.538, de 1978, que instituiu o
monopólio das atividades de serviços postais em favor da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos – ECT.

Há monopólio legal quando o Poder Público subtrai dos particulares certas


atividades econômicas, com o m de mantê-las sob controle e exploração do
Estado, por razões de ordem pública (absorção).

A atual Carta Política, por considerar princípio lógico a liberdade de iniciativa,


veda, expressamente, ao Estado, por razões lógicas, a assunção exclusiva de
qualquer atividade econômica. Em outras palavras, seja por via executiva,
legislativa ou judiciária, é defeso ao Estado afastar a iniciativa dos
particulares de qualquer atividade econômica, salvo nos casos
excepcionados no próprio texto constitucional.

Fonte: Disponível aqui

Dentro do âmbito do monopólio, é possível existir a concorrência, assim como ocorre


no mercado comum (muitas rmas, fácil entrada e saída e informações). Isso é
possível quando cada vendedor tentar distinguir seu produto, fazendo diferenciação

97
por meio de propagandas, serviços, localização, etc. A diferenciação fará as demandas
entre os monopolistas serem diferentes.

O Oligopólio
Para Mendes (2004, p. 137), "o grande desa o da teoria dos oligopólios é estimar com
razoável aproximação, as reações das empresas concorrentes quando outra empresa
toma as suas decisões”. Quando ações de uma rma produzem, de fato, reações por
parte dos concorrentes, a situação é de oligopólio, cujas principais características são:

Pequeno número de empresas;


Interdependência entre rmas;
Consideráveis obstáculos à entrada;
Produto, em geral, diferenciado (mas não necessariamente);
Concorrência extra preço (mediante: diferenciação do produto, propagandas,
serviços especiais).

Em um oligopólio há poucas rmas, e as novas rmas, sejam elas pequenas ou


médias, precisam enfrentar barreiras para entrar no mercado. Isso acontece porque,
normalmente, as empresas existentes têm grande economia de escala e podem, se
necessário, tirar as novas rmas do mercado por meio de uma guerra de prestação
de serviços (WESSELS, 2003).

É válido diferenciar as terminologias monopólio, oligopólio e cartel. O cartel


tem acordo explícito e às vezes até formal (e legal) de centralizar a
determinação de preços e de produção. Apesar de ilegal, existem no Brasil,
na Europa, os cartéis são legais. Um cartel é como um oligopólio onde há
algumas poucas rmas em uma indústria com altas barreiras à entrada. A
Opep é, naturalmente, o exemplo mais famoso de cartel.

Fonte: Wessels, 2003, p. 342).

98
Os exemplos de indústrias oligopolistas, no Brasil e no mundo são muitas. Os
segmentos são variados como: automóveis, siderurgia, petróleo, automóveis,
eletrodomésticos, equipamentos elétricos, entre outros. Em cada uma dessas
indústrias, a produção representa uma grande parcela da produção total.

A diferenciação, assim como também ocorre no monopólio, é o principal meio de


competição entre esses players de mercado oligopolizado, e tanto pode ser
perceptível no produto como pode ser conseguida pela propaganda maciça. Se
observarmos as montadoras de veículos, poderemos notar a existência desse tipo de
diferenciação.

É importante ressaltar que nos países existem órgãos que combatem e protegem o
desenvolvimento econômico. No Brasil, o órgão responsável para coibir abusos de
poder econômico é o CADE (Conselho Administrativo de Desenvolvimento
Econômico).

O surgimento de uma primeira legislação concorrencial no Brasil remonta a 1945, mas


foi em 1962, a partir da edição da Lei 4.137, que o país ganhou um órgão responsável
por zelar pela defesa da concorrência, o CADE. Em mercados de competitividade, a
busca pela concentração econômica é o padrão de comportamento natural em
grande parte das estratégias empresariais.

99
16

Relações Econômicas
Internacionais
100
As Relações Econômicas
Internacionais
As relações econômicas entre nações remontam a datas e períodos antigos. Hoje,
vivemos o cenário da globalização econômica em que o efeito de uma situação pode
impactar diversos países em questão de dias, semanas ou meses. Os uxos
agregados das relações econômicas internacionais, reais e nanceiros têm assumido
crescente importância em séries históricas de longo prazo, relativamente aos uxos
agregados das atividades internas de produção, de geração de renda e de dispêndio.

De acordo com Wessels (2000, p. 838), nos últimos 500 anos, desde a revolução
comercial do século XVI, década após década, excetuando-se os períodos de guerras,
“os pesos dos uxos econômicos internacionais sofreram descontinuidades, a
tendência histórica tem sido o aumento relativo do grau de inserções no sistema
mundial como um todo”.

Para o autor, eles são “os graus crescentes de especialização, que ampliam a teia do
sistema mundial de trocas reais e nanceiras, a busca incessante por economias de
escala mais e cientes e competitivas e a maior diversidade de pauta mundial de
produção” (ROSSETTI, 2000, p. 838).            

Nesse sentido, entende-se que as relações internacionais econômicas estão


alicerçadas na demarcação de território comercial através de alianças comerciais,
através do aspecto cambial e monetário e o processo natural de globalização de
negócios.

No Brasil, as relações econômicas internacionais considerada de sucesso, tem cerca


de 40 anos, ou seja, é recente em se tratando de economia internacional. A abertura
do mercado brasileiro para o mercado internacional é recente.

As trocas Internacionais e seus fatores


As redes internacionais de intercâmbio econômico estabelecem-se a partir de duas
grandes categorias de fatores determinantes: as diferenças na dotação de recursos
naturais e a assimetria na con guração de atributos nacionais construídos.

101
Para Rossetti (2000, p. 839), “as diferenças na adoção de recursos naturais envolvem a
área territorial (dimensões e características), a diversidade do fator terra e as
ocorrências localizadas”.

Este contexto pode ser exempli cado da seguinte forma: a área territorial de certos
países impediria que eles vivessem e até se desenvolvessem economicamente. Se
imaginarmos países pequenos como a Macedônia, por exemplo, não que a
Macedônia necessite comprar café ou açúcar do Brasil, mas em algum momento,
estes países se já não possuem, precisarão de algum tipo de relação comercial para a
compra e venda de produtos, serviços, insumos.

O Brasil, potência mundial na produção de alimentos, é dependente de nove


países para manter seu solo fértil. O país onde tudo que se planta nasce
precisa de fertilizantes à base de cloreto de potássio para se manter no topo
do ranking mundial de produtividade agrícola. Com quase 80% da matéria-
prima dos fertilizantes importada, o Brasil deverá bater recorde no consumo
dos três principais macronutrientes para as plantas: nitrogênio, fósforo e
potássio. As vendas da conhecida fórmula NPK deverão alcançar a marca
histórica de 36,2 milhões de toneladas em 2019, segundo projeção de
indústrias do setor. Estimulado pelo aumento da tecnologia na agricultura,
o uso de adubos químicos nas lavouras do país cresceu 450% nos últimos 30
anos — período em que a média mundial não passou de 50%.

Acesse o link: Disponível aqui

Assim, é necessário que existam trocas entre países para que a subsistência  possa
existir em países que possuem determinadas carências. Se compararmos o Brasil e a
Nova Zelândia, por exemplo, em termos de dimensões geográ cas, ca mais evidente
a compreensão. Além do mais, questões climáticas e características de solo são
apenas alguns dos fatores que precisam ser avaliados nessa questão.

102
O Processo de Globalização Econômica

Certamente, nos últimos anos, não existiu uma palavra que fosse mais utilizada para
explicar os efeitos econômicos que o mundo tem vivenciado, do que a palavra
globalização. O termo globalização nos traz à mente sentimentos bons e ruins e, tudo
que acontece no mundo, em nossa cidade ou nossa comunidade, tem a ver com a
globalização.

A globalização está presente na tecnologia, na produção e no comércio, mas


principalmente, na área nanceira, e é aqui que está a grande crítica a esse fenômeno
globalizante (MENDES, 2004).

E a globalização não é o "único problema". As transformações mundiais não param e


aspectos como demogra a, meio ambiente, políticas econômicas, desemprego, fome
e doenças assombram diariamente lideranças políticas por todo o mundo.

Após décadas de declínio constante, a tendência da fome no mundo, que é


medida pela prevalência da desnutrição, foi revertida em 2015.  Nos últimos
três anos, as taxas permaneceram praticamente inalteradas em um nível
ligeiramente abaixo de 11%. No entanto, o número de pessoas atingidas
pela fome aumentou lentamente. Como resultado, mais de 820 milhões de
pessoas no mundo ainda passavam fome em 2018, ressaltando o imenso
desa o de atingir a meta do Fome Zero até 2030. Os dados constam no
relatório o  Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo em
2019, lançado nesta segunda-feira, por cinco agências da ONU.

Fonte: Disponível aqui

De acordo com Rossetti (2000, p. 849), “o processo de globalização fortemente


vinculado aos fatores determinantes do intercâmbio econômico, intensi cou-se nos
últimos 20 anos com base em conjunto de pré-requisitos”. Esses pré-requisitos têm

103
produzido desdobramentos de alto impacto, que chegam até afetar os conceitos 
convencionais de soberania das nações e a perda de poder dos governos para o
exercício da política.

“Os requisitos como a integração, empresas transacionais, tecnologias em áreas


chaves e desregulamentação e liberalização são questões chaves a serem tratadas
sob a ótica da globalização econômica” (Rossetti, 2000, p. 850).

Sobre a integração citamos, por exemplo, as alianças internacionais político-


econômicas entre países como o MERCOSUL (países mais importantes da América
Latina), NAFTA (América do Norte), A União Europeia (EURO), Comunidade Econômica
da África, além de outras entidades de livre comércio.

Fonte: Pexels Disponível aqui

As empresas transacionais são aquelas que crescem de forma igualitária em todos os


países onde estão situadas, realizando assim, trocas entre si de insumos e
investimentos, ou seja, trocas monetárias entre si, impactando no PIB e na
movimentação econômica dos países.

O aumento do uso de tecnologias em áreas chaves da sociedade veio com o avanço


tecnológico em todo o mundo e isso envolve em comunicação, transporte,
transmissão de dados, por exemplo. Esse avanço e democratização dos aparatos

104
tecnológicos por todo o mundo têm impacto, por exemplo, na contratação de fretes
marítimos.

O mundo está consumindo tecnologia e dados numa velocidade nunca antes vista.
Assim, as desregulamentações e liberalizações feitas por políticas públicas, têm, nos
governos, um grande empenho para melhorar os padrões e atributos construídos de
competitividade, via maiores coe cientes de abertura a produtos e a fatores reais e
nanceiros, ao invés de proteger os mercados nacionais com barreiras protecionistas.

As consequências das transações econômicas internacionais, a expansão dos graus de


interdependência das nações, mais importante, as formas de que se vêm revestindo o
processo de globalização têm produzido consequências de alto impacto nas
economias dos países.

105
Conclusão
Popularmente, a economia é vista como uma área que abrange discussões que
envolvem dinheiro. Sim, o dinheiro é de fato um aspecto discutido pela economia. Mas
essa visão popular é simplista e perigosa.

Quando falamos em economia, precisamos compreender e entender que ela aborda


assuntos bem profundos. Ao falar em economia, precisamos compreender que ela
deve ser tratada como ciência social, a nal, seus estudos estão fundamentados no
comportamento de consumo do homem e como as empresas produzem bens e
serviços. Esses estudos buscam responder a questionamentos importantes que são
estruturados na e ciência e equidade.

Dentro desse processo de compreensão do desenvolvimento econômico, estão várias


divisões e subdivisões de estudos econômicos, entre eles macroeconômicos e
microeconômicos, ambos os fatores têm in uências no contexto econômico como um
todo.

A preocupação com ambiente econômico é amplamente discutida por empresários,


governantes e economistas pelo mundo todo. Estes assuntos são pautados por
questões cambiais, políticas scais e monetárias e como essas e outras questões
podem impactar de forma positiva ou negativa as sociedades, e é importante entender
que política e economia não devem ser separadas em seus estudos e aplicações.
Ambas, enquanto ciências, se fundem e dão às pessoas, uma visão mais clara e
evidente nesse contexto de tanta preocupação com o desenvolvimento de um país.

Espero ter contribuído para a sua formação pessoal e acadêmica.

Até mais!

Prof. Me. Victor Andrei.

106
Material Complementar

Livro

Introdução à Economia
Autor: N. Gregory Mankiw

Sinopse: O domínio dos princípios econômicos fundamentais


por economistas, administradores, contadores, engenheiros, até
políticos, operadores do comércio e de relações internacionais,
entre outros, é crucial, e é neste sentido que a obra de Mankiw
vem preencher uma enorme lacuna editorial. Trata-se do melhor
livro de Introdução à economia disponível. O autor, emérito
professor de Harvard, é considerado o maior especialista da
matéria, pela abrangência e profundidade cientí ca e
explanações práticas apresentadas. O livro tem ampla aceitação
global, sendo o texto preferido de professores e estudantes.
Colaboram, para tanto, a erudição do autor, o projeto inovador e
criativo da obra, além da linguagem amigável, clara e e ciente,
assim como os inúmeros recursos disponíveis no livro e na
internet. Obra inigualável, trata-se de instrumento de extrema
efetividade didático-pedagógica para o processo e caz e
consistente do ensino-aprendizagem da disciplina.

Editora: CENGAGE, 2019.

Livro

Economia para Leigos


Autor: ANTONINI, Peter e FLYNN, Sean Masaki

Sinopse: Desconstrua o jargão e compreenda como você está


envolvido na economia do dia a dia. Se você quer entender o
básico de economia e compreender um assunto que nos afeta
todo dia, então acabou de encontrar o que precisa no Economia
Para Leigos. Este guia de fácil compreensão te leva através do
mundo da Economia, dos conhecimentos sobre micro e
macroeconomia e a desmisti cação de tópicos complexos como

107
capitalismo e recessão. Esta edição atualizada atravessa a
história, princípios e teorias de economia, assim como
descomplica toda a terminologia, deixando você por dentro do
assunto em pouco tempo.

Editora: Alta Books, 2012.

Filme

Título: Grande demais para quebrar


Ano: 2011

Sinopse: O banqueiro Richard Fuld, entre março e outubro de


2008, em meio a conversas com personalidades como Hank
Paulson (secretário do Tesouro estadunidense), Ben Bernanke e
Tim Geithner, tenta salvar o Lehman Brothers. Durante as
negociações, buscava-se uma solução privada envolvendo
banqueiros de investimento e membros do Congresso para
preservar a empresa sediada em Nova York.
Comentário: lme indicado para todo estudante de economia,
pois trata de aspectos que envolvem o tesouro americano.

Filme

Título: A grande aposta

Ano: 2016
Sinopse: Michael Burry (Christian Bale) é o dono de uma
empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do
fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos
Estados Unidos irá quebrar em breve. Tal decisão gera
complicações junto aos investidores, já que nunca antes alguém
havia apostado contra o sistema e levado vantagem. Ao saber
destes investimentos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling)
percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um
deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma corretora que
enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou.
Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que

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podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e,
para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall Street, Ben Rickert
(Brad Pitt), que vive recluso.

Web

Neste vídeo, você vai ver um comparativo sobre preços,


qualidade de vida, cultura e tudo mais aquilo que envolve a
economia e o consumo. Vale a pena conferir.

Acesse o link

Web

Listamos neste link, uma série de informações sobre a carga


tributária do Brasil, como ela funciona e como é aplicada. A data
base é 2014. Vale a pena clicar e conferir o conteúdo.

Acesse o link

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Referências
ARBACHE, Jorge Saba; DE NEGRI, João Alberto. Filiação Industrial e Diferencial de
Salários no Brasil. Universidade de Brasília, IPEA, 2004.

BAIDYA, Tara Keshar Nanda; AIUBE, Fernando Antonio Lucena; MENDES, Mauro
Roberto da Costa; BATISTA, Fábio Rodrigo Siqueira. Fundamentos de Microeconomia.
Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2014.
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia: tradução: Claudia Martins, Mônica Rosemberg,
Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2007.
BRUE, Stanley. L. História do Pensamento Econômico. 6ª ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2005.

CHAHAD, José Paulo Zeetano. Mercado de trabalho: conceitos, de nições e


funcionamento. In: PINHO, Diva Bevides; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de
(Org.). Manual de Economia. 3ª ed. São Paulo: Saraiva,1998.
FERREIRA, Marcelo. Manual básico de análise econômica. Curitiba: Editora
Intersaberes, 2019.
HAFFNER, Jacqueline Angélica Hernandez, Microeconomia. Curitiba: Editora
Intersaberes, 2013.
IZIDORO, Cleyton, Economia e Mercado. São Paulo; Editora Person, 2019.

KRAEMER, Armando. Noções de macroeconomia. 3ª ed. Porto Alegre: Livraria Sulina


Editora, 1968.
LOPEZ, João do Carmo, José Paschoal Rossetti. Economia Monetária. 9ª ed. São Paulo,
2005.
MARSHALL, Alfred. Principles of economics. 8ª ed. Editora Londres, Macmillan, 1961.
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. 2ª ed. São Paulo: Cengage, 2001.
MARTINS. Carlos Roberto. Princípios de Economia. 4ª ed. São Paulo: Thomson, 2003.
MENDES, Judas Tadeus Grassi. Economia: Fundamentos e Aplicações, Prentice Hall, São
Paulo, 2004.
MOCHÓN, Francisco. Princípios de economia. Editora Person, 2006.

MONTORO, André Franco Filho. Organizadores: Diva Benevides Pinho e Marco Antônio
Sandoval de Vasconcellos. Manual de Economia. 3ª ed. São Paulo, 1998.

NASCIMENTO, A. M. Uma contribuição para o estudo dos custos de oportunidade.


São Paulo: USP, 1998. Dissertação (Mestrado em Contabilidade), Faculdade de
Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo, 1998.

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PARKIN, Michael. Economia, 8ª ed. Addison Wesley, 2009.
PINDYCK, Robert, RUBINFIELD, Daniel. Microeconomia. 8ª ed. Always Learning
Pearson, 2013.
PINHO, Diva Benevides; VASCONCELLOS, Marco Antônio S. de (Org.). Manual de
Economia. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia.18ª ed. Editora Atlas, 2000.

SILVA, César Roberto Leite da; LUIZ, Sinclayr. Economia e mercados: Introdução à
economia. 18ª ed. Tiragem 2. São Paulo: Saraiva, 2001.
SOUZA, Nilson Araújo de. Economia Brasileira contemporânea – de Getúlio a Lula. 2ª
ed. Editora Atlas, 2008.
VIANNA, Pedro Jorge Ramos, In ação. Editora Manole, 2003.
WESSELS, Walter J. Economia. 2ª ed. Editora Saraiva, 2003.

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