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18 de fevereiro de 2015

Documentos dizem que Roberto Marinho (Rede


Globo) foi principal articulador da Ditadura Militar
Publicado por Wagner Francesco - 8 horas atrás

Em telegrama ao Departamento de Estado norte-americano, embaixador Lincoln Gordon relata interlocução


do dono da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e endurecimento do regime

No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil,
Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial –
agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon
e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.

Segundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto,
entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e
Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação
ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.

No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para
persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com
Gordon.

No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em


Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a indicação, que acabou
acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto
como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era
considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a
Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos
donos de jornais.

No dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo
Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da
oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se
sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais
receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda
constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso
não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.

Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era
essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general:
Roberto Marinho.
O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens para surpresas. A diferença,
agora, é confirmação documental.

Fonte: MPortal

Wagner Francesco

teólogo e acadêmico de Direito.

Nascido no interior da Bahia, Conceição do Coité, formado em teologia e estudante das


Ciências Jurídicas. Pesquiso nas áreas da Teologia da Libertação e as obras do Karl
Marx e Jacques Lacan aplicadas ao Direito. Página no Facebook:
https://www.facebook.com/escritor.wagnerfrancesco

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Disponível em: http://wagnerfrancesco.jusbrasil.com.br/noticias/167727889/documentos-dizem-que-roberto-


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