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Mirian Carneiro Brito 4° Período de Psicologia

Professor: Dra. Jamile Luz Morais


Disciplina: ​Técnicas Psicológicas Grupais
8 de fevereiro de 2021

Resenha crítica do texto "O Eu é plural: grupos: a perspectiva psicanalítica"

No presente texto, é apresentado primeiramente a questão vinda da teoria dos


grupos de que o eu individual é resultado de suas relações, que são construídas
desde o nascimento. O que me remete a ideia de que os grupos são ligados pelo
vínculo, com isso é possível analisar a relação que o título do texto passa, que o Eu
é plural. Durante todo o texto o autor aponta vários pontos de vista acerca do tema,
advindo de teóricos reconhecidos pelo estudo de grupos e da psicanálise, como
Freud, Käes e Bion.
Segundo o autor, em 1912, Freud foi o primeiro a ter a visão de psicologia individual
a partir da psicologia da massa, porém, Bion desenvolveu essa ideia de que o ser
humano não é unitário ele sempre será pertencente a um grupo que também o
compõe, a partir deste pensamento, outros teóricos como Käes exploraram mais
essa questão. O autor apresenta o conceito de grupo dado por Käes, que parte de
cinco passos: o indivíduo não existe; o eu é feito de relações; o eu é múltiplo; o eu é
eu - outro e o eu é plural, a partir destes passos o autor discorre o texto com maior
profundidade.
A partir do primeiro subtítulo, compreende-se que o indivíduo já se torna parte de
um grupo e o grupo é parte dele, desde o nascimento internalizando os aspectos
advindos dos pais, ou seja, o indivíduo não existe, ele é o resultado da relação com
os pais. No subtítulo seguinte, o autor trás a representação dos sonhos de Freud de
que nos nossos sonhos podemos nos representar de várias formas que não
necessariamente seja o que vemos no reflexo do espelho, que me leva a refletir
sobre quem somos em cada grupo que estamos inseridos, existe então a teoria do
eu é múltiplo.
Referente ao terceiro subtítulo, há uma visão de que o grupo está dentro do
indivíduo, é invisível, como o autor apresenta a seguinte interpretação de Käes: ​“O
grupo é o lugar de uma realidade psíquica própria e talvez, é minha opinião, o
aparelho da formação de uma parte da realidade psíquica de seus sujeitos.” (Kaës,
1997, p. 79), e então é retomada a ideia a que me referi anteriormente, que o grupo
é composto pelas relações, o vínculo, que existe antes do indivíduo.
O próximo subitítulo está repleto de referências da história, de livros e filmes que
tratavam sobre a questão do indivíduo que sobrevive fora da sociedade, por mais
que a pessoa se encontra fisicamente sozinha, não significa que esteja de fato só,
por conta de sua constituição plural, uma tarefa não muito simples, como o autor
fala sobre o filme “Náufrago” em que o protagonista necessitou de uma
representação simbólica para resistir a tal situação.
Por conseguinte, há essa questão de que o ser humano é autônomo, o que é
criticado bastante pelos teóricos, como também pelo autor, diz que segundo a teoria
dos grupos: “​Eu sou eu, mas o que sou é o que sou juntamente com outras
pessoas com quem me relaciono, tanto presentemente, quanto simbolicamente.”
(​ÁVILA, 2009, p.49). Porém a sociedade insiste em reproduzir a ideia de sermos
seres individuais, o que caracteriza a palavra indivíduo, mas é demonstrado por
uma citação de Aristóteles que somos seres sociáveis, justamente por possuir o
outro dentro de nós e um se reconhecendo no outro facilita a formação de grupos e
de quem somos.
No penúltimo subtítulo, o autor fala novamente sobre a relação indivíduo-grupo, a
qual está caracterizada pela participação, lendo os exemplos, é possível refletir
sobre a nossas tomadas de decisões que é influenciada pelo grupo, mesmo que
seja nossa decisão, o que é falado pelo autor que dentro do indivíduo há uma
população inteira, podemos ser quem quisermos ser.
Contudo, o autor finaliza falando sobre a literatura, referente a um livro específico de
João Guimarães Rosa “O espelho”, cita esse livro como exemplo do que o ensaísta
Octavio Paz disse que igualmente a nós cada livro tem todos os livros nele, “Assim,
aquilo que é uma experiência individual, por mais singular que ela seja (por
exemplo, um surto psicótico), por mais estranha ou extraordinária que ela seja,
podemos sentir que aquela experiência é de um semelhante a nós.” (​ÁVILA, 2009,
p.52), com essa última fala do autor, é possível perceber que estamos todos
presentes dentro de cada um até mesmo através dos livros, pois mesmo na ficção
há várias partes do autor e do grupo que o pertence, dentro de cada livro que se
escreve.
Referência: ÁVILA, Lazslo Antonio. O Eu é plural: grupos: a perspectiva
psicanalítica. Vínculo, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 39-52, jun. 2009. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-2490200900
0100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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