Disciplina: Técnicas Psicológicas Grupais 8 de fevereiro de 2021
Resenha crítica do texto "O Eu é plural: grupos: a perspectiva psicanalítica"
No presente texto, é apresentado primeiramente a questão vinda da teoria dos
grupos de que o eu individual é resultado de suas relações, que são construídas desde o nascimento. O que me remete a ideia de que os grupos são ligados pelo vínculo, com isso é possível analisar a relação que o título do texto passa, que o Eu é plural. Durante todo o texto o autor aponta vários pontos de vista acerca do tema, advindo de teóricos reconhecidos pelo estudo de grupos e da psicanálise, como Freud, Käes e Bion. Segundo o autor, em 1912, Freud foi o primeiro a ter a visão de psicologia individual a partir da psicologia da massa, porém, Bion desenvolveu essa ideia de que o ser humano não é unitário ele sempre será pertencente a um grupo que também o compõe, a partir deste pensamento, outros teóricos como Käes exploraram mais essa questão. O autor apresenta o conceito de grupo dado por Käes, que parte de cinco passos: o indivíduo não existe; o eu é feito de relações; o eu é múltiplo; o eu é eu - outro e o eu é plural, a partir destes passos o autor discorre o texto com maior profundidade. A partir do primeiro subtítulo, compreende-se que o indivíduo já se torna parte de um grupo e o grupo é parte dele, desde o nascimento internalizando os aspectos advindos dos pais, ou seja, o indivíduo não existe, ele é o resultado da relação com os pais. No subtítulo seguinte, o autor trás a representação dos sonhos de Freud de que nos nossos sonhos podemos nos representar de várias formas que não necessariamente seja o que vemos no reflexo do espelho, que me leva a refletir sobre quem somos em cada grupo que estamos inseridos, existe então a teoria do eu é múltiplo. Referente ao terceiro subtítulo, há uma visão de que o grupo está dentro do indivíduo, é invisível, como o autor apresenta a seguinte interpretação de Käes: “O grupo é o lugar de uma realidade psíquica própria e talvez, é minha opinião, o aparelho da formação de uma parte da realidade psíquica de seus sujeitos.” (Kaës, 1997, p. 79), e então é retomada a ideia a que me referi anteriormente, que o grupo é composto pelas relações, o vínculo, que existe antes do indivíduo. O próximo subitítulo está repleto de referências da história, de livros e filmes que tratavam sobre a questão do indivíduo que sobrevive fora da sociedade, por mais que a pessoa se encontra fisicamente sozinha, não significa que esteja de fato só, por conta de sua constituição plural, uma tarefa não muito simples, como o autor fala sobre o filme “Náufrago” em que o protagonista necessitou de uma representação simbólica para resistir a tal situação. Por conseguinte, há essa questão de que o ser humano é autônomo, o que é criticado bastante pelos teóricos, como também pelo autor, diz que segundo a teoria dos grupos: “Eu sou eu, mas o que sou é o que sou juntamente com outras pessoas com quem me relaciono, tanto presentemente, quanto simbolicamente.” (ÁVILA, 2009, p.49). Porém a sociedade insiste em reproduzir a ideia de sermos seres individuais, o que caracteriza a palavra indivíduo, mas é demonstrado por uma citação de Aristóteles que somos seres sociáveis, justamente por possuir o outro dentro de nós e um se reconhecendo no outro facilita a formação de grupos e de quem somos. No penúltimo subtítulo, o autor fala novamente sobre a relação indivíduo-grupo, a qual está caracterizada pela participação, lendo os exemplos, é possível refletir sobre a nossas tomadas de decisões que é influenciada pelo grupo, mesmo que seja nossa decisão, o que é falado pelo autor que dentro do indivíduo há uma população inteira, podemos ser quem quisermos ser. Contudo, o autor finaliza falando sobre a literatura, referente a um livro específico de João Guimarães Rosa “O espelho”, cita esse livro como exemplo do que o ensaísta Octavio Paz disse que igualmente a nós cada livro tem todos os livros nele, “Assim, aquilo que é uma experiência individual, por mais singular que ela seja (por exemplo, um surto psicótico), por mais estranha ou extraordinária que ela seja, podemos sentir que aquela experiência é de um semelhante a nós.” (ÁVILA, 2009, p.52), com essa última fala do autor, é possível perceber que estamos todos presentes dentro de cada um até mesmo através dos livros, pois mesmo na ficção há várias partes do autor e do grupo que o pertence, dentro de cada livro que se escreve. Referência: ÁVILA, Lazslo Antonio. O Eu é plural: grupos: a perspectiva psicanalítica. Vínculo, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 39-52, jun. 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-2490200900 0100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
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