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SEBEMGE - SEMINÁRIO BATISTA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

TRABALHO DE ANÁLISE DO VELHO TESTAMENTO

Os Tipos de Cristo
em Gênesis
Aluno : Anísio Renato de Andrade

Professor : Pr.Nilson

Período : Quinto - Curso : Bacharel em Teologia Ministerial

Data : 30 de maio de 1996 - Local : Belo Horizonte - MG

OS TIPOS DE CRISTO EM GÊNESIS

  

O QUE É UM TIPO ?

  A palavra vem do grego : . Significa molde ou sinal. Aquilo que inspira fé como
modelo. Personagem paradigmático.

Os tipos de Cristo são personagens, animais ou objetos, nesse caso, de Gênesis, que
possuíram características "messiânicas". Eram profecias vivas,ou visíveis, a respeito de
Cristo. Estudando a respeito desses personagens, entendemos um pouco mais sobre o
caráter de Jesus e do seu ministério. Tais pessoas e fatos, abordados na seqüência, eram
sombras da realidade, que é Cristo.

  ADÃO
 

Este foi o primeiro homem. Talvez não o associássemos à pessoa de Cristo se Paulo não o
tivesse feito. O apóstolo traça tal paralelo em Romanos 5:12-21 e em I Coríntios
15:21,22,45-49. A semelhança entre Jesus e Adão está no fato de ambos terem sido os
primeiros de suas respectivas "espécies". Adão foi o primeiro da raça humana. Jesus foi o
primogênito dos filhos de Deus (Rm.8:29). Seus atos foram determinantes na formação da
natureza de seus descendentes (Rm.5:19 Is.53:10). Tanto o pecado de Adão quanto a
salvação em Cristo podem ter conseqüências eternas, dependendo, para isso, da escolha que
se faz pelo lívre-arbítrio. Além desses pontos, a comparação entre os dois é feita com
ênfase no contraste:

O ANIMAL SACRIFICADO PARA VESTIR ADÃO E EVA

  

O pecado trouxe a consciência da nudez e, consequentemente, a vergonha. Eles tomaram a


iniciativa de fazer algo que os cobrisse. Usaram folhas de figueira para fazer aventais, ou
cintas. Tanto o material era inadequado quanto insuficiente a extensão da roupa produzida.
Deus então lhes fez túnicas de peles (Gn.3:21). A pele iria cobri-los convenientemente,
além de aquecê-los. Para que Deus utilizasse peles, entendemos que pelo menos um animal
deveria ser morto.

A iniciativa humana para cobrir os danos do pecado é totalmente ineficaz. Só Deus podia
fazê-lo. Para isso, ele enviou o seu filho, o Cordeiro de Deus, que, tendo sido morto, nos
cobre, nos protege e nos torna dignos de chegar à presença de Deus sem constrangimento.

ABEL

Abel foi morto sem que fosse digno de morte. Seu sangue clamava a Deus desde a terra.
Jesus também foi morto sem haver cometido nenhum crime e seu sangue fala melhor que o
de Abel. Vemos um paralelo simples entre Abel e Jesus, conforme descrito em Hebreus
12:24.

  A ARCA DE NOÉ

  
Quando Deus decidiu destruir os homens perversos e pecadores, ele mandou que Noé
construísse a arca. Este seria o único meio de salvação. Este é um símbolo perfeito para a
obra de Cristo. Ele é o único meio de salvação neste tempo que antecede a destruição final.
Noé "pregava a arca" como a última chance. Nós pregamos a Cristo. Evidentemente, só
entraria na arca quem cresse na palavra de Noé, na segurança da embarcação e se
arrependesse de sua condição de pecado. Entrar na arca era um ato público e subentende
renúncia ao que ficava para trás. Tudo isso encontra paralelo na conversão a Cristo.
Finalmente, cabe lembrar que a salvação pela arca foi comparada ao batismo pelo apóstolo
Pedro em sua primeira epístola (3:20-21).

JOSÉ

José foi um dos 12 filhos de Jacó. Foi invejado pelos irmãos que o venderam por 20
moedas de prata. Jesus foi vendido por 30 moedas. José foi tirado da casa de seu pai e foi
viver no Egito como servo. Jesus também deixou a casa do Pai celestial e veio ao mundo
em forma de servo (Fp.2:7). José foi o meio de salvação para o Egito e para sua própria
família no tempo da fome. Da mesma forma, Jesus é o

único meio de salvação para a humanidade. Ele é o pão para a fome espiritual. Em Gênesis,
José é o tipo mais evidente de Cristo. O próprio Faraó lhe deu o nome de Zafenate Panéia,
que significa "Salvador do Mundo". Aí então, ele foi elevado à posição de governador do
Egito. Assim como Jesus foi exaltado pelo Pai e recebeu um nome que é sobre todo nome,
passando a ter todo o poder nos céus e na terra (Fp.2:9 Mt.28:18). Acima de José só havia
Faraó. Acima de Cristo, só o Pai. José comprou para Faraó toda a terrra do Egito. Jesus
comprou com o seu sangue todos aqueles que serão salvos. "Porque foste morto, e com o
teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua ,e povo e nação."
(Ap.5:9).

  ISAQUE

  

Sua semelhança com Cristo se deve a dois episódios de sua vida :

1) A experiência de Moriá

A cena de Abraão levando Isaque, seu único filho, para ser sacrificado, nos lembra que
Deus entregou seu filho unigênito, Jesus, para ser morto em sacrifício. Isaque aceitou
resignadamente a decisão de seu pai e carregou a lenha que serviria para queimá-lo. Jesus
aceitou seu sacrifício e carregou a própria cruz. Ambos subiram um monte para serem
mortos. A diferença se dá no desfecho das histórias. Isaque foi poupado. Jesus foi morto de
fato.

2) Casamento

Em Gênesis 24 temos um relato que serve como base para se pregar sobre a trindade divina.
Abraão representa o Pai; Isaque, o Filho; Eliezer simboliza o Espírito Santo. Eliezer foi
enviado à terra natal de Abraão para buscar a esposa de Isaque - Rebeca - que tipifica a
igreja, noiva de Cristo.

  

O CARNEIRO QUE SUBSTITUIU ISAQUE NO HOLOCAUSTO

  

Quando Abraão ia sacrificar Isaque, Deus não o permitiu. Ao levantar seus olhos, Abraão
viu um carneiro embaraçado pelos chifres. Tomou-o e o sacrificou em lugar de seu filho
(Gn.22:13). Conforme o texto nos mostra, o carneiro foi providenciado por Deus para que
Isaque fosse poupado e, ainda assim, o sacrifício fosse realizado.

A justiça divina exige que todo pecado tenha a devida punição. O sacrifício pelo pecado da
humanidade não poderia deixar de ser efetuado. Todos nós morreríamos eternamente em
conseqüência do nosso pecado. Entretanto, a providência divina preparou um cordeiro,
Jesus, que foi morto em nosso lugar a fim de nos dar a vida eterna (Jo.1:29).

  MELQUISEDEQUE

  

Este era rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo. O escritor da carta aos Hebreus traça
uma analogia entre Melquisedeque e Cristo. O paralelo se faz em torno da questão do
sacerdócio de ambos e principalmente pelo fato de que nem um nem outro pertencia à tribo
de Levi, que ainda não existia e de onde, deveriam, segundo a lei, vir os sacerdotes. Além
disso, a omissão sobre origem, genealogia e morte de Melquisedeque, dá uma impressão de
eternidade do personagem, relacionando-o, assim, à eternidade de Cristo. Melquisedeque
era rei de Salém, que era o antigo nome de Jerusalém. Jesus é o Rei dos reis e a sede do seu
governo será a Nova Jerusalém. Melquisedeque ofereceu a Abraão pão e vinho. Jesus
ofereceu aos discípulos pão e vinho quando instituiu a ceia.

  

  JUDÁ
  

Ao abençoar seus filhos, Jacó disse que Judá é um leãozinho e dele não se arredará o cetro.
Ele amarrará o seu jumentinho e lavará suas vestes no vinho. Tal pronunciamento foi uma
profecia surpreendente em forma poética. No Novo Testamento, Jesus se encaixa nessa
profecia como a mão que entra numa luva feita sob medida. Ele é o Leão da tribo de Judá
(Ap.5:5) que regerá as nações com cetro de ferro (Ap.12:5). Cristo entrou em Jerusalém
montado em um jumentinho. Quanto a lavar as vestes no vinho, isso representa sua morte e
o derramamento do seu sangue. O lavar nos dá margem para pensar no poder purificador do
sangue de Jesus. Aí poderíamos questionar : por quê suas vestes precisariam ser lavadas ?
Teriam elas alguma impureza ? A única explicação que encontramos foi relacionar as
vestes ao corpo, ou seja, o sangue foi derramado para purificar aqueles que fariam parte da
igreja, que é o corpo de Cristo.

No texto de Gênesis 49, há um trecho misterioso : "... até que venha Siló; e a ele se
congregarão os povos." O nome Siló parece ser uma referência a Cristo. Na parte que diz "a
ele se congregarão os povos", não está bem claro se o pronome reto "ele" se refere a Judá
ou a Siló. De qualquer forma, não temos dúvida de que a Cristo se congregarão os povos,
"segundo o beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas
as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que
estão na terra." (Ef.1:9-10).

  

Anísio Renato de Andrade

APÊNDICE
AS DUAS SEMENTES
Gênesis 3:15 "E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."
O texto acima apresenta a primeira profecia sobre a vinda de Cristo. A serpente representa
Satanás. Veja também Apocalipse 12.9 e II Coríntios 11.3. Satanás significa adversário.
Note que a "inimizade" já está embutida no seu nome. Embora ele já existisse há muito
tempo, não havia nenhuma relação entre aquele ser angelical e o ser humano. A partir de
Gênesis 3, passou a existir a inimizade entre ambos. A própria mulher, que acabava de ser
vítima do Diabo, produziria a destruição do mesmo, porque através dela haveria de vir
aquele que venceria o diabo. Por isso a palavra "semente" é importante. Nesse contexto,
"semente" significa "descendência". Existe uma versão bíblica que usa a palavra
"descendente" em lugar de semente. Tal tradução deixa mais clara a profecia messiânica. É
fundamental observarmos que o texto fala de duas sementes, ou seja, duas descendências:
uma semente bendita e uma semente maldita. A "tua semente" refere-se à semente do
diabo. A "sua semente" refere-se à semente da mulher. Uma descendência abençoada e uma
descendência amaldiçoada. Entendo que aí estão os filhos de Deus e os filhos do diabo.
Essas duas descendências são espirituais e não carnais. Elas estão bem representadas em
toda a bíblia e tem um relacionamento de inimizade constante. Logo no capítulo 4 de
Gênesis, já surgem os dois primeiros representantes: Caim representando a semente
maligna e Abel, a semente benigna. Você já sabe o que aconteceu. Logo depois nasceu Sete
para dar continuidade à semente da benção. Vamos dar mais alguns exemplos: Isaque e
Ismael; Jacó e Esaú; Davi e Saul, etc. Durante toda a história, as duas descêndencias
caminham juntas como o trigo e o joio que crescem juntos. No Novo Testamento, João
Batista e Jesus chamaram os fariseus de "raça de víboras" (Mt.3.7 e 23.33). O que é isso???
Uma descendência de serpentes. Observa-se então uma ligação com a semente da serpente,
mencionada em Gênesis 3. No ápice dessa representação genealógica temos a relação entre
Jesus e Judas.
"Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." Esta frase mostra que haveria um
confronto entre as duas sementes, ou mais especificamente, entre o diabo e Cristo. O
Senhor Jesus seria ferido nesse combate. Vemos que ele realmente foi ferido quando esteve
aqui no mundo. Contudo, esse ferimento foi comparado a um golpe no calcanhar. Isso
mostra claramente qual é a posição do diabo em relação a Cristo e em relação à igreja. Já
que ele está debaixo dos nossos pés, a única parte que ele consegue atingir é o nosso
calcanhar. Ele fez assim com Cristo. Veja também os textos de Lucas 10.17-19 e Romanos
16.20.
É verdade que Cristo seria ferido, pois assumiria o nosso lugar e a nossa culpa, mas, ao
mesmo tempo, ele esmagaria a cabeça do diabo. Por que a cabeça? Como disse o
Pr.Wanderley Miranda, calcanhar ferido tem cura, mas cabeça esmagada não tem. Isso
significa que a derrota de Satanás é definitiva, irreversível. A interpretação aqui
apresentada tem grande aceitação entre os estudiosos da bíblia.
Indo um pouco além, a "mulher" do texto, que é uma referência a eva, talvez possa também
ser interpretada como um símbolo da igreja, que haveria de esmagar satanás sob seus pés.
Falamos de duas sementes. Talvez isso esteja também relacionado às duas descendências
mencionadas em Gênesis 6.2.

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