Você está na página 1de 26

Curso de Engenharia Civil

Campus VIII – Araruna PB


Disciplina: Mecânica dos Solos I
Período – 2015.1

• Notas de Aula: Fases de um Solo


• Profa.: Maria das Vitórias do Nascimento
• E-mail: vitoriaeng@yahoo.com.br
Introdução
 Uma massa de solo pode considerada como um
conjunto de partículas sólidas, encerrando vazios de
formas e tamanhos variados que, por sua vez, podem
estar preenchidos com água, ar ou ambos.

 Solo = Sólido + Líquido + gases


Fase sólida
 A fase sólida é caracterizada pelo seu tamanho, forma, distribuição e
composição mineralógica dos grãos.

 Tamanho das partículas: Denominações específicas são empregadas


para as diversas faixas de tamanho de grãos; seu limites variam conforme
os sistemas de classificação.

 Sistema de classificação da ABNT NBR 6502 /1995:

 Bloco de rocha - Ф > 1,0 m


 Matacão - 200 mm ≤ Ф ≤ 1,0 m
 Pedra de mão - 60 mm ≤ Ф ≤ 200 mm
 Pedregulho - 2,0 mm ≤ Ф ≤ 60 mm
 Areia - 0,06 mm ≤ Ф ≤ 2,0 mm
 Silte - 0,002 mm ≤ Ф ≤ 0,06 mm
 Argila - Ф < 0,002 mm
Fase sólida
 Limites das frações de solo pelo tamanho dos grãos:

Fonte: Pinto , 2006


Fase sólida
 Esses limites não são absolutos, mas são os mais comumente admitidos, e
a escala granulométrica internacional recomendada pela ISSMFE, e
adotada pela ABNT (NBR 6502).

 Nas frações pedregulho e areia o mineral mais encontrado é o quartzo,


enquanto na fração silte, calcita e mica podem também estar presentes.

 Quando as partículas do solo têm dimensões inferiores a 2μ, a maioria


delas é o resultado não somente de uma desintegração mecânica, mas
também de uma alteração química.

 Então, a estrutura cristalina desses grãos é diferente da rocha mater (mãe)


.

 Essas partículas finas formam a fração argilosa do solo e são constituídas


pelos diversos minerais argílicos, sendo os principais a caulinita, a ilita e a
montmorilonita.
Fase sólida
 Constituição mineralógica:

 Grupo da Caulinita: A caulinita é formada por uma lâmina silícica e outra


de alumínio, que se superpõem indefinidamente.
 A união entre todas as camadas é suficiente firme (pontes de hidrogêneo)
para não permitir a penetração de moléculas de água entre elas.
 Assim, as argilas cauliníticas são as mais estáveis em presença da água,
apresentando baixa atividade e baixo potencial de expansão.
Fase sólida
 Constituição mineralógica:
 Grupo da Montmorilonita: É formada por uma unidade de alumínio entre duas
silícicas, superpondo-se indefinidamente. Neste caso a união entre as camadas de
silício é fraca (forças de Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de
água na estrutura com relativa facilidade.
 Os solos com grandes quantidades de montmorilonita tendem a ser instáveis em
presença de água.
 Apresentam, em geral, grande resistência quando secos, perdendo quase totalmente
a sua capacidade de suporte por saturação.
 Sob variações de umidade apresentam grandes variações volumétricas, retraindo-se
em processos de secagem e expandindo-se sob processos de umidecimento.
Fase sólida
 Constituição mineralógica:

 Grupo da Ilita: Possui um arranjo estrutural semelhante ao da montmorilonita,


porém os íons não permutáveis fazem com que a união entre as camadas seja mais
estável e não muito afetada pela água.

 É também menos expansiva que a montmorilonita.


Fase líquida
 Fase fluida composta em sua maior parte pela água, podendo conter
solutos e outros fluidos imiscíveis.

 Pode-se dizer que a água se apresenta de diferentes formas no solo, sendo


contudo extremamente difícil se isolar os estados em que a água se
apresenta em seu interior.

 Os termos mais comumente utilizados para descrever os estados da água


no solo são:
Fase líquida
 ÁGUA LIVRE: É a água que preenche os vazios do solo. Pode
estar em equilíbrio hidrostático ou fluir sob a ação da gravidade ou
de outros gradientes de energia. O seu estudo rege-se pelas leis da
Hidráulica.

 Evapora-se completamente quando o solo é submetido a uma


temperatura um pouco superior a 100° C.
Fase líquida
 ÁGUA CAPILAR: É a água que se encontra presa às partículas do
solo por meio de forças capilares.

 Esta se eleva pelos interstícios capilares formados pelas partículas


sólidas, devido à ação das tensões superficiais nos contatos ar-
água-sólidos, oriundas a partir da superfície livre da água.
Fase líquida
 Quando um solo está parcialmente saturado (não saturado), a água
livre se concentra, em geral, nos pontos de contato entre os grãos.
É mantida nesses pontos por forças de capilaridade que criam
forças de atração (sucção) entre os grãos.

 A tensão superficial da água tende a aproximar as partículas, ou


seja, aumenta a tensão efetiva no solo. Esta tensão efetiva confere
ao solo uma “coesão aparente”, que tende a desaparecer se o solo
secar ou saturar.
Fase líquida
 A coesão aparente é frequentemente referida às areias, pois elas
podem se saturar ou secar com facilidade. Ex: a moldagem de
esculturas de areia nas praias.

 Entretanto, é nas argilas que ela atinge valores maiores e é mais


importante. Ex: Muitos taludes permanecem estáveis devido a
coesão aparente. Chuvas intensas podem reduzir ou eliminá-la,
razão pela qual rupturas de encostas e de escavações ocorrem
com muito mais frequência em épocas chuvosas.
Fase líquida
 ÁGUA ADSORVIDA (ADESIVA): É uma película de água que adere às
partículas dos solos finos (φ < 2μ) devido a ação de forças elétricas
desbalanceadas na superfície dos argilo-minerais.

 Está submetida a grandes pressões, comportando-se como sólido na


vizinhança da partícula de solo.

 A água adesiva apresenta propriedades bastante diferentes das da água


livre: pouca mobilidade, viscosidade importante e evapora-se somente à
elevadas temperaturas (≈300°).

• Água adsorvida desempenha um papel de lubrificante entre os grãos e tem


uma grande importância sobre as propriedades mecânicas dos solos finos.
Fase líquida
 ÁGUA DE CONSTITUIÇÃO: Água presente na própria
composição química das partículas sólidas.
 Não é retirada utilizando-se os processos de secagem
tradicionais. Ex.: Montmorilonita (OH)4 Si2 Al4 O20 nH2O.

 ÁGUA HIGROSCÓPICA: Água que o solo possui


quando em equilíbrio com a umidade atmosférica e a
temperatura ambiente.
Fase gasosa
 AR E VAPOR D´ÁGUA:

 O gás contido nos vazios de um solo é ar, quando o solo


está seco e, uma mistura de ar e vapor d’água, quando
o solo está úmido.

Figura: As fases no solo: (a) no estado natural, (b) separada em volume


Teor de Umidade ou Umidade Natural
 O teor de umidade (h), também chamado de umidade natural do
solo, é definido como a razão do peso de água (Pa) pelo peso de
material sólido (Ps), e é expresso em porcentagem.

𝑷𝒂
 𝒉=
𝑷𝒔

 Não é raro que argilas de origem lacustre, marinha ou vulcânica


tenham um conteúdo em água com valores da ordem de 300 a
400%.

 Solos úmidos apresentam umidade em torno de 60%.

 Solos com aparência de secos apresentam umidade da ordem de 2


a 3%
Teor de Umidade ou Umidade Natural
 O valor da umidade natural do solo varia em função da localização
da amostra:

 Próxima ou na superfície do terreno;

 Se em profundidade;

 Se nas proximidades de lagos, rios ou fontes;

 Se coletada logo após uma chuva , etc.

 Amostras coletadas abaixo do nível permanente do lençol freático


não deverão apresentar variações na umidade, pelo fato de
estarem saturadas.
Determinação da Umidade em Laboratório
 Procedimento (DNIT – ME 213/94):

 Amostra de solo;

 Tabela: Massas mínimas das amostras de material úmido, em


função do tamanho máximo das partículas (DNIT – ME 213/94).
Determinação da Umidade em Laboratório
 Procedimento:
 A amostra é colocada em um recipiente e pesa-se o conjunto, em balança
com precisão de 0,01g, (mbu).

 O conjunto é mantido em estufa a uma temperatura de 110 0C, por 15 a 16


horas.

 Pesa-se novamente o conjunto, obtém-se mbs.

 Conhecendo o peso do recipiente (m), tem-se:

 h = teor de umidade, %
 mbu = massa bruta úmida correspondente à massa do recipiente mais
a amostra de material úmido, g;
 mbs = massa bruta seca correspondente à massa do recipiente mais a
amostra de material seco, g;
 m = massa do recipiente, g.
Determinação da Umidade em Campo
 Determinação expedita do teor de umidade de solos e agregados
miúdos com Speedy.
Determinação da Umidade em Campo

 Procedimento (DNIT-ME 052/94):

 Amostra de solo;
 Carbureto de cálcio;
 Aparelho medidor de pressão de gás (SPEEDY).

 Tabela - Peso da amostra em função da umidade admitida (DNIT-


ME 052/94).
Determinação da Umidade em Campo
 Procedimento (DNIT-ME 052/94):

 Coloca-se a amostra no speedy, com duas esferas e a ampola de


carbureto de cálcio;

 Fecha-se o aparelho e agita-se até quebrar a ampola;

 Espera-se a pressão manométrica ficar constante e faz-se a leitura.


(Toda água existente na amostra reagiu com o carbureto).
Determinação da Umidade em Campo
 Procedimento (DNIT-ME 052/94):

 Têm-se:

 h = Teor de umidade em relação ao peso do solo seco, %;

 h1 = Umidade dada pelo aparelho Speedy em relação à amostra


total úmida, %.
Determinação da Umidade em Campo
 Determinação expedita da umidade de solos e de agregados
miúdos pelo emprego do álcool para secagem.

 Procedimento (DNIT-ME 088/94):

 Amostra (cerca de 50g), passando na peneira de 2,0mm;

 Pesa-se a cápsula e suporte (P1);

 Pesa-se o conjunto juntamente com a amostra úmida (P2);

 Despeja-se o álcool e inflama-se, repete-se esta operação por 3


vezes.

 Pesa-se o conjunto com a amostra seca (P3)


Determinação da Umidade em Campo
 Procedimento (DNIT-ME 088/94):

 Têm-se:

 Determina-se o peso da amostra úmida (Ph = P2-P1);

 Determina-se o peso da amostra seca (Ps = P3 - P1).

Você também pode gostar