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A primeira forma de linguagem do homem foi o “grito da natureza”. De acordo com o filósofo francês Jean-Jacques
Rousseau, os homens utilizavam sons para pedir socorro no perigo ou ao aliviar-se de dores violentas. O grito de Frans
Krajcberg(1921 - 2017) foi semelhante a essa linguagem primitiva, na medida em que denunciou a violência do homem
contra a natureza e expunha a dor das florestas devastadas. O artista plástico, premiado na Bienal de Veneza, na Bienal
de São Paulo e no Salão de Arte Moderna, entre outros, foi muito importante no panorama da arte brasileira e
desenvolveu um poderoso trabalho de ativismo com suas obrasem pintura, escultura e fotografia.
Frans Krajcberg
Nascido em Kozienice, na Polônia, em 1921, o artista perdeu toda sua família para o holocausto. Nos quatro anos que
passou na guerra, Frans Krajcberg se defrontou com a face mais obscura do ser humano, a violência. Após toda essa
barbaridade, o artista plástico encontrou refúgio na beleza das formas da natureza. Ele se radicou no Brasil, onde
chegou em 1948.
Na década de 1960, Krajcberg morou no interior de Minas Gerais, em uma caverna na região de mineração de Itabirito -
lá ele extraia os pigmentos de suas tintas. Mas foi ao conhecer o sul da Bahia, mais precisamente Nova Viçosa, a
convite do amigo e arquiteto Zanine Caldas, que o artista plástico encontrou seu refúgio para a vida. “Eu pensei: 'Meu
Deus, quanta riqueza que tem, movimento que tem, que a arte ignora. Eu fico aqui“, contou Frans Krajcberg no
documentário “O grito da natureza”, produzido pela TV Brasil.
Frans Krajcberg viveu seus últimos anos em Nova
Viçosa, onde mantinha seu ateliê no Sítio Natura,
cercado pela única porção de Mata Atlântica
remanescente na região. Ele faleceu no Rio de Janeiro,
em 2017, deixando uma enorme quantidade
de obras voltadas para a relação entre arte e meio
ambiente.
Troncos e raízes calcinadas pelos incêndios que derrubam densas áreas verdes para transformá-las em pasto eram o
material das obras de Frans Krajcberg. Ele recolhia o que o fogo deixou e transformava os materiais para que eles
gritassem socorro em nome da Amazônia. “Procuro me exprimir com esse material quebrado, assassinado, tudo isso pra
mostrar: veja, ontem foi uma bela árvore, hoje é um pau queimado”, dizia. Ele também registrou fotos das florestas e
possuía milhares de fotos de queimadas e da destruição da natureza.
O artista plástico denunciou as queimadas no Paraná, a exploração dos minérios em Minas Gerais e o desmatamento na
Amazônia. Além disso, defendeu as tartarugas de Nova Viçosa e se colocou na frente de um trator para evitar a
construção de uma avenida na cidade. Sua militância em prol do meio ambiente foi de emocionar. Frans Krajcberg foi
um artista que suscitou reflexões e diálogos com seus protestos. As ideias defendidas por suas obras viscerais
continuam sendo importantes e necessárias em nossa sociedade.
“Quando eu vejo o material, eu vejo que ele vai gritar comigo, esse é o meu trabalho. Eu não posso ir na rua e começar a
gritar, vão me botar na cadeia ou no hospital de
doido”, explicava Krajcberg. O meio que o artista
encontrou foi pegar esses pedaços que foram
destruídos brutalmente, e com eles trabalhar, criar e
lutar para que o ser humano reconhecesse que o
planeta está doente.
Links:
https://www.youtube.com/watch?v=o0tP01vsTOs
https://www.youtube.com/watch?v=pqTM-p568CM
https://www.youtube.com/watch?v=_pyR9qCd2F8