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Colégio Estadual de Filadélfia

Filadélfia, _______ de agosto de 2023


Componente Curricular: Língua Portuguesa
Professor (a): Kaique Alves de Jesus
Turma: 33.  ________ Turno: Matutino
Aluno (a): ______________________________

TRABALHO AVALIATIVO DE LÍNGUA PORTUGUESA – GÊNERO MANIFESTO

Manifesto da Poesia Pau-Brasil O trabalho contra o detalhe naturalista – pela


síntese; contra a morbidez romântica – pelo
A poesia existe nos fatos. Os casebres de equilíbrio geômetra e pelo acabamento
açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o técnico; contra a cópia, pela invenção e pela
azul cabralino, são fatos estéticos. surpresa.
[...] [...]
Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
A nunca exportação de poesia. A poesia anda Um quadro são linhas e cores. A estatuária
oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. são volumes sob a luz.
Nas lianas da saudade universitária.
[...] A Poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar
A Poesia para os poetas. Alegria dos que não domingueira, com passarinhos cantando na
sabem e descobrem. mata resumida das gaiolas, um sujeito magro
[...] compondo uma valsa para flauta e a Maricota
A Poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.
uma criança. Nenhuma fórmula para a contemporânea
[...] expressão do mundo. Ver com olhos livres.
A língua sem arcaísmos, sem erudição. [...]
Natural e neológica. A contribuição milionária Uma visão que bata nos cilindros dos
de todos os erros. Como falamos. Como moinhos, nas turbinas elétricas; nas usinas
somos. produtoras, nas questões cambiais, sem
Não há luta na terra de vocações acadêmicas. perder de vista o Museu Nacional. Pau-Brasil.
Há só fardas. Os futuristas e os outros. [...]
Uma única luta – a luta pelo caminho. O trabalho da geração futurista foi ciclópico.
Dividamos: Poesia de importação. E a Poesia Acertar o relógio império da literatura
Pau-Brasil, de exportação. nacional. Realizada essa etapa, o problema é
Houve um fenômeno de democratização outro. Ser regional e puro em sua época.
estética nas cinco partes sábias do mundo. [...]
Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadros (Correio da Manhã, 18 de março de 1924)
ANDRADE, Oswald de.
de carneiros que não fosse lã mesmo, não
prestava. A interpretação no dicionário oral 01 – No Texto 1, no trecho “A interpretação
das Escolas de Belas Artes queria dizer no dicionário oral das Escolas de Belas
reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As Artes queria dizer reproduzir igualzinho...”,
meninas de todos os lares ficaram artistas. o uso do diminutivo na palavra destacada
Apareceu a máquina fotográfica. E com todas sugere
as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e A) admiração.
da misteriosa genialidade de olho virado – o B) afetividade.
artista fotógrafo. C) crítica.
[...] D) simplificação.
E) suavização.

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02 – Qual é o argumento que sustenta a Obra com mais de 2 metros de altura impede
tese defendida no Texto 1? vista para o mar e, segundo manifestantes,
A) “A Poesia para os poetas. Alegria dos que não está de acordo com o Plano Diretor.
não sabem e descobrem.”.(ℓ. 9) Ambientalistas e lideranças de Conselhos de
B) “A Poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como moradores promoveram na manhã de hoje, na
uma criança.”. (ℓ. 12) Via Costeira, uma manifestação de repúdio
C) “As meninas de todos os lares ficaram contra um muro de quase 200 metros, que foi
artistas.”. (ℓ. 28) erguido, recentemente, pelo Imirá Plaza Hotel,
D) “Um quadro são linhas e cores. A para cercar o anexo onde funciona a arena de
estatuária são volumes sob a luz.”. (ℓ. 41) shows do empreendimento. Segundo os
E) “Nenhuma fórmula para a contemporânea manifestantes, a obra impede a visão do mar
expressão do mundo.”. (ℓ. 48) e desrespeita o próprio Plano Diretor do
município.
03 – No Texto 1, a expressão “Ver com Diante disso, o grupo distribuiu panfletos a
olhos livres.” tem o mesmo significado pedestres e motoristas que trafegavam pela
que avenida Dinarte Mariz (Via Costeira).
A) admirar a simplicidade. Enquanto funcionários do hotel davam os
B) desejar a desordem. últimos retoques na obra, faixas eram
C) enxergar a realidade. erguidas pelos ambientalistas, com a frase:
D) libertar-se de preconceitos. “Queremos ver o mar!”. Apesar disso, o
E) presenciar as novidades. gerente do Imirá não quis se pronunciar à
04 – No Texto 1, o autor compara a poesia imprensa, mas disse à reportagem do JH que
Pau-Brasil a não entendia o motivo da polêmica.
A) um quadro com linhas e cores. No entanto, para o arquiteto e urbanista Heitor
B) um trabalho com detalhe naturalista. Andrade, a construção do muro é ilegal, já
C) uma fórmula para a contemporaneidade. que não estaria em conformidade com o
D) uma interpretação oral nos dicionários. artigo 21 da Lei Complementar nº 82, de
E) uma sala de jantar domingueira. 2007, que corresponde ao próprio Plano
Diretor da cidade, que está em vigência, em
05 – A finalidade do Texto 1 é relação à Zona Especial Turística (ZET2).
A) descrever o trabalho dos poetas nacionais. Segundo ele, a própria legislação não permite
B) discutir a democratização estética da arte. construções civis na Via Costeira, com obras
C) explicar a importância do detalhe na poesia que ultrapassem o nível do meio fio da pista.
naturalista. “Cadê a lei? Essa obra não condiz com o que
D) propor uma nova concepção de arte. está firmado no Plano Diretor. Não faz
E) relatar o desenvolvimento da Poesia Pau- qualquer sentido esse muro erguido acima do
Brasil. nível permitido”, disse Heitor.
_____________________________________ Quem garante também a irregularidade é o
Leia o texto abaixo, publicado em 2008, no presidente da Associação Potiguar “Amigos
Jornal de Hoje, a respeito do protesto feito da Natureza”, Francisco Iglesias, que
contra a construção de hotéis na Via questiona a legalidade da obra e adverte para
Costeira, que compromete a vista para o a construção de novos muros. “Se um hotel
mar. Observe que não se trata de um faz isso, depois outros irão copiar a mesma
manifesto textual, mas sim de um texto ideia, pois não estão nem aí para o impacto
jornalístico que fala sobre um manifesto que estão provocando”, alertou.
feito pelas pessoas no local da via De acordo com Iglesias, o grupo de
costeira. ambientalistas já enviou ofício à Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo
(Semurb), cobrando explicações sobre a
AMBIENTALISTAS FAZEM PROTESTO suposta autorização para a execução da obra,
CONTRA MURO ERGUIDO NA VIA e solicitando, paralelo a isso, o imediato
COSTEIRA embargo.
30 Abril 2008 — Yuno Silva Na Via Costeira existem 13 acessos livres aos
cerca de 10 quilômetros de praia, mas para a

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presidente da Associação dos Conjuntos
Ponta Negra e Alagamar (AMPA), Vera
Almeida, falta urbanização no local, que 10 – Qual a posição da Associação
garanta a mínima estrutura a banhistas e Potiguar “Amigos da Natureza”?
turistas. “Como se isso não bastasse, ainda
querem nos privar de contemplar um dos mais
belos visuais do mundo, que serve como
verdadeiro cartão-postal. Não concordamos,
portanto, com a privatização feita pelos
hoteleiros do nosso patrimônio”, observou
Vera. 11 – Enquanto cidadão e parte da
A paisagem também foi defendida pelo comunidade de Natal, qual a sua opinião a
economista Rodrigo Câmara, que trafegava respeito? Justifique com argumentos
pela Via Costeira e resolveu aderir ao próprios.
movimento. “Moro em Ponta Negra e passo
por aqui todos os dias, quando vou trabalhar.
Se a Prefeitura permitir esse muro eu tenho
certeza que haverá um grande protesto na
cidade. Ninguém está de acordo com isso, a
não ser por motivos financeiros”, criticou.
Diante disso, os manifestantes resolveram,
MANIFESTO EM DEFESA DO BARULHO
também, fazer um abaixo-assinado com
DAS CRIANÇAS
assinaturas de qualquer cidadão que não
4 de dezembro de 2012
concorde com obras que tirem a visão do mar,
em toda a extensão da Via Costeira. No
O Grupo de Pesquisa Identidade e Território
documento, que será entregue às
(GPIT), ligado à Faculdade de Arquitetura da
autoridades, o grupo pede a demolição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
imediata do muro.
(UFRGS), vem por meio deste manifestar a
Fonte:<http://sospontanegra.wordpress.com/
preocupação de seus pesquisadores no
category/manifesto/>. Acesso em: 25 fev. 2010. campo do Planejamento Urbano e Regional
com a recente decisão do desembargador
06 – O que defendem os manifestantes? Carlos Marchionatti, motivada por ação de
uma escritora, que alegou prejuízo
profissional de atividades realizadas em sua
residência em função do ruído produzido por
crianças de 18 meses a seis anos de idade,
no pátio de uma escola vizinha, localizada no
07 – Quais argumentos eles utilizam? bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A
decisão, vencida em primeiro grau e
confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio
Grande do Sul (TJ-RS), coloca algumas
questões importantes e urgentes sobre as
quais a sociedade brasileira precisa refletir.
08 – De que forma se deu a ação dos Nos estudos urbanos ainda carecemos de
manifestantes? maior volume de investigações a respeito das
relações entre sons e cidade, no entanto o
tema está presente em trabalhos acadêmicos
em todo o mundo, inclusive os realizados e
debatidos no interior do GPIT. Não temos
dúvidas sobre a importância dos sons como
09 – Segundo Heitor Andrade, por que a
delimitadores de territorializações na
construção do muro é ilegal?
experiência espacial, especialmente no
espaço urbano. Sirenes, badalar de sinos,

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vozerio das multidões ou saudosos sons dos 12 – O primeiro parágrafo do manifesto
vendedores de jornais e afiadores de faca não lido tem a função de anunciar os
apenas situam um tempo- espaço como manifestantes e o motivo da elaboração do
também acabam por expressar ou mesmo texto em questão. Considerando essa
regular a convivência. Locus da modernidade, informação, responda às questões.
o urbano é o lugar de encontro das diferenças
a) Quem são os manifestantes?
e de convívio com imagens sonoras, as mais
diversas. Viver em cidade é acolher a
diversidade e experimentar a diferença.
Escolas são importantes equipamentos
urbanos que articulam a vida dos bairros,
orientando inclusive a escolha da moradia por
famílias que desejam viver em proximidade
com esses espaços. Do ponto de vista da b) Qual foi o motivo que levou o referido
legislação urbana, inclusive não há grupo a escrever tal manifesto?
impedimento de atividades escolares no
Moinhos de Vento e, por princípio, escolas
devem estar situadas em áreas de alta
densidade.
Entendemos que a decisão da Justiça do Rio
Grande do Sul pode estimular a intolerância,
ao invés de promover soluções 13 – No último parágrafo, o grupo afirma
apaziguadoras, como a adoção de que “[...] a decisão da Justiça do Rio
tecnologias de conforto acústico e uma série Grande do Sul pode estimular a
de outros recursos e medidas que minimizem intolerância, ao invés de promover
a propagação sonora tanto na escola quanto soluções apaziguadoras [...]”.
na residência. A mediação de conflitos neste
campo não pode mais se dar apenas Qual é a justificativa apresentada para se
baseando-se na medição física do fenômeno chegar a essa conclusão? Comente.
acústico, dada a importância social de muitas
das atividades que se configuram como fontes
emissoras. Estudos apontam que o tráfego
automotor, por exemplo, é responsável pela
maior parte do que é considerado poluição
sonora em nossas cidades hoje, levando
inclusive a transtornos psíquicos, mas não se
tem apontado para a proibição da circulação
de automóveis como solução desse problema.
No caso dos espaços reservados à vivência
das crianças em nossas cidades, o que
propomos aqui não é que se deixe de
observar os direitos que assistem o cidadão,
mas que possamos pensar e colocar em
prática alternativas que não se traduzam no
distanciamento – ou silenciamento – de
grupos ou sujeitos, pois é exatamente o
relacionamento entre eles que fortalece a
civilidade.

GRUPO de Pesquisa Identidade e Território UFRGS.


Disponível em: <www.ufrgs.br/gpit/manifesto-em-defesa-do-
barulho-das-criancas/>. Acesso em: 3 jan. 2018.

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