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Erveirança 5.

0 – Adriano Camargo

Sumário
Classificação das ervas .........................................................................................................3
Preparos com SETE ERVAS .................................................................................................4
Práticas com ervas .................................................................................................................6
1. Arruda - Ruta graveolens L. ...........................................................................................10
2. Alecrim - Rosmarinus officinalis L. ................................................................................11
3. Guiné - Petiveria alliacea L. ...........................................................................................13
4. Pitangueira - Eugenia uniflora L. ...................................................................................14
5. Anis Estrelado - Illicium verum Hook. Fil. .....................................................................16
6. Alho e Cebola ...................................................................................................................18
7. Rosa Branca - Rosa centifolia L. ...................................................................................20
8. Espadas de São Jorge e de Santa Bárbara - Sansevieria trifasciata var. laurentii
(De Wild.) N.E.Br .....................................................................................................................22
9. Boldo comum: Plectranthus barbatus Andrews...........................................................24
10. Pinhão Roxo - Jatropha gossypiifolia L. ...................................................................26
11. Cipó Caboclo - Davila rugosa Poir. ...........................................................................28
12. Para-raio – Melia azedarach L...................................................................................30
13. Louro - Laurus nobilis ..................................................................................................32
14. Capim Rosário .............................................................................................................34
15. Peregun Roxo - Dracena Roxa - Peregun - Dracena Roxa – Cordyline terminalis
(L.) Kunth. .................................................................................................................................35
16. Saião ou Folha da Costa – Kalanchoe .....................................................................37
17. Mamona – Ricinus communis L. ...............................................................................38
18. Comigo Ninguém Pode – Dieffenbachia amoena Bull. ..........................................40
19. Alfazema - Lavandula dentata L. ...............................................................................42
20. Fumo Tabaco – Nicotiana tabacum L. ......................................................................44
21. Capim Cidreira - Cymbopogon citratus (DC) Stapf. ................................................46
22. Dandá da Costa – Tiririca – Cyperus rotundus L. ...................................................48
23. Erva de Santa Maria - Mentruz - Chenopodium ambrosioides L. .........................50
24. Abre caminho ...............................................................................................................52
25. Quebra Demanda ........................................................................................................53
26. Losna - Artemisia absinthium L. .................................................................................54
27. Macela – Achyrocline satureioides (Lam.) DC.........................................................56
28. Eucalipto Comum - Eucalyptus globulus ..................................................................58
29. Calêndula - Calendula officinalis L. ...........................................................................60
30. Angico - Anadenanthera peregrina (L.) Speg ..........................................................62
31. Erva de Bicho – Polygonum persicaria L. ...................................................................63
32. Manjericão ou Alfavaca comum - Ocimum basilicum L. .........................................65
33. Mentas - Hortelãs e outras .........................................................................................67
34. Aroeira comum– Schinus terebinthifolia Raddi Aroeirinha - Schinus molle L. ......69
35. Assa-Peixe - Vernonia polyanthes Less. [sin. atual Venonanthura phosphorica
(Vell.)H.Rob.] .............................................................................................................................71
36. Café - Cafeeiro Cafeeiro - Coffea sp. .........................................................................73
37. Samambaias ..................................................................................................................75
38. Cravo .............................................................................................................................77
39. Canela ...........................................................................................................................77
40. Sabugueiro - Sambucus australis Cham. e Schltdl. ..................................................78
Classificação das ervas

Penso que conhecer cada erva seja de suma importância. Entender seu
funcionamento em banhos, defumações e benzimentos é vital para que suas
potências sejam aproveitadas em integridade. Então, que tal falarmos um
pouquinho sobre nosso sistema de classificação e como colocar em prática nos
nossos preparos? Vamos lá, começando com um pouquinho de história!
Este trabalho com ervas nasceu dentro do universo religioso, no chão de terreiro,
na prática. Orientado pelos mestres espirituais, fui buscando e acrescentando ao
meu conjunto de conhecimentos e habilidades todo um manancial de saberes
que convergiram com suas inspirações e afunilaram nesse imenso campo de
possibilidades em magia natural, aplicada não só no campo religioso, mas no dia
a dia. Gosto de dizer que se o uso das ervas fosse exclusividade do religioso
cresceria só no quintal do pai de santo. E não é verdade, cresce nos quintais de
todos nós, assim como o conhecimento está ao alcance de todos que pretendam
alcançá-lo, todos que queiram e se disponham a olhar e se comportar com
liberdade, respeito e responsabilidade nesse meio ritualístico.
Nosso sistema de classificação das ervas é simples, original e de fácil
entendimento. Nossa tarefa é levar conhecimento simples e objetivo, cuidando
para que os dogmas e preceitos tenham explicações lógicas e se tiverem que
ser seguidos, que nos dêem bons motivos para isso.
Uma definição resumida bem simples de erva QUENTE OU AGRESSIVA é:
aquelas que têm capacidade, energia e magnetismo para encontrar e anular
definitivamente larvas, miasmas, acúmulos energéticos, magnéticos,
vibratórios, espirituais, conscientes ou não, assim como seres vivos espirituais,
inteligências, elementos condensadores, e toda e qualquer forma negativa ou
negativada que por ventura esteja atuando, natural ou impositivamente, na
vida de uma pessoa, sua casa, família, trabalho ou local sagrado.
Resumindo a função de uma ERVA QUENTE, para seu melhor entendimento: é
como um ácido do astral, capaz de dissolver qualquer substância acumulada
que seja prejudicial à saúde espiritual.
Já as ervas MORNAS OU EQUILIBRADORAS são aquelas que carregam a
capacidade de regenerar, reconstruir, verdadeiramente equilibrar um campo
energético, trazendo-o à naturalidade. Sua estrutura vibracional contém
energias vivas que atuam no sentido de corrigir as perdas energéticas
causadas pelo uso das ervas quentes ou agressivas, harmonizar seus chacras
(centros de força), equilibrar as energias vitais importantíssimas para o bom
funcionamento do organismo espiritual humano e consequentemente do físico.
São poderosíssimos energéticos, levantadores de astral e direcionadores.
Ervas que podemos usar no dia a dia, sem restrição alguma.
Já as ervas FRIAS OU ESPECÍFICAS são idênticas às ervas mornas, no
entanto têm campos de ação muito bem definidos, ou seja, tem
especialização em algum sentido. Por exemplo, ervas para tranquilidade,
masculinas, femininas, de atração pessoal, prosperidade entre outras tantas.
Uma erva FRIA pode aparecer classificada como MORNA, mas dentro do seu
campo de ação específico participar de um preparo especializado.
Exemplo de ervas QUENTES OU AGRESSIVAS: Arruda, Guiné, Alho, Cebola,
Eucalipto, Pinhão Roxo, Espadas, etc.
Exemplo de ervas MORNAS OU EQUILIBRADORAS: Alecrim, Boldo, Alfazema,
Manjericão, Anis Estrelado, etc.
Exemplo de ervas FRIAS OU ESPECÍFICAS: Rosa-branca, Capim-limão,
Melissa, Cipó-Prata, etc

Preparos com SETE ERVAS

A combinação das ervas e sua aplicação depende muito mais do propósito do


que de alguma regra ou técnica.
Não se sabe quando ou onde foi a primeira vez que alguém recomendou um
banho de SETE ERVAS, ou usou o termo SETE ERVAS da JUREMA, mas é
sabido que virou um hábito e nós o herdamos com toda a força da egrégora de
pensamentos e condensação de conhecimentos que ampara as repetições das
práticas assertivas.
Por fundamento, podemos entender a base de onde se ergue uma tradição, que
é copiada, reproduzida, uma, duas, dezenas e centenas de vezes até se
consolidar como prática habitual, aceita, funcional, eficaz e com poder realizador
comprovado. Então, antes de afirmar que algo é fundamento, deve-se levar em
consideração o que essa prática gerou de base para que outras pessoas a
seguissem, copiassem e praticassem estritamente sem modificações.
Cada prática ritualística tem suas próprias características, e é baseada em
pessoas, seus conhecimentos e convicções.
Em termos coloquiais, ou seja, no modo de dizer, ao invés de afirmar “Ah, isso é
fundamento da minha casa!”, seria mais interessante: “Isso é uma prática minha,
própria da minha casa e dos que seguem essa doutrina”.
Afinal o que é correto para um, pode não ser para o outro. E digo mais: Não há
nada mais errado do que afirmar que o outro está errado! Afinal, a experiência é
dele, ninguém sabe o que ele passou para chegar até ali.
Nós nunca afirmamos sermos os donos da razão, em momento nenhum nas
últimas duas décadas de trabalho com as ervas, seja em matérias escritas nos
veículos de informação que tive a oportunidade de colaborar, seja nas páginas,
blogs e redes sociais.
Sempre que oferecemos uma forma de trabalhar com as ervas foi como
sugestão, para quem entende que é livre e pode, com essa liberdade, aproveitar
a experiência que outros já tiveram, uma oportunidade de comprovar a eficácia.
O conhecimento é libertador!
Um dos objetivos desse trabalho é nos libertar de mitos e dogmas sem
fundamento, que só servem para nos acorrentar a práticas que não se explicam
com clareza. Isso serve para todos nós, calejados pelo tempo, e principalmente
para as pessoas que estão buscando conhecimento sobre as religiões naturais
e práticas ritualísticas no começo de suas caminhadas.
Estamos cercados de profundos conhecedores da superfície das coisas, que por
necessidade de dominar aqueles que se colocam no seu caminho, criam e
adaptam procedimentos mal compreendidos como ferramenta para manter seu
pseudo poder.
Aqueles que trazem conhecimento de base fundamentada, explicada e coerente,
com certeza não se incomodam com essas palavras, pois estão seguros do que
fazem, afirmam suas convicções com a leveza da sabedoria. Diferente de quem
precisa desqualificar o trabalho alheio para se manter vivo.
Voltando às SETE ERVAS: é toda e qualquer combinação de ervas num preparo
de base com sete elementos vegetais diferentes, equilibrados entre si e
com um objetivo bem definido.
Então, se sabemos o que são as ervas QUENTES, MORNAS e FRIAS,
conseguimos nós mesmos definir nossos preparos a partir de uma necessidade.
A grande maioria desses preparos tem 3 ou 4 ervas quentes, assim como as
mornas. Os chamaremos assim: 3x4 ou 4x3... três para quatro ou quatro para
três... veja na tabela a seguir:
Tabela Base 7
Quente Morna-Fria
7 --- 0
6 --- 1
5 --- 2
4 --- 3
3 --- 4
2 --- 5
1 --- 6
0 --- 7

Se eu souber o que quero, mais limpeza em profundidade e regeneração


relativa, posso usar um banho 5x3, cinco ervas quente mais três ervas
mornas.
Quero um preparo de "defesa", 3x4, três ervas quentes e quatro mornas,
vamos usar esse exemplo:
Três ervas quentes: Arruda, Guiné e Casca de Alho
Quatro ervas mornas: Alecrim, Manjericão, Pitanga e Anis Estrelado
Terei nesse banho ou defumação, capacidade de limpeza, descarrego, corte de
energias enfermiças e vampirizadoras, além de equilíbrio, regeneração e
energização dos corpos espirituais, direcionamento e clareamento das ideias.
Resumindo, seu banho de sete ervas está desenhado com os detalhes que tem
aprendido de cada erva que eu posto aqui, formando assim um preparo único,
com objetivo definido.

Práticas com ervas


Rituais com ervas para todos os dias independente de religião

É muito comum nós acharmos que precisamos de uma energia específica, por
exemplo de prosperidade, e na ansiedade de resolver logo o problema (a suposta
falta da energia), usamos rituais, rezas, banhos, defumações, simpatias, enfim uma
gama de opções para, assim, atingirmos nossa expectativa e resolvê-lo. No entanto,
é comum, após tudo isso, o resultado ser bastante aquém do esperado. E por que
isso acontece?

Primeiro, vamos pensar no merecimento. Nem tudo o que fazemos com intenção
direta é prontamente atendido por questões que nem sempre temos consciência ou
condição de definir. O merecimento está ligado às nossas opções pessoais, espirituais
mesmo, aquelas que escolhemos antes de encarnarmos, e também dos recursos que
a Lei Divina nos faculta para cumprirmos nossa tarefa no meio humano material. É
difícil de entender, não é? Mas se a Lei Divina, a Lei de Causa e Efeito, entender que
naquele momento a tão desejada prosperidade não trará a experiência necessária à
nossa evolução, esqueça. As coisas não são exatamente como nós queremos, na hora
e forma como queremos. Isso não quer dizer que temos que nos conformar e dizer
“é assim mesmo”. Podemos sim mudar nosso destino, ou o chamado carma,
mudando nosso comportamento diante da vida.
Lembremos a máxima: “Se você quer um resultado que nunca teve, terá que fazer
coisas que nunca fez.” Isso inclui transformar comportamentos viciados.
A segunda opção é que normalmente estamos impermeáveis à energia específica.
Muitas vezes nosso campo astral está tão apinhado de formações astrais, acúmulos
energéticos que se criam à nossa volta, que uma verdadeira casca densa torna
nosso espírito impermeável, isolado e impossibilitado de receber qualquer tipo
de energia específica, como a que citamos, de prosperidade. Aí precisaremos de um
tratamento de choque, algo que vai diluir esse cascão e permitir que a energia
específica possa ser aplicada. Esse é o processo de limpeza, onde usamos as ervas
QUENTES ou AGRESSIVAS.
É necessário também um processo de regeneração, que entendemos como o
equilíbrio necessário para receber a vibração específica. É, na prática, fortalecer o
espírito para que ele possa aproveitar com plenitude a energia que lhe será
proporcionada. Então usamos as MORNAS ou EQUILIBRADORAS. Até aqui temos
o processo natural de limpeza e equilíbrio. Poderíamos parra por aqui, mas se tiver
disponibilidade e quiser continuar...
Podemos então administrar o específico, nos servindo das ervas FRIAS ou
ESPECÍFICAS, que assim, nossos espíritos estarão aptos para recebê-lo e aproveitar
seus benefícios.
Vamos aos exemplos práticos, cada um em um dia (que podem ser alternados), no
horário que ficar mais adequado para você e lembre-se: liberdade com
responsabilidade.
Ritual de limpeza e energização com ervas

1o dia – Limpeza profunda


Esse primeiro dia é bastante importante, se achar necessário poderá ser repetido até
no máximo três vezes. Use a razão!

Usamos as ervas sempre em número ímpar, por entender que são desagregadoras.
Três, cinco, sete, nove, etc. Não precisamos exagerar. Normalmente três ervas são
suficientes para uma boa limpeza. Sete são usadas para limpeza bastante complexas,
de preferência sob orientação espiritual. Use o bom senso e dentro dos exemplos
que darei a seguir, escolha o número de ervas necessário para a limpeza profunda:

Arruda, Guiné, Quebra-Demanda, Espadas de São Jorge e Santa Bárbara, Pinhão


Roxo, Casca de Alho, Casca de Cebola, Fumo (de corda ou folha), Erva de Bicho,
Aroeira e Dandá.

Defumamos nossa casa, as pessoas que moram nela, preparamos os banhos e além
de tomá-los, também banhamos nossa casa. Passamos no chão, nos batentes de
portas e janelas com um pano limpo. Os resíduos devem ser jogados fora de casa.
Devolvidos a terra, ou a um rio. Lembre-se das rezas de ativação para esse processo.
Podemos começar esse primeiro dia de limpeza profunda em qualquer dia da
semana. Às vezes, ficamos presos aos rituais de dias da semana, fases da lua e outros
dogmas e esquecemos que não há dia para pegarmos uma gripe, por exemplo.
Todos os dias são consagrados a Deus, nosso amado Pai Criador e não há momento
específico para amá-Lo. Da mesma forma que não há porque esperar mais um dia
para fazer um banho ou defumação de limpeza, por não estar no dia certo. Faça e
acredite! Se você acredita ser a segunda-feira um bom dia, faça. Se acredita ser a
terça-feira, a quarta-feira, enfim qualquer que seja o dia da semana, pode ter certeza
que as ervas responderão.

2o dia – Equilíbrio e energização


Não menos importante que o anterior, esse processo visa, como o nome diz,
equilibrar o ambiente, ou a pessoa para que assim, energizado e estável, possa
receber a energia específica. As ervas para esse processo podem ser usadas em
número ímpar ou par, sem distinção. Também podem ser usadas sem a preocupação
de se tornarem um elemento agressivo, como as anteriores. Há uma característica
bastante interessante, as ervas mornas ou equilibradoras podem ser usadas sozinhas,
como elementos de “manutenção energética”, no dia a dia mesmo, ainda que não
seja feito todo o ritual.

Podemos aqui citar Manjericão, Boldo, Alecrim, Alfazema, Hortelã, Calêndula, Abre
caminho, Samambaias e todas as flores de pétalas claras.
Uma característica interessante dessas ervas é que elas são em banhos, verdadeiros
repositórios energéticos em caso de uso exagerado das ervas quentes ou
agressivas. A simples presença de uma dessas ervas num preparo com as agressivas
faz com que seu campo astral se estabilize.
A Sálvia (aguarde texto completo sobre ela), por exemplo, pode ser usada para
defumação sozinha. Coloque-a num recipiente refratário e coloque fogo diretamente
na erva seca. Assopre ou abane e veja como rapidamente você terá uma defumação
com apenas uma erva, e não menos eficiente por isso.
Não esqueça das rezas apropriadas para o preparo e as determinações que
direcionarão a ação da erva.

3o dia – Específico
Agora sim você estará preparado para o ritual especifico. Limpo e equilibrado, seu
campo astral estará preparado para receber a energia específica, para aquilo que
inicialmente você acreditava que era o seu único objetivo. É claro que até aqui, com
certeza se sentirá bem melhor. Levando em consideração que muitos problemas que
enfrentamos são causados por vibrações negativas que desconhecemos e que nos
atrapalham sem percebermos. Somente a limpeza já trará um alívio bastante
importante, pois o espírito liberto pode pensar e agir melhor, assim tomando as
melhores decisões.
Algumas ervas usadas especificamente:

Prosperidade: Louro, Café, Abre-Caminho, Samambaias

Estímulo: Rosas, Mentas, Boldo, Calêndula, Pitanga

Saúde: Santa Maria (Mentruz), Assa Peixe, Losna, Manjericão

Tranquilidade: Capim Limão, Alecrim, Macela

Fortalecimento da mediunidade: Rosa Branca, Anis Estrelado, Folha da Costa

Nesse resumo citamos algumas ervas dentro das três categorias. Sirva-se dos
elementos descritos nos textos sobre cada erva e permita-se à criatividade com
responsabilidade e coerência. Cabe a você, estudar, pesquisar e escolher dentro das
regras do amor e bom senso, quais são essas ervas.
Temos nesse exemplos um universo de possibilidades. Garanto que com esse
pequeno número de ervas aqui citadas, teremos trabalho por um longo tempo.

Defesa ou manutenção energética diária


Podemos unir as ervas usadas para limpeza pesada e as usadas para equilíbrio e
energização em um único preparo, banho ou defumação.
Esse processo é muito conhecido como banho ou defumação de Defesa.
Mais uma vez, use sua criatividade baseado nas regras de amor e bom senso e sirva-
se do conhecimento. Não deixe que apenas as facilidades dos preparos prontos
sejam suas práticas. Há bons preparos prontos no mercado, mas faça os seus
próprios e verá a força ativa que terá em suas mãos. As ervas equilibradoras podem
e devem ser usadas no dia a dia, para limpeza leve e manutenção dos corpos astrais.
São excelentes limpadores leves e energizadores de uso geral.

1. Arruda - Ruta graveolens L.

Esta cheirosa erva de cor verde azulada nos encanta desde sempre. Desde a
Europa e a África, na antiguidade, é tida como uma planta mágica, sempre
cercada de mistérios e segredos guardados pelos rezadores. E até hoje faz
parte do rol das plantas de benzimento contra mau-olhado, mas também
para defesa espiritual e para atrair bons sonhos.
Planta de limpeza astral, purificadora por excelência, proporciona descarga
de acúmulos energéticos negativos e cura de espíritos sofredores, além de
anular processos negativos.
Leal e dedicada à família e à casa onde está plantada, a Arruda com sua aura
ígnea, vermelha como a energia do fogo que carrega em sua vibração, cria
campos protetores para a casa e para seus moradores. Ao longo tempo, a
característica ígnea fez com essa erva tenha sido associada à várias
divindades mitológicas também ligadas ao fogo e ao calor: Xangô, Egunitá
(Oroiná), Ogum, Exu, entre outras.
Dentro do sistema de classificação do Erveiro, a Arruda é considerada erva
"quente". Seja em banhos, defumações, benzimentos ou galhinhos atrás da
orelha, proporciona bem estar, cura e purificação únicos.

2. Alecrim - Rosmarinus officinalis L.

Da horta ou do jardim para o uso, essa planta é uma das mais versáteis e úteis,
seja na cozinha, nos rituais ou na medicina popular. Seus saberes ultrapassam
as eras e percorrem todas as culturas, sociedades e religiões.
Independente das pequenas variações no formato, folha estreita e larga, ereto
ou rasteiro, ele não perde sua característica marcante - o aroma!
De cheiro bem característico e original, famoso por perfumar as cozinhas ou
local onde é preparada sua infusão, esse pequeno arbusto de origem
mediterrânea, com folhas verde-prateadas, duras e espetadas é
verdadeiramente a erva da alegria e paz de espírito.
A partir das histórias míticas, ao Alecrim é atribuído um caminho fantástico até
sua chegada ao uso ritual brasileiro: incensou e embalsamou os reis egípcios,
escondeu e protegeu Nossa Senhora e o Menino Jesus na fuga para o Egito;
foi queimado na Idade Média como profilático para que a peste não se
alastrasse, ativou a memória dos gregos e simbolizou sua juventude; foi
dissecado, estudado e pesquisado por médicos da antiguidade e da
modernidade, entre dezenas de outros feitos do rosmarinus e que lhe
consagram como uma das mais famosas ervas aromáticas.
Em nossa forma original, simples e objetiva de classificar as ervas, o Alecrim
se encaixa como uma EQUILIBRADORA ou ERVA MORNA.
Em banhos e defumações, além desse equilíbrio característico, proporciona
paz de espírito, que naturalmente remete à alegria e tranquilidade.
Sua aura, que vai do verde-cristalino ao verde-azulado, transmite ao
organismo espiritual humano uma energia rejuvenescedora, clareadora da
memória e das ideias e iluminadora da visão e da percepção, favorecendo
um melhor olhar sobre as situações. Portanto, seu uso em banhos ritualísticos
pode ser recomendado a todas as pessoas, independente de precisarem
dessas energias específicas. A respiração dos seus ramos é bastante benéfica
também, sendo curadora e animadora.
Religiosamente, o Alecrim é associado aos Orixás Oxalá, Oxum, Iemanjá,
Oxóssi e Ogum, e, portanto, a partir dessas definições também encontramos as
características harmonizadoras das relações e organizadora das idéias.
Composta com outras ervas, proporciona consistência e estabilidade ao
preparo.
Abuse das suas folhas e galhos secos queimados em defumações, convidando
os Seres da Natureza Vegetal para que condensem no ambiente as melhores
energias profiláticas e vitalizadoras da nossa saúde.
3. Guiné - Petiveria alliacea L.

Essa poderosa planta brasileira é uma das mais conhecidas e usadas no


universo ritualístico. Nativa da região amazônica, é abundante no Brasil todo e
foi levada para a África por escravos libertos que se adaptaram ao seu uso aqui
nas Américas. É uma das poucas ervas bem conhecidas que aparecem nas
enciclopédias nativas acreanas.
Mágica por excelência e famosa pela capacidade de se adaptar a qualquer
trabalho, é duradoura e forte, como seu poder de infestação nos nosso jardins
e seu cheiro que lembra o odor do alho. Este é o Guiné, ou a Guiné, se
considerarmos seu nome botânico "Petivéria".
Não há registro da origem do nome Guiné. Mas ela também é conhecida
largamente por "Amansa-Senhor", fama que adquiriu por a ser a arma que
negros africanos escravizados utilizavam para envenenar lentamente seus
senhores, já que ingerida com regularidade, ela provoca debilidade e
confusão mental. Nas mais diversas regiões do país é encontrada também
com os nomes de Guiné-Pipi, Pipi, Piti, Pitiu, entre muitos outros.
No uso religioso, também tem seu merecido destaque. Na Umbanda, muitas
falanges se formaram usando seu nome como base, como Caboclo Guiné,
Preto Velho Pai Guiné, etc. Além de aparecer em centenas de pontos cantados
e linhos entoados no Catimbó.
Sabe aquela planta que você gostaria de ter com você num campo de batalha
espiritual? Então, é essa erva incrível! No "Sistema de Classificação do
Erveiro", o Guiné tem natureza QUENTE OU AGRESSIVA, pois é
extremamente cortante em sua atuação "quente" e profundamente curadora
de espíritos e locais energeticamente negativados pelas emoções
humanas. A energia da espada cortante de Pai Ogum e da flecha perfurante
de Pai Oxóssi conferem à essa poderosíssima erva esse peso metálico capaz
de anular as mais intrincadas magias negativas e colocar cada coisa em seu
devido lugar.
Poderíamos com todo o respeito associá-la ao poder arcangélico de Miguel,
com sua espada aplicadora da Lei Divina nos campos da Criação, ou de forma
bem figurada (bíblica), à Ira de Deus voltada àqueles que desvirtuaram os
Mistérios da Vida.
Com sua aura energética que vai do verde-intenso ao azul-escuro, temos
um poderoso cortador de demandas e abridor de caminhos usado em
banhos, defumações, pós de assopro, bate folhas e benzimentos. Devidamente
ativada em processos de descarrego e limpeza pesada, é elemento temido
pelas inteligências do baixo astral.

4. Pitangueira - Eugenia uniflora L.

Direcionamento amoroso, mas disciplinador. Daquele que faz o íntimo falar


com a razão, tapa a boca das paixões cardíacas e direciona o olhar no
caminho mais adequado ao nosso momento e para o nosso melhor benefício.
Essa é a energia da poderosa Pitangueira, espécie originária da nossa Mata
Atlântica, de aura amarelo-alaranjada que vai até o vermelho (o que condiz
com seu nome em tupi antigo: pytanga=vermelho), que movimenta tudo o que
toca com sua vibração. Tira do lugar comum e ajuda a tomada de decisões,
pois movimenta o pensamento.
É direcionadora por excelência, ajudando a colocar cada coisa no seu
caminho mais adequado, desde que ativada com esse propósito: encontrar o
melhor caminho, a melhor saída e solução para um problema.
É atribuída à pitangueira conexão com diversas Divindades, dependendo do
contexto religioso e regiões. Na cultura jêje nagô, de acordo com o saudoso
Prof. Pessoa de Barros, é associada a Oxum e Ossaim, já que suas folhas
perfumadas são usadas para forrar os barracões em dia de festa, para banhos
e bate-folhas, pois atraem a prosperidade. Há um inconsciente popular que
associa a pitanga a Pai Ogum, talvez por aparecer em vários preparos de
descarrego ou purificadores, de acordo com Pierre Verger.
Dentro do nosso entendimento das ervas, suas energias, vibrações e
magnetismo astral, associamos uma erva à vibração de um Orixá, buscando a
forma com que ela trabalha, quais campos de ação abrange e que poderes
coloca em funcionamento para realizar a manutenção energética da vida e da
evolução dos seres.
E, se a Pitangueira é vista como uma erva de prosperidade é porque essa
virtude espiritual não se realiza sem direção e movimento, aí encontramos as
vibrações da nossa Sagrada Mãe Iansã, que não se dissocia dos caminhos de
nosso amado Pai Ogum, e nem do poder expansivo de nosso tão querido Orixá
Oxóssi. Então temos que ela traz a capacidade de dar movimento, acelerar e
direcionar os processos aos quais está atribuída.
Por exemplo, as folhas secas numa defumação para um local comercial,
movimentará as energias para que ao entrarmos nesse estabelecimento, não
sintamos energias estacionadas. Num preparo de banho para auto estima,
trará à pessoa que usá-lo a energia vibrante que tirará do lugar o que está
estagnado, direcionará para o adequado, eliminando assim o cansaço, a
depressão espiritual e a tristeza, características das situações antiprósperas
materiais e espirituais. A característica expansora aparece trazendo o
crescimento de dentro para fora, organizado e direcionado. Amassar as
folhas frescas nas mãos e respirar profundo é garantia de ânimo e motivação.
Então, podemos concluir numa frase que: A Pitanga movimenta cada coisa
para seu melhor caminho, incentivando e tirando do comodismo e ajudando
nas melhores decisões!
5. Anis Estrelado - Illicium verum Hook. Fil.

Aqui não fazemos um tratado botânico, então eu posso, de uma forma livre,
chamar frutos, flores, folhas, caules e raízes simplesmente de "erva".
E essa erva-fruto, de cor marrom castanho, em formato de estrela de cinco a
oito pontas, sementes redondas ovaladas, alojadas num pequeno recipiente
em forma de barco em cada uma dessas pontinhas, nos convida a um olhar
mais atento que pode provocar ensações únicas.
Feche os olhos e apanhe em cada uma das mãos um tanto de Anis-estrelado.
Feche as mãos e perceba... simplesmente sinta. São duras, firmes, de certa
forma até grosseiras. Não precisa fazer isso, mas se apertar as mãos, chega a
machucar os dedos. Agora, com tranquilidade, leve as mãos à altura do rosto e
sinta o perfume. Sinta seu aroma forte, adocicado e picante ao mesmo tempo,
incompatíveis com sua robustez tateável. Esse sugestivo paradoxo é uma
brincadeira de percepção com essa famosa chinezinha que tem lugar garantido
entre as especiarias mais usadas no mundo.
Desde aromatizar bebidas até a compor pratos exóticos na Ásia, o Anis-
estrelado ou Anis-da-china como também é chamado, substitui a Erva-doce
por ter sabor bem semelhante. Aliás, a Erva-doce também pode ser chamada
de Anis, e há um tipo de Manjericão (Alfavaca) que chamamos de Aniseto, mas
isso é assunto para outro capítulo...
Outro nome atribuído pelos franceses a esse pequeno fruto é "Badiana", e
carregá-lo consigo como amuleto pode trazer sorte ao seu portador.
Cogita-se que seu nome em latim, Illicium, deriva de allure, allurement -
encantamento, fascinação, e até tentação.
Para nós, no uso magístico e religioso, essa poderosa erva classificada no
nosso sistema como MORNA ou EQUILIBRADORA, trata do chacra coronal
ou coroa e das conexões com o lado imaterial da vida, sendo interessantíssimo
para os cuidados da mediunidade. Fortalecedora das conexões espirituais,
clareia nossa ligação com os bons espíritos afrouxando nosso envolvimento
com o lado racional e facilitando a compreensão dos sentidos intangíveis da
vida, percepção, intuição, inspiração.
Importante lembrar que, assim como todas as ervas que atribuímos funções
para mediunidade, nenhuma lhe dará capacidade extra sensorial além das
conquistadas pelo seu próprio espírito. Portanto, nada de achar que tal erva
abre a vidência ou torna alguém médium. Elas simplesmente ajudam a
compreensão do dom que o Criador lhe permitiu nessa experiência humana
na matéria.
Seu magnetismo de tranquilidade proporciona bem estar, paz e calma, tão
necessários para as tarefas entre o lado atômico e o etérico.
Seu gradiente de cores energéticas vai do branco cristalino até o azulado,
contrapondo com sua cor física, por isso associado aos Orixás Oxalá e
Iemanjá, entre outros com menor intensidade. Seu uso nos banhos transfere
essas cores incríveis desde o alto da cabeça até os corpos espirituais,
conferindo capacidade de equilíbrio, consciência e luz para as intuições.
Triturado e queimado em carvão em brasa nas defumações é excelente para
as meditações e ampliar a percepção. Nos fumos sagrados... bom, essas
mesmas funções, mas vamos falar disso mais para frente num texto sobre os
preparos!
6. Alho e Cebola
Casca de Alho - Allium sativum L.
Casca de Cebola - Allium cepa L

Hoje temos um bônus e vamos falar dessas duas "ervas" juntinhas. Coloquei
ervas entre aspas para frisar que assim chamamos fruto, flor, folha, raiz ou
casca, de forma livre para nosso uso ritualístico e magístico. E, apesar dessa
minha forma livre, isso não significa que este conhecimento é baseado em
achismos populares ou receitas milagrosas captadas sem critério na internet.
Essas duas irmãzinhas de origem oriental, Alho e Cebola são da mesma
família botânica e estão presentes (especialmente o Alho) no nosso mundo
místico desde sempre, desde que o mundo era pequenininho. Arma poderosa
contra os mitológicos vampiros, ficou conhecido pelo trabalho de Bram Stoker,
no romance mundialmente conhecido como Drácula e suas dezenas de
versões e inspirações para o cinema.
Mas de onde vem esse mito de que o Alho espanta o mal?
Não há registro assertivo desse tempo, mas é sabido que entre os egípcios,
"cheirar" a alho e à cebola era característica dos pobres, pois estes comiam e
carregavam consigo para se prevenir de doenças. Assim como os navegadores
e a população portuária do Oriente; na Índia, era rejeitado pelos brâmanes pois
inflamava as paixões.
Aroma irritante do Alho e lacrimejante da Cebola, pouco agradáveis e nada
românticos, seus perfumes únicos e sua presença afastam os maus-olhados,
inveja e perseguições por maus espíritos sugadores de energias
(vampiros energéticos em geral).
Com algumas poucas exceções, usamos apenas as Cascas do Alho e da
Cebola, que são mais do que suficientes para o que precisamos e excelentes
para o que se propõe: anular ligações negativas.
Em banhos e defumações usamos apenas as cascas, pela facilidade e
disponibilidade. Já os frutos, inviáveis pelo aroma muito forte, reservamos ao
uso culinário.
Quando eu era criança, tinha saúde frágil e sempre carente de cuidados mais
próximos. Eu me lembro que minha mãe às vezes fazia "colar de Alho" para
mim. Isso mesmo, linha ou barbante vermelho com dentes de alho amarrados,
fazendo um colar, que não podia ser tirado de jeito nenhum. Eu não me lembro
por quanto tempo tinha que ficar, se era até quebrar sozinho ou por sete ou 21
dias. Mas lembro do cheiro e que aquilo chamava a atenção, principalmente
quando as outras crianças perguntavam por que eu usava aquilo.
Outra situação comum naquela época: toda casa de benzedeira tinha uma
réstia de Alho pendurada na cozinha ou atrás da porta. Elemento simbólico e
poderoso de proteção contra ataques do baixo astral.
No nosso trabalho com as ervas, classificamos Alho e Cebola como QUENTES
ou AGRESSIVAS, capazes de anular e dissolver acúmulos negativos e
principalmente repelir investidas dos planos inferiores.
Um poderoso ácido do astral, capaz de corroer proteções, couraças e
outros elementos usados para esconder magias negativas, revelando-as e
consumindo-as. Também proporciona a libertação energética em casos de
vampirismo e obsessões intensas, magias densas com uso de elementos
animais. Verdadeiros desintoxicadores de espíritos que passaram por
situações enfermiças.
Com suas cores energéticas que vão do branco leitoso aos pulsos de
violeta, é um verdadeiro profilático para o espírito como curador de parasitas
astrais. Podemos associá-los entre outros, aos Orixás Oxalá, Logunan,
Obaluaiyê e Omulu. Entra também nas oferendas às linhas de Esquerda.
As duas ervas, Alho e Cebola e suas cascas têm vibração muito parecida, e
podem ser usadas juntas ou separadas. Podem ser brancas ou roxas, variando
de acordo com a região de origem, mas todos, todos mesmo, podem ser
usados com essas funções.
Vamos pensar também em reforço do sistema imunológico e proteção,
coisas que são muito bem vindas!
7. Rosa Branca - Rosa centifolia L.

Quem nunca ouviu “Na cabeça, só Rosa Branca!”, não sabe o que é um dos
aforismos mais comuns em todos os terreiros do mundo. Definitivamente, a
Rosa Branca é a mais usada nos banhos e defumações tanto na nossa
Umbanda, quanto em diversos outros meios místicos. Mas quero falar de todas
as Rosas!
Nome próprio, nome de planta, de sociedades secretas e discretas, bela e
cheirosa, de tantos poderes e significados simbólicos, desde o "silêncio" que a
recebeu como presente na lenda de Eros, passando por Afrodite, que as tinha
como preferidas – símbolo do amor, e ainda na culinária turca e libanesa. Na
Ásia e no Oriente, estudiosos da arqueologia encontraram exemplares fósseis
de Rosas com mais de 30 milhões de anos!
Surgida na Pérsia e disseminada pelo mundo todo, a Rosa tem participado de
rituais mágicos e terapêuticos ao longo da história, nominando de si até uma
parte da paleta de cores entre o magenta e o vermelho. Mas são mais de uma
centena de espécies, contando com seus cruzamentos, e milhares de tons e
nuances. Então, é praticamente impossível definir um número exato de cores
disponíveis mundo afora.
Para nós, simplesmente Rosa! E se, de acordo com o poeta, “As Rosas não
Falam”, para nós, elas dizem muito. Ou "Pra não dizer que não falei das flores",
fazendo jus à sua importância para o nosso universo simples e objetivo de
magia natural. Afinal, somos pétalas da grande flor da criação!
As flores são a parte conceptiva da planta, portanto, podemos afirmar que
todas as rosas são de Oxum! Suas variadas cores as qualificam, como um
presente da natureza aos outros Orixás.
Desprovidas de caule e espinhos, as pétalas de Rosa Branca são oferendas
perfeitas à beira-mar, para nossa amada Mãe Iemanjá, se oferecidas à uma
onda que venha carinhosamente colhê-las das nossas mãos em concha e levá-
las às mãos da Rainha da Coroa Estrelada, Mãe da Vida.
Já as pétalas cor-de-rosa e amarelas podem ser oferecidas às águas da
cachoeira ou na beira de um rio, em honra à nossa Sagrada Mãe do Amor, a
bela Orixá Oxum.
As poderosas Rosas Vermelhas também são de Mãe Oxum, mas em seu
aspecto magneticamente negativo, são manipuladas com excelência
energética vibratória pelas incríveis Senhoras Pombagiras.
Energeticamente, as Rosas Brancas têm uma função única: ajudam a mente
e o coração a conversarem e se entenderem, encontrando um caminho bom
para o racional e o emocional. Por isso, é tão importante para os médiuns
em desenvolvimento e, também por esse motivo, entra nos amacis e
preparos na vibração de Pai Oxalá, que tem nessa energia de amor, solo fértil
para germinar a fé.
Conhecida também por sua capacidade acalmadora do espírito, é associada
ao desenvolvimento das faculdades psíquicas, purificando com leveza os
chacras, principalmente coronal, frontal e cardíaco, iluminando-os e
carregando-os com energias salutares, propiciando assim uma excelente
conexão com o plano espiritual.
Um Orixá se serve do mistério de outro para se realizar. Mistérios da criação,
unigênitos em si, mas nunca dissociados ou isolados uns dos outros. Então,
Rosas Brancas para Iemanjá e Oxalá, mas também para todos os Orixás.
Rosas Amarelas para Oxum, Iansã e para quem mais você quiser oferecer de
coração. Rosas Vermelhas para as Senhoras Pombagiras, mas se oferecidas
na praia em pedidos para que Mãe Iemanjá "estimule" a vida, são fascinantes.
Basta pensar com liberdade e bom senso, com criatividade e responsabilidade
e encontraremos facilmente os Mistérios de Deus em cada detalhe da Criação.
As Rosas são presença obrigatória nos nossos altares, mas também são muito
bem-vindas em nossas casas como verdadeiros filtros energéticos, e
irradiadores de paz e harmonia. Que usemos as Rosas, todas as Rosas,
inclusive as cor de rosas!
8. Espadas de São Jorge e de Santa Bárbara - Sansevieria trifasciata var.
laurentii (De Wild.) N.E.Br

Lança de São Jorge - Sansevieria cylindrica Bojer


Se "eu tenho sete espadas pra me defender, eu tenho Ogum em minha
companhia...". Quem anda na Lei, tem a Lei como sua companhia. Quem anda
fora dela, bom, aí tem a companhia que merece.
Espadas são símbolos sagrados, muito além das armas de combate que tanto
nos encantam nas histórias épicas. Empunhá-las, definitivamente, não é para
qualquer um. Se não dominarmos os sentidos para onde essas cortantes e
perfurantes simbólicas nos direcionam, com certeza seremos dominados pelos
seus mistérios. Biblicamente falando, espadas são também as palavras de
Deus, traduzidas pelos seus intérpretes humanos, que cortam as incertezas
levando ao conhecimento superior. São ícones de poder e distinção militar.
E essa mítica toda fez com que essas maravilhosos exemplares da natureza
que nos remetem a esse simbolismo tivessem seu lugar garantido no meio
ritualístico. Certamente, essa associação criou um campo energético mental
poderoso em imagem e poder realizador, atribuindo assim um verdadeiro
arsenal de batalha às Espadas vegetais.
São Jorge, o santo guerreiro que dá nome à uma das Espadas, na figura de
Jorge da Capadócia, tão contado e cantado nos terreiros, no samba e na vida,
é sincretizado com nosso sagrado Pai Ogum, Orixá também guerreiro e
vencedor das demandas que nos aprisionam nas trevas da incerteza.
E sua parceria com Santa Bárbara, que nem foi tão guerreira, mas que com
seu manto vermelho, vestes amarelas e espada repousada, alenta seus
seguidores nas horas difíceis da vida. Por isso, sua relação também sincrética
com a aguerrida Mãe Orixá Iansã justifica-lhe a reputação.

O formato espadado das folhas dessas plantas confere a elas sua fama: corta
todos os males em nossa vida, nos protege e guarda do que não nos
serve para a evolução.
No nosso critério de trabalho, classificamos as espadas, tanto de São Jorge
quanto de Santa Bárbara, assim como as Lanças, como ervas QUENTES OU
AGRESSIVAS. Que podem ser usadas em banhos e defumações (frescas
ou secas), em poderosos vasos de proteção, ou em magias bem
específicas.
Atribuímos todas as sansevierias, espadas longas, anãs ou lanças, à vibração
de Pai Oxóssi, perfurante como sua flecha, e qualificadas nas forças cortantes
de Pai Ogum e Mãe Iansã, assim como outras divindades aplicadoras da Lei
Divina.
Ferramenta de trabalho constante para nossos amados Caboclos e outras
entidades da Umbanda, que empunhando-as, cortam magias negativas e
suas conexões com o baixo astral. Também constantemente recomendada
para ser colocada embaixo da cama, cruzadas ou não, ou atrás das portas de
entrada para proteção da casa.
Para o uso em banhos, devemos cortar um pedacinho bem pequeno e ferver,
pois podem causar algum tipo de reação alérgica. E para defumações, devem
ser cortadas no comprimento e bem secas de forma que percam quase toda a
água que concentram em si, para então serem queimadas em carvão em
brasa.
As Lanças, por sua vez, que são folhas cônicas que crescem muito lentamente,
demoram um tanto para secar e tendem a apodrecer, então as reservamos aos
vasos de proteção. Facilmente cultivadas num vaso com água, para quem não
tem espaço, ou na terra onde formam canteiros compactos e firmes com
crescimento garantido.
As folhas totalmente verdes, claras ou escuras e rajadas de branco-
acinzentado, chamamos de Espada de São Jorge ou de Ogum, assim como
as Lanças cônicas. Se tiver as bordas amarelas, chamamos de Espada de
Santa Bárbara ou de Iansã. Há também a espécie anã, que não cresce muito
e dificilmente floresce, mas segue as mesmas atribuições energéticas.
Lembro bem que além dessas formas de uso, minha mãe tinha nas Espadas
uma poderosa aliada na "aplicação da lei" em crianças rebeldes, no caso eu...
bagunceiro que só. Sempre tinha uma Espada me colocando na linha (risos)!
Boas lembranças do coração de menino!
Falando em coração, e fechando o assunto Espadas, vale lembrar que: "Se eu
não tiver um coração, nem todas as espadas da história poderão me defender
das minhas escolhas e suas consequências!"
9. Boldo comum: Plectranthus barbatus Andrews

Precisaríamos de muitas páginas para falar tudo o que gostaríamos sobre os


Boldos, mas vamos nos limitar aqui ao que nos interessa para o uso ritualístico,
desmembrando o conhecimento e desvendando alguns mitos.
Primeiro, Boldo-do-Chile (Peumus boldus) é um dos boldos, e é árvore nativa
do Chile. Aqui o encontramos seco, já embalado para uso em chás ou banhos
e defumações.
Nos nossos jardins e viveiros, encontramos outros tipos de Boldo, do gênero
Plectranthus: Boldo comum, Falso-Boldo, Boldo miúdo, rasteiro, ornamental,
etc. Essas espécies são de difícil secagem, por isso usamos frescas em
banhos e amacis. São caracterizadas pelo aroma forte e marcante e pelas
folhas aveludadas que lhe conferem a reputação de folha de Oxalá, ou melhor,
Tapete de Oxalá.
Muito, mas muito cuidado mesmo para não chamar tudo de Boldo-do-chile, ou
dizer que um ou outro são o "verdadeiro" Tapete. Ervas diferente com nome
populares iguais, ou ervas iguais para diversos nomes é mais comum do que a
gente imagina. Nome popular não tem dono, pertence à cultura regional, e se
devemos respeitá-los como são, precisamos também ter conhecimento
suficiente para não gerarmos mais confusão do que já existe.
Há ainda uma planta nativa, ornamental, chamada Orelha-de-Onça (Pleroma
heteromallum), com características visuais idênticas (exceto o aroma e sabor),
folhas aveludadas, flores arroxeadas e porte arbustivo, que era chamada no
passado de Tapete-de-Oxalá e, por pura adaptação, gerou toda uma história
com os Boldos que assumiram essa fama. Vamos falar dessa planta em outra
oportunidade.
Resumindo, a função de uma erva, é adaptada a outra e depois a outra. E
todas elas passam a responder pela mesma vibração. E por qual motivo isso
acontece? Pela força da egrégora! O poder do conjunto, que hoje a física
quântica traduz com muita propriedade para nós. Explica que além de ser mais
fácil aprendermos algo que alguém já aprendeu, pois criou um campo de ideia,
ou campo morfogênico, isso significa que tudo que é repetido ganha poder pela
realização do conjunto, adapta-se e passa a se autorrealizar da mesma forma.
Nosso olhar sistêmico sobre os Boldos nos permite observar que todos
mantêm a mesma relação energética, magnética e vibratória, seja por natureza
ou por atribuição adaptativa, permitindo assim sua substituição entre si. Erva
MORNA ou EQUILIBRADORA por excelência, cabe como complemento
regenerador em qualquer preparo.
O nome Tapete de Oxalá não acontece por acaso. Aos Boldos atribuímos
principalmente as vibrações de Oxalá, Oxum e Logunan, entre outras
divindades.
Essa erva é uma poderosa magnetizadora e fortalecedora do chacra
coronal. Traduzindo: anima, aquece o espírito e traz confiança tanto para as
práticas religiosas mediúnicas, como para situações em que é necessário
vencer o desânimo e o derrotismo. A palavra do Boldo é essa: confiança!
Exatamente por isso tão bem acomodada no meio místico. Também pode ser
usado para pessoas dispersas, com dificuldade de concentração e foco, na
forma de banhos, da cabeça aos pés.
Seu sumo macerado pode ser usado diretamente na cabeça como amaci, em
seguida envolvendo com um pano branco para esse fim. O objetivo dessa
prática é desobstruir o chacra coronário, cristalizá-lo, no sentido de
proteção, isolando, fortalecendo e preparando para receber algum
magnetismo específico, como uma iniciação, por exemplo.
10. Pinhão Roxo - Jatropha gossypiifolia L.

Nem toda planta de folhas ou flores roxas são de Omulu. Nem todas as folhas
em formato de espada ou lança são de Ogum, assim como é primário afirmar
que todo vegetal que tem forma parecida com coração é de Oxum. Mas há
uma probabilidade dessas características definirem pelo menos uma das
vibrações que colocam a erva em questão na faixa frequencial do Orixá.

Vale lembrar que os Mistérios da Criação nos são desdobrados conforme


nossa necessidade e oportunidade, de acordo com o que podemos aprender
naquele momento.
Desde que se fala sobre Umbanda de forma escrita - em 1941, quando
aconteceu o primeiro congresso -, cada ramificação definiu as sete linhas de
acordo com seu ponto de vista. Mais recentemente, com o surgimento de uma
nova teologia trazida por Pai Benedito de Aruanda, entre outros Mestres, por
meio da mediunidade do nosso saudoso Pai Rubens Saraceni, estabeleceu-se
o culto direto a quatorze Orixás, ou Sete Tronos de Deus, polarizados em
magnetismo e gênero, ou seja, um Pai e uma Mãe assentados em cada Trono,
e ainda a visão de que Exu, Pombagira e Mirins são Orixás. Enfim, a partir
dessa visão definimos um número de Divindades da Criação. Mas se
observarmos por outros ângulos de visão, teremos números maiores ou
menores dessas mesmas potências criadoras. E quem está certo? Todos!
Cada um interpreta da sua forma, a partir do seu conjunto de conhecimentos,
habilidade e sua vivência.
Então, quando uma erva é atribuída diretamente a um Orixá, deve-se levar em
consideração o segmento ou o ponto de vista de quem fez essa atribuição. Por
isso, colocamos as ervas em seu lugar energético, magnético e vibratório, pois
assim cada um com sua experiência pessoal pode atribui-la às Divindades de
acordo com sua relação análoga às energias.
Nossa poderosa ERVA QUENTE OU AGRESSIVA hoje é o Pinhão-Roxo, que
traz a cor no próprio nome e a atribui diretamente a Pai Omulu. Esta incrível
prima-irmã da Mamona é uma das mais utilizadas nos campos de magia
natural, benzimentos, rezações, feitiços do bem e de outras opções,
conhecida desde as regiões Norte e Nordeste até o Sudeste, principalmente.
Como adora o calor, é um pouco mais difícil de ser cultivada no Sul do país,
mesmo assim, com alguma insistência e dedicação, durante os períodos mais
quentes, é possível tê-la plantada e consagrada a Pai Omulu e Mãe Iansã,
como protetora da casa e da família. No inverno, suas folhas, que não
suportam o frio, caem restando apenas o caule. Mas no início das estações
mais quentes volta à vida com folhas novas.
A falta de conhecimento acerca das Divindades e seus campos de ação aliado
às escolhas pessoais de alguns poucos, fizeram com que o Pinhão-Roxo fosse
também usado em práticas contrárias ao bem estar, principalmente pela sua
cor e toxidade, que lhe garantem essa capacidade agressiva.
Usada em banhos e defumações, é um interessante consumidor de larvas e
miasmas astrais, sendo capaz de engolir mentais negativos conscientes
ou não, e magias negativas inteiras com sua energia, assim como seus
ativadores e controladores. Excelente para libertação de obsessões que
conduzem a vícios em todos os sentidos.
Entra nos preparos de limpeza profunda, desobsessão, anulação e
libertação de magias negativas, consumindo-as por completo, sendo uma
curadora por excelência. Além dos Orixás citados, também pode ser associada
a Pai Ogum e Pai Obaluaiyê, e é manipulada pelos mistérios da Esquerda por
sua característica paralisadora de fluxos energéticos negativos.
Nosso incrível Pinhão-Roxo também é conhecido por Jalapa, Pião-Roxo ou
Mamoninha entre outros nomes populares.
11. Cipó Caboclo - Davila rugosa Poir.

Já dissemos aqui que podemos usar cascas, raízes, folhas, enfim, todas as
partes das plantas e denominá-las "ervas", pois afinal não fazemos um tratado
botânico, então para nós, cipó é planta, cipó é erva!
Tanto para ervas frescas, encontradas nos jardins e hortas, e principalmente
secas, compradas no comércio de especiarias desidratadas, é necessário ter
bastante cuidado com a procedência e com os achismos. Quando não
conhecemos uma planta, especialmente as secas, é importante que tenham
uma identificação do nome científico, esse em latim que colocamos no topo de
todas as matérias. Melhor conferir e se certificar que está comprando a erva
correta do que confiar no conhecimento de alguns "vendedores" que temos por
aí. Cuidado nunca é demais.
E nosso querido Cipó-Caboclo é uma dessas incríveis ervas que é muito mais
fácil ser achada nas lojas especializadas, do que nos quintais do Brasil. A
nossa querida - Davila rugosa Poir. Chamada também de Cipó de Caboclo,
Folha de Lixa ou Sambaíba.
Erva cuja denominação já remete ao uso ritualístico. Os Caboclos estão
presentes nas várias manifestações culturais religiosas brasileiras e são a base
da Umbanda, basta lembrarmos a manifestação do Sr. Caboclo das 7
Encruzilhadas no seu médium Zélio de Moraes, na fundação ou anúncio dessa
religião.
Falando desse termo etimológico, "Caboclo", que pode ser pejorativo por
remeter a uma casta inferior ao branco. Assim como a união de índio e branco.
Em tupi existem duas traduções especulativas: caa-boc = aquele que vem da
mata; e kari’boka, que significa “filho do homem branco”. Eu gosto mais da
primeira: Caboclo é quem vem da mata! Caboclo é o homem (ser humano) da
terra! O Índio, o mestiço, o simples... adoro a forma com que "Tião Carreiro" e
todos os seus parceiros de viola caipira falaram de caboclo, assim como o
brasileiríssimo Rolando Boldrin ilustra em poesia esse universo caipira... Não
importa, sou fã de Caboclo e ponto final!
Voltando às ervas... Essa incrível trepadeira nativa, encontrada nas matas e
cerrados, é bastante utilizada nas preparações e iniciações ao Sagrado Orixá
Oxóssi, por sua característica expansora e sua forma de crescimento rápido
e seguro, agarrado às árvores mesmo. Sua aparência forte, de encorpado
marrom escuro e áspero ao toque, dão-lhe a visão de força e certeza.
É uma potente ERVA MORNA ou EQUILIBRADORA que proporciona pé no
chão, firmeza de propósito, concentração e foco, quando utilizada em
banhos e defumações. Pode ser usado um pedacinho de Cipó Caboclo junto
ao corpo, num colar ou guia, para que crie um campo vibratório que
proporcione direção e raciocínio, além de segurança e proteção.
É praticamente impossível para quem os tem no seu panteão de Divindades,
dissociá-lo de Pai Oxóssi e Mãe Obá, principalmente se levarmos em conta sua
cor energética que vai do verde-escuro ao marrom-avermelhado. Ainda
encontramos num grau frequencial mais discreto, as vibrações de Mãe Iansã.
12. Para-raio – Melia azedarach L.

Nas andanças que a gente faz por aí descobre cada coisa... E aquela minha
máxima de que "não tem nada mais errado do que achar que o outro está
errado", se afirma em cada uma dessas oportunidades. Quantas vezes eu, em
aulas fora de São Paulo, em especial no Rio Grande do Sul, fui questionado
sobre alguma erva e seu nome regional, e disse afirmativamente que não
conhecia. Depois, olhando um pouco melhor, descobri que eram plantas
comuns para gente e que, chamadas dessa forma somente naquele local, se
escondiam de ser identificadas. Isso aconteceu com a trapoeraba, com o alumã
e, entre outras, também o cinamomo.
Nossa poderosíssima erva de hoje é o Para-raio. Se escreve para-raios, mas
aqui nos referimos a um nome popular, de forma coloquial, então que seja o
Para-raio! Como disse, em algumas regiões é o Cinamomo, Amargoseira,
Árvore de Santa Bárbara ou Erva de Santa Bárbara.
É muito parecida, por isso importante não confundir com o Neem (Nim), usado
como um defensivo natural para plantas, que também é chamado de
Amargoseira e até o nome científico é parecido: Neem = Azadirachta indica. No
entanto, essa irmãzinha botânica pode perfeitamente ser usada com as
mesmas funções energo-magnéticas da nossa espécie em questão, o Para-
raio.
Para nós, essa intrigante erva é usada para limpeza energética de modo geral
e para forrar o chão dos ambientes religiosos, em processos de limpeza,
preparação para assentamentos iniciais e para neutralizar o magnetismo de
um local.
No nosso critério de classificação, é uma erva QUENTE OU AGRESSIVA e é
usada também em bate-folhas de descarrego e limpeza de casas novas ou
recém alugadas, locais onde a energia ambiente percebe-se estagnada.
Essa erva proporciona ao ambiente um padrão energético bastante
motivador, principalmente para locais onde o ânimo e a boa vontade são
imprescindíveis.
De origem oriental, é uma árvore que pode chegar a vinte metros de altura,
mas facilmente encontrada por ser interessante para a arborização urbana.
Aqui em São Paulo, a encontramos na beirada de alguns rios arteriais na
cidade.
Um dos seus nomes populares revela sua conexão com nossa Sagrada Mãe
Iansã. Seu caráter desagregador de acúmulos e concentrações negativas a
coloca em sintonia fina com os mistérios da Lei Maior e Justiça Divinas, então a
associamos também a Ogum, Xangô e Egunitá. E sua intrigante potência de
neutralizar, ou trazer de volta ao magnetismo original, a coloca como uma força
cristalizadora de Mãe Oiá-Tempo (Logunan).
Observem como algumas ervas permitem essas múltiplas ligações com os
Sagrados Orixás e outras divindades mitológicas. Dificilmente encontraremos
uma planta exclusiva de uma vibração. É seu padrão energético que determina
isso. No mundo vegetal não há personalismo, tudo é de todos, e todos
participam de tudo!
Nossas afirmações são fruto de trabalho, trabalho e mais trabalho, nada
diferente disso! Use de forma simples, e verá como esse universo se colocará
a serviço do bem, para o nosso melhor aproveitamento e evolução.
13. Louro - Laurus nobilis

Ser aclamado, reconhecido por um feito que seja, chegar em primeiro lugar, se
sobressair em algo, ser o campeão, a campeã.. "And the Oscar goes to..." Uau,
que incrível não é? Poderíamos simbolizar esse momento usando expressões
como "os louros da glória", ou "foi laureado", que indica alguém homenageado
ou premiado. Ao vencedor, os louros. Essas expressões mostram a herança de
simbolismo que recebemos dos povos antigos, e a força que torna tão esta
planta “laureante”.
Vimos nas Olimpíadas de Atenas que os vencedores de cada prova recebiam
coroas de "Oliveira", símbolo da vitória, adaptadas no lugar do Louro por ser
essa erva um dos símbolos da cidade. Mas essa cultura simbólica vem de
muito longe, da própria mitologia grega que conta sobre a ninfa Daphne, que se
escondia na figura do loureiro para escapar de Apolo, e que este se serviu
dessa simbologia para lembrar a sua amada. Apolo, o Deus Grego da
Iluminação, da Cura, da Luz do Saber, protetor dos atletas e dos jovens
guerreiros, ou por adaptação, dos vencedores. Para eles, receber ramos de
Louro entrelaçados era o símbolo da glória suprema, o que hoje representam
as medalhas de bronze, prata e ouro.
Louro, o símbolo da vitória, glória e sucesso; Alecrim, símbolo da juventude...
símbolos e mais símbolos. Se uma árvore de Louro morresse, certeza de mau
agouro, tão dedicada a sua força e resistência.
Trocar ou presentear com folhas de Louro na virada do ano também é um tipo
de simbolismo. Carregar esse amuleto na carteira ou bolsa durante o ano todo
é a prova de que na virada você tinha um plano, uma meta ou simplesmente
um desejo. E essa é uma das poderosas funções do Louro, armazenar essas
informações e nos lembrar no decorrer do ano. Parece louco isso né, como
uma erva pode nos rememorar de algo de meses atrás? Será que uma planta
consegue fazer por mim o que eu deveria estar fazendo? Isso serve para todas
as ervas de uso ritualístico. Nunca farão por nós aquilo que nós mesmos não
faríamos. Prova disso, é que no meio do ano a gente nem "lembra" que está
carregando o louro, muito menos que planejou algo no réveillon.
Nesse caso, muitas vezes o Louro é associado a "não faltar dinheiro", mas
poderíamos lembrar que um bom planejamento de metas e objetivos e
disciplina para cumpri-los, leva a uma situação favorável no sentido
econômico. É o primeiro passo da vontade de cada um para que dê certo, e é
aí que o Louro entra. Essa energia viva, magnetizadora dos objetivos, que
clareia os caminhos em uma direção já definida; que ajuda cada um a
lembrar (desde que queira) das suas metas.
Nos nossos critérios de classificação, essa é uma erva FRIA OU ESPECÍFICA.
Erva masculina, não no sentido de gênero, mas de atuação, sendo considerada
realmente um imã de energia material, física, atômica mesmo, catalisando
assim o desejo de progresso e crescimento.
Nós a associamos à vibração construtora, magnetizadora e iluminadora de
Oxalá. Energia leve, mas forte e potente na ação, pode ser usada em todos os
preparos desse Pai Orixá, e nos preparos de todos os Orixás onde seja
necessária uma ação intensa, de magnetismo firme e contundente para o
propósito desejado. Encontramos ainda a certeza (assertividade) de Pai
Oxóssi, a abundância natural do que é correto nas nossas vidas. Traz firmeza
de propósito, racionalidade e percepção reta, indicada como banhos e
defumações para pessoas que viajam nas nuvens da imaginação e são pouco
realizadoras.
Ah, quase esqueci de falar, o Louro vem temperando nossos feijões e outros
pratos a séculos, e um ramo dele pendurado na cozinha garante harmonia,
prosperidade e panelas cheias o ano todo! Só não esqueçamos de fazer a
nossa parte, senão não há erva que possa nos ajudar!
14. Capim Rosário

Lágrima de Nossa Senhora, Lágrima de Cristo, Conta de Lágrimas, Capiá,


entre outros nomes populares - Coix lacryma-jobi L.
"Preto Velho senta no toco, faz o sinal da cruz, pede proteção a Zambi para os
filhos de Jesus... Cada conta do seu rosário, é um filho que ali está... se não
fosse Preto Velho, eu não sabia caminhar..."
Não tem como falar de Capim Rosário e não lembrar de Preto Velho, não é?
Com suas guias de contas, rosários feitos à mão pelos seus médiuns
caprichosos, a simplicidade explícita na figura do velho escravo que se libertou
não só das correntes do sinhô, mas das amarras do ego, da ilusão da matéria e
da necessidade de ter. Ele simplesmente é! Assim como essa poderosa erva
espontânea – chamada pelos jardinistas de daninha pois infesta nossos jardins
e terrenos baldios Brasil afora –, simplesmente vem chegando, se estabelece e
não precisa de muito alarde, nem show de cores, mas mostra sua força na
naturalidade da sua propagação.
Podemos dizer que é a "erva do bem", do exemplo para o bem, e assim ele é
se olharmos sua simplicidade e o exemplo que nos mostra: aparece discreto
aqui, num ato isolado. Daqui a pouco se propaga, ainda discreto, surge aqui e
ali, e tem força e domínio, sem precisar mostrar à mão esquerda o que a direita
está fazendo.
Essa poderosa e tradicionalíssima erva com várias funções dentro do uso
ritualístico já foi mais encontrada nos nossos quintais. Hoje temos até mudas
comerciais, atendendo assim a necessidade daqueles que não tem contato
direto com a terra. E também já desperta interesse econômico pela qualidade
dos seus frutos (contas) na alimentação, na forma de farinha.
Há muita história dessa pequena asiática naturalizada em terras tupiniquins,
desde sua origem até o uso indígena em adornos sagrados e artesanato em
geral, passando pelos tradicionais e misteriosos brajás ou fios de contas de
Rosário usados pelos mestres catimbozeiros, até sua perfeita adaptação na
Umbanda. Então, sobre tudo isso estamos falando das sementes, frutos na
verdade, que vão do branco até o preto, passando pelo cinza e castanho.
Mas pouco se fala das folhas do Capim Rosário, que para nós em banhos e
defumações fazem dessa planta uma incrível aliada nas curas e
regenerações de doentes. Sua energia luminosa e colorida que vai do branco
cristalino até o lilás profundo, passando por várias nuances de verde e
amarelo, a habilitam às mais variadas ações benéficas.
Suas folhas podem ser colocadas embaixo da cama de crianças com sono
agitado e pesadelos constantes, deixada por quarenta dias e depois
retiradas e devolvidas na natureza. O banho com as folhas é excelente para
convalescência; também pode ser associado a outras ervas em preparos para
desenvolvimento mediúnico, calma e tranquilidade. Eu particularmente
gosto muito de colocá-la em banhos para crianças, pois traz uma energia ímpar
de Mãe Nanã, ou melhor, com todo respeito, do colo de Vovó Nanã.
Dentro dos nossos critério de classificação, é uma erva MORNA OU
EQUILIBRADORA, associada, como já dito, à Mãe Nanã, Pai Oxalá e em
faixas frequenciais mais sutis a Pai Oxóssi e Mãe Iansã. E suas contas podem
compor elementos de trabalho de Pretos Velhos, Caboclos, Mestres
Juremeiros, etc. etc. etc, sempre com criatividade e muito respeito.
15. Peregun Roxo - Dracena Roxa - Peregun - Dracena Roxa – Cordyline
terminalis (L.) Kunth.
Há de se sentir a erva, perceber o que ela quer dizer, qual sentimento está
irradiando. Para isso, por instantes deve-se deixar de ser humano e participar
do universo da planta como ela é, entender seu psiquismo naturalmente
subjetivo. As plantas se comunicam conosco. Na década de 60, o chamado
efeito Bakster foi discernido no livro “A Vida Secreta das Plantas”, explicando
como elas "reagem" aos nossos estímulos e até às intenções de cortá-las,
queimá-las ou nos servirmos delas para o bem.
Os antigos sabiam dessas coisas de modo também subjetivo, ou seja, não
tinham conhecimento técnico de como essas coisas funcionavam, mas sabiam
que funcionavam, e sabiam como colocar em funcionamento, o que é mais
importante ainda. Da ancestralidade africana herdamos um infinito de saber,
mas se podemos absorver apenas uma ínfima parte disso, levando em
consideração que o conhecimento nessa cultura é privilégio dos iniciados nos
seus ritos religiosos, já é bastante para nos beneficiarmos com seus feitos
sobrenaturais. Para muita gente esse misticismo revela ignorância e falta de
conhecimento. Para quem o vive, revela um universo de sabedoria que não
está ao alcance dos olhos acostumados com os grande volumes dos livros
científicos.
Nossa erva de hoje é o Peregun, especificamente o roxo, chamado também de
Dracena Roxa. Sobre os outros tipos de Peregun, o verde, verde-amarelo e
verde-branco, falaremos em outra oportunidade.
Seu nome vem da cultura africana e há algumas traduções simbólicas para seu
nome, entre elas: "aquela que chama os espíritos". Para mim, de uma forma
bem simples adaptando os diversos fonemas e seus significados: a que chama
o movimento ou o movimento atrator. Não sou e nem pretendo ser versado
em línguas e traduções, simplesmente me sirvo dos nomes usados nas
tradições e que continuam a nos servir na prática ritualística, portanto vamos
ao que interessa, o que essa poderosíssima erva pode fazer por nós!
Há dezenas de tipos de Dracenas ou Pereguns, uma planta de grande
interesse paisagístico, e essa variedade "roxa" não é tão usada (ou pelo menos
falada) nos cultos de matriz africana, mas é de um poder e grandeza
inigualáveis no tocante a desinfecção de ambientes, onde as ações
negativas tornaram o astral tóxico ao espírito. Usar as folhas, destacadas e
espalhadas pelo chão, enquanto se defuma o ambiente com uma boa
combinação de ervas quentes o torna um poderoso fechador e anulador de
portais negativos abertos por ações religiosas (antigos portais de magia),
indicado para casas antigas onde funcionavam terreiros, ou locais onde se
praticavam sacrifícios animais, etc. Essas folhas são recolhidas após oito horas
no mínimo e despachadas na terra, numa mata ou jardim, fora de casa.
Pode ser usada também sob a sola dos pés para descarga de energias
densas, ou para pessoas impossibilitadas de tomar banho (acamadas por
exemplo). Em banhos, é um poderoso limpador, purificador de energias
mórbidas e doentias. Em vasos plantados e consagrados às Divindades e
suas Forças Naturais, é um excelente protetor para o ambiente, filtro
esgotador de energias enfermiças.
Seu padrão energético que vai do amarelo intenso ao roxo profundo,
passando vários tons de violeta, permite que seja associada às vibrações de
Mães Obá e Iansã, Pais Omulu e Obaluaiyê.
16. Saião ou Folha da Costa – Kalanchoe

Folha da Costa ou Saião (kalanchoe) - Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers.


As plantinhas desse gênero são aquelas encantadoras e duradouras que
compramos em vasinhos com preço "bem bom", e colocamos nas nossas casas
com a certeza de que, mesmo depois de semanas estarão lá, senão floridas,
prontas para se manter firmes até a próxima florada.
Suas folhas suculentas e agradáveis ao toque, são ao mesmo tempo sensíveis
e prontas para cair, mostrando sua força de germinação... Sim, elas germinam a
partir das suas folhas caídas, tornando-as incrivelmente autoregeneradoras. São
as chamadas de forma genérica de Kalanchoes (pronuncia calanxóes ou
calancoés), que tem em seu conjunto na natureza, dezenas de espécies. Folha
da Costa, Folha da Fortuna, Saião, Fortuna, Folha da Vida, etc, etc... O Aranto
é um desses exemplares exóticos, invasores vindo de terras africanas, as quais
devemos ter cuidado com a propagação para não causarem desequilíbrio no
nosso meio ambiente sul-americano, seja atraindo seres que predam outras
espécies ou intoxicando polinizadores de outras plantas nativas.
Para nós, chamadas de Folha da Costa ou Saião, independente de
encontrarmos dois tipos diferentes, uma de borda mais serrilhada (crenada), e
outra menos (K. brasiliensis), são imprescindíveis no uso ritualístico. Essa
poderosíssima folha de Oxalá aparece em diversos contos africanos e faz parte
da liturgia de todas as nações de candomblé. Seu nome nagô, Odundun remete
ao seu poder acalmador e preparador para os ritos específicos. Foi chamada por
Verger por seu nome ioruba Eletí.
O fato é que todas as folhas dessa natureza trazem a mesma vibração capaz de
segurar e manter a potência energética das outras ervas constantes no
mesmo preparo, equalizando-as e tornando-as capazes de agirem da mesma
forma, em uma mesma faixa frequencial. Um exemplo é a preparação de
médiuns para amacis individuais, cada um numa vibração de diversos Orixás. A
Folha da Costa é perfeita para essa indicação, colocando todos num mesmo
objetivo. Ou na preparação de um corpo mediúnico para uma única vibração,
de um Orixá específico, a Folha da Costa serviria como normalizadora, ou seja,
colocaria todas as ervas do preparo na mesma vibração e propósito.
Seu pulsar energético é multicolorido, sempre bastante brilhante e constante.
Sua perfeita associação às vibrações de Pai Oxalá e Mãe Nanã, a coloca à
disposição de todas as outras Divindades, podendo entrar nos seus preparos
com excelência.
Regeneradora e curadora para os doentes, fortalecedora do espírito,
potencializadora das virtudes! Precisa falar mais da Folha da Costa? Ah,
sempre tem mais alguma coisa né!
Muito recomendada para o desenvolvimento mediúnico, assim como o boldo,
rosa branca e anis estrelado, proporciona iluminação e clareza para o chacra
coronal, e por consequência as ligações espirituais.
Fácil plantio, fácil manutenção, fácil propagação... e torna nossa vida mais leve,
próspera e saudável!
17. Mamona – Ricinus communis L.
Sempre que tenho a oportunidade de perguntar em aulas ou palestras: "de
quem é a mamona?", a maioria esmagadora das respostas é: “De Exu! Claro
que é de Exu!”. Porque assim foi aprendido e assim foi passado de uma
pessoa para outra, simplesmente não se importando o quando e onde surgiu
esse saber.
Debruçar sobre esse assunto, de certo ou errado, é com certeza investir horas
e mais horas de pesquisas e conjecturas que levarão a lugar nenhum, pois a
partir do momento que algo é feito, se repete e mostra efeito, passa a ser
considerado correto e ponto. Mas temos que ir muito além do visível nos rituais
para entender o funcionamento dessa poderosa Euforbiácea, tóxica por
definição e extremamente útil nos interesses da indústria mundial. Para mim,
quando criança suas sementes não passavam de munição poderosa,
interessante sim, mas para as brincadeiras de rua! Tenho certeza que muita
gente se identificou agora!
Falando sério, vamos evocar os velhos itans, contos e cantos da cultura ioruba,
que se servem da história relembrada inúmeras vezes como verdadeiro árbitro
para resolver as questões do dia a dia, as disputas de opinião, e deve ser
aceita e nunca discutida. As lendas contadas pelos velhos babalaôs ou os
griots, mananciais de conhecimento e sabedoria ambulantes, trazem que "Exu
come na terra...", mas que fique claro, isso não é literal. Assim como esse
sagrado Orixá não tem mil bocas. Mas absorve e anula, como função fatoral
divina, na terra, elemento base e com suas mil bocas em todas as dimensões,
conhecidas ou não, engole no seu vazio tudo o que não deve ter lugar na
criação. Por definição de estudo, o Mistério Exu engole nos seus domínios do
vazio tudo o que é preciso ser engolido.
Então como evocar Exu sem que ele "engula" algo? Usando um elemento que
dê base de plenitude.
Você pode estar lendo e relendo e pensando: “Uau! Quanta coisa esse erveiro
tá fando aqui, e não estou entendendo”. Ou: “Onde ele quer chegar?”
Vale lembrar, antes que chovam as críticas, que aqui não faço nenhum tratado
teológico ou explicativo de Orixás na Umbanda, nos cultos de nação, etc. Aqui
falamos sobre ervas e os por quês de algumas conexões com os Orixás. Então
continuemos:
Se oferenda Exu em agradecimento, ou pedido de algo que se precise,
forrando a base da sua oferenda, seja num alguidar ou diretamente na terra,
com folhas, inclusive de Mamona! E Mamona, essa poderosa erva quente
associada a Pai Oxalá em seu magnetismo positivo sustentador de quantas
vibrações forem necessárias, se tornou um elemento manipulado por Exu,
que precisa desse elemento para atuar com seu mistério na dimensão humana,
de forma criadora, sustentadora e mantenedora. É um "prato" para se arriar
oferendas de Exus e Pombagiras. Lembro que minha mãe colocava farofa
nas folhas de mamona e depositava na estrada, rua, linha de trem, enfim, para
pedidos de prosperidade, saúde e abertura de caminhos. Claro que também
colocava marafo (cachaça) e um bom fumadô (charuto).
Ufa! Daí vem a fama dessa erva! E é assim, a gente começa a falar de Exu, dá
uma vírgula a Ele, e ele "come" uma página inteira!
Voltando à Mamona, que tem a origem do nome no termo kimbundo “mumono”,
com influência da palavra "mamão", muito provavelmente devido à semelhança
das folhas.
Planta abundante em todo o Brasil, muito fácil de ser achada, em beiras de
estrada inclusive, é uma poderosa erva quente, capaz de esgotar processos
infecciosos provenientes do astral negativo e de energias enfermiças, que
possivelmente estejam minando a saúde de suas vítimas.
Também pode ser usada em banhos e defumações e de outras formas como
"cama de mamona": durante uma hora no máximo, forrando uma esteira ou
cama com suas folhas, cobrindo com um lençol branco, e deitando-se a pessoa
a ser tratada sobre esse lençol. Depois desse processo, devolvem-se as folhas
para a terra, num jardim, beira de mata, ou o local mais adequado na natureza.
Esse procedimento é interessante auxiliar para o tratamento de doenças
degenerativas. Pode-se associá-la a outras práticas como o reiki por exemplo.
Verde ou Roxa, sua potência limpadora é ímpar! Limpa em profundidade,
cura e combate as forças negativas voltadas contra a pessoa, casa ou
local religioso. Imantadora por definição, esgotadora por vocação, nos ajuda
a vencer os desafios cármicos facilitando sua assimilação.
Além das vibrações de Pai Oxalá, Pais Omulu e Obaluaiyê fluem nas intensas
ondas verdes arroxeadas dessa incrível planta que Deus Pai Criador e Mãe
Natureza permitem em nossas vidas.
18. Comigo Ninguém Pode – Dieffenbachia amoena Bull.

Não, não e não tomamos banho com Comigo Ninguém Pode! Na dúvida,
mas espero de coração que não haja dúvida, repita o nome dela e acredite que
sim, ela faz jus à sua reputação.
Há vários tipos desta incrível e perigosa planta ornamental, caracterizada por
diversos padrões de desenho nas suas folhas. Seu alto nível de toxidade a
torna responsável por milhares (isso mesmo, milhares) de acidentes
domésticos todos os anos, com crianças e adultos, e também com animais de
estimação.
Contém nas folhas, caules e raízes um componente identificado como oxalato
de cálcio, na forma de micro cristais, chamados também de "ráfides", que são
minúsculas lâminas ou agulhas que são liberados no simples toque, e podem
penetrar na pele e mucosas lesionando-as e resultando em uma resposta
alérgica de inchaço e irritação profunda. O contato com os olhos pode
provocar danos irreversíveis ao conjunto ocular. E, em caso de ingestão, esse
inchaço na boca e garganta podem obstruir a respiração levando a óbito.
Mesmo assim é uma importante planta ornamental, bastante comercializada
pela sua facilidade de manutenção e resistência. Não exige muita luz natural e
vai bem em qualquer cantinho da casa ou do jardim.
Responsabilidade acima de tudo! É importantíssimo saber dessas
informações antes de simplesmente colocar essa planta em casa para
proteção. Mas vamos ao lado bom do Comigo-Ninguém-Pode:
Já falamos que não a usamos em banhos em hipótese nenhuma, certo? No
entanto, podemos guardar com cuidado suas folhas secas e usá-las em
defumações para limpeza profunda. Tendo todos esses cuidados, sua
presença garante um filtro incrível de energias densas e acúmulos
emocionais negativos no ambiente. Protetora por definição, quando ativada
e colocada na guarda de nossas casas e locais religiosos. Ah, e como
podemos fazer isso?
Com uma reza evocatória bem simples:
Amado Pai Criador, Sagrada Mãe Natureza, Sagrado Poder Vivo e Divino das
Ervas, Sagradas Forças Naturais, eu vos saúdo e peço respeitosamente que
abençoem essa planta, tornando-a viva e ativa, guardadora e protetora da
minha casa e da minha família, de todos os males da matéria e do espírito e de
investidas contrárias às virtudes. Peço que mantenha nesse ambiente as
vibrações benéficas de cura, caminhos abertos, saúde, segurança e proteção.
Amém, Assim Seja e Assim Será!
Dentro da sua convicção religiosa, acrescente evocações e pedidos pessoais
que não saiam deste caminho sugerido.
Associamos o Comigo-Ninguém-Pode às vibrações de Pai Oxóssi e Pai Oxalá
em especial, mas há outras nuances, como já descrito no texto da Mamona,
que devem ser levadas em consideração também. Com muito cuidado,
respeito, bom senso e amor, teremos nesta poderosa e tradicional erva
ritualística, uma aliada de peso significativo!
Se temos Comigo-Ninguém-Pode, temos guarda e proteção!
19. Alfazema - Lavandula dentata L.

Então, é Lavanda ou Alfazema? É Alfazema ou Lavanda?


Entre diversas espécies e subespécies, centenas de opiniões e dezenas de
estudos botânicos, chega-se a conclusão que um dia uma dessas espécies de
Lavanda foi chamada de Alfazema, e a ela atribuído um valor sócio-econômico,
cultural e místico que logo foi adaptado a todas as plantas do gênero e... enfim,
tudo é Lavanda e tudo é Alfazema! Essa historinha é sobre a Europa, mais
especificamente Portugal, e chega aqui para nós num tempo longínquo...
Desde o tempo romano, onde a água do banho era perfumada com ela. Era
usada para curar feridas e hematomas e para repelir pulgas e piolhos. Na
França, foram cultivadas desde o século 17 para extração do seu óleo, usado
na perfumaria até hoje, além das suas propriedades terapêuticas.
Aqui no Brasil, há uma divisão que aconteceu há muito tempo atrás, fora dos
registros escritos, sobre essa diferença de nomes: os jardinistas, botânicos e
outras pessoas de olhar técnico sobre a planta, sempre a chamaram de
Lavanda e deixaram o nome Alfazema para os mais afastados desse ambiente
de conhecimento mais garboso. Então, os benzedeiros e as rezadoras, o povo
de santo e os místicos ficaram com a Alfazema, Arfazema, ou simples e
mineiramente falando a Fazêma. Só uma curiosidade também sem registro
nenhum, apenas minha memória visual e olfativa, minha mãe chamava Sálvia
de "alfazema branca", e a usava em defumação, que deixava aquele
característico "cheiro de terreiro". Talvez a mais falada, cantada e contada em
verso e prosa, essa poderosa mediterrânea ocupa com louvor seu devido lugar
no universo das ervas aromáticas.
Aqui no Brasil há duas espécies básicas de plantio comum, e muitas outras
específicas na coleção botânica de cultivadores mais dedicados. Essas
espécies diferem pelo formato da folha, e algumas pessoas insistem em afirmar
que esteja aí a diferença dos dois nomes. Nossa Alfazema mais comum
Lavandula dentata L., caracterizada pelas folhas "serrilhadas", é a mais fácil de
ser cultivada em locais diferentes do Sul, onde naturalmente é mais frio e mais
agradável para ela. Outra Alfazema é a L. angustifólia Mill. ou L. officinalis
Chaix, ou chamada popularmente de Lavanda verdadeira, com folhas lisas e
verde-esbranquiçadas. Enfim, há de se prestar bastante atenção na
identificação dessas ervas, pois além da sua variedade, por serem bastante
cheirosas, podem receber vários nomes populares que a remetem à família dos
alecrins e hissopos.
Todas tem flores incrivelmente perfumadas e que vão do cinza azulado até o
roxo, passando pelo rosáceo e lilás.
Para nós no trato ritualístico e de acordo com a classificação do Erveiro, é uma
poderosíssima erva MORNA OU EQUILIBRADORA, com um leque de cores
energéticas e campos de atuação incrivelmente diversos, que vão do branco-
cristalino quase transparente até o azul profundo como o céu... passando
pelo verde, rosa e um lilás incrível!
Suas principais vibrações a conectam com Mamãe Iemanjá e Oxalá, mas
nunca dispensando seus ponteiros voltados para Oxum, Oxóssi e Nanã... Seja
para o desenvolvimento mediúnico, para compor preparos de harmonia e
prosperidade, ou um acalentador colo de mãe. Fresca ou seca, desempenha
seu papel com destreza que fica acentuada em duas situações que faço
questão de destacar: é excelentíssima para ajudar na aceitação daquilo que
não podemos mudar e na aceitação de perdas irreversíveis. E como um
paradoxo, é a erva da gestante, mamãe e bebê. Indicadíssima para as pré-
mamães, no período gestacional todo e na preparação para o parto, e em
sequência, a recém-mãe e seu bebê.
A famosa "seiva-de-alfazema", perfume líquido muito cheiroso largamente
usado nos rituais religiosos garante seu funcionamento baseado na força da
egrégora, já falada por aqui em outras matérias. É indiscutível sua ação
positiva em todos os rituais dentro da Umbanda e outros meios místicos, não
importando se a industrialização a tornou mais sintética do que natural.
Uma erva “maternal” com característica harmonizadora, energia vibratória
tranquilizadora, não chega a ser um calmante espiritual, mas traz a paz de
espírito necessária à resolução dos problemas cotidianos e no específico à
aceitação e compreensão de perdas. Por essas qualidades é associada
também ao desenvolvimento e preparação de médiuns e conexão com a
espiritualidade.
Além dos banhos e defumações, suas folhas e flores podem ser
acondicionadas em saquinhos de pano poroso e ser colocados sob o
travesseiro para proporcionar sono tranqüilo e reconfortante.
Essa é a nossa Alfazema, clássica, simples e objetiva, despertadora da fé e da
intuição.
20. Fumo Tabaco – Nicotiana tabacum L.

O uso do Tabaco como planta de poder, ritualístico e religioso, remonta nossa


história de descoberta das Américas. Foi aqui encontrada e levada para a
Europa e África e disseminada no mundo todo da forma que conhecemos.
Quando "Colombos e Cabrais" aportaram nas nossas Américas, encontraram
um povo nativo ancestral que já pitava seu tabaco, social, recreativo e sagrado-
religioso.
Temos alguns poucos tipos dessa folha que se destacam mais pela forma com
que são beneficiados, ou seja, como são colhidos, secos, fermentados ou
curados, e preparados para serem consumidos na forma de fumo em cigarros,
cachimbos e rapés de uso comercial. Os tipos de tabaco prontos para consumo
mais conhecidos são o Virginia, de coloração física mais clara que vai do
amarelo-dourado ao laranja-escuro, e que são os mais suaves com maturação
mais rápida e mais usados na indústria fumageira; e a qualidade Burley que vai
do marrom-claro ao escuro, maturação lenta e sabor mais acentuado, mais
forte.
Aqui no Brasil temos as diversas regiões produtoras dos seus fumos de rolo ou
corda como também são chamados – Arapiraca (AL), Poço Fundo e outros
mineiros, e Sobradinho (RS) com sua diversidade incrível de fumos crioulos
(esses os meus preferidos), entre tantos outros.
Como sempre, vale lembrar que temos a responsabilidade de trazer
conhecimento simples e BENÉFICO a todos, e assim como fizemos com o
Comigo-Ninguém-Pode, não recomendamos nenhum tipo de uso que possa
colocar em risco a saúde e integridade de ninguém. Então, se alguém usa a
erva da forma contrária a que recomendamos é uma questão de escolha e
consequência pessoal... o que é bom para mim mas prejudica o outro, não
pode ser bom para mim. Que cada um encontre a SUA verdade! Aqui não
fazemos apologia à prática tabagista, que é viciante por definição e prejudicial
à saúde, enfraquecendo o sistema respiratório e favorecendo o
desenvolvimento de tumores malignos pelo seu uso contínuo, comprovados
estatisticamente. Outra coisa importante: Fumo é tudo o que se fuma. A
Umbanda e os espíritos luminosos que a sustentam não fazem uso de
substancias psicotrópicas ilegais para seu trabalho. O respeito a todo ser vivo,
principalmente o indefeso, inclui a saúde e a integridade moral do corpo
mediúnico.
Para nós, no uso ritualístico e religioso, o Tabaco é poderosa erva QUENTE
OU AGRESSIVA, de espectro energético que vai do branco-esverdeado ao
verde-escuro, associando-a aos Pais Oxóssi e Oxalá e tradicionalmente
manipulada (com excelência) por Exu. Imprescindível nos processos litúrgicos,
nas diversas religiões da natureza, nos xamanismos e centenas de práticas
indígenas impossíveis de serem catalogadas aqui. Nos candomblés, é
fundamental nas feituras de alguns Orixás, variando a nação correspondente.
Na Umbanda, seu uso entra na própria presença do Preto-Velho e seu
cachimbo, nos charutos de Caboclos, Exus e outras entidades, e cigarros de
palha de forma genérica. Usado também na fundamentação de vibrações à
Esquerda e para lavagem dos seus assentamentos e ferramentas.
É um profilático do astral, e seu uso dentro desse contexto religioso (fumado)
remete a isso, limpar, proteger, dissolver larvas e miasmas nos corpos
espirituais mais externos. Tanto que não o vemos como uso viciante, mas
como uso ritualístico mesmo. Um médium incorporado com uma entidade
espiritual que esteja usando um cigarro de palha, por exemplo, não irá “tragar”,
ou engolir essa fumaça para satisfazer o vício de fumar, mas tão somente
puxar a fumaça e baforar com ela, como uma projeção limpadora, e
também protetora do médium contra alguns ataques sutis que podem
acontecer durante os atendimentos espirituais.
Nos banhos e defumações, vamos encontrá-lo como verdadeiro profilático e
cicatrizador de corpos espirituais adoentados, para espíritos encarnados ou
não. Essa capacidade cicatrizadora também é observada no conhecimento
terapêutico popular. Poderoso cauterizador de feridas astrais, curando
também espíritos doentes cuja energia é usada para transferir sintomas de
doenças para suas vitimas.
Usa-se um pedaço de fumo de corda ao entrar na mata, como oferenda aos
seres guardiões da natureza vegetal, pedindo licença e proteção para entrar e
sair em segurança. Deixado na terra, no pé de uma árvore à esquerda de quem
entra, junto com um punhado de farinha de milho ou mandioca, ou
simplesmente sozinho.
Assim como comentado no texto sobre o Peregun Roxo, para os doentes
impossibilitados de andar e tomar seus banhos padrão, as folhas de Tabaco
podem ser colocada sob os pés. Coloque a pessoa sentada em uma cadeira
ou à beira da cama, ou mesmo deitada com as folhas atadas nas solas. Uma
folha de fumo embaixo de cada um dos pés, faça a reza de ativação Pedindo a
Deus Pai Criador, Mãe Natureza, seu Poder Divino e Forças Naturais, que
enviem a purificação de todos os males e a cura mais adequada para
aquela pessoa, e mais saúde, esperança e fé para que se recupere o quanto
antes. Além de pedir a ajuda necessária aos médicos da matéria para que
encontrem caminhos para sua recuperação.

21. Capim Cidreira - Cymbopogon citratus (DC) Stapf.

Vamos começar falando de alguns dos seus nomes populares: Capim Santo,
Capim Limão, Capim Cidrão, Cidrilo, Chá da Estrada, Lemongrass, entre
tantos outros.
Importante não confundir com a Citronela (Cymbopogon winterianus Jowitt),
que mesmo aparentemente iguais, se diferem pelo cheiro: o próprio nome
Capim Limão determina seu aroma (e sabor) predominante; e a Citronela odor
forte e característico de repelente.
Sabemos que nome popular não tem dono e não se discute, então que cada
um encontre uma forma de tratar o Capim Cidreira, assim como eu escolhi, e
nesses casos em que as opiniões pessoais, guardado o bom senso, são
aceitáveis, achar que a escolha do outro está errada é um erro.
Lembro de uma ocasião em que fui dar aula de ervas no interior de SP, na
cidade de São Carlos, e alguém fez um panelão de chá de capim santo... E eu
sentia um cheiro forte de repelente no ar e não associei ao chá... rs... Só na
hora de beber que caiu a ficha: era citronela! Não fez mal pra ninguém e ainda
espantou os mosquitos!
Ah, vamos lembrar também que por "CIDREIRAS" são conhecidas outras ervas
de aroma cítrico: as Melissas (Melissa officinalis e Lippia alba), chamadas de
erva-cidreira, cidreira-de-folha, cidreira-de-árvore, etc.. Todas elas e inclusive o
capim cidreira são largamente utilizados na fitoterapia como calmantes
sistêmicos, e levam esse mesmo nome. Essas são assunto para outro texto.
Nativa do Sul da Índia é presença quase obrigatória nos quintais e hortas
domésticas do Brasil, suas folhas usadas em chás e sucos bem coados antes
do uso, ou seus caules tenros comestíveis, a colocam no rol das "PANC",
plantas alimentícias não convencionais, e no grupo das populares mais
conhecidas e usadas.
Nosso tratado aqui não é para chás e outros preparos comestíveis ou
terapêuticos. É sempre bom antes de beber ou comer alguma planta, procurar
fontes confiáveis de orientação.
Um cuidado sempre importante de lembrar é que as folhas do Capim Cidreira
cortam como laminas e requerem atenção de coagem antes do uso para evitar
acidentes.
Dentro dos nossos critérios de trabalho com as ervas para seu uso ritualístico,
magístico e religioso, o Capim Cidreira é uma FRIA-ESPECÍFICA, tem campo
de ação muito bem definido, mas no uso genérico é uma equilibradora
natural.
Seu uso nos rituais de banhos, defumações e benzimentos, acompanha sua
reputação popular: é acalmadora por excelência. E por conseqüência, essa
tranqüilidade proporcionada traz resultados incríveis no campo da
organização pessoal e do ambiente.
Isso mesmo, o Capim Cidreira é uma erva de organização, de ordem! Mas faz
isso nos colocando com os pés no chão e respirando em profundidade para
oxigenar o cérebro e melhorar a percepção do que é necessário. Pronto! É
isso que uma erva calmante do espírito deve fazer, ao contrário do que muita
gente pensa que calma é sinônimo de leseira ou indolência.
A defumação com capim cidreira proporciona ao ambiente tranquilidade e
percepção, que levam à racionalização e entendimento das melhores opções
para tomada de decisão, e também para a preparação de locais religiosos
antes de cerimônias. Banhos devem ser administrados para tranquilizar o
espírito; aceitação de situações irreversíveis e desenvolvimento mediúnico.
Nos quartos das crianças, para diminuir o medo e acalmar, pode ser usada em
bate-folhas ou debaixo dos colchões.
Sua energia certeira e organizadora a coloca nas vibrações de Pai Ogum e Pai
Oxóssi, por mais incrível que pareça! Sim Pai Ogum é ordem, e não apenas
guerra e batalhas... É com calma, organização e firmeza que se vence as
batalhas da vida! Sem "ordem" não há progresso!
22. Dandá da Costa – Tiririca – Cyperus rotundus L.

O Dandá da Costa, ou simplesmente Dandá, é o nome africano dado aos


tubérculos ou "batatinha" dessa planta conhecida como "Tiririca", esse matinho
infestador de jardins e plantações que tira o sono de muita gente, pois se
desenvolve com velocidade e força, e é de difícil controle, considerado
tecnicamente uma praga. Portanto, não chamamos a planta toda de Dandá,
mas sim sua parte que fica subterrânea.
Há dezenas de espécies do gênero Cyperus, e de acordo com seus locais de
infestação, todos chamados também de Tiririca. Podemos encontrá-los todos
com diversos nomes populares como Junco, Junçá, Junquinho, Três-quinas,
Tiririca amarela ou vermelha. Sua alta capacidade de infestação a coloca como
a planta daninha mais nociva de todo o mundo, pois se propaga em todo tipo
de solo e clima, exceto nos campos inundados para lavoura de arroz. Ainda
para a lavoura, é uma perigosa inibidora da brotação para algumas culturas.
Eu cresci ouvindo sobre mitos em relação ao Dandá. Principalmente que não
se podia com ele, pois é erva de muita força e conexão com Exu. Então, se
encostasse na cabeça traria desequilíbrio e loucura. Além de não poder ser
manuseada por qualquer pessoa. Enfim, o tempo passou, eu cresci e conheci
outros meios religiosos e percebi que as atribuições feitas ao Dandá não eram
muito diferentes, mas caiam em verdadeiros paradoxos: ao mesmo tempo que
poderia ser essa erva perigosa ao manuseio, a ela também se associava a
atração pessoal e material (financeira mesmo), a sacralização de objetos de
poder; portada nos velórios como afastadora de "eguns", os espíritos dos
mortos e de outras más influências.
Pesquisando, percebi que houve uma mistura de mitos do Dandá e de outra
erva prima-irmã dessa: a Priprioca ou Piripirioca (C. articulatus)! Essa última
nativa das regiões amazônicas, de rara infestação, portanto cultivada com
controle, e largo uso na fitocosmética e medicina popular regional. Há inclusive
grandes empresas do ramo que usam a "Priprioca" e seus incríveis óleos
aromáticos em sabonetes e águas de cheiro. Há muitas lendas nativas sobre
essa planta e seu surgimento. Nos mercados populares do Norte e Nordeste,
essa sim é sugerida e vendida como atrator de dinheiro, amor, caminhos
abertos, etc.,etc.
Já o nosso poderosíssimo Dandá, de cheiro de terra mesmo, concentra uma
energia limpadora incrível. Exímia anuladora de vibrações inferiores e de
elementos materiais usados em magias negativas. Anula e esteriliza em
profundidade energias condensadas pelo uso de elementos animais e suas
partes (sangue, ossos, etc.), assim como paralisa as ações de rezas
malignas e encantamentos. Usada em assentamentos, firmezas e proteções,
oferendada às vibrações da Esquerda da nossa Amada Umbanda, os
Senhores e Senhoras Exus e Pombagiras, com todas essas funções
protetoras e desagregadoras.
Além dessas vibrações, conecta-se energeticamente com Pais Ogum e Omulu,
e Mães Obá e Iansã, podendo, em todas essas nuances, ser ativada em sua
capacidade esgotadora em profundidade de magias inteiras, seus elementos,
ordens mágicas e seus ativadores.
Além dos amuletos e firmezas, podemos usar o Dandá em banhos e
defumações. É legal cortá-lo com uma tesoura de jardim ou triturá-lo para um
melhor aproveitamento. Por se tratar da parte dura da planta, pode ser fervida
(banhos), e também usada em pó nos preparos ou assoprada nos cantos da
casa para limpeza e proteção.
O caminho do despertar da consciência nos permite extrair dos mitos o
conhecimento, esse sim, que preenche as lacunas do desconhecido. Conhecer
as ervas é importante, ter sabedoria para usá-las é vital!
23. Erva de Santa Maria - Mentruz - Chenopodium ambrosioides L.

Mentruz, Mastruz, Mastruço, Ambrósia, Erva-Santa, Chá-do-México,


Lombrigueira, Cola-Osso, Quenopódio... E não adianta discutir ou brigar, nome
popular é assim mesmo, e quem o usa tem razão sobre ele! De qualquer forma
que você chamar essa planta em algum lugar do mundo ela será reconhecida,
afinal é considerada uma das mais utilizadas entre os remédios da farmacopéia
popular, segundo a OMS – Organização Mundial da Saúde (H. Lorenzi-2002).
Chama a atenção pelo cheiro forte e peculiar, agradável mas não unânime,
espontânea e invasora pouco cultivada, mas de relevância ímpar nas hortas,
jardins ou terrenos baldios onde cresce sem ser chamada. No mercado de
ervas, nas hortas e na linguagem dos mateiros, o nome Mentruz é mais comum
e faz-se melhor de entender. Mas para mim, é nome de santa, nome de mãe,
nome de Maria.
Mesmo que seu aroma não agrade a todos, é indiscutível que traga aquela
recordação de casa de vó para alguns de nós, os nascidos nos últimos trinta a
quarenta anos do século passado (nossa parece bastante né rs). É
verdadeiramente colo de mãe, de avó, acolhedora e curadora por excelência.
Sua capacidade curativa explícita no uso cotidiano, se oculta no uso ritualístico,
exigindo de quem a manipula certa coragem e destreza para colocá-la em
funcionamento. Por isso, não é uma erva tão comum nos banhos e
defumações, seja na Umbanda ou outros meios místicos.
A Erva de Santa Maria seca e queimada em carvão não libera um perfume tão
intenso quanto ela fresca usada em banhos. Sua conexão energética,
magnética e vibratória, a remete aos elementos água e terra, portanto sua
natural ligação com as Sagradas Mães Aquáticas e também nosso Sagrado Pai
Obaluaiyê. A cura das águas! Olha só que incrível: a vibração de Papai
Obaluaiyê é terra-água, então um dia essa erva me contou que age como uma
profunda curadora, de dentro para fora, com a firmeza da terra e as ondas
fluídicas das Divindades das Águas, em conjunto.
Por cura, entendemos as transformações necessárias para se continuar o
caminho evolutivo. Muitas vezes somos retidos numa lição da vida, até
aprender antes de continuar o caminho, aí encontramos as vibrações de Mãe
Nanã, senhora das águas (quase) paradas, os lagos. Por regeneração,
encontramos as águas salgadas de Mamãe Iemanjá, trazendo vida; e por
fluidez e renovação, as águas doces e rápidas dos rios e cachoeiras de Mamãe
Oxum! Lindo isso, né?
Falo dessas Mães e Pais Orixás com liberdade, para nossa simples
compreensão e aqui não com "pegada" teológica, portanto leia com o coração
e compreenda com a alma. Para nós, é uma erva FRIA OU ESPECÍFICA,
curadora por definição!
Resumindo a ação da poderosa Erva de Santa Maria: ela é capaz de
despertar o curador interno, ou auto-curador que existe em cada um de nós.
Na forma principal de banhos, ou benzimentos, faz com que nossos corpos
espirituais vibrem frequências curadoras de dentro para fora, como foi dito.
Gosto muito de recomendar Erva de Santa Maria para pessoas doentes, em
tratamento longo que requeira paciência e aceitação, ou convalescentes
que estejam desanimados com a demora da cura, e também aquelas pessoas
que desistiram de se curar.
Essa é a Erva de Santa Maria! "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, seus
filhos nem sempre conscientes do Seu Amor!
24. Abre caminho
25. Quebra Demanda
26. Losna - Artemisia absinthium L.

Se você quiser conhecer e nunca mais se esquecer da Losna, basta colocar


algumas folhinhas na boca e mastigá-las com vontade, deixando seu sabor
convencer suas papilas gustativas de que a experiência poderia ter sido
dispensada! Brincadeiras à parte, é sim amarga, mas deliciosa – na minha
opinião é claro! Seu amargor característico não combina com a dedicação do
seu nome à Deusa Grega Ártemis, cuja deferência deu origem ao seu nome
botânico "Artemísia". Divindade da caça, protetora da vida selvagem e do
saber.
Desse gênero, observam-se diversas espécies, mas com essa característica de
sabor e odor, apenas a variedade "absinthium" permanece. Os outros tipo de
artemísias são tão incríveis quanto e merecem ser objeto de estudo
personalizado, pois gozam de grandeza suficiente para mais páginas e tem seu
lugar garantido no nosso herbário ritualístico. Dessas, destacamos a A. vulgaris
e A. camphorata.
Originária da Europa e da Ásia, suas propriedades e características
fitoquímicas deram origem a uma bebida que leva seu nome qualificador, o
Absinto. Essa clássica bebida foi proibida em diversos países no início do
século 20. A também chamada "fada-verde" foi condenada pela alta graduação
alcoólica, por causar rápida dependência, problemas no sistema nervoso e,
teoricamente, psicose e alucinações, entre outras doenças, mas principalmente
porque ao seu consumo regular foi atribuído o aumento da violência. Com o
passar do tempo, foi-se constatando que não era exatamente a bebida, mas
todo um conjunto de fatores, proporcionando condições de ser novamente
fabricada. Aqui no Brasil, o absinto voltou a ser comercializado no final do
último século.
O conhecimento é libertador. Mesmo sendo o lado negativo de um subproduto
dessa planta, acho importante saber os "comos e porquês" da história, pois
assim saberemos discernir quando algum desavisado atribuir funções
negativas à nossa querida Losna, por superficialidade ou falta de conhecimento
mesmo.
Para nós, o que interessa é que essa poderosa erva MORNA OU
EQUILIBRADORA faz com justiça seu trabalho nos banhos e defumações aos
quais é adicionada. Entre outras vibrações, as de Mãe Iansã e Pai Oxumaré
presentes nessa erva com seus lindos tons de esverdeados a aturquesados,
espiralando em ondas amarelo-pálidas, tornam-na uma poderosa
direcionadora, movimentadora e renovadora de energias de pessoas e
ambientes. É indicada quando se faz necessária energia para tomada de
decisões rápidas e precisas, compreensão para mudanças compulsórias
e quando precisamos de força e coragem para transformações urgentes.
Nos "amacis" coletivos é usada combinada com ervas de outros Orixás para
melhorar a percepção e incorporação mediúnica.
Linda por excelência e exuberância, encanta os nossos jardins e hortas e
responde por diversos nomes populares regionais como: Losma, Absinto,
Losna-Maior, Acinto, Artemísia, Erva-Amarga, Ambrosia, Amargosa, entre
outras.
Se um dia você encontrar um arbusto de Losna, o reverencie, abrace
carinhosamente e sinta seu frescor e aroma saudáveis. E, e se tiver coragem,
faça o que falamos no primeiro parágrafo, mastigue algumas folhinhas e deixe-
a te levar do amargo ao doce sabor da natureza! Sinta, simplesmente sinta! É
magia, é a "fada-verde", é o poder do simples!
27. Macela – Achyrocline satureioides (Lam.) DC

A maioria das pessoas que entra pela primeira vez no mercado público de
Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, fica, no mínimo, curiosa para saber o que
são aqueles maços de florzinhas amarelas cor de palha em quase todas as
bancas de hortifruti e nas casas de artigos religiosos. Da mesma forma que os
que, como eu, adoram viajar de carro, se encantam com essa plantinha que
acompanha por quilômetros as beiras de plantações nas estradas,
principalmente no Sul do país, de onde é um dos seus símbolos oficiais.
Macela, Macela-do-Campo, Marcela, Macelinha, Alecrim-de-Parede, Chá-de-
Lagoa, Carrapichinho-de-Agulha, Camomila-Nacional... Nossa, quantos nomes
populares! E tem um bem curioso expresso num dialeto alemão-riograndense:
Karfreitachstee, ou no padrão: Karfreitagstee, que numa tradução livre significa
"Chá da Sexta-feira Santa", o que justifica a tradição de colher as flores de
Macela nesse dia santo, antes do sol nascer, afirmando-se que seu poder
medicinal e energético está mais concentrado. Pelo menos um pequeno
ramalhete dessa Macela colhida permanece nas casas até o próximo ano como
símbolo de harmonia e boa sorte.
Considerada pelos agricultores uma planta daninha, infestadora de pastagens
e plantações, é queridinha na medicina caseira tanto no Brasil como em outros
países da América do Sul. Os famosos "travesseiros de Macela", enchidos com
suas flores secas e bem cheirosas, garantem para crianças e adultos um sono
mais tranquilo e regenerador, e melhor respiração. São indicados também para
quem tem enxaquecas.
No sistema de classificação do Erveiro, é uma erva MORNA ou
EQUILIBRADORA, mas tem requintes de FRIA-ESPECÍFICA, pois transita
nos campos de ação da tranquilidade espiritual com louvor. Sua cor e pulsar
energéticos acompanham o que é captado pelos nossos sentidos. As retinas
interpretam com a incidência de luz o amarelo ouro, o ouro de Mamãe Oxum,
e nosso tato e olfato rememoram até o lilás envelhecido de Vovó Nanã! Lindo
isso, não é?
Linda é a Macela e o que ela traz de poder tranquilizador e relaxante,
verdadeiro mergulho em águas tranquilas, ou o aspergir da chuva numa tarde
quente concentrados num banho da cabeça aos pés, respirando fundo seu
vapor e após mantendo-se em silêncio, por alguns minutos. Um bom caminho
para se ouvir a "voz interior".
Esse processo de respirar o vapor da Macela antes do banho é excelente para
aliviar dores de cabeça de "fundo espiritual" e curar espíritos sofredores
atrelados ao nosso campo astral, assim como os obsessores necessitados
dessa medicina da natureza para que reencontrem o ser divino em si e possam
ser acolhidos pelos mecanismos da Lei Divina que os recolocarão em suas
rotas de evolução. Poderosa aliada nos processos de cura, para adultos e
crianças, e para essas últimas, em especial, excelente acalmadora e
aliviadora do sofrimento causado por doenças de tratamento longo e
desgastante.
Além de tudo isso, ainda ajuda na recuperação da autoestima, para homens e
mulheres se sentirem mais "bonitos e atraentes" para si mesmos!
Ah, eu acho que vai ter bastante gente querendo tomar banho de Macela! A
gente encontra no comércio de ervas secas e farmácias de produtos naturais.
Não se esqueça de adquirir produtos de boa procedência, identificados e com
nome científico correto!
28. Eucalipto Comum - Eucalyptus globulus

Eucalipto Comum - Eucalyptus globulus


Eucalipto Cheiroso - Eucalyptus citriodora
Eucalipto Ornamental - Eucalyptus cinerea
Entre 1995 e 1999, quando esse conhecimento sobre uso ritualístico de ervas
estava sendo formatado, ainda nas primeiras experiências pessoais e muito
longe de eu imaginar que seria essa a minha vida, o Eucalipto foi uma das
primeiras ervas que "conversaram" comigo. Abundante e muito fácil de achar
aqui na minha região, o ABC paulista, era erva constante nos banhos e
defumações os mestres espirituais me orientavam a fazer. Só não foi mais
presente que a Sálvia e o Pinhão Roxo, as ervas mestras de contato energo-
magnético e vibratório. Conversar com o Eucalipto (e com todas as ervas que
quiseram se comunicar) foi importantíssimo para todo o aprendizado.
Abundante praticamente no mundo todo, essa grande espécie tem uma
característica peculiar: todos os mais de seiscentos tipos de Eucalipto tem
origem na Australia! Já foi amado e considerado a solução para as questões de
desmatamento, combustível (carvão e madeira), e também já foi odiado por se
nutrir de mais água do que o ambiente podia oferecer, matando assim a
biodiversidade nativa.
Aqui no Brasil há diversas tipos de Eucalipto, mas vamos citar três em especial
porque são os mais comuns e fáceis de achar: Eucalipto "Globulus", também
chamado (erroneamente) de Eucalipto-macho, com suas folhas largas e pouco
cheirosas, exceto quando colocadas na água. É rico em óleo e importantíssimo
para a indústria de higiene e limpeza. O Eucalipto "Citriodora", ou Eucalipto-
cheiroso, rico em componentes voláteis, ao toque das mãos recende um
incrível aroma cítrico. E o Eucalipto "Cinerea", de caráter ornamental, é
diferente dos dois primeiros, suas folhas são em formato de lança, ou outros
têm as folhas arredondadas, mas tão cheirosas que o torna inconfundível e
bastante presente em buquês e arranjos florais.
Eu particularmente trabalho há anos com esses três tipos mais comuns, e é
isso o que nos interessa. Saber para que serve cada exemplar das mais de
seis centenas além de impossível, é totalmente dispensável. Então, tudo o que
dissermos aqui valerá para todos os tipos de Eucalipto, certo? Todos
respondem nas mesmas faixas frequenciais, então, falar de Eucalipto é falar de
todos os tipos.
Dentro do Sistema de Classificação do Erveiro, o Eucalipto é uma erva
QUENTE OU AGRESSIVA, de particularidade ímpar também. Muito poderosa
na limpeza e desinfecção astral, além da dissolução de acúmulos
causados por campos de energia e magnetismo densos, gerados na linha
do tempo, ou seja, de magias antigas, decretos e praguejos que criam ou
ativam portais negativos que se mantêm vivos por tempo indeterminado e se
reativam naturalmente ou pelo comando do seu ativador.
Um verdadeiro esterilizador das fontes geradoras e replicadoras de
padrões negativos, é excelente coadjuvante nos tratamentos para
clareamento, resolução e libertação de situações cármicas e de traumas
inconscientes, desta e de outras vidas. Ajuda a se desacorrentar de medos,
culpas, vícios e manias nocivos à evolução.
Nós o associamos às vibrações do "Tempo", e às Divindades Mães Iansã e
Logunã, e Pais Ogum e Oxóssi, entre outros. Seu pulsar energético atemporal
remete do prata-azulado ao verde-critalino, formando espirais maravilhosas e
envolventes, altamente purificadoras e magnetizadoras.
Além do uso comum em banhos, defumações, bate-folhas e cobertura de
chão, pode ser usado para forrar camas de cura para aplicação de passes
energéticos. Colocado embaixo do colchão por quarenta dias e rezado para
que seja força viva fechadora de portais para realidades inferiores, é excelente
ajuda para se livrar de vícios e ações negativas reincidentes,
desmagnetizando-as definitivamente.
29. Calêndula - Calendula officinalis L.

Essa Calêndula é uma "maravilha"! Esse trocadilho serve para lembrar um dos
nome populares dessa planta: Maravilha, e também "Malmequer" em algumas
regiões. Uma margaridinha amarelinha, linda linda! Margaridinha é por minha
conta, pois não é uma "Margarida", mesmo pertencendo à mesma família
(Asteráceas), e parecendo com as diversas flores do campo amarelas que
temos na diversidade das ornamentais.
Na história das culturas e tradições, aparece junto ao povo grego e sua relação
com a energia do sol. Curiosamente ela se fecha no ocaso e volta a se abrir
quando os primeiros raios da manhã aparecem. Seu nome tem origem do latim,
tem a ver com o primeiro dia de cada mês e o próprio nome "calendário", que
se ralaciona com o ciclo solar. Assim, pela sua força e poder, a Calêndula
conquistou espaço na medicina popular desde a Idade Média. Hoje, algumas
espécies de Calêndula são cultivadas com fim comercial e entram na
fabricação de cosméticos e fitomedicamentos com um leque enorme de
aplicações.
Vale reforçar que aqui sempre focamos no uso ritualístico, religioso e magístico
da ervas que comentamos, então, se é esse nosso objetivo, vamos a ele!
As cores, que vão do amarelo pálido ao laranja forte, determinam fisicamente
sua característica energizadora por excelência. A cor do sol intenso, da
energia, da explosão de força movimentadora. Suas características de energia
e magnetismo a associam com as Mães Orixás Oxum, Iansã e Egunitá, e
também com Pai Xangô.
Ao mesmo tempo é leve e muito agradável nos banhos e amacis, em que é
usada no seu aspecto religioso e magístico para estimular a energia em
pessoas com apatia, desânimo, falta de vontade, e aquelas que precisam
e queiram reagir, sair de uma situação ruim que esteja cômoda. Isso
mesmo, nós seres humanos tendemos a nos acomodar em situações ruins
também, por achar que não há saída, ou que as coisas são "assim mesmo"...
Vale a reflexão.
Seja em banhos ou saches para respirar profundamente, é excelente para
convalescência ou seja, recuperação de doentes. Veja dica para respirar o
vapor no texto sobre Macela.
É também uma poderosa aliada na cura de campos astrais que foram
deteriorados, alvos de ações negativas, e que estão em regeneração, pós-
tratamentos de limpeza energética.
Na associação com outras ervas, aumenta a permanência da vibração e dá
equilíbrio ao conjunto do preparo.
30. Angico - Anadenanthera peregrina (L.) Speg

Temos falado por aqui de todo tipo de erva e suas partes: folhas, raízes, flores e
agora vamos de cascas! Que tal o Angico? Então, vamos de Angico!
Algumas pessoas me perguntam sobre essa nossa definição de erva. Bom, para nós,
por uso coloquial da palavra, tudo é erva! Não falamos em uso ritualístico – "tome
um banho de raízes, ou de sementes", e sim de ervas, independente se nesse
banho tenha raízes, folhas ou cascas. Então, por definição, chamamos de erva todo
elemento vegetal que pode ser usado em banhos, defumações e benzimentos. Na
botânica, erva é a planta que cresce de forma "herbácea", mas esse é outro assunto
né?
Nosso Angico é árvore, e das grandes! Por Angico encontramos a definição de
diversas árvores e seus qualificadores: Angico- branco, Angico-vermelho, Angico-
liso, Angico-do-cerrado, e outros nomes populares como, Maricá ou Jurema-branca
(nomes que se adequam melhor a outras espécies), e Paricá ou Yopo – cujos nomes
são conhecidos nos meios indígenas e xamânicos mais pelo preparo de rapé feito
com suas sementes e aplicado em cerimônias com as chamadas "medicinas da
floresta", do que pela planta propriamente dita.
Conhecemos o Angico também na forma de cachimbos ou chanducas (este
último, nome kariri ou fulni-ô), que assim como seus similares de Jurema (madeira
da árvore), são largamente utilizados em ritos dos Juremados, Catimbós, na
Umbanda como herança adaptada, pelos indígenas de diversas etnias no consumo
de tabaco e ritos sagrados, e nos diversos meios Xamânicos.
As folhas do Angico não são “comerciais” e, por isso, não tão fáceis de serem
encontradas, então nos servimos das suas cascas, que para nós podem ser usadas
em banhos e defumações, como agente purificador e consumidor de larvas,
miasmas e acúmulos negativos. Dissolvedor de formas plasmadas, formas-
pensamento, e criações mentais de baixa frequência.
Na nossa classificação, uma erva QUENTE OU AGRESSIVA, e mesmo assim, dentro
dessa característica, guarda um poder protetor único, verdadeira barreira de
energia ígnea contra os ataques do baixo astral. O que a coloca vibratoriamente
nas frequências vivas de nosso Amado Pai Xangô, entre outras. Uma lasca de
Angico serve como amuleto protetor contra inveja e mau-olhado e é um
magnetizador de força de vontade, criatividade e inteligência.
A maioria das cascas queimadas em defumação tem cheiro de madeira queimada,
podendo não ser tão agradáveis ao olfato, mas energeticamente mantém suas
propriedades vibracionais, nos conectando aos padrões naturais úteis para a
manutenção do nosso bem estar espiritual e por consequência, material.

31. Erva de Bicho – Polygonum persicaria L.


Eu lembro que de criança, não tinha pet shops ou vets à disposição, e para as
criações de casa: gato, cachorro, etc., restava o conhecimento das medicinas
populares. Então a Erva de Bicho era ponto forte quando aparecia a "bicheira",
sarna e outras doenças que eram tratadas com essa planta, mais Babosa,
Anileira (o Anil, planta de verdade e não produto químico), e Genciana. Antes
que meus amigos veterinários me matem, reconheço que hoje é muito melhor
com os tratamentos mais adequados!
A Erva de Bicho, também chamada em algumas regiões de Cataia, Capiçoba,
Pimenta-d´Água, vem desse ambiente da cultura popular e se insere no
universo místico no mesmo grau curador. Sendo recomendada para banho,
principalmente, para cura de doenças causadas por mal espiritual.
Sabe aqueles sintomas de doença que pousam sobre uma pessoa e a
derrubam, e nem os médicos depois de um bateria de exames conseguem
diagnosticar? Então, a Erva de Bicho é uma poderosa ferramenta para esses
diagnósticos difíceis. Um poderosa reveladora de atuações negativas
espirituais, vampirizadoras e causadoras dessas doenças. Por isso, a
colocamos como uma erva QUENTE ou AGRESSIVA de caráter curador,
revelador e de desobsessão. Sua natureza aquática que a liga às frequências
vibratórias de Mãe Iemanjá e Mãe Nanã traz em si seu poder de liquefazer
acúmulos energéticos densos e a torna única nesses casos de cura
espiritual, em que a vítima atingida por fatores inferiores, desenvolveu
doenças físicas, principalmente de pele, feridas, etc., com quadro de difícil
diagnóstico e tratamento.
Por essa característica curadora, é associada em algumas regiões a Pai
Obaluaiyê. E por ser usada para sacralizar objetos de ritual e limpar
assentamentos, também aos Pais Orixas Oxalá e Exu.
32. Manjericão ou Alfavaca comum - Ocimum basilicum L.

Manjericão ou Alfavaca comum - Ocimum basilicum L.


Alfavacão Cravo – Ocimum gratissimum L.
Alfavaca Anis ou Aniseto - Ocimum carnosum (antes era Ocimum selloi)
Manjericão Roxo - Ocimum basilicum var. purpurascens

Se existe uma erva a qual podemos atribuir um poder de "rei ou rainha", essa é
o Manjericão! Conhecido no mundo todo em alguma das suas dezenas de
espécies com suas centenas de nomes populares e identificações crescentes,
seja no incrível universo das especiarias, seja na farmácia caseira, e sem
dúvida nenhuma, nos meios ritualísticos e religiosos onde é mais do que
consagrado.
Ahhh esse é o nosso manjericão! Mas enfim, qual deles? Pergunta bem boa de
se fazer quando alguém recomenda um banho com "oito folhas de manjericão
para prosperidade"... Qual manjericão? E por que oito folhas? Se cada tipo de
manjericão tem características bem próprias, tamanhos, cores e cheiros
diferentes, como vou saber qual manjericão usar?
Primeiro vamos aos tipos e nomes populares mais conhecidos: Manjericão
comum, miúdo, roxo, branco, de folha larga, da praia, italiano, tailandês, alface,
sagrado, tulsi, doce, cheiro de anis, de canela, de limão, roxo, roxinho,
Manjeriquim, Favaca, Favaquinha, Basílico, e entre outros tantos também de
ALFAVACA, sim ALFAVACA é MANJERICÃO e vice-versa, Alfavacão,
Alfavaca Cravo, Alfavaca Anis...! Olha só quanta identificação. Como sempre
digo, daria pra ocupar páginas e mais páginas falando só dessa planta! Então,
quando ler Manjericão, leia-se também Alfavaca e todos os outros nomes!
Alguns mais fáceis de encontrar do que outros, a origem do seu nome oficial,
Ocimum, é grega e vem de odor, fragrância, aroma. Diziam os herboristas do
século 17, que seu cheiro era bom para o coração e para a cabeça, e que
trazia alegria e felicidade.
Manjericão é aquela erva que encontramos o ano todo e em todas as regiões.
É abundante, cresce rápido, cheiroso por excelência e se encaixa em toda e
qualquer necessidade. Costumo dizer em tom de brincadeira: “Quando você
não souber o que fazer, faça com Manjericão!” Todos os Manjericões tem
função energética bem parecidas e variam acrescentando a cada tipo sua
qualidade específica e campo de ação preferencial.
Em suas variações é uma das ervas mais utilizadas nos meios litúrgicos,
presente em praticamente todos os rituais conhecidos. Não dá pra dissociar as
famosas "águas de cheiro" da presença do Manjericão.
Em nosso sistema de classificação de ervas, o Manjericão é MORNA ou
EQUILIBRADORA. Seu gradiente de cores energéticas é incrivelmente
abrangente e sua ampla frequência o coloca em posição de destaque com
vibrações suficientes para ser associado a todos os Orixás, mas
especialmente à Mãe Iemanjá, ou melhor, à todas as Mães ligadas ao
elemento aquático, então Mãe Nanã e Mãe Oxum compartilham suas
vibrações. A presença marcante das essências divinas de Pai Oxalá também
determina que pode entrar em todos os amacis, para todas as funções, pois
proporciona ligação com as faixas mais sutis, necessárias a um preparo.
Banhos, defumações com suas folhas secas, óleos e tinturas alcoólicas são
alguns dos preparos que podemos fazer com os mais variados tipos de
manjericão. Usamos todas as partes da planta, folhas, caules mais suculentos,
flores e raízes.
De modo geral todos são poderosíssimos equilibradores, regeneradores,
reconstrutores de corpos espirituais, fortalecedores do espírito. Devolvem
a energia rapidamente, harmonizam os chacras e são excelente para
convalescença. Num preparo proporcionam ligação e estabilidade às outras
ervas.
Vamos citar alguns tipos e suas qualificações que se acrescentam às
características gerais acima:

Manjericão Roxo (todos) – proteção (Pai Xangô)


Manjericão-Alfavaca Anis ou Aniseto – conexão espiritual (Pai Oxalá, Mãe
Logunã)
Alfavacão, Manjericão Cravo – cura física, regeneração e organização (Pai
Ogum, Mãe Nanã)
33. Mentas - Hortelãs e outras

Hortelã Comum – Mentha sp.


Hortelã Pimenta – Mentha x piperita L.
Levante – Mentha arvensis L.
Poejo – Mentha pulegium L.

De natureza fresca, picante, adocicada e muito aromática, essa ervinha rasteira é


considerada na Europa uma plantinha "promíscua", pois cruza e se mistura com
facilidade com outros tipos. Essa dá trabalho para quem gosta de escrever
bastante! São diversos tipos desse gênero, dezenas mesmo, e fica bem difícil
escolher de quais falar em poucas linhas.
Para o nosso entendimento , assim como fizemos com o Manjericão e o Boldo,
escolhemos quatro tipos clássicos e fáceis de encontrar. Mas que fique claro, há
dezenas de tipos de Menta-Hortelã espalhados pelo mundo, com talvez centenas
de nomes populares, variando de região para região. Destes, destaco na região
amazônica (Manaus-Belém) o nome "Chama", um dos mais curiosos para identificar
as Mentas. Nome popular não tem dono, por isso é importante prestar atenção no
nome científico e na identificação visual correta, para não cairmos no lugar comum
dos aforismos "dizem que... ouvi dizer.. ou aqui é assim e conheço dessa forma e
ponto final."
Alguns dos seus nomes populares: Hortelã, Hortelã-comum, Hortelã-pimenta,
Menta, Levante, Alevante, Elevante, Poejo, Poejinho, das crianças, Menta-miúda,
Chama, Hortelã-branca, Vick, entre outras.
Espécies diferentes do mesmo "gênero" tem formato, textura, cheiro, coloração de
folhas e caules diferentes entre si, diversos nomes populares e um sem fim de
saberes livres de embasamento científico, mas continuam espécies do mesmo
gênero! E nós, baseados nos saberes dos mestres acadêmicos, afirmamos sem
medo de errar!
Conhecimento é perturbador e tira do lugar comum, provoca desconforto e faz
pensar. Mas assim como as Mentas, incomoda e causa irritação somente nos
acomodados.
A origem da palavra Menta deriva de Mintha, que, nos contos mitológicos, remete
à ninfa transformada em erva pela deusa grega Persefone, por ciúme de seu marido
Hades (o Plutão romano), para que todos pisassem nela. Seu uso ritualístico, assim
como o medicinal, remonta à antiguidade. Os chineses já cultuavam suas
propriedades curadoras. Hipócrates, o pai da medicina, considerava-a afrodisíaca e
estimulante, e Plínio, o velho filósofo romano, apreciava suas propriedades
analgésicas.
Na prática ritualística, todas as Mentas tem a mesma característica energética e
vibratória, no entanto há algumas particularidades que devem ser levadas em
consideração na hora de escolher qual usar, como a disponibilidade e a facilidade
de cultivo, dependendo do tipo e da região.
Nos banhos e defumações, as Mentas são usadas como estimulantes,
energizantes, mantenedoras e estabilizadora da energia vital. Uma excelente
erva MORNA OU EQUILIBRADORA, dentro dos nossos critérios de classificação.
Benção de Mamãe Natureza para fortalecer o espírito, trazendo ânimo e coragem.
Suas cores energéticas vibrantes e pulsantes se instalam nos corpos espirituais e
ali insistem em tirar do lugar comum, movimentar, dar um pontapé no traseiro
que empurra para frente! Mas é preciso consciência para querer as transformações,
senão, como disse, chega a provocar irritação aos mais acomodados.
Podemos associá-las a todas as vibrações de Pais e Mães Orixás, sempre lembrando
que são ervas de ação estimulante, o que requer um pouco de cuidado nos
banhos antes de dormir, pois podem te deixar "ligado".
Da Hortelã Comum (Mentha sp.) temos o cheiro adocicado dos jardins; um verde
vibrante, pulsar médio, e conexão com a Fé (Pai Oxalá) e o Saber (Pai Oxóssi), entre
outras vibrações.
Hortelã-Pimenta (Mentha x piperita), tem o cheiro e o gosto picante de "bala de
menta". Um macinho encostado no rosto, boca e nariz, e respirado em
profundidade já dá ânimo e coragem e clareia os pensamentos.
Do Levante (Mentha arvensis), o aroma rústico da menta selvagem e a capacidade
de honrar seu nome mais conhecido, realmente LEVANTA o astral com seu pulsar
intenso. Vibração potencializadora de Pai Ogum!
E do Poejo (Mentha pulegium), o cheiro de casa e remédio de vó! A Mentinha das
crianças, consagrada nos xaropes para os pequeninos! Para nós, a estimulante
mais leve, desperta para a realidade e traz pé no chão. Pai Oxóssi e Mãe Obá
bem presentes nessa vibração.
Em caso de necessidade podemos substituir uma pela outra sem prejuízo do
preparo. É muito comum vermos receitas usando Levante ou Poejo que não
permitem substituição. Isso é um mito que pode comprometer o preparo já que
algumas dessas ervas respeitam a sua temporada e não são encontradas facilmente
o ano todo.
As Mentas estão na nossa memória olfativa! Subjetivamente falam das suas
potências, dizem de si em nós, nos convidando a sermos quem devemos ser!

34. Aroeira comum– Schinus terebinthifolia Raddi


Aroeirinha - Schinus molle L.

"Nessas árvores tem folhas... Tem rosário de Nossa Senhora! Tem Aroeira de São
Benedito... São Benedito me valha nessa hora!"
Impossível eu falar de Aroeira e não lembrar dessa reza que virou canto e encanta
os trabalhos de Pretos Velhos, Caboclos, e as rodas de Jurema!
Aroeira encanta, e assusta os incautos, mais por falta de conhecimento e apego aos
achismos do que por alguma qualidade negativa mesmo. A ela foi atribuída a fama
de ser árvore de Exu, a qual deveria ter-se todo o cuidado para manusear. E que
também é brava, provocando coceiras. Preste atenção no texto para não ler essa
frase simplesmente e assumir como condição da planta.
Existem vários tipos de Aroeira, e muitos mitos em relação ao seu uso. Um tipo de
Aroeira, chamado de “brava” desprende elementos capazes de desenvolver
urticárias e afecções de pele pelo simples contato. Por uma questão de bom senso,
essa qualidade de Aroeira não tem uso ritualístico. Essa é a Lithraea brasiliensis
March, aroeira-brava ou aroeira-preta. Vamos lembrar que toda erva pode provocar
alergias em quem tem sensibilidade a algum dos seus componentes, assim como
pelos de animais, peixes, etc. Então, vale a pena conhecer seu organismo e evitar
aquilo que pode te provocar alguma reação.
Para nós, esses dois tipos de Aroeira citados são bastante comuns e usados na
arborização urbana em praticamente todo o país. Podemos usar as folhas frescas
ou as cascas, mais fáceis de encontrar no comércio de ervas desidratadas.
Característica da Aroeira é seu fruto, a pimenta-rosa. Isso mesmo, a pimenta-rosa,
adorada na culinária, é o fruto das Aroeiras!
Damos uso em banhos, defumações, benzimentos e bate-folhas para as
chamadas Aroeira-comum, Aroeirinha, Aroeira-pimenteira, Aroeira-branca, Aroeira-
mansa, Aroeira-salsa, nas variedades Schinus terebinthifolia e S. molle.
Aqui no terreiro usamos as folhas para forrar o chão nos dias de gira de Caboclos.
Nunca faltam ramos de Aroeira em trabalho de cura de Caboclo. E os Vovôs e
Vovós, nossos amados "pretinhos-velhos", não dispensam em seus benzimentos.
Erva QUENTE OU AGRESSIVA por definição, energia nas vibrações de Pais Ogum
e Xangô, caracterizada pela sua conexão elemental com os fatores ígneos,
protetora por excelência, e em seus aspecto magnético específico, serve aos
propósitos do Mistério Exu, aliás, de todos os mistérios à Esquerda, seja na
fundamentação dos assentamentos como na limpeza periódica deles.
Não precisa exagerar na quantidade. Um punhadinho das folhas ou um pedacinho
da casca num preparo de banho são mais que suficientes para uma limpeza
profunda, purificação, neutralização de ações negativas e bem estar geral. Sua
aura avermelhada, de pulsar discreto e contínuo, apinhada dessa energia de
"fogo", proporciona a eliminação de elementos nocivos à saúde.
Seus galhos podem ser colocados em vasos com água e mantidos por vários dias
em casa ou no local de trabalho, ativados como purificadores do ambiente,
esterilizadores do espaço espiritual, dissolvendo aquele ar pesado que muitas
vezes fica no ambiente.
Eu tenho certeza que tem alguma Aroeira perto de você... Na rua, numa praça,
enfim... Lembre-se de lavar as folhas antes do preparo, pois a fuligem da cidade é o
que também pode provocar alguma reação a peles mais sensíveis.

35. Assa-Peixe - Vernonia polyanthes Less. [sin. atual Venonanthura phosphorica


(Vell.)H.Rob.]

Um dia um índio Guarani me disse que essas folhas não queimavam se fossem
colocadas sobre a brasa, e o peixe por cima assaria até o ponto certo...
realmente nunca testei pra saber se é verdade ou não, mas que essa planta é
conhecido de Norte a Sul, isso é verdade! E olha que muita gente tem outras
histórias sobre a origem desse nome! Muitos mitos existem e ninguém sabe
definir porque são o que são, mas isso não importa quando os respeitamos
mantendo seu lugar na história e procurando a essência mítica, o que ele quer
dizer de prático, funcional e útil na nossa vida.
Também conhecida como Cambará ou Assapeixe-branco, as suas raízes são
conhecidas na farmácia caseira, suas folhas entram na composição de xaropes
e ainda é considerada uma PANC – Planta Alimentícia Não Convencional,
onde suas folhas entram em receitas – empanadas e fritas.
Considerada uma planta daninha e invasora de pastagens e terrenos baldios,
indesejada nas áreas de plantio, mas amada pelas abelhas que da sua florada
produzem um excelente mel expectorante.
Em algumas regiões, há comparação com uma variedade dessa planta
chamada também de Alumã, Boldo-baiano, Árvore-de-pinguço, Figatil, que é a
Vernonia condensata. Na região Sul, nas casas de Nação ou Batuque, é
chamada de Orô (éwúró), onde é associada principalmente aos Pais Xangô e
Ogum e entra em diversos ritos de iniciação e purificação. Da Bahia até o Rio,
o Assa-Peixe é atribuído a Oxum nos diversos Candomblés, principalmente os
"Jêje-Nagô".
Seu pulsar energético, magnético e vibratório lhe garante um gradiente de
cores que passa pelo verde azulado, indo até o lilás intenso. Foram
captadas também nuances amarelo-alaranjado (quase vermelho).
Para nós, dentro do sistema de classificação do Erveiro, o Assa-Peixe é uma
erva FRIA-ESPECÍFICA, pois tem um campo de ação muito bem definido – a
cura. (Vale reler o texto sobre classificação). E nos preparos genéricos, uma
equilibradora com vasto poder regenerador.
Esse caráter curador do Assa-Peixe nos convida a compreender as vibrações
das Divindades associadas, Pai Ogum e Mãe Nanã. Como já dissemos no
texto do Capim-Cidreira, Pai Ogum não é só guerra e batalha, mas a Ordem
Divina em si. E para encontrar a saúde é necessário ordem, organização. Tem
função que o coloca também nas frequências renovadoras de Pai Oxumaré.
Pode ser usada em banhos ou defumações, assim como bate folhas nos
ambientes onde estão os doentes. Uma sugestão é fazer cama de esteira
com folhas de Assa-Peixe para que os convalescentes fiquem por algum
tempo, uns trinta minutos são suficientes. Pode-se cobrir com um lençol claro
pois suas folhas um pouco mais rústicas podem não ser agradáveis no contato
com a pele.
Indicado também para resgate e cura de espíritos doentes e sofredores
atrelados a pessoas ou ambientes familiares.
36. Café - Cafeeiro
Cafeeiro - Coffea sp.

Talvez a história da humanidade tivesse um rumo diferente se não existisse o


café! Essa afirmação, exagerada é claro, ilustra a ideia do efeito transformador
dessa plantinha de origem espontânea na Etiópia e disseminada no mundo
todo desde Marco Polo e os Árabes, primeiros cultivadores e preparadores do
café que o monopolizaram enquanto puderam. O Cafeeiro é o pé-de-café. A
origem desse nome designa o (efeito do) fruto e vem do árabe Kahoua ou
Qahwa, o excitante. O Brasil é um dos maiores, senão o maior produtor de café
no mundo, e o segundo maior consumidor, perdendo apenas para os Estados
Unidos.
Há uma lenda que conta que o café foi descoberto por um pastor de ovelhas,
que as viu comendo as frutinhas e percebeu que tinham disposição de sobra
pra caminhar um dia inteiro. Um monge resolveu experimentá-la e descobriu
uma bebida que os deixava acordados durante as longas rezas. Outra lenda,
que não sabemos se é verídica, é que a jovem "Joanne" escrevia os originais
de Harry Potter em uma cafeteria... enfim, o que seria do nosso mundo sem o
café? Nesse momento, escrevendo sobre ele, tenho uma caneca bem cheirosa
à minha frente! Santo café, santa cafeína diária que acorda e diz para o corpo
que o dia já começou!
Mas aqui o que nos interessa desse lindo arbusto é tudo o que pode nos
oferecer para o uso ritualístico e religioso! Sem entrar no mérito dos líquidos e
bebidas nas oferendas, colocar uma canequinha com café e uma vela branca
ou bicolor aos pés das imagens de Pretos-Velhos é condensar vibrações de
firmeza de propósito dentro de casa, paz, tranquilidade, paciência e
harmonia para a família.
Os próprios grãos inteiros de café, in natura ou já torrados, podem participar de
oferendas a Pais Oxóssi e Oxalá e linhas de trabalho. Uma colher de pó de
café misturado com uma colher de açúcar, pode ser "polvilhado" nos cantos de
um imóvel à venda ou disponível para locação para melhorar o magnetismo.
Ah, eu já recomendei isso para vender carro também...rs... Deve-se tomar
cuidado pois açúcar = formiga, bom não precisa nem dizer né?
Energia de terra, masculina, pé no chão, bastante equilibradora e
racionalizadora. Por isso, mesmo atribui-se a ela a capacidade de atrair
prosperidade. Sem razão, agindo-se apenas pela emoção, não há
prosperidade que aguente. Em nosso sistema de classificação de ervas,
identificamos como MORNA ou EQUILIBRADORA. Vibrações de Pais Oxalá,
Oxóssi e Xangô, e muito discretamente a presença de vida de Mãe Iemanjá.
Seu campo de energia e magnetismo é diretamente proporcional à
vibração “da matéria”, portanto associado a esse astral masculino e a
vibração de prosperidade. A defumação com folhas de café é excelente para
casas comerciais. E em lugares onde não é possível defumar, podemos
espalhar as folhas pelo chão e deixá-las até o dia seguinte imantando o
ambiente.
Exerce limpeza astral leve e auxilia na firmeza de propósito, sendo
recomendado seu uso antes de estudos profundos e dedicados. Por exemplo,
antes de “virar” a noite estudando ou preparando um trabalho complexo que
exija atenção e dedicação, um bom banho com folhas de Café é bem vindo.
Indicada também para o “pontapé inicial” de alguma tarefa ou negócio, como
erva protetora e incentivadora desse começo.
37. Samambaias

Samambaia de Barranco – Dicranopteris pectinata (Willd.) Underw.


Samambaia do Brejo, de Caboclo – Blechnum brasiliense Desv.
Renda Portuguesa – Davallia fejeensis Hook.
Xaxim Samambaiaçu, feto – Dicksonia sellowiana Hook.
Paulistinha, rabo de gato – Nephrolepis pectinata (Willd.) Schott
Samambaia amarela, caboclo – Nephrolepis multiflora (Roxb.) F.M.
Samambaia americana – Nephrolepis exaltata (L.) Schott.
Metro – Nephrolepis cordifolia (L.) C. Presl
E mais dezenas de outras de outros tipos!
Estima-se que quando os dinossauros passearam por aqui, as Samambaias já
estavam no planeta há alguns séculos! É praticamente obrigatório citar as
samambaias quando falamos do uso ritualístico de ervas. Uma enorme
variedade de Samambaias é encontrada na flora brasileira e praticamente
todas tem uso garantido nos banhos e defumações.
Entre os mitos que encontramos, cito um que ouvi numa rádio famosa aqui de
São Paulo, a comunicadora pedia para o ouvinte tirar as Samambaias que
tinha em casa pois estavam levando a prosperidade dele embora... Ouvi isso
estupefato! Militei mais de vinte anos no mundo corporativo e se tem uma coisa
que aprendi é que o que leva a prosperidade embora é desorganização, é
gastar mais do que se ganha, é falta de controle financeiro... Isso sim leva à
perda de dinheiro, e não a presença da "pobre" Samambaia que naquele
momento era a culpada pelo desequilíbrio de um humano.
Contrapondo a lenda, são poderosas ervas de expansão, crescimento e
atratoras de sorte! Independente do tipo, essa poderosa erva também
energizadora, pode ser encontrada espontânea ou cultivada em vasos e
xaxins, esse último também de origem em um desses exemplares.
Gradativamente os xaxins originais, feitos de Samambaiaçu, foram sendo
substituídos pela fibra de coco e outros elementos, pois se encontra perto da
extinção.
Erva MORNA ou EQUILIBRADORA, segundo o sistema de classificação do
Erveiro, é usadas nos clássicos banhos e amacis e ainda enfeitam os terreiros
e os iniciados em dias de coroação, iniciação e os demais ritos de passagem.
Para os sacerdotes, uma função poderosa dessa erva nos terreiros é, por meio
do uso dos seus ramos e folhas, energizar os altares, imagens e elementos
de assentamentos. Separa-se as folhas de Samambaia em um cesto ou
bacia, associa-se pétalas de Rosas brancas e consagra-se esse preparo ao Pai
Criador, Mãe Natureza, Poderes Divinos e Forças Naturais, aos Sagrados Pais
e Mães Orixás, ao Sagrado Mistério Vegetal, e deixa iluminado por sete velas
verdes até queimarem pela metade. Acrescenta-se pó de pemba e espalha-se
essas folhas em todo o congá (altar), deixando-as por pelo menos um dia
inteiro. É comum os guias espirituais fazem esse procedimento durante uma
gira de Umbanda, dispensando o tempo das velas queimando, e
acrescentando outros elementos do seu trabalho e do seu “axé” às folhas.
É importante para o sacerdote que conheça o procedimento, e mais importante
ainda é que ouça seus guias espirituais para que possa usar a criatividade de
oferecer os elementos necessários para que eles, através da mediunidade,
possam realizar no terreiro o que é preciso, seja para descarga, para proteção,
energização, força, etc. As Samambaias, especialmente a Samambaia-de-
Caboclo, respeitando as condição regionais, são associadas ao Mistério
Caboclo na Umbanda.
Além de tudo que dissemos, forrar o chão ou uma esteira com folhas de
Samambaia, tanto para a preparação de médiuns como para rituais de cura
espiritual, é pratica de muito benefício energético.
Podemos usar a samambaia para todas as vibrações de Orixá, mas é
predominante a força viva de Pais Oxóssi e Ogum e Mamãe Iansã.
Força, dedicação, atenção, foco, fé! Juntos e organizados somos mais fortes!
38. Cravo

39. Canela
40. Sabugueiro - Sambucus australis Cham. e Schltdl.

Não podia deixar de falar dessa poderosa árvore de pequeno ou médio porte que é
encontrada em todas as regiões e usada na arborização urbana também. O nosso
querido Sabugueiro, ou Sabugueirinho, não tem outros nomes populares
conhecidos, mas está envolvida em diversas e improváveis lendas na "boca do
povo". Por exemplo, que foi a madeira da crucificação; ou que cortá-la traz má
sorte porque ao espremer seus pequenos frutinhos escorre um caldo que lembra o
sangue. Enfim, assim como tantas outras plantas envolvidas nessas histórias que
são boas para ilustrar, mas que não devem ser levadas como regra na hora de
utilizar em rituais.
Para nós, as folhas e flores dessa maravilhosa curadora podem ser usadas em
banhos para cura física, regeneração e reforço da imunidade, recuperação da
energia perdida em processos de doenças. Suas flores branco-amareladas e de
cheiro inconfundível, depois de secas, podem ser usadas em defumações pré-
trabalhos de cura.
MORNA OU EQUILIBRADORA em nosso sistema de classificação, essa erva tem
uma aura de energia e magnetismo que pulsa num gradiente de cores que vai do
amarelo pálido até o violeta e a coloca indubitavelmente na vibração principal de
Pai Obaluaiyê, portanto uma excelente curadora em todos os sentidos.
Transformação é uma das suas palavras! Mudança de estado, saindo de doenças
e buscando saúde; saindo de situações de desequilíbrio e entrando em
harmonia.
Vale lembrar que aqui não damos receitas de chás ou tratamento fitoterápico, mas
é importante estar atento à toxidade e aos cuidados que devemos ter ao
administrar uma erva com informações encontradas na internet.
Este é o nosso Poderosíssimo Sabugueiro, do nosso Poderosíssimo Pai da Cura, da
Saúde, das Transformações, da Evolução contínua e da Sabedoria! Atotô meu Pai!

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