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0 – Adriano Camargo
Sumário
Classificação das ervas .........................................................................................................3
Preparos com SETE ERVAS .................................................................................................4
Práticas com ervas .................................................................................................................6
1. Arruda - Ruta graveolens L. ...........................................................................................10
2. Alecrim - Rosmarinus officinalis L. ................................................................................11
3. Guiné - Petiveria alliacea L. ...........................................................................................13
4. Pitangueira - Eugenia uniflora L. ...................................................................................14
5. Anis Estrelado - Illicium verum Hook. Fil. .....................................................................16
6. Alho e Cebola ...................................................................................................................18
7. Rosa Branca - Rosa centifolia L. ...................................................................................20
8. Espadas de São Jorge e de Santa Bárbara - Sansevieria trifasciata var. laurentii
(De Wild.) N.E.Br .....................................................................................................................22
9. Boldo comum: Plectranthus barbatus Andrews...........................................................24
10. Pinhão Roxo - Jatropha gossypiifolia L. ...................................................................26
11. Cipó Caboclo - Davila rugosa Poir. ...........................................................................28
12. Para-raio – Melia azedarach L...................................................................................30
13. Louro - Laurus nobilis ..................................................................................................32
14. Capim Rosário .............................................................................................................34
15. Peregun Roxo - Dracena Roxa - Peregun - Dracena Roxa – Cordyline terminalis
(L.) Kunth. .................................................................................................................................35
16. Saião ou Folha da Costa – Kalanchoe .....................................................................37
17. Mamona – Ricinus communis L. ...............................................................................38
18. Comigo Ninguém Pode – Dieffenbachia amoena Bull. ..........................................40
19. Alfazema - Lavandula dentata L. ...............................................................................42
20. Fumo Tabaco – Nicotiana tabacum L. ......................................................................44
21. Capim Cidreira - Cymbopogon citratus (DC) Stapf. ................................................46
22. Dandá da Costa – Tiririca – Cyperus rotundus L. ...................................................48
23. Erva de Santa Maria - Mentruz - Chenopodium ambrosioides L. .........................50
24. Abre caminho ...............................................................................................................52
25. Quebra Demanda ........................................................................................................53
26. Losna - Artemisia absinthium L. .................................................................................54
27. Macela – Achyrocline satureioides (Lam.) DC.........................................................56
28. Eucalipto Comum - Eucalyptus globulus ..................................................................58
29. Calêndula - Calendula officinalis L. ...........................................................................60
30. Angico - Anadenanthera peregrina (L.) Speg ..........................................................62
31. Erva de Bicho – Polygonum persicaria L. ...................................................................63
32. Manjericão ou Alfavaca comum - Ocimum basilicum L. .........................................65
33. Mentas - Hortelãs e outras .........................................................................................67
34. Aroeira comum– Schinus terebinthifolia Raddi Aroeirinha - Schinus molle L. ......69
35. Assa-Peixe - Vernonia polyanthes Less. [sin. atual Venonanthura phosphorica
(Vell.)H.Rob.] .............................................................................................................................71
36. Café - Cafeeiro Cafeeiro - Coffea sp. .........................................................................73
37. Samambaias ..................................................................................................................75
38. Cravo .............................................................................................................................77
39. Canela ...........................................................................................................................77
40. Sabugueiro - Sambucus australis Cham. e Schltdl. ..................................................78
Classificação das ervas
Penso que conhecer cada erva seja de suma importância. Entender seu
funcionamento em banhos, defumações e benzimentos é vital para que suas
potências sejam aproveitadas em integridade. Então, que tal falarmos um
pouquinho sobre nosso sistema de classificação e como colocar em prática nos
nossos preparos? Vamos lá, começando com um pouquinho de história!
Este trabalho com ervas nasceu dentro do universo religioso, no chão de terreiro,
na prática. Orientado pelos mestres espirituais, fui buscando e acrescentando ao
meu conjunto de conhecimentos e habilidades todo um manancial de saberes
que convergiram com suas inspirações e afunilaram nesse imenso campo de
possibilidades em magia natural, aplicada não só no campo religioso, mas no dia
a dia. Gosto de dizer que se o uso das ervas fosse exclusividade do religioso
cresceria só no quintal do pai de santo. E não é verdade, cresce nos quintais de
todos nós, assim como o conhecimento está ao alcance de todos que pretendam
alcançá-lo, todos que queiram e se disponham a olhar e se comportar com
liberdade, respeito e responsabilidade nesse meio ritualístico.
Nosso sistema de classificação das ervas é simples, original e de fácil
entendimento. Nossa tarefa é levar conhecimento simples e objetivo, cuidando
para que os dogmas e preceitos tenham explicações lógicas e se tiverem que
ser seguidos, que nos dêem bons motivos para isso.
Uma definição resumida bem simples de erva QUENTE OU AGRESSIVA é:
aquelas que têm capacidade, energia e magnetismo para encontrar e anular
definitivamente larvas, miasmas, acúmulos energéticos, magnéticos,
vibratórios, espirituais, conscientes ou não, assim como seres vivos espirituais,
inteligências, elementos condensadores, e toda e qualquer forma negativa ou
negativada que por ventura esteja atuando, natural ou impositivamente, na
vida de uma pessoa, sua casa, família, trabalho ou local sagrado.
Resumindo a função de uma ERVA QUENTE, para seu melhor entendimento: é
como um ácido do astral, capaz de dissolver qualquer substância acumulada
que seja prejudicial à saúde espiritual.
Já as ervas MORNAS OU EQUILIBRADORAS são aquelas que carregam a
capacidade de regenerar, reconstruir, verdadeiramente equilibrar um campo
energético, trazendo-o à naturalidade. Sua estrutura vibracional contém
energias vivas que atuam no sentido de corrigir as perdas energéticas
causadas pelo uso das ervas quentes ou agressivas, harmonizar seus chacras
(centros de força), equilibrar as energias vitais importantíssimas para o bom
funcionamento do organismo espiritual humano e consequentemente do físico.
São poderosíssimos energéticos, levantadores de astral e direcionadores.
Ervas que podemos usar no dia a dia, sem restrição alguma.
Já as ervas FRIAS OU ESPECÍFICAS são idênticas às ervas mornas, no
entanto têm campos de ação muito bem definidos, ou seja, tem
especialização em algum sentido. Por exemplo, ervas para tranquilidade,
masculinas, femininas, de atração pessoal, prosperidade entre outras tantas.
Uma erva FRIA pode aparecer classificada como MORNA, mas dentro do seu
campo de ação específico participar de um preparo especializado.
Exemplo de ervas QUENTES OU AGRESSIVAS: Arruda, Guiné, Alho, Cebola,
Eucalipto, Pinhão Roxo, Espadas, etc.
Exemplo de ervas MORNAS OU EQUILIBRADORAS: Alecrim, Boldo, Alfazema,
Manjericão, Anis Estrelado, etc.
Exemplo de ervas FRIAS OU ESPECÍFICAS: Rosa-branca, Capim-limão,
Melissa, Cipó-Prata, etc
É muito comum nós acharmos que precisamos de uma energia específica, por
exemplo de prosperidade, e na ansiedade de resolver logo o problema (a suposta
falta da energia), usamos rituais, rezas, banhos, defumações, simpatias, enfim uma
gama de opções para, assim, atingirmos nossa expectativa e resolvê-lo. No entanto,
é comum, após tudo isso, o resultado ser bastante aquém do esperado. E por que
isso acontece?
Primeiro, vamos pensar no merecimento. Nem tudo o que fazemos com intenção
direta é prontamente atendido por questões que nem sempre temos consciência ou
condição de definir. O merecimento está ligado às nossas opções pessoais, espirituais
mesmo, aquelas que escolhemos antes de encarnarmos, e também dos recursos que
a Lei Divina nos faculta para cumprirmos nossa tarefa no meio humano material. É
difícil de entender, não é? Mas se a Lei Divina, a Lei de Causa e Efeito, entender que
naquele momento a tão desejada prosperidade não trará a experiência necessária à
nossa evolução, esqueça. As coisas não são exatamente como nós queremos, na hora
e forma como queremos. Isso não quer dizer que temos que nos conformar e dizer
“é assim mesmo”. Podemos sim mudar nosso destino, ou o chamado carma,
mudando nosso comportamento diante da vida.
Lembremos a máxima: “Se você quer um resultado que nunca teve, terá que fazer
coisas que nunca fez.” Isso inclui transformar comportamentos viciados.
A segunda opção é que normalmente estamos impermeáveis à energia específica.
Muitas vezes nosso campo astral está tão apinhado de formações astrais, acúmulos
energéticos que se criam à nossa volta, que uma verdadeira casca densa torna
nosso espírito impermeável, isolado e impossibilitado de receber qualquer tipo
de energia específica, como a que citamos, de prosperidade. Aí precisaremos de um
tratamento de choque, algo que vai diluir esse cascão e permitir que a energia
específica possa ser aplicada. Esse é o processo de limpeza, onde usamos as ervas
QUENTES ou AGRESSIVAS.
É necessário também um processo de regeneração, que entendemos como o
equilíbrio necessário para receber a vibração específica. É, na prática, fortalecer o
espírito para que ele possa aproveitar com plenitude a energia que lhe será
proporcionada. Então usamos as MORNAS ou EQUILIBRADORAS. Até aqui temos
o processo natural de limpeza e equilíbrio. Poderíamos parra por aqui, mas se tiver
disponibilidade e quiser continuar...
Podemos então administrar o específico, nos servindo das ervas FRIAS ou
ESPECÍFICAS, que assim, nossos espíritos estarão aptos para recebê-lo e aproveitar
seus benefícios.
Vamos aos exemplos práticos, cada um em um dia (que podem ser alternados), no
horário que ficar mais adequado para você e lembre-se: liberdade com
responsabilidade.
Ritual de limpeza e energização com ervas
Usamos as ervas sempre em número ímpar, por entender que são desagregadoras.
Três, cinco, sete, nove, etc. Não precisamos exagerar. Normalmente três ervas são
suficientes para uma boa limpeza. Sete são usadas para limpeza bastante complexas,
de preferência sob orientação espiritual. Use o bom senso e dentro dos exemplos
que darei a seguir, escolha o número de ervas necessário para a limpeza profunda:
Defumamos nossa casa, as pessoas que moram nela, preparamos os banhos e além
de tomá-los, também banhamos nossa casa. Passamos no chão, nos batentes de
portas e janelas com um pano limpo. Os resíduos devem ser jogados fora de casa.
Devolvidos a terra, ou a um rio. Lembre-se das rezas de ativação para esse processo.
Podemos começar esse primeiro dia de limpeza profunda em qualquer dia da
semana. Às vezes, ficamos presos aos rituais de dias da semana, fases da lua e outros
dogmas e esquecemos que não há dia para pegarmos uma gripe, por exemplo.
Todos os dias são consagrados a Deus, nosso amado Pai Criador e não há momento
específico para amá-Lo. Da mesma forma que não há porque esperar mais um dia
para fazer um banho ou defumação de limpeza, por não estar no dia certo. Faça e
acredite! Se você acredita ser a segunda-feira um bom dia, faça. Se acredita ser a
terça-feira, a quarta-feira, enfim qualquer que seja o dia da semana, pode ter certeza
que as ervas responderão.
Podemos aqui citar Manjericão, Boldo, Alecrim, Alfazema, Hortelã, Calêndula, Abre
caminho, Samambaias e todas as flores de pétalas claras.
Uma característica interessante dessas ervas é que elas são em banhos, verdadeiros
repositórios energéticos em caso de uso exagerado das ervas quentes ou
agressivas. A simples presença de uma dessas ervas num preparo com as agressivas
faz com que seu campo astral se estabilize.
A Sálvia (aguarde texto completo sobre ela), por exemplo, pode ser usada para
defumação sozinha. Coloque-a num recipiente refratário e coloque fogo diretamente
na erva seca. Assopre ou abane e veja como rapidamente você terá uma defumação
com apenas uma erva, e não menos eficiente por isso.
Não esqueça das rezas apropriadas para o preparo e as determinações que
direcionarão a ação da erva.
3o dia – Específico
Agora sim você estará preparado para o ritual especifico. Limpo e equilibrado, seu
campo astral estará preparado para receber a energia específica, para aquilo que
inicialmente você acreditava que era o seu único objetivo. É claro que até aqui, com
certeza se sentirá bem melhor. Levando em consideração que muitos problemas que
enfrentamos são causados por vibrações negativas que desconhecemos e que nos
atrapalham sem percebermos. Somente a limpeza já trará um alívio bastante
importante, pois o espírito liberto pode pensar e agir melhor, assim tomando as
melhores decisões.
Algumas ervas usadas especificamente:
Nesse resumo citamos algumas ervas dentro das três categorias. Sirva-se dos
elementos descritos nos textos sobre cada erva e permita-se à criatividade com
responsabilidade e coerência. Cabe a você, estudar, pesquisar e escolher dentro das
regras do amor e bom senso, quais são essas ervas.
Temos nesse exemplos um universo de possibilidades. Garanto que com esse
pequeno número de ervas aqui citadas, teremos trabalho por um longo tempo.
Esta cheirosa erva de cor verde azulada nos encanta desde sempre. Desde a
Europa e a África, na antiguidade, é tida como uma planta mágica, sempre
cercada de mistérios e segredos guardados pelos rezadores. E até hoje faz
parte do rol das plantas de benzimento contra mau-olhado, mas também
para defesa espiritual e para atrair bons sonhos.
Planta de limpeza astral, purificadora por excelência, proporciona descarga
de acúmulos energéticos negativos e cura de espíritos sofredores, além de
anular processos negativos.
Leal e dedicada à família e à casa onde está plantada, a Arruda com sua aura
ígnea, vermelha como a energia do fogo que carrega em sua vibração, cria
campos protetores para a casa e para seus moradores. Ao longo tempo, a
característica ígnea fez com essa erva tenha sido associada à várias
divindades mitológicas também ligadas ao fogo e ao calor: Xangô, Egunitá
(Oroiná), Ogum, Exu, entre outras.
Dentro do sistema de classificação do Erveiro, a Arruda é considerada erva
"quente". Seja em banhos, defumações, benzimentos ou galhinhos atrás da
orelha, proporciona bem estar, cura e purificação únicos.
Da horta ou do jardim para o uso, essa planta é uma das mais versáteis e úteis,
seja na cozinha, nos rituais ou na medicina popular. Seus saberes ultrapassam
as eras e percorrem todas as culturas, sociedades e religiões.
Independente das pequenas variações no formato, folha estreita e larga, ereto
ou rasteiro, ele não perde sua característica marcante - o aroma!
De cheiro bem característico e original, famoso por perfumar as cozinhas ou
local onde é preparada sua infusão, esse pequeno arbusto de origem
mediterrânea, com folhas verde-prateadas, duras e espetadas é
verdadeiramente a erva da alegria e paz de espírito.
A partir das histórias míticas, ao Alecrim é atribuído um caminho fantástico até
sua chegada ao uso ritual brasileiro: incensou e embalsamou os reis egípcios,
escondeu e protegeu Nossa Senhora e o Menino Jesus na fuga para o Egito;
foi queimado na Idade Média como profilático para que a peste não se
alastrasse, ativou a memória dos gregos e simbolizou sua juventude; foi
dissecado, estudado e pesquisado por médicos da antiguidade e da
modernidade, entre dezenas de outros feitos do rosmarinus e que lhe
consagram como uma das mais famosas ervas aromáticas.
Em nossa forma original, simples e objetiva de classificar as ervas, o Alecrim
se encaixa como uma EQUILIBRADORA ou ERVA MORNA.
Em banhos e defumações, além desse equilíbrio característico, proporciona
paz de espírito, que naturalmente remete à alegria e tranquilidade.
Sua aura, que vai do verde-cristalino ao verde-azulado, transmite ao
organismo espiritual humano uma energia rejuvenescedora, clareadora da
memória e das ideias e iluminadora da visão e da percepção, favorecendo
um melhor olhar sobre as situações. Portanto, seu uso em banhos ritualísticos
pode ser recomendado a todas as pessoas, independente de precisarem
dessas energias específicas. A respiração dos seus ramos é bastante benéfica
também, sendo curadora e animadora.
Religiosamente, o Alecrim é associado aos Orixás Oxalá, Oxum, Iemanjá,
Oxóssi e Ogum, e, portanto, a partir dessas definições também encontramos as
características harmonizadoras das relações e organizadora das idéias.
Composta com outras ervas, proporciona consistência e estabilidade ao
preparo.
Abuse das suas folhas e galhos secos queimados em defumações, convidando
os Seres da Natureza Vegetal para que condensem no ambiente as melhores
energias profiláticas e vitalizadoras da nossa saúde.
3. Guiné - Petiveria alliacea L.
Aqui não fazemos um tratado botânico, então eu posso, de uma forma livre,
chamar frutos, flores, folhas, caules e raízes simplesmente de "erva".
E essa erva-fruto, de cor marrom castanho, em formato de estrela de cinco a
oito pontas, sementes redondas ovaladas, alojadas num pequeno recipiente
em forma de barco em cada uma dessas pontinhas, nos convida a um olhar
mais atento que pode provocar ensações únicas.
Feche os olhos e apanhe em cada uma das mãos um tanto de Anis-estrelado.
Feche as mãos e perceba... simplesmente sinta. São duras, firmes, de certa
forma até grosseiras. Não precisa fazer isso, mas se apertar as mãos, chega a
machucar os dedos. Agora, com tranquilidade, leve as mãos à altura do rosto e
sinta o perfume. Sinta seu aroma forte, adocicado e picante ao mesmo tempo,
incompatíveis com sua robustez tateável. Esse sugestivo paradoxo é uma
brincadeira de percepção com essa famosa chinezinha que tem lugar garantido
entre as especiarias mais usadas no mundo.
Desde aromatizar bebidas até a compor pratos exóticos na Ásia, o Anis-
estrelado ou Anis-da-china como também é chamado, substitui a Erva-doce
por ter sabor bem semelhante. Aliás, a Erva-doce também pode ser chamada
de Anis, e há um tipo de Manjericão (Alfavaca) que chamamos de Aniseto, mas
isso é assunto para outro capítulo...
Outro nome atribuído pelos franceses a esse pequeno fruto é "Badiana", e
carregá-lo consigo como amuleto pode trazer sorte ao seu portador.
Cogita-se que seu nome em latim, Illicium, deriva de allure, allurement -
encantamento, fascinação, e até tentação.
Para nós, no uso magístico e religioso, essa poderosa erva classificada no
nosso sistema como MORNA ou EQUILIBRADORA, trata do chacra coronal
ou coroa e das conexões com o lado imaterial da vida, sendo interessantíssimo
para os cuidados da mediunidade. Fortalecedora das conexões espirituais,
clareia nossa ligação com os bons espíritos afrouxando nosso envolvimento
com o lado racional e facilitando a compreensão dos sentidos intangíveis da
vida, percepção, intuição, inspiração.
Importante lembrar que, assim como todas as ervas que atribuímos funções
para mediunidade, nenhuma lhe dará capacidade extra sensorial além das
conquistadas pelo seu próprio espírito. Portanto, nada de achar que tal erva
abre a vidência ou torna alguém médium. Elas simplesmente ajudam a
compreensão do dom que o Criador lhe permitiu nessa experiência humana
na matéria.
Seu magnetismo de tranquilidade proporciona bem estar, paz e calma, tão
necessários para as tarefas entre o lado atômico e o etérico.
Seu gradiente de cores energéticas vai do branco cristalino até o azulado,
contrapondo com sua cor física, por isso associado aos Orixás Oxalá e
Iemanjá, entre outros com menor intensidade. Seu uso nos banhos transfere
essas cores incríveis desde o alto da cabeça até os corpos espirituais,
conferindo capacidade de equilíbrio, consciência e luz para as intuições.
Triturado e queimado em carvão em brasa nas defumações é excelente para
as meditações e ampliar a percepção. Nos fumos sagrados... bom, essas
mesmas funções, mas vamos falar disso mais para frente num texto sobre os
preparos!
6. Alho e Cebola
Casca de Alho - Allium sativum L.
Casca de Cebola - Allium cepa L
Hoje temos um bônus e vamos falar dessas duas "ervas" juntinhas. Coloquei
ervas entre aspas para frisar que assim chamamos fruto, flor, folha, raiz ou
casca, de forma livre para nosso uso ritualístico e magístico. E, apesar dessa
minha forma livre, isso não significa que este conhecimento é baseado em
achismos populares ou receitas milagrosas captadas sem critério na internet.
Essas duas irmãzinhas de origem oriental, Alho e Cebola são da mesma
família botânica e estão presentes (especialmente o Alho) no nosso mundo
místico desde sempre, desde que o mundo era pequenininho. Arma poderosa
contra os mitológicos vampiros, ficou conhecido pelo trabalho de Bram Stoker,
no romance mundialmente conhecido como Drácula e suas dezenas de
versões e inspirações para o cinema.
Mas de onde vem esse mito de que o Alho espanta o mal?
Não há registro assertivo desse tempo, mas é sabido que entre os egípcios,
"cheirar" a alho e à cebola era característica dos pobres, pois estes comiam e
carregavam consigo para se prevenir de doenças. Assim como os navegadores
e a população portuária do Oriente; na Índia, era rejeitado pelos brâmanes pois
inflamava as paixões.
Aroma irritante do Alho e lacrimejante da Cebola, pouco agradáveis e nada
românticos, seus perfumes únicos e sua presença afastam os maus-olhados,
inveja e perseguições por maus espíritos sugadores de energias
(vampiros energéticos em geral).
Com algumas poucas exceções, usamos apenas as Cascas do Alho e da
Cebola, que são mais do que suficientes para o que precisamos e excelentes
para o que se propõe: anular ligações negativas.
Em banhos e defumações usamos apenas as cascas, pela facilidade e
disponibilidade. Já os frutos, inviáveis pelo aroma muito forte, reservamos ao
uso culinário.
Quando eu era criança, tinha saúde frágil e sempre carente de cuidados mais
próximos. Eu me lembro que minha mãe às vezes fazia "colar de Alho" para
mim. Isso mesmo, linha ou barbante vermelho com dentes de alho amarrados,
fazendo um colar, que não podia ser tirado de jeito nenhum. Eu não me lembro
por quanto tempo tinha que ficar, se era até quebrar sozinho ou por sete ou 21
dias. Mas lembro do cheiro e que aquilo chamava a atenção, principalmente
quando as outras crianças perguntavam por que eu usava aquilo.
Outra situação comum naquela época: toda casa de benzedeira tinha uma
réstia de Alho pendurada na cozinha ou atrás da porta. Elemento simbólico e
poderoso de proteção contra ataques do baixo astral.
No nosso trabalho com as ervas, classificamos Alho e Cebola como QUENTES
ou AGRESSIVAS, capazes de anular e dissolver acúmulos negativos e
principalmente repelir investidas dos planos inferiores.
Um poderoso ácido do astral, capaz de corroer proteções, couraças e
outros elementos usados para esconder magias negativas, revelando-as e
consumindo-as. Também proporciona a libertação energética em casos de
vampirismo e obsessões intensas, magias densas com uso de elementos
animais. Verdadeiros desintoxicadores de espíritos que passaram por
situações enfermiças.
Com suas cores energéticas que vão do branco leitoso aos pulsos de
violeta, é um verdadeiro profilático para o espírito como curador de parasitas
astrais. Podemos associá-los entre outros, aos Orixás Oxalá, Logunan,
Obaluaiyê e Omulu. Entra também nas oferendas às linhas de Esquerda.
As duas ervas, Alho e Cebola e suas cascas têm vibração muito parecida, e
podem ser usadas juntas ou separadas. Podem ser brancas ou roxas, variando
de acordo com a região de origem, mas todos, todos mesmo, podem ser
usados com essas funções.
Vamos pensar também em reforço do sistema imunológico e proteção,
coisas que são muito bem vindas!
7. Rosa Branca - Rosa centifolia L.
Quem nunca ouviu “Na cabeça, só Rosa Branca!”, não sabe o que é um dos
aforismos mais comuns em todos os terreiros do mundo. Definitivamente, a
Rosa Branca é a mais usada nos banhos e defumações tanto na nossa
Umbanda, quanto em diversos outros meios místicos. Mas quero falar de todas
as Rosas!
Nome próprio, nome de planta, de sociedades secretas e discretas, bela e
cheirosa, de tantos poderes e significados simbólicos, desde o "silêncio" que a
recebeu como presente na lenda de Eros, passando por Afrodite, que as tinha
como preferidas – símbolo do amor, e ainda na culinária turca e libanesa. Na
Ásia e no Oriente, estudiosos da arqueologia encontraram exemplares fósseis
de Rosas com mais de 30 milhões de anos!
Surgida na Pérsia e disseminada pelo mundo todo, a Rosa tem participado de
rituais mágicos e terapêuticos ao longo da história, nominando de si até uma
parte da paleta de cores entre o magenta e o vermelho. Mas são mais de uma
centena de espécies, contando com seus cruzamentos, e milhares de tons e
nuances. Então, é praticamente impossível definir um número exato de cores
disponíveis mundo afora.
Para nós, simplesmente Rosa! E se, de acordo com o poeta, “As Rosas não
Falam”, para nós, elas dizem muito. Ou "Pra não dizer que não falei das flores",
fazendo jus à sua importância para o nosso universo simples e objetivo de
magia natural. Afinal, somos pétalas da grande flor da criação!
As flores são a parte conceptiva da planta, portanto, podemos afirmar que
todas as rosas são de Oxum! Suas variadas cores as qualificam, como um
presente da natureza aos outros Orixás.
Desprovidas de caule e espinhos, as pétalas de Rosa Branca são oferendas
perfeitas à beira-mar, para nossa amada Mãe Iemanjá, se oferecidas à uma
onda que venha carinhosamente colhê-las das nossas mãos em concha e levá-
las às mãos da Rainha da Coroa Estrelada, Mãe da Vida.
Já as pétalas cor-de-rosa e amarelas podem ser oferecidas às águas da
cachoeira ou na beira de um rio, em honra à nossa Sagrada Mãe do Amor, a
bela Orixá Oxum.
As poderosas Rosas Vermelhas também são de Mãe Oxum, mas em seu
aspecto magneticamente negativo, são manipuladas com excelência
energética vibratória pelas incríveis Senhoras Pombagiras.
Energeticamente, as Rosas Brancas têm uma função única: ajudam a mente
e o coração a conversarem e se entenderem, encontrando um caminho bom
para o racional e o emocional. Por isso, é tão importante para os médiuns
em desenvolvimento e, também por esse motivo, entra nos amacis e
preparos na vibração de Pai Oxalá, que tem nessa energia de amor, solo fértil
para germinar a fé.
Conhecida também por sua capacidade acalmadora do espírito, é associada
ao desenvolvimento das faculdades psíquicas, purificando com leveza os
chacras, principalmente coronal, frontal e cardíaco, iluminando-os e
carregando-os com energias salutares, propiciando assim uma excelente
conexão com o plano espiritual.
Um Orixá se serve do mistério de outro para se realizar. Mistérios da criação,
unigênitos em si, mas nunca dissociados ou isolados uns dos outros. Então,
Rosas Brancas para Iemanjá e Oxalá, mas também para todos os Orixás.
Rosas Amarelas para Oxum, Iansã e para quem mais você quiser oferecer de
coração. Rosas Vermelhas para as Senhoras Pombagiras, mas se oferecidas
na praia em pedidos para que Mãe Iemanjá "estimule" a vida, são fascinantes.
Basta pensar com liberdade e bom senso, com criatividade e responsabilidade
e encontraremos facilmente os Mistérios de Deus em cada detalhe da Criação.
As Rosas são presença obrigatória nos nossos altares, mas também são muito
bem-vindas em nossas casas como verdadeiros filtros energéticos, e
irradiadores de paz e harmonia. Que usemos as Rosas, todas as Rosas,
inclusive as cor de rosas!
8. Espadas de São Jorge e de Santa Bárbara - Sansevieria trifasciata var.
laurentii (De Wild.) N.E.Br
O formato espadado das folhas dessas plantas confere a elas sua fama: corta
todos os males em nossa vida, nos protege e guarda do que não nos
serve para a evolução.
No nosso critério de trabalho, classificamos as espadas, tanto de São Jorge
quanto de Santa Bárbara, assim como as Lanças, como ervas QUENTES OU
AGRESSIVAS. Que podem ser usadas em banhos e defumações (frescas
ou secas), em poderosos vasos de proteção, ou em magias bem
específicas.
Atribuímos todas as sansevierias, espadas longas, anãs ou lanças, à vibração
de Pai Oxóssi, perfurante como sua flecha, e qualificadas nas forças cortantes
de Pai Ogum e Mãe Iansã, assim como outras divindades aplicadoras da Lei
Divina.
Ferramenta de trabalho constante para nossos amados Caboclos e outras
entidades da Umbanda, que empunhando-as, cortam magias negativas e
suas conexões com o baixo astral. Também constantemente recomendada
para ser colocada embaixo da cama, cruzadas ou não, ou atrás das portas de
entrada para proteção da casa.
Para o uso em banhos, devemos cortar um pedacinho bem pequeno e ferver,
pois podem causar algum tipo de reação alérgica. E para defumações, devem
ser cortadas no comprimento e bem secas de forma que percam quase toda a
água que concentram em si, para então serem queimadas em carvão em
brasa.
As Lanças, por sua vez, que são folhas cônicas que crescem muito lentamente,
demoram um tanto para secar e tendem a apodrecer, então as reservamos aos
vasos de proteção. Facilmente cultivadas num vaso com água, para quem não
tem espaço, ou na terra onde formam canteiros compactos e firmes com
crescimento garantido.
As folhas totalmente verdes, claras ou escuras e rajadas de branco-
acinzentado, chamamos de Espada de São Jorge ou de Ogum, assim como
as Lanças cônicas. Se tiver as bordas amarelas, chamamos de Espada de
Santa Bárbara ou de Iansã. Há também a espécie anã, que não cresce muito
e dificilmente floresce, mas segue as mesmas atribuições energéticas.
Lembro bem que além dessas formas de uso, minha mãe tinha nas Espadas
uma poderosa aliada na "aplicação da lei" em crianças rebeldes, no caso eu...
bagunceiro que só. Sempre tinha uma Espada me colocando na linha (risos)!
Boas lembranças do coração de menino!
Falando em coração, e fechando o assunto Espadas, vale lembrar que: "Se eu
não tiver um coração, nem todas as espadas da história poderão me defender
das minhas escolhas e suas consequências!"
9. Boldo comum: Plectranthus barbatus Andrews
Nem toda planta de folhas ou flores roxas são de Omulu. Nem todas as folhas
em formato de espada ou lança são de Ogum, assim como é primário afirmar
que todo vegetal que tem forma parecida com coração é de Oxum. Mas há
uma probabilidade dessas características definirem pelo menos uma das
vibrações que colocam a erva em questão na faixa frequencial do Orixá.
Já dissemos aqui que podemos usar cascas, raízes, folhas, enfim, todas as
partes das plantas e denominá-las "ervas", pois afinal não fazemos um tratado
botânico, então para nós, cipó é planta, cipó é erva!
Tanto para ervas frescas, encontradas nos jardins e hortas, e principalmente
secas, compradas no comércio de especiarias desidratadas, é necessário ter
bastante cuidado com a procedência e com os achismos. Quando não
conhecemos uma planta, especialmente as secas, é importante que tenham
uma identificação do nome científico, esse em latim que colocamos no topo de
todas as matérias. Melhor conferir e se certificar que está comprando a erva
correta do que confiar no conhecimento de alguns "vendedores" que temos por
aí. Cuidado nunca é demais.
E nosso querido Cipó-Caboclo é uma dessas incríveis ervas que é muito mais
fácil ser achada nas lojas especializadas, do que nos quintais do Brasil. A
nossa querida - Davila rugosa Poir. Chamada também de Cipó de Caboclo,
Folha de Lixa ou Sambaíba.
Erva cuja denominação já remete ao uso ritualístico. Os Caboclos estão
presentes nas várias manifestações culturais religiosas brasileiras e são a base
da Umbanda, basta lembrarmos a manifestação do Sr. Caboclo das 7
Encruzilhadas no seu médium Zélio de Moraes, na fundação ou anúncio dessa
religião.
Falando desse termo etimológico, "Caboclo", que pode ser pejorativo por
remeter a uma casta inferior ao branco. Assim como a união de índio e branco.
Em tupi existem duas traduções especulativas: caa-boc = aquele que vem da
mata; e kari’boka, que significa “filho do homem branco”. Eu gosto mais da
primeira: Caboclo é quem vem da mata! Caboclo é o homem (ser humano) da
terra! O Índio, o mestiço, o simples... adoro a forma com que "Tião Carreiro" e
todos os seus parceiros de viola caipira falaram de caboclo, assim como o
brasileiríssimo Rolando Boldrin ilustra em poesia esse universo caipira... Não
importa, sou fã de Caboclo e ponto final!
Voltando às ervas... Essa incrível trepadeira nativa, encontrada nas matas e
cerrados, é bastante utilizada nas preparações e iniciações ao Sagrado Orixá
Oxóssi, por sua característica expansora e sua forma de crescimento rápido
e seguro, agarrado às árvores mesmo. Sua aparência forte, de encorpado
marrom escuro e áspero ao toque, dão-lhe a visão de força e certeza.
É uma potente ERVA MORNA ou EQUILIBRADORA que proporciona pé no
chão, firmeza de propósito, concentração e foco, quando utilizada em
banhos e defumações. Pode ser usado um pedacinho de Cipó Caboclo junto
ao corpo, num colar ou guia, para que crie um campo vibratório que
proporcione direção e raciocínio, além de segurança e proteção.
É praticamente impossível para quem os tem no seu panteão de Divindades,
dissociá-lo de Pai Oxóssi e Mãe Obá, principalmente se levarmos em conta sua
cor energética que vai do verde-escuro ao marrom-avermelhado. Ainda
encontramos num grau frequencial mais discreto, as vibrações de Mãe Iansã.
12. Para-raio – Melia azedarach L.
Nas andanças que a gente faz por aí descobre cada coisa... E aquela minha
máxima de que "não tem nada mais errado do que achar que o outro está
errado", se afirma em cada uma dessas oportunidades. Quantas vezes eu, em
aulas fora de São Paulo, em especial no Rio Grande do Sul, fui questionado
sobre alguma erva e seu nome regional, e disse afirmativamente que não
conhecia. Depois, olhando um pouco melhor, descobri que eram plantas
comuns para gente e que, chamadas dessa forma somente naquele local, se
escondiam de ser identificadas. Isso aconteceu com a trapoeraba, com o alumã
e, entre outras, também o cinamomo.
Nossa poderosíssima erva de hoje é o Para-raio. Se escreve para-raios, mas
aqui nos referimos a um nome popular, de forma coloquial, então que seja o
Para-raio! Como disse, em algumas regiões é o Cinamomo, Amargoseira,
Árvore de Santa Bárbara ou Erva de Santa Bárbara.
É muito parecida, por isso importante não confundir com o Neem (Nim), usado
como um defensivo natural para plantas, que também é chamado de
Amargoseira e até o nome científico é parecido: Neem = Azadirachta indica. No
entanto, essa irmãzinha botânica pode perfeitamente ser usada com as
mesmas funções energo-magnéticas da nossa espécie em questão, o Para-
raio.
Para nós, essa intrigante erva é usada para limpeza energética de modo geral
e para forrar o chão dos ambientes religiosos, em processos de limpeza,
preparação para assentamentos iniciais e para neutralizar o magnetismo de
um local.
No nosso critério de classificação, é uma erva QUENTE OU AGRESSIVA e é
usada também em bate-folhas de descarrego e limpeza de casas novas ou
recém alugadas, locais onde a energia ambiente percebe-se estagnada.
Essa erva proporciona ao ambiente um padrão energético bastante
motivador, principalmente para locais onde o ânimo e a boa vontade são
imprescindíveis.
De origem oriental, é uma árvore que pode chegar a vinte metros de altura,
mas facilmente encontrada por ser interessante para a arborização urbana.
Aqui em São Paulo, a encontramos na beirada de alguns rios arteriais na
cidade.
Um dos seus nomes populares revela sua conexão com nossa Sagrada Mãe
Iansã. Seu caráter desagregador de acúmulos e concentrações negativas a
coloca em sintonia fina com os mistérios da Lei Maior e Justiça Divinas, então a
associamos também a Ogum, Xangô e Egunitá. E sua intrigante potência de
neutralizar, ou trazer de volta ao magnetismo original, a coloca como uma força
cristalizadora de Mãe Oiá-Tempo (Logunan).
Observem como algumas ervas permitem essas múltiplas ligações com os
Sagrados Orixás e outras divindades mitológicas. Dificilmente encontraremos
uma planta exclusiva de uma vibração. É seu padrão energético que determina
isso. No mundo vegetal não há personalismo, tudo é de todos, e todos
participam de tudo!
Nossas afirmações são fruto de trabalho, trabalho e mais trabalho, nada
diferente disso! Use de forma simples, e verá como esse universo se colocará
a serviço do bem, para o nosso melhor aproveitamento e evolução.
13. Louro - Laurus nobilis
Ser aclamado, reconhecido por um feito que seja, chegar em primeiro lugar, se
sobressair em algo, ser o campeão, a campeã.. "And the Oscar goes to..." Uau,
que incrível não é? Poderíamos simbolizar esse momento usando expressões
como "os louros da glória", ou "foi laureado", que indica alguém homenageado
ou premiado. Ao vencedor, os louros. Essas expressões mostram a herança de
simbolismo que recebemos dos povos antigos, e a força que torna tão esta
planta “laureante”.
Vimos nas Olimpíadas de Atenas que os vencedores de cada prova recebiam
coroas de "Oliveira", símbolo da vitória, adaptadas no lugar do Louro por ser
essa erva um dos símbolos da cidade. Mas essa cultura simbólica vem de
muito longe, da própria mitologia grega que conta sobre a ninfa Daphne, que se
escondia na figura do loureiro para escapar de Apolo, e que este se serviu
dessa simbologia para lembrar a sua amada. Apolo, o Deus Grego da
Iluminação, da Cura, da Luz do Saber, protetor dos atletas e dos jovens
guerreiros, ou por adaptação, dos vencedores. Para eles, receber ramos de
Louro entrelaçados era o símbolo da glória suprema, o que hoje representam
as medalhas de bronze, prata e ouro.
Louro, o símbolo da vitória, glória e sucesso; Alecrim, símbolo da juventude...
símbolos e mais símbolos. Se uma árvore de Louro morresse, certeza de mau
agouro, tão dedicada a sua força e resistência.
Trocar ou presentear com folhas de Louro na virada do ano também é um tipo
de simbolismo. Carregar esse amuleto na carteira ou bolsa durante o ano todo
é a prova de que na virada você tinha um plano, uma meta ou simplesmente
um desejo. E essa é uma das poderosas funções do Louro, armazenar essas
informações e nos lembrar no decorrer do ano. Parece louco isso né, como
uma erva pode nos rememorar de algo de meses atrás? Será que uma planta
consegue fazer por mim o que eu deveria estar fazendo? Isso serve para todas
as ervas de uso ritualístico. Nunca farão por nós aquilo que nós mesmos não
faríamos. Prova disso, é que no meio do ano a gente nem "lembra" que está
carregando o louro, muito menos que planejou algo no réveillon.
Nesse caso, muitas vezes o Louro é associado a "não faltar dinheiro", mas
poderíamos lembrar que um bom planejamento de metas e objetivos e
disciplina para cumpri-los, leva a uma situação favorável no sentido
econômico. É o primeiro passo da vontade de cada um para que dê certo, e é
aí que o Louro entra. Essa energia viva, magnetizadora dos objetivos, que
clareia os caminhos em uma direção já definida; que ajuda cada um a
lembrar (desde que queira) das suas metas.
Nos nossos critérios de classificação, essa é uma erva FRIA OU ESPECÍFICA.
Erva masculina, não no sentido de gênero, mas de atuação, sendo considerada
realmente um imã de energia material, física, atômica mesmo, catalisando
assim o desejo de progresso e crescimento.
Nós a associamos à vibração construtora, magnetizadora e iluminadora de
Oxalá. Energia leve, mas forte e potente na ação, pode ser usada em todos os
preparos desse Pai Orixá, e nos preparos de todos os Orixás onde seja
necessária uma ação intensa, de magnetismo firme e contundente para o
propósito desejado. Encontramos ainda a certeza (assertividade) de Pai
Oxóssi, a abundância natural do que é correto nas nossas vidas. Traz firmeza
de propósito, racionalidade e percepção reta, indicada como banhos e
defumações para pessoas que viajam nas nuvens da imaginação e são pouco
realizadoras.
Ah, quase esqueci de falar, o Louro vem temperando nossos feijões e outros
pratos a séculos, e um ramo dele pendurado na cozinha garante harmonia,
prosperidade e panelas cheias o ano todo! Só não esqueçamos de fazer a
nossa parte, senão não há erva que possa nos ajudar!
14. Capim Rosário
Não, não e não tomamos banho com Comigo Ninguém Pode! Na dúvida,
mas espero de coração que não haja dúvida, repita o nome dela e acredite que
sim, ela faz jus à sua reputação.
Há vários tipos desta incrível e perigosa planta ornamental, caracterizada por
diversos padrões de desenho nas suas folhas. Seu alto nível de toxidade a
torna responsável por milhares (isso mesmo, milhares) de acidentes
domésticos todos os anos, com crianças e adultos, e também com animais de
estimação.
Contém nas folhas, caules e raízes um componente identificado como oxalato
de cálcio, na forma de micro cristais, chamados também de "ráfides", que são
minúsculas lâminas ou agulhas que são liberados no simples toque, e podem
penetrar na pele e mucosas lesionando-as e resultando em uma resposta
alérgica de inchaço e irritação profunda. O contato com os olhos pode
provocar danos irreversíveis ao conjunto ocular. E, em caso de ingestão, esse
inchaço na boca e garganta podem obstruir a respiração levando a óbito.
Mesmo assim é uma importante planta ornamental, bastante comercializada
pela sua facilidade de manutenção e resistência. Não exige muita luz natural e
vai bem em qualquer cantinho da casa ou do jardim.
Responsabilidade acima de tudo! É importantíssimo saber dessas
informações antes de simplesmente colocar essa planta em casa para
proteção. Mas vamos ao lado bom do Comigo-Ninguém-Pode:
Já falamos que não a usamos em banhos em hipótese nenhuma, certo? No
entanto, podemos guardar com cuidado suas folhas secas e usá-las em
defumações para limpeza profunda. Tendo todos esses cuidados, sua
presença garante um filtro incrível de energias densas e acúmulos
emocionais negativos no ambiente. Protetora por definição, quando ativada
e colocada na guarda de nossas casas e locais religiosos. Ah, e como
podemos fazer isso?
Com uma reza evocatória bem simples:
Amado Pai Criador, Sagrada Mãe Natureza, Sagrado Poder Vivo e Divino das
Ervas, Sagradas Forças Naturais, eu vos saúdo e peço respeitosamente que
abençoem essa planta, tornando-a viva e ativa, guardadora e protetora da
minha casa e da minha família, de todos os males da matéria e do espírito e de
investidas contrárias às virtudes. Peço que mantenha nesse ambiente as
vibrações benéficas de cura, caminhos abertos, saúde, segurança e proteção.
Amém, Assim Seja e Assim Será!
Dentro da sua convicção religiosa, acrescente evocações e pedidos pessoais
que não saiam deste caminho sugerido.
Associamos o Comigo-Ninguém-Pode às vibrações de Pai Oxóssi e Pai Oxalá
em especial, mas há outras nuances, como já descrito no texto da Mamona,
que devem ser levadas em consideração também. Com muito cuidado,
respeito, bom senso e amor, teremos nesta poderosa e tradicional erva
ritualística, uma aliada de peso significativo!
Se temos Comigo-Ninguém-Pode, temos guarda e proteção!
19. Alfazema - Lavandula dentata L.
Vamos começar falando de alguns dos seus nomes populares: Capim Santo,
Capim Limão, Capim Cidrão, Cidrilo, Chá da Estrada, Lemongrass, entre
tantos outros.
Importante não confundir com a Citronela (Cymbopogon winterianus Jowitt),
que mesmo aparentemente iguais, se diferem pelo cheiro: o próprio nome
Capim Limão determina seu aroma (e sabor) predominante; e a Citronela odor
forte e característico de repelente.
Sabemos que nome popular não tem dono e não se discute, então que cada
um encontre uma forma de tratar o Capim Cidreira, assim como eu escolhi, e
nesses casos em que as opiniões pessoais, guardado o bom senso, são
aceitáveis, achar que a escolha do outro está errada é um erro.
Lembro de uma ocasião em que fui dar aula de ervas no interior de SP, na
cidade de São Carlos, e alguém fez um panelão de chá de capim santo... E eu
sentia um cheiro forte de repelente no ar e não associei ao chá... rs... Só na
hora de beber que caiu a ficha: era citronela! Não fez mal pra ninguém e ainda
espantou os mosquitos!
Ah, vamos lembrar também que por "CIDREIRAS" são conhecidas outras ervas
de aroma cítrico: as Melissas (Melissa officinalis e Lippia alba), chamadas de
erva-cidreira, cidreira-de-folha, cidreira-de-árvore, etc.. Todas elas e inclusive o
capim cidreira são largamente utilizados na fitoterapia como calmantes
sistêmicos, e levam esse mesmo nome. Essas são assunto para outro texto.
Nativa do Sul da Índia é presença quase obrigatória nos quintais e hortas
domésticas do Brasil, suas folhas usadas em chás e sucos bem coados antes
do uso, ou seus caules tenros comestíveis, a colocam no rol das "PANC",
plantas alimentícias não convencionais, e no grupo das populares mais
conhecidas e usadas.
Nosso tratado aqui não é para chás e outros preparos comestíveis ou
terapêuticos. É sempre bom antes de beber ou comer alguma planta, procurar
fontes confiáveis de orientação.
Um cuidado sempre importante de lembrar é que as folhas do Capim Cidreira
cortam como laminas e requerem atenção de coagem antes do uso para evitar
acidentes.
Dentro dos nossos critérios de trabalho com as ervas para seu uso ritualístico,
magístico e religioso, o Capim Cidreira é uma FRIA-ESPECÍFICA, tem campo
de ação muito bem definido, mas no uso genérico é uma equilibradora
natural.
Seu uso nos rituais de banhos, defumações e benzimentos, acompanha sua
reputação popular: é acalmadora por excelência. E por conseqüência, essa
tranqüilidade proporcionada traz resultados incríveis no campo da
organização pessoal e do ambiente.
Isso mesmo, o Capim Cidreira é uma erva de organização, de ordem! Mas faz
isso nos colocando com os pés no chão e respirando em profundidade para
oxigenar o cérebro e melhorar a percepção do que é necessário. Pronto! É
isso que uma erva calmante do espírito deve fazer, ao contrário do que muita
gente pensa que calma é sinônimo de leseira ou indolência.
A defumação com capim cidreira proporciona ao ambiente tranquilidade e
percepção, que levam à racionalização e entendimento das melhores opções
para tomada de decisão, e também para a preparação de locais religiosos
antes de cerimônias. Banhos devem ser administrados para tranquilizar o
espírito; aceitação de situações irreversíveis e desenvolvimento mediúnico.
Nos quartos das crianças, para diminuir o medo e acalmar, pode ser usada em
bate-folhas ou debaixo dos colchões.
Sua energia certeira e organizadora a coloca nas vibrações de Pai Ogum e Pai
Oxóssi, por mais incrível que pareça! Sim Pai Ogum é ordem, e não apenas
guerra e batalhas... É com calma, organização e firmeza que se vence as
batalhas da vida! Sem "ordem" não há progresso!
22. Dandá da Costa – Tiririca – Cyperus rotundus L.
A maioria das pessoas que entra pela primeira vez no mercado público de
Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, fica, no mínimo, curiosa para saber o que
são aqueles maços de florzinhas amarelas cor de palha em quase todas as
bancas de hortifruti e nas casas de artigos religiosos. Da mesma forma que os
que, como eu, adoram viajar de carro, se encantam com essa plantinha que
acompanha por quilômetros as beiras de plantações nas estradas,
principalmente no Sul do país, de onde é um dos seus símbolos oficiais.
Macela, Macela-do-Campo, Marcela, Macelinha, Alecrim-de-Parede, Chá-de-
Lagoa, Carrapichinho-de-Agulha, Camomila-Nacional... Nossa, quantos nomes
populares! E tem um bem curioso expresso num dialeto alemão-riograndense:
Karfreitachstee, ou no padrão: Karfreitagstee, que numa tradução livre significa
"Chá da Sexta-feira Santa", o que justifica a tradição de colher as flores de
Macela nesse dia santo, antes do sol nascer, afirmando-se que seu poder
medicinal e energético está mais concentrado. Pelo menos um pequeno
ramalhete dessa Macela colhida permanece nas casas até o próximo ano como
símbolo de harmonia e boa sorte.
Considerada pelos agricultores uma planta daninha, infestadora de pastagens
e plantações, é queridinha na medicina caseira tanto no Brasil como em outros
países da América do Sul. Os famosos "travesseiros de Macela", enchidos com
suas flores secas e bem cheirosas, garantem para crianças e adultos um sono
mais tranquilo e regenerador, e melhor respiração. São indicados também para
quem tem enxaquecas.
No sistema de classificação do Erveiro, é uma erva MORNA ou
EQUILIBRADORA, mas tem requintes de FRIA-ESPECÍFICA, pois transita
nos campos de ação da tranquilidade espiritual com louvor. Sua cor e pulsar
energéticos acompanham o que é captado pelos nossos sentidos. As retinas
interpretam com a incidência de luz o amarelo ouro, o ouro de Mamãe Oxum,
e nosso tato e olfato rememoram até o lilás envelhecido de Vovó Nanã! Lindo
isso, não é?
Linda é a Macela e o que ela traz de poder tranquilizador e relaxante,
verdadeiro mergulho em águas tranquilas, ou o aspergir da chuva numa tarde
quente concentrados num banho da cabeça aos pés, respirando fundo seu
vapor e após mantendo-se em silêncio, por alguns minutos. Um bom caminho
para se ouvir a "voz interior".
Esse processo de respirar o vapor da Macela antes do banho é excelente para
aliviar dores de cabeça de "fundo espiritual" e curar espíritos sofredores
atrelados ao nosso campo astral, assim como os obsessores necessitados
dessa medicina da natureza para que reencontrem o ser divino em si e possam
ser acolhidos pelos mecanismos da Lei Divina que os recolocarão em suas
rotas de evolução. Poderosa aliada nos processos de cura, para adultos e
crianças, e para essas últimas, em especial, excelente acalmadora e
aliviadora do sofrimento causado por doenças de tratamento longo e
desgastante.
Além de tudo isso, ainda ajuda na recuperação da autoestima, para homens e
mulheres se sentirem mais "bonitos e atraentes" para si mesmos!
Ah, eu acho que vai ter bastante gente querendo tomar banho de Macela! A
gente encontra no comércio de ervas secas e farmácias de produtos naturais.
Não se esqueça de adquirir produtos de boa procedência, identificados e com
nome científico correto!
28. Eucalipto Comum - Eucalyptus globulus
Essa Calêndula é uma "maravilha"! Esse trocadilho serve para lembrar um dos
nome populares dessa planta: Maravilha, e também "Malmequer" em algumas
regiões. Uma margaridinha amarelinha, linda linda! Margaridinha é por minha
conta, pois não é uma "Margarida", mesmo pertencendo à mesma família
(Asteráceas), e parecendo com as diversas flores do campo amarelas que
temos na diversidade das ornamentais.
Na história das culturas e tradições, aparece junto ao povo grego e sua relação
com a energia do sol. Curiosamente ela se fecha no ocaso e volta a se abrir
quando os primeiros raios da manhã aparecem. Seu nome tem origem do latim,
tem a ver com o primeiro dia de cada mês e o próprio nome "calendário", que
se ralaciona com o ciclo solar. Assim, pela sua força e poder, a Calêndula
conquistou espaço na medicina popular desde a Idade Média. Hoje, algumas
espécies de Calêndula são cultivadas com fim comercial e entram na
fabricação de cosméticos e fitomedicamentos com um leque enorme de
aplicações.
Vale reforçar que aqui sempre focamos no uso ritualístico, religioso e magístico
da ervas que comentamos, então, se é esse nosso objetivo, vamos a ele!
As cores, que vão do amarelo pálido ao laranja forte, determinam fisicamente
sua característica energizadora por excelência. A cor do sol intenso, da
energia, da explosão de força movimentadora. Suas características de energia
e magnetismo a associam com as Mães Orixás Oxum, Iansã e Egunitá, e
também com Pai Xangô.
Ao mesmo tempo é leve e muito agradável nos banhos e amacis, em que é
usada no seu aspecto religioso e magístico para estimular a energia em
pessoas com apatia, desânimo, falta de vontade, e aquelas que precisam
e queiram reagir, sair de uma situação ruim que esteja cômoda. Isso
mesmo, nós seres humanos tendemos a nos acomodar em situações ruins
também, por achar que não há saída, ou que as coisas são "assim mesmo"...
Vale a reflexão.
Seja em banhos ou saches para respirar profundamente, é excelente para
convalescência ou seja, recuperação de doentes. Veja dica para respirar o
vapor no texto sobre Macela.
É também uma poderosa aliada na cura de campos astrais que foram
deteriorados, alvos de ações negativas, e que estão em regeneração, pós-
tratamentos de limpeza energética.
Na associação com outras ervas, aumenta a permanência da vibração e dá
equilíbrio ao conjunto do preparo.
30. Angico - Anadenanthera peregrina (L.) Speg
Temos falado por aqui de todo tipo de erva e suas partes: folhas, raízes, flores e
agora vamos de cascas! Que tal o Angico? Então, vamos de Angico!
Algumas pessoas me perguntam sobre essa nossa definição de erva. Bom, para nós,
por uso coloquial da palavra, tudo é erva! Não falamos em uso ritualístico – "tome
um banho de raízes, ou de sementes", e sim de ervas, independente se nesse
banho tenha raízes, folhas ou cascas. Então, por definição, chamamos de erva todo
elemento vegetal que pode ser usado em banhos, defumações e benzimentos. Na
botânica, erva é a planta que cresce de forma "herbácea", mas esse é outro assunto
né?
Nosso Angico é árvore, e das grandes! Por Angico encontramos a definição de
diversas árvores e seus qualificadores: Angico- branco, Angico-vermelho, Angico-
liso, Angico-do-cerrado, e outros nomes populares como, Maricá ou Jurema-branca
(nomes que se adequam melhor a outras espécies), e Paricá ou Yopo – cujos nomes
são conhecidos nos meios indígenas e xamânicos mais pelo preparo de rapé feito
com suas sementes e aplicado em cerimônias com as chamadas "medicinas da
floresta", do que pela planta propriamente dita.
Conhecemos o Angico também na forma de cachimbos ou chanducas (este
último, nome kariri ou fulni-ô), que assim como seus similares de Jurema (madeira
da árvore), são largamente utilizados em ritos dos Juremados, Catimbós, na
Umbanda como herança adaptada, pelos indígenas de diversas etnias no consumo
de tabaco e ritos sagrados, e nos diversos meios Xamânicos.
As folhas do Angico não são “comerciais” e, por isso, não tão fáceis de serem
encontradas, então nos servimos das suas cascas, que para nós podem ser usadas
em banhos e defumações, como agente purificador e consumidor de larvas,
miasmas e acúmulos negativos. Dissolvedor de formas plasmadas, formas-
pensamento, e criações mentais de baixa frequência.
Na nossa classificação, uma erva QUENTE OU AGRESSIVA, e mesmo assim, dentro
dessa característica, guarda um poder protetor único, verdadeira barreira de
energia ígnea contra os ataques do baixo astral. O que a coloca vibratoriamente
nas frequências vivas de nosso Amado Pai Xangô, entre outras. Uma lasca de
Angico serve como amuleto protetor contra inveja e mau-olhado e é um
magnetizador de força de vontade, criatividade e inteligência.
A maioria das cascas queimadas em defumação tem cheiro de madeira queimada,
podendo não ser tão agradáveis ao olfato, mas energeticamente mantém suas
propriedades vibracionais, nos conectando aos padrões naturais úteis para a
manutenção do nosso bem estar espiritual e por consequência, material.
Se existe uma erva a qual podemos atribuir um poder de "rei ou rainha", essa é
o Manjericão! Conhecido no mundo todo em alguma das suas dezenas de
espécies com suas centenas de nomes populares e identificações crescentes,
seja no incrível universo das especiarias, seja na farmácia caseira, e sem
dúvida nenhuma, nos meios ritualísticos e religiosos onde é mais do que
consagrado.
Ahhh esse é o nosso manjericão! Mas enfim, qual deles? Pergunta bem boa de
se fazer quando alguém recomenda um banho com "oito folhas de manjericão
para prosperidade"... Qual manjericão? E por que oito folhas? Se cada tipo de
manjericão tem características bem próprias, tamanhos, cores e cheiros
diferentes, como vou saber qual manjericão usar?
Primeiro vamos aos tipos e nomes populares mais conhecidos: Manjericão
comum, miúdo, roxo, branco, de folha larga, da praia, italiano, tailandês, alface,
sagrado, tulsi, doce, cheiro de anis, de canela, de limão, roxo, roxinho,
Manjeriquim, Favaca, Favaquinha, Basílico, e entre outros tantos também de
ALFAVACA, sim ALFAVACA é MANJERICÃO e vice-versa, Alfavacão,
Alfavaca Cravo, Alfavaca Anis...! Olha só quanta identificação. Como sempre
digo, daria pra ocupar páginas e mais páginas falando só dessa planta! Então,
quando ler Manjericão, leia-se também Alfavaca e todos os outros nomes!
Alguns mais fáceis de encontrar do que outros, a origem do seu nome oficial,
Ocimum, é grega e vem de odor, fragrância, aroma. Diziam os herboristas do
século 17, que seu cheiro era bom para o coração e para a cabeça, e que
trazia alegria e felicidade.
Manjericão é aquela erva que encontramos o ano todo e em todas as regiões.
É abundante, cresce rápido, cheiroso por excelência e se encaixa em toda e
qualquer necessidade. Costumo dizer em tom de brincadeira: “Quando você
não souber o que fazer, faça com Manjericão!” Todos os Manjericões tem
função energética bem parecidas e variam acrescentando a cada tipo sua
qualidade específica e campo de ação preferencial.
Em suas variações é uma das ervas mais utilizadas nos meios litúrgicos,
presente em praticamente todos os rituais conhecidos. Não dá pra dissociar as
famosas "águas de cheiro" da presença do Manjericão.
Em nosso sistema de classificação de ervas, o Manjericão é MORNA ou
EQUILIBRADORA. Seu gradiente de cores energéticas é incrivelmente
abrangente e sua ampla frequência o coloca em posição de destaque com
vibrações suficientes para ser associado a todos os Orixás, mas
especialmente à Mãe Iemanjá, ou melhor, à todas as Mães ligadas ao
elemento aquático, então Mãe Nanã e Mãe Oxum compartilham suas
vibrações. A presença marcante das essências divinas de Pai Oxalá também
determina que pode entrar em todos os amacis, para todas as funções, pois
proporciona ligação com as faixas mais sutis, necessárias a um preparo.
Banhos, defumações com suas folhas secas, óleos e tinturas alcoólicas são
alguns dos preparos que podemos fazer com os mais variados tipos de
manjericão. Usamos todas as partes da planta, folhas, caules mais suculentos,
flores e raízes.
De modo geral todos são poderosíssimos equilibradores, regeneradores,
reconstrutores de corpos espirituais, fortalecedores do espírito. Devolvem
a energia rapidamente, harmonizam os chacras e são excelente para
convalescença. Num preparo proporcionam ligação e estabilidade às outras
ervas.
Vamos citar alguns tipos e suas qualificações que se acrescentam às
características gerais acima:
"Nessas árvores tem folhas... Tem rosário de Nossa Senhora! Tem Aroeira de São
Benedito... São Benedito me valha nessa hora!"
Impossível eu falar de Aroeira e não lembrar dessa reza que virou canto e encanta
os trabalhos de Pretos Velhos, Caboclos, e as rodas de Jurema!
Aroeira encanta, e assusta os incautos, mais por falta de conhecimento e apego aos
achismos do que por alguma qualidade negativa mesmo. A ela foi atribuída a fama
de ser árvore de Exu, a qual deveria ter-se todo o cuidado para manusear. E que
também é brava, provocando coceiras. Preste atenção no texto para não ler essa
frase simplesmente e assumir como condição da planta.
Existem vários tipos de Aroeira, e muitos mitos em relação ao seu uso. Um tipo de
Aroeira, chamado de “brava” desprende elementos capazes de desenvolver
urticárias e afecções de pele pelo simples contato. Por uma questão de bom senso,
essa qualidade de Aroeira não tem uso ritualístico. Essa é a Lithraea brasiliensis
March, aroeira-brava ou aroeira-preta. Vamos lembrar que toda erva pode provocar
alergias em quem tem sensibilidade a algum dos seus componentes, assim como
pelos de animais, peixes, etc. Então, vale a pena conhecer seu organismo e evitar
aquilo que pode te provocar alguma reação.
Para nós, esses dois tipos de Aroeira citados são bastante comuns e usados na
arborização urbana em praticamente todo o país. Podemos usar as folhas frescas
ou as cascas, mais fáceis de encontrar no comércio de ervas desidratadas.
Característica da Aroeira é seu fruto, a pimenta-rosa. Isso mesmo, a pimenta-rosa,
adorada na culinária, é o fruto das Aroeiras!
Damos uso em banhos, defumações, benzimentos e bate-folhas para as
chamadas Aroeira-comum, Aroeirinha, Aroeira-pimenteira, Aroeira-branca, Aroeira-
mansa, Aroeira-salsa, nas variedades Schinus terebinthifolia e S. molle.
Aqui no terreiro usamos as folhas para forrar o chão nos dias de gira de Caboclos.
Nunca faltam ramos de Aroeira em trabalho de cura de Caboclo. E os Vovôs e
Vovós, nossos amados "pretinhos-velhos", não dispensam em seus benzimentos.
Erva QUENTE OU AGRESSIVA por definição, energia nas vibrações de Pais Ogum
e Xangô, caracterizada pela sua conexão elemental com os fatores ígneos,
protetora por excelência, e em seus aspecto magnético específico, serve aos
propósitos do Mistério Exu, aliás, de todos os mistérios à Esquerda, seja na
fundamentação dos assentamentos como na limpeza periódica deles.
Não precisa exagerar na quantidade. Um punhadinho das folhas ou um pedacinho
da casca num preparo de banho são mais que suficientes para uma limpeza
profunda, purificação, neutralização de ações negativas e bem estar geral. Sua
aura avermelhada, de pulsar discreto e contínuo, apinhada dessa energia de
"fogo", proporciona a eliminação de elementos nocivos à saúde.
Seus galhos podem ser colocados em vasos com água e mantidos por vários dias
em casa ou no local de trabalho, ativados como purificadores do ambiente,
esterilizadores do espaço espiritual, dissolvendo aquele ar pesado que muitas
vezes fica no ambiente.
Eu tenho certeza que tem alguma Aroeira perto de você... Na rua, numa praça,
enfim... Lembre-se de lavar as folhas antes do preparo, pois a fuligem da cidade é o
que também pode provocar alguma reação a peles mais sensíveis.
Um dia um índio Guarani me disse que essas folhas não queimavam se fossem
colocadas sobre a brasa, e o peixe por cima assaria até o ponto certo...
realmente nunca testei pra saber se é verdade ou não, mas que essa planta é
conhecido de Norte a Sul, isso é verdade! E olha que muita gente tem outras
histórias sobre a origem desse nome! Muitos mitos existem e ninguém sabe
definir porque são o que são, mas isso não importa quando os respeitamos
mantendo seu lugar na história e procurando a essência mítica, o que ele quer
dizer de prático, funcional e útil na nossa vida.
Também conhecida como Cambará ou Assapeixe-branco, as suas raízes são
conhecidas na farmácia caseira, suas folhas entram na composição de xaropes
e ainda é considerada uma PANC – Planta Alimentícia Não Convencional,
onde suas folhas entram em receitas – empanadas e fritas.
Considerada uma planta daninha e invasora de pastagens e terrenos baldios,
indesejada nas áreas de plantio, mas amada pelas abelhas que da sua florada
produzem um excelente mel expectorante.
Em algumas regiões, há comparação com uma variedade dessa planta
chamada também de Alumã, Boldo-baiano, Árvore-de-pinguço, Figatil, que é a
Vernonia condensata. Na região Sul, nas casas de Nação ou Batuque, é
chamada de Orô (éwúró), onde é associada principalmente aos Pais Xangô e
Ogum e entra em diversos ritos de iniciação e purificação. Da Bahia até o Rio,
o Assa-Peixe é atribuído a Oxum nos diversos Candomblés, principalmente os
"Jêje-Nagô".
Seu pulsar energético, magnético e vibratório lhe garante um gradiente de
cores que passa pelo verde azulado, indo até o lilás intenso. Foram
captadas também nuances amarelo-alaranjado (quase vermelho).
Para nós, dentro do sistema de classificação do Erveiro, o Assa-Peixe é uma
erva FRIA-ESPECÍFICA, pois tem um campo de ação muito bem definido – a
cura. (Vale reler o texto sobre classificação). E nos preparos genéricos, uma
equilibradora com vasto poder regenerador.
Esse caráter curador do Assa-Peixe nos convida a compreender as vibrações
das Divindades associadas, Pai Ogum e Mãe Nanã. Como já dissemos no
texto do Capim-Cidreira, Pai Ogum não é só guerra e batalha, mas a Ordem
Divina em si. E para encontrar a saúde é necessário ordem, organização. Tem
função que o coloca também nas frequências renovadoras de Pai Oxumaré.
Pode ser usada em banhos ou defumações, assim como bate folhas nos
ambientes onde estão os doentes. Uma sugestão é fazer cama de esteira
com folhas de Assa-Peixe para que os convalescentes fiquem por algum
tempo, uns trinta minutos são suficientes. Pode-se cobrir com um lençol claro
pois suas folhas um pouco mais rústicas podem não ser agradáveis no contato
com a pele.
Indicado também para resgate e cura de espíritos doentes e sofredores
atrelados a pessoas ou ambientes familiares.
36. Café - Cafeeiro
Cafeeiro - Coffea sp.
39. Canela
40. Sabugueiro - Sambucus australis Cham. e Schltdl.
Não podia deixar de falar dessa poderosa árvore de pequeno ou médio porte que é
encontrada em todas as regiões e usada na arborização urbana também. O nosso
querido Sabugueiro, ou Sabugueirinho, não tem outros nomes populares
conhecidos, mas está envolvida em diversas e improváveis lendas na "boca do
povo". Por exemplo, que foi a madeira da crucificação; ou que cortá-la traz má
sorte porque ao espremer seus pequenos frutinhos escorre um caldo que lembra o
sangue. Enfim, assim como tantas outras plantas envolvidas nessas histórias que
são boas para ilustrar, mas que não devem ser levadas como regra na hora de
utilizar em rituais.
Para nós, as folhas e flores dessa maravilhosa curadora podem ser usadas em
banhos para cura física, regeneração e reforço da imunidade, recuperação da
energia perdida em processos de doenças. Suas flores branco-amareladas e de
cheiro inconfundível, depois de secas, podem ser usadas em defumações pré-
trabalhos de cura.
MORNA OU EQUILIBRADORA em nosso sistema de classificação, essa erva tem
uma aura de energia e magnetismo que pulsa num gradiente de cores que vai do
amarelo pálido até o violeta e a coloca indubitavelmente na vibração principal de
Pai Obaluaiyê, portanto uma excelente curadora em todos os sentidos.
Transformação é uma das suas palavras! Mudança de estado, saindo de doenças
e buscando saúde; saindo de situações de desequilíbrio e entrando em
harmonia.
Vale lembrar que aqui não damos receitas de chás ou tratamento fitoterápico, mas
é importante estar atento à toxidade e aos cuidados que devemos ter ao
administrar uma erva com informações encontradas na internet.
Este é o nosso Poderosíssimo Sabugueiro, do nosso Poderosíssimo Pai da Cura, da
Saúde, das Transformações, da Evolução contínua e da Sabedoria! Atotô meu Pai!