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Acadêmica: Pamela XXX Código:

AS ÁGUAS VIVAS QUE NÃO SABIAM DE SI

Entendo a água
Olho para ela e vejo
Meu reflexo espelhado
Mas vejo também uma erupção
E subitamente, a ebulição da água começa a se dispersar
E em sua forma, começo a ver um molde
E me enxergo no molde
E a água reflete meu turbilhão de emoções
Então eu entendo
Eu sou a água
A água sou eu
Eu estou vivo por conta da água
E a água está viva por minha causa

A obra “Água Viva” de Clarice Lispector é mais uma obra em que a


autora segue inovando em seu estilo literário. Com sua habilidade em
transformar pequenos acontecimentos do cotidiano em histórias ficcionais,
Clarice demonstra uma habilidade que a destaca das demais autoras da época
(e inclusive de outras épocas).

O livro traz diversas passagens que remetem a diversos gêneros


literários, tais como: poesia, prosa, romance e até mesmo diário. E, por conta
disso, fica difícil classificar em apenas um gênero. Frisa-se que várias
passagens do livro parecem inacabadas em uma primeira leitura, quebrando
dessa forma o padrão dos textos tradicionais e criando um estilo único que a
consagra como uma das maiores autoras da literatura.
O livro desperta uma sensibilidade no leitor que talvez ele não saiba
que tenha, até o momento de lê-lo. Não existe um tema central, não existe uma
trama complexa e cheia de detalhes. Clarice traz os temas que compõem a sua
obra e aborda, de forma surpreendente, os sentimentos humanos. Por meio de
analogias, a autora procura discorrer, de uma forma subjetiva e cheia de
figuras de linguagem, sobre os sentimentos.

O que Clarice fez nessa obra se assemelha muito com o presente


trabalho: ela vai moldando seu texto para se encaixar na melhor forma possível
para que ela possa falar de sua história. No livro, existe uma artista que
escreve sobre pintura. O presente trabalho, por sua vez, faz uma releitura da
obra de Clarice, buscando equilibrar forma e conteúdo, através de uma
releitura da obra.

Creio que a água viva seja uma metáfora. Não se trata de fato de
uma água viva, um ser cnidário que vive no mar. Se trata de entender que água
está, de fato, viva. Que nós somos a água. Que a água é a gente. Que a água
reflete nosso estado sentimental e, por isso, pode ser considerada viva.
Apelando para a metalinguagem, Clarice traz uma ideia que pode passar
despercebida em um primeiro momento.

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