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ESTRUTURA DA MATÉRIA

BELO HORIZONTE / MG
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Sumário

1 PARTÍCULAS SUBATÔMICAS .................................................................................... 4

1.1 Descoberta do próton ................................................................................................... 4

1.2 Isótopos ........................................................................................................................ 8

1.3 Nêutron ......................................................................................................................... 9

1.4 Elétron ........................................................................................................................ 11

2 EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS ................................................................ 14

2.1 Consolidação do Atomismo ........................................................................................ 15

2.2 O átomo de Dalton ...................................................................................................... 16

2.3 A divisibilidade do átomo ............................................................................................ 18

2.4 A descoberta do elétron .............................................................................................. 19

2.5 Determinação da relação carga/massa do elétron...................................................... 21

2.6 Determinação da carga e da massa do elétron .......................................................... 23

2.7 As partículas positivas – a descoberta do próton ....................................................... 25

2.8 O modelo atômico de Thomson .................................................................................. 26

2.9 Modelo atômico de Rutherford .................................................................................... 27

3 A NATUREZA ONDULATÓRIA DA LUZ ..................................................................... 29

3.1 Quantização de Energia ............................................................................................. 34

3.2 O efeito fotoelétrico ..................................................................................................... 34

3.3 Dualidade onda-partícula ............................................................................................ 36

4 PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELEMENTOS................................................. 38

4.1 Raio Atômico............................................................................................................... 38

4.2 Energia de Ionização .................................................................................................. 41

4.3 Eletronegatividade ...................................................................................................... 45

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4.4 Eletropositividade........................................................................................................ 47

4.5 Eletroafinidade ou afinidade eletrônica ....................................................................... 49

5 LIGAÇÕES QUÍMICAS ............................................................................................... 52

5.1 Ligação Iônica ............................................................................................................. 53

5.2 Princípio da ligação iônica .......................................................................................... 54

5.3 Ligação Covalente ...................................................................................................... 57

5.3.1 Ligação Covalente Dativa ........................................................................................ 60

5.4 Ligação Metálica ......................................................................................................... 61

5.5 Teoria do Octeto ......................................................................................................... 62

5.5.1 Tendências das famílias .......................................................................................... 65

5.5.2 Exceções à Teoria do Octeto .................................................................................. 65

5.5.3 Teoria do Octeto ...................................................................................................... 67

6 INTERAÇÕES MOLECULARES................................................................................. 69

6.1 Descrição das forças intermoleculares ....................................................................... 72

6.2 Interações iônicas ....................................................................................................... 74

6.3 Interações do tipo dipolo-dipolo .................................................................................. 75

6.4 Interações dipolo-permanente–dipolo induzido .......................................................... 78

6.5 Interações de dispersão.............................................................................................. 79

6.6 Ligações de hidrogênio ............................................................................................... 80

6.7 Tendências observadas nas interações intermoleculares .......................................... 81

7 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 83

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1 PARTÍCULAS SUBATÔMICAS

O átomo, que era apenas esfera sem estrutura no modelo de Dalton, já estava dividido
pelo menos em duas partes: o núcleo e os elétrons. Mas, e o núcleo, será que é maciço ou
formado possui alguma estrutura? Quantos elétrons há em um átomo? Existe alguma relação
entre a massa e a carga do núcleo? Rutherford e outros cientistas buscaram essas respostas.

Fonte: sergiorbtorres.com

1.1 Descoberta do próton

O início do século XX foi marcado por diversas e incríveis descobertas. Por isso, não
se sabe ao certo quem descobriu o próton. A descoberta é geralmente atribuída a Rutherford,
que foi também quem deu esse nome ao então conhecido núcleo do átomo de hidrogênio.
Em 1919, Rutherford e seus colaboradores realizaram o sonho dos alquimistas e
conseguiram experimentalmente, pela primeira vez na história, transmutar um elemento em
outro.

O experimento consistia em bombardear o gás nitrogênio com partículas alfa altamente


energizadas. Como resultado, alguns núcleos de hidrogênio eram detectados, e Rutherford
estava certo que eles somente poderiam ser provenientes dos núcleos dos átomos de
nitrogênio. Nesse processo, o que ocorreu é que o nitrogênio era transmutado em oxigênio,
através de uma reação nuclear.

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Então, o núcleo do nitrogênio continha núcleos de hidrogênio. Como o hidrogênio era


o elemento de menor massa, Rutherford concluiu que se tratava de uma partícula elementar
dos núcleos de todos os átomos: o núcleo atômico possui uma estrutura, é formado por
prótons.

Entretanto, duas questões importantíssimas estavam em aberto:

1. O número de prótons em um núcleo é insuficiente para justificar sua massa. De


onde viria o restante da massa?

2. Cargas de sinais opostos se atraem. Cargas de mesmo sinal se repelem. Como


é possível os prótons ficarem juntos em um espaço tão pequeno como o núcleo? De acordo
com a Lei de Coulomb, a força de repulsão seria descomunal.

Descoberta do nêutron Quando Rutherford descobriu que o número de prótons em um


núcleo suficientes para justificar sua carga não era suficiente para justificar sua massa,
imediatamente sugeriu a existência de outras partículas, eletricamente neutras, no núcleo.
Rutherford atribuiu a seu aluno James Chadwick (1891 – 1974) a tarefa de descobrir essa
partícula.

Fonte: brasilescola.uol.com.br

Em 1930, descobriu-se que bombardeando Berílio com radiação alfa, era emitida outra
radiação extremamente penetrante e sem carga elétrica, semelhante à radiação gama.

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Posteriormente, foi descoberto que incidindo esse novo tipo de radiação em uma substância
rica em hidrogênio (como a parafina), prótons eram emitidos.

Em 1932, Chadwick, com seus estudos quantitativos desse e de outros experimentos,


concluiu que a radiação emitida pelo Berílio era na verdade um feixe de partículas neutras
com massa quase igual à do próton: Chadwick descobriu o nêutron.

Números atuais relacionados às partículas subatômicas:

Observação com relação à notação:

O modelo de Rutherford, aliado à descoberta do próton, nêutron e elétron, permitiu o


entendimento e a classificação das substâncias através de dois números:

• Número atômico Z: é o número de prótons de um átomo.

• Número de massa A: é o número de prótons + o número de nêutrons de um


átomo.

Além da carga q do elemento, no caso de ser um íon.

Hoje, representa-se um átomo ou íon através da seguinte notação:

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Os elementos e os processos nucleares tornaram-se simples de serem representados.


Observe os exemplos:

A e o raio do núcleo.

Já imaginou o quanto deve ser difícil medir o tamanho de um núcleo atômico?

Já vimos que o modelo de Rutherford prevê que o raio do núcleo é da ordem de 1014m.
Uma boa aproximação para calcular esse raio é considerar o núcleo uma esfera com
densidade constante. Como a densidade é massa/volume, o raio do núcleo pode ser
calculado usando a massa atômica A e a fórmula do volume da esfera. Após algumas
simplificações, obtém-se o seguinte resultado:

R = r0 A , onde o valor experimental de r m15 0 1,25 10− = × .

Z e a identidade dos elementos químicos

A massa atômica A já era conhecida antes da descoberta das partículas subatômicas


e Mendeleev se baseou nela para ordenar os elementos em sua tabela periódica. Entretanto,
ele teve que postular algumas exceções em deferência às propriedades químicas observadas
experimentalmente. Após a descoberta do próton e do elétron, concluiu-se que usar o número
atômico Z como referência na ordem dos elementos da tabela periódica era bem mais eficaz.
Por esse motivo, se os elementos químicos possuíssem um número de identidade, este
número seria Z.

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A definição moderna de "Elemento Químico" é dada pela IUPAC. Um elemento


químico é uma entidade que representa um conjunto de átomos que possuem o mesmo
número de prótons. Cada elemento químico ocupa uma posição na tabela periódica. Como a
periodicidade dos elementos também é verificada em propriedades macroscópicas, as
substâncias químicas puras formadas por átomos com o mesmo número de prótons também
são incluídas ao conjunto "Elemento Químico". Assim, por exemplo, o elemento Hidrogênio é
o conjunto de átomos com 1 próton, mais todas as substâncias puras formadas apenas com
esses átomos como, por exemplo, o gás hidrogênio.

A explicação teórica do número de prótons definir as propriedades físicas e químicas


dos elementos só pode ser dada após a descoberta da Mecânica Quântica e será abordada
posteriormente neste texto.

1.2 Isótopos

Um mesmo elemento poder possuir diferentes números de nêutrons, ou seja, mesmo


número de prótons (isto é, mesmo número atômico) e diferentes números de nêutrons (ou
seja, diferentes números de massa). Átomos do mesmo elemento, mas com números de
massa diferentes, são chamados de isótopos. Existem, na natureza, aproximadamente 340
núcleos diferentes, dos quais 250 são estáveis. Se incluirmos os núcleos gerados
artificialmente, mais de 3.100 núcleos são atualmente conhecidos.

Mas, apenas 105 elementos (pense nisso!).

Fonte: sergiorbtorres.com

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Como é o número de prótons de um átomo (ou seja, A) que define a identidade química
de um elemento, os isótopos de um mesmo elemento ocupam o mesmo lugar na tabela
periódica1.

1.3 Nêutron

O átomo possui três partículas subatômicas de interesse primário que são os elétrons,
os prótons e os nêutrons. O nêutron foi a última partícula dessas três a ser descoberta.

O cientista Ernest Rutherford havia descoberto, em 1911, por meio de experimentos


com partículas alfa, que o átomo era formado por uma região vazia denominada eletrosfera,
onde os elétrons (partículas negativas) ficavam girando, e por um núcleo, uma região no
centro do átomo, maciça, altamente densa e com carga positiva. Eugen Goldstein já havia
descoberto que essa carga era em virtude dos prótons, partículas de carga positiva.

No entanto, surgiu a seguinte questão: Se os prótons são positivos, por que eles não
se repelem e o núcleo do átomo se desintegra?

Isso é realmente verdade, visto que é amplamente conhecido que partículas de cargas
iguais se repelem e de cargas opostas se atraem.

Essa questão foi solucionada em 1932 pelo cientista James Chadwick, na


Universidade de Cambridge, Inglaterra. Existem alguns elementos que têm o núcleo instável
e emitem partículas e radiações, sendo esse processo conhecido como radioatividade.
Chadwick percebeu que o núcleo do berílio radioativo emitia partículas neutras, sem carga
elétrica e com a massa praticamente igual à massa dos prótons (na verdade, é um pouquinho
maior).

Dessa forma, foi descoberta a terceira partícula subatômica, que foi denominada de
nêutron.

Os nêutrons ficam juntamente aos prótons no núcleo do átomo. Assim, eles diminuem
as forças de repulsão entre os prótons e mantêm o núcleo estável, com as partículas unidas.

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Extraído e adaptado do site:
http://www.quimica.ufpr.br/nunesgg/CQ108/Estrutura%20atomica/SL_estrutura_atomica.pdf
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Fonte: alunosonline.uol.com.br

A massa de um nêutron é igual a 1,675. 10-27 kg, sua massa em unidade de massa
atômica é relativamente igual a 1.

Conforme dito no texto “Prótons”, já mencionado, praticamente todos os elementos


possuem isótopos naturais ou artificiais. O que significa que existem átomos com a mesma
quantidade de prótons no núcleo, mas com quantidades de nêutrons diferentes.

O hidrogênio, por exemplo, possui três isótopos: o hidrogênio comum ou prótio (1


próton e 1 nêutron), o hidrogênio pesado ou deutério (1 próton e 2 nêutrons) e o hidrogênio
superpesado ou trítio (1 próton e 3 nêutrons). Veja na ilustração abaixo que o que muda é a
quantidade de nêutrons (simbolizados pelas bolinhas verdes):

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Existem também os isótonos, que são átomos de diferentes elementos químicos com
diferentes números de prótons, diferentes números de massa, mas com a mesma quantidade
de nêutrons.
37 40
Por exemplo, o 17 Cl eo 20 Ca são isótonos, pois sabemos o seu número de massa
(A - na parte superior), que é a soma dos prótons com os nêutrons, e nós também sabemos
quantos são os seus prótons (na parte inferior). Assim, basta diminuir esses valores que
encontraremos quantos nêutrons cada átomo possui 2:

40
1737Cl 20 Ca

A=N+P A=N+P

N=A–P N=A–P

N = 37-17 N = 40 – 20 N = 20 N = 20

1.4 Elétron

Agora que sabemos o que é um átomo podemos entender melhor a definição dos
elétrons. Portanto definimos os elétrons como as partículas que constituem o átomo. Sendo
que os elétrons estão localizados na eletrosfera do átomo, se movimentando ao redor do
núcleo em órbitas circulares, que possuem uma energia bem definida e característica, que
são definidas como um nível de energia ou camada eletrônica.

O elétron é uma partícula subatômica e que possui uma massa relativamente muito
pequena, este valor é tão baixo que em relação a massa total do átomo que pode ser
considerada desprezível. Para que fique mais claro, suponhamos que uma pessoa estivesse
em cima de uma balança e neste exato momento um inseto também subisse na balança,
então o valor que mostra na balança iria alterar? Não, portanto a massa do inseto seria
desprezível em relação a massa de uma pessoa, da mesma forma acontece com o elétron
em relação ao átomo.

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Extraído e adaptado do site: https://alunosonline.uol.com.br/quimica/neutrons.html
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Fonte: mundodaeletrica.com.br

É importante destacar que de acordo com o modelo atômico de Rutherford-Bohr


existem sete camadas eletrônicas (K, L, M, N, O, P e Q), sendo que apenas algumas órbitas
circulares são concedidas aos elétrons, porque em cada uma dessas órbitas o elétron
apresenta uma energia constante, quaisquer mudanças dos elétrons entre essas camadas
podem ocasionar em diversos fenômenos, sejam eles físicos ou químicos, liberando ou
absorvendo energia por exemplo.

Elétron Livre

O elétron livre é quando o átomo perde elétrons, e fica carregado positivamente em


decorrência dos prótons que formam os cátions. Dessa maneira os elétrons são chamados
de elétrons livres, pois estão mais distantes do núcleo do átomo, ou seja, se encontram na
camada de valência.

Fonte: infoescola.com

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Há muitos anos o filósofo grego Tales de Mileto (625 a.C. – 546 a.C.) observou que ao
esfregar um âmbar em um tecido, como seda ou lã por exemplo, ele passava a atrair
pequenos e leves corpos, como a palha, desta forma ficando “energizado”.

Com o passar do tempo novos experimentos relacionados a eletricidade foram


realizados, e com isso vieram novas descobertas, sendo que estes experimentos revelaram
que a matéria constituía cargas positivas e cargas negativas.

Mas que apenas no final do século XIX o cientista Joseph John Thomson realizou mais
experimentos com tubos de raios catódicos que os levaram a descoberta dos elétrons, que
através destes estudos que ele chegou a várias conclusões sobre o elétron, ou seja, o elétron
é uma partícula subatômica, possui massa e carga negativa. Os raios catódicos foram
chamados de elétrons e considerados a primeira partícula subatômica descoberta.

Os elétrons têm tudo a ver com a eletricidade, pois se os elétrons não tivessem sido
descobertos com certeza quase tudo que está em nossa volta não existiria, não haveria nada
que dependesse da eletricidade, tanto para o funcionamento quanto para a fabricação de
algo.

Como já sabemos, a corrente elétrica nada mais é do que um fluxo ordenado dos
elétrons por um determinado material, que geralmente é um metal, onde existem elétrons
livres. Portanto esses elétrons livres são conduzidos pela ação de um campo elétrico ou um
campo magnético.

Podemos entender a energia elétrica como uma relação entre três grandezas elétricas,
que é a tensão elétrica, corrente elétrica e resistência elétrica , sendo que a variação de
qualquer uma dessas grandezas interferem diretamente na quantidade de elétrons passando
por um condutor por exemplo, está relação pode ser facilmente compreendida através da lei
de ohm.

Se a considerarmos um circuito que tenha uma tensão fixa e variarmos o valor da


resistência deste circuito sua corrente irá variar de maneira inversamente proporcional a
resistência, ou seja, quanto maior for a resistência, menor será a quantidade de elétrons
passando por aquele circuito3.

3
Extraído e adaptado do site: https://www.mundodaeletrica.com.br/o-que-sao-eletrons-e-qual-
suaimportancia/
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2 EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS

As primeiras especulações relativas à origem da natureza são devidas ao filósofo


grego Tales, que viveu na cidade de Mileto, aproximadamente entre os anos 640 e 548 a.C.

Fugindo de figurações extraídas da imaginação – muitas vezes de inspiração religiosa,


fantástica ou poética –, Tales deduzia que a natureza (ou a phisis, como era dito em grego)
teria a água como princípio (ou substrato) único, ou seja: todo o universo teria a água como
origem.

Deve-se reconhecer que esse pensamento carecia de uma base teórica ou material
consistente, além de ser pouco esclarecedor. Porém, evidenciava um questionamento ou
uma contestação sobre o pensamento que prevalecia até então e, ao mesmo tempo, induzia
à reflexão investigativa, fundamental para o desenvolvimento do conhecimento.

Os próximos registros sobre a constituição da natureza vieram de Abdera, na Ásia


Menor, onde o filósofo Leucipo se fixou por volta de 478 a.C. Ele acreditava que o universo
era constituído por elementos indivisíveis e pelo vazio, e que os movimentos desses
elementos, gerando união ou separação, produziam ou destruíam os materiais.

Leucipo não deixou registros sobre suas reflexões. Porém, elas permaneceram e
foram melhoradas pelo seu seguidor Demócrito, que viveu entre 460-370 a.C. e, seguindo as
ideias do seu mestre, afirmava que a menor partícula constituinte de qualquer tipo de matéria
não poderia ser fragmentada, pois se fosse divisível ao infinito, confundir-se-ia com o vazio.
Por essa característica, denominou tal partícula de átomo, palavra grega que significa
indivisível.

Como corolário, Demócrito postulou que as únicas coisas existentes eram os átomos
e os espaços entre eles e que qualquer matéria resultaria da combinação de átomos de quatro
elementos: água, terra, fogo e ar.

Fonte: eleve-se.com.br

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Essas ideias foram apoiadas por alguns filósofos. Porém, outros, entre os quais,
Aristóteles, que foi um dos maiores filósofos de todos os tempos, consideravam um absurdo
existir algo indivisível, estabelecendo-se, então, duas correntes de pensamento.

Para Aristóteles, a matéria era contínua (não atômica) e suas ideias terminaram
prevalecendo entre a maioria dos pensadores até o século XVI, quando outros estudiosos,
como Pierre Gassendi (1592 – 1655), rompendo com a filosofia aristotélica, passaram a
defender o atomismo e adotar o empirismo como prática para o estabelecimento da verdade
científica.

2.1 Consolidação do Atomismo

A partir do século XVII, muitos cientistas começaram a realizar experiências utilizando


métodos e materiais distintos e, logo cedo, ficou demonstrado que a possibilidade da matéria
ser contínua não era respaldada pelos resultados obtidos, fazendo com que o modelo de
Aristóteles para a constituição da matéria desmoronasse e o atomismo se firmasse como
uma realidade incontestável.

Para isso, os resultados dos trabalhos do físico e químico irlandês Robert Boyle,
publicados em 1661, foram decisivos. Nesses trabalhos, ele concluiu que todos os objetos
eram compostos por átomos, que seriam as unidades fundamentais da matéria.

Fonte: kucinephoto.com

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Para chegar a essa conclusão, ele atentou para o fato de que algumas das substâncias
já conhecidas podiam se combinar formando outras. Assim, o bronze podia ser formado
combinando-se cobre com zinco; os sais podiam ser preparados combinando-se ácidos com
álcalis e algumas substâncias podiam se separar, formando outras mais simples, como se
observava quando se aquecia as amálgamas, fato que resultava na produção de mercúrio e
de outro metal.

Desses resultados, Boyle concluiu que:

• Os átomos existiam e eram diferentes para cada tipo de elemento;

• Combinações de tipos diferentes de átomos formavam os compostos, e Toda


a matéria era formada por um pequeno número de substâncias simples (ou elementos)
combinados de formas diferentes.

Além de haver feito essas constatações, Boyle adotou o termo elemento, que era
usado na Grécia Antiga, para designar cada substância simples. Parecia, portanto, que a
existência do átomo já era irrefutável, mas ainda faltava descrevê-lo detalhadamente, fato
que vem evoluindo até os dias de hoje.

2.2 O átomo de Dalton

Na segunda metade do século XVII, a teoria atômica não podia mais ser negada, e o
empirismo, associado à reflexão, passou a ser prática comum para muitos estudiosos da
natureza. Entre os químicos que assim procediam, Lavoisier foi um dos que mais se destacou,
tendo consagrado o uso da balança como instrumento para investigação em química,
descoberto dezenas de elementos e estabelecido a lei da conservação das massas. Todo
esse labor criativo fez com que Lavoisier ficasse reconhecido como um dos mais importantes
químicos de todos os tempos.

Na sequência aos trabalhos de Lavoisier, outros químicos – como Proust, Dalton e


Richiter – estabeleceram as leis ponderais das combinações químicas, expressando as
relações de massas entre os elementos nas reações químicas.

Em 1808, analisando os resultados dos experimentos que conduziram ao


estabelecimento das leis ponderais, observando as relações entre as massas dos reagentes
nas reações e, mais uma vez, resgatando as ideias de Leucipo e Demócrito,

Dalton (1766-1844) formulou uma teoria atômica, cujos postulados estabeleciam que:
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• A matéria seria constituída por partículas extremamente pequenas e indivisíveis


chamadas de átomos, que preservariam suas individualidades nas transformações químicas;

• Os átomos idênticos eram caracterizados pelas respectivas massas e


constituiriam um mesmo elemento químico;

• Os compostos químicos seriam formados pela união de átomos de diferentes


elementos, em proporções numéricas simples e definidas.

Os átomos de Dalton eram partículas indivisíveis, esféricas, maciças, impenetráveis e


indestrutíveis que ficaram conhecidos como bola de bilhar.

Fonte: manualdaquimica.com

Dalton teve o mérito de consolidar a ideia do átomo como unidade elementar da


matéria, utilizando dados experimentais quantitativos. Porém, o seu modelo atômico continha
uma série de equívocos, que foram demonstrados através de experimentos realizados a partir
da segunda metade do século XIX. Nesses experimentos, verificou-se que os átomos não
eram esferas maciças, eram divisíveis, penetráveis, destrutíveis e nem sempre eram iguais
para um mesmo elemento químico.

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2.3 A divisibilidade do átomo

A primeira evidência experimental sobre a divisibilidade do átomo foi obtida em 1834


pelo físico e químico inglês Michael Faraday (1791-1867), dando sequência a trabalhos
preliminares sobre eletrólise, realizados no início do século XIX por Humphrey Dave.

Em seus trabalhos, Faraday – considerado o descobridor da eletrólise como fenômeno


físico-químico bem definido – observou que a passagem de corrente elétrica através de
soluções de alguns tipos de substâncias provocava reações químicas nas quais as
quantidades de eletricidade utilizadas e as quantidades de substâncias que reagiam eram
proporcionais entre si, fatos que o levaram a estabelecer as leis da eletrólise.

Além de haver enunciado as leis da eletrólise, Faraday introduziu os termos cátodo e


ânodo para designar os eletrodos nos quais as reações eletrolíticas aconteciam. Ao mesmo
tempo, criou os termos ânion e cátion (íons) para designar as espécies que reagiam durante
a passagem de eletricidade pelas soluções e, nessas definições, já ficava implícito que as
unidades elementares da matéria apresentavam natureza elétrica diferente.

Tais fatos não tiveram interpretação imediata, mas, em 1874, George Johnstone
Stoney (1826-1911), analisando os resultados dos trabalhos de Faraday, sugeriu que a
eletricidade existia associada à matéria e seria constituída por partículas de carga negativa
denominada de eletrine, no caso da partícula associada ao hidrogênio.

Uma contribuição importante e para o esclarecimento sobre as unidades elementares


da matéria foi dada por Svante Arrhenius, em sua tese de doutorado, defendida em 1884,
quando deduziu que os cátions e os ânions eram produzidos pelos eletrólitos ao serem
dissolvidos.

Arrhenius propôs que, nessas dissoluções, a soma das cargas das partículas positivas
(cátions) seria igual à soma das cargas das partículas negativas (ânions), o que asseguraria
que as cargas dos eletrólitos, dissolvidos ou não, seriam nulas.

Essas novas observações tornaram Stoney mais convicto sobre a natureza


corpuscular da eletricidade e, em 1891, ele propôs o nome elétron para designar as partículas
portadoras de eletricidade, constituintes da matéria.

Se isso era verdade, e considerando que as substâncias não apresentam cargas


elétricas, então os átomos seriam divisíveis, devendo ser constituídos, pelo menos, por dois
tipos de partículas com cargas opostas (positivas e negativas), o que possibilitaria a
neutralidade elétrica das substâncias e dos materiais em geral.
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A partir dessas conclusões, as ideias dos atomistas gregos, concretizadas no modelo


atômico de Dalton, perderam consistência. Já não se considerava o átomo indivisível, pois
era constituído por partículas com cargas positivas e negativas. Consequentemente, estava
lançado o desafio para se investigar os constituintes atômicos, tendo-se como perspectiva já
colocada o elétron, proposto por Stoney.

2.4 A descoberta do elétron

Em 1878, o cientista inglês Wiliam Crookes (1832-1919) criou um dispositivo –


constituído por uma ampola de vidro conectada a uma bomba de vácuo, contendo, no seu
interior, dois eletrodos ligados a uma fonte de energia elétrica –, com o qual vários
pesquisadores passaram a fazer estudos sobre descargas elétricas através de gases.

Fonte: docente.ifrn.edu.br

Nesses estudos, verificou-se que se a pressão dos gases estivesse próxima de 10


mmHg não haveria condução de eletricidade. Mas, a partir dessa pressão e até próximo de
1 mmHg, os gases passavam a conduzir eletricidade, o que podia ser percebido pelo
aparecimento de um feixe luminoso saindo do cátodo para a região oposta da ampola ou
podia ser medido com instrumentos de aferição de fluxo de corrente.

Em 1876, Eugen Goldstein demonstrou que os feixes luminosos observados nas


ampolas de Crookes formam sombras de objetos colocados em sua trajetória, em posição
oposta ao eletrodo negativo do tubo de descarga. Como esse eletrodo havia sido denominado
cátodo por Faraday e acreditando que o feixe luminoso era constituído por radiações,
Goldstein denominou-os de raios catódicos.

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Fonte: espetacularquimica.com

Estudos posteriores mostraram que os constituintes do feixe luminoso possuíam


massa, sendo, portanto, de natureza material, pois faziam girar uma ventoinha colocada em
sua trajetória dentro de uma ampola de Crookes.

Noutro experimento, Goldstein utilizou uma ampola de Crookes com um cátodo


perfurado e observou novos feixes luminosos que pareciam sair desses furos ou canais e se
dirigiam em sentido inverso aos raios catódicos. Goldstein não sabia o que formava esses
feixes luminosos, porém, acreditando tratar-se de radiações, deu o nome de raios canais aos
constituintes dos feixes emitidos a partir dos canais dos catodos das ampolas de Crookes.

Fonte: docente.ifrn.edu.br

O fato, porém, é que não existiam dados sufi cientes para uma definição sobre o que
era observado nos experimentos, surgindo um conflito de opiniões em relação aos
constituintes dos raios catódicos e dos raios canais: entre cientistas alemães, prevalecia a
idéia de que seriam radiações e, entre os britânicos, de que seriam partículas.

No meio dessa polêmica, os experimentos realizados em 1897 por Joseph John


Thomson (1856-1940) foram decisivos para mostrar que os raios catódicos, na verdade, eram
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elétrons, portanto, partículas com carga elétrica negativa e que os raios canais eram íons
carregados positivamente.

Nos seus experimentos, Thomson mostrou que os raios catódicos eram atraídos pelos
polos positivos de campos elétricos formados por duas placas metálicas colocadas dentro de
ampolas de Crookes, ligadas aos eletrodos de baterias. Verificou, também, que esses raios
eram desviados pelos campos magnéticos de forma semelhante à que se observava em
experimentos sobre eletromagnetismo (já realizados naquela época), conforme é ilustrado.

Fonte: alunosonline.uol.com.br

Vale ressaltar que outros cientistas já haviam tentado realizar experimentos


semelhantes sem alcançar sucesso. Porém, Thomson foi persistente e conseguiu essa
proeza baixando a pressão do gás dentro das ampolas, o que provocava a diminuição do
efeito de blindagem criado pelos íons gasosos existentes no tubo.

Todos esses experimentos indicavam que a matéria era constituída por partículas
positivas e negativas e que os raios catódicos, sendo os componentes de carga elétrica
negativa, deveriam ser os elétrons que haviam sido propostos por Stoney. Faltava, porém,
uma prova definitiva, mas esta foi encontrada por Thomson quando determinou alguns
parâmetros relativos aos raios catódicos, sendo o mais importante deles a relação entre a
carga elétrica e a massa dessas partículas.

2.5 Determinação da relação carga/massa do elétron

Para determinar a relação entre a carga e a massa dos elétrons, Thomson utilizou um
aparelho de Crookes semelhante aos tubos de televisão usados atualmente.

21
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: docente.ifrn.edu.br

No aparelho, existiam dois ânodos perfurados (discos D) por onde um feixe de elétrons
poderia passar e ir se chocar com a parede frontal do tubo, na posição B.

Nos experimentos, era aplicado um campo elétrico sobre o feixe de elétrons e isso
provocava um desvio (x) do feixe para a posição A. Já a aplicação de um campo magnético
perpendicular ao campo elétrico, provocava um desvio (y) do feixe de elétrons para a posição
C, oposto àquele provocado pelo campo elétrico. Nesses experimentos, o ponto de incidência
do feixe de elétrons era facilmente visualizado colocando-se um anteparo com material
fluorescente frontal à sua trajetória.

Assim, utilizando os dados experimentais obtidos e aplicando equações da


eletrodinâmica, Thomson deduziu uma equação que correlacionava a carga e a massa dos
elétrons, expressa na forma:

Na qual “e” e “m” são a carga e a massa dos elétrons, “k” e “k” são constantes definidas
pelas características do aparelho e pelas intensidades dos campos elétrico e magnético
aplicados e x e y são os desvios do feixe de elétrons sob a ação de cada tipo de campo
aplicado, medidos diretamente no “vídeo” do aparelho utilizado.

22
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Usando essa equação, Thomson calculou a relação entre a carga e a massa dos
elétrons (e/m), encontrando valores sempre muito próximos de −1, 76108 C/g, mesmo
utilizando catodos de materiais diferentes ou gases diferentes nas ampolas de Crookes.

Esses resultados constituíram a prova definitiva de que os raios catódicos eram


elétrons, que estes eram iguais entre si e que estavam presentes em todo tipo de matéria,
sendo, portanto, as unidades básicas de carga negativa propostas por Stoney.

Estando convencido disso, em l897, Thomson anunciou que:

• O átomo era divisível, tendo em sua constituição partículas de carga negativa;

• Essas partículas tinham sempre as mesmas massa e carga elétrica,


independentemente do tipo de material que as emitiam.

2.6 Determinação da carga e da massa do elétron

Robert A. Milikan, através de um experimento bastante engenhoso. Para isso, ele


construiu uma câmara fechada provida de um nebulizador, dois eletrodos em forma de placas
(com a placa superior perfurada no centro), um visor com uma escala graduada e uma fonte
de raios-X.

Para realizar as experiências, Milikan acionava a fonte de raios-X e aspergia gotículas


de óleo no interior da câmara. Com isso, moléculas de ar eram ionizadas pelos raios-X e os
íons formados eventualmente captados pelas gotículas de óleo que, assim, ficavam
carregadas de eletricidade. Como consequência, quando os eletrodos estavam
despolarizados (desconectados de uma fonte de corrente contínua), as gotículas, carregadas
ou não, caíam com a mesma velocidade, submetidas, apenas, à força gravitacional e à força
de atrito com o ar.

Porém, quando as placas eram polarizadas, as gotículas eletrizadas tinham suas


velocidades modificadas e a direção do movimento podia até ser invertido, dependendo da
natureza (positiva ou negativa) da carga da gotícula e da intensidade do campo produzido
pelos eletrodos.

23
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: docente.ifrn.edu.br

Analisando os movimentos das gotículas, Milikan demonstrou que a carga de cada


gotícula podia ser expressa através da equação:

Na qual q, r, v e d eram, respectivamente, as cargas, os raios, as velocidades e a


densidade das gotículas de óleo; η era a viscosidade do ar; g a aceleração da gravidade e E
a intensidade do campo aplicado.

Com essa equação, Milikan realizou várias determinações de cargas elétricas

(q) nas gotículas de óleo, obtendo sempre valores múltiplos inteiros de −1, 6×10−19
coulombs, fato que o levou a deduzir que está deveria ser a carga do elétron.

Dispondo desse valor, tornou-se simples calcular a massa do elétron, bastando usar a
relação entre a carga e a massa (e/m = −1, 76 × 1011 C/kg), estabelecida por Thomson, o
que resultou em 9, 11 × 10−31 kg como sendo a massa do elétron.

Assim, desfez-se parte do mistério sobre a composição dos átomos. Os elétrons


estavam caracterizados. Quanto às partículas positivas, complementares aos elétrons na
constituição dos átomos, ainda havia muito a ser esclarecido. Porém, alguns pesquisadores

24
ESTRUTURA DA MATÉRIA

já vinham procurando estabelecer as suas propriedades e não demorou muito para que parte
significativa dessa tarefa fosse realizada.

2.7 As partículas positivas – a descoberta do próton

Depois da descoberta, em 1876, a primeira observação importante sobre os


constituintes positivos dos átomos foi feita em 1895 por Jean Perrin, ao demonstrar que os
raios canais eram partículas com cargas positivas. Em 1898, Wilhelm Wien determinou a
relação carga/massa dos raios canais produzidos pelo hidrogênio no tubo de Crookes,
verificando que essa relação era igual a 9,6 x 107 C/kg, sendo, portanto, quase 2000 vezes
inferior à relação encontrada para o elétron.

Posteriormente, Thomson confirmou esse resultado e concluiu que o raio canal


produzido pelo hidrogênio correspondia à partícula fundamental de carga positiva e que a sua
carga deveria ser igual (mas contrária) à do elétron.

Com esse pressuposto, após a determinação da carga do elétron, foi determinada a


massa dessa partícula, obtendo-se o valor 1,26 x 10-27 kg.

Em 1919, como resultado de experiências realizadas por Rutherford, a partícula


positiva formada a partir do hidrogênio passou a ser considerada como formadora de todos
os elementos, razão pela qual recebeu a denominação de protos (palavra grega que significa
origem) e posteriormente passou a ser chamada de próton.

Esses estudos mostraram, também, que os raios canais podiam ser diferentes para
um mesmo elemento. Um desses estudos, realizado por Thomson, em 1912, mostrou que o
neônio formava dois tipos de raios canais com massas diferentes. Mais adiante, com o
refinamento dos métodos experimentais, foi verificado que o próprio hidrogênio forma três
raios canais diferentes. Com essas observações ficou evidenciado que existiam átomos com
pesos diferentes formando um mesmo elemento químico e a esses tipos de átomos, Frederick
Soddy, em 1913, denominou de isótopos do elemento.

A existência dos isótopos desfez mais um dos equívocos dos postulados de Dalton,
que usava os pesos atômicos como parâmetro identificador. Porém, gerou a necessidade de
se encontrar outra forma para identificar os elementos, o que ocorreu ainda em 1913, através
dos trabalhos de Henry G. J. Moseley.

Nesses trabalhos, Moseley verificou que os raios-X emitidos pelos átomos dependiam
das respectivas cargas nucleares (Z) e que estas sempre correspondiam a números inteiros,
os quais foram denominados de número atômico.
25
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Logo foi observado que não só os raios-X, mas todas as propriedades dependiam do
número atômico e, por isso, esse parâmetro, que corresponde ao número de prótons em cada
átomo, foi definido como o parâmetro identificador dos elementos.

Como já se observava que a massa atômica de cada elemento era cerca de duas
vezes maior do que se esperaria, tomando como base os números atômicos, tornou-se
evidente a existência de outros componentes, além dos elétrons e dos prótons, constituindo
os átomos. Desses componentes, o mais importante é o nêutron, cuja massa é quase igual
à massa do próton e foi descoberto em 1932 por James Chadwick.

2.8 O modelo atômico de Thomson

No final do século XIX, os dados experimentais relacionados com descargas através


de gases rarefeitos e com a radioatividade (descoberta em 1896 por Henri Becquerel) já
haviam mostrado que o modelo atômico de Dalton apresentava uma série de suposições
equivocadas, tornando necessário se pensar num modelo compatível com os novos
resultados experimentais disponíveis. Essa iniciativa foi assumida por Thomson que, em
1898, tornou-se o primeiro cientista a propor um modelo atômico constituído de partículas
positivas e negativa.

Com base nos estudos sobre as relações entre as cargas e as massas dos elétrons e
dos raios canais, Thomson já sabia que os elétrons eram muito mais leves do que os átomos
como um todo. Assim, ele propôs que cada átomo seria formado por uma esfera de carga
positiva homogênea, onde ficaria quase toda a massa do átomo, com os elétrons distribuídos
simetricamente em torno dela.

Esse modelo ficou conhecido como “modelo de pudim com passas” e teve vida curta,
pois logo foi observada sua incompatibilidade com os resultados de novos experimentos
realizados, conforme será visto nos itens seguintes.

Fonte: portaleducacao.com.br

26
ESTRUTURA DA MATÉRIA

2.9 Modelo atômico de Rutherford

Rutherford esteve envolvido em muitos estudos sobre radioatividade, tendo sido o


descobridor das partículas α (alfa) e β (beta), emitidas por elementos radiativos. Num desses
estudos, realizado em colaboração com os seus alunos Geiger e

Marsden, eles pretendiam analisar o poder de penetração das partículas α sobre


alguns materiais.

O trabalho consistia em fazer incidir feixes de partículas α sobre uma lâmina de platina
(ou outros materiais) e analisar o poder de retenção ou de penetração das partículas por
essas placas.

Como o modelo atômico aceito na época considerava que os átomos eram estruturas
impenetráveis (o modelo de Thomson), havia a expectativa de que as partículas fossem
retidas. Porém, foi observado que quase todas atravessavam a lâmina, com muito poucas
sendo desviadas de sua trajetória inicial, o que podia ser visualizado pelo efeito produzido
sobre placas fluorescentes (placas de sulfeto de zinco, ZnS) colocadas em volta da lâmina
de platina.

Fonte: docente.ifrn.edu.br

A partir dessas observações, Rutherford concluiu que o átomo teria um núcleo muito
pequeno e compacto, onde se concentrariam as partículas positivas, que já se sabia serem
bem mais pesadas do que as negativas.

Como grande inovação em relação a Dalton, ele propôs que os elétrons ficariam
circulando em grandes órbitas ao redor desse núcleo, de forma semelhante aos planetas em
volta do sol, pois assim desenvolveriam uma força centrípeta que os impediria de se juntarem
ao núcleo, levados pela força de atração eletrostática.
27
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Distribuídos dessa forma, os elétrons, com cargas negativas, neutralizariam as cargas


nucleares positivas, formando os átomos no estado fundamental.

Modelo atômico de Rutherford. (a) Modelo proposto. (b) Falência por emissão da luz.
Pelas leis da eletrodinâmica, os elétrons perderiam energia e cairiam no núcleo.

O modelo de Rutherford ficou mais próximo da concepção atual do modelo atômico do


que as anteriores. Mas, a sua idéia contrariava uma das leis de Maxwell sobre a
eletrodinâmica.

Por essa lei, se um elétron circulasse em torno do núcleo de carga positiva, ele estaria
constantemente irradiando luz, perdendo energia e terminaria por colidir com o núcleo.

Porém, argumentos não eliminam fatos, e os resultados dos experimentos de


Rutherford eram muito consistentes com o modelo atômico proposto por ele. Portanto, o que
se deveria fazer era buscar explicações para as observações de Rutherford que fossem
fundamentadas em novos argumentos científicos sustentáveis.

Felizmente, isso não demorou a acontecer graças aos trabalhos de Niels Bohr, que
serão discutidos em aulas posteriores, pois agora encerraremos está aula para que você
tenha tempo de aprofundar seus estudos sobre o que já foi apresentado.

Certamente, você já percebeu que o conteúdo deste texto apresenta informações


básicas para sua aprendizagem. Mas, as atividades propostas indicam que você deve
consultar obras mais completas para ampliar e consolidar seu aprendizado. Portanto, não

28
ESTRUTURA DA MATÉRIA

perca tempo. Procure fortalecer suas bases de conhecimentos para, na próxima aula,
continuar desvendando os caminhos trilhados na construção do modelo atômico 4.

3 A NATUREZA ONDULATÓRIA DA LUZ

Podemos observar a formação de uma onda quando jogamos uma pedra na água de
um açude. O choque da pedra com a água gera uma onda na superfície que se propaga,
afastando-se do ponto da queda da pedra. Se no caminho da onda estiver um flutuador
(barco), observa-se um movimento periódico para cima e para baixo, provocado pela
sucessão de cristas e vales que se repete em intervalos de tempo regulares.

Fonte: brasilescola.uol.com.br

4
Extraído e adaptado do site: https://docente.ifrn.edu.br/denilsonmaia/evolucao-dos-modelos-atomicos
29
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Movimento periódico de um flutuador provocado pela sucessão de cristas e vales. O


número de oscilações por segundo é a frequência do flutuador.

O número de vezes que o flutuador oscila para cima e para baixo pela passagem de
uma onda completa (oscilação ou ciclo) por unidade de tempo é a frequência da onda,
representada pela letra grega ν (ni). Por exemplo, se pelo flutuador passam 10 ondas
completas em um segundo, a frequência da onda é 10 ciclos por segundo, que é igual a 10
hertz (Hz).

Em geral, a palavra ciclo é suprimida das unidades de frequência, que são dadas
apenas como “por segundo” que é o inverso do segundo (1/s ou s-1), ficando subentendido
que estão envolvidos ciclos ou oscilações (1 s-1 = 1 Hz).

A distância entre duas cristas consecutivas ou dois vales é denominado comprimento


de onda, representado pela letra grega λ (lambda), que é expresso em unidade de
comprimento, por exemplo, o metro (veja a Tabela 1). A altura da onda acima da linha central
é a amplitude da onda, representada por A.

30
ESTRUTURA DA MATÉRIA

(a) Dois ciclos completos ou duas oscilações com o comprimento de onda λ e


amplitude A percorrem

10 cm. (b) A onda tem o dobro de cristas e vales da onda em (a) e a mesma amplitude.
A frequência da onda ν em (b) é o dobro da frequência ν em (a). Em (c), a onda tem a mesma
frequência de (b), porém, a amplitude é menor.

Até agora descrevemos as características de uma onda simples. Da mesma maneira


que o flutuador na superfície do açude oscila quando uma onda passa por ele, uma partícula
carregada eletricamente é perturbada por uma radiação eletromagnética. A luz tem
características ondulatórias que provêm das oscilações dos campos elétricos e magnéticos
perpendiculares entre si, que se propaga no vácuo com velocidade constante c, de 3,00 ×
108 m s−1. A luz visível, as ondas de rádio, os raios X, micro-ondas, radiação gama são todas
radiações eletromagnéticas que diferem entre si pela ν e λ. E, quando organizadas na

31
ESTRUTURA DA MATÉRIA

sequência de comprimentos de ondas, constituem um espectro eletromagnético, veja a figura


a seguir.

Provavelmente, você já viu um arco-íris num dia chuvoso. A gama de cores do


vermelho ao violeta que compõe o arco-íris é um espectro da luz visível. Ele é formado pela
decomposição da luz branca quando passa por gotículas de água que funcionam como um
prisma.

As radiações eletromagnéticas apresentam diferentes comprimentos de onda e


frequência, mas todas se propagam no vácuo com a mesma velocidade, ou seja, a uma
velocidade constante, c. O produto da frequência, ν, pelo comprimento de onda, λ, é sempre
igual à velocidade c, na qual a onda de luz se propaga, podendo ser expressa pela equação.

Sendo m a unidade de λ e 1 s de ν, a unidade de velocidade é:

32
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Unidades mais usadas de comprimento de onda

Exemplo de exercícios

Uma radiação eletromagnética se desloca à velocidade da luz, 3 x 108 m s-1, com uma
frequência de 4,32 x 1014 oscilações por segundo.

a) calcule o comprimento de onda da radiação em nm?

Resolução:

Consultando a Tabela, vamos efetuar a conversão de metros (m) para nanômetro (nm).

33
ESTRUTURA DA MATÉRIA

3.1 Quantização de Energia

No final do século XIX, muitos cientistas estudavam o fenômeno da emissão de


radiação por um corpo aquecido, tentando entender a relação entre a temperatura, a
intensidade e o comprimento de onda da radiação emitida por esse corpo. Como as leis da
física clássica conhecida na época não proporcionavam explicações adequadas para tais
observações, Planck, em 1900, tentando explicar essas emissões, formulou uma hipótese
ousada para a época, admitido que a transmissão de energia entre os corpos ocorre através
da troca de pacotes ou quanta de energia entre eles e que as radiações se constituíam de
quanta (plural de quantum) de energia. Portanto, a energia é transferida de maneira
descontínua, ou seja, quantizada.

De acordo com Planck, a energia E de um quantum é dada pelo produto de uma


constante h, conhecida como constante de Planck, cujo valor é 6, 63 × 10−34J s, pela
frequência da radiação, ν.

E = hν

Como a energia é quantizada, só são permitidos valores de energia que sejam


múltiplos inteiros de hν. Por exemplo, 1hν, 2hν, 3hν, 4hν, . . .

E = nhν n = 1, 2, 3, 4 . . .

3.2 O efeito fotoelétrico

Desde 1887, experiências mostravam que elétrons poderiam ser ejetados de uma
superfície metálica quando esta era exposta à luz, em geral, luz ultravioleta. A explicação
para essas observações foi dada, em 1905, por Albert Einstein. Para ele, a luz não apresenta
apenas propriedades ondulatórias caracterizadas pela frequência

(ν) e pelo comprimento de onda (λ). Apresenta, também, propriedades corpusculares.


Ele admitiu que a energia radiante está quantizada em pacotes de energia, que vieram a ser
chamados de fótons. Esses fótons, de energia hν, ao colidirem com os elétrons do metal,
transferiam toda sua energia para esses elétrons, que eram ejetados da placa metálica com
uma determinada energia cinética. Tal fenômeno foi chamado de efeito fotoelétrico.

As conclusões de Einstein sobre o efeito fotoelétrico foram as seguintes.

1. Na colisão de um fóton com um elétron, toda a energia do fóton era transferida


para o elétron.

34
ESTRUTURA DA MATÉRIA

2. Os elétrons só eram ejetados da placa metálica quando a energia da radiação


incidente era maior do que a energia que mantém os elétrons ligados ao átomo na placa
metálica.

3. Os elétrons eram ejetados com uma determinada energia cinética, que variava
com a energia da radiação incidente. Quanto mais energética era a radiação que atingia a
superfície metálica, maior a energia cinética dos elétrons ejetados.

4. Um aumento na intensidade da radiação levava a um maior número de elétrons


ejetados da superfície metálica. A intensidade da radiação estava relacionada com o número
de fótons que compõe o feixe luminoso e não com sua energia.

A energia dos fótons incidente provoca a ejeção de elétrons do metal, o excesso de


energia convertese em energia cinética dos fotoelétrons. Fotoelétrons são os elétrons
ejetados da placa metálica

A equação que expressa o efeito fotoelétrico é a seguinte:

Nessa fórmula, E¡ é a energia da radiação que incide sobre a placa metálica. Eₒ, é a
energia necessária para ejetar o elétron da superfície metálica, definida como função trabalho
ou energia crítica e é um parâmetro característico de cada metal. Eᶜ é a energia cinética

35
ESTRUTURA DA MATÉRIA

adquirida pelo elétron ejetado. Só ocorrerá emissão de elétrons se E¡ > Eₒ, pois neste caso
o fóton terá energia suficiente para arrancar o elétron do metal 5.

3.3 Dualidade onda-partícula

Ao longo dos tempos o ser humano e os animais evoluíram de forma a ter uma
sensibilidade maior para a luz visível. O estudo dos fenômenos ópticos é fascinante, pois os
variados tipos de imagens podem trazer diversos tipos de emoções ao ser humano e mesmo
aos animais. Mas a evolução vem da necessidade destes seres obterem informações do meio
em que vivem.

Na história da humanidade alguns estudos resultaram em grandes descobertas.


Primeiramente, com relação à luz, estudou-se a possibilidade dela se propagar em linha reta.
Mais tarde, Isaac Newton decompõe a luz em várias cores e também consegue demonstrar
que várias cores compõe a luz branca.

Muitas discussões foram feitas com relação à luz. Quando se fala em propagação
automaticamente considera-se um deslocamento com certa velocidade.

Mas velocidade do quê? De uma onda ou de uma partícula?

Primeiramente, faz-se necessário fazer algumas considerações:

Uma onda é uma perturbação que se propaga em um meio. No caso de uma onda
eletromagnética a perturbação é do campo elétrico e do campo magnético. É um argumento
plausível para explicar a luz.

Mas alguns experimentos realizados no fim do século XIX mudam um pouco essa
concepção com relação a este importante ente físico. Entre os mais relevantes, podem ser
citados o efeito fotoelétrico, o espalhamento Compton e a produção de raios X.

Quando se faz um experimento com partículas em fenda única, observa-se uma região
de máxima incidência de partículas, conforme mostra a figura:

5
Extraído e adaptado do site: https://docente.ifrn.edu.br/denilsonmaia/modelos-atomicos-o-modelo-debohr
36
ESTRUTURA DA MATÉRIA

As partículas são colimadas por uma fenda e incidem no anteparo formando um padrão
de interferência com uma franja apenas.

Quando a onda incide em um colimador com duas fendas observa-se um padrão de


interferência com várias franjas. Isto ocorre devido ao fato de que há uma interferência
construtiva quando a intensidade máxima da onda da luz emergente de uma fenda coincide
com o máximo da onda emergente da outra fenda. Isso ocorre porque há uma diferença de
caminho da luz emergente de cada fenda. O mesmo acontece com os mínimos e forma o
padrão de interferência da figura:

Várias franjas de intensidade luminosa máxima no centro

37
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Quando a mesma experiência é realizada com partículas, o padrão deve ser formado
apenas por duas raias de máxima intensidade. Mas não é isto que se observa se a mesma
experiência for realizada com prótons, nêutrons ou elétrons. O que se observa é um padrão
de interferência! É isto que intriga os físicos: a luz se comporta ora como onda, ora como
partícula. E as partículas se comportam como onda em determinadas situações6.

4 PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELEMENTOS

A Tabela Periódica organiza os elementos químicos até então conhecidos em uma


ordem crescente de número atômico (Z – quantidade de prótons no núcleo do átomo).

Muitas propriedades químicas e físicas dos elementos e das substâncias simples que
eles formam variam periodicamente, ou seja, em intervalos regulares em função do aumento
(ou da diminuição) dos números atômicos. As propriedades que se comportam dessa forma
são chamadas de propriedades periódicas.

As principais propriedades periódicas químicas dos elementos são: raio atômico,


energia de ionização, eletronegatividade, eletropositividade e eletroafinidade. Já as físicas
são: pontos de fusão e ebulição, densidade e volume atômico7.

4.1 Raio Atômico

Medir o tamanho de um átomo é algo muito difícil porque a sua eletrosfera (região onde
os elétrons ficam girando ao redor do núcleo) não possui um limite específico. Por isso, a
forma mais comum é por meio do raio atômico, em que se considera o átomo como se ele
fosse uma esfera (modelo atômico de Dalton).

O raio é a distância compreendida entre o centro e a extremidade da circunferência e


é a metade do diâmetro da circunferência, como mostrado a seguir:

6
Extraído e adaptado do site: https://www.infoescola.com/fisica/dualidade-onda-particula/ 7
Extraído e adaptado do site: https://manualdaquimica.uol.com.br/quimica-
geral/propriedadesperiodicas.htm

38
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Algo similar aplica-se ao conceito de raio atômico. Consideram-se dois átomos de um


mesmo elemento químico como esferas que devem estar o mais próximo possível um do
outro, sem estarem ligados quimicamente. O raio atômico (r) é a metade da distância (d) entre
os dois núcleos desses átomos vizinhos.

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Para conseguir essa medida, usa-se a técnica de difração por raios X. Nela, esses
raios atravessam uma amostra de um material sólido de um único elemento químico (como
um pedaço de ferro, pois ele é sólido e é formado somente por átomos de ferro), e os átomos
ou íons que constituem esse material provocam um desvio na trajetória dos raios X. Depois
os raios X incidem sobre uma chapa fotográfica e registram a posição dos núcleos dos átomos
no material e a distância entre eles. Assim, basta dividir esse valor por dois para obter o raio
atômico, que, em geral, é medido em nanômetros (1 nanômetro é igual à bilionésima parte
de um metro (10-9 m)).

39
ESTRUTURA DA MATÉRIA

O raio atômico é uma propriedade periódica porque ele varia periodicamente em


função dos números atômicos. Podemos dizer que, na tabela periódica, o raio atômico dos
elementos cresce de cima para baixo e da direita para a esquerda:

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Para entender porque o aumento do raio atômico segue essa ordem periódica,
considere separadamente os elementos de uma mesma família e de um mesmo período.
Elementos de uma mesma família: De cima para baixo vai aumentando o número de camadas
eletrônicas. Por exemplo, na família 1, o hidrogênio possui uma camada, o lítio possui duas
camadas, o sódio possui três camadas e assim sucessivamente. Nesse sentido, aumenta
também o número atômico e, por isso, o raio do átomo também aumenta.

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

40
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Elementos de um mesmo período: Da esquerda para a direita a quantidade de elétrons


na camada de valência (camada mais externa ao núcleo) vai aumentando e todos possuem
a mesma quantidade de camadas. Por exemplo, o potássio (K) possui quatro camadas
eletrônicas e dezenove elétrons, o cálcio (Ca) possui também quatro camadas eletrônicas,
mas apresenta vinte elétrons, o escândio (Sc) também possui quatro camadas eletrônicas,
mas possui 21 elétrons, e assim por diante. Quando a quantidade de elétrons aumenta, a sua
atração pelo núcleo, que é positivo, também aumenta. Assim, nesse sentido, em razão da
atração entre o núcleo e a camada de valência, há uma contração do átomo, o que causa a
diminuição do raio atômico. É por isso que o átomo cresce no sentido contrário: da direita
para a esquerda7.

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

4.2 Energia de Ionização

Os átomos no estado fundamental possuem a mesma quantidade de prótons


(cargas positivas) e de elétrons (cargas negativas), ou seja, são neutros. Mas na formação
das ligações iônicas, ocorre a extração de um ou mais elétrons da camada de valência do
átomo, que são transferidos para outro átomo, resultando na formação de íons. O átomo que
perdeu os elétrons transforma-se em um cátion (espécie carregada positivamente).

Para “arrancar” esses elétrons do átomo isolado ou de um íon, é necessário aplicar


uma determinada quantidade de energia, que é chamada de energia de ionização (porque
houve a formação de íons) ou potencial de ionização. Assim, podemos fazer a seguinte
definição:

7
Extraído do site: https://manualdaquimica.uol.com.br//quimica-geral/raio-atomico.htm

41
ESTRUTURA DA MATÉRIA

“Energia de ionização ou potencial de ionização é a energia aplicada para retirar


um elétron do átomo (ou do íon) isolado no estado gasoso. ”

Os valores das energias de ionização podem ser expressos em eletrovolts (eV), mas
de acordo com o SI (Sistema Internacional de Unidades), eles devem ser expressos em
kJ/mol.

Quando se retira o primeiro elétron de um átomo neutro, há a primeira energia de


ionização (I1). Já a energia necessária para retirar o segundo elétron desse cátion que foi
formado é chamada de segunda energia de ionização (I2) e assim por diante. A primeira
energia de ionização é sempre menor que a segunda energia de ionização e assim
sucessivamente. Isso acontece porque, no primeiro caso, o elétron está na camada mais
externa ao núcleo e, como está mais longe dos prótons, a atração entre eles é menor, sendo
mais fácil retirar o elétron.

Por exemplo, consideremos um átomo de cobre (Cu (g)) que possui quatro níveis de
energia no estado fundamental e um elétron no subnível mais externo (4s1):

Veja que a segunda energia de ionização foi maior do que a primeira. Isso nos mostra
que a energia de ionização é uma propriedade periódica, que varia conforme o número
atômico dos átomos dos elementos da Tabela Periódica. Podemos notar também que essa
propriedade segue um padrão de variação relacionado com o do raio atômico, pois depende
da distância que os elétrons estão do núcleo, ou seja, quanto maior o raio atômico, menor a
energia de ionização e vice-versa.

Isso quer dizer que os valores das energias de ionização dos elementos crescem no
sentido oposto ao crescimento do raio atômico, ou seja, aumenta de baixo para cima e da
esquerda para a direita. Os valores das energias de ionização são medidos
42
ESTRUTURA DA MATÉRIA

experimentalmente e podemos comparar esses valores para confirmarmos esse padrão de


variação mencionado:

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Considerando os elementos em uma mesma família: A primeira energia de ionização


aumenta de baixo para cima. Isso acontece porque, conforme vai descendo, os níveis de
energia e o raio atômico vão aumentando e os elétrons vão ficando mais distantes do núcleo,
por isso fica mais fácil retirá-los. Por exemplo, o H (hidrogênio) possui somente uma camada
eletrônica, então seu elétron está bem próximo ao núcleo. Já o Cs (césio) possui seis
camadas eletrônicas, estando seus elétrons bem distantes do núcleo. É por isso que a
energia de ionização do H é bem maior (1312) que a do Cs (376).

43
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Considerando os elementos em um mesmo período: A primeira energia de ionização 8


aumenta da esquerda para a direita . Isso ocorre porque, conforme vai caminhando para a
direita, a quantidade de níveis permanece a mesma, mas a quantidade de elétrons vai
aumentando, ou seja, a atração pelo núcleo aumenta e seu raio diminui. Com isso, a energia
necessária para vencer essa força de atração precisará ser maior. Por exemplo, o Na (sódio)
e o Ar (argônio) pertencem ao terceiro período, o que significa que ambos possuem três
camadas eletrônicas, mas o Na possui somente um elétron na sua camada mais externa,
enquanto o Ar possui oito elétrons nessa camada. Por isso, a primeira energia de ionização
do Ar será bem maior (1521) que a do Na (496).

Fonte:manualdaquimica.uol.com.br

Isso significa que os maiores valores para a energia de ionização são dos elementos
situados próximos ao Hélio, ou seja, na parte superior à direita da Tabela Periódica. Por outro
lado, os menores valores são dos elementos situados próximos ao césio, na parte inferior à
esquerda da Tabela Periódica.

8
Caso queira aprofundar o tema, acesse os links: https://youtu.be/UoTe2lwXoYU ; https://youtu.be/8eR-
tO82QUQ
44
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Isso explica algumas propriedades dos elementos, como o fato de os elementos


próximos ao Césio serem metais e os elementos próximos ao hélio serem ametais. Os metais
são formados por aglomerados de átomos neutros e cátions mergulhados em uma “nuvem”
ou “mar” de elétrons deslocalizados. Isso significa que eles devem ter maior facilidade de
perder elétrons e, por isso, somente os elementos com baixa energia de ionização podem
formar sólidos metálicos. Por outro lado, os elementos no canto superior à direita não
possuem essa facilidade de perder elétrons, porque possuem altas energias de ionização e,
por essa razão, são ametais.

4.3 Eletronegatividade

A eletronegatividade é definida como a força que determinado átomo possui de atrair


os elétrons de uma ligação covalente para si.

Isso significa que a eletronegatividade é uma grandeza relativa, pois ela é analisada
por meio de uma comparação entre a capacidade que dois átomos ligados possuem de atrair
os elétrons.

Além disso, ela é uma propriedade periódica, uma vez que, à medida que o número
atômico aumenta, ela adquire valores semelhantes para intervalos regulares. Existem várias
formas de medir a eletronegatividade dos elementos, mas a forma mais conhecida e usada
é a que foi determinada pelo cientista Linus Pauling. Os valores obtidos por ele estão
presentes na imagem a seguir:

45
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

Veja que os valores da eletronegatividade crescem de cima para baixo e da esquerda


para a direita.

Fonte: manualdaquimica.uol.br

Significa que a eletronegatividade cresce com a diminuição do raio de um


átomo.

Por exemplo, quando consideramos os elementos pertencentes a uma mesma família


(coluna), vemos que o raio dos átomos vai aumentando de cima para baixo, isso ocorre
porque o número de camadas eletrônicas também vai aumentado. Com o aumento do raio
atômico, a distância entre o núcleo (positivo) e os elétrons (negativos) da última camada
eletrônica (camada de valência), que realiza a ligação covalente, fica maior e,
consequentemente, a atração entre eles diminui. Assim, a eletronegatividade dos elementos
de cima é maior que a dos elementos que ficam mais abaixo.
46
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Agora, quando consideramos os elementos pertencentes ao mesmo período (linhas),


todos eles têm a mesma quantidade de camadas eletrônicas, a diferença é que a quantidade
de elétrons na última camada aumenta da esquerda para a direita. Nesse sentido cresce,
então, a atração entre os elétrons e o núcleo, ficando menor o raio atômico e aumentando a
eletronegatividade.

Desse modo, o elemento mais eletronegativo é o Flúor (4,0) e o menos eletronegativo


é o césio (0,7).

Existe uma forma de você saber a ordem de eletronegatividade dos elementos mais
eletronegativos, que são:

F > O > N > Cl > Br > I > S > C > P > H

Os valores de suas eletronegatividades são, respectivamente:

4,0 > 3,5 > 3,0 > 3,0 > 2,8 > 2,5 > 2,5 > 2,5 < 2,1

4.4 Eletropositividade

Uma característica interessante da grande maioria dos elementos químicos é a


necessidade de adquirir estabilidade (obedecer à regra do octeto) 9, já que poucos são gases
nobres (apresentam oito elétrons na camada de valência) e, portanto, estáveis. Essa
estabilidade é adquirida quando os átomos estabelecem entre si uma ligação química
(interação entre átomos por meio dos seus elétrons e orbitais).

Um exemplo de ligação química é a que ocorre entre um átomo de sódio e um átomo


de cloro, formando o cloreto de sódio (sal de cozinha). Nessa ligação temos o envolvimento
de um átomo metálico (sódio) e um átomo ametal (cloro). A seguir temos a fórmula que
representa o cloreto de sódio:

NaCl

Ao avaliar a posição de um elemento químico na tabela periódica, podemos prever o


seu comportamento durante uma ligação química. Esse tipo de avaliação é possível com o
auxílio das propriedades periódicas (características dos elementos que dependem do período

9
Para compreender melhor esse tema acesse: https://manualdaquimica.uol.com.br/quimicageral/teoria-
octeto.htm
47
ESTRUTURA DA MATÉRIA

da tabela e do número atômico). Uma dessas propriedades periódicas é a chamada


eletropositividade ou caráter metálico.

Denomina-se eletropositividade ou caráter metálico a capacidade que um átomo


apresenta de perder elétrons quando está ligado a outro átomo.

Essa capacidade está intimamente relacionada com três fatores importantes:

1. Raio atômico: quanto maior for o raio atômico, maior será a eletropositividade.
Se o átomo é grande, a força de atração do núcleo em relação aos elétrons da periferia é
pequena, o que torna a perda do elétron mais fácil.

2. Período: quanto menor for o número atômico, maior será a eletropositividade.


Isso ocorre porque, se o número de elétrons no núcleo é pequeno, a força de atração tende
a ser menor, facilitando a perda do elétron. Assim, nos períodos da Tabela Periódica, a
eletropositividade cresce da direita para a esquerda.

Fonte:
manualdaquimica.uol.com.br

3. Família: quanto maior for o número atômico e o número de níveis, maior será a
eletropositividade. Nas famílias da Tabela Periódica, os elementos localizados abaixo uns
dos outros apresentam maior número atômico e maior número de níveis em seus átomos, o
que favorece uma menor força de atração do núcleo em relação aos elétrons da periferia.
Assim, nas famílias da tabela periódica, a eletropositividade cresce de cima para baixo.

Fonte:manualdaquimica.uol.com.br

48
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Com esses conhecimentos, ao avaliar o exemplo do NaCl, temos a certeza de que


nessa molécula quem perde elétrons na ligação química é o sódio, pois este apresenta maior
eletropositividade que o cloro10.

Fonte:manualdaquimica.uol.com.br

4.5 Eletroafinidade ou afinidade eletrônica

A afinidade eletrônica ou eletroafinidade, que é uma das propriedades periódicas


existentes, avalia a quantidade de energia liberada quando um átomo em seu estado
fundamental (neutro) recebe um elétron. A equação a seguir representa a afinidade
eletrônica:

X(g) + e → X-(g) + energia

A afinidade eletrônica é uma propriedade extremamente difícil de ser medida. Muitos


elementos não apresentam o valor dela definido experimentalmente e, em alguns casos, essa
propriedade é teórica ou foi calculada em função do número atômico. Em outros casos, ela é
simplesmente ignorada, como no caso dos gases nobres, que apresentam orbitais completos
(ns2 np6) na camada de valência e são muito estáveis.

Existem casos em que o valor da afinidade eletrônica é negativo, o que significa que,
ao receber um segundo elétron, o átomo absorve energia, e não a libera (isso ocorre
principalmente quando o átomo se tornou um ânion após receber um primeiro elétron). Veja
as equações a seguir que representam esse fato:

10
Extraído e adaptado do site: https://manualdaquimica.uol.com.br/quimicageral/eletropositividade.htm

49
ESTRUTURA DA MATÉRIA

O(g) + e- → O-(g) + energia

O-(g) + e- → O-2(g)
Observação: Existe força de repulsão entre o ânion formado na primeira adição e o
segundo elétron que está sendo adicionado. Isso faz com que uma energia seja gasta para
que esse novo elétron entre no ânion.

Ao estudar a Tabela Periódica, é possível comparar a afinidade eletrônica de vários


elementos químicos. Para isso, vamos levar em consideração três aspectos:

Raio atômico: quanto menor for o tamanho de um átomo, maior será a sua afinidade
eletrônica. Isso ocorre porque a força de atração do núcleo em relação aos elétrons da
periferia é maior.

↓R. A – ↑A.E

↑R.A – ↓A.E
1. Período:

Em um mesmo período, quanto maior for o número atômico, maior será a afinidade
eletrônica. Isso ocorre porque quanto mais prótons existirem no núcleo, maior será a força de
atração nuclear em relação aos elétrons da periferia. Por isso, no período, a afinidade
eletrônica cresce da esquerda para a direita.

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

2. Família: em uma mesma família, quanto menor for o número atômico e o


número de níveis, maior será a afinidade eletrônica.

Na família, os elementos localizados acima um do outro apresentam menor número


atômico e menor número de níveis em seus átomos, o que favorece uma maior força de
atração do núcleo em relação aos elétrons da periferia. Assim, em uma família da Tabela
Periódica, a afinidade eletrônica cresce de baixo para cima.
50
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte:manualdaquimica.uol.com.br

Após todas essas informações passadas, é fácil chegar à conclusão de que o elemento
químico com a menor afinidade eletrônica é o Frâncio, enquanto o elemento de maior
afinidade eletrônica é o flúor. Todavia, como toda regra tem exceções, a análise do
comportamento dessa propriedade periódica diretamente na tabela é apenas uma previsão,
já que o elemento de maior afinidade eletrônica é o Cloro.

Abaixo temos um esquema geral da afinidade eletrônica na Tabela Periódica11:

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

11
Extraído e adaptado do site: https://manualdaquimica.uol.com.br/quimica-geral/afinidadeeletronica.htm

51
ESTRUTURA DA MATÉRIA

5 LIGAÇÕES QUÍMICAS

Ao nosso redor vemos uma grande diversidade de substâncias. Elas se diferenciam


por muitos aspectos, como cor, estado físico (sólido, líquido e gasoso), cheiro, sabor,
capacidade de entrar em combustão, pontos de fusão e ebulição, densidade etc.

Isso se deve à capacidade que o átomo tem de combinar com outros átomos, seja de
um mesmo elemento, seja de um elemento diferente, com a finalidade de realizar ligações
químicas.

Em 1920, Gilbert Newton Lewis chamou essa propriedade de chemical bond, que em
português significa ligação química. Assim, a ligação química se estabelece quando átomos
combinam (reagem) entre si.

No entanto, surgem algumas questões:

Por que o átomo possui essa tendência de realizar ligações químicas?

E por que determinados átomos se sentem mais atraídos em realizar ligações com
átomos de certos elementos do que com outros?

Bom, a ligação química se estabelece entre os elétrons da camada mais externa da


eletrosfera (camada de valência). Para tanto, duas características são essenciais:

A força de atração eletrostática que existe entre as cargas elétricas de sinais opostos;

A tendência que os elétrons têm de formar pares.

Em 1916, Gilbert N. Lewis e Walter Kossel observaram que, na natureza, apenas os


gases nobres (elementos da família 18, VIIIA ou 0 da tabela periódica) eram encontrados
isolados na natureza. Isso acontecia porque eles tinham uma característica que os outros
átomos não tinham: todos os elementos dessa família (com exceção do hélio, que tem apenas
uma camada eletrônica) possuem a camada de valência de seus átomos preenchida com
oito elétrons.

Associando essa observação com as ligações realizadas pelos átomos dos elementos
das outras famílias da Tabela Periódica, eles criaram uma hipótese chamada de regra ou
teoria do octeto, que está enunciada a seguir:

52
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Assim, para ficar estável, o átomo troca elétrons (compartilhando ou recebendo e


doando), com a finalidade de possuir oito elétrons na camada de valência. As principais
ligações químicas são três12:

Fonte: saberenemquimicaefisica.com.br

5.1 Ligação Iônica

Ligação iônica é o nome dado a uma das três formas como os átomos podem interagir
entre si. As outras formas de interação entre átomos são a ligação covalente, que ocorre
entre átomos de ametais, hidrogênios, ou ametal e hidrogênio, e a ligação metálica, a qual
acontece somente entre átomos de um mesmo metal.

Os átomos dos elementos químicos que participam da ligação iônica devem


apresentar, obrigatoriamente, a natureza de ganhar ou perder elétrons, assim, a ligação
iônica pode ocorrer entre:

12
Extraído e adaptado do site: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/ligacoes-quimicas.htm
53
ESTRUTURA DA MATÉRIA

• um metal e um ametal;

• um metal e o hidrogênio.

As fórmulas dos compostos formados a partir de ligação iônica sempre apresentam


um padrão YX, em que o Y sempre será o elemento metálico. Dessa forma, para identificar
um composto iônico, basta verificar se a fórmula inicia com um elemento metálico.

5.2 Princípio da ligação iônica

Para um melhor entendimento de como ocorre uma ligação iônica, vamos utilizar a
substância iônica mais conhecida entre nós, o cloreto de sódio (NaCl). Nesse composto
iônico, estão os elementos:

• Sódio: elemento metálico, pois possui característica de perder elétron;


pertencente à família IA, de número atômico 11, com um elétron na camada de valência,
como podemos observar na distribuição eletrônica abaixo:

Distribuição eletrônica do elemento sódio:

A perda de elétron ocorre com relação aos elétrons que estão na camada de valência,
logo, o átomo de sódio perde apenas um elétron. Com isso, ele passa a ter uma nova camada
de valência, a segunda, que contém oito elétrons (obedecendo, assim, a regra do octeto).

Nova camada de valência do elemento sódio

54
ESTRUTURA DA MATÉRIA

• Cloro: elemento ametálico, pois possui característica de ganhar elétron;


pertencente à família VIIA, de número atômico 17, com sete elétrons na camada de valência,
como podemos observar na distribuição eletrônica abaixo:

Distribuição eletrônica do elemento cloro:

O ganho de elétron ocorre na camada de valência, dessa forma, o átomo de cloro


ganha um elétron, pois falta apenas um para atingir a regra do octeto. Com isso, ele passa a
ter oito elétrons na sua camada de valência.

Nova camada de valência do elemento cloro

Obs.: Assim, de uma forma geral, seguindo a regra do octeto, na ligação iônica, o
metal, ao perder seus elétrons na camada de valência, torna-se estável, pois passará a ter
uma nova camada de valência com dois (desde que seja no primeiro nível) ou oito elétrons.
Com os ametais ou o hidrogênio não é diferente, pois, ao ganhar elétrons, passarão a ter dois
ou oito elétrons na camada de valência.

Construção das fórmulas químicas dos compostos formados por ligação iônica

Para construir a fórmula de uma substância formada a partir da ligação iônica,


devemos obedecer ao seguinte padrão:

• Determinar a carga do cátion;

• Determinar a carga do ânion;

• Cruzar as cargas, de forma que a carga do cátion seja o índice atômico (número
à direita da sigla) do ânion, e vice-versa.

1º Exemplo: Fórmula com os elementos alumínio e bromo.


55
ESTRUTURA DA MATÉRIA

• Alumínio: é um metal, por isso, tem a tendência de perder elétron; da família


IIIA, pois possui três elétrons na camada de valência, logo, sua carga é +3;

• Bromo: é um ametal, por isso, tem a tendência de ganhar elétron; da família


VIIA, pois possui sete elétrons na camada de valência, logo, sua carga é -1; O número 3,
referente à carga do alumínio, será o índice do bromo, e o número 1, referente à carga do
bromo, será o índice do alumínio.

Como a carga do alumínio é +3 e a do bromo é -1, assim, a fórmula do composto iônico


será AlBr3.

2º Exemplo: Fórmula com os elementos magnésio e hidrogênio.

• Magnésio é um metal, por isso, tem a tendência de perder elétron; da família


IIA, pois possui dois elétrons na camada de valência, portanto, sua carga é +2;

• Hidrogênio: não é ametal, porém, quando próximo a um metal, apresenta a


tendência de ganhar elétron; não pertence a nenhuma família, pois possui um elétron na
camada de valência. Assim, sua carga é -1;

• O número 2, referente à carga do magnésio, será o índice do hidrogênio, e o


número 1, referente à carga do hidrogênio, será o índice do magnésio.

Como a carga do magnésio é +2 e a do hidrogênio é -1, logo, a fórmula do composto


iônico será MgH2.

Características dos compostos químicos formados por ligação iônica

De uma forma geral, os compostos iônicos, isto é, substâncias formadas mediante


ligação iônica, apresentam as seguintes características:

• São sólidos à temperatura ambiente;

• Seus átomos organizam-se de uma maneira a produzir um retículo cristalino

(um cristal).

Obs.: Nos compostos iônicos, os átomos aglomeram-se de forma a ocupar os vértices


de estruturas cristalinas. No cloreto de sódio, por exemplo, um ânion cloreto (esfera roxa)
interage ao mesmo tempo com seis cátions sódio (esferas verdes):

Representação da estrutura cristalina do cloreto de sódio

56
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br

• São solúveis em água;

• São capazes de realizar o fenômeno da dissociação (liberação de íons) quando


sofrem fusão, ou seja, quando passam do estado sólido para o estado líquido, ou quando
estão dissolvidos em água;

• Apresentam elevados pontos de fusão e de ebulição;

• Possuem brilho;

• Conduzem corrente quando dissolvidos em água ou após sofrerem o processo


de fusão13.

5.3 Ligação Covalente

A ligação covalente é um tipo de ligação química que ocorre com o compartilhamento


de pares de elétrons entre átomos que podem ser o hidrogênio, ametais ou semimetais.

Segundo a teoria ou regra do octeto, os átomos dos elementos ficam estáveis quando
atingem a configuração eletrônica de um gás nobre, ou seja, quando eles possuem oito
elétrons em sua camada de valência (camada mais externa) ou dois elétrons — no caso de
possuírem somente a camada eletrônica K.

Assim, seguindo essa regra, os átomos dos elementos mencionados possuem a


tendência de ganhar elétrons para alcançarem a estabilidade. Por exemplo, o hidrogênio no

13
Extraído e adaptado do site: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/ligacao-ionica.htm
57
ESTRUTURA DA MATÉRIA

estado fundamental possui somente um elétron na sua camada eletrônica; assim, para ficar
estável, ele precisar receber mais um elétron de outro átomo.

Se tivermos dois átomos de hidrogênio, ambos precisarão receber um elétron cada.


Por isso, em vez de transferirem elétrons (como ocorre na ligação iônica), eles farão uma
ligação covalente em que compartilharão um par de elétrons. Desse modo, ambos ficarão
com dois elétrons, adquirindo a estabilidade:

Ligação covalente de formação do gás hidrogênio:

Essa forma de representar as ligações químicas, em que os elétrons da camada de


valência são colocados ao redor do símbolo do elemento como “pontinhos”, é chamada de
fórmula eletrônica de Lewis. Nela, cada par de elétrons compartilhado em uma ligação
covalente é representado por um “enlaçamento” entre os dois pontinhos.

Existe outra forma de representar as ligações covalentes, que é por meio da fórmula
estrutural. Nessa fórmula, cada par compartilhado é representado por um traço. Veja:

Representação das ligações covalentes em fórmulas estruturais

Assim, a ligação que forma o gás hidrogênio é representada da seguinte forma: H─H.
E sua fórmula molecular é H2.

Visto que o hidrogênio é capaz de realizar somente uma ligação covalente, dizemos
que ele é monovalente. Veja na tabela a seguir a quantidade de ligações covalentes que os
principais ametais e semimetais podem realizar:

58
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Possibilidades de realização de ligação covalente dos ametais e semimetais principais


da Tabela Periódica

Com base nisso, consideremos agora a molécula de dióxido de carbono (CO2). O


carbono, que pertence à família 14, possui quatro elétrons na última camada, como mostrado
na tabela, e precisa fazer quatro ligações covalentes para ficar estável. Já o oxigênio é da
família 16, possui seis elétrons na camada de valência e precisa realizar duas ligações. Desse
modo, o carbono compartilha dois pares de elétrons ou faz duas ligações duplas com cada
átomo de oxigênio. Veja como ficam as fórmulas eletrônica e estrutural, respectivamente, do
dióxido de carbono:

Fórmula eletrônica e estrutural do dióxido de carbono.

Veja mais exemplos a seguir:

59
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Exemplos de ligações covalentes (fórmulas eletrônicas)

Mas existe um tipo especial de ligação covalente. Estude sobre ela no texto Ligação
Covalente Dativa15.

O dióxido de carbono é formado por ligações covalentes entre o carbono e dois átomos
de oxigênio.

5.3.1 Ligação Covalente Dativa

Ligação covalente dativa ocorre quando um átomo compartilha seus elétrons. Essa
ligação obedece à Teoria do Octeto, onde os átomos se unem tentando adquirir oito elétrons
na camada de valência para atingir a estabilidade eletrônica.

Exemplo: formação de dióxido de enxofre (SO 2).

Fonte: https://bit.ly/31bEaQs

O átomo de enxofre (S) adquire seu octeto através da ligação com o oxigênio
localizado à esquerda (ligação dupla coordenada). O oxigênio à direita necessita de elétrons
para completar a camada de valência, e então o enxofre doa um par de elétrons para esse
oxigênio. Essa transferência de elétrons é indicada pelo vetor (seta) e corresponde à ligação
covalente dativa.

60
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Vejamos o compartilhamento de elétrons na formação do composto Sulfato,


onde um átomo central de enxofre estabelece ligações covalentes com quatro átomos de
oxigênio.

Fonte: manualdaquimica.uol.com.br

As setas vermelhas indicam as ligações dativas e os traços indicam o


compartilhamento de elétrons. Na ligação dativa, o átomo de enxofre "doa" um par de elétrons
para cada átomo de oxigênio, estes, por sua vez, atingem a estabilidade eletrônica14.

5.4 Ligação Metálica

As propriedades de uma ligação são diferentes das propriedades dos seus elementos
constituintes. Os metais quando analisados separadamente possuem características únicas
que os diferem das demais substâncias: eles são sólidos à temperatura ambiente (25°C) e
apresentam cor prateada.

A estrutura atômica dos metais é a Cristalina, que se constitui por cátions do


metal envolvidos por uma nuvem de elétrons. A capacidade que os metais têm de conduzir
eletricidade se explica pela presença dessa nuvem de elétrons, que conduz corrente elétrica
nos fios de eletricidade, não só neles, mas em qualquer objeto metálico.

Fonte: blog.maxieduca.com.br

14
Extraído e adaptado do site: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/ligacao-covalentedativa.htm
61
ESTRUTURA DA MATÉRIA

As ligas metálicas possuem algumas particularidades que os metais puros não


apresentam. Justamente por isso, são produzidas e utilizadas em abundância.

Vejamos as propriedades das ligações metálicas:

Aumento da dureza: se pegarmos, por exemplo, o elemento Ouro (Au) da forma como
é encontrado na natureza não conseguiríamos fabricar nenhum objeto consistente, pois ele
é mais maleável que a grande maioria dos metais. Mas se adicionarmos a ele a prata (Ag) e
o cobre (Cu) formaremos uma ligação metálica, aumentando a dureza e permitindo sua
utilização para fabricar joias, como anéis, pulseiras, relógios, etc.

Essa liga metálica é também conhecida por Ouro 18 quilates e apresenta 75% em
massa de ouro e os outros 25% correspondem à prata e ao cobre.

Aumento da resistência mecânica: para fabricar materiais que tenham maior


resistência ao manuseio, é preciso recorrer à ligação entre os metais. O aço, por exemplo, é
formado por ferro (Fe) e carbono (C). Essa liga fica tão resistente que é usada na fabricação
de peças metálicas que sofrem tração elevada. Exemplos:

Aço cirúrgico: é usado para a obtenção de instrumentos cirúrgicos, por apresentar alta
resistência à oxidação.

Aço inox: é uma liga dos metais ferro (Fe), carbono (C), cromo (Cr) e níquel (Ni); é
usada para fabricar talheres para cozinha, peças de carro, etc15.

5.5 Teoria do Octeto

Teoria do Octeto está sustentada pelo seguinte postulado: Átomos compartilham


elétrons até atingirem a configuração eletrônica de um gás nobre, que possuem 8 elétrons na
camada mais externa, ou seja, na camada de valência.

Com o desenvolvimento dos estudos sobre propriedades da matéria, ligações


químicas e do elétron, tornou-se uma necessidade saber como os átomos se agrupam para
compor os materiais bem como saber explicar as propriedades químicas e físicas desses
materiais. Neste sentido, o químico norte-americano Gilbert Newton Lewis (1875 a 1946) e o
físico alemão Walter Ludwig Julius Kossel (1888 a 1956) desenvolveram a teoria do octeto.

15
Extraído e adaptado do site: https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/ligacao-metalica.htm
62
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Para Lewis e Kossel a valência de um átomo no seu estado fundamental pode ser
compreendida como a capacidade de um átomo, perder, ganhar ou compartilhar um par de
elétrons a fim de promover um abaixamento de energia para formar uma ligação química. Isto
é, o ganho ou a perda de elétrons dentro de um fenômeno reativo é compensatório do ponto
de vista energético quando os átomos se agrupam na conformação estrutural de maior
estabilidade eletrônica. Os agrupamentos de átomos são mais estáveis quando comparados
aos átomos isolados no estado gasoso.

Os gases nobres são os únicos elementos mais estáveis (inertes) que existem como
átomos isolados em seu estado gasoso. Com exceção do gás hélio (He) que é estável com
dois elétrons na camada mais externa de energia (camada de valência), os demais gases
nobres apresentam a configuração eletrônica: ns2np6, ou seja, apresentam 8 elétrons na
camada de valência.

Portanto, a teoria do octeto estabelece que os átomos tendem a perder, ganhar ou


compartilhar elétrons atingindo a configuração eletrônica de um gás nobre, pois a teoria
sugere que o estado de maior estabilidade eletrônica é o arranjo de átomos com 8 elétrons
na camada de valência.

Vejamos alguns exemplos:

– O elemento cloro (Cl) de Z = 17, apresenta a seguinte configuração eletrônica:

Cl → 1s22s22p63s23p5

São sete elétrons na camada de valência (3s23p5). Para completar o octeto os átomos
de cloro atraem um elétron para si, ou seja, o Cl ganha 1 elétron. Desse modo:

Cl⁻→ 1s22s22p63s23p6 Z= 18

O íon cloreto (Cl ) apresenta 8 elétrons na camada de valência, pela teoria, esta
espécie química apresenta a configuração eletrônica de maior estabilidade energética.

63
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Os não metais que têm a camada de valência quase completa, tendem a ganhar
elétrons para completar o octeto. Exemplos desses elementos se encontram na família 6A e
7A da tabela periódica.

– O elemento Oxigênio (O) de Z = 8, apresenta a seguinte configuração eletrônica:

O → 1s22s22p4

São seis elétrons na camada de valência (2s22p4). Para completar o octeto os átomos
de oxigênio atraem dois elétrons para si, ou seja, o O ganha 2 elétrons. Deste modo, na
formação da molécula de água, por exemplo, cada Hidrogênio (H) compartilha 1 elétron com
o O. Assim, para completar o octeto, tem-se:

O carbono (C) apresenta 4 elétrons de valência, podem compartilhar quatro elétrons


para completar o octeto. O Nitrogênio (N) apresenta 5 elétrons na camada de valência, podem
compartilhar 3 elétrons para completar o octeto. Exemplos:

O elemento Sódio (Na), metal alcalino da família 1A de Z = 11, apresenta a


seguinte configuração eletrônica:

Na → 1s22s22p63s1

Há 1 elétron na camada de valência (3s1). Neste caso, o Na perde 1 elétron para ficar
com a camada anterior com o octeto completo. Deste modo, tem-se:

Na+ → 1s22s22p6

O cátion Na+ apresenta 8 elétrons na camada mais externa, pela teoria, esta espécie
química apresenta a configuração eletrônica de maior estabilidade energética.

Os metais alcalinos e alcalinos terrosos têm tendência a perder elétrons para ficar com
o octeto completo.
64
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Neste sentido, o átomo de Na perde um elétron formando um cátion (Na + : 1s22s22p6)


ficando com 8 elétrons na camada de valência. A tendência do cloro é receber 1 elétron para
completar a camada de valência, formando um ânion (Cl :

1s22s22p63s23p6). Desse modo, temos:

5.5.1 Tendências das famílias

5.5.2 Exceções à Teoria do Octeto

Alguns elementos são exceções e não correspondem a teoria do octeto, essa


característica está relacionada com as propriedades dos elementos e da forma como os
átomos se organizam para compor uma molécula, estrutura ou composto.
65
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Esses elementos são considerados exceções devido ao tamanho do raio iônico, da


quantidade de elétrons que os átomos desses elementos podem acomodar na camada de
valência (excesso ou deficiência de elétrons). Desta forma, são estáveis mesmo com um
número de elétrons menor ou maior que oito na camada de energia mais externa. Exemplos:

– Hidrogênio – Acomoda no máximo 2 elétrons na camada de valência, portanto,


compartilha somente 2 elétrons com outro átomo para formar um composto.

H = 1s1 → Camada de valência (CV)

Exemplos: H2; CH4.

– Berílio: o berílio possui 2 elétrons na camada de valência, portanto faz duas


ligações covalentes podendo acomodar dois pares de elétrons ao seu redor.

Be = 1s22s2 → CV

Exemplo: BeCl2.

– Boro: o boro possui 3 elétrons na camada de valência formando 3 ligações


covalentes, podendo acomodar até 6 elétrons no subnível p. Por ser uma espécie deficiente
em elétrons apresenta tendência a receber um par de elétrons de outro átomo ou íon para
completar o octeto.

B = 1s22s22p1 → CV

Exemplo: BF3.

– Alumínio: Haletos de alumínio podem compor estruturas cujo o Al apresenta


deficiência de elétrons.

Al = 1s22s22p63s23p1 → CV

Exemplo: Al2Cl6;AlCl3

66
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Elementos não metálicos do terceiro período da tabela periódica ou de períodos mais


abaixo, apresentam orbitais disponíveis podendo acomodar mais de 4 pares de elétrons de
valência ou até 5, 6 ou 7 pares a mais. É o que chamamos de camada de valência expandida,
como por exemplos, o P; Si; S. Isso se deve ao tamanho do átomo central na configuração
de uma estrutura química. Átomos grandes acomodam um número maior de átomos ao seu
redor. Por exemplo, átomos de fósforo (P) são maiores do que os átomos de nitrogênio (N),
isso explica por que o composto PCl5 é conhecido enquanto o NCl5, não.

Na formação do PCl5 gasoso, a camada de valência é expandida acomodando 10


elétrons, ou seja, são 5 pares de elétrons na camada de valência.

Outros exemplos de elementos que podem formar ligações com camada de valência
expandida: Sn, S, As, Se, Cl, Br, I.

5.5.3 Teoria do Octeto

A regra do octeto é uma regra química básica que permite a fácil memorização de
certas propriedades atômicas. De acordo com esta regra prática útil, muitos átomos, se não
a maioria, tentarão perder ou ganhar elétrons para ter um total de oito na concha externa. Os
cientistas descobriram que um átomo é mais estável com oito elétrons na camada externa, e
os átomos parecem tentar e mover-se para este equilíbrio.

A popularidade da regra de octeto é geralmente atribuída a Gilbert Lewis, um cientista


nascido em Massachusetts e professor do início do século XX.

Enquanto ensinava na Universidade de Harvard em 1902, Lewis baseou-se em sua


própria pesquisa, bem como a de um contemporâneo, químico alemão Richard Albegg, para
criar um modelo para a regra de octeto.

67
ESTRUTURA DA MATÉRIA

A idéia tinha sido em torno de algum tempo, embora Lewis foi o primeiro a visualizar o
conceito, teorizando que os átomos tinham uma estrutura cúbica concêntrica que tinha oito
cantos, criando assim o desejo de oito elétrons.

A regra do octeto do termo foi popularizada por um outro químico que trabalhou no
mesmo conceito, um cientista americano nomeado Irving Langmuir.

A estabilidade e reatividade de um átomo está geralmente relacionada à configuração


de seus elétrons. Gases nobres, como néon, argônio, criptônio e xenônio, tendem a ter oito
elétrons na camada de energia externa. O hélio é uma grande exceção à regra do octeto,
tendo apenas dois elétrons. Quando um átomo tem oito elétrons, geralmente é considerado
estável e geralmente não reage com outros elementos. Átomos com menos de oito elétrons
são muitas vezes muito mais reativos, e irá juntar-se ou criar ligações com outros átomos
para tentar alcançar o nível de octeto.

Fonte: portalsaofrancisco.com.br

Átomos com menos de oito elétrons muitas vezes juntam-se ou criam ligações com
outros átomos para tentar alcançar o nível de octeto

Químicos e estudantes perplexos são rápidos em apontar que a regra de octeto não
deve ser realmente considerada uma regra em tudo, pois há muitas exceções ao
comportamento.

68
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Isso não é surpreendente. Como os elementos são tão amplamente variável no


comportamento em outros casos, seria extremamente incomum para todos para subscrever
a esta regra interessante.

O hidrogênio, por exemplo, tem apenas um elétron, o que o impede de ter espaços
suficientes para que outros sete elétrons se prendam de outros átomos.

Berílio e boro, têm apenas dois e três elétrons, respectivamente, e da mesma forma
nunca poderia chegar a um octeto completo.

Alguns átomos, como o enxofre, podem realmente ter mais de oito elétrons na camada
externa. O enxofre tem seis elétrons, mas ordinariamente só dois estão disponíveis para a
ligação. Às vezes, ocorre um processo de absorção de energia, fazendo com que todos os
seis elétrons fiquem alvoroçados e disponíveis para colagem, fazendo um total de 12 elétrons
possíveis na camada externa16.

6 INTERAÇÕES MOLECULARES

Quando moléculas, átomos ou íons aproximam-se uns dos outros, dois fenômenos
podem ocorrer: (i) eles podem reagir ou (ii) eles podem interagir. Uma reação química por
definição requer que ligações químicas sejam quebradas e/ ou formadas. Usualmente as
energias envolvidas neste processo variam entre 50 e 100 kcal.mol-1. Uma interação química
significa que as moléculas se atraem ou se repelem entre si, sem que ocorra a quebra ou
formação de novas ligações químicas. Estas interações são frequentemente chamadas de
interações não covalentes ou interações intermoleculares. As energias envolvidas em tais
tipos de interações são muito menores que aquelas envolvidas em processos reativos,
variando usualmente entre 0,5 a 10 kcal.mol-1.

As interações intermoleculares estão intimamente relacionadas com as propriedades


termodinâmicas de líquidos, sólidos e gases. Logo, o entendimento de tais forças
intermoleculares é de extrema relevância se quisermos entender o comportamento de
sistemas químicos a nível molecular. Como exemplo, a Figura 1 mostra como a temperatura
de ebulição de hidrocarbonetos (compostos contendo somente carbono e hidrogênio) varia
com o número de átomos de carbono presentes na molécula. A temperatura de ebulição de
um composto é a temperatura na qual um sistema líquido passa para a fase gasosa, que tem

16
Extraído e adaptado do site: https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/teoria-do-octeto
69
ESTRUTURA DA MATÉRIA

uma relação direta com as forças entre as moléculas constituintes do líquido. Pode-se ver na
Figura 1 que a temperatura de ebulição varia linearmente com o número de átomos de
carbono.

É interessante perceber na Figura 1 que o único fator diferenciador entre uma molécula
e outra é a quantidade de átomos de carbono presentes. Entretanto, estas moléculas
possuem um comportamento macroscópico completamente diferente. CH4 é um gás à
temperatura ambiente e C8 H18 é um líquido. Esta e outras característica, como será
mostrado adiante, estão intimamente relacionadas com a natureza das interações existentes
entre as moléculas.

Variação da temperatura de ebulição com o número de átomos de carbono para os


hidrocarbonetos lineares.

A Tabela 1 ilustra como as propriedades de um sistema químico estão intimamente


relacionadas com a sua composição e estrutura tridimensional. Nesta tabela, são mostrados
compostos com massas moleculares aproximadamente iguais, mas, que à temperatura
ambiente existem em diferentes fases: butano (gás), acetona e álcool isopropílico (líquidos).
É interessante perceber que dos dois líquidos, acetona e álcool isopropílico, a única diferença
entre eles é a substituição de um grupo C=O por um grupo C-OH.

Esta mudança é suficiente para alterar completamente as características dos dois


líquidos. Como pode ser visto, a acetona é um líquido muito mais volátil que o álcool
isopropílico. A substituição dos grupos funcionais é acompanhada de uma mudança na
estrutura tridimensional da molécula, que irá afetar completamente a maneira na qual elas

70
ESTRUTURA DA MATÉRIA

irão interagir no líquido. Também é mostrado na Tabela 1, os diferentes tipos de interação


intermolecular, que serão explicados adiante, para os três compostos.

Relação entre a estrutura e propriedades químicas.

Para finalizar com os exemplos, cabe salientar que as interações intermoleculares e


seu entendimento ganham sua expressão máxima em sistemas biológicos. As moléculas da
vida (DNA, RNA, proteínas etc.) são mantidas em suas estruturas tridimensionais através de
interações intra e intermoleculares.

Uma vez que a estrutura tridimensional molecular é responsável pela atividade


biológica específica destas moléculas, percebe-se então a importância do entendimento de
tais interações. Um fato interessante, que até hoje não é bem entendido, é o porquê ou como
estas moléculas biológicas adquirem sua estrutura tridimensional. Como exemplo, uma
proteína é sintetizada como uma sequência linear de aminoácidos que se enovelam no
espaço dando origem à sua estrutura tridimensional única, que irá ditar se esta proteína terá
características estruturais ou enzimáticas. Um outro fato interessante a ser mencionado é
que todos os processos orgânicos vitais estão relacionados com o reconhecimento molecular
específico inter e intramolecular. Estes processos podem ser definidos como sendo
interações fracas, usualmente reversíveis e altamente seletivas entre duas moléculas
(intermolecular) ou dentro da macromolécula biológica (intramolecular). Um exemplo das
interações intermoleculares específicas que mantém a estrutura tridimensional em hélice do
DNA é mostrado na Figura 2.
71
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Estrutura tridimensional da molécula de DNA. (A) modelo de espaço preenchido. (B)


modelo bola e vareta. (C) interações intermoleculares específicas (ligações de hidrogênio)
entre os pares de bases.

Este capítulo tem por objetivo fornecer uma descrição qualitativa dos principais tipos
de interações intermoleculares que atuam nos sistemas químicos, e mostrar como o
entendimento de tais interações pode auxiliar na racionalização de propriedades
macroscópicas observáveis.

6.1 Descrição das forças intermoleculares

Sob um ponto de vista histórico, o efeito das interações intermoleculares e sua


manifestação sobre o comportamento de sistemas químicos começou a mais de dois séculos
atrás com os experimentos pioneiros em sistemas gasosos realizados por cientistas como
Robert Boyle, Jacques Charles, Joseph-Louis Gay-Lussac e Johannes van der Waals. A
combinação das relações obtidas por Boyle, Charles e Gay-Lussac levou à conhecida
equação de estado dos gases ideais:

72
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Onde P é a pressão, V é o volume, T a temperatura, n o número de moles do gás


contidos no recipiente e R é a constante universal dos gases ideais. Um gás ideal é, por
definição, um sistema gasoso constituído de partículas pontuais e não interagentes, isto é,
não existe nenhuma interação entre as partículas constituintes do gás, quer sejam átomos ou
moléculas. A análise da equação de estado dos gases ideais (Equação 1) nos revela algumas
curiosidades. Por exemplo, a uma dada pressão e temperatura, 1 mol de qualquer gás
ocupará o mesmo volume. Isto é devido ao fato que a equação dos gases ideais não
contempla nenhuma informação inerente ao sistema gasoso sob estudo, o que faz com que
as propriedades termodinâmicas calculadas sejam as mesmas para qualquer gás.

Os desvios do comportamento ideal dos gases podem ser vistos quando o fator de
compressibilidade, Z, que é definido como mostrado na Equação (2), é representado
graficamente em função de P a várias temperaturas.

As forças de interação intermoleculares fazem com que Z desvie do valor ideal de 1.


As interações intermoleculares surgem devido às forças intermoleculares, que são
essencialmente de natureza elétrica, e fazem com que uma molécula influencie o comporta
mento de outra molécula em suas proximidades. Estas forças são responsáveis pelo desvio
do comportamento ideal dos gases, e são mais efetivas nas fases líquida e sólida da matéria.
Uma vez que estas forças intermoleculares se originam do contato não reativo entre duas
moléculas, é natural pensarmos que as forças intermoleculares tenham um comportamento
que varie com o inverso da distância de separação entre as moléculas interagentes, isto é,
as interações serão mais fortes para pequenas distâncias de separação entre as moléculas.
Tal fato faz com que as interações intermoleculares possam ser agrupadas em interações de
curto alcance (aquelas que atuam a pequenas distâncias de separação intermolecular) e
interações de longo alcance, que atuam a grandes distâncias de separação intermolecular.

Para ilustrarmos como se dá a formação de um complexo intermolecular (espécie


formada pela interação entre duas moléculas), considere a seguinte situação: uma molécula
A interage com uma molécula B, produzindo a espécie A-B, como é exemplificado na Figura
3.
73
ESTRUTURA DA MATÉRIA

O ganho adicional de energia devido às interações intermoleculares no complexo A-B,


pode ser obtido da seguinte forma:

Esta energia intermolecular pode então ser decomposta nos seus vários componentes:

Logo, as principais contribuições energéticas para a estabilização do complexo


intermolecular A-B podem ser encontradas. A pergunta que se torna imediata é: quais são as
forças intermoleculares responsáveis pelas interações (energias) de curto e longo alcance?

Formação de um complexo intermolecular entre duas moléculas de benzeno.

6.2 Interações iônicas

São interações eletrostáticas fortes que ocorrem entre cátions e ânions, que são
grupos funcionais com cargas positivas e negativas, respectivamente. Geralmente os
compostos onde este tipo de interação é predominante são ditos serem compostos iônicos.
Como exemplo podemos citar os compostos abaixo:

[Na]+Cl- (cloreto de sódio)

[CH3 CO2 ] - Na+ (acetato de sódio)

74
ESTRUTURA DA MATÉRIA

[CH3 NH3 ] +Cl- (cloreto de metil amônio)

As interações deste tipo (carga-carga) podem ser atrativas ou repulsivas. A força


eletrostática associada com este tipo de interação é descrita matematicamente como (Lei de
Coulomb):

Onde q1 e q2 são as cargas das partículas (cátions ou ânions) interagentes. r é a


distância que separa estas cargas e ε é a constante dielétrica do meio. Esta constante reflete
a tendência do meio em blindar uma carga da outra, isto é, uma carga irá “sentir” com maior
ou menor intensidade a presença da outra. A constante dielétrica assume valores de 1 no
vácuo, ao redor de 4 no interior de proteínas e 80 na água. A energia eletrostática envolvida
neste tipo de interação é dada por:

Logo, a contribuição eletrostática para a energia intermolecular varia com o inverso da


distância de separação intermolecular, 1/r. As forças eletrostáticas conferem aos sólidos
características como alto ponto de fusão e ebulição.

6.3 Interações do tipo dipolo-dipolo

Em moléculas constituídas de átomos diferentes, os elétrons não são compartilhados


de maneira equivalente. O comportamento de átomos em moléculas pode ser entendido
através de uma série de conceitos. Por exemplo, a tendência de um átomo em atrair elétrons
para si, em um ambiente molecular, é caracterizada por uma quantidade denominada
eletronegatividade. A tabela mostra valores de eletronegatividade para alguns átomos:

75
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Valores de eletronegatividade para alguns átomos

Em uma molécula composta de átomos com diferentes eletronegatividades, os átomos


com menor eletronegatividade ficam com cargas parciais positivas, e os átomos com maior
eletronegatividade ficam com cargas parciais negativas. O resultado disto é que ocorre então
uma polarização das ligações que refletirá na maneira como a molécula irá interagir. Para
ilustrar este conceito, considere a molécula de acetona, mostrada na figura abaixo.

Momento de dipolo molecular da molécula de acetona. (A) distribuição de cargas, (B)


orientação do vetor momento de dipolo resultante.

Uma vez que o oxigênio é mais eletronegativo que o átomo de carbono, a ligação C=O
exibirá um dipolo elétrico µ, (dois monopolos elétricos), com os elétrons tendendo a serem
mais atraídos pelo oxigênio. Então, a ligação C=O terá uma carga parcial negativa (δ– ) no
oxigênio e uma carga parcial positiva no carbono (δ+). A representação do dipolo elétrico
resultante na molécula de acetona é mostrada na Figura 4b. A ponta da seta é voltada para
o lado negativo do dipolo. Da mesma forma que os lados opostos de um magneto (imã) se
atraem, os lados opostos de um dipolo se atraem, dando origem às interações dipolo-dipolo.
Algumas orientações possíveis entre os dipolos na acetona são mostradas na figura abaixo:
76
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Algumas orientações dos vetores momento de dipolo na acetona.

Como pode ser visto, a interação dipolo-dipolo depende da orientação espacial dos
dipolos interagentes, isto é, o momento de dipolo elétrico, µ, é uma grandeza vetorial. Todas
as moléculas polares exibem dipolos elétricos que são ditos serem permanentes. A
magnitude do dipolo molecular nos fornece uma medida da polaridade da molécula, logo,
moléculas mais polares apresentam maiores dipolos elétricos, e moléculas com dipolo
elétrico muito baixo ou zero são ditas serem apolares. A expressão matemática que define a
interação dipolo- dipolo é mostrada abaixo:

A energia de interação dipolo-dipolo depende então da orientação entre os dois dipolos


(dados pelos ângulos θa e θb) e varia com o inverso da terceira potência da separação
intermolecular, 1/r3. Uma vez que dipolos são propriedades vetoriais, a estrutura
tridimensional da molécula é crucial para a determinação da distribuição de cargas na
molécula e, por conseguinte, do momento de dipolo resultante. Como exemplo, algumas
moléculas podem ter ligações polares e, entretanto, não exibirem momento de dipolo elétrico
resultante. Como por exemplo as moléculas CF4 e trans1,2-dicloroeteno, mostradas abaixo,
não exibirão dipolo elétrico, pois o arranjo tridimensional dos átomos nestas moléculas faz
77
ESTRUTURA DA MATÉRIA

com os dipolos presentes nas ligações se anulem no somatório global para a determinação
do dipolo molecular. Por conseguinte, estas moléculas não exibirão interações do tipo dipolo-
dipolo.

6.4 Interações dipolo-permanente–dipolo induzido

Uma molécula com um dipolo permanente pode induzir um dipolo em uma segunda
molécula que esteja localizada próxima no espaço. A força desta interação irá depender do
momento de dipolo da primeira molécula e da polarizabilidade, a, da segunda molécula. A
polarizabilidade de uma molécula é uma grandeza física que indica com que facilidade a
densidade eletrônica da molécula pode ser polarizada, isto é, formando uma distribuição
assimétrica de densidade eletrônica (cargas) e por conseguinte ocorrendo a formação de
dipolos instantâneos na molécula. Estes dipolos instantâneos podem então se alinhar de
várias maneiras com o dipolo permanente da primeira molécula, originando a interação dipolo
permanente-dipolo induzido. Este tipo de interação usualmente varia com o inverso da quarta
potência da separação intermolecular, 1/r4 , e ocorre entre moléculas polares e apolares.

Orientação dos dipolos de ligação resultando em um dipolo molecular nulo.

A figura abaixo ilustra a interação dipolo permanente-dipolo induzido entre uma


molécula polar e uma molécula apolar.

78
ESTRUTURA DA MATÉRIA

Interação de uma molécula polar com uma molécula apolar.

6.5 Interações de dispersão

Na introdução deste texto foi mostrado o exemplo dos hidrocarbonetos e a variação da


temperatura de ebulição dos mesmos em função do número de átomos de carbono (Figura
1). Estes compostos possuem somente ligações do tipo C-C e CH. Uma vez que a diferença
entre as eletronegatividades dos átomos de carbono e hidrogênio é muito pequena, estes
compostos serão apolares. Mas como explicar a diferença drástica na temperatura de
ebulição mostrada na Figura 1? Indo mais além, como explicar o fato de que CH4 é um gás
à temperatura ambiente e C8 H18 é um líquido, sendo que a única diferença entre eles está
no número de átomos de carbono? A resposta, como era de se esperar, está no tipo de
interação intermolecular presente nestes compostos.

Quando compostos apolares interagem, o contato de uma molécula com a outra faz
com que apareça uma força atrativa muito fraca que pode ser vista como uma interação dipolo
induzido-dipolo induzido. Isto é, as polarizabilidades das duas moléculas em contato é que
irão determinar a força de tal interação. Uma molécula perturba a densidade eletrônica da
outra, fazendo aparecer dipolos momentâneos que se orientam e originam esta interação
fraca. Esta interação também é conhecida como força de dispersão de London, em
homenagem a Fritz London, que as descobriu. Trata-se de uma interação muito fraca, que
varia com o inverso da sexta potência da separação intermolecular, 1/r6 . Este tipo de força
está presente em todo tipo de sistema molecular, mas torna-se aparente somente quando as
outras interações intermoleculares não estão presentes, como no caso dos hidrocarbonetos.
Apesar de ser uma interação fraca, possui um efeito cumulativo e varia proporcionalmente
com o número de contatos moleculares presentes na molécula. Isto justifica então o gráfico
apresentado anteriormente.

79
ESTRUTURA DA MATÉRIA

6.6 Ligações de hidrogênio

A ideia que um único átomo de hidrogênio poderia formar uma “ligação química” com
outros dois átomos foi proposta em 1919 e 1920 por M.L. Huggins e G.N. Lewis,
respectivamente.

Um átomo aceptor (A), que possua um par de elétrons não ligado, pode interagir
favoravelmente com um átomo doador (D) que carrega um hidrogênio ácido. Duas maneiras
diferentes de representar uma ligação de hidrogênio podem ser vistas na figura abaixo.

Arranjo geométrico das ligações de hidrogênio. (A) interação entre duas moléculas de
água. (B) interação entre uma molécula modelo de ligação pepitídica (trans-N-
Metilacetamida) com três moléculas de água, mostrando que o átomo de oxigênio pode estar
envolvido em mais de uma ligação.

Uma ligação de hidrogênio requer que A e D sejam átomos eletronegativos (como por
exemplo N, O e F). Se o átomo de hidrogênio está ligado a um átomo muito eletronegativo, o
hidrogênio fica com uma carga parcial bastante positiva (ou ácido), e o outro átomo (D) fica
com carga parcial negativa. Uma vez que o hidrogênio é o menor átomo da tabela periódica,
é possível que as duas moléculas entrem em contato muito próximo uma da outra. A
combinação de alta polaridade da ligação H-D e o contato muito próximo resulta em uma

80
ESTRUTURA DA MATÉRIA

interação particularmente forte. Na verdade, a interação é tão forte que é diferente das
interações dipolo-dipolo convencionais, e recebe o nome especial de ligação de hidrogênio.

A geometria de uma ligação de hidrogênio pode ser descrita através de três


parâmetros: a distância D-H, representada por r1 na Figura 8a, a distância H-A, r2 , e o ângulo
φ entre DH-A. As ligações de hidrogênio não são necessariamente lineares, correspondendo
a φ = 180°, e um mesmo átomo aceptor pode formar mais de uma ligação de hidrogênio,
como mostrado na Figura 8b. Quando a técnica de raios X, que nos permite determinar o
arranjo tridimensional dos átomos em uma molécula, é aplicada a sistemas contendo
hidrogênio, não é possível determinarmos a posição dos átomos de hidrogênio. Desta forma,
a descrição geométrica da ligação de hidrogênio é determinada através da distância de
separação D-A (rDA na Figura 8a).

É comum atribuir a existência de uma ligação de hidrogênio em uma molécula se a


distância entre os átomos D e A for menor que a soma dos seus raios de van der Waals.
Usualmente, em sistemas envolvidos em ligação de hidrogênio, a distância DH, se encontra
na faixa de 1,8 a 2,0 Å e a distância D-A na faixa de 3 a 3,5 Å. A força das ligações de
hidrogênio está relacionada com a natureza dos átomos doadores (D) e aceptores (A) de
prótons envolvidos na interação. Ligações de hidrogênio fortes, com a energia de interação
variando entre 20 a 40 kcal.mol-1, são geralmente formadas quando os átomos D e A estão
carregados, sendo tão fortes quanto uma ligação covalente. Ligações de hidrogênio
moderadas (energia variando entre 5 a 15 kcal.mol-1) são as mais comuns, e são formadas
entre doadores e aceitadores neutros. Ligações de hidrogênio fracas (de 1 a 5 kcal.mol-1)
são usualmente formadas quando a diferença de eletronegatividade entre o átomo doador e
o hidrogênio é pequena. As propriedades da água, álcoois, ácidos orgânicos, aminas e as
macromoléculas biológicas (proteínas, DNA e RNA) estão intimamente relacionadas com a
formação de ligações de hidrogênio.

6.7 Tendências observadas nas interações intermoleculares

Enquanto as forças intramoleculares mantêm os átomos em uma molécula, e


constituem a base para a racionalização das propriedades químicas, as forças
intermoleculares são responsáveis por todas as propriedades físicas da matéria.

Como foi mostrado, as forças intermoleculares aumentam em força da seguinte forma:

81
ESTRUTURA DA MATÉRIA

À medida que a magnitude das forças intermoleculares aumenta, fica mais difícil de
afastarmos uma molécula da outra. Portanto, podemos esperar que o ponto de fusão, por
exemplo, seja maior para aquelas substâncias que possuam interações intermoleculares
mais fortes. Nós sabemos que é necessário fornecermos energia para transformarmos um
sólido em um líquido e um líquido em um gás. Estas energias estão diretamente relacionadas
com a força de atração entre as moléculas nas fases condensadas (líquida e sólida). Uma
vez que a energia é diretamente proporcional à temperatura, cada um destes processos irá
variar com a magnitude das forças intermoleculares. Isto é, à medida que a magnitude das
interações intermoleculares aumenta, as energias necessárias para fundir, vaporizar ou
sublimar uma substância aumentam17.

17
Extraído e adaptado do site: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/04/interac.pdf
82
ESTRUTURA DA MATÉRIA

7 BIBLIOGRAFIA

P. Atkins e L. Jones, Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio


ambiente (tradução: Ricardo Bicca de Alencastro), 5ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

T. L. Brown, H. E. LeMay, Jr; B. E. Bursten, J. R. Burdge, Química A Ciência Central.


(tradução da 9ª ed por Robson Mendes Matos). São Paulo: Pearson, 2005.

Bruce M. Mahan e Rollie J. Myers, Química: um curso universitário (tradução da 4.


ed. americana, coordenador Henrique Eisi Toma; tradutores Koiti Araki, Denise de Oliveira
Silva, Flávio Massao Matsumoto). São Paulo: Edgard Blücher, 2003.

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