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Alguém, pai, avô, ou outro parente, já falou algo sobre a família ser de judeus?
Alguém da família fala/falava alguma língua desconhecida? Parecia com o espanhol? Era
totalmente desconhecida?
Algum parente evita ou evitava igrejas católicas? As Igrejas, mesmo católicas, que os familiares
frequentavam não tinham imagens? As Igrejas tinham divisão, com local para os homens e local
para as mulheres ficarem? Qual a relação dos familiares com a igreja católica e com os membros
do clero? (uma relação de aversão, ironia, chacota, raiva, desprezo pode indicar origem judaica).
Alguém da família participava de reuniões secretas, ou de encontros onde só homens ou só os
pais podiam ir? Ou de algum grupo de oração secreto?
Os nomes bíblicos são/eram comuns entre os familiares?
Era comum o casamento consangüíneo? Tataravós, bisavós, avós, pais ou familiares casaram
entre primos e/ou tio com sobrinha.
Ritos Matrimoniais
Os noivos e seus padrinhos e madrinhas deveriam jejuar no dia do casamento.
Na cerimônia, as mãos dos noivos eram envoltas por um pano branco, enquanto fazia-se uma
oração.
Da cerimônia seguia-se uma refeição leve: vinho, ervas, mel, sal e pão sem fermento.
Noivo e noiva comiam e tomavam do mesmo prato e copo.
Refeições
A prática de jejuns era comum.
Era proibido comer carne com sangue. Às vezes também se retiravam os nervos, com uma faca
especial para tal.
O sangue caído ao chão no abate do animal era coberto com terra ou mesmo propositalmente
derramado todo ao chão e depois coberto com terra.
A faca usada no abate de animais era testada na unha.
Ovos com mancha de sangue eram jogados fora.
Não se comia carne de porco, pois é considerada impura.
Não era permitido cozinhar carne e leite juntos. Ás vezes esperava-se um tempo entre a ingestão
do leite e da carne.
Comia-se apenas comida preparada pela mãe ou pela avó materna.
Um menino jejuava durante 24 horas antes de completar 7 anos.
Costumava-se beijar qualquer pedaço de pão que cai no chão.
Era proibido comer carne de animal de sangue quente que não tivesse sido sangrado. Havia
certas restrições quanto aos tipos de peixe comestíveis: os peixes “de couro” (sem escamas) não
serviam para consumo, e às vezes só os peixes do mar podiam ser ingeridos. Moluscos e mariscos
também eram proibidos.
Costumes
Acender velas nas sextas-feiras à noite.
Celebrar a Páscoa, e jejuar durante a Semana Santa. As datas da Páscoa Cristã e da Páscoa judaica
freqüentemente coincidem.
Limpar a casa nas sextas-feiras durante o dia.
Era proibido fazer qualquer coisa na sexta-feira à noite (até mesmo lavagem de cabelo).
Realizar alguma reunião familiar nas sextas-feiras à noite.
Aos sábados, velas eram acesas diante do oratório e deveriam queimar até o fim do dia.
Evitar trabalhar aos sábados. Sábado era o dia do banho bem tomado e de vestir roupas novas.
Dizeres comuns: “O Sábado é o dia da glória”, ou “Deus te crie” (HayimTovim), para quando
alguém espirrava.
Comemorações diferentes das católicas, como o “Dia Puro” (YomKippur) ou algum feriado de
Primavera. Era costume de alguns acender no Natal oito velas.
Quando acontecia algo ruim, rasgavam-se as vestes.
Um costume ainda muito comum hoje em dia era varrer o chão longe da porta, ou varrer a casa
de fora pra dentro, com a crença de que se o contrário fosse feito as visitas não voltariam mais.
Na verdade esta prática está ligada ao respeito pela Mezuzah (caixa com texto bíblico), que era
pendurada nos portais de entrada, e passar o lixo por ela seria um sacrilégio.
Pedir a benção para os pais na hora da saída e da chegada em casa. Normalmente ao abençoar
um filho, neto ou sobrinho, costumava-se fazer com a mão sobre a cabeça.
Como o dia judaico começa na noite do dia anterior, o início de um dia era marcado pelo
despontar da primeira estrela no céu. Então o sábado começava com o surgir a primeira estrela
no céu na sexta-feira. Se uma pessoa demonstrasse alguma reação publicamente com relação a
tal estrela, ela seria alvo de suspeitas. Um adulto consegue conter-se, mas uma criança não.
Então ensinava-se às crianças a lenda de que apontar estrelas fazia crescer verrugas nos dedos.
Tradição de seguir as fases da lua (Salmo 104.19), correlacionando com o ciclo agrícola.
Deixar restos de grãos nas lavouras para os pobres.
Tradição de não jogar alimentos fora e aproveitar tudo.
Prática de usura (empréstimos com juros), tanto em dinheiro como objetos e coisas. Atração pelo
comércio e por pedras preciosas (ex: ouro e prata). Destaque pelo excesso de trabalho, ganância
e inteligência.
Mantinham-se unidos e transmitiam as tradições familiares aos filhos. Os filhos eram educados
e recebiam educação religiosa (costume antigo, com fim de despistar inquisidores). Em geral
eram religiosos, com fé, mas sem santos e imagens.
Antes de beber, jogar um pouco de bebida para o santo (tradição com origem no vinho
derramado para Elias no ritual de Pêssach, a Páscoa Judaica).
O uso de barba cerrada sempre foi um costume judaico.
Uso de expressões como “Que massada” (uma fortaleza judaica que foi destruida), ou “pagar a
siza” (sizá é imposto em hebraico) ou “fazer mezuras” (reverência à mezuzah). Ainda expressões
como “a carapuça serviu”, que é referência aos chapéus usados por judeus na Idade Média para
diferenciar dos não judeus.
Lavar as mãos antes de refeições, seja por pureza ou higiene.
Uso de objetos como Estrela de Davi (estrela de 6 pontas), usada em paredes e em jóias, algumas
vezes era vista como amuleto.
Ritos Fúnebres
Cobrir todos os espelhos da casa.
Toda a água da casa do defunto era jogada fora.
Cortar as unhas do defunto como também alguns fios de cabelo e envolver tudo em um pedaço
de papel ou pano.
Lavar o corpo de um morto. Normalmente com água trazida da fonte em um recipiente novo,
que nunca tenha sido usado, e vestir o corpo em roupas brancas, as mortalhas.
O corpo era velado durante um dia, e então uma procissão levava-o à igreja e de lá ao cemitério.
Jogar um punhado de terra sobre o caixão, quando esse era descido à sepultura.
A casa então era lavada.
Durante uma semana manter-se-ia o quarto do finado iluminado.
A casa da família enlutada fechada ao máximo, durante uma semana, com incenso queimando
pelos cômodos. Quase ninguém entrava ou saía durante esse período.
Os homens não se barbeavam durante trinta dias.
Manter o lugar do defunto à mesa, encher o prato dele ou dela e dar a comida a um mendigo.
Não comer carne durante uma semana depois de uma morte na família.
Jejuar no terceiro e oitavo dia e uma vez a cada três meses durante um ano.
Colocar comida perto da cama do falecido.
Fazer a cama do falecido com linho fresco e queimar uma luz perto dela durante um ano.
As parentes mulheres deveriam cobrir suas cabeças e esconder as faces com uma manta.
Ir para o quarto do defunto por oito dias e dizer: "Que Deus te dê uma boa noite. Você foi uma
vez como nós, nós seremos como você".
Passar uma moeda de ouro ou prata em cima da boca do defunto, e então dá-la a um mendigo.
Passar um pedaço de pão em cima dos olhos do defunto e dá-lo a um mendigo.
Dar esmolas em toda esquina antes da procissão funerária chegar ao cemitério.
Ter várias luzes iluminando em véspera de Dia Puro, em memória do defunto.
Em algumas cidades havia o chamado “abafador”, que deveria ajudar alguém gravemente
doente a ir embora antes que um médico viesse examiná-lo e descobrisse que o enfermo é judeu.
O abafador, a portas fechadas, sufocava o doente, proferindo calmamente a frase “Vamos, meu
filho, Nosso Senhor está esperando!”. Feito o trabalho, o corpo era recomposto e o abafador saía
para dar a notícia aos parentes: “ele se foi como um passarinho...”.
Jurar pelo descanso de um morto querido ou pela alma da mãe ou do pai.