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A Paixão de Joana D’Arc (1928)

Realização: Carl Theodor Dreyer


Duração: 97 minutos

A ideia de assistir um filme silencioso com uma hora e meia de duração não me parecia
algo possível porque me disperso muito fácil. Mas para a minha surpresa, A Paixão de
Joana D’arc foi uma experiência muito legal independente de não ter diálogos falados e
abriu a minha mente para esse universo.
O filme não se demora para explicar quem é Joana e nem situar o espectador como ela
chegou naquela situação, mas nem precisa, fica claro logo no início que se trata de seu
julgamento e perseguição pela sua fé.
A fé é a principal temática da história e vemos diversos simbolismos que representam
isso. Os padres querem que Joana confesse que ela foi enviada pelo diabo e manipulam
seu julgamento para conseguir o que desejam, pois só eles seriam os detentores da palavra
de Deus. Eles sempre são retratados como figuras opressoras, filmados em contra plongée
e alto contraste e um deles até tem um penteado que se assemelha a um par de chifres.
Mesmo com toda pressão e tortura, Joana não abandona sua fé e, em momentos de maior
apreensão, se reconforta com o reflexo da janela que se assemelha a uma cruz. Até quando
é condenada a queimar na fogueira, Joana supera o seu medo e não nega Deus, mostrando
uma resiliência sem igual e que muitos daqueles padres não teriam. Maria Falconetti fez
um excelente trabalho mostrando todo medo e angustia vividos por Joana.
Seguindo as inovações do movimento impressionista, o filme é apresentado a maior parte
apenas com close-ups nos personagens, o espectador perde a noção de espaço e as cenas
com plano aberto mostram ambientes claustrofóbicos e torturantes. A montagem não
segue o padrão clássico, o que para mim deixou a história muito mais interessante porque
foge dos planos que remetem ao teatro de produções da época.

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