O documento descreve o surgimento de um novo tipo de quilombo, chamado de "quilombo abolicionista", durante a crise final da escravidão no Brasil. Diferentemente dos quilombos tradicionais, os quilombos abolicionistas tinham lideranças conhecidas e articuladas politicamente. O documento usa o exemplo do quilombo do Jabaquara e do "quilombo Leblon", localizado na chácara de José de Seixas Magalhães no Rio de Janeiro, para ilustrar as características deste
O documento descreve o surgimento de um novo tipo de quilombo, chamado de "quilombo abolicionista", durante a crise final da escravidão no Brasil. Diferentemente dos quilombos tradicionais, os quilombos abolicionistas tinham lideranças conhecidas e articuladas politicamente. O documento usa o exemplo do quilombo do Jabaquara e do "quilombo Leblon", localizado na chácara de José de Seixas Magalhães no Rio de Janeiro, para ilustrar as características deste
O documento descreve o surgimento de um novo tipo de quilombo, chamado de "quilombo abolicionista", durante a crise final da escravidão no Brasil. Diferentemente dos quilombos tradicionais, os quilombos abolicionistas tinham lideranças conhecidas e articuladas politicamente. O documento usa o exemplo do quilombo do Jabaquara e do "quilombo Leblon", localizado na chácara de José de Seixas Magalhães no Rio de Janeiro, para ilustrar as características deste
As camélias do Leblon e a abolição da escravatura: uma
investigação de história cultural. São Paulo: Cia das Letras, 2003. 1. Quilombo abolicionista: um quilombo historicamente novo “A crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, a que podemos chamar quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo-rompimento, a tendência dominante era a política do esconderijo e do segredo de guerra. Por isso, esforçavam-se os quilombolas exatamente para proteger seu dia-a-dia, sua organização interna e suas lideranças de todo tipo de inimigo, curioso ou forasteiro, inclusive, depois, os historiadores.” (p.11) “Já no modelo de resistência, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes, com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente.” (p.11) “O quilombo do Jabaquara – provavelmente a maior colônia de fugitivos da história – é um bom exemplo de novo paradigma de resistência. O quilombo organiza-se em terras cedidas por um abolicionista da elite e os quilombolas erguem suas cabanas com dinheiro recolhido entre pessoas de bem e comerciantes de Santos. A população local, inclusive senhoras da sociedade, protege o quilombo das investidas policiais e parece fazer disso um verdadeiro padrão de glória. Antes de ser um episódio de guerra revolucionária, o quilombo abolicionista é fruto de uma complexa negociação social e política.” (p.12) “Sobre o quilombo do Leblon, no Rio de Janeiro, (...) A começar pelo seu idealizador, ou chefe, que era o português José de Seixas Magalhães. Os fugitivos do Leblon não demonstravam nenhum indício de preconceito racial. Também Seixas era um homem de ideias avançadas, dedicando-se à fabricação e ao comércio de malas e objetos de viagem, na rua Gonçalves Dias, no centro da cidade, onde já utilizava os mais modernos recursos tecnológicos. Suas malas, feitas com máquinas a vapor, eram reconhecidas pelo mundo afora, e mereceram prêmios (...)” (p.13) “Além de sua fábrica a vapor, Seixas investia pesado em terras na zona sul, possuindo uma chácara no Leblon, onde cultivava flores com o auxílio de escravos fugidos. Seixas ajudava os fugitivos e os escondia na chácara do Leblon, com a cumplicidade dos principais abolicionistas da capital do Império, muitos deles membros proeminentes da Confederação Abolicionista. A chácara de Seixas era conhecida mais ou menos abertamente como “quilombo Leblond”, “quilombo Le Blon” ou “quilombo Leblon”, então um remoto e ortograficamente ainda incerto subúrbio à beira-mar. Era, digamos, um quilombo simbólico, feito para produzir objetos simbólicos. Era lá, exatamente, que Seixas cultivava suas famosas camélias, o símbolo por excelência do movimento abolicionista.” (p.13, 14)