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INTRODUÇÃO

As ciências sociais, como parte das ciências humanas, sempre tem gerado debates em
torno de várias questões por muitos pensadores e acadêmicos. Como em todas as áreas do
conhecimento, há pensadores e acadêmicos que defendem um conceito baseado em concepções
e observações pessoais tomando como base teórica a bibliografia que antecede o objeto de
estudo, da mesma forma, há aqueles que se opõem a esse conceito com a mesma metodologia:
convicções pessoais e referências bibliográficas. Do exposto, poder-se-ia resumir que toda
história relacionada a um evento ou comportamento social estudado terá sempre duas versões:
os que a apoiam e os que se opõem, um exemplo claro desse histórico foram os pesquisadores
Herskovits e Frazier cujas investigações se basearam no mesmo lugar com os mesmos
indivíduos, mas com resultados e opiniões diferentes (SANSONE, 2012).

O estudo do comportamento humano e suas relações entre os membros de uma


sociedade como parte da Antropologia é variável devido à infinidade de fatores que
influenciam sua construção e desconstrução, sendo de maior interesse aqueles onde há uma
variedade de grupos étnicos, onde é possível visualizar suas formas de organização e fronteiras
(BARTH, 1969). Alguns elementos de interesse para os pesquisadores são geralmente: o local
de estudo e seu contexto (social, religioso, político, temporal, cultural, etc.), os indivíduos
observados e estudados, os acadêmicos que estudam no mesmo contexto social e o acadêmicos
estrangeiros que viajam para o campo de estudo em um determinado período ou evento
importante dentro da sociedade estudada, todos esses pontos geram diferentes aspectos ou
versões do conhecimento construído contribuindo com uma riqueza interdisciplinar nas
ciências humanas que está relacionada aos aspectos de classificação, definição e categorização
de conceitos como etnia, raça e nação (ROGERS, 2004)

Vários países tem chamado a atenção dos historiadores, sociólogos, antropólogos e


estudiosos das ciências sociais para visualizar e analisar, gerando conhecimento sobre o
comportamento e as relações entre os indivíduos com os eventos históricos de cada povo. Este
é o caso do Brasil, o país sul-americano que foi e continua tendo além de uma beleza natural ,
também diversidade étnica pelo grande afluxo de migração voluntária (estrangeiros que
decidiram emigrar para o país) e forçada (aqueles que foram forçados a vem: por exemplo o
sistema escravista). Um dos pontos de maior interesse nesse sentido foi a cidade do Salvador,
no estado da Bahia, devido à grande diversidade de grupos étnicos baianos (AZEVEDO, 1955).
Um dos períodos mais importantes para o Brasil no estudo das ciências sociais e gerou a maior
criação de literatura sobre o assunto foi o século XIX, e esta foi, por causa de um
acontecimento histórico do século XVIII que mudou o país todo: a abolição da escravatura em
1888.

Assim, durante o século XIX, o Brasil e os Estados Unidos passaram a ser foco de
atenção tanto para pesquisadores quanto para nacionais de cada país, além dos internacionais,
devido às relações Inter étnicas por parte de seus habitantes. Dentro das investigações das
ciências humanas, sem dúvida, a que gerou mais bibliografia foi relacionada a conceitos como
etnia e raça, esses termos foram discutidos ao longo dos anos por estudiosos nacionais e
internacionais, citando como exemplo alguns: Fredrik Barth, Thales de Azevedo, Nina
Rodrigues, Donald Pierson, Ruth Landes, Livio Sansone, entre outros.

O tema da miscigenação no Brasil e as "características étnico-raciais" dos indivíduos e


suas relações sociais geraram interesse, inclusive de instituições internacionais como a
UNESCO, que indubitavelmente serviram de alguma forma como base para a criação de A
Declaração de Raça publicada em 1951 (SANSONE, 2012).

Toda publicação de autores nacionais e internacionais gerou discussões em algum


momento dentro da academia brasileira, e as discussões são geralmente baseadas em
argumentos de defensa, luta ou apoio político aos direitos humanos que deveriam ser os
mesmos para todos no Brasil, ainda existem reminiscências ou crisálidas de um passado
escravo que muitas vezes cai em um racismo de preconceitos baseados na cor da pele.

RELAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA COM A TEORIA DA ETNICIDADE

Teoria da etnicidade é uma disciplina muito complexa, pois visa mostrar e fazer um
compêndio de diversos autores que geraram bibliografia referente à questão da etnia, tudo com
o objetivo de construir e construir argumentos relacionados aos termos de nação, etnicidade, e
cultura em cada uma das salas de aula. Não há cronologia exata porque os autores convergem
com colegas no mesmo contexto histórico-temporal como fora, no caso de autores estrangeiros,
por exemplo.

Pessoalmente, o assunto tem contribuído potencialmente para o conhecimento geral,


principalmente em termos de grupos étnicos e fenótipos. Tema em que a minha linha de pintura
artística esta baseada, o objetivo do meu projeto do Mestrado busca analisar obras relacionadas
com a erotização do corpo negro masculino dentro da pintura acadêmica no território brasileiro,
o período acadêmico nas artes do Brasil esta delimitado principalmente no século XIX mais
também será procurado no século XX com o surgimento das grandes academias de arte nas
principais capitais (Salvador e Rio de Janeiro por exemplo), o interesse principal é visualizar e
analisar como foi representado o corpo negro masculino na pintura e desenho acadêmico (eu
significa: possuindo anatômica naturalidade, volume e cor), para analisar o cenário e a pose em
que o modelo foi representado. O erotismo nas artes plásticas do desenho e da pintura brasileira
tem sido utilizado durante a produção dos séculos XIX e XX por diversos artistas, beneficiando
em grande parte a representação de fenótipos europeus femininos e característicos, ou seja,
mulheres brancas. O modelo masculino, por outro lado, tem sido geralmente representado além
de branco, como uma alegoria da mitologia de maneira heroica e masculinizada.

Teoria da etnia forneceu bibliografia importante para o projeto com os seguintes textos:

Como Elites de cor - Thales de Azevedo

Dicionário Crítica das Ciências Sociais do País de Fala Portuguesa - Livio Sansone

Economia e Sociedade - Max Weber

Estados Unidos nos Gantois - Livio Sansone

A partir desses textos revisados nas salas de aula da etnia, aspectos relacionados ao
projeto de pesquisa serão extraídos e utilizados como argumentos na defesa dos mesmos. Um
desses aspectos é a visão que um estrangeiro tem sobre o Brasil especificamente sobre os
fenótipos de sua população, todos com o objetivo de produzir uma produção pictórica baseada
em pesquisas que contenham elementos de erotismo utilizando o corpo negro masculino como
principal referência em contraste. ao modelo feminino branco estabelecido como patrono em
todo o academicismo pictórico brasileiro.

ASPECTOS CRÍTICOS SOBRE A MATÉRIA

As aulas são geralmente bem estruturadas, tem o material didático e as facilidades


necessárias para o uso adequado do espaço. Dentro da metodologia, a única sugestão seria ter
mais noção das qualificações, porque até hoje ninguém recebeu uma nota para conhecer o
progresso dentro do semestre. Outro aspecto que traria riqueza e variabilidade, é o fato de
projetar mais elementos multimídia relacionados ao conteúdo (vídeos, músicas, imagens de
pinturas, desenhos, documentos históricos, fotografias, etc.) dependendo do tema a ser
desenvolvido em cada sala de aula., faria a aula mais dinâmica.

Um dos fenômenos observados que particularmente tem sido repetida em todas as salas
de aula recebido até o momento é o fato de que sempre vem uma discussão relacionada com o
racismo, em geral o gatilho é sempre uma palavra ou termo usado em sala de aula, seja por
parte do professor ou por um aluno em particular, este fenômeno se repete principalmente por
estudantes que se auto-identificam como negros e / ou fazem parte do movimento negro, notei
particularmente que há um padrão para o orgulho do "movimento ou cultura negra" tentando
restringir suas crenças e opiniões como algo que deve ser dado apenas aos auto identificados
como negros, como se fosse um conhecimento apenas para alguns "eleitos". Este evento foi
manifestado durante a apresentação do meu projeto de pesquisa, principalmente na parte
prática, onde eu pretendo representar forma erotizada o corpo negro masculino, os comentários
que surgiram em relação à fala foram em geral de oposição afirmando que eu como artista não
tinha o direito de fazer tais representações, agora me pergunto: não é essa censura para a livre
expressão do artista? Até que ponto o artista é livre para representar sua inspiração e visão do
que o rodeia? Será que vai acontecer a mesma censura com Michelangelo em sua famosa obra
da Capela Sistina, onde seus nus foram literalmente cobertos? Muitas pessoas reclamam do
racismo, mas na maioria das vezes não identificam quando cometem o mesmo tipo de ações
para aqueles que consideram "diferentes" como no caso dos estrangeiros.

REFERENCIAS

SANSONE, Livio. Estados Unidos e Brasil no Gantois: o poder e a origem


transnacional dos estudos Afro-brasileiros. Rev. bras. Ci. Soc. [online]. 2012, vol.27

BARTH, Fredrik. Ethnic groups and boundaries. Bergen-Oslo/ Boston: Universitets


Forlaget/ Little Brown, 1969.

ROGERS BRUBAKER, MARA LOVEMAN, and PETER STAMATOV. Ethnicity as


cognition. University of California, Los Angeles. 2004

AZEVEDO, Thales de. As elites de Cor Um estudo de ascencao social. Companhia


editora nacional, São Paulo, 1955
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ORIENTAIS (CEAO)

Alberto Antonio Escobar Garcia

ENSAIO DE RELACAO TEORIA DA ETNICIDADE COM PROJETO


DE PESQUICA

SALVADOR

2018

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