Você está na página 1de 2

Graça e paz, queridos irmãos e irmãs da paróquia Santa Edwiges!

“a Sagrada Escritura ficou aberta depois da Paixão de Cristo e assim, aqueles que
desde então a consideram com inteligência, discernem o modo como as profecias
devem ser interpretadas» (São Tomás de Aquino).

A partir do jornal desse mês, começaremos um novo quadro sobre a Palavra de Deus.
Vamos juntos começar a estudar mais profundamente os acontecimentos da história da
nossa salvação.
A primeira coisa que deve ser dito é que nossa religião não é uma religião “do livro”,
mas de um Deus vivo. A “Palavra” é Deus e a Palavra se fez carne na história e se faz
carne em todas as Santas Missas até hoje e assim será até a eternidade. Não ouvimos
apenas essa Palavra ou a lemos, mas podemos também nos alimentar dela.
Outro ponto que deve ser pontuado é que nossa linguagem é imperfeita. Já percebeu o
quanto somos mal compreendidos, mesmo falando o mesmo idioma? E a Revelação de
Deus usa da linguagem imperfeita para falar conosco. Como dizia Bento XVI: “Deus é
poderoso o suficiente para saber usar instrumentos imperfeitos para fazer a sua obra”.
Com essas considerações postas, vamos iniciar nosso itinerário conhecendo os 04
(quatro) sentidos da Sagrada Escritura, a saber: 1) Sentido literal; 2) Sentido alegórico;
3) Sentido moral; e 4) Sentido anagógico.
O sentido literal é o “pé da letra”. Tudo que está escrito na Bíblia aconteceu tal qual está
descrito mesmo. O problema é achar que a Bíblia é simplesmente um livro histórico
para ser levado “a ferro e fogo”. Contudo, São Tomás de Aquino disse: “todos os
sentidos da sagrada escritura devem estar fundados no literal”. Como assim? Vamos
dar um exemplo sobre o episódio da multiplicação dos pães. Havia uma multidão de
fato com fome. Não tinha comida mesmo. Só tinha alguém com cinco pães e dois peixes
mesmo. Tudo isso aconteceu exatamente assim. Jesus pegou essa oferta e
MULTIPLICOU mesmo a ponto depois de terem que recolher 12 (doze) cestos cheios
de comida.
Há muitos sentidos e ensinamentos que podemos retirar desse episódio para além do
literal, mas não podemos negá-lo. Por exemplo, doze cestos pode ter outro significado,
pois o doze na sagrada escritura sempre indica totalidade (doze apóstolos, doze tribos,
por exemplo). O que não se pode fazer é negar o fato em vista de alguma ideia ou até
mesmo “teologia”. Negar que houve o milagre para dizer que o que realmente teve foi
apenas uma partilha não faz parte da visão católica. Deus não pegou os cinco pães e
dividiu em tantos pedacinhos a ponto de saciar a multidão e encher doze cestos. Este é
só um exemplo para entendermos como o sentido literal deve ser valorizado.
O sentido alegórico significa que tudo que se lê na Bíblia pode ser feita em uma
referência à Cristo. Jesus Cristo é a chave de interpretação de toda a Escritura; O
sentido moral significa que a Bíblia é um instrumento de instrução para ajustar o nosso
comportamento, o nosso agir. E, por fim, o sentido anagógico significa que a Bíblia
deve ser lida para nos conduzir à vida eterna. É uma leitura para não somente esta vida,
mas a para a verdadeira vida, a eterna.
Já conhecia os quatro sentidos da Sagrada Escritura? Espero que algo tenha sido
agregado em sua vida. Não perca os próximos artigos para nos aprofundarmos cada vez
mais na história da nossa salvação.
Deus nos abençoe!
David Luzetti
David Luzetti é professor de Filosofia, História e sociologia na rede estadual de
ensino. Organiza na paróquia a escola da fé e participa da pastoral da escuta e da
Pascom. Instagram: @davidluzetti

Você também pode gostar