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Rafael Fernandez

Eduardo Kenzo

Tipos de combustíveis no Brasil

São Paulo
2023
Gasolina comum:
Derivado do petróleo, é o principal combustível de veículos de passeio no Brasil.
Tem percentual obrigatório de 27% de etanol anidro em sua composição. Sua
octanagem mínima é de 87 IAD (índice antidetonante) e seu teor máximo de
enxofre é 50 ppm (partes por milhão). Além de lançar na atmosfera gases que
prejudicam o meio ambiente, a queima da gasolina deixa resíduos nas válvulas
de admissão do motor, o que pode pedir o uso periódico de gasolina aditivada
(leia abaixo). Essa sujeira compromete o funcionamento do veículo e pode
resultar em aumento de consumo.

Gasolina aditivada:
Trata-se da gasolina comum com detergentes dispersantes que
promovem a limpeza e aditivos que ajudam a melhorar a lubrificação dos
componentes e o desempenho do motor. Pode ser usada sempre ou
periodicamente. “Como a queima da gasolina gera depósitos de
resíduos, é interessante abastecer com aditivada a cada três ou quatro
tanques. Ela promove uma limpeza no motor que acaba gerando
economia de combustível e deixa o carro menos poluente”, diz o
engenheiro Henrique Pereira, membro da Comissão Técnica de Motores
Ciclo Otto da SAE Brasil. Por receber corantes para diferenciação visual, a
gasolina aditivada geralmente apresenta coloração esverdeada.

Gasolina premium:
É um combustível de alta octanagem, mínimo de 91 IAD, indicado para veículos
potentes e com alta taxa de compressão, como esportivos de luxo. Sua principal
vantagem é permitir melhor aproveitamento do potencial do motor. “É uma
gasolina que dá mais desempenho e autonomia maior. Mas o carro tem que
estar preparado para recebê-la. Tem que ser veículo de alta performance que
consegue identificar a gasolina de alta octanagem. Se eu pegar um carro normal
e abastecer com premium, a única vantagem é que ela tem aditivos. De resto,
vai funcionar como gasolina normal”. Outra diferença desse combustível é o
menor percentual de etanol anidro em sua composição: 25%. Tem coloração
levemente alaranjada.

Gasolina formulada:
Uma gasolina mais barata feita com derivados de petróleo combustíveis que
são misturados para se enquadrar nas especificações da ANP. Estando dentro
desses padrões e com seus parâmetros semelhantes ao da gasolina comum,
esse combustível não causará nenhum problema ao veículo. “O que acontece é
que alguns formuladores adquirem matérias primas que, mal balanceadas,
podem deixar a gasolina nos piores limites”, diz Rogério Gonçalves, diretor de
combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA).
Segundo o engenheiro, uma gasolina com limite inferior de densidade, por
exemplo, pode causar aumento no consumo. Outros problemas, como
vaporização, formação de depósitos e dificuldade de partida a frio podem
acontecer por causa de limites fora do padrão. Não há como avaliar
visualmente se uma gasolina é formulada ou não, mas os revendedores são
obrigados a informar os consumidores nas bombas.

Etanol:
Pode ser produzido a partir de diversas fontes vegetais. No Brasil, optou-se pela
cana-de-açúcar que, segundo a ANP, oferece mais vantagens energéticas e
econômicas. O etanol encontrado nos postos é o hidratado, mistura de álcool e
água com teor mínimo de etanol de 94,5%. Caracteriza-se pela apresentação
límpida e incolor. Como apresenta uma octanagem maior do que a gasolina,
esse combustível permite um melhor aproveitamento do potencial do motor,
mas é consumido mais rapidamente, devido ao seu menor poder calorífico. “Se
você queimar um litro de etanol e um litro de gasolina, o etanol vai gerar menos
energia. Para gerar a mesma quantidade de energia é preciso mais de um litro
de etanol”, explica Antônio Alexandre Ferreira Correia, consultor sênior da
Gerência de Produtos e Fidelização da Rede de Postos da Petrobras
Distribuidora. É por isso que só vale a pena abastecer com etanol quando o litro
custar até 70% do valor do da gasolina.

Etanol aditivado:
Conta com aditivos que promovem a limpeza e proteção dos bicos e
sistema de injeção. Além de anticorrosivos que evitam a formação de
ferrugem, e agentes que reduzem o atrito entre as peças móveis do
motor. Mas como a queima do etanol praticamente não gera depósitos de
resíduos e os veículos flex já são fabricados com componentes de
proteção anticorrosiva, Henrique Pereira considera dispensável o uso do
etanol aditivado. “Não vejo nenhuma vantagem. Mal não vai fazer, mas
também não sei o quanto vai trazer de benefícios para o veículo”.

GNV (Gás Natural Veicular):


Um combustível barato e de menor impacto ambiental, tipicamente
proveniente do Gás Natural ou Biomeato, ou da mistura de ambos, cujo
componente principal é o metano. De acordo com a BR Petrobras, combinando
o menor consumo por km rodado com GNV e o menor preço em relação ao
álcool e à gasolina, pode-se alcançar economia em torno de 60%. É um
combustível econômico e muito barato. Mas é preciso um carro que o use de
uma maneira correta. Um carro desenvolvido para o GNV seria o ideal. O
adaptado não é tão bom assim.

Diesel:
Também derivado do petróleo, é o combustível mais vendido no Brasil. Um
composto formado principalmente por átomos de carbono, hidrogênio e em
baixas concentrações por enxofre, nitrogênio e oxigênio. De acordo com o
engenheiro Luso Ventura, membro da Comissão de Tecnologia Diesel da SAE
Brasil, a principal vantagem desse combustível é o elevado rendimento
energético de sua combustão, percebida principalmente pelo menor consumo
do veículo e elevada autonomia. Assim, a emissão de dióxido de carbono (CO2),
gás do efeito estufa, é menor do que na gasolina. Por lei, 7% de biodiesel –
produzido de óleos vegetais ou sebo animal – é misturado ao diesel. Até 2019
esse acréscimo de biodiesel será elevado a 10%, aumentando 1% ao ano. O
diesel S-500 apresenta coloração vermelha.

Diesel S-10:
No Brasil, são vendidos dois tipos de diesel: o comum (S-500) com teor de
enxofre de 500 ppm, e o S-10 com teor máximo de 10 ppm. Bem menos
poluente, o S-10 é adequado para as novas tecnologias de controle de emissões
dos motores a diesel, fabricados a partir de 2012. De acordo com a BR
Petrobras, o S-10 possibilita a redução das emissões de material particulado em
até 80% e de óxidos de nitrogênio em até 98%. Veículos nacionais pesados que
atendem as emissões P7 – nova fase do Programa de Controle da Poluição do
Ar por Veículos Automotores (Proncove) – devem usar somente o diesel S-10,
sob pena de apresentar falhas prematuras em sistemas de pós-tratamento de
gases de escape e emissões acima do máximo especificado. “O diesel S-10 pode
abastecer também veículos das gerações de emissões, porém com ganhos
limitados. Veículos diesel leves, nacionais ou importados, como os jipes e SUVs,
estarão corretamente abastecidos se usarem o diesel S-10”, explica Ventura.
Um pouco mais caro do que o diesel comum, o S-10 é incolor ou amarelado,
podendo alterar para marrom e alaranjado devido à coloração do biodiesel.

Diesel aditivado:
Difere do comum pela presença de um pacote multifuncional de aditivos. Conta
com detergentes dispersantes, anticorrosivos e antiespumantes que atuam
durante o abastecimento, reduzindo o tempo de parada e garantindo total
enchimento do tanque. Como os fabricantes de veículos e motores não
especificam o uso desse tipo de combustível, a opção fica a critério dos
proprietários. “Algumas companhias de petróleo na Europa e também no Brasil
oferecem o combustível aditivado, com nomes comerciais diferenciados e
preço pouco maior. Na publicidade investem muito sobre suas vantagens, mas
até recentemente não havia comprovação técnica de órgão neutro sobre a
veracidade das afirmações”, diz o engenheiro da Comissão de Tecnologia Diesel
da SAE.O diesel aditivado pode ser encontrado como S-500 ou S-10.

Diesel premium:
Segundo a BR Petrobras, esse tipo de diesel, que também conta com
aditivos multifuncionais, oferece melhor desempenho e maior proteção
ao motor. Seu principal diferencial é o número maior de cetano
(hidrocarboneto que mede a qualidade da ignição do óleo diesel), mínimo
de 51, enquanto o diesel S-10 tradicional apresenta mínimo de 48. Isso
resulta em melhor qualidade de ignição e desempenho do veículo,
obtendo menor tempo na retomada de velocidade. Os fabricantes de
veículos e motores também não especificam o uso desse tipo de
combustível, ficando a critério dos proprietários.

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