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NAYUMI OLIVEIRA SHIKAY

FAST FASHION E OS SEUS IMPACTOS

São Paulo

2022

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NAYUMI OLIVEIRA SHIKAY

FAST FASHION E OS SEUS IMPACTOS

Projeto de pesquisa feita pelo 2° Ensino


Médio a fim de conhecer e organizar um
trabalho de conclusão de curso de acordo
com as normas ABNT, orientado pela
professora Lucimar Moura.

São Paulo

2022

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“Tentamos proteger a árvore, esquecidos
de que ela é que nos protege.”
Carlos Drummond

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 5

2. CONCEITO DO FAST FASHION............................................................................. 6

3. IMPACTOS............................................................................................................... 6

3.1 Os trabalhadores.................................................................................................... 7

3.2 No meio ambiente................................................................................................... 7

4. POR QUE SUA INFLUÊNCIA CONTINUA FORTE?.............................................. 7

5. SOLUÇÕES.............................................................................................................. 8

6. CONCLUSÃO........................................................................................................... 8

7. REFERÊNCIAS......................................................................................................... 8

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1. INTRODUÇÃO

A moda sempre fez parte da humanidade nos valores e na história,


atualmente ela acaba sendo discutida englobando questões socioambientais e
econômicas justamente por ser associada a um sistema que visa o consumismo
imediato em uma sociedade capitalista. Somado a isso, surgiu a fast fashion, um
esquema que consiste na venda de roupas por um preço inferior, a qual a princípio
aparenta ser algo positivo e acaba sendo normalizado pela sociedade, que consome
e apoia esses produtos sem se aprofundar nos reais problemas causados.
Nesse contexto, o tema é abordado devido o aumento dos impactos causados
pela indústria de moda, o setor têxtil causa vários problemas ambientais como
poluição da água, ar e solo. De acordo com a reportagem na Revista Exame “A cada
ano, estima-se que 80 bilhões de novas peças de roupas sejam produzidas, 400% a
mais que duas décadas atrás”.
Portanto, o objetivo desse trabalho é apresentar a aplicabilidade e os
impactos causados pela fast fashion, refletir sobre sua difusão e explorar as
soluções das diversas consequências negativas

2. CONCEITO DO FAST FASHION

“O momento presente, o novo e tudo aquilo que muda rapidamente é


extremamente valorizado, em detrimento do que é estável e constante.”
(MESQUITA, 2006, p. 39). É partindo desse contexto que a demanda por um
sistema ágil em inovar nasce em meados de 1990 baseada no sistema operacional
de escala industrial dos Estados Unidos.
Fast fashion é um termo semelhante a “fast food”, então sua tradução para
português seria “moda rápida”, ou seja, grandes quantidades de roupas sendo
produzidas em uma escala frenética e utilizadas instantaneamente. Diferentemente
da Alta-Costura, as vestimentas são padronizadas para que os consumidores se
sintam à vontade.
Sua eficiência é tanta que esse sistema está fixado no mercado até os dias
de hoje, ele traz a individualização atrelada ao “estilo próprio” e a necessidade de se
firmar com roupas, somado as variedades de artigos que ampliam sempre seguindo
as tendências da moda e desejos dos clientes.

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A essência do fast fashion é a fabricação de vestimentas em larga escala por
um custo baixo e acessível, retirando a exclusividade de peças e transformando-as
em objetos descartáveis e artificiais.

3. IMPACTOS
3.1 Os trabalhadores
As empresas varejistas geralmente criam o design, promovem a marca e
comercializam, mas não fabricam os produtos que vendem, o uso da terceirização
ou subcontratação de serviços é uma das estratégias adotadas pela indústria de
vestimenta, buscando a redução dos custos e uma agilização produtiva .
Como a terceirização envolve atividades da empresa em outro local, grande
parte delas optam por países subdesenvolvidos pela mão de obra barata e leis
trabalhistas fracas, o que acaba se tornando uma analogia à escravidão. Os
“escravos” contemporâneos são pessoas que se encontram em situações precárias
e de vulnerabilidade em seus empregos, o trabalho é realizado em condições
degradantes com jornadas exaustivas. Na indústria têxtil, principalmente imigrantes
que vieram sem condições financeiras, são submetidos a circunstâncias laborais
extremas, sendo utilizados como mão de obra descartável.
O esquema de exploração atua da seguinte forma:
Prepostos do tomador de serviços, chamados de “gatos”,
“zangões” ou “turmeiros”, realizam o recrutamento de trabalhadores
oferecendo propostas tentadoras de trabalho em locais distantes de
sua cidade de origem, com promessas de melhores condições de
vida e salários expressivos; 2. O preposto, durante a arregimentação,
tende a não exigir documentos de identificação ou carteira de
trabalho, contudo, quando apresentado certo documento, este é
retido, criando-se um vínculo de dependência do trabalhador para
com o aliciador e o tomador de serviços; 3. O preposto costuma
emprestar certa quantia em dinheiro para que o trabalhador recém
aliciado pague suas dívidas e de sua família no local de origem, além
de também pagar o transporte deste trabalhador para o local de
prestação de serviços sob título de crédito, favorecendo a escravidão
por dívidas; 4. Quando a prestação de serviços se inicia, o
trabalhador passa a ser submetido a condições degradantes de
trabalho, jornadas exaustivas, recebendo, muitas vezes pagamento
in natura e sendo cobrado pelos equipamentos que utiliza e pelo
custo do alojamento de trabalho; 5. A dívida contraída com o tomador
de serviços, os documentos retidos ilegalmente e a coação física,
moral e psicológica do trabalhador funcionam como ferramentas para
a manutenção deste na relação precária de trabalho; 6. Em caso de
descoberta do uso de trabalho análogo ao escravo por certo tomador
de serviços, o trabalhador é resgatado; 7. Verificada a ausência de
políticas públicas e mecanismos que fixem o trabalhador no local de

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origem, é possível que se confirme a reincidência do mesmo no
sistema de trabalho escravo contemporâneo.” (MACHADO, 2017, p.
38).

3.2 No meio ambiente


A maioria das empresas optam por materiais de menos qualidade, pois ao
mesmo tempo que barateiam o custo em larga escala, também garantem que o
cliente volte para comprar mais produtos após descartá-los.
Com menos tempo de vida útil, o resultado para toneladas de roupas vai parar
em aterros sanitários Rachel Bick, Erika Halsey e Christine C. Ekenga realizaram o
estudo “The global environmental injustice of fast fashion”, onde apontam alguns
dados relativos ao impacto da fast fashion nos EUA, que podem servir de exemplo.
Todos os anos são comprados 80 mil milhões de peças de vestuário em todo o
mundo. Cerca de 85% da roupa que os norte-americanos consomem acaba em
aterros. Ou seja, uma média de 36 quilos por cada habitante.
Além de que grande parte dos tecidos são fabricados com poliéster, feito com
derivados de petróleo, essa fibra sintética demora cerca de 200 anos para ser
decomposto.

4. POR QUE SUA INFLUÊNCIA CONTINUA TÃO FORTE?


A fast fashion coloca o consumidor em posição central à uma infinidade de
roupas para que as marcas possam receber respostas constantes sobre as
mudanças de tendências e analisar as demandas de consumo. Fora o marketing
poderoso que sabe agir e reagir para cada tipo de público.
Projetando formas atraentes, embalagens apelativas, o
design estetiza (embeleza) o cotidiano saturado por objetos. Eles
viram informação estética com suas cores, suas superfícies lisas,
suas linhas aerodinâmicas, e são verdadeiras iscas de sedução. A
moda e a publicidade, por sua vez, têm por missão erotizar o dia a
dia com fantasias e desejos de posse. Uma carga erótica deve
envolver por igual pessoas e objetos para impactar o social,
sugerindo ao indivíduo isolado um ideal de consumo personalizado,
ao massagear seu narcisismo. (SANTOS, 1986, p.28).

O poder de compra na sociedade moderna acaba servindo para preencher


lacunas emocionais que estimulam a impulsividade em consumir, então não restam
muitas pessoas que se aprofundem em saber a origem das roupas de seus
armários, afinal, são peças baratas. Ademais, roupas trazem sensação de

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pertencimento até os dias de hoje, a Alta-Costura na Europa, por exemplo, era
demandada pela elite que enxergava como uma necessidade demonstrar seu status
através das vestimentas, assim poderiam ser incluídos no grupo social. Ou seja,
fatores como: seguir as últimas tendências, ser aceito por um círculo social também
favorecem ao consumismo.

5. SOLUÇÕES
É necessário discussões mais amplas das formas de tentar diminuir os efeitos
negativos da fast fashion. Infelizmente nesse caso, o boicote das multinacionais não
traz resultados tão satisfatórios assim, dado que em uma sociedade como a atual,
este é um ciclo interminável, o fechamento de uma empresa não faz diferença
quando logo depois outra vai ser criada para substitui-la. Mas diante dos pontos
abordados sobre a condição de trabalho das oficinas clandestinas, é de suma
importância cobrar e responsabilizar as empresas da moda que sustentam
indiretamente essa escravidão.
Ações individuais sustentáveis são capazes de diminuir o impacto no meio
ambiente como a adesão de um estilo minimalista ou das práticas do slow fashion,
este vem ganhando força contra o fast fashion pois desenvolvem a moda em um
conceito sustentável, ético e trazem métodos alternativos na produção de artigos de
moda.
Conscientizar consumidores, enaltecer produtores locais, reduzir a necessidade
de compra são algumas das premissas do movimento slow fashion.

6. CONCLUSÃO
Em virtude aos fatos mencionados é notório as relações do fast fashion com o
trabalho terceirizado e o meio ambiente, pilares como a falta de direitos humanos,
responsabilidade, poluição e consumismo são ignorados nesse poderoso sistema
utilizado mundialmente.
Apesar de ser um ciclo, existem ações para contrapô-lo que podem tornar a
moda algo mais consciente e ético sem as falhas do fast fashion.

7. REFERÊNCIAS

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PAULA, Gabriela Pegos de. A evolução da moda mediante os conceitos de fast
fashion e slow fashion. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná.
MUNHOZ, Júlia Paula. Um ensaio sobre o fast-fashion e o
contemporâneo. Monografia (Graduação em Comunicação e Artes)–Escola de
Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo. São Paulo, p. 55, 2012.

COUTINHO, Marina; KAULING, Graziela Brunhari. Fast fashion e slow fashion: o


paradoxo e a transição. Revista Memorare, v. 7, n. 3, p. 83-99, 2020.

DA SILVA, Cleber Máximo. Tráfico de pessoas e trabalho escravo na indústria


têxtil. ETIC-ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA-ISSN 21-76-8498, v. 10, n.
10, 2014.

ROSO, Carolina dos Santos. A responsabilização da multinacional acerca do


trabalho análogo ao escravo na cadeia produtiva das empresas de fast fashion no
Brasil.

CARVALHO, Felipe Ferreira Pires de. A terceirização na indústria têxtil e o trabalho


em condições análogas às de escravo: um estudo do caso Zara (Inditex). 2015.

Bick, R., Halsey, E. & Ekenga, C.C. The global environmental injustice of fast
fashion. Environ Health 17, 92 (2018). https://doi.org/10.1186/s12940-018-0433-7

NUNES, Moema Pereira; DA SILVEIRA, Giuliana Almada. Análise das motivações


do consumidor de fast-fashion. Revista de Administração IMED, v. 6, n. 1, p. 56-
71, 2016.

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